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Maquiavel - Síntese sobre sua obra, contexto histórico, ideias

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Contexto Histórico
A Europa na época da Idade Média estava totalmente
desestruturada, enfrentava uma séria crise no século XV. A
população estava sendo dizimada pela peste negra, trazida da
Ásia; as cidades estavam submetidas a condições precárias;
havia inúmeras revoltas camponesas; os pesos e medidas não
eram unificados, o que desfavorecia a ação dos burgueses.
Durante o Renascimento, as cinco principais potências na
península Itálica eram: o Ducado de Milão, a República de
Veneza, a República de Florença, o Reino de Nápoles e os
Estados Pontifícios. 
Eram incapazes de se aliar durante muito tempo estando
entregues às disputas, e, por suas riquezas, eram atrativos para
as demais potências européias do período, principalmente
Espanha e França. A política italiana era, portanto, muito
complexa e os interesses políticos estavam sempre divididos. 
Em Portugal, a burguesia composta em mesteirais juntamente
com as classes populares da cidade de Lisboa, ajudaram D.
João I, a conquistar o poder nas cortes de coimbra de 1385,
representando a vitória da classe mercantil, que iria patrocinar
os descobrimentos maritimos, tendo como conseqüência o
Pioneirismo Português na expansão marítima.
A Espanha conheceu em 1469 a unificação política com o
casamento da rainha Isabel de Castela com o rei Fernando de
Aragão. Unificado, o reino espanhol reuniu forças para
completar a expulsão dos mouros e, com a ajuda da burguesia,
lançar-se às grandes navegações marítimas.
Na França, o longo processo de centralização do poder
monárquico atingiu seu ponto culminante com o rei Luís XIV,
conhecido como "Rei Sol", que reinou entre 1643 e 1715. A ele
atribui-se a célebre frase "o Estado sou eu". Ao contrário de
seus antecessores, recusou a figura de um "primeiro-ministro",
reduziu a influência dos parlamentos regionais e jamais
convocou os Estados Gerais.
Na Inglaterra, o absolutismo teve início em 1509 com Henrique
VII, que apoiado pela burguesia, ampliou os poderes
monárquicos, diminuindo os do parlamento. No reinado da
Rainha Isabel I, o absolutismo monárquico foi fortalecido,
tendo iniciado a expansão marítima inglesa, com a colonização
da América do Norte. Contudo, após a Guerra Civil Inglesa, o
Absolutismo feneceu em Inglaterra, com o rei gradualmente
perdendo poderes em favor do Parlamento.
O Absolutismo era realmente necessário?
Para a época, sim. As revoltas camponesas assustavam toda a
população, a nobreza detinha a maior parte do poder, os pesos e
medidas não eram unificados, enfim tudo estava desestruturado.
Era preciso, então, um governo autoritário, que pudesse pôr fim
à desorganização. Assim, surgiu a política absolutista: o chefe
do governo aumentou o poder de ascensão da burguesia,
unificou pesos e medidas, diminuiu os privilégios da nobreza e
também as revoltas dos servos.
Hoje, por exemplo, o absolutismo não teria conveniência
alguma, foi por isso que ele teve fim na época posterior ao
iluminismo.
Biografia
Nicolau Maquiavel nasceu em Florença, Itália,no dia 3 de
maio de 1469 e morreu também em Florença, aos 58 anos, no
dia 21 de junho de 1527. Maquiavel estava inserido no contexto
do Renascimento italiano e viveu durante o governo de
Lourenço de Médici.
Seus pais, Bernardo Maquiavel e Bartolomea Nelli, eram de
origem Toscana. Seu pai era jurista e tesoureiro de uma
província italiana e sua mãe próxima a uma família nobre de
Florença. Maquiavel era o terceiro dos quatro filhos do casal. 
Embora seus poucos recursos, Maquiavel sempre se interessou
pelos estudos. Estudou o latim, ábaco e fundamentos da língua
grega antiga. Os conceitos da Antiguidade Clássica
influenciaram o seu pensamento, principalmente o conceito de
virtù e fortuna. Maquiavel tornou-se um importante historiador,
diplomata, músico, filósofo e politico italiano.
Aos 29 anos de idade, Maquiavel entrou para a política com o
cargo de Secretário da Segunda Chancelaria (um dos órgãos
auxiliares da Senhoria, encarregado das guerras e politica
interna). Exercendo esse cargo, durante pouco mais de 14
anos,observou o comportamento de grandes nomes da época e
retirou alguns postulados para sua obra.
No ano de1501, casou-se com Marietta di Luigi Corsim. Dessa
relação teve seis filhos.
Em 1512, com o fim da república, perdeu o seu cargo. No ano
seguinte foi preso e torturado por conspirar contra a eliminação
do cardeal Giovanni de Médici. Posteriormente foi exilado,
período no qual se dedicou a escrever suas principais obras.
Após esse período o papa Leão X concedeu-lhe anistia e
Maquiavel retornou a Florença. Em Florença exerceu alguns
cargos importantes, mas abaixo de seu cargo na Segunda
Chancelaria.
Por fim,sua morte em Florença, no ano de1527,se deu devido a
uma apendicite. Maquiavel morreu na pobreza e afastado do
poder.
Obra – O Príncipe
O Príncipe é um livro escrito por Nicolau Maquiavel em
1513, cuja primeira edição foi publicada postumamente em
1532. Trata-se de um pequeno manual da conduta de príncipes,
no mesmo estilo do Institutio Principis Christiani de Erasmo de
Roterdã: descreve as maneiras de conduzir-se nos negócios
públicos internos e externos, e fundamentalmente, como
conquistar e manter um principado.
Maquiavel deixa de lado o tema da República que será mais
bem discutido nos Discursos sobre a primeira década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
renascentista, existem teorias de que o escritor, tido como
republicano, tenha apontado o principado como solução
intermediária para unificar a Itália, após o que seria possível a
forma republicana.
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma dedicatória
a Lorenzo II de Médici (1492–1519), Duque de Urbino. O livro
pretendia ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe
concederia algum cargo. No entanto, Maquiavel não alcança
suas ambições.
É neste livro que surge a famosa expressão os fins justificam os
meios, significando que não importa o que o governante faça
em seus domínios, desde que seja para manter-se como
autoridade.
O autor inicia com uma breve dedicatória do livro ao
"Magnífico Lourenço de Médicis". Em seguida, começa a tratar
de um assunto se estende por grande parte da obra: os
principados. 
Vale ressaltar a definição de Estado segundo
Maquiavel:"...todos os governos que tiveram e têm autoridade
sobre os homens, e são ou repúblicas ou principados…"(cap. I).
Em seguida, o autor propõe-se a examiná-los com
profundidade, de acordo com suas características, inicialmente
os hereditários e os mistos. Sobre estes, é interessante ressaltar
de sua análise que estes são os menos tangíveis de dominação
por parte de um usurpador qualquer e também os de maior
capacidade de conservação de poder, devido a força existente
no comando de um príncipe de uma linhagem de comando já
tradicional. A respeito dos principados mistos, pode-se dizer
que sejam um desdobramento, uma continuação, de um Estado
já existente, "...Estados, que conquistados, são anexados a um
Estado antigo..."(cap. III, número 3). Sobre estes, Maquiavel
tem por ponto central a forma de controle, que pode ser fácil ou
problemática. Nesse caso, aponta algumas soluções, tais como:
eliminação da linhagem de nobres que os dominava e não
alteração da organização de leis e impostos preexistente,
instalação de colônias ou a mudança do novo dominador para o
local conquistado. Mas deve ficar bem claro que o ponto central
de apoio a um novo Estado dominante é que os povos
dominados (e também seus vizinhos) o apoiem.
Aliás, na questãodas leis, o autor dedica um capítulo da obra
para tratar apenas desse assunto, apontando a maneira com que
se deve governar as cidades ou principados que, antes da
conquista, tinham leis próprias. A partir daqui, o autor inicia a
utilização de diversos exemplos para ilustrar as características
que propõe a descrever a partir daqui. Neste caso dos
principados mistos, um nome bastante comentado é o de Luís
XII. 
Depois da discussão a respeito dos principados, o autor entra
em uma parte que pode ser considerada intermediária na obra.
Discorre sobre as milícias e exércitos, os quais afirma serem as
bases principais de sustentação do poder, ao lado de boas leis, e
ambos têm uma forte ligação entre si. A respeito dos tipos de
milícias, podem ser de quatro tipos: próprias, mercenárias,
auxiliares ou mistas. As mercenárias e auxiliares são de
nenhuma utilidade e transmitem grande perigo, devido ao
vínculo praticamente ausente com os que defendem. Deve-se
sempre fugir destas milícias pois a verdadeira vitória só é
saboreada se conquistada com as próprias armas, sem levar em
conta o prestígio alcançado entre os soldados e súditos desta
maneira. Sobre os deveres do príncipe para com seus exércitos,
Maquiavel afirma que a arte da guerra deve ser sempre
exercitada, tanto com ações como mentalmente, para que o
Estado esteja sempre preparado para uma emergência
inesperada e, também, para que seus soldados o estimem e
possam ser de confiança. 
Depois da discussão das milícias, Maquiavel inicia a terceira e
última parte de sua obra: a discussão sobre como devem ser as
características da personalidade dos príncipes, inicialmente
pelas quais são louvados ou vituperados. Da leitura do texto, se
conclui que os príncipes não devem tentar reunir todas as
qualidades consideradas boas, pois a sensibilidade humana não
permite que sejam todas distintas e acrescentem muito a
opinião dos súditos a seu respeito, mas se concentrar em
absorver aquelas que lhe garantam a manutenção do Estado.
Mas a questão a qual o autor mais se atém é que o príncipe deve
evitar de todas as maneiras adquirir duas delas: o ódio e o
desprezo de seus súditos. 
Maquiavel, sobre os principados novos
Maquiavel inicia O Príncipe com o pressuposto de que todos os
domínios que já exerceram poder sobre os homens foram
repúblicas ou principados. A obra em questão refere-se,
todavia, à análise dos segundos, classificados por ele como
hereditários, quando dirigidos pela mesma linhagem durante
muito tempo, ou novos, total ou parcialmente; caso dos
principados mistos, em que um principado hereditário anexa
outro domínio.
Segundo o autor, os hereditários são principados
habituados à linhagem de seu príncipe, fato que facilita a
governabilidade; enquanto os outros, mais acostumados à
liberdade, tornam mais árdua sua conquista e posterior
manutenção do poder. No primeiro caso, para preservar sua
posição, bastaria que os novos governantes, inclusive os menos
capazes, mantivessem a ordem instituída pelos antepassados,
apenas administrando os eventuais acidentes. Seu status poderia
ser subtraído somente por forças extraordinárias, todavia seria
facilmente retomado ao menor revés do usurpador. Além disso,
um príncipe hereditário dificilmente ofenderia seus súditos,
sendo mais naturalmente benquisto, desde que não possua
vícios excepcionais. Com a “continuidade do poder, apagam-se
as lembranças e as razões das alterações; pois sempre uma
mudança deixa preparadas as fundações da outra” (p.6).
Maquiavel localiza, assim, as maiores dificuldades de
governo nos principados novos, mistos ou não, onde os homens
já estão acostumados com mudanças e até as apreciam,
“acreditando com isso melhorar. Esta crença os faz tomar armas
contra o senhor atual”, mas posteriormente “percebem o
engano, pela própria experiência de ter piorado” (p.7). Novas
conquistas trazem muitos inimigos, pois sempre acarretam
inúmeras ofensas àqueles a quem se passa a governar;
particularmente aos apoiadores da empreitada, devido à
impossibilidade de atender suas expectativas ou, por outro lado,
de combatê-los diretamente, por conta das obrigações devidas:
mesmo com exércitos fortes há que se contar com o apoio dos
habitantes para invadir uma província. A consequência desse
panorama é, obviamente, o aumento da instabilidade e dos
riscos de rebelião.
O autor descreve detalhadamente as dificuldades
características dos principados novos, analisando exemplos
concretos, propondo táticas e soluções. Subdivide os contextos
conforme a similaridade ou não dos costumes, língua e
instituições, relativamente àqueles do príncipe: caso estes sejam
iguais ou similares, a adaptação da população provavelmente
será mais fácil; quando muito diferentes, porém, uma escolha
prudente para o príncipe seria a manutenção das leis e dos
impostos vigentes, e a aniquilação da linhagem anterior. Além
disso, em lugar de um exército permanente - dispendioso e
gerador de conflitos -, o ideal seria a criação de colônias
próximas, ou a mudança do próprio conquistador para o local;
propiciando, assim, mais razões para temê-lo e admirá-lo,
maior controle sobre eventuais desordens e sobre a espoliação
de bens por parte de funcionários. Há que se observar ainda que
“os homens devem ou ser mimados ou aniquilados, porque, se é
verdade que podem se vingar das ofensas leves, das grandes 
não o podem; por isso, a ofensa que se fizer a um homem
deverá ser de tal ordem que não se tema a vingança” (p.10).
Quanto à manutenção do poder, Maquiavel também
ressalta que o príncipe deveria defender seus vizinhos mais
fracos, enfraquecer os mais influentes de sua província e
inclusive procurar evitar a presença de forasteiros muito
poderosos. Dessa forma, poderá agregar os menos influentes,
sempre cuidando, porém, para que estes não alcancem
excessiva força e autoridade. “Assim, com as próprias armas e
o apoio deles, facilmente poderá o príncipe rebaixar os mais
fortes, ficando como árbitro de todas as coisas naquela
província” (p.11).
Em suma, para Maquiavel, dentre os tipos de
principados, são os novos aqueles que oferecem maiores
dificuldades para conquista e posterior manutenção do poder.
Segundo o autor, essa empreitada demanda um conquistador
com grande habilidade e capacidade para administrar os
inúmeros problemas que podem surgir; exigindo grande fortuna
e virtù de sua parte.
 
NICOLAU MAQUIAVEL – O Príncipe (RESUMO)
Maquiavel reflete o espírito do Renascimento em três de suas
características essenciais: ao acentuar, e mesmo exagerar, o
papel dos líderes, traduz o relevo particular que a época
empresta ao indivíduo; ao preocupar-se com a ação, inspira-se
no sentido renascentista voltado para o dinamismo, em
contraste com a era medieval, no qual o imobilismo do espaço
se sobrepunha ao ritmo do tempo; e, ao retornar aos antigos,
para sorver-lhes a sabedoria, enquadra-se na atitude que deu à
Renascença o seu próprio nome. Este caráter exemplar da
antiguidade decorria, para Maquiavel, na crença da constância
da natureza do homem e na admiração pelas virtudes da Roma
Republicana que, por força da sua visão cíclica da história,
esperava ver renascer.
A partir dessa nova ética – e a necessidade de apontar para uma
ética maquiavélica, é mais um dos paradoxos daquele que é
considerado a encarnação do imoralismo – Maquiavel retorna, e
transforma em símbolo, o conceito de virtù, deusa pagã, a ela
apenas se referindo em sua forma italiana e no singular,em
contraste com o plural latino virtudes, de origem cristã.
O PRÍNCIPE – No exílio, ao enviar sua carta a Lourenço de
Médici (1492-1519), Maquiavel declara explicitamente que está
escrevendo um manual de conselhos para os príncipes e, de
modo particular, para o novo príncipe de Florença, da família
Médici, acerca de como manter o controle sobre um principado
e de como governá-lo e também na esperança de conseguir um
cargo na nova administração.
Capítulo I
1) Quantas espécies de principado descreve Maquiavel e quais
são elas?
Ele identifica três tipos de principados: os hereditários, os
novos e os mistos.
2) Como poderia um príncipe conseguir um principado?
Um novo príncipe poderia conseguir um principado por
conquista, por fortuna (sorte) ou por virtù.
Capítulos II e III
1) Por que é mais difícil um novo príncipe manter o poder do
que um governante hereditário?
O novo príncipe terá de procurar apoio e impedir que as facções
tradicionais se tornem muito fortes.
2) Que métodos, pode o príncipe utilizar para manter o poder
nos territórios de que se apossou?
Se os territórios recém conquistados forem semelhantes ao
Estado existente, o governante deverá fazer desaparecer a linha
dinástica do Senhor que neles imperava, mas deixar inalteradas
suas leis e seus impostos. Se os territórios acabados de
conquistar forem diferentes do Estado antigo, seria prudente 
que o novo príncipe neles passasse a residir; que estimulasse a
colonização, que guarnecesse o território e manipulasse as
potências vizinhas, de modo a tornar temerária a sua invasão.
3) Que exemplos apresenta Maquiavel de governantes que
anexaram territórios alheios com sucesso? E sem sucesso?
Os antigos romanos anexaram com sucesso territórios alheios,
ao passo que as tentativas de Luís XI da França nesse sentido
não foram coroadas de êxito.
CAPÍTULO VII
1) Maquiavel cita exemplos de um príncipe que conquistou o
poder por meio de sua própria virtù e de outro que o conseguiu
por sorte. Quais os exemplos que apresenta?
Francisco Sforza, Duque de Milão, é citado como exemplo de
um príncipe que ascendeu ao poder por virtù própria; César
Borgia, Duque da Romanha, é apresentado como exemplo de
quem conquista o poder por sorte (fortuna).
2) Para manter-se no poder, que ações um príncipe faria bem
em imitar?
César Bórgia
CAPÍTULO X
1) Como se deveria avaliar o poder de um principado?
Meramente em termos de sua força militar
2) Quais as cidades que possuíam excelentes fortificações?
As cidades da Alemanha
CAPÍTULO XI
1) Maquiavel é de opinião que o governo de um principado
eclesiástico revela ser mais fácil ou mais difícil? Que razões dá
ele para reforçar este ponto de vista?
Maquiavel considera menos difícil governar um principado
eclesiástico, porque o direito auferido pelo governante de
exercer o poder teria o apoio das instituições religiosas. O
poder permanecerá com a Igreja, mesmo que o governante, por
si mesmo, aja sem contar com a fortuna e a virtù.
CAPÍTULOS XII e XIV
1) Quais são os fundamentos essenciais de um Estado?
Boas leis e boas armas
2) O que é de primordial importância para a segurança de um 
Estado?
Um exército próprio
3) Qual a arte que é de muitíssima utilidade a um príncipe?
A arte da guerra
CAPÍTULO XVI
1) Deve um príncipe ser pródigo ou miserável?
De início ele deverá ser liberal (ou, pelo menos, ter esta
reputação) para alcançar o poder; mas, uma vez no poder,
convém que seja avaro, o que evitará que ele tenha de
sobrecarregar de impostos os seus súditos. O príncipe deve ser
pródigo com as riquezas advindas de territórios conquistados –
recompensando tanto os soldados como os cidadãos.
2) O que deve um príncipe evitar?
O ódio e a ignomínia
CAPÍTULO XVII
1) Deve o príncipe ser cruel ou piedoso?
Um príncipe não deve ser cruel indiscriminada ou
gratuitamente. Há casos em que a crueldade é, de dois males, o
menor; por exemplo, seria preferível que o príncipe mandasse
executar os desordeiros, evitando a possibilidade de uma guerra
civil e preservando a prática da lei e da ordem. Uma compaixão
excessiva por parte de um príncipe (e, em especial, por parte de
um novo príncipe) pode aumentar, em determinadas
circunstâncias, a instabilidade e a ineficiência de seu regime.
2) É preferível que ele seja amado ou que seja temido?
O príncipe deve esforçar-se por ser ao mesmo tempo amado e
temido, mas, por causa da natureza ingrata e caprichosa do
homem, é essencial que, pelo menos, seja temido.
3) O que ele deve evitar?
Ele não deve apoderar-se da propriedade ou das esposas dos
seus súditos, pois isto nunca lhe será perdoado.
4) A reputação de crueldade será desvantajosa para ele?
Num líder militar, uma tal reputação pode constituir uma
vantagem positiva para a disciplina das tropas.
CAPÍTULO XVIII
1) Devem os príncipes manter suas promessas?
Apenas quando seja conveniente fazê-lo
2) Por que deve o príncipe estar pronto a agir como um animal?
A primeira responsabilidade de um príncipe é a de permanecer 
no poder. Consegue-o, por vezes, empregando meios legais; 
mas há casos em que ele se vê obrigado a recorrer à força bruta.
Deve imitar, da raposa, a astúcia, a fim de poder distinguir as 
armadilhas, e, do leão, a ferocidade e a força, para afugentar o 
inimigo.
3) Um príncipe pode permitir-se ser virtuoso?
Não é prudente que um príncipe seja virtuoso, já que tem de 
lidar com homens perversos. Deve assumir apenas a aparência 
da virtude.
CONCLUSÃO: A contribuição mais marcante que Maquiavel 
deixou como cientista político, foi, talvez, a maneira franca 
com que separava a esfera política da religiosa. A política, 
tradicionalmente, não era considerada uma atividade autônoma.
Virtù e Fortuna 
 
Maquiavel utilizou o conceito de virtù para referir-se a todo o
conjunto de qualidades e possibilidades, sejam elas quais
fossem, que pelo Príncipe poderiam ser utilizadas para a
estabilidade e durabilidade de seu poder e para que se pudesse
realizar grandes feitos. O conceito de virtù em “O Príncipe”,
assim, denota a qualidade de flexibilidade moral que se requer
de um príncipe, ou seja, ele deve ter uma mente pronta a se
voltar para qualquer direção, conforme os ventos da Fortuna e a
variabilidade dos negócios o exijam. Maquiavel não defendeu a
ideia de que a virtude cristã não era boa, mas ela tornava
impossível a construção de um governante e,
consequentemente, de um Estado forte. Nesse sentido,
Maquiavel concordava que esse termo se referia à qualidade
necessária ao governante para vencer as incertezas da Fortuna
ou da sorte, e buscar desse modo resultados como a honra,
glória e fama. Fortuna caracterizava-se, para Maquiavel, como
o acaso, a oportunidade, a sorte, as coisas que não podemos
evitar. 
Virtù, antes de Maquiavel, denotava-se como “força”, em
conceitos teocêntricos, referia-se às virtudes de um homem em
relação à moral, caridade, humanismo, obediência a doutrinas, a
fé na vida pós morte. Virtudes em sentido de qualidades para se
alcançar a vida eterna, a força necessária para lutar contra os
defeitos e pecados próprios. E Fortuna como uma predestinação
divina, não um acaso, mas um destino ordenado por Deus. 
Origem do Estado e as formas de gov erno (Tipologia) 
 
Para alguns historiadores o Estado sempre existiu, assim como
a sociedade, pois desde que o homem está na terra há uma
organização social de poder e autoridade para determinar o
comportamento de todo o grupo. Em outra concepção, o Estado
surge na necessidade de regular a convivência e as necessidades
dos grupos sociais. 
A denominação Estado (do latim “status” = estarfirme),
significa situação permanente de convivência e ligada à
sociedade política, aparece pela primeira vez em “O Príncipe”
de Maquiavel, escrito em 1513, passando a ser usada por
Italianos ligada sempre ao nome de uma cidade independente,
como, por exemplo, “stato di firenza”.
 
A forma mais antiga de governo baseado no número de
governantes é a de Aristóteles, onde este distinguiu três formas
de governo, sendo elas: A Monarquia, onde um único indivíduo
exercia o poder supremo; a Aristocracia onde o governo era de
alguns e um grupo exercia poder em relação ao outro; e a
Democracia que era o governo do povo, de todos que visavam
o interesse geral. Mas para Aristóteles, quando essas formas de
governo exerciam a favor de seus interesses próprios, eles
colocavam-se à disposição da degeneração; a monarquia para a
tirania, a aristocracia para a oligarquia e a democracia para a
demagogia. 
Passa-se então a classificação de Maquiavel que só reconheceu
o governo denominado Principiado e República, onde no
Principiado, o poder residia na vontade de um só governante; e
a República era um governo voltado para uma vontade coletiva.
Maquiavel acreditava na “lei dos ciclos”, alternando entre uma
boa e ruim, o Estado quando degenerado não voltaria ao seu
ciclo inicial, mas seria dominado por outro Estado. 
Para Maquiavel, os conflitos internos de uma sociedade devem
ser regulados e controlados pelo Estado. Assim, quando
houvesse uma relativa igualdade entre os cidadãos, deveria se
constituir a República. Caso contrário, deveria constituir-se o
Principado. Não ocorrendo assim, existirá um Estado
desequilibrado e que não subsistirá por muito tempo. 
Estados intermediários são aqueles que estão entre a República
e o Principado, e, portanto, são instáveis pois são duas partes
conflituosas e que não chegam a uma constituição unitária. Mas
Estado Intermediário não é um Estado Misto, veja após. 
O exemplo de Estado Misto dado por Maquiavel é a república
romana que obteve equilíbrio dos três poderes (Monárquico,
Aristocrático e Demo crático), garantindo a durabilidade da
constituição e a liberdade interna dos cidadãos, essa última
sendo condição primordial para a estabilidade do Estado. 
Os Principados se distinguem em Principados Hereditários e
Principados Novos. No Principado Hereditário o poder é
passado de pai para filho e nele estabelece-se duas formas de
poder, o absoluto, onde não há intermédio de terceiros, e os que
não são absolutos por dividirem-se com os Barões, onde há
uma intermediação por parte da nobreza. E entre os
Principados Novos há quatro espécies: pela virtù (capacidade),
fortuna (sorte), pela violência e pelo consentimento coletivo,
onde se tornam príncipes pela própria “virtù”. 
Para Maquiavel não existe classificação de formas boas e más
de governo, o que caracteriza a forma é sua estabilidade,
portanto: “Os fins justificam os meios”. 
Realismo Político Vs Idealismo Político ( Utópico) 
O idealismo pregava que: Os indivíduos são bons por natureza,
seu interesse no bem-estar coletivo estimula o desenvolvimento
por meio da cooperação possível; a guerra pode ser evitada. O
utópico crê na obrigação da ética e no caráter, independente do
direito do mais forte, e acredita na razão para justificar a
submissão dos indivíduos em prol de um benefício para a
maioria. O utópico sustenta, ainda, que ao visar seus próprios
interesses, o indivíduo estaria visando o da comunidade,
doutrina esta que ficou conhecida como “harmonia de
interesses”. 
Maquiavel foi o primeiro importante realista político, e sua
doutrina (que forma os fundamentos da filosofia realista)
sustenta-se em três princípios essenciais: 
1) a história é uma sequencia de causa e efeito;
2) a teoria não cria a prática, mas sim o inverso; e
3) a política não é uma função da ética, mas sim a ética o é da
política.
	Maquiavel, sobre os principados novos
	NICOLAU MAQUIAVEL – O Príncipe (RESUMO)

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