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TCC em História. Inquisição e cristãos novos

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE HISTÒRIA
MARIA DE LOURDES DOS SANTOS PEREIRA
Inquisição e Cristãos 
Nova Iguaçu
2019
MARIA DE LOURDES DOS SANTOS PEREIRA
Inquisição e Cristãos Novos 
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Estácio de Sá como exigência para a obtenção do grau de Licenciatura em História.
Orientador: Prof. João Cerineu Leite de Carvalho
Nova Iguaçu
2019
Resumo:
O presente artigo trata da questão da Inquisição do Santo Ofício,em Portugal, onde houve uma perseguição aos hereges, tendo como foco os cristão novos. Abordando o batismo forçado e a chegada deles no Brasil. Período esse que abrange a descoberta do novo mundo e sua colonização. Destacando que a perseguição foi além de um combate a heresia, bem diferente da inquisição medieval.
Palavras -chaves: Inquisição, cristão-novos, Brasil.
 
 
AGRADECIMENTOS.
 Agradeço ao Eterno em primeiro lugar, pela graça e força, pois houve momentos que quis desistir, mas Ele estava ali, dando-me paz e conforto nos momentos necessários.
 A minha família que me apoiou em todos os momentos, acreditando em mim quando, nem eu já acreditava mais. Meu esposo um homem super paciente, que me deu apoio e ombro para chorar quando eu já estava muito cansada. Minhas filhas que entenderam a minha ausência em diversos momentos.
 Meus amigos que sempre tinha palavras de consolo e experiências para contar, que tiveram que aturar muita das vezes minha chatice, esses são verdadeiros amigos.
 Danielle Ramos e Viviane Nogueira, duas mulheres mães e guerreiras que me deram apoio e torceram demais para que eu concluísse essa faculdade. 
 Aos meus amigos de grupo da faculdade ( WhatsApp), que foi na verdade quem mais tirava minhas duvidas, a esses guerreiros que juntos comigo não desistiram em meio a tanta dificuldade. 
 A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desse artigo.
SUMÁRIO:
Introdução ----------------------------------------------------------------------------------------------- 2
 Diáspora serfadita e a Inquisição --------------------------------------------------------- 3
Inquisição e cristãos novos em Portugal -------------------------------------------------- 6
Inquisição e cristão novos no Brasil ----------------------------------------------------- 10
Considerações Finais ----------------------------------------------------------------------- 14
Figuras ------------------------------------------------------------------------------------------15
Biografias ---------------------------------------------------------------------------------------16
Introdução: 
 A inquisição e os cristãos novos portugueses que interessa particularmente esse trabalho, tem como princípio, o emblemático ano de 1497, quando muitos judeus forçadamente converte-se ao catolicismo, religião que na Península Ibérica passava por uma fase de afirmação. Os setes séculos que os muçulmanos findaram com a conquista de Granada, em 1492.
 Em Portugal os judeus tinham uma certa liberdade religiosa, e destacavam-se como grandes financista, funções estatais, comerciantes de grande e pequeno porte, oficiais mecânicos em geral, como ferreiros, alfaiates, sapateiros e em , especial os ourives , que tiveram competência reconhecida em 1572, mesmo já convertidos. Não deixaram de dar contribuições importantes também no campo intelectual, em ciências como medicina e a astronomia. Por esta última,alias, deve-se reconhecer a importância que tiveram na época da expansão marítima, nomes como Abrão Zacuto, judeu de origem espanhola criador do Almanach Perpetuum, que auxiliou na orientação dos navegadores. Diante das posições que ocupavam, os judeus portugueses viram a rivalidade por parte dos cristãos se manifestarem em alguns momentos..
 Mas a segurança vivida pelos judeus em Portugal acabaria com o pedido de casamento feito por D. Manuel I à D. Isabel da Espanha, que pedi a expulsão dos judeus de Portugal.
 O propósito da inquisição aparentemente parece ser um combate as heresias, mas analisando as obras de Anita Novinsky, observa-se que o problema vai além de heresias. Com o crescimento do comércio marítimo durante os séculos XV e XVI, a burguesia, em grande parte formada por judeus, procurou encontrar benefícios e prestígios aristocráticos para se tornar importante na sociedade lusitana. Essa atividade irá levar muitos judeus à riqueza e sua ascensão chocou-se com a velha burguesia cristã portuguesa.[2: NOVINSKY, A Inquisição, p.36]
 Esse confronto entre elementos de crenças diferentes não tem raízes nelas, mas na situação econômica e política portuguesa, clero e nobreza, e é por isso que a inquisição surge como “defesa da ordem vigente”, da ordem aristocrática portuguesa; usando assim, seu poder para tornar o povo submisso e obediente. E para garantir a ordem vigente, era necessário, então, extirpar da sociedade os habitantes indesejáveis: os cristãos novos ( judeus convertidos ao catolicismo).
 A finalidade desse artigo é analisar a inquisição não só como um combate as heresia e intolerância religiosa, mas também as questões econômicas. Ao analisar pontos nas obras de Anita Novisky(Os judeus que construíram o Brasil), onde ela aborda a intolerância religiosa contra os judeus e o quando os cristãos novos foram essências na construção da colônia e seu crescimento financeiro, Toby Green( Inquisição o reinado do medo), trata da inquisição em muitas outras parte do mundo, incluindo o Brasil, deixa claro que a inquisição tanto espanhola quanto portuguesa, é diferente da inquisição da Idade Medieval, que foi controlada pelo papa e os bispos, agora era de controle dos monarcas. Ângelo Adriano Farias de Assis apesar de analisar a vida de uma família em particular, também aborda a importância dos judeus para economia portuguesa. Então essas biografias citadas, é a base desse artigo. Tendo em vistas que outras obras também foram analisadas, como: Trópicos do Pecado de Ronaldo Vainfas, Historia do Brasil Colônia de Laima Mesgravis, A Saga dos Cristãos novos de Joseph Eskenazi Pernidji, Jerusalém Colonial de Ronaldo Vainfas e visita ao site do Museu da Inquisição de Belo Horizonte.[3: GREEN, Inquisição e o Reinado do medo, p.26]
 A metodologia cientifica aplicada é uma pesquisa exploratória, onde iremos analisar a inquisição Portuguesa contra os judeus convertidos em Portugal e sua chegada deles ao Brasil. Abordando como os judeus chegaram na Península Ibérica através das diásporas judaicas , como a Inquisição deu inicio em Portuguesa, demonstrando o que foi a Inquisição e seus rituais e sua chegada na colônia brasileira . Demonstrar que o Brasil passou a ser uma terra de esperança, para um povo que vivia com medo da perseguição. Um lugar que inicialmente para os portugueses não representava algo lucrativo, mas com a vinda desses judeus convertidos ao catolicismo, essa terra passou a produzir e gerar lucros, e Portugal, passou ter mais interesse por sua colônia. E assim o Brasil também passa pelo o horror da inquisição, deixando todos que iam contra os dogmas católicos em perigo. 
DIÁSPORA SERFADITAS E A INQUISIÇÃO.
 A presença hebraica na Península Ibérica encontra em seus primórdios na Antiguidade. Mas o fato mais marcante está no domínio Romano, quando judeus enfrenta Roma por não aceitar pagar tributos, fazendo, no ano 70 d.C, o general Tito expulsar os judeus de suas terras. Jerusalém, a comando do general Tito foi incendiada, destruída e os judeus foram expulsos daquela região. Uma segunda revolta no ano de 132 d.C, trazendo assim uma ruptura de vez entre judeus e cristãos. Alguns anos depois, especificamente no ano 138 d.C, o imperador Adriano expulsa de vez todos os judeus de Jerusalém. Adriano permitiu a reconstrução de Jerusalém,porém, alterou seu nome para “Aelia Capitolina” (Capital do Sol) e o nome de Judéia para Síria Palestina. Assim, aos poucos, judeus foram se emigrando para outras terras, alcançando assim a Península Ibérica. E assim, essa região com o passar do tempo foi se transformando no que hoje conhecemos como Espanha e Portugal.
 Esses dois eventos, ocorrido no ano70 a.C e 138 d.C, é chamado de diáspora serfadita. Diáspora é a palavra de origem grega que significa,deslocamento de populações ou etnias por motivos variados . Essa grande diáspora deu origem, na Europa, os dois grandes ramos do judaísmo: os ashkenazim, disperso pelo norte e centro do europeu e os serfardim, concentrados na Península Ibérica. Houve outras diásporas ao longo da Idade Média, mas o foco no seguinte artigo mostra a diáspora ocorrida na Idade Moderna com a perseguição aos judeus pelos reis de Espanha, mas em especial pelo reis de Portugal.[4: VAINFAS, 2010, p.27]
 Antes dessa diáspora da Espanha e de Portugal, no ano 711, os árabes conquistaram a Espanha, introduzindo uma nova organização social baseada na tolerância e na convivência. E nesse período, houve certa tolerância entres as três religiões, mulçumanos, cristão e judeus conviviam e trabalhavam com intuito de prosperidade do reino. Segundo Novinsky, do ponto de vista cultural, a “Idade do Ouro” produziu políticos, poetas e filósofos, influenciados e enriquecidos pela cultura islâmica e a poesia hebraica[5: NOVINSKY, 2017, p. 24]
 A partir do século XI, os países cristãos iniciaram uma luta para retomar as terras e as riquezas em poder dos mulçumanos. Finalizada a reconquista, fica faltando somente o reino de Granada, reconquistada apenas no ano de 1492. O ideal “um só povo, uma só religião” transformou o movimento em uma cruzada cristã: libertar a Espanha dos infiéis mulçumanos. [6: NOVINSKY, 2017, p. 35]
 No entanto essa retomada não afetou os judeus, pelo contrario tiveram bastante influencia com o rei Fernando II. Nesse período muitos judeus abandonaram sua religião e se tornaram cristão.
“A conversão dos judeus ao cristianismo era dificultada, e o converso tinha seus bens confiscados pelo tesouro real _ afinal, à coroa interessavam mais os impostos e as taxas cobrados à comunidade do que a pureza da fé.”( Novinsk, 2017, p.36)
 Às diásporas Ibéricas ocorreram por causa da instalação da inquisição, primeiro na Espanha , levando esses judeus a procurar refugio em Portugal, onde o convívio com judeus era mais tolerante, ate a Inquisição chegar em terras lusas, obrigando a mais uma fulga.
 O Tribunal da Inquisição do Santo Ofício, foi uma instituição que era formada pelos tribunais da Igreja Católica que perseguiam, julgavam e puniam pessoas acusadas de se desviar de suas normas de conduta. Ela teve duas versões: a medieval, nos séculos XIII e XIV, e a feroz Inquisição moderna, concentrada em Portugal e Espanha, que durou do século XV ao XIX. Tudo começou em 1231, quando o papa Gregório IX – preocupado com o crescimento de seitas religiosas – criou um órgão especial para investigar os suspeitos de heresia. Qualquer um que professasse práticas diferentes daquelas reconhecidas como cristãs era considerado herege.
 O Tribunal do Santo Ofício da Inquisição foi definitivamente instalado em 23 de maio 1536 pelo Papa Paulo III e todos os privilégios anteriores e editos pontifícios favoráveis aos conversos foram anulados. 
“A inquisição foi um órgão político que através do terror moldou em Portugal uma” cultura do segredo”. Transformou uma sociedade conhecida por sua convivência excepcional com judeu e árabes em um universo de dissimulação e hipocrisia, mergulhando toda sociedade na insegurança e medo”.( NOVINSKY, 2107, p.13).
 O funcionamento do Tribunal do Santo Ofício era altamente secreto. Nada que ocorria em seu interior poderia ser divulgado, dependia das denuncias que eram feitas pela população em geral ou até mesmo familiares. O tribunal dependia dela para chegar até aos réus. Qualquer denuncia era válida, independente da idoneidade dos denunciantes. Podendo ser anônimas, secretas ,sem qualquer comprovação ou vidas de toda parte de pessoas.
 Os perseguidos não poderiam saber por quem foram denunciados, às vezes nem sabiam o porquê de estarem sendo julgados e bastavam apenas duas testemunhas para que fossem condenados.
O Tribunal “precisava de testemunhos”, precisava de longas filas de réus nos autos de fé para, como afirmou D. Luis da Cunha, justificar o miserável estado do Reino português (NOVINSKY, 2017,p. 192.)
 O Tribunal perseguia, praticantes de bruxaria, judeus, bicamos, protestante, adultero e sodomitas. 
 A inquisição Espanhola foi pior e mais famosa, Fernando de Aragão encontrou na inquisição um meio de perseguir seus opositores e expulsar aqueles que ele achava que não merecia viver em terras Espanholas: judeus e mulçumanos.
 Em Portugal, sempre existiu a preocupação do Estado em combater idéias consideradas perigosa à Igreja Católica. Mas em 1536, quando a Inquisição chegou ao país às coisas pioram e o povo foi convidado a denunciar os casos de heresia que tivessem conhecimento. 
 No Brasil, os tribunais chegaram a ser instalados no período colonial, porém não apresentaram muita força como na Europa. Foram julgados, principalmente no Nordeste, alguns casos de heresias relacionadas ao comportamento dos brasileiros, além de perseguir alguns judeus que aqui moravam.
 O Tribunal do Santo Ofício da Inquisição tinha por finalidade, a preservação da unidade dogmática da cristandade que ,por vezes, era abalada pela sobrevivência das praticas judaicas alimentadas por judeus recém-convertidos ao cristianismo. Mesmo tendo por um momento resistência em sua instalação, o papa foi incapaz de resistir até o fim.
A resistência do papado à disseminação da Inquisição portuguesa ressalta o caráter predominante político de suas versões ibéricas. O ódio expressado pela população de Lamego ao ouvir a publicação da bula revelava ,como na Espanha, que era preciso canalizar o preconceito. Os convertidos eram o alvo, como ocorrera na Espanha,e,por mais que tentasse, o papado era incapaz de proteger o bode expiatório. Uma perigosa ideologia criara a ameaça interna como uma fonte de unidade e poder. Ela não podia ser negada. ( Green, 2012, p.58)
 O combate da inquisição era contra os hereges, mas em especial os judeus. Tanto Espanha como Portugal teve um inimigo em comum, os judeus que ali residiam. 
 Portugal dependia do capital financeiro arrecadado pelos judeus era de suma importância para o prosseguimento da demanda expansionista portuguesa. Tendo em vista o montante que o rei D. João II poderia obter para o financiamento e manutenção de suas atividades, aprovou a permanência dos judeus, mesmo com a expulsão deles de Castela por Isabel e Fernando, com a condição de se convertessem à fé católica. Muitos desse aderiram a nova fé por meio do batismo, mas alguns continuaram a compactuar com sua antiga fé de forma oculta.
Eram os judeus utilizados em ofícios que exigiam um maior conhecimento técnico e preparação acadêmicas,como a medicina,em boa parte exercida por judeus ou utilizando técnicas trazidas e desenvolvidas por este grupo. Também formavam no comércio, onde dominavam espaço considerável e que, se não exigia maiores predicados intelectuais, capitaneava somas consideráveis para economia local. Representavam uma elite econômica e cultural, visto a própria sedimentação do judaísmo em origem letrada- embora a generalização seja impensável: judeus pobres ou iletrados não eram raros,nem poucos. Monarcas posteriores, gradativamente, ampliariam esta percepção sobre a importância mosaica, conscientes do peso e utilidade da atuação judaica nos projetos de expansão no ultramar.( Assis, 2012, p.72)
 
INQUISIÇÃO E CRISTÃO NOVOS EM PORTUGAL.
 Com a morte de D. João II, ascende ao trono D. Manuel I (1495-1521), monarca que mesmo necessitando da população judaica para a realização do movimento expansionistae para o desenvolvimento da economia, viu-se seduzido por sua consorte, D. Isabel, a expulsar os judeus de Portugal.
“Os problemas não tardariam a reaparecer, num tom de cores ainda mais dramático. As alianças políticas com a Espanha tornar-se-iam decisivas nas mudanças de atitude real com os judeus.” (Assis, 2012, p. 53)
 Ao aceitar as condições de D. Isabel, D. Manuel teve que expulsar o povo judeu que vivia em seu reino, e entregar ao Tribunal da Inquisição.
 D. Manuel aceitou as condições e assinou o decreto de expulsão em 5 de dezembro de 1496. Com o acordo firmado D. Manuel deu um prazo de 10 meses, até outubro do ano seguinte, para que os judeus deixassem o reino de Portugal. Mas apesar de aceitar o édito de expulsão dos judeus, ele criou meios para que, maior parte desses judeus ficassem em Portugal, até a dada concedida pelo édito. 
D. Manuel surpreendeu-se com o grande número de judeus que optou pelo exílio para não se converter. Um êxedo tão expressivo de judeus prejudicaria a economia portuguesa. Assim, em abril de 1947,ordenou que nenhum judeu saísse do Reino,obrigando todos a se converter ao catolicismo. (Novisky,2017, p.42).
 Chegada à data os judeus que ainda estava em terras portuguesas, foram forçados à conversão. A sequência dos fatos dar-lhe-ia os adjetivos com que seriam reconhecidos a partir de então: os representantes de gente da nação seriam, à força, batizados em pé, e transformados em cristãos-novos. Nasciam assim os cristãos novos ou os batizados em pé.[7: ASSIS, 2012, p. 55]
 Aparentemente o problema estava resolvido com o batismo forçado, pois judeus agora se transformara em cristãos, e assim estava sendo feito um laço de união com a coroa Portuguesa. 
 Nem todos os convertidos afastaram-se completamente de sua religião antiga, causando mais cristãos falsos e judaizantes. Teve aqueles que realmente aderiram à fé cristã, mas mesmo assim houve uma imensa descriminação com os novos convertidos. Começando pela forma que passaram há ser conhecidos, cristãos novos, uma forma de segregação dos cristãos velhos. 
 Esses que foram batizados forçadamente foram descriminados pelo clero e pela população, pois não acreditavam em suas conversões. E o conflito que antes existia entre cristãos e judeus, agora se transforma em conflitos de cristão velhos e cristãos novos.
 D. Manuel tentando persuadir os judeus convertidos, a ficarem, ele cria muitos meios para prender esse judeus em terras lusitanas. Mesmo antes do prazo final de expulsão daqueles que não se convertesse, foi dado um prazo de vinte anos que os beneficiava, deixando-os livre de qualquer inquirição sobre o comportamento religioso que mantinham.
 De acordo com Green, a inquisição estava conseguindo o oposto do que pretendia:
Em vez de reconciliar infiéis com a Igreja, transformava católicos leais em infiéis. Se algo podia converter o cidadãos leais de um Estado em rebeldes que tentavam desestabilizar o governo,era o processo jurídico da instituição persecutória. Porque se tratava de um sistema de justiça do qual a verdade vinha em terceiro lugar, após o preconceito e poder. ( Green, 2012,pg. 70) 
 Instaurada a era dos cristão-novos sob D.Manuel I, consolidou-se o Tribunal da Inquisição com seu filho , D. João III .[8: NOVINSKY, 2017, p. 43]
 D. Manuel enquanto estava no trono tentou de varias formas prender os judeus em seu território, na verdade ele mantinha boas relações com vários judeus de muita influencia, e sabia da necessidade de manter por perto homens que o ajudava a expandir, trazendo crescimento econômico para seu reino.
 A política de bom convívio de D. Manuel apresenta sinas de cansaço, reflexo das pressões sócias sobre o grupo neoconverso que começavam a tornarem-se mais constantes, então começou as negociações com o papa a criação de um tribunal inquisitorial em Portugal. [9: ASSIS, 2012, p. 56]
 Depois da morte de D. Manuel, seu filho D. João III , iniciou a mais feroz perseguição aos cristãos novos portugueses. Tentando convencer o Papa da necessidade de um Tribunal especificamente voltado para perseguir, punir e controlar o comportamento dos convertidos. É com a intervenção e pressão do monarca que a igreja sede e institui um Tribunal para combater as ameaças ao reino e a igreja. 
 Com a Inquisição instalada a unificação a união estatal e unidade de fé, daria a Portugal a centralização de poder tão desejada, desde que conseguiram expulsar os mouros do território Ibérico. 
 De acordo com Assis, 2012, a Inquisição portuguesa teria como principais vítimas e uma das fortes razões para sua criação a necessidade de vigilância sobre o comportamento dos cristãos novos.
 O tribunal se utilizava de delatores, testemunhas que muitas vezes eram os próprios familiares. As denuncias eram o ponto de partida de um processo inquisitorial. A ordem de prisão vinha acompanhada dos seqüestros dos bens do acusado, e sua família era abandona a miséria. O réu tinha que relatar como obteve seus bens e dividas.
As denuncias feitas contra os cristãos novos era o motor que fortalecia o Tribunal, pois era delas que dependiam para investigar o acusado.
“A Inquisição portuguesa, nascida de uma combinação do poder pontifício com o poder régio, representava quase um terceiro poder, com seus clientes, súditos, funcionários e uma receita particular: os confiscos.” (Novinsky,2017,p.48)
 O acusado de heresia judaizante não podia saber quem estava acusando, tudo ocorria em segredo, tirando do acusado a possibilidade de defesa, pois não sabendo quem o acusava nem poderia disser se era algum inimigo se aproveitando da situação. Um fato que deixava bem claro a injustiça que movia esse tribunal. Pois, qualquer pessoa denunciava um herege, e essa denuncia era válida para abertura de um processo. A maioria das vezes, às denuncias partiam de cristãos velhos ou próprios familiares.
 Os cristãos novos passavam por uma vigilância tamanha que até sua alimentação era vigiada, tudo estava sendo observado: se não comiam carne de porco, se arrumava a casa na sexta antes do entardecer, se apontava a primeira estrela anunciando assim o sábado, se no sábado não faziam nada em casa. Pois todas essas praticas eram feitas pelos judeus, e se um cristão novo tivesse praticando isso era sinal de que não abandonaram a sua antiga fé.
 
 O réu ainda tinha que arcar com todas as despesas do processo, que era descontada de seus bens. Caso os réus nada tivessem, deveriam, depois de soltos, acertar o debito com o Tribunal. Somente depois dessa formalidade o réu era apresentado no Auto de Fé.
 O Auto de Fé, um importante modo de avaliar a vida religiosa do réu. Era uma cerimônia em que os réus eram obrigados a participar, antes de sua condenação. Dando inicio com um sermão e, logo depois os réus tinham que pedir perdão por seus crimes sem direito à defesa. Em seguida, caminhava em direção a um pátio, ladeados por expectadores de todas as partes do reino.
 O Auto de Fé era um espaço para condenação e execuções, mas também podia ser usado, para leitura de atos e promulgações, atualizações dos editais com heresias e relação das punições que seriam destinadas a elas. O édito de fé era como um aviso, informando a população dos pecados que seriam investigados, quando se entrava no período de Graça ou se saia dele,dando legitimidade ao evento que o seguiria, o Auto de Fé, e também as regulamentações inquisitoriais.
O alcance do tribunal e o seu papel purificador para a vitória cristã no reino eram didaticamente exemplificada aos que assistiam ao espetáculo, aprendendo com o sofrimento alheio a gravidade das farsas e a punição devida aos considerados culpados de pouco zelo e apego à fé católica. O drama dos réus em desfile,não raro, contrastava com as manifestações de júbilo e indiferença da população que assistia ao espetáculo, ratificando o poder e a função da inquisição na sociedade portuguesa:” o povo dele participava ativamente, ridicularizando os condenados, vibrando ante a leitura das sentenças,apedrejando os réus no poste da fogueira, expiando coletivamente seus pecados na consumação dos corpos”.( Assis, 2017, p. 106).
 Em Portugal, o rei deviria ser convidado com antecedência pelo membro inquisitorial mais antigo, simbolizando a hierarquia existente na relação entre a Coroa e Igreja. Mesmo sendo uma grande inquisição, a Igreja precisava comunicar pessoalmente o rei, que, provavelmente pediria uma pequena audição para saber quais os crimes seriam tratados no espetáculo.
 A leitura das sentenças e das orações era muito importante para jovens cristãos novos que viviam sua religião na clandestinidade, afinal, não possuíam acesso das rezas e conhecimentos que precisavam para manter-se fora de suspeita. Assim, os Auto de Fé, tinha uma importância tanto para os católicos como para os judeus, pois era através dele que as regras da fé católica era expostas. 
 Os autos de fé também seriam celebrados nas colônias portuguesas, ou seja, as terras brasileiras, estava incluída na lista de lugares a serem visitados pela inquisição. Apesar de não ter um tribunal próprio, a colônia luso-americana recebeu grande atenção de Portugal, que procurava manter o controle sobre seus súditos tanto no campo produtivo, de cultivo, como no âmbito religioso.
 Essa intolerância religiosa tinha mais traços na economia que na própria fé, pois o fato de judeus constituírem uma facção importante da classe média e o fato de cristãos novos serem alfabetizados, em vez de favorecer era o oposto, os desfavorecia, esses eram uns dos motivos de tamanha perseguição articulada contra esse povo. Pois um povo com poder aquisitivo e poder intelectual pode desconcentrar um Estado.
 “A Inquisição foi uma instituição vinculada ao Estado e respondia às ambições financeiras e à centralização do poder político.”(NOVINSKY, 2017,p. 46
 A nomeação do inquisidor-geral era orquestrada pelo rei e apenas confirmada pelo Papa.
 Todo processo era mantido em sigilo e baseado em denuncia, o réu era preso e seus bens seqüestrado. O preso que demorasse a confessar e negava a pratica judaizante era exposto a tortura. Os condenados eram levados a locais dos queimadeiros.
“A Inquisição Ibérica apresentou um diferencial: os cristão novos foram seu principal alvo. O Tribunal alegava que a condição de cristão novo determinava a pratica judaizante.[10: NOVINSKY, 2017,p.53]
 Para Novisnky o motivo era alegado com a pratica religiosa,“ entretanto não era o único motivo, pode constar o caráter econômico por vários fatores. Na ordem de prisão de um cristão novo já havia o seqüestro de seus bens.”[11: NOVISKY,2017,p. 53 ]
 Com tanta perseguição a única saída era se dispersar, para onde parecia ser seguro, atrás de construir uma nova vida. Da mesma maneira que eles tiveram que sair da Espanha, novamente haveria a necessidade de partir. E com isso muitos judeus espalharam-se, por todo mundo. Sendo o Brasil um desses lugares, encontraram na colônia a oportunidade de reconstruir.
A INQUISIÇÃO E OS CRISTÃOS NOVOS NO BRASIL
 Em 1500, o rei português D. Manuel enviou ao mar a esquadra do comandante Pedro Álvares Cabral com objetivo de estabelecer relação diplomáticas e econômicas com reis de diversos portos das Índias, visando alcançar as fontes das especiarias ( já que para ter acesso a elas seria preciso vencer o monopólio árabe das rotas comercias, o que ocorreria anos depois).
 Nessa viagem, o comandante Cabral fez um desvio quando atingiu certo ponto da costa africana, chegando à costa baiana onde desembarcou acompanhado de seus homens em 21 de abril de 1500, data essa que ficaria conhecida pela Historia como o descobrimento do Brasil.
 Inicialmente D. Manuel pouco se interessou pelas novas, pois nela não encontrou ouro nem pedras preciosas. As especiarias, que eram negociadas com as Índias e representava para a coroa a mais rentável das atividades econômicas só foram introduzidas posteriormente. Somente com Américo Vespúcio que confirmou a existência de uma madeira de cor de brasa, denominada “pau-brasil”, que se tornou o monopólio comercial da Coroa Portuguesa. 
 O rei D. Manuel arrendou o Brasil por dez anos ao cristão novo Fernando de Noronha, que liderava um grupo de homens de negócios, em sua maioria cristãos novos que foram os primeiros a chegar no Brasil.
Em reconhecimento aos serviços prestados a Portugal, Fernando de Noronha foi nomeado Cidadão de Lisboa, em1498, donatário vitalício da Ilha e Cavaleiro da Coroa, em 1504. (Novinsky, 2012, p. 88).
 A divisão do Brasil em capitanias hereditárias, doadas aos ilustres fidalgos e capitães portugueses, permitiu uma colonização mais sistemáticas da terra que recebia, entre outros, também os cristãos novos. Estes últimos passaram a ser um elemento importante na economia açucareira, introduzida no território brasileiro na região nordeste do pais.
Os primeiros engenhos de cana-de-açúcar foram montados, quase sempre, por “judeus industriosos, fugidos à fúria religiosa da metrópole e de operários de São Tomé e madeira, conhecedores do processo. ( Novinsky, 2012, p. 88 ).
 A produção regular de açúcar no Brasil desenvolveu-se ainda mais na fundação da Vila de São Vicente (hoje no estado de São Paulo) pelo donatário Martim Afonso de Sousa considerado pioneiro na colonização do Brasil.
 Assim, os cristãos novos, encontram no Brasil a possibilidade de sobrevivência longe dos olhares intolerante dos inquisidores. [12: MIZRAHI, 2005, p.9]
 Pelo menos até a vinda da inquisição para a colônia em (1591-1595), os cristãos-novos integraram-se bem à sociedade local: conviviam com cristão-velhos portugueses e com eles compartilhavam novas experiências, freqüentavam igreja, realizavam negócios e casavam entre si.
 Nos fins do século XVI e meados dos séculos XVII, vários senhores de engenho de origem cristão-novas viviam na Bahia, e era constituída de cristãos-novos boa parte da chamada açucarocracia pernambucana, formada por senhores de engenho, traficantes de escravos e grandes comerciantes.
 Durante todo período, além dos já citados senhores, cujas às posses e engenhos os situavam no mais alto degrau da sociedade colonial, havia cristão novos artesão, pequeno lavradores, comerciantes,militares e cirurgiões estabelecidos em diversas partes das capitanias. Segundo Novinsky, 2017, com o enriquecimento colonial, a Inquisição aumentou sua vigilância e enviou à Bahia, agentes do Santo Oficio[13: NOVINSKY, 2107, p. 125]
 O Brasil nunca teve um Tribunal, mas em 1591 a segurança idealizada pelos cristãos novos acaba, pois, chega à Bahia o primeiro visitador do Santo Oficio de Portugal. Em 26 de março de 1591 era nomeado o licenciado Heitor Furtado de Mendonça como visitador de São Tomé, Cabo Verde, Brasil, incluindo as capitanias da Bahia, Pernambuco, Itamaracá e Paraíba e a administração de S. Vicente e do Rio de Janeiro.
 De acordo com Green, 2012, a ausência de um tribunal no Brasil mostra até que ponto a Inquisição era guiada por imperativos opostos aos de seus suposto objetivos. [14: GREEN, 2012, p. 123]
 No Brasil, entre os séculos XVI e XVIII, a atenção dos inquisidores sempre foi dirigida às regiões mais desenvolvidas e onde se concentrava o maior número de pessoas abastada.
Ao longo dos quatros anos seguintes, Mendonça lidou com 285 casos na Bahia e outros 271 em Pernambuco. Em Olinda, capital de Pernambuco, chegou a conduzir dois auto de fé com os poderes que lhe haviam sido outorgados em Portugal. No entanto, seus esforços quase arruinaram a inquisição na Metrópole, e ele foi ordenado a encurtar a viagem e a abandonar a idéia de visitar os postos avançados na África que estavam sob sua jurisdição quando saiu de Lisboa, em 1591, ma uma vez as preocupações financeiras se sobrepuseram à heresia.[15: GREEN, 2012, p. 124]
 Na Bahia uma família, Antunes, foi alvo da Inquisição, Ana Rodrigues, acusada de heresia judaizante teve sua condenação e foi levada à Lisboa. Morrendo no cárcere da Inquisição. Sua foto foi exposta na igrejade Matoim para testemunhar a vergonha da família. Ana foi um exemplo brasileiro que marcou o período inquisitorial na colônia.
“A Inquisição nada perdoou em suas visitas ao Brasil. O inquisidor Heitor Furtado de Mendonça, durante o período em que ouviu e registrou denúncia na Bahia, até setembro de 1593, e depois em Pernambuco, até 1595, abriu vários processos, levando alguns réus aos cárceres em Lisboa. Uma nova visitação acorreu na Bahia entre setembro de 1618 e janeiro de 1619,e o bispo D. Marcos Teixeira enviou ao cárcere de Lisboa cerca de noventa pessoas acusada de judaísmo.( Novinsky, 2017, p. 126)”
 Mas mesmo com toda a vigilância na colônia, nem todos os cristãos-novos era perseguidos, uma coisa que chama atenção. Alguns conseguiram ate destaque na colônia, o que mostra que o tribunal muita das vezes se corrompia e deixando alguns cristãos novos longe do olhar do Santo Ofício. Segundo Novinsky, o vigário da Sé da Bahia, Manuel Temudo, acreditava que a vigilância exercida na colônia era insuficiente e queixava-se de corrupção existente entre os funcionários do Santo Ofício.[16: NOVINSKY, 2017, p.127]
 Nos de 1560 a 1580, Portugal, sem monarca perde o trono para Espanha, formando assim a União Ibérica. Essa união da coroas trouxe distanciamento da Holanda com a colônia portuguesa, Brasil, que tinha mantinha relações com a Holanda, que era responsável de refinar o açúcar brasileiro. Esse rompimento se deu porque Espanha já era inimiga da Holanda. Com isso as incursões inquisitórias foram enfraquecendo. Mas não extinguida, só diminuiu, pois o foco da União Ibérica era outras colônias na America, onde já tinha encontrados metais preciosos, como no caso do México e Peru. 
 Com isso Holanda invade Pernambuco, fazendo assim novamente a produção de cana-de-açúcar continuar a crescer, e com domínio holandês houve uma tolerância com os cristãos novos, e muitos voltaram realmente a praticar o judaísmo.
 E a Espanha preocupada com a economia mineradora de suas colônias deixou um pouco abandonada a interferência do Tribunal na colônia Portuguesa, mas não por completo.
 Vale acrescentar que parte da considerável ação inquisitorial no Brasil seiscentista, ao menos na primeira metade do século, esteve muito relaciona ao temor da Coroa hispano-portuguesa com a possível aliança entre cristãos novos do Nordeste açucareiro e a invasão dos holandeses,inimigos figadais dos espanhóis desde do século anterior.
 O período de liberdade religiosa dos judeus no Nordeste brasileiro durou somente vinte e quatro anos. Desde 1641 os portugueses tentavam recuperar os territórios conquistados.
 A partir do século XVIII o Brasil começa a exploração de metais preciosos. As condições para o desenvolvimento da mineração no Brasil foram dadas pelo processo de desbravamento do interior da colônia operado pelas entradas e bandeiras, que consistia em expedições armadas que se saíram da capitania de São Paulo rumo ao sertão,com objetivo de apresar índios, destruir quilombos e encontrar metais preciosos. No ano de 1696, uma dessas expedições conseguiu encontrar jazidas de ouro nas regiões montanhosas de Minas Gerais, onde teve inicio a ocupação do Vale do Ouro Preto. 
 Com as descobertas de minas de ouro em Minas Gerais, isso atraiu um grande número de pessoas de diferentes regiões do Brasil e de Portugal. Cerca de 3 a 5 mil aventureiros vieram em direção às minas à procura de enriquecimento. A densidade populacional aumentou sobremaneira e aumentaria ainda mais com a chegada dos escravos que encarregados do trabalho braçal, passaram a compor a base da sociedade mineradora. Muitos cristãos novos se estabeleceram próximo da minas, plantando pequenas lavouras de subsistência, e muitos se tornaram mercadores de exportação ,homens de grande negócios. Os cristãos novos, combinavam as atividades mineradora, com comércio de mercadorias, engenho de açúcar e escravos.[17: NOVINSKY, 2017, p. 164]
 
“O ouro e os diamantes atraíram atenção dos inquisidores, e a primeira metade do século XVIII, o auge da mineração, coincide com o período de maior perseguição no Brasil. Entre os anos de 1710 e 1747, a Inquisição prendeu e confiscou os bens de 57 cristãos novos,dos quais 14% foram condenados a morte[18: NOVINSKY, 2017 ,p.167]
 Os primeiros diamantes encontrados na colônia foi em 1714, no Serro Frio, a noticia ficou em segredo até 1726, até o governador de minas D. Lourenço de Almeida avisou a coroa portuguesa. A circulação dos diamantes causou em Portugal, D. João V, uma profunda preocupação com a possibilidade de contrabando. Então para evitar que o comercio ilegal se desenvolvesse, ordenou que fosse feita uma rigorosa fiscalização na região, para garantir o controle sobre a arrecadação dos impostos e limitar o número de mineradores, garantindo a estabilidade do valor do diamante no mercado internacional.
 Os cristãos novos destacaram-se nas minas pelo seu alto desenvolvimento intelectual, e a inquisição continuava atuando com familiares e comissários em toda região das Minas.
 A inquisição, a ignorância, a má qualidade do clero,a espionagem dos familiares do Santo Ofício, a fiscalização e os Autos de Fé geraram em Portugal e Brasil, fizeram muitas vitimas. [19: NOVINSKY, 2017,p. 207.]
 Dentre as vítimas da Inquisição no Brasil ,os cristãos novos, que realmente é o foco desse artigo, destacamos os nomes de: Ana Roiz, esposa de Heitor Antunes, na Bahia, dona de engenho, acusada de heresia judaizante e alguns de seus familiares também foram acusados; Diogo Nunes em Ouro Preto Minas gerais, foi preso por defender arduamente a liberdade de pensamento,; Diogo Fernandes e sua esposa Branca Dias, dono de engenho em Pernambuco. Nomes estes de cristãos novos com influencia e acusados de praticar o judaísmo .[20: ASSIS, 2012, p. 259][21: NOVINSKY, 2017, p. 168][22: NOVINSKY, 2017, p. 91]
 Tanto Novinsky e Green, tem uma analise socioeconômica para as ações do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição no Brasil. Associando o crescimento econômico na colônia ser o alvo do tribunal. 
 A Inquisição não só fez vitima os cristãos novos, mas eles tiveram um destaque porque essa perseguição começou em terras Portuguesas num momento de afirmação do reino. Os judeus foram inimigos mais da coroa do que da Igreja.
 Ao todo foram feitas três visitações na colônia, 1591, a segunda 1618 e a ultima, em 1760. As visitações eram caras e nem sempre davam frutos. Mais fácil era manter o trabalho de espionagem dos familiares, espiões que enviam relatório e denuncias a Lisboa para analise. Os inquisidores portugueses avaliavam a gravidades dos causos e envia a sentença à distancia, chegando a produzir mais de mil prisões no Brasil.
 CONSIDERAÇÕES FINAIS.
 Ao longo dessas reflexões chegamos a analise da situação inquisitorial portuguesa, podendo concluir que todo esse processo inquisitorial teve um grande papel para transformações políticas e sócias, principalmente nas colônias. Em Portugal esse processo foi longo e envolto de tramas políticos e relações entre Coroas. Diferentemente de outras Inquisições, a Coroa portuguesa possuía uma larga participação nas decisões e na organização de todo aparato Inquisitorial. Deixando clara que a Inquisição Portuguesa teve sua função religiosa, com muita intolerância, mas também um caráter político muito mais forte pó parte dos reis portugueses. Utilizaram do clima de medo que estabeleceu para submeter à população dentro dos seus princípios políticos. 
 A Inquisição ficou protegida pelos reis, numa junção intrínseca entres os poderes temporais e espirituais. 
 A relevância desse trabalho é mostrar que a falta de laicidade do Estado pode atrair intolerância e segregação a determinados grupo. E quando o Estado usa da religiosidade ele estar com intenções de agregar um determinado grupo na intenção de obter sua finalidade dentro de sua ideologia política. 
 
 
 
 
 
 
 Fig. 1 Edito de expulsão dosjudeus de Portugal.
Fig. 2 Auto de Fé. 
 
Fig.3 “Saco bendito”. Túnica infame e hábito penitencial perpetuo que o condenado ao cárcere era obrigado a usar.
REFERÊNCIAS 
ASSIS, Angelo Adriano Farias de. Macabeias da Colônia: criptojudaísmo feminino na Bahia. São Paulo: Alameda, 2012.
GREEN, Toby. Inquisition: The Reign of Fear; Inquisição o reinado do medo; tradução CAVALCANTE, Cristina. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
MESGRAVIS, Laima. História do Brasil Colônia. São Paulo: Contexto, 2018.
MIZARAHI, Rachel. Judeus. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.
NOVINSKY, Anita. Os judeus que construíram o Brasil. São Paulo: Editora Planeta.
VAINFAS, Ronaldo. Jerusalém Colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

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