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Vícios de Vontade

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DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Antes de iniciarmos o título principal, faz-se mister retomar os conceitos sobre o Negócio Jurídico e seus planos (existência, validade e eficácia). O plano da existência comporta os pré-requisitos da própria materialização do negócio jurídico, sendo eles: agente, vontade, objeto e forma. Já o plano da validade, analisa os itens mencionados de maneira individual, assim temos que o agente deve ser capaz e legitimado; a vontade, livre e de boa-fé; o objeto, possível determinado ou determinável; e a forma prescrita ou não defesa em lei. Assim, os defeitos do negócio jurídico são eventos que atingem o plano da validade, causando danos jurídicos e efeitos prejudiciais as partes negociantes. Podendo ser:
	Vícios de Consentimento: causa de anulabilidade
	Vícios Sociais: causa de nulidade
	Erro
	Simulação
	Dolo
	Fraude Contra Credores
	Coação
	-
	Estado de Perigo
	-
	Lesão
	-
 
Os vícios de consentimento atuam diretamente sobre a manifestação de vontade, viciando-a de modo sui generis.
VÍCIOS DE CONSENTIMENTO:
ERRO OU IGNORÂNCIA:
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser cometido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. 
Demasiada importância é dada a definição do grande Doutrinador Caio Mario da Silva Pereira, quando conceitua o dolo como “quando o agente, por desconhecimento ou falsa percepção da realidade, age de modo que não seria sua vontade se conhecesse a verdadeira situação, diz-se que procedeu com erro”. Em certa medida, distingue-se erro de ignorância, enquanto este se configura como falso conhecimento da realidade (afirmação positiva de percepção não verídica), aquele pode ser compreendido como o não conhecimento da realidade (afirmativa negativa, na qual o indivíduo não tem percepção alguma).
A Legislação Civil estabelece dois pré-requisitos para a classificação do erro:
Essencial (caráter substancial): substancial é o erro que incide sobre a essência do negócio jurídico, ou seja, sem a falsa percepção da realidade, o indivíduo nunca concordaria em realizar o negócio jurídico.
Escusável (perdoável): aqui a doutrina classifica a escusibilidade baseando-se no padrão de discernimento do homem médio, isso quer dizer que não se admite erro por parte de um especialista na área. Ou seja, um especialista em diamantes não pode anular contrato de compra e venda por ter se enganado quando a substância do objeto, alegando confundir vidro com diamante. Conclui-se, desde logo, que a lei não dá suporte ao negligente. 
A doutrina civil também classifica o erro quanto aos elementos que podem sofrer os efeitos do erro, a saber, a pessoa, o objeto e/ou a forma. Obtendo-se:
Error in negotio: quando se confunde a natureza do negócio jurídico, ou seja, comodato (empréstimo gratuito) com doação (alienação gratuita de bem);
Error in corpore: erro que incide sobre a identidade o objeto (marcas, modelos). Compra-se um cão da raça doberman e acreditando levar um pinscher. (característica física)
Error in subtantia: erro quanto a qualidade do objeto. Compra-se anel de cobre pensando ser de ouro. (substância: do que é feito)
Error in persona: Versa sobre as qualidades de determinada pessoa. Exemplo: doa-se determinada quantia a Dostoievski pensando ser ele o salvador de sua vida, quando, na verdade, fora Dimitrov o ator da boa-ação. Esse erro possui grande aplicação no Direito de Família, tendo em vista os artigos: 
Art. 1566. O casamento pode ser anulado por vício de vontade, se houve por parte de um dos nubentes ao consentir, erro essencial quanto a pessoa do outro.
Error Juris: Caio Mario, doutrinador de Direito Civil, admite o Erro de Direito, desde que não traduza oposição ou recusa a aplicação de lei e tenha sido razão determinante de ato. “Desde que não se pretenda descumprir preceito de lei, se o agente de boa-fé, pratica ato incorrendo em erro substancial e escusável, há que reconhecer, por imperativo de equidade, a ocorrência de Erro de Direito. Error juris, não consiste apenas em ignorância da norma, mas também, no seu falso conhecimento e na sua interpretação errônea. Nada obstante, o artigo 3° da LINDB (Lei de Introdução as Normas de Direito Brasileiro), aponta que ninguém se escusa (exclui) de cumprir a lei alegando que não a conhece. Fazendo-se mister utilizar-se de princípios interpretativos ao caso concreto. É o caso de alguém celebrar em contrato de importação um determinado produto, sem saber que, recentemente, foi expedido um decreto proibindo a entrada de determinado produto em território nacional. Não admitir a anulação do negócio jurídico (baseando-se no artigo 3° da LINDB) seria fechar os olhos para a realidade. 
Artigo 139, III: “sendo de direito e não implicando recusa a aplicação da lei, for motivo único ou principal do negócio jurídico.
Erro quanto ao motivo (artigo 140): “O falso motivo só vicia declaração de vontade quando expresso como razão determinante.”. Segundo as disposições legais e doutrinárias, esse erro pode ser apontado a partir de dois pressupostos: 1) razão determinante e 2) declaração expressa em cláusula contratual. 
Erro durante a transmissão interposta de vontade (artigo 141): “A transmissão errônea de vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.”. Referência aos negócios jurídicos a distância, podendo ocorrer de duas formas: 1) equívoco cometido por núncio e 2) contratos via internet;
Erro de Cálculo (artigo 143): “O erro de cálculo apenas autoriza a retificação (revisão) da declaração de vontade.”. O erro de cálculo de parcelas de negócio jurídicos de prestação continuada, autoriza-se apenas a correção da declaração de vontade.
Erro que não invalida negócio jurídico (artigo 144): “O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.”. É a possibilidade de retificação do negócio jurídico, ocorre quando a parte a que se dirige a declaração de vontade viciada, se oferece para prestar obrigação de acordo com a vontade real. Nota-se a incidência do Princípio da Conservação do Negócio Jurídico, regra de ouro do moderno Direito Civil, que reza que o jurista, desde que não haja prejuízo e respeitados os preceitos legais, deve empreender todos os esforços para resguardar a eficácia jurídica do ato acoimado de invalidade. Trata-se de “não jogar a água da bacia com a criança dentro”, de modo que se deixa a volição das partes a possibilidade de retificar o contrato, cumprindo as obrigações e sentido, de modo a fazer jus ao intuito real das vontades declaradas.
Erro versus Vício Redibitório: Ocorre vício redibitório se o adquirente, por força de um contrato de compra e venda, recebe coisa com defeito oculto que lhe diminui o valor ou prejudica sua utilização, podendo rejeitar determinado objeto, redibindo o contrato ou exigindo abatimento do preço que foi pago. Nota-se que não há vicio de vontade, o comprador recebeu exatamente o que pretendia, contudo, o defeito que assolou o objeto e causou dano ao seu comprador confere o direito de redibir o contrato. 
DOLO:
Costuma-se dizer que o dolo é o erro provocado por ardil advindo de uma das partes ou de terceiros, e não o erro que é tem sua origem no próprio indivíduo. Portanto, seria todo ardil maliciosamente empregado por uma das partes ou terceiros, com o propósito de prejudicar outrem, aproveitando, o autor do dolo, do dano causado. Assim, o sujeito que aliena caneta de cobre, dizendo ser de ouro, atua com dolo, podendo ser anulado o negócio jurídico celebrado. Ressalva-se a questão do dolus bônus, se tratando de prática de marketing com o intuito de aumentar a venda de determinados objetos, exaltando determinadas características de um objeto. O dolo, não se presume de circunstâncias de fato, necessitando ser provado por quem alega. Outrossim, dispensa-se, provade efeito prejudicial, como mostra Carvalho de Santos, dizendo que “basta que o agente possa ter agido de maneira dolosa, considerando que o dolo não incute em dano a parte enganada, mas a manutenção de vantagem a parte que agiu com malícia”.
Quanto a extensão dos seus efeitos, o dolo pode ser:
Principal: essencial, determinante ou causal: o dolo, para invalidade o negócio jurídico, deve ser essencial, atacar a causa do negócio jurídico. Uma vez que o acidental não impediria a realização das prestações, geraria apenas a obrigação de indenizar.
Acidental: a indução da parte em erro não é determinante para a realização do negócio jurídico.
EXEMPLO: 
Situação 01: Um cidadão sai para comprar um carro, sem possuir muitos conhecimentos, é levado a erro por um vendedor de carros, que agindo com dolo, vende carro de cor básica, dizendo ser possuir a cor metálica. 
Situação 02: Um cidadão sai para comprar um carro de cor metálica, contudo, induzido ao erro por vendedor que age dolosamente, compra um carro de cor básica. 
Conclusão: No primeiro caso, a doutrina diz que o dolo é acidental, ou seja, não incide sobre a essencialidade do negócio jurídico, o cidadão comprou o carro, pagou mais caro pela suposta cor metálica, e tendo descoberto a indução ao erro, processou o vendedor por perdas e danos. Já no segundo caso, a cor metálica é a o motivo pelo qual o cidadão sai para comprar o automóvel, ou seja, faz parte da essência do negócio jurídico, tornando-o anulável por vício de vontade. 
Quanto a atuação do agente: 
Positivo (comissivo): decorre de uma atuação comissiva, a exemplo do expediente ardiloso do vendedor que engana quanto a natureza do produto.
Negativo: silencio intencional de uma das partes. Explicita Silvio Venosa que são requisitos do dolo omissivo:
2.1) A intenção de levar o outro contratante a se desviar de sua real vontade;
2.2) Silencio sobre circunstância desconhecida pela outra parte;
2.3) Relação essencial entre omissão dolosa e declaração de vontade;
Dolo de terceiro: Admite-se ainda que o negócio jurídico seja anulado por dolo de terceiro, não apenas quando uma das partes tem conhecimento do dolo produzido, mas quando o beneficiado pelos efeitos do ardil deveria ter conhecimento. Artigo 148: Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
Dolo cometido por Representante:
Representação legal: art. 149: O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. Em caso de dolo praticado por representante de incapaz, o individuo responderá apenas na medida em que foi beneficiado, em conjunto com o praticante. Contudo, se de nada soubesse ou tivesse como saber, a responsabilidade conjunta passa a não incidir sobre o representado.
Representação comum (mandato ou procuração): ambos, a partir da regra do 149, respondem solidariamente por perdas e danos, além da anulação do negócio jurídico. Contudo, se o mandatário extrapolou os limites concedidos em mandato ou procuração, a solidariedade da responsabilidade civil cessa.
Quando ambas as partes agem com dolo: a lei proíbe que se pleiteie anulação do negócio jurídico para se auferir reparação por danos e perdas. Impedindo que o dolo seja reparado, aplica-se o princípio nemo proprian turpitudinem alegans.
COAÇÃO:
Enquanto o dolo manifesta-se pelo ardil, a coação sugere a violência. Conceitua-se como toda violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que sua vontade não desejaria. É causa de anulabilidade do negócio jurídico.
Existem duas formas de coação discriminadas pela matéria Civil:
Coação moral (vis compulsiva): É aquela em que se incute na vítima grave ameaça, capaz de perturbar sua razão, fazendo com que ela manifeste vontade contaminada por vício. Nesse caso, a vontade do coagido não está completamente sufocada, ao passo que possui a escolha de fazer ou não fazer, contudo, a opção por não fazer traz consequências tão severas para si ou para outrem que opta por declarar vontade em desacordo com sua razão. É na coação moral que a matéria civil se concentra. Preleciona o artigo 151: “A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.”. Há também o reconhecimento de que a coação pode dirigir-se não apenas as pessoas de sua família, ou seja, a compreensão de que a iminência de grave violência pode incidir sobre amigo próximo ou os bens pertencentes a essa pessoa.
Coação Física (vis absoluta): Incide diretamente sobre o corpo da vítima, a doutrina majoritária entende que a violação da autonomia da vontade pode ser tão incisiva que sufoca qualquer tipo de autonomia volitiva, maculando um dos princípios de existência do negócio jurídico. Um dos pontos de encontro entre Direito Civil e Direito Penal se encontram nessa matéria, explicitando o Código Penal que, se o coator age de maneira energética em relação ao coagido, compreender-se-á que o coagido procedeu de maneira atípica, movido por coisa divergente de sua vontade habitual, não podendo ser responsabilizado criminalmente por seus atos.
A coação possui outra característica particular, que destoa dos demais vícios de vontade, ou seja, apesar de no erro e no dolo, o juiz levar em média as capacidades de discernimento do homem médio, na coação, os fatores concernentes as características pessoais dos agentes são particularmente levadas em conta. Não se pode supor que uma senhora de saúde debilitada force um lutador de MMA a assinar contrato de alienação gratuita de seus bens. Como reza o artigo 152: “No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.”
Em mesmo sentido, não se considera coação a ameaça de exercício normal de direito, por exemplo, se um locatário comunica o locador do seu possível estado de mora quanto ao não pagamento dos aluguéis atrasados. Bem como o simples temor reverencial, que sozinho é inofensivo, mas pode ser acompanhado por grave ameaça – como quando um pai ameaça de expulsar seu filho do círculo de relacionamentos familiares -. 
Brilhante é a lição de Clóvis Bevilaqua, quando considera não se coação a ameaça por mal impossível ou o temor vão que procede da fraqueza de animo do agente. 
Coação por terceiro: a coação por terceiro respeita o mesmo regime do dolo exercido por terceiro, ou seja, anular-se-á o negócio jurídico afetado por coação exercida por terceiro, respondendo o agente e o agente coativo de igual maneira, caso o beneficiado soubesse ou devesse ter conhecimento a respeito da índole e ações do coator. Consoante ao entendimento do dolo por terceiro, se a parte beneficiada não soubesse ou não tivesse como saber, o negócio jurídico subsiste, cabendo apenas ao agente da coação o dever de indenizar.
LESÃO:
A lesão se caracteriza como o prejuízo resultante da desproporção entre as prestações de um determinado negócio jurídico, em face do abuso da inexperiência, necessidade econômica ou leviandade de um dos declarantes. Muitas vezes traduz-se como o abuso de poder econômico de uma das partes, em detrimento da outra, hipossuficiente na relação jurídica. Como por exemplo, o que ocorria com os imigrantes que eram induzidos a comprar itens de necessidade primaria no armazém da fazenda que trabalhavam a preços e juros absurdos.
A legislação atual entende que essas práticas não são saudáveis paraa construção de relações jurídicas equitativas, proibindo-as nos parágrafos 2° e 4° do artigo 462: “Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. 
§2° É vedado à empresa que mantiver armazém para venda de mercadorias aos empregados ou serviços estimados a proporcionar-lhes prestações " in natura " exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados se utilizem do armazém ou dos serviços. 
§3° Sempre que não for possível o acesso dos empregados a armazéns ou serviços não mantidos pela Empresa, é lícito à autoridade competente determinar a adoção de medidas adequadas, visando a que as mercadorias sejam vendidas e os serviços prestados a preços razoáveis, sem intuito de lucro e sempre em benefício dos empregados. 
§4° Observado o disposto neste Capítulo, é vedado às empresas limitar, por qualquer forma, a liberdade dos empregados de dispor do seu salário.”
Características da Lesão:
Requisito material: ou objetivo, representa a desproporção entre as prestações avençadas;
Requisito Imaterial: ou subjetivo (anímico), representa a premente necessidade, inexperiência ou leviandade da parte lesada, bem como o dolo de aproveitamento da parte beneficiada.
Compreende os contratos comutativos, não age sobre as prestações aleatórias;
A desproporção entre as prestações deve ser verificadas no momento do contrato (tempo histórico) e não posteriormente.
A desproporção deve ser considerável. 
Lesão versus Teoria da Imprevisão: A teoria da imprevisão é aplicável aos negócios jurídicos de prestação continuada, trata sobre a ocorrência de acontecimentos novos, imprevisíveis pelas partes e a elas não imputáveis, refletindo sobre um quadro econômico geral, durante a execução do contrato, tornando as obrigações desproporcionalmente divergentes. Tem como fim a autorização das partes a renegociação das obrigações preteritamente adquiridas, ou ainda a resolução do negócio jurídico. 
A lesão é vicio que afeta o negócio jurídico juntamente a sua criação, já a teoria da imprevisão pressupõe a existência de um negócio jurídico válido (contrato comutativo de execução continuada ou diferida), que tem seu equilíbrio corrompido pela superveniência de circunstâncias imprevistas pelas partes.
A lesão não necessariamente anula o negócio jurídico, conforme o parágrafo segundo do artigo 157: não se decretará a anulação do negócio jurídico, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito que lhe é concedido.
ESTADO DE PERIGO:
Configura-se quando o agente, diante de situação de perigo conhecida pela outra parte, emite declaração de vontade para salvaguardar direito seu ou de pessoa próxima, assumindo obrigação excessivamente onerosa. Advém do pensamento de que a prestação de socorro, frente ao estado de perigo é, antes de ser jurídica, moral. Por exemplo, oferta-se socorro a individuo mediante pagamento de valor exorbitante.
A diferença entre Estado de Perigo e Coação: No estado de perigo, nenhum dos agentes empregou violência psicológica ou serviu-se de grave ameaça para que a outra parte assumisse obrigação excessivamente onerosa. Pode-se dizer que a calamidade adveio de um evento extraordinário, a priori do contrato, sem animo humano e forçou os declarantes a assumir vontade viciada pelo estado de perigo.
A diferença entre Estado de Perigo e Lesão: enquanto que na lesão uma parte se aproveita da inexperiência da outra, auferindo vantagem econômica desproporcional e decorrente da necessidade, inexperiência ou leviandade da outra, no Estado de Perigo, o aderente visa privar-se ou privar seus companheiros de perigo eminente, não cabe ao individuo as alcunhas de inexperiente ou leviano. 
VÍCIOS SOCIAIS:
São fundamentalmente distintos dos vícios de consentimento, tendo em vista que inexiste problema na manifestação de vontade, mas caracterizam-se por falhas teleológicas da ação (suas consequências para a esfera social e jurídica), ligados a má-fé dos declarantes.
SIMULAÇÃO:
É uma encenação de um negócio jurídico, que pretende atingir efeitos distintos daqueles ostensivamente declarados, com o proposito de lesar terceiro (com ou sem dano a eles). Na simulação existe sempre um conluio entre as partes simuladores, em acordo simulatório, havendo sempre dois ou mais interessados. Posto que a simulação advém dos conceitos de reserva mental – que para o direito ter pouca importância, sendo que a vontade declarada é a mais importante para o direito, não a reserva mental depositada no intimo do declarante- posto que se a reserva mental é conhecida pela outra parte, configurar-se-á simulação, por presunção de concordância com os objetivos ilegais.

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