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aula 1 Wallon

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Henri Wallon
Psicogênese Da Pessoa completa
Tanto para Wallon como para Vygotsky, a constituição humana não depende somente da natureza orgânica e dos fatores do meio para seu funcionamento, e sim, dos acontecimentos históricos que vão surgindo diariamente em nossa vida, modificando e determinando nossa relação conosco mesmo e com o ambiente social no qual estamos inseridos. Portanto, de acordo com o materialismo histórico e dialético, o homem transforma o mundo em que habita e é transformado pelas condições que ele mesmo produz.
Com isso, na teoria walloniana não há como compreender o ser humano longe de suas condições sociais de existência. Essas condições são fatores que implicam diretamente no ritmo de seu desenvolvimento. A relação organismo‑meio constitui‑se em um par indissociável e complementar, onde as disposições genéticas são potenciais que somente irão desenvolver‑se se encontrarem possibilidades no meio em que habitam.
O desenvolvimento se dá pela união entre o orgânico e o social. Por exemplo, digamos que o sujeito tenha nascido com um potencial genético para ser um grande artista plástico, como Claude Monet (1840‑1926) ou como Pablo Picasso (1881‑1973).
Se o contexto social e histórico não lhe oportunizar condições para isso, esse sujeito nunca desenvolverá essa capacidade artística.
 o ser humano é geneticamente social e está inserido em um meio constituído por três tipos:
•	meio físico‑químico – oferece as condições do ambiente, como oxigênio, água etc.;
•	meio biológico – se sobrepõe ao físico‑químico e diz respeito à interrelação que nós, humanos, temos com outras espécies vivas (os micro‑organismos, os vegetais e os animais de todas as espécies);
•	meio social – reúne‑se aos outros dois para também estabelecer condições de existência coletivas, mas muito mais variadas. Wallon afirma que essas condições do meio social são mais móveis e frequentemente transitórias onde podem se destacar diferenciações individuais.
A psicologia genética walloniana estuda a gênese dos processos psíquicos, que é um fenômeno biológico e social. A criança, desde seu nascimento, é um ser simultaneamente biológico e social.
 As capacidades biológicas são os condicionantes da vida em sociedade, mas o meio social é o condicionante do desenvolvimento destas capacidades.
Um pouco da biografia 
Nascido na França em 1879, Henri Wallon dedicou sua vida ao ser humano. Iniciou seus estudos com a Filosofia, em seguida partiu para a Medicina e posteriormente para a Psicologia
Atuando como médico, professor e psicólogo, Wallon desenvolveu estudos e teorias que beneficiaram tanto a Psicologia, quanto a Pedagogia. 
Após uma vida dedicada ao ser humano, a principalmente ao estudo da criança, Wallon vem a falecer em 1962, em sua terra natal.
Ao mesmo tempo, Wallon viveu um momento histórico marcado por instabilidade social e turbulência política. Participou ativamente na Primeira Guerra Mundial (1914‑1918) como soldado, lutou e prestou atendimento médico aos soldados feridos. Durante esse período de guerra, como médico do exército francês, teve a oportunidade de cuidar de pessoas com distúrbios psiquiátricos e, ao lidar constantemente com ex‑combatentes portadores de lesões cerebrais, pôde rever seus estudos sobre lesões neurológicas em crianças deficientes. Com isso pôde observar relações entre lesões orgânicas (neurológicas) e seus efeitos sobre os processos psíquicos (MAHONEY, 2000).
emoção
Wallon atribui à emoção um papel fundamental no processo de desenvolvimento humano. Para ele, quando nasce uma criança, todo contato estabelecido com as pessoas que cuidam dela, são feitos via emoção. A criança é constituída de corpo e emoção, e não apenas cognição A emoção é altamente orgânica, altera a respiração, os batimentos cardíacos e até o tônus muscular, tem momentos de tensão e distensão que ajudam o ser humano a se conhecer. A raiva, a alegria, o medo, a tristeza, a alegria e os sentimentos mais profundos ganham função relevante na relação da criança com o meio. A emoção causa impacto no outro e tende a se propagar no meio social. 
O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
O eixo principal do processo de desenvolvimento é uma integração em dois sentidos, integração organismo-meio e integração cognitiva-afetiva-motora. 
Considerando os vários campos funcionais: afetividade, conhecimento (cognição/inteligência) e motricidade. 
Cada atividade da criança resulta, da integração pela pessoa do cognitivo com o afetivo e com o motor
O movimento
O movimento é a primeira forma de expressão da criança e é o primeiro campo a se desenvolver. É através do movimento que desenvolvemos nossa percepção. 
É pela interação com os objetos e com o seu próprio corpo – em atitudes como colocar o dedo nas orelhas, pegar os pés, segurar uma mão com a outra – que a criança estabelece relações entre seus movimentos e suas sensações e experimenta, sistematicamente, a diferença de sensibilidade existente entre o que pertence ao mundo exterior e o que pertence a seu próprio corpo. (GALVAO, 2007, p.51) 
O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Para que o desenvolvimento cognitivo da criança se estabeleça de forma eficaz é necessária integração entre fatores sociais e biológicos. Assim como também a linguagem, exerce grande influência para o desenvolvimento cognitivo. 
 Segundo Wallon, a linguagem é o instrumento e o suporte indispensável aos progressos do pensamento. Entre pensamento e linguagem existe uma relação de reciprocidade: a linguagem exprime o pensamento, ao mesmo tempo que age como estruturadora do mesmo. (GALVAO, 207, p.77)
PENSAMENTO INFANTIL
INTELIGÊNCIA o desenvolvimento da inteligência depende essencialmente de como cada uma faz as diferenciações com a realidade exterior. É na solução dos confrontos que a inteligência evolui. Wallon diz que o sincretismo (mistura de ideias num mesmo plano), é fator determinante para o desenvolvimento intelectual.
pensamento sincrético caracterizado pela fabulação, tautologia, (uso de palavras diferentes para expressar uma mesma ideia; redundância) e contradição. 
 pensamento categorial caracterizado pela ordem e organização do pensamento na criança.
AFETIVIDADE
 Característica do ser humano de ser afetado interior e exteriormente por sensações de bem-estar e mal-estar pode ser dividida em: emoção, sentimento e paixão, sendo a emoção a primeira expressão da afetividade, o sentimento tendo um caráter mais cognitivo e a paixão se o autocontrole em função de um objetivo. 
A afetividade é um conceito amplo que, além de envolver um componente orgânico, corporal, motor e plástico, que é a emoção, apresenta também um componente cognitivo, representacional, que são os sentimentos e a paixão. O primeiro componente a se diferenciar é a emoção, que assume o comando do desenvolvimento logo nos primeiros meses de vida; posteriormente, iferenciam-se os sentimentos e, logo a seguir, a paixão. (DÉR In: MAHONEY, 2004, p. 61) 
 
 
desenvolvimento de forma progressiva, em etapas (ou estágios)
Wallon vê o desenvolvimento de forma progressiva, em etapas (ou estágios), 
cada um deles sendo um sistema completo, com características e interesses próprios e, 
cada um sendo indispensável para o aparecimento da etapa seguinte. 
Cada etapa do desenvolvimento está caracterizada por uma atividade preponderante. Em cada estágio existe um conflito específico que a criança deve resolver e, o seu desenvolvimento, é balizado por crises que são reestruturações do comportamento infantil
 
 A sucessão das etapas do desenvolvimento apresenta-se de modo descontínuo, ou seja, a passagem de uma para outra não é uma simples ampliação e sim uma recomposição. 
A noção de estágio é entendida como uma tentativa de definir níveis funcionais, tentativa de aprofundar o conhecimento de modo organizado e as normas que tomam seus diversos comportamentos durante a evolução. O estágio não tem uma base cronológica, mas baseia-se em uma sucessão funcional.
1° ESTÁGIO - IMPULSIVO-EMOCIONAL: abrange o primeiro ano de vida. O principal
foco é a emoção, instrumento privilegiado de interação da criança com o meio. A predominância da afetividade orienta as principais ações do bebê às pessoas, as quais intermediam sua relação com o mundo físico. A afetividade é impulsiva, emocional, que se nutre pelo olhar, pelo contato físico e se expressa em gestos, mímica e postura
2° ESTÁGIO - SENSÓRIO-MOTOR ou PROJETIVO: vai até o terceiro ano de vida. O interesse da criança se volta para a exploração sensório-motora do mundo físico, ou seja, ela descobre o mundo dos objetos. Acontece nesta fase a aquisição da marcha e da preensão, que dão à ela maior autonomia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços, assim como o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. A inteligência é pratica e simbólica. O termo projetivo refere-se ao fato da ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar. O ato mental "projeta-se" em atos motores. Para Wallon, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor.
3° ESTÁGIO – PERSONALISMO: cobre a faixa dos três aos seis anos, a tarefa central é o processo de formação da personalidade. A construção da consciência de si, que se dá por meio das interações sociais, reorienta o interesse das crianças para as pessoas, definindo o retorno da predominância das relações afetivas.
4° ESTÁGIO – CATEGORIAL: acontece por volta dos seis anos, o interesse da criança dirige-se para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior, imprimindo às suas relações com o meio. Há uma preponderância do aspecto cognitivo.
ESTÁGIO – PREDOMINÂNCIA FUNCIONAL: caracteriza-se pela crise da puberdade, rompendo com a tranqüilidade afetiva que caracterizou o estágio anterior e impõe a necessidade de uma nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal. Este processo traz à tona questões pessoais, morais, existenciais, numa retomada da preponderância da afetividade.

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