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Letícia Nano- Medicina Unimes Doença diverticular dos cólons Etiopatogenia Divertículos são projeções saculares do TGI, podendo ser verdadeiros (Meckel) contendo todas as camadas do intestino, ou falsas (somente mucosa e submucosas) como na diverticulose presente nos idosos. Os divertículos ocorrem na borda mesentérica da tênia antimesentérica, local de maior fragilidade local, com entrada/penetração dos vasos sanguíneos. Patologicamente, é possível diferenciar as afecções diverticulares em assintomáticas ou sintomáticas. Assintomática: ou diverticulose, presente em grande parte dos idosos, sendo a maioria dos casos. Já a doença diverticular dos cólons ocorre quando há sintomatologia, dividindo-se em complicada e não complicada. A forma não complicada pode se manifestar com pequenos incômodos, gases ou dores. Já a complicada pode ser dividida em diverticulite, sangramento diverticular (HDB- principal causa) e estenose (obstrução diverticular) devido a inflamação recorrente. Acima dos 70 anos 50% da população tem divertículos. 90% dos casos ocorre no cólon esquerdo, principalmente no sigmóide, onde há menor diâmetro luminal e local de maior pressão. A doença é mais comum em países industrializados, devido a dieta, pobre em fibras, ocasionando um bolo fecal de menor volume, interferindo no processo de peristalse (o menor volume não distende tanto o intestino, necessitando de maior força de peristalse e , portanto, aumento da pressão intraluminal). Ainda sobre a formação do divertículo, pode ser classificado ainda de duas formas: Forma hipotônica e hipertônica - Forma hipotônica: as camadas musculares são mais delegadas e hipotróficas, com o óstio desses divertículos largos e colo curto, muito comum em idosos, sendo a principal complicação o sangramento, pela fragilidade do tecido (devido ao envelhecimento) e ou contato com fezes endurecidas no local de aparecimento do vaso. Pode ser distribuída por todo cólon - Forma hipertônica: camada muscular espessa, hipertrófica, comum em jovens, com divertículos com óstio pequeno, favorecendo a obstrução, e, portanto, tendo a diverticulite como principal complicação. Mais comum no cólon E. Ou seja, resumo etiopatogenia: aumento da pressão intraluminal + dieta pobre em fibras e/ou perda do colágeno e envelhecimento -> falha na parede intestinal -> herniação da mucosa e submucosa. *diverticulite: ocorre devido a obstrução do divertículo (principalmente por fecalito), com abrasão da mucosa diverticular, inflamação e proliferação bacteriana (flora igual à do cólon), diminuição do fluxo sanguíneo e isquemia tecidual e , por fim, perfuração. * sangramento: abrasão da mucosa diverticular no local de penetração dos vasos. Quadro clínico Maior parte: assintomática Não existe correlação entre o número de divertículos e intensidade dos sintomas. Forma sintomáticas não complicada: dor abdominal intermitente, cólica, constipação, diarréia, flatulência ...A forma hipotônica tende a ter mais meteorismo, distensão abdominal etc. Já a forma hipertônica cursa com constipação, dor na FIE , e dor a palpação do sigmoide. Forma complicada: - Diverticulite: pode se manifestar como um abdome agudo inflamatório, com sintomas como dor no quadrante inferior esquerdo, febre, vômitos, diarreia ou constipação e sintomas urinários. Pode apresentar massa abdominal dolorosa (abcesso ou fleimão) ou dor difusa com contração muscular abdominal (provável complicação de peritonite) - HDB: enterorragia ou hematoquezia, de início abrupto e indolor. Parada espontânea do sangramento em 80% casos Letícia Nano- Medicina Unimes - Fístulas: fecalúria ou pneumatúria (fístula colo-vesical é a mais comum) e infecções urinárias de repetição - Abcessos: massa abdominal dolorosa - Obstruções: constipação, diminuição RHA, diminuição eliminação fezes e gases etc Diagnóstico A forma mais comum é assintomática, portanto, na maioria das vezes é um achado presente na colonoscopia. Já quanto às formas sintomáticas, o diagnóstico se deve principalmente, aos achados clínicos e história clínica, e exames de imagem. Enema opaco: radiografia com uso de contraste, no formato de sulfato de bário, introduzido pelo reto por uma sonda. Ótima visualização dos divertículos (de somação, ou seja, aumento/projeção do conteúdo da luz), e extensão deles, mas pouco utilizado hoje em dia. Não pode ser utilizado na vigência de doenças inflamatórias intestinais. Também inviabiliza o uso da tomografia computadorizada nos dias seguintes. Colonoscopia: melhor exame, permite avaliar toda extensão do cólon, além de identificar lesões associadas (doença de Crohn, câncer e pólipos). No entanto, na fase aguda, como na diverticulite e lesões estenosantes, deve ser evitada (pois a introdução de gases para a visualização aumenta a pressão intraluminal). Tomografia computadorizada: ótima especificidade, exame de escolha para quadros de abdome agudo. Permite identificar e estadiar o grau de inflamação, assim com visualizar complicações. Pode ser observado o borramento da gordura pericólica, abcesso etc USG de abdome: para quadro agudo pode ser utilizado, além de auxiliar a realização da drenagem percutânea, mas com desvantagens (operador dependente). **Diverticulite: pode se manifestar como um abdome agudo inflamatório, com sintomas como dor no quadrante inferior esquerdo, febre, vômitos, diarreia ou constipação e sintomas urinários. Pode apresentar massa abdominal dolorosa (abcesso ou fleimão/plastrão) ou dor difusa com contração muscular abdominal (provável complicação de peritonite) Exames laboratoriais: leucocitose, aumento PCR, pode causar piúria discreta. - Estadiamento : classificação de Hinchey Hinchey I: abcesso pericólico Hinchey II: peritonite localizada (bloqueado) HincheyIII: Peritonite purulenta generalizada (já purulento) Hinchey IV: Peritonite fecal (abcesso + peritonite difusa) (I e II requerem intervenção conservadora, enquanto III e IV não) **Hemorragia digestiva baixa: a diverticulose é a principal causa. Pode se manifestar pela hematoquezia e enterorragia. Obs.: local mais provável de sangrar: cólon D X local mais comum de divertículo: cólon E Diagnóstico diferencial: neoplasia de cólon (mudança de hábito intestinal...), Síndrome INT irritável, doença de Crohn, colite isquêmica, divertículo solitário de Ceco (verdadeiro e não é de Meckel)... Letícia Nano- Medicina Unimes Tratamento Doença diverticular não complicada: - Tratamento clínico: adicionar fibras gradualmente à dieta )20-30g/dia), evitar cascas, sementes e grãos. Pode ser usado Psilium e metilcelulose (para aumentar bolo fecal e evitar constipação), ingerir quantidades maiores de líquidos, responder prontamente aos estímulos intestinais, praticar atividades físicas etc. - Tratamento cirúrgico eletivo: Indicações- hemorragias de repetição / após 2 crises hospitalares OU 1 crise complicada de diverticulite. Realiza- se ressecção intestinal (sigmoidectomia, hemicolectomia ou colectomia total) com anastomose primária término-terminal. HDB: Primeiramente deve-se avaliar o paciente quanto ao volume de sangue perdido, ressuscitando-o com o volume de líquidos necessário. Após a estabilização hemodinâmica, a investigação deve requerer toque retal, as vezes retossigmoidoscopia, e frequentemente a colonoscopia. Se o paciente continua instável, não fazer a colonoscopia, e sim arteriografia, podendoser realizado embolização terapêutica. O paciente estável pode ser tratado endoscopicamente, realizando a cauterização. Se instabilidade persistente e não identificável a origem do sangramento-> tratamento cirúrgico com colectomia TOTAL, com ileostomia ou anastomose ileorretal. Diverticulite: Classificação de Hinchey Hinchey I: abcesso pericólico (microabcesso) -> antibioticoterapia (VO ou EV): Metronidazol (sempre) + agente atianaeróbio como: Ciprofloxacin; Ampicilina; Aminoglicosídeo; Cefalosporinas (avaliar necessidade de drenagem do abcesso) Melhora em 2-3 dias, Hinchey II: peritonite localizada (bloqueado)- retroperitoneal ou pélvico -> antibioticoterapia EV + drenagem abcesso + hidratação Verificar: febre, taquicardia, leucocitose e sinais de irritação peritoneal Hinchey III: Peritonite purulenta generalizada (já purulento) -> tratamento cirúrgico Hinchey IV: Peritonite fecal (abcesso + peritonite difusa) -> tratamento cirúrgico Tratamento cirúrgico: Segmoidectomia ou hemicolectomia esquerda -> Operação de Hartmann (emergencial) Após a ressecção intestinal, os cotos intestinais restantes são preservados, não sendo realizada a anastomose (inflamação local – grande risco de deiscência da sutura). Para desvio do trajeto intestinal é introduzido uma colostomia, exteriorizando o coto superior, e após a estabilização do estado inflamatório, os dois cotos são anastomosados (término-terminal). ** após 2 crises hospitalares OU 1 crise complicada -> cirurgia eletiva está indicada (além disso, a recidiva ocorre em 80% casos em 5 anos e complicações tendem a ser piores) Cirurgia após 2-3 meses da crise
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