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ALIENACAO-PARENTAL

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
LUCIANE BARBOSA SLOMPO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2012 
 
LUCIANE BARBOSA SLOMPO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado ao Curso 
de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da 
Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial 
para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. 
Orientadora: Profª Georgia Sabbag Malucelli 
Niederheitmann. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2012 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
Luciane Barbosa Slompo 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 
 
_______________________________________ 
 
Coordenador do Núcleo de Monografia 
 
 
 
 
Orientadora: ______________________________ 
 Profa. Dra. Georgia Sabbag Malucelli Niederheitmann. 
 
 
 
Examinador 1: _____________________________ 
Prof(a). Dr(a). 
 
 
 
Examinador 2: _____________________________ 
Prof(a). 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço aos meus pais, meu irmão, meus 
amigos, ao meu marido Antonio Carlos e a 
minha filha Giordana por estarem sempre ao meu 
lado em todos os momentos, por compreenderem 
as horas de ausência. Agradeço também a 
Professora e Orientadora Dra. Georgia Sabbag 
Malucelli Niederheitmann pela paciência e 
presteza a mim dispensadas. 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho busca analisar acerca dos efeitos causados pela Alienação Parental 
nas decisões exaradas pelo poder judiciário brasileiro. Trazendo seu conceito, sua 
identificação, suas conseqüências e sua diferenciação de Alienação Parental e Síndrome 
de Alienação Parental. Visa também demonstrar quais as seqüelas que são deixadas nos 
filhos que passam por esta triste situação. Como o judiciário aplica a Lei 12.318 (Lei de 
Alienação Parental) e quais as maneiras de proteção utilizadas nestes casos. 
 
Palavras-chave: alienação parental – família - síndrome 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 7 
2 HISTÓRICO............................................................................................... 9 
3 DAS FAMÍLIAS E A SUA PROTEÇÃO................................................. 11 
3.1 DO PODER FAMILIAR.............................................................................. 11 
3.2 DA SUSPENSÃO, DA PERDA E DA EXTINÇÃO DO PODER 
FAMILIAR................................................................................................... 
 
13 
4 DOS REFLEXOS DA DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO QUANTO 
À PESSOA DOS FILHOS.......................................................................... 
 
15 
5 DA GUARDA.............................................................................................. 17 
5.1 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA X 
PENALIDADE DE REVERSÃO DE GUARDA....................................... 
 
17 
6 ALIENAÇÃO PARENTAL E SÍNDROME............................................ 21 
6.1 PREVALÊNCIA........................................................................................... 22 
6.2 SEQUELAS.................................................................................................. 23 
6.3 ABUSO OU NEGLIGÊNCIA...................................................................... 23 
6.4 EFEITOS COMUNS.................................................................................... 24 
6.5 NECESSIDADE DE IDENTIFICAR A SÍNDROME DE ALIENAÇÃO 
PARENTAL................................................................................................. 
 
25 
 
7 QUEM É O ALIENADOR?....................................................................... 26 
7.1 CARACTERÍSTICAS DO ALIENADOR................................................... 27 
7.2 CONDUTAS CLÁSSICAS DO ALIENADOR........................................... 28 
7.3 FALSAS DENÚNCIAS DE ABUSO SEXUAL.......................................... 29 
7.4 A IMPLANTAÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS NA CRIANÇA............... 32 
8 A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA....................... 35 
9 MEIOS PUNITIVOS AO CONFIGURAR ALIENAÇÃO 
PARENTAL................................................................................................ 
 
39 
10 ANÁLISES DA LEI N. 12318 DE 26-08-2010.......................................... 42 
10.1 ART. 2º - CARACTERIZAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL............ 42 
10.2 ART. 3º - PROTEÇÃO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA............ 43 
10.3 ART. 4º - TUTELA……………………………………………………...... 44 
10.4 ART. 5º - PROVA………………………………………………………… 45 
10.5 ART. 6º - SOLUÇÕES À ALIENAÇÃO PARENTAL............................... 46 
10.6 ART. 7º - ALTERAÇÃO DA GUARDA…………………………………. 48 
10.7 ART. 8º - COMPETÊNCIA………………………………………………. 48 
10.8 ART. 9º - MEDIAÇÃO…………………………………………………… 49 
10.9 ART. 10 – RELATO FALSO……………………………………………... 50 
10.10 ART. 11 – VIGÊNCIA DA NORMA…………………………………….. 50 
11 CONCLUSÃO……………………………………………………………. 51 
REFERÊNCIAS………………………………………………………………….. 53 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Alienação é conceito com diversas acepções, ao que se extrai dos dicionários da 
língua ou daqueles de política e ciência médica. 
 Sob o aspecto parental, também conhecido como “implantação de falsas 
memórias”, trata-se de lavagem cerebral ou programação das reações da criança e do 
adolescente pelo alienador, contrárias, em princípio, ao outro genitor, ou às pessoas que 
lhes possam garantir o bem-estar e o desenvolvimento, incutindo-lhes sentimentos de ódio 
e repúdio ao alienado. 
 Por sua vez, a Síndrome de Alienação Parental são sintomas diagnosticados, que 
pode ser estendido a qualquer pessoa alienada ao convívio da criança ou do adolescente. 
Estes também submetidos à tortura, mental ou física, que os impeçam de amar ou mesmo 
de demonstrar esse sentimento, colaborando com o alienador. 
 Assim, os sintomas da síndrome pode fazer referência à criança, ao adolescente 
ou a qualquer dos outros protagonistas, parentes ou não-genitor, avós, guardadores, 
tutores, todos igualmente alienados. 
 Revela-se a conduta do alienador, quando procura desempenhar controle absoluto 
sobre a vida da criança e do adolescente, interferindo na estabilidade psíquica de todos os 
envolvidos, atrapalhando a família de diversas maneiras. A doença do alienador envolve 
qualquer pessoa que possa divergir de seu induzimento, deixando a pessoa em estado de 
submissão. Esse tipo de comportamento faz com que haja uma disputa judicial, que 
poderá durar anos, até que qualquer das pessoas alienadas desista da decisão judicial, seja 
por ter atingido a idade madura, seja ante o estágio crônico da doença. 
 De qualquer modo, o alienador acaba fazer com que exista mais de um sujeito 
alienado, forçando-lhes uma deformidade eterna de conduta psíquica, parecida com a 
doença mental. 
 A Síndrome da Alienação Parental descreve a situação em que, em processo de 
dissolução conjugal ou em casos menores, por discórdias, discussões, e disputando a 
 
guarda da criança, um genitor manipula a criança e a limita para vir a não querer mais ter 
afetos com o outro genitor, criando sentimentos de medo e angústia em relação a ele. 
 As situações mais freqüentes estão ligadas onde a dissolução cria, em um dos 
genitores, uma vontade de vingança, utilizando-se de difamar, desmoralizar e desacreditar 
o pai/a mãe do próprio filho, fazendo crescer no filho um ódio para com o genitor, muitas 
vezes transferindo essa raivaque a própria pessoa cria, num plano em que a criança é 
utilizada como mero instrumento de hostilidade e negócio. 
 Acredita-se que possa diminuir ou até não existir, quando aplicado o sistema da 
guarda compartilhada, salvo se forjado pelo genitor ou responsável pela guarda no 
decorrer de sua aplicação, uma vez que compartilhar não quer dizer apenas dividir direitos 
e deveres, mas participar de maneira consciente da vida da criança. 
 Se inexistir consenso entre os genitores, podem ser implantadas as medidas 
contra a alienação parental por determinação da justiça. Em qualquer caso, a interferência 
do juiz deverá impedir a instalação ou a exacerbação de uma alienação parental ou da 
respectiva síndrome. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 HISTÓRICO 
 
 Para compreender o que é a Síndrome de Alienação Parental, é preciso entender a 
evolução da família. Antigamente o conceito de família era claro e definido. O Pai, 
provedor da família, machista e intolerante, quase não dava atenção à educação, à criação 
dos filhos e principalmente aos afazeres domésticos, pois a mulher (mãe) era responsável 
por cuidar dos filhos e conduzir a casa da família na rotina do dia-a-dia, sempre submissa 
ao marido. A principal função do pai era sustentar financeiramente a família e nada mais. 
 Quando de uma separação, era visível que a Mãe tinha realmente melhores 
condições para criar os filhos, de uma visão geral. 
 Agora, o conceito de família é outro. Com o passar dos anos e a conseqüente 
mudança de comportamento da nossa sociedade, alterou-se profundamente o 
funcionamento da família. Se antes o Pai se ocupava somente com o sustento, hoje ele 
também se preocupa com a formação e criação dos filhos e até mesmo, com os afazeres 
domésticos. Não é raro encontrarmos casos em que o homem abdica de seu trabalho para 
dedicar-se exclusivamente aos filhos, assim, também, não é raro encontrarmos casos em 
que a mulher é a principal ou única provedora do sustento da família. Hoje todas as 
decisões relativas à condução da família são tomadas em conjunto. Essa nova gestão 
familiar estrutura melhor os laços sócio-afetivos, demonstrando de forma clara e 
inequívoca para a criança que tanto o Pai, quanto a Mãe, são igualmente importante à 
formação da autoridade a ser respeitada por ela. 
 Entretanto quando há a dissolução do casamento muitas vezes, o guardião(ã) da 
criança, tem dificuldade em elaborar adequadamente o luto da separação, gerando um 
sentimento de abandono, sentindo-se traído(a) e rejeitado(a) e, ao notar o interesse do 
outro genitor em manter os vínculos afetivos com o filho, acaba por desenvolver um 
quadro de hostilidade, ódio e até vingança, desencadeando uma verdadeira campanha para 
desmoralizar, humilhar e destruir o ex-cônjuge. Nesse sentido cria-se uma série de 
situações com a intenção de dificultar ao máximo ou até impedir o contato do outro 
genitor com os filhos, levando a criança a odiá-lo e rejeitá-lo. Esse processo foi 
 
profundamente estudado pelo psiquiatra norte americano Richard Gardner que o 
denominou como Síndrome de Alienação Parental, que foi definida pela primeira vez nos 
Estados Unidos. 
 Quando a Síndrome de Alienação Parental está presente, o filho passa a ser um 
objeto, uma arma a ser utilizada, gerando um conflito de sentimentos e ruptura do vínculo 
afetivo e, como conseqüência, o inevitável afastamento entre ambos. A criança passa a 
identificar-se com seu guardião e acredita em tudo o que lhe é contado. Com a destruição 
dos laços afetivos, a criança e seu guardião tornam-se únicos, visualizando o outro genitor 
como um invasor a ser combatido a todo custo, sendo utilizado desde as acusações 
brandas, como exemplo “ele não presta”, “ela não te ama”, até as mais sérias, como falsas 
denúncias de incesto e violência. 
 A criança é convencida da existência desse fato e o repete como tendo realmente 
acontecido. Por ser criança não consegue discernir a manipulação, acreditando e repetindo 
tudo e com o passar do tempo, nem o próprio guardião consegue diferenciar a fantasia da 
realidade e passa a acreditar na própria mentira. Sendo necessário ao outro genitor acionar 
o Judiciário, o que gera situações ainda mais delicadas, pois o magistrado, diante de uma 
denúncia de abuso sexual, por exemplo, vê-se em difícil situação, tendo por um lado a 
obrigação de tomar imediatamente uma atitude, por outro lado, sabe que, se a denúncia 
não for verdadeira, muitos serão os danos causados tanto para o genitor acusado, quanto 
para a criança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 DAS FAMÍLIAS E A SUA PROTEÇÃO 
 
 A família tem especial proteção do Estado, constituindo, portanto a base da nossa 
sociedade, neste sentido o seu reconhecimento, manutenção, desenvolvimento e 
dissolução devem ser regulados de forma a preservar a própria instituição e 
principalmente o Estado alicerçado na família também se desenvolva de forma 
equilibrada. A família também é reconhecida sobre outras formas, que não a 
tradicionalmente pelo casamento, mas também pela união estável e pela família 
monoparental. 
 Nesse sentido diz Maria Berenice Dias: 
 
A família é o primeiro agente socializador do ser humano. De há muito deixou 
de ser uma célula do Estado, e é hoje encarada como uma célula da sociedade e, 
por essa razão, recebe especial atenção do Estado. (2010, p.29) 
 
 
3.1 DO PODER FAMILIAR 
 
 Como bem pontua a professora Maria Helena Diniz o poder familiar é 
 
um conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e bens do filho menor não 
emancipado, exercido, em igualdade de condições, por ambos os pais, para que 
possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em 
vista o interesse e a proteção do filho (2007, v.5, p.514). 
 
 
 Portanto, enquanto os filhos forem menores, estarão sujeitos ao poder familiar que 
impõe aos pais os deveres, nos termos do art. 1634 do Código Civil, de forma ampla a 
defesa de seus interesses, tanto sob o prisma da educação e criação, tendo-os para tanto 
em sua companhia e guarda. 
 Segundo o professor Roberto Senise Lisboa, o poder familiar “é a autorização legal 
para atuar segundo os fins de preservação da unidade familiar e do desenvolvimento 
 
biopsíquico dos seus integrantes”(2009, p. 200), servido os pais dessa forma de guia para 
o desenvolvimento e a orientação da vida do menor, desde seu nascimento até o 
atingimento da maioria civil. 
 Para Carlos Roberto Gonçalves, “poder familiar é o conjunto de deveres atribuídos 
aos pais no tocante à pessoa e aos bens dos filhos menores (2010, p.396). 
 O exercício do poder familiar compete a ambos os pais, na falta ou impedimento 
de um deles, o outro o exercerá de forma exclusiva, como ocorre na família 
monoparental. 
 Na visão de Perlingieri: 
 
É necessário cautela para individuar os elementos sem os quais a família não 
fundada no casamento não seria tal. Mais correto é ter consciência de que 
existem diversos modelos de família não fundada no casamento. As razões 
colocadas na base da família de fato são várias: razões ideológicas, 
contestadoras do sistema, ligadas a situação econômicas e de abandono cultural 
à falta de confiança (2008, p. 997). 
Além disso, a família não fundada no casamento é, portanto, ela mesma uma 
formação social idônea ao desenvolvimento da personalidade de seus 
componentes e, como tal, orientada pelo ordenamento a buscar a concretização 
desta função (idem, p. 989) 
 
 Paulo Nader entende que “Poder familiar é o instituto de ordem pública que atribui 
aos pais a função de criar, prover a educação de filhos menores não emancipados e 
administrar seus eventuais bens”(2009, p.325). 
 Durante o período de tempo em que durar o casamento ou a união estável, compete 
a ambos os pais o exercício do poder familiar, sendo que, com a suadissolução, não há 
alteração das relações existentes entre pais e filhos, senão quanto ao direito, que aos pais 
cabe, de terem em sua companhia os filhos, ou seja, com a dissolução da família, o poder 
familiar de ambos os pais continua a ser exercido conjuntamente, contudo, salvo o caso da 
guarda compartilhada, apenas um dos genitores será o responsável pela guarda do menor, 
enquanto ao outro restará o direito convivencial. 
3.2 DA SUSPENSÃO, DA PERDA E DA EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR 
 
 
 O desvio do comportamento esperado dos pais frente ao exercício do poder 
familiar pode acarretar a sua suspensão ou a perda, medida tomada com o intuito de 
proteger o menor contra aquele genitor, ou ambos, que não promove da melhor forma o 
seu desenvolvimento, faltando-lhe com os deveres próprios do exercício do poder 
familiar. 
 Com relação à suspensão do poder familiar, resta a disciplina do art. 1637 do 
Código Civil, que dispõe: 
 
Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles 
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum 
parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela 
segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando 
convenha. 
 
Nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves 
 
a suspensão do poder familiar constitui uma sanção aplicada aos pais pelo juiz, 
não tanto com intuito punitivo, mas para proteger o menor. É imposta nas 
infrações menos graves, mencionadas no artigo retrotranscrito, e que 
representam, no geral, infração genérica aos deveres paternos. Na interpretação 
do aludido dispositivo deve o juiz ter sempre presente, como já se disse que a 
intervenção judicial é feita no interesse do menor (2010,p.416). 
 
 
 As causas de perda (destituição) do poder familiar elencadas no art. 1.638 do 
Código Civil demonstram a sua gravidade, sendo que os castigos imoderados decorrem da 
prática de maus-tratos, onde se evidencia a extrapolação do dever de obediência e 
correção(educação) próprias do exercícios do poder familiar, assim como o abandono do 
menor, tanto do ponto de vista material como também do ponto de vista psicológico. 
Importante salientar, no entanto, que a falta ou a carência de recursos materiais não 
constitui, por si só, motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar. 
 A prática de atos contrários à moral e aos bons costumes também é causa para a 
perda do poder familiar. Nessa hipótese o dever de educar os filhos não está sendo 
 
promovido a contento, uma vez que sua conduta amoral ou contrária aos bons costumes 
tem o poder de influenciar de forma negativa no desenvolvimento da pessoa do menor. 
 Nesse ponto, resta evidenciada a alienação parental promovida por um dos pais 
quanto à pessoa do outro, ou mesmo com relação a determinado parente, na qual busca o 
genitor alienante o afastamento do convívio da pessoa alienada, v.g., a mãe do menor, que 
busca por todos os meios possíveis evitar que seu filho visite a avó paterna, restringindo o 
seu contato com o menor. 
 
 
 
4 DOS REFLEXOS DA DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO QUANTO À PESSOA 
DOS FILHOS 
 
 A família, independente da forma de sua constituição, quer seja pela vontade, quer 
seja pela morte, será dissolvida, regulando então o legislador, tanto no direito de família 
como no das sucessões, os reflexos dessa dissolução, sobre o aspecto patrimonial (regime 
de bens), bem como sobre o efeito pessoal, notadamente quanto à pessoa dos filhos 
menores. 
 A criança e o adolescente, ainda em formação, têm como parâmetro a família que 
acabara por se dissolver, tendo que se buscar neste difícil momento, independentemente 
dos motivos que acarretam a dissolução do casamento ou da união estável, a fixação da 
guarda com base no melhor interesse da criança. 
 Tanto é assim que, bem aponta Carlos Roberto Gonçalves, 
 
Não mais subsiste, portanto, a regra do art. 10 da Lei do Divórcio de que os 
filhos menores ficarão com o cônjuge que a ela não houver dado causa. Assim, 
mesmo que a mãe seja considerada culpada pela separação, pode o juiz deferir-
lhe a guarda dos filhos menores, se estiver comprovado que o pai, por exemplo, 
é alcoólatra e não tem condições de cuidar bem deles (2010, p.281). 
 
 E complementa, 
 
Não se indaga, portanto, quem deu causa à separação e quem é o cônjuge 
inocente, mas qual deles revela melhores condições para exercer a guarda dos 
filhos menores, cujos interesses foram colocados em primeiro plano. A solução 
será, portanto, a mesma se ambos os pais forem culpados pela separação e se a 
hipótese for de ruptura da vida em comum ou de separação por motivo de 
doença mental. A regra inovadora amolda-se ao princípio do “melhor interesse 
da criança”, identificado como direito fundamental na Constituição Federal (art. 
5º, § 2º), em razão da ratificação pela Convenção Internacional sobre os Direitos 
da Criança – ONU/89 (2010, P.282). 
 
 
 
 É necessário que a guarda seja estabelecida de maneira a resguardar tanto quanto 
se possa as vertentes de desenvolvimento da personalidade dos filhos, de modo que sejam 
salvaguardados seus direitos fundamentais, humanos e de personalidade. 
 
 
 
5 DA GUARDA 
 
 Antes da dissolução do casamento, a guarda implicitamente está sendo exercida 
por ambos os pais com relação aos seus filhos menores, exercício este que se dá por meio 
do poder familiar, contudo, quando ocorre a dissolução do casamento, quer seja pela 
separação de fato ou pelo divórcio (no caso do casamento), mostra-se necessário definir a 
quem incumbirá o exercício da guarda, cabendo ao outro o direito de visitas (direito 
convencional) ou se a guarda será exercida de forma compartilhada. 
 Segundo a professora Maria Berenice Dias, 
 
falar em guarda de filhos pressupõe a separação dos pais. Porém, o fim do 
relacionamento dos pais não pode levar à cisão dos direitos parentais. O 
rompimento do vínculo familiar não deve comprometer a continuidade da 
convivência dos filhos com ambos os genitores. É preciso que eles não se sintam 
objeto de vingança, em face dos ressentimentos dos pais (2010, p. 433). 
 
 A criança não pode se tornar objeto de vingança dos pais quando da separação, os 
pais devem sempre saber lidar com a separação sem comprometer a felicidade dos filhos. 
 
 
5.1 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA X PENALIDADE DE 
REVERSÃO DE GUARDA 
 
 A expressão “interesse da criança” vem sendo usada, nesse caso, para justificar 
todo tipo de arbitrariedade, em detrimento de direitos do pai excluído(alienado) que são 
tão constitucionais quanto o direito da criança à proteção integral. Alega-se que o 
interesse da criança não autoriza a ruptura dos laços criados com os familiares maternos, 
muito embora laços da mesma natureza, mas com os familiares paternos, possam ser 
rompidos injustificadamente pela mãe(alienadora), sem que isso seja objeto de qualquer 
reprimenda de quem quer que seja. 
 
 A guarda do menor, diante da dissolução da relação conjugal, deverá atender o 
melhor interesse da criança, podendo ser buscada a fixação da guarda compartilhada, 
como bem pontua o professor Caio Mário da Silva Pereira, 
 
Merece destaque neste momento de redefinição das responsabilidades maternas 
e paternas a possibilidade de se pactuar entre os genitores a “Guarda 
Compartilhada” como solução oportuna e coerente na convivência dos pais com 
os filhos na Separação e no Divórcio. Embora a criança tenha o referencial de 
uma residência principal, fica a critério dos pais planejar a convivência em suas 
rotinas quotidianas. A intervenção do Magistrado se dará apenas com o objetivo 
de homologar as condições pactuadas, ouvido o Ministério Público. Conscientes 
de suas responsabilidades quanto ao desenvolvimento dos filhos, esta forma de 
guarda incentivao contínuo acompanhamento de suas vidas (2006, p.299) 
 
Tal situação, contudo, não se mostra das mais simples, segundo esclarece o 
professor Sílvio de Salvo Venosa, 
 
Por vezes, o melhor interesse dos menores leva os tribunais a propor a guarda 
compartilhada ou conjunta. O instituto da guarda ainda não atingiu sua plena 
evolução. Há os que defendem ser plenamente possível essa divisão de 
atribuições ao pai e à mãe na guarda concomitante do menor. A questão da 
guarda, porém, nesse aspecto, a pessoas que vivam em locais separados não é de 
fácil deslinde. Dependerá muito do perfil psicológico, social e cultural dos pais, 
além do grau de fricção que reina entre eles após a separação (2007, p.185). 
 
É necessário estabelecer distinção entre guarda compartilhada, quando as 
atividades, deveres e direitos do menor e dos genitores são exercidos simultaneamente e 
em coparticipação pelos adultos, das meras tentativas de divisão de responsabilidades 
entre o guardião e o outro, inclusive com a contínua mudança do domicílio da criança, 
que mais atendem aos pais ou responsáveis do que ao interesse superior do menor. 
Não importa qual o tipo de guarda é concedida ou a qual dos genitores à detém, a 
decisão que define seus limites faz coisa julgada apenas formal, podendo a mesma ser 
alterada a qualquer tempo. 
A alienação parental promovida pelo genitor que detém a guarda do menor, fato 
que é frequente, possibilitará, uma vez reconhecida a sua existência, a perda da guarda do 
menor, já que diante das condutas perpetradas com o fito de separar o menor do genitor 
 
vitimado, bem como de outros familiares, faz com que o melhor interesse do menor não 
esteja sendo observado e, por isso, merecedor da alteração da guarda, conforme dispõe o 
art. 7º da Lei n. 12.318/2010, 
A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao genitor que 
viabiliza a efetiva convivência da criança ou adolescente com o outro genitor nas 
hipóteses em que seja inviável a guarda compartilhada. 
 
 Paulo Lôbo assim aduz sobre o referido princípio, 
 
O princípio do melhor interesse significa que a criança – incluído o adolescente, 
segundo a Convenção Internacional dos Direitos da Criança – deve ter seus 
interesses tratados com prioridade, pelo Estado, pela sociedade e pela família, 
tanto na elaboração quanto na aplicação dos direitos que lhe digam respeito, 
notadamente nas relações familiares, como pessoa em desenvolvimento e dotada 
de dignidade. (2009, p. 53) 
 
Taborda e Abdalla-filho abordam o assunto afirmando, 
 
que toda decisão judicial deverá buscar o melhor para a criança e o adolescente. 
No caso da separação consensual ou litigiosa, por exemplo, o juiz poderá recusar a 
homologação, se os interesses dos filhos menores não estiverem sido devidamente 
contemplados (código civil, artigo 1574 parágrafo único, e 1584). Não subsiste 
portanto, a regra do artigo 10 da lei do divorcio, segundo a qual os filhos menores 
ficarão com o cônjuge que a ela não houver dado causa.(TABORDA, p.166) 
 
A lei 8.069/90 criou o Estatuto da Criança e do Adolescente com o objetivo de 
detalhar direitos assegurados e proteger o menor e fazer cumprir a lei através de meios 
legais. “São direitos fundamentais da criança a proteção à vida e à saúde, mediante a 
efetivação das políticas sociais publicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento 
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.” 
A proteção ao menor através da guarda, é garantida também pelos artigos a seguir 
expostos, 
 
Artigo 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e 
educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de 
opor-se a terceiros, inclusive aos pais. 
 
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial 
fundamentado, ouvido o Ministério Público. 
 
 
Nesse sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça de São Paulo, 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. Regulamentação de visitas. Antecipação dos 
efeitos da tutela. Modificação do regime anteriormente estabelecido. Quando a 
relação entre os genitores é de animosidade, é temerária a fixação de um regime 
de visitas que as restrinja ao lar da guardiã, disposição que servirá apenas para 
prolongar o litígio. Prevalência do superior interesse do menor. Requisitos legais 
atendidos (CPC, art. 273). Decisão mantida. Recurso improvido (TJSP, aGi 
990102046257, 3ª Câmara de Direito Privado, rel. Des. Egidio Giacoia, j. em 
14-09-2010) 
 
O magistrado deve analisar sempre o melhor interesse da criança, pois o 
afastamento da criança de um dos genitores talvez não resolva o problema em si, podendo 
piorar o litígio e a criança acabar sofrendo mais com isso. 
 
 
6 ALIENAÇÃO PARENTAL E SÍNDROME 
 
 Na obra a Síndrome de Alienação Parental, o psicanalista e psiquiatra infantil 
Richard Gardner, nos idos de 1985, definiu a SAP como: um distúrbio que surge 
principalmente no contexto das disputas pela guarda e custódia das crianças. A sua 
primeira manifestação é uma campanha de difamação contra um dos genitores por parte 
da criança, campanha essa que não tem justificação. O resultado é que a própria criança 
acaba contribuindo para a difamação do outro genitor. 
 A Síndrome de Alienação Parental, sempre acontece nas separações. Está presente 
em ações judiciais em que um dos pais se utiliza de argumentos em processos para 
suspender e até impedir as visitas, destituir o poder familiar, alegar inadimplemento de 
pensão alimentícia, chegando a acusações de abuso sexual ou agressão física, porém nem 
sempre de cunho autêntico, e sim como mero recurso para a destruição do vínculo 
parental. 
 Em vários casos a Alienação Parental pode ser verificada, a criança acaba se 
afastando do pai ou mãe, sem um real motivo, criando uma situação para tentar ficar 
longe do outro genitor, imitando o que outras pessoas falam. O sujeito que faz com que a 
criança crie esse tipo de situação, inventando fatos inexistentes, como até um abuso 
sexual, tem um problema psicológico muito grave, inexiste nesse sujeito qualquer tipo de 
consideração pelo outro, só se preocupando consigo mesmo. 
 Segundo Podevyn a alienação é definida de forma objetiva, 
 
Programar uma criança para que odeie um de seus genitores, enfatizando que, 
depois de instalada, poderá contar com a colaboração desta na desmoralização 
do genitor alienado (ou de qualquer outro parente ou interessado em seu 
desenvolvimento). (PODEVYN, François, p.49) 
 
 Trindade define a Síndrome de Alienação Parental (SAP) como, 
 
um transtorno psicológico que se caracteriza por um conjunto de sintomas pelos 
quais um genitor, denominado cônjuge alienador, transforma a consciência de 
seus filhos, mediante diferentes formas e estratégias de atuação, com o objetivo 
 
de impedir, obstaculizar ou destruir seus vínculos com o outro genitor, 
denominado cônjuge alienado, sem que existam motivos reais que justifiquem 
essa condição. Em outras palavras, consiste num processo de programar uma 
criança para que odeie um de seus genitores sem justificativa, de modo que a 
própria criança ingressa na trajetória de desmoralização desse mesmo genitor 
(TRINDADE, 2010) 
 
 Priscila Maria Pereira Corrêa da Fonseca esclarece que se a alienação parental é o 
afastamento do filho de um dos genitores, “a síndrome da alienação parental, diz respeito 
às seqüelas emocionais e comportamentais de que vem a padecer a criança vítima daquele 
alijamento”. Tratando-se de conseqüência de ato imputável à conduta de um dos genitores 
importa, assim, entender em que medida e por quais razões, a síndrome se manifesta ou 
pode se manifestar e quais suas implicações jurídicas. 
 Como é possível depreender do conceito cunhado por Richard Gardner, a síndrome 
de alienação parental é o resultado da atuação de um dos genitores(normalmente o 
guardião) que busca incutir no íntimo da criança a incitação contra o outro genitor 
(normalmente o não guardião). Tal incitação pode decorrer de inúmeros fatores ligados ao 
subjetivismo do interessado, mas em qualquer hipótese, atacam a dignidade da criança, 
que se vê privada da assistência moral que lhe é devida em decorrência do sistema. 
 Ademais, a própria Constituição Federal em seu art. 227 diz que a criança tem o 
direito à convivência familiar e comunitária, dever precípuo da própria família, mas 
também da comunidade e da sociedade, além do Estado, visando colocar os infantes a 
salvo de toda forma de negligência, violência e opressão. 
 
 
6.1 PREVALÊNCIA 
 
 A síndrome de Alienação Parental é manifestada muitas vezes no ambiente da mãe, 
através da tradição de que a mulher é mais indicada para exercer a guarda dos filhos, 
principalmente quando ainda pequenos. Porém, ela pode incidir em qualquer um dos 
genitores, pai ou mãe, podendo também se estender a outros cuidadores. 
 Essa síndrome é mais provável aparecer em famílias que possuem uma dinâmica 
 
muito perturbada, podendo se manifestar como uma tentativa desesperada de busca de 
equilíbrio. 
 Conforme diz Trindade, 
 
A Síndrome de Alienação Parental é o palco de pactualizações diabólicas, 
vinganças recônditas relacionadas a conflitos subterrâneos inconscientes ou 
mesmo conscientes, que se espalham como metástase de uma patologia 
relacional e vincular (TRINDADE, 2010). 
 
 A síndrome de alienação parental acaba por mobilizar familiares, amigos, vizinhos, 
profissionais e as instituições judiciais. 
 
6.2 SEQUELAS 
 
 A Síndrome de Alienação Parental é uma condição capaz de produzir diversas 
conseqüências danosas, tanto em relação ao cônjuge alienado como para o próprio 
alienador, mas seus efeitos mais dramáticos recaem sobre os filhos. 
 Sem o tratamento correto e adequado, ela pode causar seqüelas que são capazes de 
perdurar para o resto da vida, pois implica comportamentos abusivos contra a criança, 
promove vivências contraditórias da relação entre os pais e cria imagens distorcidas das 
figuras paternas e maternas, gerando um olhar destruidor e maligno sobre as relações 
amorosas em geral. 
 
6.3 ABUSO OU NEGLIGÊNCIA 
 
 A Síndrome de Alienação Parental tem sido identificada como uma forma de 
negligência contra os filhos, podendo também constituir uma forma de maltrato e abuso 
infantil, um abuso que se reveste de características pouco convencionais do ponto de vista 
de como o senso comum está acostumado a identificá-lo, e, considerado muito grave 
porque mais difícil de ser constatado. 
 
 Por possuir um tipo não convencional de visibilidade, a detecção da Síndrome de 
Alienação Parental costuma ser difícil e demorada, muitas vezes somente percebida 
quando a já encontrada em uma etapa avançada. 
 Trindade (2007, p.113) define que “a Síndrome de Alienação Parental tem sido 
identificada como uma forma de negligência contra os filhos. Para nós, entretanto, longe 
de pretender provocar dissensões terminológicas de pouca utilidade, a Síndrome de 
Alienação Parental constitui uma forma de maltrato e abuso infantil”. 
 
6.4 EFEITOS COMUNS 
 
 Os efeitos prejudiciais causados pela Síndrome de Alienação Parental nos filhos 
variam de acordo com a idade da criança, com as características de sua personalidade, 
com o tipo de vínculo anteriormente estabelecido, além de inúmeros outros fatores, alguns 
mais explícitos e outros mais ocultos. 
 Esses fatores podem aparecer na criança sob forma de ansiedade, medo e 
insegurança, isolamento, tristeza e depressão, comportamento hostil, falta de organização, 
dificuldades escolares, baixa tolerância à frustração, irritabilidade, enurese (urinar na 
cama), transtorno de identidade ou de imagem, sentimento de desespero, culpa, dupla 
personalidade, alcoolismo e drogas, e, em casos mais extremos, idéias ou 
comportamentos suicidas. 
 Para o alienador, que não tolera se defrontar com sua própria derrota, gera 
sofrimento aos filhos e ao cônjuge alienado, ainda que o final dessa trajetória possa 
significar a autoaniquilação: solidão, amargura existencial, sentimento vazio, conduta 
poliqueixosa, idéias de abandono e de prejuízo, depressão, abuso e dependência de 
substâncias, como o álcool e outras drogas, jogo compulsivo e ideação suicida, esta 
geralmente acompanhada de uma tonalidade acusatória e culpabilizadora. 
 A respeito dos efeitos da alienação parental o magistrado Duarte discorre: 
 
 
É preciso compreender a Síndrome da Alienação Parental como uma patologia 
jurídica caracterizada pelo exercício abusivo do direito de guarda. A vítima 
maior é a criança ou adolescente que passa a ser também carrasco de quem ama, 
vivendo uma contradição de sentimentos até chegar ao rompimento do vínculo 
de afeto. Através da distorção da realidade (processo de morte inventada ou 
implantação de falsas memórias), o filho percebe um dos pais totalmente bom e 
perfeito (alienador) e o outro totalmente mau (2009, p. 1). 
 
 É importante a compreensão da síndrome da alienação parental para assim 
entender os efeitos causados. A maior vítima é a criança que sem entender nada do que 
está acontecendo trata com desprezo quem ama, podendo até romper totalmente o vínculo 
de afeto com o genitor. 
 
6.5 NECESSIDADE DE IDENTIFICAR A SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 Primeiramente deve-se identificar a Síndrome de Alienação Parental, sendo 
necessário informação, depois dar-se conta de que a SAP é condição psicológica que 
demanda tratamento especial e intervenção imediata. 
 Trindade (2007) explica: “de fato, a Síndrome de Alienação Parental exige uma 
abordagem terapêutica específica para cada uma das pessoas envolvidas, havendo a 
necessidade de atendimento da criança, do alienador e do alienado”. 
 É importante que seja detectada o quanto antes, pois, quanto mais cedo ocorrer a 
intervenção psicológica e jurídica, tanto menores serão os prejuízos causados e melhor o 
prognóstico de tratamento para todos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 QUEM É O ALIENADOR? 
 
 A alienação parental opera-se ou pela mãe, ou pelo pai, ou no pior dos casos pelos 
dois pais. Essas manobras não se baseiam sobre o sexo, masculino ou feminino, mas 
sobre a estrutura da personalidade de um lado, e sobre a natureza da interação antes da 
separação do casal, do outro lado. Muitas vezes é a mãe quem dedica mais tempo às 
crianças, ainda mais se ela obtiver a guarda principal; se essa mãe decide empreender 
manobras de descrédito deliberado contra o pai, então ela tem todos os meios, tanto 
verbais como não verbais. 
 François Podevyn esclarece que: 
 
A Síndrome se manifesta, em geral, no ambiente da mãe das crianças, 
notadamente porque sua instalação necessita muito tempo e porque é ela que tem 
a guarda na maior parte das vezes. Todavia pode apresentar em ambientes de 
pais instáveis, ou em culturas onde tradicionalmente a mulher não tem nenhum 
direito concreto (PODEVYN, 2001). 
 
 É por isso que o contexto fica, na maioria das vezes, desfavorável ao pai, que 
muitas vezes fica marginalizado, afastado, excluído da relação familiar. Isso ocorre 
porque ele é notadamente, vítima de ser, ainda muitas vezes, o primeiro responsável 
financeiro e de alimentos da família. Assim, ficando mais tempo fora para obter os 
rendimentos necessários para as crianças, o pai fica, curiosa e injustamente, desfavorecido 
por essa posição de ajuda em primeira linha para toda a família. Portanto, pais podem 
também alienar as suas crianças, tão rigorosamente quanto as mães, notadamente quando 
eles têm meios financeiros favoráveis. 
 Mas a SAP pode ser instaurada também pelo genitor não guardião, que manipula 
afetivamente a criança nos momentos das visitas, para influenciá-la a pedir para ir morar 
com ele,dando, portanto, o subsídio para que o alienador requeira a reversão judicial da 
guarda. Então, crianças que moravam com a mãe podem “repentinamente” pedir para 
irem morar com o pai, e então o pai ingressa com ação judicial de modificação de guarda, 
alegando “conduta moral reprovável”, negligência ou maus-tratos nos cuidados com as 
 
crianças, ou mesmo acusações infundadas e inverídicas de agressão física e/ou atentado 
ao pudor contra as crianças, como fortes argumentos para obter a guarda e assim se 
utilizar da alienação parental como forma de vingança contra o ex-cônjuge e/ou afirmar-
se socialmente como “bonzinho”. 
 E, mais ainda, a SAP pode ser instaurada por um terceiro interessado, por algum 
motivo, na destruição familiar: a avó, uma tia, um(a) amigo(a) da família que dá 
conselhos insensatos, um profissional antiético. Por isso da lei n. 12.318/2010 em seu art. 
2° atribui o papel de alienador não apenas a mãe (ou um dos pais contra o outro), mas a 
avós, tios, terceiros que tenham a criança sob sua guarda ou vigilância. 
 
 
7.1 CARACTERÍSTICAS DO ALIENADOR 
 
 Embora seja difícil estabelecer com segurança um rol de características que 
identifique o perfil de um genitor alienador, alguns tipos de comportamento e traços de 
personalidade são denotativos de alienação, 
 - dependência; 
 - baixa autoestima; 
 - condutas de desrespeito a regras; 
 - hábito contumaz de atacar as decisões judiciais; 
 - litigância como forma de manter aceso o conflito familiar e de negar a perda; 
 - sedução e manipulação; 
 - dominância e imposição; 
 - queixumes; 
 - histórias de desamparo ou, ao contrário, de vitórias afetivas; 
 - resistência a ser avaliado; 
 - resistência, recusa, ou falso interesse pelo tratamento. 
 Podevyn relata que, 
 
 
O genitor alienador em muitas situações aparece com um perfil de superprotetor, 
que não consegue ter consciência da raiva que está sentindo e, com 
intencionalidade de se vingar do outro, passa a emitir os comportamentos 
alienadores. Percebe-se num papel de vítima maltratado e desrespeitado pelo ex-
companheiro, demonstrando aos filhos seus ressentimentos e levando-os a crer 
nos defeitos desse. Em muitos casos tem o apoio dos familiares nessa conduta 
(2001, p.2) 
 
 O alienador tenta parecer o que não é, se mostra diferente do que realmente é, 
induz o filho a acreditar que esta ali somente para protege-lo, porém está usando o filho 
de escudo para sua fraqueza e incapacidade para resolver seus próprios problemas. 
 
 
7.2 CONDUTAS CLÁSSICAS DO ALIENADOR 
 
 Conforme relata Maria Berenice Dias, o comportamento de um alienador pode ser 
muito criativo, sendo difícil oferecer uma lista fechada dessas condutas. Entretanto, 
algumas delas são bem conhecidas; 
 - apresentar o novo cônjuge como novo pai e nova mãe; 
 - interceptar cartas, e-mails, telefonemas, recados, pacotes destinados aos filhos; 
 - desvalorizar o outro cônjuge para os filhos; 
 - recusar informações em relação aos filhos (escola, passeios, aniversários, festas 
etc.); 
 - falar de modo descortês do novo cônjuge do outro genitor; 
 - impedir visitação; 
 - “esquecer” de transmitir avisos importantes/compromissos (médicos, escolares 
etc.); 
 - envolver pessoas na lavagem emocional dos filhos; 
 - tomar decisões importantes sobre os filhos sem consultar o outro; 
 - trocar nomes (atos falhos) ou sobrenomes; 
 - impedir o outro cônjuge de receber informações sobre os filhos; 
 - sair de férias e deixar os filhos com outras pessoas; 
 
 - alegar que o outro cônjuge não tem disponibilidade para os filhos; 
 - falar das roupas que o outro cônjuge comprou para os filhos ou proibi-los de usá-
las; 
 - ameaçar punir os filhos caso eles tentem se aproximar do outro cônjuge; 
 - culpar o outro cônjuge pelo comportamento dos filhos; 
 - ocupar os filhos no horário destinado a ficarem com o outro; 
 - obstrução a todo contato; 
 - falsas denúncias de abuso físico, emocional ou sexual; 
 - deterioração da relação após a separação; 
 - reação de medo da parte dos filhos. (2010, p. 27). 
 
 Essas condutas demonstram como o alienador tem o poder de induzir uma criança 
a rejeitar o outro genitor, através de alegações falsas, não se dando conta de que é uma 
conduta totalmente egoística, pensando somente em seu proveito e não interessando a 
esse indivíduo alienador o bem estar do filho, a felicidade dessa criança que nada tem a 
ver com o ódio sentido contra o outro genitor. 
 
 
7.3 FALSAS DENÚNCIAS DE ABUSO SEXUAL 
 
 O simples afastamento e a intenção de “eliminar” o outro genitor da vida da 
criança podem não ser suficientes para satisfazer os desejos doentios do guardião. E por 
isso ele vai além. 
 Por razões que advêm da raiva, do ódio, do desejo de vingança e similares, um dos 
genitores pode até denunciar o outro por agressões físicas ou abuso sexual, sem que isso 
tenha, verdadeiramente, ocorrido. 
 A falsa denúncia de abuso retrata o lado mais sórdido de uma vingança, pois vai 
sacrificar a própria criança, entretanto, é situação lamentavelmente recorrente em casos de 
separação mal resolvida, onde se constata o fato de que conforme Maria Berenice Dias 
 
“muitas vezes a ruptura da vida conjugal gera na mãe sentimentos de abandono, de 
rejeição, de traição, surgindo uma tendência vingativa muito grande”. 
 No universo jurídico, diante de uma denúncia, o juiz, que está adstrito a assegurar 
a proteção integral da criança, frente a gravíssima acusação, não tem outra alternativa 
senão expedir ordem determinando, a suspensão temporária das visitas ou visitas 
reduzidas mediante monitoramento de terceira pessoa. E assim, o genitor alienador, que 
visa alienar e afastar o outro consegue, parcialmente, uma vitória, pois o tempo e a 
limitação de contato entre o genitor alienado e a criança jogam a seu exclusivo favor. 
 Nesse sentido, o processo acabará operando a favor de quem fez a acusação, pois 
até que se esclareça a verdade, mesmo com urgência na avaliação e na perícia, a demora 
prejudicará quem for inocente. 
 Com o abuso sexual primeiramente deverá ser constatado que aconteceu, pois o 
abuso sexual é uma forma de violência doméstica contra os menores e como nem sempre 
deixa marcas físicas é muito complicado de ser visto. Jorge Trindade esclarece e 
conceitua o abuso: “A criança não tem capacidade de consentir na relação abusiva, porque 
o elemento etário desempenha papel importante na capacidade de compreensão e de 
discernimento dos atos humanos” (1996, p.181). 
Neste caso, que se trata da Síndrome da Alienação Parental com falsa acusação de 
abuso sexual, foi interposto agravo de instrumento pela alienadora, solicitando a 
destituição do poder familiar frente ao pai, a mesma conseguiu liminarmente, sendo 
posteriormente negado provimento ao recurso. 
 
DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. ABUSO SEXUAL. SÍNDROME DA 
ALIENAÇÃO PARENTAL. Estando as visitas do genitor à filha sendo 
realizadas junto a serviço especializado, não há justificativa para que se proceda 
a destituição do poder familiar. A denúncia de abuso sexual levada a efeito pela 
genitora, não está evidenciada, havendo a possibilidade de se estar frente à 
hipótese da chamada síndrome da alienação parental. Negado provimento. 
(SEGREDO DE JUSTIÇA) (Agravo de Instrumento Nº 70015224140, Sétima 
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Berenice Dias, Julgado 
em 12/07/2006) 
 
 
Abaixo relatório elaborado por Maria Berenice Dias, onde denota-se que houve 
dificuldade em provar, mesmo com exames efetuados, o abuso frente a menor; 
 
Trata-se de agravo de instrumento interposto por Miriam S.S., em face da 
decisão da fl. 48, que, nos autos da ação de destituição de poder familiar que 
move em face de Sidnei D.A., tornou sem efeito a decisão da fl.41, que, na 
apreciação do pedido liminar, suspendeu o poder familiardo agravado. Alega 
que a destituição do poder familiar havia sido determinada em razão da forte 
suspeita de abuso sexual do agravado com a filha do casal. Afirma que não 
concorda com a manifestação do magistrado que tornou sem efeitos a decisão 
proferida anteriormente, visto que não utilizou nenhum expediente destinado a 
induzir a erro a magistrada prolatora do primeiro despacho. Ademais, ressalta 
que juntou aos autos documentos de avaliação da criança e do grupo familiar. 
Requer seja provido o presente recurso e reformada a decisão impugnada, com a 
conseqüente suspensão do poder familiar (fls. 2-7). ... O agravado, em contra-
razões, alega que a agravante não trouxe aos autos o laudo psicológico das 
partes, o qual é essencial para o entendimento do caso. Afirma que o laudo 
pericial produzido em juízo, reconheceu a impossibilidade de diagnosticar a 
ocorrência do suposto abuso sexual de que é acusado. Salienta que tal ação está 
sendo utilizada pela agravante como represália pelo fato de o agravante já ter 
provado na ação de regulamentação de visitas a inexistência de tal atrocidade, 
bem como, ter obtido o direito de rever sua filha. Requer o desprovimento do 
agravo (fls. 58- 64). A Procuradora de Justiça opinou pelo conhecimento e 
parcial provimento, para que seja suspenso, liminarmente, o poder familiar do 
agravado por seis meses, determinando-se, de imediato, o seu encaminhamento à 
tratamento psiquiátrico, nos termos do art. 129, incisos III, do ECA, para futura 
reapreciação da medida proposta, restabelecendo as visitas, caso assim se mostre 
recomendável, mediante parecer médico psiquiátrico, a ser fornecido pelos 
profissionais responsáveis pelo tratamento do agravado e da infante, no prazo 
acima mencionado, a fim de permitir ao Juízo o exame da matéria (fls. 119-127). 
Requerido o adiamento do julgamento do recurso, em face da audiência. Nesta, 
deliberada a continuação das visitas junto ao NAF, requereu a agravante o 
desacolhimento do recurso (fls. 130-142). É o relatório. (Tribunal de Justiça do 
Rio Grande do Sul, Sétima Câmara Cível, Comarca de Porto Alegre Agravo 
de Instrumento Número 70015224140) 
 
 A decisão demonstra um típico caso de falsa denúncia de abuso sexual, onde o 
magistrado deve exigir o laudo pericial para a garantia da verdade e mesmo assim corre o 
risco de estar cometendo uma injustiça, pois este tipo de abuso é extremamente 
prejudicial a vida da criança. 
 
 
 
7.4 A IMPLANTAÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS NA CRIANÇA 
 
 
 A denominação de Implantação de Falsas Memórias advém da conduta doentia do 
genitor alienador, que começa a fazer com o filho uma verdadeira “lavagem cerebral”, 
com a intenção de denegrir a imagem do outro genitor e ainda utiliza-se de fatos não 
exatamente como realmente se sucederam, e ele aos poucos vai se convencendo dessa 
versão que lhe foi implantada. O alienador passa então a narrar à criança atitudes do outro 
genitor que nunca aconteceram ou que ocorreram de maneira diferente do que foi 
contado. 
Maria Berenice dias esclarece muito bem essa questão, na qual as crianças são 
submetidas a uma mentira, sendo emocionalmente manipuladas e abusadas, e por causa 
disso deverão enfrentar diversos procedimentos como análise, tanto psiquiátrica quanto 
judicial, 
 
Nem sempre a criança consegue discernir que está sendo manipulada e acaba 
acreditando naquilo que lhes foi dito de forma insistente e repetida. Com o 
tempo, nem a mãe consegue distinguir a diferença entre verdade e mentira. A 
sua verdade passa a ser verdade para o filho, que vive com falsas personagens de 
uma falsa existência, implantando-se, assim, falsas memórias (DIAS, 2010). 
 
 
 A terapeuta de família Marília Curi explica que, no meio dessa confusa relação 
entre as duas pessoas mais importantes da sua vida, a criança se desestrutura e entra em 
“conflito, e, “até por uma questão de ‘sobrevivência’, ela opta pelo genitor que tem a 
guarda”. Afinal, é com ele que a criança convive mais proximamente”. (2010, p.43-44). 
 Aquela “verdade” que não retrata a verdadeira verdade, acaba “entrando” e se 
enraizando na criança de maneira que, quando se fizer perguntas a respeito, a resposta 
virá em sentido malicioso. 
 Crianças são absolutamente influenciáveis e o guardião que tem essa noção pode 
usar o filho, implantando essas falsas memórias e criando uma situação da qual nunca 
mais se conseguirá absoluta convicção em sentido contrário. 
 
 Portanto, ao lado da presença inequívoca do abuso sexual dentro da família, 
também não se pode desconhecer ou negar a existência da Síndrome de Alienação 
Parental e da possibilidade maquiavélica e perigosa de se usar a criança para implantar 
falsas memórias. 
 Por mais preparados que estejam os operadores do direito, todos terão muita 
dificuldade em declarar, ante o depoimento afirmativo de uma criança, a absoluta 
inocência do genitor alienado. Mas como o juiz tem a obrigação de assegurar proteção 
integral, reverte a guarda ou suspende as visitas e determina a realização dos estudos 
sociais e psicológicos. Como esses procedimentos são demorados, durante todo esse 
período cessa a convivência do pai com o filho e o mais doloroso é que o resultado da 
série de avaliações, testes e entrevistas que se sucedem às vezes durante anos acaba não 
sendo conclusivo. O juiz acaba se deparando diante de um dilema: manter ou não as 
visitas, autorizar somente visitas acompanhadas ou extinguir o poder familiar; manter o 
vínculo de filiação ou condenar o filho à condição de órfão de pai vivo. 
 Nesse sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. ABUSO SEXUAL. 
INEXISTÊNCIA. SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL 
CONFIGURADA. GUARDA COMPARTILHADA. IMPOSSIBILIDADE. 
GARANTIA DO BEM ESTAR DA CRIANÇA. MELHOR INTERESSE DO 
MENOR SE SOBREPÕE AOS INTERESSES PARTICULARES DOS PAIS. 
Pelo acervo probatório existente nos autos, resta inafastável a conclusão de que 
o pai da menor deve exercer a guarda sobre ela, por deter melhores condições 
sociais, psicológicas e econômicas a fim de lhe propiciar melhor 
desenvolvimento. A insistência da genitora na acusação de abuso sexual 
praticado pelo pai contra a criança, que justificaria a manutenção da guarda com 
ela não procede, mormente pelo comportamento da infante nas avaliações 
psicológicas e de assistência social, quando assumiu que seu pai nada fez, sendo 
que apenas repete o que sua mãe manda dizer ao juiz, sequer sabendo de fato o 
significado das palavras que repete. Típico caso da Síndrome da Alienação 
Parental, na qual são implantadas falsas memórias na mente da criança, ainda em 
desenvolvimento. Observância do art. 227, CRFB/88. Respeito à reaproximação 
gradativa do pai com a filha. Convivência sadia com o genitor, sendo esta direito 
da criança para o seu regular crescimento. Mãe que vive ou viveu de prostituição 
e se recusa a manter a criança em educação de ensino paga integralmente pelo 
pai, permanecendo ela sem orientação intelectual e sujeita a perigo decorrente de 
visitas masculinas à sua casa. Criança que apresenta conduta anti-social e 
incapacidade da mãe em lhe impor limites. Convivência com a mãe que se 
 
demonstra nociva a saúde da criança. Sentença que não observou a ausência de 
requisito para o deferimento da guarda compartilhada, que é uma relação 
harmoniosa entre os pais da criança, não podendo ser aplicado ao presente caso 
tal tipo de guarda, posto que é patente que os genitores não possuem relação 
pacífica para que compartilhem conjuntamente da guarda da menor. Precedentes 
do TJ/RJ. Bem estar e melhor interesse da criança, constitucionalmente 
protegido, deve ser atendido. Reforma da sentença. Provimento do primeiro 
recurso para conferir ao pai da menor a guarda unilateral, permitindo que a 
criança fique com a mãe nos finais de semana. Desprovimentodo segundo 
recurso”. (0011739-63.2004.8.19.0021 2009.001.01309 - APELACAO - 1ª 
Ementa DES. TERESA CASTRO NEVES - Julgamento: 24/03/2009 - QUINTA 
CAMARA CIVEL). 
 
 Diante do grande número de denúncias feitas de forma caluniosa, os Tribunais vem 
decidindo pela manutenção do convívio do genitor acusado com o filho. 
 
 
 
8 A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 
 
 Conforme art. 5º da lei n. 12.318/2010: 
 
Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação 
autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou 
biopsicossocial. 
§1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou 
biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal 
com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do 
casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos 
envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca 
de eventual acusação contra genitor. 
 
 O psicodiagnóstico é um processo científico, configurado por uma relação 
bipessoal de papéis definidos, cuja finalidade principal é obter uma descrição e 
compreensão da personalidade do indivíduo, assim como a investigação de algum aspecto 
em particular, de acordo com as características da indicação. Inclui aspectos diagnósticos 
e prognósticos da personalidade, fazendo uso de técnicas e testes psicológicos que, 
conforme a resolução n. 02/2003 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), são 
instrumentos de avaliação ou mensuração de características psicológicas, constituindo-se 
um método ou uma técnica de uso privativo do psicólogo. 
 A avaliação psicológica pode destinar-se a analisar diferentes aspectos do 
comportamento tais como interesses, atitudes, aptidões, desenvolvimento e maturidade, 
condições emocionais e de conduta e personalidade em geral, bem como reações ante 
determinados estímulos ou situações, espontâneas ou previamente planejadas. 
 Conforme dispõe o art. 3º da resolução n. 08/2010 do Conselho Federal de 
Psicologia: 
 
Art. 3º Conforme a especificidade de cada situação, o trabalho pericial poderá 
contemplar observações, entrevistas, visitas domiciliares e institucionais, 
aplicação de testes psicológicos, utilização de recursos lúdicos e outros 
instrumentos, métodos e técnicas reconhecidas pelo Conselho Federal de 
Psicologia. 
 
 
 É muito importante que o psicólogo tenha um vasto conhecimento de infância, de 
família e de avaliação psicológica para realizar um trabalho de observação em relação à 
guarda dos filhos, já que existem casos constantes de Alienação Parental, por ser uma 
forma de abuso emocional que pode causar distúrbios psicológicos à criança pelo resto da 
vida. 
 O psicólogo deve ser um excelente observador para perceber as manipulações 
emocionais sutis as mensagens e influências que o alienador está exercendo sobre a 
criança, reconhecer quem nem sempre as reações psicossomáticas das crianças são 
autênticas, constatar se há autenticidade nos relatos das crianças, e verificar qual é o 
ambiente favorável e sadio para o desenvolvimento psicossocial da criança em disputa. 
 É importante que o perito conheça o que é Alienação Parental e os efeitos nocivos 
da Síndrome da Alienação Parental para o desenvolvimento afetivo e social da criança, 
para fazer o diagnóstico diferencial e, caso o contexto não seja de Síndrome de Alienação 
Parental, então que o psicólogo tenha subsídios suficientes para fundamentar tal 
conclusão. 
 A identificação de casos de alienação parental, que promoveria a tramitação 
prioritária e maior atenção dos serventuários judiciais, depende também dos esforços dos 
psicólogos assistentes técnicos, que são psicólogos contratados por uma das partes, para 
auxiliá-lo e assessorá-lo durante o andamento da perícia psicológica, tendo como funções 
de orientar o cliente, redigir quesitos ao perito, participar de reuniões técnicas com o 
perito antes e ou depois da perícia, e redigir o Parecer Técnico, manifestando-se a favor 
ou contra o Laudo Pericial, fundamentando seus argumentos, o psicólogo assistente só 
não pode participar das sessões periciais com o psicólogo perito, em decorrência do sigilo 
ético e privacidade que devem permear as entrevistas e os testes psicológicos, e porque a 
resolução n. 08/2010 do CFP o proíbe expressamente em seu art.2º. 
 Com relação à avaliação psicológica Roberto Marinho Guimarães diz, 
 
O psicólogo, como alternativa ao uso da nomenclatura SAP, pode, em casos 
graves nos quais a criança ainda não está alienada, diagnosticar a presença de 
genitor programador com grandes riscos de instalar a SAP. Fornecer um 
prognóstico e descrever a situação de abuso psicológico pode dar conta de 
 
diagnosticar a gravidade do caso sem usar o termo SAP equivocadamente. Não é 
necessário esperar a recusa da criança para se diagnosticar uma situação 
patológica e intervir. Como uma alternativa, de acordo com a lei brasileira o 
psicólogo pode diagnosticar AP, visto que a fabricação inclui-se na tentativa de 
afastar o convívio do filho com um dos genitores, não sendo, portanto necessário 
repúdio por parte da criança para se utilizar o termo. O profissional deve deixar 
claro qual das conceitualizações ele utiliza em seu trabalho, ele pode fazer isso 
descrevendo pormenorizadamente as manifestações clínicas dos envolvidos e 
sua correlação com a dinâmica familiar. Importante ressaltar, que a inversão da 
guarda não é apenas considerada para garantir o convívio da criança com o 
genitor alienado, mas em função de prováveis dificuldades psíquicas importantes 
do genitor que vitimiza seu filho para fazer falsas alegações com intuito 
retaliativo, o que coloca em risco a saúde mental da criança (GUMARÃES, 
2010). 
 
 A jurisprudência abaixo trata da importância da avaliação psicológica para 
decisões a respeito do tema de Alienação Parental: 
 
TJRS, APELAÇÃO CÍVEL 70029368834, REL. ANDRÉ LUIZ PLANELLA 
PASSARINHO, P. 14/07/2009. 
(...) Guarda da criança até então exercida pelos avós maternos, que não possuem 
relação amistosa com o pai da menor, restando demonstrado nos autos 
PRESENÇA DE SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL. Sentença 
confirmada, com voto de louvor. NEGARAM PROVIMENTO À APELAÇÃO. 
(...) Pelos termos do laudo, somado ao comportamento da própria menor, suas 
constantes e abruptas alterações de opinião, o histórico de vida pregressa de 
sua genitora e a conduta da avó materna, visíveis as características iniciais de 
Síndrome de Alienação Parental, o que, se finalizado o processo, poderá levar à 
infante a perda tanto dos referenciais maternos como paternos, em absoluto 
prejuízo a sua personalidade. 
(...) A avaliação psicológica realizada em Sabrina, fls. 432/434, cinco meses 
após o retorno da guarda aos avós, por sua vez, também mostrou elementos 
bastante contundentes, sic: ‘[...] Sabrina tende a optar por permanecer com as 
pessoas com quem está mantendo convivência diária. [...] 
Os fatos trazidos pelo genitor de que os avós maternos através de pequenos 
procedimentos como não permitir que a garota tenha acesso aos brinquedos que 
lhe manda, presenteá-la com computador, bem como dificultar-lhe o contato 
telefônico podem de fato gerar um distanciamento afetivo capaz de resultar na 
SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL, ou seja, fazer com que despreze o 
pai... 
Ratifica-se o já descrito em laudo anterior, e Sabrina, gradativamente ´perderá 
a noção de cada função parental em sua vida, sendo que futuramente 
certamente apresentará dificuldade na área da conduta e do afeto [...]’. 
 A avaliação psicológica serve de base para a análise do magistrado quanto as 
questões suscitadas, sendo prova importantíssima para a descoberta da presença da 
 
Síndrome de Alienação Parental, de forma a permitir mais certezas do que dúvidas a 
respeitodessa síndrome. 
 
9 MEIOS PUNITIVOS AO CONFIGURAR ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 Com o advento da Lei n. 12.318/2010, o Judiciário se viu com um problema a 
mais, a carência de aparelho estatal para poder identificar e punir o fenômeno Alienação 
Parental, mas ao mesmo tempo normatiza alo que há muito tempo já ocorria, mas que não 
poderia ser combatido a contento. 
 No art. 6º da lei 12.318/2010 estão enumerados os meios punitivos de conduta de 
alienação, 
 
Art 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que 
dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação 
autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da 
decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de 
instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a 
gravidade do caso: 
I declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; 
II ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; 
III estipular multa ao alienador; 
IV determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; 
V determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; 
VI declarar a suspensão da autoridade parental. 
 
 
 Segundo a advogada e membro do IBDFAM, Eveline de Castro Correia, em artigo 
publicado em 04/03/2011, indaga que este artigo estabelece no caput que, os meios de 
sanção serão utilizados de forma cumulativa ou não, o que quer dizer que, é conferido ao 
juiz à possibilidade de aplicar um ou mais meios de punição, dependendo do caso, e de 
posse do laudo pericial, que deverá ter sido solicitado, sem prejuízo das medidas 
provisórias liminarmente deferidas. Baseado no direito fundamental de convivência da 
criança ou do adolescente o Poder Judiciário não só deverá conhecer esse fenômeno, 
como declará-lo e interferir na relação de abuso moral entre alienador e alienado. A 
grande questão seria o acompanhamento do caso por uma equipe multidisciplinar, pois 
todos sabem que nas relações que envolvem afeto, uma simples medida de sanção em 
algumas vezes não resolve o cerne da questão. A família espera-se ser o meio pelo qual o 
 
ser humano alcança tal dignidade. De fato, há uma urgência justificável na identificação e 
conseqüente aplicação de “sanções” punitivas ao alienador. No inciso II, do referido 
artigo, deve o magistrado ampliar a convivência, restaurando de imediato o convívio 
parental, antes que aconteça o pior, qual seja o estado de higidez mental da criança, que 
poderá ser irreversível. A ampliação da convivência deverá ser a primeira medida a ser 
tomada, quando houver indícios de disputa pela presença do filho, até mesmo quando as 
visitações estão sendo dificultadas (http://www.ibdfam.org.br/novosite/artigos/detalhe/713. Acesso 
em11/10/2012). 
 Com referência ao mesmo artigo Kristina Wandalsen alega, 
 
Na hipótese da perícia concluir que o genitor alienante efetivamente estava 
imbuído do propósito de banir da vida dos filhos o outro genitor, o juiz 
devedeterminar medidas que propiciem a reversão desse processo, tais como a 
aproximação da criança com o genitor alienado, o cumprimento do regime de 
visitas, a condenação do genitor alienante ao pagamento de multa diária 
enquanto perdurar a prática que conduz à alienação parental, a alteração da 
guarda dos filhos e ainda a prisão do genitor alienante (2009, p. 82) 
 
 Já no sentir da professora Priscila Corrêa da Fonseca, 
 
As providências judiciais a serem adotadas dependerão do grau em que se 
encontre o estágio da alienação parental. Assim, poderá o juiz: a) ordenar a 
realização de terapia familiar, nos casos em que o menor já apresente sinais de 
repulsa ao genitor alienado; b) determinar o cumprimento do regime de visitas 
estabelecido em favor do genitor alienado, valendo-se, se necessário, da medida 
de busca e apreensão; c) condenar o genitor alienante ao pagamento de multa 
diária enquanto perdurar a resistência às visitas ou a prática ensejadora da 
alienação; d) alterar a guarda do menor – principalmente quando o genitor 
alienante apresenta conduta que se possa reputar como patológica, 
determinando, ainda, a suspensão das visitas em favor do genitor alienante ou 
que sejam estas realizadas de forma supervisionadas; e) dependendo da 
gravidade do padrão de comportamento do genitor alienante ou mesmo diante da 
resistência por este oposta ao cumprimento das visitas, ordenar a respectiva 
prisão (2007, p.14). 
 
 Com relação à possibilidade da prisão, esclarece a autora, 
 
Muito embora, no Direito Brasileiro, a oposição de impedimento ao exercício do 
direito de visitas não seja considerada crime – ao contrário do que sucede em 
 
outros países, entre nós o apenamento pode vir alicerçado no descumprimento de 
ordem judicial, delito contemplado no art. 330 do Código Penal (2007, p.15). 
 
 Cabe esclarecer que o rol das medidas inseridas no art. 6º da Lei n. 12318/2010 é 
apenas exemplificativo, podendo existir outras medidas aplicadas na prática que tenham a 
capacidade de acabar com os efeitos da alienação parental, e também, pode o juiz 
promover a junção de duas ou mais medidas, que entender necessárias a fim de evitar a 
multiplicação dos danos relativos à alienação parental, na proteção do convívio do menor 
com o vitimado. 
 
 
10 ANÁLISES DA LEI N. 12.318, DE 26-08-2010 
 
 Diante da necessidade de regulação do tema foi sancionada a Lei n. 12.318/2010, 
que trata da alienação parental, sendo considerado um importante instrumento para que 
seja reconhecida uma situação de extrema gravidade e prejuízo à criança e daquele que 
está sujeito a ser vitimado. 
 Conforme o entendimento de Rosana Barbosa Cipriano Simão, 
 
A aprovação da lei sobre a alienação parental ocorre em contexto de demanda 
social por maior equilíbrio na participação de pais e mães na formação de seus 
filhos. A família deixa de ser considerada como mera unidade de produção e 
procriação para se tornar lugar de plena realização de seus integrantes, 
distinguindo-se claramente os papéis de conjugalidade e parentalidade (SIMÃO, 
2007). 
 
 De início, a lei pretendeu definir juridicamente a alienação parental, para induzir 
exame aprofundado em hipóteses dessa natureza e permitir maior grau de segurança aos 
operadores de Direito na eventual caracterização de tal fenômeno. O texto da lei, inspira-
se em elementos dados pela Psicologia, mas cria instrumento com disciplina própria, 
destinado a viabilizar atuação ágil e segura do Estado em casos de abuso assim definidos. 
 
10.1 ART. 2º - CARACTERIZAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 A possibilidade da existência da alienação parental em processos que envolvam a 
guarda e o direito de convivência com relação ao filho menor não pode ser tratada de 
forma que, diante de toda e qualquer alegação contra um dos genitores, seja contra o outro 
configurada essa campanha depreciativa, uma vez que podem ser verdadeiras as 
acusações promovidas. 
 
 O art. 2º conceitua o ato de alienação parental. 
 
 
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação 
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos 
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua 
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo 
ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. 
 
 Passa o juiz, a deparar-se com situação de graves alegações para com a 
pessoa do vitimado que podem ser originadas, ou não, pela campanha depreciativa do 
alienador, como bem evidencia a professora Maria Berenice Dias: 
 
Essa notícia, levada ao Poder Judiciário, gera situações das mais delicadas. De 
um lado há o dever do magistrado de tomar imediatamente uma atitude e, de 
outro, o receio de que, se a denúncia não for verdadeira,traumática a situação 
em que a criança está envolvida, pois ficará privada do convívio com o genitor 
que eventualmente não lhe causou qualquer mal e com quem mantém excelente 
convívio (2010, p. 456). 
 
 Com base nas doutrinas, o legislador firmou o conceito de alienação parental no 
corpo da Lei n. 12.318/2010, no art. 2º, o qual essa interferência prejudicial na formação 
psicológica do menor não é exclusivo dos genitores, mas sim de todo e qualquer parente 
que tenha o convívio com o menor e que possa dessa relação criar o mecanismo de 
danificar o vínculo com o genitor e o menor. A lei cita, neste caso, as pessoas dos avos e 
de qualquer um que tenha a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou 
vigilância. 
 Tal alienação pode ser evidenciada, ainda, antes mesmo da ruptura do convívio 
conjugal, por meio da qual um dos genitores busca impedir ou dificultar o convívio social 
do menor com outros parentes, com atitudes como as descritas nos incisos do art. 2º , de 
que trata a Lei n. 12.318/2010. 
 
10.2 ART. 3º - PROTEÇÃO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
 
 O art. 3º da Lei de Alienação Parental trata da prática do ato de alienação parental 
como abuso moral contra criança e o adolescente, ferindo direito fundamental. 
 
 
 
Art.3º A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança 
ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de 
afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral 
contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à 
autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda. 
 
É bem definido este princípio pela professora Maria Berenice Dias: 
 
É o princípio maior, fundante do Estado Democrático de Direito, sendo afirmado 
já no primeiro artigo da Constituição Federal. A preocupação com a promoção 
dos direitos humanos e da justiça social levou o constituinte a consagrar a 
dignidade da pessoa humana como valor nuclear da ordem constitucional. Sua 
essência é difícil de ser capturada em palavras, mas incide sobre uma infinidade 
de situações que dificilmente se podem elencar de antemão. Talvez possa ser 
identificado como sendo o princípio de manifestação primeira dos valores 
constitucionais, carregado de sentimento e emoções. É impossível uma 
compreensão exclusivamente intelectual e, como todos os outros princípios, 
também é sentido e experimentado no plano dos afetos (2010, p. 62). 
 
 O desenvolvimento da família tem como base o respeito à dignidade da pessoa 
humana, valor importantíssimo que influencia todos os valores e normas positivas na 
busca da proteção da família. 
 
10.3 ART. 4º - TUTELA 
 
 Os indícios quanto à provável existência de alienação parental por um dos 
genitores pode ser reconhecida pelo próprio juiz de ofício, pelo membro do Ministério 
Público, ou mesmo por provocação da parte interessada em seu reconhecimento, no caso 
o genitor vitimado, conforme dispõe o art. 4º da lei de Alienação Parental. 
 
 
Art. 4º Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de 
ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente, 
o processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvido 
o Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação da 
integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar 
sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, 
se for o caso. 
 
 
 Também é possibilitado que seus indícios possam ser descobertos em qualquer 
momento do processo, no decorrer da demanda que tenha como um dos objetivos a 
fixação da guarda ou a discussão do regime de visitação, trata a matéria de forma efetiva e 
dinâmica que necessita, uma vez que tal questão se torna ponto incidental na demanda em 
curso. 
 
10.4 ART. 5º - PROVA 
 
 O art. 5º da lei de Alienação Parental determina que a perícia psicológica ou 
biopsicossocial é necessária para melhor esclarecimento sobre o caso. 
 
Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação 
autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou 
biopsicossocial. 
§ 1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou 
biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal 
com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do 
casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos 
envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca 
de eventual acusação contra genitor. 
§ 2º A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar 
habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico 
profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental. 
§ 3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de 
alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo, 
prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa 
circunstanciada. 
 
 A verificação da existência ou não da alienação parental, por parte do magistrado, 
no caso concreto é de difícil compreensão, por maior que seja a sua experiência. Nesse 
sentido, bem esclarece Kristina Waldalsen, 
 
Existe, via de regra, uma certa tolerância em relação às atitudes do genitor 
alienante, como se isoladamente tais atitudes fossem “normais”, próprias da 
transição ensejada pela separação conjugal, comuns no folclore das brigas de ex-
casais. Ademais, a identificação de várias atitudes é difícil, dada a 
impossibilidade de se adentrar na intimidade do dia a dia de pais e mães com 
seus filhos. Contudo, se detectados indícios da alienação parental durante os 
 
processos judiciais, o juiz deve determinar a realização de perícia psicossocial, 
para que os interesses dos menores sejam efetivamente preservados (2009, p.82). 
 
 O magistrado não pode deixar de colher importantes subsídios técnicos por meio 
de profissionais de diferentes áreas, para que promovam através de uma análise cuidadosa 
do caso, os indícios que comprovem ou não a existência da alienação parental. 
 Conforme pensamento de Pietro Perlingieri, 
 
A questão é delicada, também, a relação do juiz com os peritos. Para que o 
diálogo seja profícuo, o juiz deve possuir um especial profissionalismo que não 
seja apenas especialização técnico-formal, mas se baseie em uma vocação válida 
que o leve a compreender o universo menor-sociedade. Não somente uma 
especial aptidão à interdisciplinaridade, mas, também, uma acentuada 
sensibilidade para com o respeito ao livre desenvolvimento da pessoa na fase 
mais delicada de sua formação (2008, p.1006) 
 
 O juiz deve possuir um mínimo de entendimento e estudo sobre a Alienação 
Parental, sobre a criança em si, para ter um diálogo com os peritos. O juiz deve entender 
do assunto de maneira mais profunda para saber compreender o diagnóstico desenvolvido 
pelo perito. 
 
10.5 ART. 6º - SOLUÇÕES À ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 O art. 6º dispõe sobre os tipos de penalidades que podem ser aplicadas ao 
alienador, 
 
Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que 
dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação 
autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da 
decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de 
instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a 
gravidade do caso: 
I- declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; 
II- ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; 
III- estipular multa ao alienador; 
IV – determinar acompanhamento psicológico

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