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Por que achamos alguém bonito? “A beleza estética não se baseia na ordem, mas na harmonia” São muitos os estudiosos que, até os dias de hoje, tentam encontrar uma forma de padronizar o conceito de beleza, usando e criando parâmetros para isso. Sabe- se, no entanto, que os padrões humanos para a definição de beleza são influenciados por forças culturais, geográficas e temporais. Segundo estes estudos, as características que definiriam um rosto bonito são: - simetria facial - região do malar proeminente e jovem - lábios “carnudos” - arco da sobrancelha arqueado - nariz estreito - cor e qualidade da pele “a beleza está nos olhos de quem vê” PLATÃO, Atenas, (348 – 347 a.C.) Apesar desta afirmação – filosófica e sábia – existem características peculiares no qual o formato do rosto é consenso e considerado atrativo e belo. Devemos avaliar e “julgar”a face • Aparência (conjunto) • Volume • Simetria • Deformidades visíveis Existem diversas técnicas, teorias, métodos para definir o padrão de beleza. Escolher técnica X uso da mesma técnica repetidamente = critérios mais exigentes, prática. Máscara de Phi – Critérios (fundamentada em sequências matemáticas) - altura da testa = altura do nariz = 1/3 inferior rosto - largura do nariz = largura dos olhos - distância interocular = largura do nariz - distância entre os olhos = largura dos olhos - largura da boca = 1,5 x largura do nariz - largura da face = 4 x largura do nariz. Formatos de rosto Tipos de faces Compartimentos de Gordura Compartimentos de gordura e o envelhecimento A gordura da face está dividida em diferentes compartimentos ou “bolsas” independentes, limitados por distintas unidades anatômicas e com vascularização própria. Estrutura óssea músculos bolsas gordura pele (epiderme, derme) gordura subcutânea Cada estrutura é reabsorvida em tempos diferentes Bichectomia - o que é? Procedimento cirúrgico estético-funcional redução do volume das bochechas retirada dos coxins gordurosos da face (Bola de Bichat). Ressaltando: - proeminência zigomática - contorno mandibular Também propõe aumentar o corredor bucal diminuindo trauma em pacientes que costumam morder a mucosa jugal } contribuindo com a harmonia da face Bichectomia - o que é? História da Bichectomia - 1727: Lorenz Heister – primeiro a identificar o coxin gorduroso bucal como estrutura glandular – “Glândula Molaris” - Scammon: primeiro a descrever a anatomia da gordura bucal - 1977: Egyedi - relatou o uso da gordura bucal como um enxerto pediculado. História da Bichectomia - 1801: Marie François Xavier Bichat – primeiro a descrever o coxin como tecido gorduroso – “Bola de Bichat” História da Bichectomia - 1986: Tideman et al. - descreveram detalhadamente sua anatomia, suprimento vascular e técnica operatória - Literatura atual: bola de Bichat, coxim mastigatório, coxim de sucção, almofada de sucção, coxim gorduroso bucal (Khiabani, 2013) Embriologia 14ª a 16ª semanas gestacionais: detectado a formação do tecido adiposo bucal; 23ª semana de gestação: o número de lóbulos se mantém, modificando e aumentando a partir da 29ª semana; Terceiro trimestre gestacional: sessa o crescimento da gordura facial, aumentando a gordura corporal num todo. (Yousuf et al., 2010) Bola de Bichat A bola de Bichat é um acúmulo de gordura na face, tem forma piramidal e seu tamanho varia de acordo com a idade. Nas crianças são maiores, e diminuem de tamanho conforme o indivíduo envelhece. Bola de Bichat Bola de Bichat Sua função principal é neutralizar a pressão negativa durante a amamentação em recém-nascidos, evitando que as fibras musculares se colabem, separando os músculos uns dos outros e de estruturas ósseas adjacentes, assim os músculos trabalham em um meio escorregadio e frouxo, favorecendo a movimentação intermuscular e protegendo estruturas neurovasculares. Isso explica o fato de os lactentes terem as bochechas maiores que crianças mais velhas. Bola de Bichat Outra função importante da bola de Bichat é de proteção, servindo como um coxim protetor de estruturas neurovasculares da face. Amortecer os músculos mastigatórios (importante na primeira infância, período em que as fibras musculares são imaturas). Preencher os espaços profundos dos tecidos e atua como almofadas deslizando durante a mastigação e quando os músculos da mímica se contraem, protegendo estruturas importantes de forças gerados pela contração muscular. Anatomia Consiste em um corpo principal repousado sobre o periósteo maxilar e sobre fibras superiores do m. bucinador. 1. Sistema Muscular • São 04 músculos envolvidos direta ou indiretamente em uma bichectomia. • Bucinador: principal, faz acesso direto nesse músculo • Zigomático menor: parte de cima da bola de Bichat • Zigomático maior: ao lado zigomático menor • Masseter: posteriormente Anatomia Anatomia Anatomia Anatomia 2. Sistema Circulatório A bola de Bichat tem um rico plexo de vasos sanguíneos, com suprimento sanguíneo das artérias - Maxilar: ramos bucal e temporal profunda - Temporal superficial: transversa da facial - Artéria Facial: passa ao lado, praticamente colado músculo bucinador Anatomia Anatomia Anatomia Anatomia 3. Sistema Nervoso • Nervo Facial: nervo motor, mais externamente, por cima do masseter. Parte de seus ramos encontram-se muito próximos da porção mais interna da Bola de Bichat. • Nervo Bucal: nervo sensitivo, parte mais interna, nutre toda lateral do músculo bucinador. Anatomia Anatomia Anatomia 4. Sistema Digestivo • Glândula Parótida • Ducto Parotídeo: passa ao longo da superfície lateral ou penetra o corpo da gordura bucal antes de atravessar o músculo bucinador e entra na cavidade bucal. Anatomia Localização da Bola de Bichat Corpo: localiza-se na borda anterior do músculo masseter e se estende profundamente para a maxila posterior em direção ao vestíbulo bucal Localização da Bola de Bichat Extensão bucal: é a mais superficial e localiza-se na bochecha abaixo do ducto parotídeo. Ela desce para a região retromolar e sobrepõe a principal parte do músculo bucinador. É parcialmente responsável pelo contorno da bochecha. Seu limite anterior são artéria e veia facial Localização da Bola de Bichat Extensão pterigoidea: passa por baixo e por trás para se localizar na superfície lateral do plexo pterigoideo Localização da Bola de Bichat Extensão temporal: direção superior, passa por baixo do arco zigomático e consiste de uma porção superficial e profunda Localização da Bola de Bichat O volume médio de gordura é 6 a 9 ml O tamanho é geralmente constante e independente do peso corporal Essas estruturas delimitam área de atuação A área de abordagem será nesse conjunto Assim saberemos onde procurar pela bolsa de gordura Localização da Bola de Bichat Localização da Bola de Bichat Indicações - Pacientes que mordem a bochecha aumentando assim o espaço mastigatório - Pacientes que possuem rosto oval, quadrado e redondo, que desejam projetar o terço médio da face 44 Indicações - Enxertos para cobrir defeitos na cavidade intra-oral • Reconstrução de defeitos congênitos os adquiridosde pequenos a médios (<5 cm) na cavidade oral podem ser preenchidos com a gordura bucal • EX: comunicação oronasal, defeitos cirúrgicos após excisão de tumor, excisão de fibrose, e defeitos palatais primários ou secundários, etc. Contra-indicações • Pacientes dólico faciais. • Pacientes muito magros. • Infecção local ou sistêmica • Pacientes submetidos à radio ou quimioterapia • Trismo • Cardiopatias severas Contra-indicações • Pacientes sistematicamente não compensados • Deficiência de fatores de coagulação • Problemas hepáticos e renais graves • Gestantes Contra-indicações • Pacientes com hérnia facial de gordura de Bichat – pacientes que foram submetidos a lipoaspiração da face com cânulas calibrosas (próximo à região da Bola de Bichat) ou em pacientes que sofreram traumatismos na face. Nestas duas situações solicita-se exame de imagem para confirmar a existência da hérnia (ressonância magnética com constraste, da face para avaliação da bola de bichat). Pré-Operatório • Anamnese • Análise facial • Esclarecimento sobre o procedimento proposto Anamnese Recomendações pré- operatórias • Solicitação de exames complementares, quando necessário (hemograma, ressonância magnética, coagulograma, hemoglobina glicada, glicemia em jejum). • IMC: 25 (peso÷altura)² • Termo de consentimento informado • Fotografia • Orientações pré-operatórias Fotografia Manter sempre o mesmo padrão - Luz / Flash - Fundo - Distância - Posições da cabeça e postura - Câmera sempre paralela ao solo e alinhada com paciente Foto 1: posição natural da cabeça (mais descontraída, assim podemos observar postura, jeito e posição) -mandíbula e lábios relaxados. Foto 2: -frente -meio perfil (45°) -perfil ➢ Seguir orientação dos planos a seguir Método reproduzível que se aproxima da posição natural da cabeça: PLANO HORIZONTAL DE FRANKFURT PARALELO AO SOLO + PLANO SAGITAL MEDIANO PERPENDICULAR AO SOLO (LINHA BIPUPILAR PARALELA AO SOLO) Referencia no tecido mole: Do ponto mais proeminente do TRAGUS ao ponto de transição entre a pele da palpebra inferior e a pele da região malar. PLANO SAGITAL MEDIANO ➢Linha vertical verdadeira • Glabela • Ponte nasal • Ponta nariz • Filtro • Estômio • Linha media dentária • mento LINHA BIPUPILAR PARALELA AO SOLO LINHA BIPUPILAR PARALELA AO SOLO com PLANO SAGITAL MEDIANO PERPENDICULAR AO SOLO 90° Descrição do ato cirúrgico 1. Posição: posição de preferência do operador. 2. Anestesia: o espaço gengivo bucal é anestesiado com mepivacaína (1:100.000 com epinefrina), bilateralmente, aproximadamente entre 1º e 2º molar superior, pós tuber (Nervo Alveolar Superior Posterior) e reforço anestésico na região da bochecha, atingindo feixes nervosos terminais, assegurando uma anestesia eficaz. 3. Antissepsia: intraoral clorexidina 0,12% bucal acquosa não alcoólica 4. Incisão: com o afastador, afastar a bochecha lateralmente e proteger o ducto parotídeo. Incisão de 1 a 2cm. Aprofundar apenas ponta do bisturi, até rompimento da cápsula fibrosa. 61 Existem 3 técnicas de incisão: Acima ducto parotídeo: acesso mais difícil Abaixo ducto parotídeo. Paralelo a linha Alba, entre linha Alba e ducto parotídeo. Posteriormente ao ducto parotideo 5.Divulsão dos tecidos: com pinça hemostática para ultrapassar a cápsula. Ao mesmo tempo deve-se aplicar uma pressão externamente na pele, na região da “bola de bichat”. 6. Pinçar e tracionar o coxim de gordura com pinça hemostática em direção ao campo visual. 7. Sutura: fio absorvivel, geralmente 4.0 8. Fita elástica compressiva por 3 dias 9. Compressa de gelo imediata 10. Orientações pós operatórias Pós-Operatório • Gelo (bolsa) continuamente nas primeiras 48h • REPOUSO ABSOLUTO POR 48HS (Sem falar!!!) • Atividade física após 10 dias Pós-Operatório • Fita elástica compressiva por 3 dias Pós-Operatório • Drenagem Linfática Facial e Laserterapia • Orientações pós-operatórias (assinar) • *guardar copia assinada no prontuário Cuidados pós-operatórios • Medicação: 1- Amoxicilina 500mg - 1 comp. – 8/8hrs – 5 dias 2- Dexametasona 4mg - 1 comp. ao dia – 3 dias 3- Spidufen 600 – 1 envelope – 12/12hrs ou 4- Toragesic 10mg sublingual – 1 comp - 6/6h Relatório Cirúrgico Instrumentais • Pinça de Pean: prender a gaze para a realização de antissepsia • Carpule: anestesia local Instrumentais • Bisturi: cabo 03 ou 04; lâminha 15 – incisão inicial do procedimento cirúrgico • Pinça dente de rato: prender tecidos durante divulsão ou sutura Instrumentais • Pinça de Adson com e sem dente • Pinça mosquito ou hemostática: hemostasia através da compressão dos vasos Instrumentais • Pinça Kelly curva ou reta: hemostasia • Porta agulha: sutura Instrumentais • Fios de sutura: absorvíveis e não absorvíveis • Tesoura cirúrgica: cortar fio de sutura Instrumentais - Afastador Minnessota/ Mead/ Farabeuf: afastar tecidos para melhor visualização do campo operatório Mensuração de volume Complicações Ocorrem por abordarmos indevidamente as estruturas, seja por técnica errada, excesso de manipulação, etc. Existem variações anatômicas, não existe lugar exato, usamos uma média. Complicações - hematomas – gelo, hirudóide, aguardar - dor intensa – medicação - edemas – gelo, anti-inflamatório, aguardar - infecções - assimetria do terço inferior da face - lesão do nervo facial - lesão do ducto parotídeo - trauma vascular - trismo (3 dias em média) - antiinflamatório, gelo 3 dias, após, calor - Hemorragia pós operatória Complicações Seroma • Remoção bola Bichat - espaço vazio - organismo demora entender o que ocorreu, para poder responder para a melhora do tecido. • Drena líquido para dentro da cavidade (não sangue nem pus) SEROMA ocupa espaço, +- 3 a 4 semanas reabsorver, tempo longo, risco contaminação, gera INFECÇÃO OPORTUNISTA. Complicações Complicações • Fisicamente fica um caroço endurecido na região, que reabsorve. • Como evitar: usar CURATIVO COMPRESSIVO, diminui espaço vazio. • Se ocorrer, não drenar, esperar regredir. Complicações - Abcesso • Incisão - porta aberta para migração bactérias, por isso uma das contra- indicações é infecção oral. • Produção exsudato purulento • Calor/rubor local, febre, desconforto constante • Secreção pela zona de sutura ou ponto de flutuação facial. • Enfisema sub-cutâneo Complicações - Lesões Artério-venosas • Causas iatrogênicas - excesso manipulação: deixa vasos sensíveis, acabam se rompendo nas primeiras horas após a cirurgia, às vezes leva mais de um mês para sair edema, não tem tratamento, aguardar. • Erro técnica, incisão muito profunda - pinçar o vaso até parar sangramento. • Paciente não relata dor, só edema. Complicações - Obstrução Ducto Parotídeo • Manipulação errada e demasiada do tecido. • Incisão tem que ser distante da saída da parótida, cuidar na divulsão. • Obstrução causa edema, às vezes distante da região de cirurgia, pois saliva não tem para onde drenar. • Tratamento: esperar reconstrução fisiológica do ducto, acompanhar se não ocorre infecção. Complicações - Lesões Nervosas - GRAVES PROBLEMAS ParestesiaX Paralisia: depende do tipo de nervo que você lesionou. Complicações Parestesia - Lesão sensorial, nervo sensitivo (n. bucal, interno, próximo Bola de Bichat). - sensação de dormência e formigamento. - Parestesia ocorre intraoralmente, na mucosa jugal. - Tratamento: • Aguardar • Medicação - Neuro-regeneradores – Vit. B + corticoide + laser • Resultado demora umas 3 semanas ou mais Complicações Paralisia - Lesão motora, nervo motor (n. facial e ramos), mais externo. - Ocorre na musculatura da face - Também receitar neuro-regeneradores e aplicação de laserterapia Complicações Cuidados Para evitarmos essas complicações, cuidar com escolha de técnica, profundidade de bisturi, divulsão controlada dos tecidos. Fazer cirurgia adequada. Técnica minimamente invasiva. Acesso apropriado. Com a utilização da técnica cirúrgica correta, pode-se trabalhar com margem de segurança destas estruturas, o que reduz o risco de intercorrências trans e pós-operatórias. Considerações • Os resultados começam a aparecer aproximadamente em 15 a 20 dias, e a sua remodelação total em 90 dias. • A gordura de Bichat não tem função estrutural ou de sustentação, sendo diferente dos demais compartimentos de gordura do rosto, cuja absorção causa envelhecimento, portanto sua retirada não fará falta no processo de envelhecimento. Considerações • Além de ser um procedimento que envolve riscos, a bichectomia precisa ser muito bem indicada. É preciso que o profissional tenha treinamento não só para realizar a cirurgia da melhor maneira possível, mas também para saber avaliar qual a real necessidade do paciente. Muitas vezes, e isso não é raro, o paciente que nos procura precisa de tratamentos associados para ter o resultado satisfatório!
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