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CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO

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CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO
A Ciência Política é uma disciplina das Ciências Sociais que estuda os sistemas de governo, analisa o comportamento político e as atividades políticas em geral. Cuida, principalmente, dos atos e dos atores que participam de atividades políticas, considerando suas ações e o cenário em que essas ações são tomadas.
É função da Ciência Política debruçar-se sobre o estudo dos processos de disputa política, Recorrendo, inclusive, a diversas outras áreas do conhecimento humano, tais como a economia, o direito, a sociologia, a história, a antropologia, a administração pública, entre outras.
A Ciência Política baseia-se em documentos históricos, em registros oficiais, na produção de pesquisa por questionário, análises estatísticas, estudos de caso e na construção de modelos. Já a Teoria Geral do Estado estuda os fenômenos do Estado, desde sua origem, formação, estrutura, organização, funcionamento e suas finalidades, compreendendo-se no seu âmbito tudo que considera existindo no Estado ou sobre ele influindo.
Em Portugal e no Brasil a Teoria geral do Estado vem, nos últimos tempos, se identificando com a Ciência Política. Isso advém principalmente de um maior intercâmbio com o meio acadêmico Estadunidense. Publicaram obras de Ciência Política alguns mestres consagrados da TGE, como Paulo Bonavides e Darcy Azambuja
Debruçando-se sobre o conceito de Estado, podemos dizer que é uma sociedade política e soberana, juridicamente organizada, que nasce por um ato de vontade humana, objetivando o bem comum do povo situado em seu território. 
Na Antiguidade, o Estado foi estudado por Aristóteles que, analisando as cidades estados gregas, sob o ponto de vista político, destacou as formas de governos ideais. Já a Idade Média foi caracterizada, principalmente, pelos conflitos existentes entre o poder papal, detentor do poder total, e o poder real e entre esse e os senhores feudais. Nesta época, como o poder se encontrava descentralizado, ou seja, disperso nos Feudos, não era possível falar em Estado na sua acepção estrita.
A partir de Maquiavel (1464 – 1527), com seu livro “O Príncipe”, é que o Estado passou a ser estudado através do ponto de vista político, com a análise, principalmente, de sua organização e sua atuação.
A respeito, Nelson Saldanha (Pequeno Dicionário de Teoria da Direito e Filosofia Política, Sergio Antonio Fabris Editor, p.197) ensina que, segundo certos pensadores, o Estado teria surgido apenas no mundo moderno, mas, em seu sentido amplo, realmente “ele apareceu quando, nas culturas do Oriente Antigo, estruturou-se o poder de forma monárquica, fortalecendo o centro decisório administrativo-militar sobre periferias urbanas e sociais”. Acrescente-se que, para Miguel Reale, o Estado apresenta três faces: “O Estado apresenta uma face social, relativa à sua formação e ao seu desenvolvimento em razão de fatores socioeconômicos; uma face jurídica, que é a que se relaciona com o Estado enquanto ordem jurídica; e uma face política, onde aparece o problema das finalidades do governo em razão dos diversos sistemas de cultura”.
Assim sendo, a Teoria Geral do Estado estuda o Estado em seu tríplice aspecto (social, jurídico e político) e a Ciência Política preocupa-se, principalmente, com o aspecto prático relativo ao exercício do poder. Portanto, enquanto “...a Teoria Geral do Estado preocupa-se em estudar o fenômeno político por excelência, qual seja, o Estado, como pessoa jurídica dotada de um poder soberano e de um ordenamento jurídico visando ao bem comum, a Ciência Política preocupa-se com os aspectos práticos do exercício do referido poder” (José Geraldo Brito Filomeno. Manual de Teoria Geral do Estado e Ciência Política. 4ª ed.: São Paulo: Forense Universitária, p. 18).
Entretanto, não há como dissociar o Estado da política. De fato, Max Weber, em uma Conferência publicada com o título “A Política como Vocação” conceitua Política como sendo “o conjunto de esforços feitos com vistas a participar do poder ou a influenciar a divisão do poder, seja entre Estados, seja no interior de um único Estado”. Segundo Paulo Bonavides (Ciência Política, 10ª ed.:São Paulo, Malheiros, p. 38) “a Ciência Política, em sentido lato, tem como objeto o estudo dos acontecimentos, das instituições e das idéias políticas, tanto em sentido teórico (doutrina), como em sentido prático (arte), referido ao passado, ao presente e à possibilidade futuras”.
Por outro lado, cumpre observar que o Direito Constitucional estuda a organização de um Estado determinado, como fato histórico, singular e concreto. A Teoria Geral do Estado, por sua vez, é considerada como o complemento teórico do Direito Constitucional ou como sua parte geral.
Nesse contexto, Dalmo de Abreu Dallari demonstra que a Teoria Geral do Estado tem como objeto o “...estudo do Estado sob todos os aspectos, incluindo a origem, a organização e o funcionamento e as finalidades compreendendo-se no seu âmbito tudo o que se considere existindo Estado e influindo sobre ele” (Elementos de Teoria Geral do Estado. 25ª ed.: São Paulo: Saraiva, p. 6).
Origem do Estado
Segundo Dalmo de Abreu Dallari (Elementos de Teoria Geral do Estado. 25ª ed.: São Paulo: Saraiva, p. 52) o estudo da origem do Estado leva a duas indagações: a primeira a respeito da época do seu surgimento e a segunda relativa aos motivos que levaram a seu surgimento.
1. Posições a respeito da época do surgimento do Estado
1.1) Primeira posição: alguns autores defendem que o Estado, assim como a própria sociedade, sempre existiu, ou seja, “... desde que o homem vive sobre a terra acha-se integrado numa organização social, dotada de poder e com autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo” (Elementos de Teoria Geral do Estado. 25ª ed.: São Paulo: Saraiva, p. 52).
1.2) Segunda posição: há outros autores que sustentam que a sociedade humana já viveu sem o Estado durante um determinado período, sendo que este apenas surgiu no momento em que houve a necessidade de atender as necessidades ou as conveniências dos grupos sociais;
1.3) Terceira posição: esta teoria é defendida pelos autores que apenas “... admitem como Estado a sociedade política dotada de certas características muito bem definidas” [1], relativas ao exercício da soberania.
Defensores: Karl Schmidt (a justificativa do Estado apareceu com o surgimento da soberania) e Balladore Pallieri que indica a data de nascimento do Estado no ano em que o mundo ocidental se apresenta organizado em Estados (1648, ano em que foi assinada a paz de Westfália).
2. Teorias relativas as causas que levaram ao surgimento do Estado:
2.1.Teoria da formação originária do Estado
O Estado surge de agrupamentos humanos que ainda não se encontravam integrados em qualquer Estado.
2.1.1. Teorias da formação natural ou espontânea do Estado Os autores que defendem esta Teoria, apesar de divergirem entre si em relação às causas, sustentam que o Estado se formou naturalmente, independentemente de um ato voluntário.
a) origem familiar
Esta teoria sustenta que o Estado deriva do núcleo familiar, tendo surgido, portanto, de um casal originário;
b) origem patriarcal 
O Estado surgiu de um núcleo familiar, sendo que autoridade suprema pertenceria ao ascendente varão mais velho (patriarca).
c) origem matriarcal
Sustentada pelos autores que defendem que o núcleo familiar tem a mãe como dirigente e autoridade suprema das primitivas famílias.
c) Origem em atos de força, violência ou conquista
Defendida Hobbes, que afirma que, em Estado de natureza, os homens, seriam inimigos uns dos outros, vivendo em constante guerra, a qual termina com a vitória dos mais fortes. Nesse contexto, o Estado teria surgido para organizar o grupo dominante e lhe dar condições, portanto, em manter o poder sobre os vencidos.
d) Origem em causas econômicas e patrimoniais ou econômicas 
Sustentada, principalmente, por Marx e Engels. Para este último, o Estado não teria surgido junto com a sociedade, sendo apenasum produto da sociedade, quando ela chegasse a um determinado grau de desenvolvimento (impondo sua força sobre a classe que não possuísse poder econômico).
e) Origem no desenvolvimento interno da sociedade
Sustentada por Robert Lowie que defende que toda sociedade humana prescinde do Estado, enquanto aquela se mantém simples e pouco desenvolvida, sendo que o próprio desenvolvimento espontâneo da sociedade gera a necessidade do Estado.
2.1.2. Teorias da formação contratual do Estado
Os autores que sustentam esta Teoria, apesar de também divergirem quanto às causas, defendem a tese da criação contratualista do Estado.
2.2. Formação derivada do Estado
Os novos Estados se formam a partir de outros preexistentes, sendo este o processo mais comum atualmente.
2.2.1. Fracionamento e união de Estados
Desmembramento de parte do território de um Estado, para a constituição de um novo Estado que adquire ordenação jurídica própria, passando a agir com independência (ex. territórios coloniais localizados na África que se desmembraram, com a conquista da independência, para formar um novo Estado por formação derivada).
2.2.2) União de Estados
Quando dois ou mais Estados unem-se para compor um novo Estado. “Todos os componentes desaparecem como Estados, surgindo em seu lugar uma nova entidade, que absorve todas as características de Estado que pertenciam àqueles que se uniram para formá-lo.”[2]
CONSTITUIÇÃO E PODER CONSTITUINTE
Segundo Celso Ribeiro Bastos o Poder constituinte “... pode ser considerado como uma forma especial de produção jurídica, cuja função precípua é criar a lei básica de uma sociedade (a Constituição)”. (Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 4ª ed.: São Paulo: Saraiva, pp. 87-88.).
Referido autor explica que o poder constituinte é exercido apenas em situações muito excepcionais, a exemplo de grandes crises sociais, econômicas ou políticas, ou até mesmo pela formação originária de um Estado. Nestas hipóteses, a inexistência de uma Constituição (em caso de criação de um Estado novo) ou a imprestabilidade das normas constitucionais vigentes para manter a situação sob sua regulação, levam a necessidade de emergir este Poder constituinte.
Titularidade e Exercício do Poder Constituinte
Nas democracias, o titular do poder constituinte é o povo que elege, através de eleições diretas, os seus representantes para que, em seu nome, elaborem uma nova Constituição. E o seu exercício se dá através da assembleia nacional constituinte, composta por representantes eleitos democraticamente pelo povo, para a elaboração do novo Texto Constitucional.
Modalidades de Poder Constituinte
O Poder Constituinte se divide em:
a) Poder Constituinte Originário O poder constituinte originário cria uma nova ordem jurídica, seja através da primeira Constituição de um Estado, seja através de uma nova Constituição. 
Com a promulgação de uma nova Constituição há uma ruptura com o ordenamento jurídico anterior e, em consequência, inicia-se uma nova ordem jurídica constitucional que não encontra limites no direito positivo anterior.
Portanto, o poder constituinte originário é inicial, ilimitado, incondicionado e autônomo.
b) Poder Constituinte Derivado
O poder constituinte derivado ou reformador é aquele que altera a Constituição vigente, através do processo legislativo nela previsto. Segundo Celso Ribeiro Bastos (Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 4ª ed.: São Paulo: Saraiva, pp. 99), “ele é, no fundo, tido por constituinte em virtude de o produto da sua atividade, vale dizer, a emenda constitucional, passa a beneficiar-se da mesma força hierárquica da Constituição”.
O Poder constituinte derivado é limitado, subordinado e condicionado.
b1) Poder Constituinte Derivado Emendador
As emendas constitucionais objetivam a alteração da Constituição vigente dependendo, portanto, de um processo legislativo especial previsto no próprio 
Texto Constitucional. Acrescente-se ainda que, as emendas constitucionais devem respeitar as limitações materiais (cláusulas pétreas) impostas pela Carta Magna.
No Brasil, em razão da rigidez da nossa Constituição, o processo legislativo a ser observado para a sua alteração, além de estar previamente previsto no Texto Constitucional, também deve ser mais dificultoso do que aquele exigido para a elaboração das leis.
O art. 60 da nossa Constituição Federal, portanto, prevê os seguintes limites para a elaboração de emendas constitucionais:
- Limites procedimentais em relação à iniciativa:
A proposta de emenda constitucional pode ser apresentada apenas pelo Presidente da República (art. 60, inciso II da CF); por um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal (art. 60, inciso I da CF) ou por mais da metade das Assembleias Legislativas das Unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros (art. 60, III da CF). 
- Limites procedimentais em relação ao quórum:
A proposta de emenda deve ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros (art. 60, parágrafo 2º da CF).
- Limites materiais
O art. 60 § 4° da Constituição Federal veda a alteração das seguintes matérias da Constituição:
- Federação
- Voto direto, secreto, universal e periódico.
- Separação de poderes.
- Direitos e garantias individuais
- Limites circunstanciais
Consiste na proibição de alterar a Constituição Federal, através de emendas constitucionais, em certas circunstâncias excepcionais do país, quais sejam: na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio (art. 60, § 1º da Constituição Federal).
b2) Poder Constituinte Derivado Revisor
O poder constituinte revisor é aquele que permite a revisão de dispositivos constitucionais, através de um procedimento mais flexível que aquele exigido para a aprovação de emendas constitucionais, de modo a adaptar o Texto Constitucional às novas necessidades.
A Constituição Federal, no art. 3º do ADCT previu, expressamente, a realização de uma revisão constitucional, após o decurso do prazo de cinco anos da sua promulgação, estabelecendo o quórum da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.
c) Poder Constituinte Decorrente
O poder constituinte decorrente é o poder que os Estados-membros receberam da Constituição Federal para elaborarem e aprovarem suas próprias Constituições estaduais, desde que respeitadas as regras impostas pelo Texto Constitucional.
CONSTITUIÇÃO E PODER CONSTITUINTE
Segundo Celso Ribeiro Bastos o Poder constituinte “... pode ser considerado como uma forma especial de produção jurídica, cuja função precípua é criar a lei básica de uma sociedade (a Constituição)”. (Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 4ª ed.: São Paulo: Saraiva, pp. 87-88.).
Referido autor explica que o poder constituinte é exercido apenas em situações muito excepcionais, a exemplo de grandes crises sociais, econômicas ou políticas, ou até mesmo pela formação originária de um Estado. Nestas hipóteses, a inexistência de uma Constituição (em caso de criação de um Estado novo) ou a imprestabilidade das normas constitucionais vigentes para manter a situação sob sua regulação, levam a necessidade de emergir este Poder constituinte.
Titularidade e Exercício do Poder Constituinte
Nas democracias, o titular do poder constituinte é o povo que elege, através de eleições diretas, os seus representantes para que, em seu nome, elaborem uma nova Constituição. E o seu exercício se dá através da assembleia nacional constituinte, composta por representantes eleitos democraticamente pelo povo, para a elaboração do novo Texto Constitucional.
Modalidades de Poder Constituinte
O Poder Constituinte se divide em:
a) Poder Constituinte Originário
O poder constituinte originário cria uma nova ordem jurídica, seja através da primeira Constituição de um Estado, seja através de uma nova Constituição.
Com a promulgação de uma novaConstituição há uma ruptura com o ordenamento jurídico anterior e, em consequência, inicia-se uma nova ordem jurídica constitucional que não encontra limites no direito positivo anterior.
Portanto, o poder constituinte originário é inicial, ilimitado, incondicionado e autônomo.
b) Poder Constituinte Derivado
O poder constituinte derivado ou reformador é aquele que altera a Constituição vigente, através do processo legislativo nela previsto. Segundo Celso Ribeiro Bastos (Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 4ª ed.: São Paulo: Saraiva, pp. 99), “ele é, no fundo, tido por constituinte em virtude de o produto da sua atividade, vale dizer, a emenda constitucional, passa a beneficiar-se da mesma força hierárquica da Constituição”.
O Poder constituinte derivado é limitado, subordinado e condicionado.
b1) Poder Constituinte Derivado Emendador
As emendas constitucionais objetivam a alteração da Constituição vigente dependendo, portanto, de um processo legislativo especial previsto no próprio Texto Constitucional. Acrescente-se ainda que, as emendas constitucionais devem respeitar as limitações materiais (cláusulas pétreas) impostas pela Carta Magna.
No Brasil, em razão da rigidez da nossa Constituição, o processo legislativo a ser observado para a sua alteração, além de estar previamente previsto no Texto Constitucional, também deve ser mais dificultoso do que aquele exigido para a elaboração das leis.
O art. 60 da nossa Constituição Federal, portanto, prevê os seguintes limites para a elaboração de emendas constitucionais:
- Limites procedimentais em relação à iniciativa:
A proposta de emenda constitucional pode ser apresentada apenas pelo Presidente da República (art. 60, inciso II da CF); por um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal (art. 60, inciso I da CF) ou por mais da metade das Assembleias Legislativas das Unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros (art. 60, III da CF).
- Limites procedimentais em relação ao quórum:
A proposta de emenda deve ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros (art. 60, parágrafo 2º da CF).
- Limites materiais
O art. 60 § 4° da Constituição Federal veda a alteração das seguintes matérias da Constituição:
- Federação
- Voto direto, secreto, universal e periódico.
- Separação de poderes.
- Direitos e garantias individuais
- Limites circunstanciais
Consiste na proibição de alterar a Constituição Federal, através de emendas constitucionais, em certas circunstâncias excepcionais do país, quais sejam: na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio (art. 60, § 1º da Constituição Federal).
b2) Poder Constituinte Derivado Revisor
O poder constituinte revisor é aquele que permite a revisão de dispositivos constitucionais, através de um procedimento mais flexível que aquele exigido para a aprovação de emendas constitucionais, de modo a adaptar o Texto Constitucional às novas necessidades.
A Constituição Federal, no art. 3º do ADCT previu, expressamente, a realização de uma revisão constitucional, após o decurso do prazo de cinco anos da sua promulgação, estabelecendo o quórum da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.
c) Poder Constituinte Decorrente
O poder constituinte decorrente é o poder que os Estados-membros receberam da Constituição Federal para elaborarem e aprovarem suas próprias Constituições estaduais, desde que respeitadas as regras impostas pelo Texto Constitucional.
SOBERANIA
Conceito de Soberania
O conceito de soberania, segundo Paulo Bonavides, não foi conhecido na Antiguidade em suas formas de organização política, surgindo apenas com o Estado moderno, a partir da Revolução Francesa.
O autor também lembra que se no Século XIX alguns juristas consideravam a soberania como sendo um dos elementos essenciais do Estado. Na atualidade, este não é o entendimento da maioria dos doutrinadores, sob o prima do direito internacional.
Teorias a respeito da Soberania
Segundo Sahid Maluf, com relação à Fonte do Poder Soberano, existem várias teorias:
- Teoria da Soberania Absoluta do Rei
Esta Teoria, segundo Sahid Maluf, começou a ser sistematizada na França, no século XVI, tendo como um de seus mais destacados teóricos Jean Bodin, que sustentava que: “a soberania do rei é originária, ilimitada, absoluta, perpétua e irresponsável em face de qualquer outro poder temporal ou espiritual”.
Segundo o autor esta teoria tem fundamento histórico e baseou-se nas antigas monarquias fundadas no direito divino dos reis. O poder de soberania era o poder pessoal do rei e não admitia limitações. Esta doutrina “(...) firmou-se nas monarquias medievais, consolidando-se nas monarquias absolutistas e alcançando a sua culminância na doutrina de Maquiavel”.
- Teoria da Soberania Popular
Sahid Maluf ensina que esta teoria teve como precursores, entre outros, Altuzio, Marsilio de Padua, Francisco de Vitoria, Soto, Molina, Mariana, Suarez os quais reformularam a doutrina do direito divino sobrenatural, com a criação da teoria do direito divino providencial: “o poder público vem de Deus, sua causa eficiente, que infunde a inclusão social do homem e a consequente necessidade de governo na ordem temporal. Mas os reis não recebem o poder por ato de manifestação sobrenatural da vontade de Deus, senão por uma determinação providencial da onipotência divina. O poder civil corresponde com a vontade de Deus, mas promana da vontade popular - omnis potestas a Deo per populum libere consentientem-, conforme com a doutrinação do Apóstolo São Paulo e de São Tomás de Aquino”.
Verifica-se que esta Teoria deixou de aceitar o poder soberano do rei, passando a reconhecer um poder maior, exercido pelo povo, no sentido amplo, incluindo-se os estrangeiros residentes no país, sendo reconhecida como soberania constitucional.
- Teoria da Soberania Nacional
Esta Teoria também deixou de aceitar o poder soberano do rei, passando a reconhecer que a soberania provém da vontade da nação.
Conforme Sahid Maluf, esta teoria pertence à Escola clássica da qual Rousseau foi o mais destacado expoente e foi desenvolvida por Esmein, Harior, Paul Duez e outros que sustentaram que “(...) a Nação é a fonte única do poder de soberania.
O órgão governamental só o exerce legitimamente mediante o consentimento nacional”.
Verifica-se, portanto, que para esta teoria a soberania é originária da Nação, no sentido estrito de população nacional ou povo nacional.
Acrescente-se ainda que, as características da soberania, no conceito da Escola Clássica Francesa são as seguintes: una, indivisível, inalienável e imprescritível.
UNA: A Soberania é una, porque não existe mais de uma autoridade soberana na mesma área de validez da ordem jurídica.
INDIVISÍVEL: a soberania não se divide apesar de existir a delegação de funções e a repartição de competências pelo poder soberano INALIENÁVEL: a soberania não pode ser transferida ou alienada a outrem.
IMPRESCRITÍVEL: a soberania é imprescritível porque não existe soberania temporária, ou por prazo determinado.
- Teoria da Soberania do Estado
Esta teoria pertence às escolas alemã e vienense apoiando-se na ideia de que a soberania origina-se do Estado. Sahid Maluf ensina que seu maior expoente foi Jellinek o qual sustentou que “(...) a soberania é a capacidade de
autodeterminação do Estado por direito próprio e exclusivo”. Segundo o autor, Jellinek desenvolveu o pensamento de Von Ihering, segundo o qual a Soberania é uma qualidade do Estado.
Escola alemã e austríaca: Lideradas por Jellinek e Kelsen que defendem a estatalidade integral do direito. Nesse contexto, eles sustentam que a soberania é um direito do Estado, elaborado e promulgado pelo Estado de caráter absoluto e ilimitado, nem mesmo do direito natural. Assim, “toda forma de coação estatal é legítima, porque tende a realizar o direitocomo expressão da vontade soberana do Estado”.
Em que pese o seu caráter absolutista e totalitário, as Teorias da soberania absoluta do Estado acabaram por influenciar o pensamento político universal, tendo justificado o totalitarismo, especialmente, os Estados nazista e fascista. 
- Teoria Negativista da Soberania
Esta teoria também é absolutista, tendo sido formulada por Léon Duguit, desenvolvendo o pensamento de Ludwig Gumplowicz, para os quais a soberania é abstrata, não existe. O que existe é apenas a crença na soberania.
- Teoria Realista ou Institucionalista
Sahid Maluf ensina que, para a teoria realista ou institucionalista “(...) a soberania é originária da Nação (quanto à fonte do poder), mas, juridicamente, do Estado (quanto ao seu exercício)”. Para esta teoria a Soberania é um poder relativo que se sujeita a limitações.
Limitações da Soberania
Segundo Sahid Maluf a soberania é limitada:
a) pelo princípio de direito natural, na medida em que “(...) o Estado é apenas instrumento de coordenação do direito, e porque o direito positivo, que do Estado emana, só encontra legitimidade quando se conforma com as leis eternas e imutáveis da natureza”.
b) pelos direitos dos grupos particulares que compõe o Estado;
c) pelos imperativos da coexistência pacífica dos povos na órbita internacional.
DIREITOS DA NACIONALIDADE
Conceito
A nacionalidade pode ser definida como o vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que este indivíduo passe a integrar o povo daquele Estado e, por consequência, desfrute de direitos e submeta-se a obrigações. [1]
Espécies
A doutrina distinguiu a nacionalidade em duas espécies: a) originária; e b) adquirida.
Originária
É aquela que independe da vontade do indivíduo, é imposta unilateralmente pelo Estado no momento do nascimento. Há dois critérios estabelecidos: ius sanguinis (o que interessa para a aquisição da nacionalidade é o sangue, a filiação, a ascendência, pouco importando o local de nascimento), e o ius solis (também conhecido como critério da territorialidade. Aqui, o que importa é o local do nascimento e não a descendência).
Adquirida
É aquela que se adquire por vontade própria, depois do nascimento, normalmente pela naturalização.
Quem é o brasileiro Nato?
Como regra o Brasil adotou o critério do ius solis, porém, a regra não é absoluta, contemplando as seguintes exceções:
a) ius solis - qualquer pessoa que nascer no território brasileiro, salvo se os pais estrangeiros estiverem no Brasil a serviço de seu país. (Art. 12 – I, a).
b) ius sanguinis + serviço do Brasil – filhos de pais brasileiros nascidos no estrangeiro em serviço da República Federativa do Brasil (Art. 12, I, b).
c) ius sanguinis + registro – filhos de pais brasileiros nascidos no estrangeiro sem estar a serviço da República Federativa do Brasil, desde que tenham seus registros em repartições brasileiras competentes. (Art. 12, I, c).
d) ius sanguinis + opção confirmativa - filhos de pais brasileiros nascidos no estrangeiro sem estar a serviço da República Federativa do Brasil e que venham a residir no Brasil e optem, após a maioridade, pela nacionalidade brasileira (Art. 12, I, c).
Brasileiro Naturalizado
Como forma de aquisição da nacionalidade secundária a nossa CF/88 prevê o processo de naturalização que depende da vontade do interessado e da autorização estatal (ato discricionário).
a) originários de países de Língua Portuguesa – residência por 1 ano ininterrupto e idoneidade moral.
b) estrangeiros de qualquer nacionalidade – residência por mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal.
Nota: O Brasil mantém com Portugal o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta, celebrado em Porto Seguro em 22.04.2000 (Decreto n.o 3.927/2001). 
Neste caso, como os portugueses são originários de país de língua portuguesa, de acordo com a regra acima podem naturalizar-se brasileiros desde que tenham residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. Na hipótese de português com residência permanente no Brasil que não se naturalize brasileiro, por força do Tratado retromencionado e havendo reciprocidade em favor de brasileiro em Portugal, será atribuído ao português com residência permanente no Brasil, os mesmos direitos inerentes aos brasileiros, salvo nos casos de expressa vedação constitucional.
Tratamento
A CF/88 preconiza em seu artigo 5º, caput, o princípio da igualdade, não podendo haver distinção de nenhuma natureza. Não obstante, o artigo 12, § 2º reza: A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo os casos previstos nesta Constituição (rol taxativo de previsões).
Art. 5º, LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
Art. 12, § 3º - São privativos de brasileiros natos os cargos:
I – de Presidente e Vice-Presidente da República;
II – de Presidente da Câmara dos Deputados;
III – de Presidente do Senado Federal;
IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V – da carreira diplomática;
VI – de oficial das Forças Armadas;
VII – de Ministro de Estado de Defesa.
Art. 12, § 4º, I – Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.
Art. 89, VII – O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam:
[...]
VII – seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.
Art. 222 – A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.
Perda na Nacionalidade
As causas de perda da nacionalidade estão previstas no artigo 12, parágrafo 4o, I e II da CF/88, a saber:
- cancelamento da naturalização por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.
- aquisição de outra nacionalidade.
ESTADO MODERNO E DEMOCRACIA
O surgimento do Estado Moderno coincide com a modernização da sociedade que se iniciou no séc. XVI e termina com a Revolução Industrial, tendo como elemento central, a tecnologia e o aumento da produtividade. Esta época é caracterizada pelo surgimento de novos grupos sociais, pela ascensão da burguesia e por uma nova forma de legitimação do poder, o povo e, em consequência, pelos parlamentos.
Dalmo de Abreu Dallari ensina que, “a ideia moderna de um Estado Democrático tem suas raízes no século XVIII, implicando a afirmação de certos valores fundamentais da pessoa humana, bem como a exigência de organização e funcionamento do Estado tendo em vista a proteção daqueles valores”.
O Estado democrático somente passou a fazer parte do Estado Moderno após o sentimento social de revolta contra o absolutismo e a consequente afirmação dos direitos naturais da pessoa humana e a exigência de organização e funcionamento do Estado. Portanto, foi a partir da evolução do pensamento social, político e jurídico do século XVIII, que surgiu o Estado Democrático.
Rousseau e Locke tiveram grande influência para o desenvolvimento da ideia de Estado Democrático. Nesta seara três grandes movimentos políticos –sociais auxiliaram na condução do Estado Democrático:
a) Revolução Inglesa: teve grande contribuição de Locke. Os princípios desta revolução foram expressos no Bill of Rights (Declaração Inglesa dos Direitos), de 1689, expressão dos fatos políticos da época que estavam transformando a Inglaterra.
Segundo Dallari, esta Revolução possuía como pontos básicos:
1º) a intenção de estabelecer limites ao poder absoluto do monarca e a influênciado protestantismo;
2º) a afirmação do direito naturais dos indivíduos que nascem livres e iguais; e 3º) a necessidade de um governo da maioria, para assegurar a liberdade dos cidadãos, exercido pelo Poder Legislativo.
b) a Revolução americana: foi influenciada pelas ideias de liberdade que se propagavam na Europa. Em consequência, as treze colônias inglesas na América do Norte conquistaram a sua independência, sendo que seus princípios foram
expressos na Declaração de Independência, em 1776.
Dallari assevera que foi seguindo essa orientação é que se organizaram, “... primeiramente, as antigas colônias e, mais tarde, os Estados Unidos da América, procurando-se garantir sempre a supremacia da vontade do povo, a liberdade de associação e a possibilidade de manter um permanente controle sobre o governo”.
Esta afirmação da igualdade de direitos tornou-se um dogma da supremacia da vontade da maioria.
c) Revolução Francesa: foi influenciada por Rousseau. Considerando que as condições políticas da França eram diferentes das da América do Norte, existiram algumas diferenças entre as respectivas Revoluções. Os líderes franceses além de se oporem aos governos absolutistas que não permitiam a participação popular no poder, também enfrentavam uma grande instabilidade interna, além dos litígios
entre a Igreja e o Estado. Nesse contexto, surge a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão, em 1789, a qual, ao contrário do que ocorreu na Inglaterra
e nos Estados Unidos da América, teve um caráter mais universal.
Segundo Dallari, “declara-se, então, que os homens nascem e permanecem livres
e iguais em direitos. Como fim da sociedade política aponta-se a conservação dos
direitos naturais e imprescritíveis do homem, que são a liberdade, a propriedade,
a segurança e a resistência à opressão. Nenhuma limitação pode ser imposta ao
indivíduo, a não ser por meio da lei, que é a expressão da vontade geral. E todos
os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou por seus representantes,
para a formação dessa vontade geral. Assim, pois, a base da organização do
Estado deve ser a preservação dessa possibilidade de participação popular no
governo, a fim de que sejam garantidos os direitos naturais”.
Verifica-se, portanto, que a participação do povo no governo do Estado também
está entre os direitos defendidos pela Revolução Francesa. Portanto, foi a partir
destas Revoluções que o Estado democrático passou a fazer parte do Estado
Moderno, tendo como pontos norteadores para a exigência da democracia a
supremacia da vontade popular, a preservação da liberdade e a igualdade de
direitos.
Direitos Políticos
Conceito
São instrumentos por meio dos quais a CF garante o exercício da soberania
popular (poder de cada membro da sociedade estatal de escolher os seus
representantes no governo por meio do sufrágio universal e do voto direto,
secreto e igualitário), atribuindo poderes aos cidadãos para interferirem na
condução da coisa pública, seja direta ou indiretamente.
Previsão constitucional
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela União indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
II – a cidadania;
Parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 14 A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III - iniciativa popular.
Estado Democrático de Direito
I – Democracia direta (o povo exerce por si o poder);
II – Democracia representativa (o povo, soberano, elege seus representantes);
III – Democracia semidireta ou participativa (híbrida, representativa, com
peculiaridades da democracia direta).
Democracia semidireta ou participativa
A democracia semidireta ou participativa é aquela marcadamente representativa
com veios da democracia direta, sendo caracterizada pela presença:
a) do Plebiscito: Convocado pelo Congresso Nacional (competência exclusiva),
com anterioridade ao ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo
voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.
Referência: Art. 2º do ADCT: No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá,
a través de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o
sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no
País.
b) do Referendo: Autorizado pelo Congresso Nacional (competência exclusiva),
com posterioridade ao ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a
respectiva ratificação ou rejeição.
Exemplo: Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/2003)
Pergunta: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”
c) da Iniciativa popular: Em âmbito federal, na apresentação de projeto de lei
(um só assunto) à Câmara dos Deputados, subscrito por no mínimo 1% do
eleitorado nacional, distribuído por, pelo menos, cinco Estados, com não menos de
0,3% dos eleitores de cada um deles.
Exemplo: Lei 8930/94 (Lei Glória Perez). Após o assassinato da filha, a novelista
Glória Perez iniciou uma campanha para coletar 1,3 milhão de assinaturas com o
objetivo de alterar o Código Penal, de forma a incluir o homicídio qualificado no rol
dos crimes hediondos. As assinaturas foram entregues à Câmara do Rio de Janeiro
dois meses antes da morte da atriz completar um ano.
A iniciativa foi o primeiro passo para que a Lei nº 8.072/1990 fosse alterada, o
que aconteceu em setembro de 1994. A coleta de assinaturas foi a primeira
iniciativa popular de projeto de lei a se tornar lei efetiva na história do Brasil.
Direito Político positivo
Também conhecido como direito de sufrágio se caracteriza pela capacidade
eleitoral ativa e pela capacidade eleitoral passiva.
a) capacidade eleitoral ativa – direito de votar, capacidade de ser eleitor. O
exercício do sufrágio ativo se dá pelo voto, que pressupõe: alistamento eleitoral
(título), nacionalidade brasileira, idade mínima de 16 anos e não ser conscrito. O
voto poderá ser obrigatório ou facultativo.
a1) obrigatório – maiores de 18 e menores de 70 anos.
a2) facultativo – maiores de 16 e menores de 18 anos de idade; analfabetos e
maiores de 70 anos de idade.
Cláusula pétrea – Art. 60, §4º, II - Não será objeto de deliberação a proposta de
emenda tendente a abolir: II – o voto direto, secreto, universal e periódico.
b) capacidade eleitoral passiva – possibilidade de eleger-se, concorrendo a um
mandato eletivo, mediante o preenchimento das condições de elegibilidade:
nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento
eleitoral, domicílio eleitoral na circunscrição, filiação partidária e idade mínima de
acordo com o cargo ao qual se candidata, sendo:
a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) 30 anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-
Prefeito e juiz de paz;
d) 18 anos para Vereador. (Art. 14, §3º CF).
Direito Político negativo
São formulações constitucionais/legais restritivas e impeditivas das atividades
político-partidárias, privando o cidadão do exercício de seus direitos políticos,
impedindo-o de eleger um candidato ou de ser eleito.
a) Inelegibilidades – impossibilidade de eleger-se. Pode ser absoluta (inalistável e
o analfabeto) ou relativa (em razão da função, concorrência a outros cargos, de
parentesco e militares).
O artigo 14, § 9º determina que: Lei complementar estabelecerá outros casos de
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade
administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a
influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargoou
emprego na administração direta ou indireta. Lembrando que, a lei que alterar o
processo eleitoral entrará em vigor na data da sua publicação, não se aplicando à
eleição que ocorra até 1 (um) ano da data de sua vigência (art.16 CF/88).
Nota: Uma das hipóteses de inelegibilidade relativa decorrente de lei
complementar é a Lei da Ficha Lima (LC 135/2010). Pela Lei torna-se inelegível
aquele que for condenado, em decisão transitada em julgado ou proferida por
órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de
sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por
conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem
cassação do registro ou do diploma.
Perda dos Direitos Políticos
A perda dos direitos políticos poderá dar-se:
a) pelo cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado.
b) pela recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos
termos do art. 5º, VII.
c) perda da nacionalidade brasileira em virtude de outra.
Suspensão dos Direitos Políticos
A suspensão poderá dar-se:
a) incapacidade civil absoluta.
b) condenação criminal transitada em julgado.
c) improbidade administrativa.__
FORMA DE ESTADO
Federação
Roque Antonio Carrazza explica que a “Federação (de foedus, foedoris, aliança,
pacto) é uma associação, uma união institucional de Estados, que dá lugar a um
novo Estado (o Estado Federal), diverso dos que dele participam (os Estadosmembros).
Nela, os Estados Federados, sem perderem suas personalidades
jurídicas, despem-se de algumas tantas prerrogativas, em benefício da União. A
mais relevante delas é a soberania”.
Celso Ribeiro Bastos explica que a Federação pode surgir tanto da união de
Estados independentes que já existiam, como da divisão de um Estado unitário.
Segundo o autor, a Federação, em regra, “(...) implica na existência de um
fenômeno associativo ou de agrupamento de Estados preexistentes”. Entretanto,
“(...) também é possível atingir a federação a partir da desagregação de um
Estado unitário. É o que ocorre quando um Estado unitário inicial se separam as
diversas unidades autônomas que passarão a constituir seus Estados membros”.
O Estado federal que resulta de uma agregação de Estados que a ele preexistiam
é denominado por Manoel Gonçalves Ferreira Filho de “federalismo por
agregação”, como é o caso dos Estados Unidos, da Alemanha ou da Suíça. Por
outro lado, o Estado unitário que se descentralizou a ponto de gerar Estados que
foram “subpostos” é denominado pelo autor de “federalismo por segregação”,
sendo este o caso do Brasil.
A forma de Estado adotada pelo Brasil é a Federação, nos termos do art. 1º da CF,
caracterizada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e Distrito Federal.
A base da descentralização política do Estado Federal é a Constituição, a qual
segundo Michel Temer deve prever a descentralização, sem a qual não há como se
falar em Federação.
José Alfredo de Oliveira Baracho demonstra que a descentralização política está
associada com a autonomia dos Estados federados e com a participação desses
entes na formação da vontade legislativa do Estado federal.
Não se pode confundir ainda a Federação com a Confederação. Um dos principais
traços distintivos entre a Confederação e a Federação é a soberania, de modo que
se pode afirmar que os Estados confederados são soberanos e os Estados
federados são apenas autônomos.
Celso Ribeiro Bastos explica que a autonomia dos Estados federados “(...) não é
uma amplitude incondicionada ou ilimitada de atuação na ordem jurídica, mas tão
somente, a disponibilidade sobre certas matérias, respeitados, sempre, princípios
fixados na Constituição. Autonomia, destarte, é uma área de competência
circunscrita pelo direito, enquanto a soberania não encontra qualquer espécie de
limitação jurídica. O Estado federal é soberano do ponto de vista do direito
internacional ao passo que os diversos Estados-membros são autônomos do ponto
de vista do direito interno”.
Portanto, no que diz respeito à Federação, pode-se concluir que, no plano
internacional, soberano é o Estado Federal. No plano interno os Estados-membros
são pessoas políticas autônomas que receberam atribuições privativas do Texto
Constitucional, ressaltando que esta autonomia constitucional não é absoluta, mas
relativa, pois devem ser observados os limites traçados pela Constituição Federal.
Roque Antonio Carrazza ainda explica que, no Brasil, apesar de no plano
internacional, a União Federal “concentrar a soberania da Nação”, exercida em
condições de igualdade perante os demais Estados independentes, no plano
interno, a União Federal é uma pessoa política com atribuições privativas que se
assemelham aos Estados-membros, que, como ela, são autônomos. Conforme o
autor, isto só é possível, por força do princípio federativo:
"(...) no Brasil, por obra e graça do princípio federativo - verdadeira coluna mestra
de nosso sistema jurídico -, convivem harmonicamente (e nisto estamos com
Kelsen) a ordem jurídica global (o Estado brasileiro) e as ordens jurídicas parciais,
central (a União) e periféricas (os Estados-membros). Esta múltipla incidência só é
possível por força da cuidadosa discriminação de competências, levada a efeito
pela Constituição da República.
Não padece dúvida de que estas ordens jurídicas possuem campos de atuação
perfeitamente traçados pela Lei Máxima, de tal arte que em nenhuma hipótese
interferem umas com as outras. Nem, muito menos, atritam.”
Na Federação Brasileira, portanto, pode se afirmar que, juridicamente, não existe
hierarquia entre a União Federal e os Estados-membros. Neste contexto, cada
ente político (UF, Estados membros, Municípios e DF), recebeu competências
distintas do Texto Constitucional que lei alguma pode alterar.
Pode-se concluir, portanto, que no Brasil, em decorrência do Princípio Federativo,
inexiste hierarquia as pessoas políticas, sendo esta igualdade garantida pela rígida
repartição de competências entre estes entes políticos, expressamente prevista na
Constituição Brasileira.
Roque Antonio Carrazza ensina que “foi para evitar possíveis choques que o
Constituinte delimitou as competências federais e estaduais. A União e Estados só
podem desenvolver suas atividades nos campos que lhes foram reservados.
Assim, nem a União há de invadir os limites da competência dos Estados, nem
estes poderão imiscuir-se em assuntos federais”.
De outro lado, como já referido, no Brasil, o Município também faz parte da
Federação (arts. 1º, 18, 29 e 30 da CF), juntamente com a União Federal e os
Estados-membros, mesmo não possuindo representação no Legislativo federal
(art. 45 e 46 da CF) e Poder Judiciário. Entretanto, neste ponto, a doutrina
diverge.
Para José Afonso da Silva, José Nilo de Castro, Roque Antonio Carrazza, o
Município não é integrante da Federação Brasileira sob os seguintes fundamentos:
a) na inexistência de Federação de Municípios;
b) na falta de representação destes entes políticos no Senado Federal;
c) na impossibilidade de um Município apresentar uma proposta de emenda
constitucional;
d) na falta de previsão autorizando a intervenção da União Federal nos Municípios;
e
e) no fato do ente municipal não possuir Poder Judiciário.
Contrapondo-se a esse entendimento Celso Ribeiro Bastos demonstra que o
reconhecimento de que o Município integra a Federação Brasileira contraria os
estudiosos que adotaram “(...) um modelo mais clássico de federação, onde se
desconhece a ordem municipal no próprio nível da Constituição (...)”.
Perfilham o mesmo entendimento Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes
Júnior e Manoel Gonçalves Ferreira Filho o qual reconhece que a Constituição em
vigor foi clara ao incluir o Município entre os entes federativos (art. 1º), sendo que
os arts. 29 e 31 garantiram a autonomia municipal semelhante a dos Estadosmembros
e lhe atribuíram o poder de auto-organização.
Donde seconcluir que, o Município, ao lado da União Federal, dos Estadosmembros
é ente federativo, dotado de autonomia, dentro da atribuição de
competência traçada pela Constituição Federal, ao qual cabe a organização, sem
interferências, de seu governo e o estabelecimento de suas normas jurídicas.
Verifica-se, portanto, no ordenamento pátrio, a autonomia municipal é assegurada
ao Município, dentro da atribuição de competências prevista pela Constituição
Federal, cabendo-lhe organizar seu governo, instituir e arrecadar seus tributos e
estabelecer suas próprias normas.
De fato, a autonomia dos Municípios ao lado dos Estados membros é caracterizada
em:
a) Autonomia de auto-organização: trata-se da capacidade que os Municípios (art.
29, caput) e os Estados membros receberam de elaborarem suas Leis Orgânicas e
Constituições Estaduais, respectivamente.
b) Autonomia de autogoverno: assegurada aos Municípios (art. 29, I, da
Constituição Federal) e aos Estados Membros ao garantir eleições diretas
municipais para prefeito, vice-prefeito e vereador (tendo sido extinta, portanto, a
nomeação de prefeito no Município) e para governador, vice-governador e
deputados estaduais, respectivamente.
c) Autonomia legislativa: consiste na capacidade dos Municípios de legislarem
sobre matérias de assunto local, de sua competência exclusiva (art. 30, I),
inclusive sobre a instituição de tributos próprios; de suplementar a legislação
federal e estadual (art. 30, II), no que couber. Trata-se ainda da capacidade
atribuída aos Estados membros para legislarem nos termos do art. 25, parágrafo
1º da CF e do art. 24 da CF (competência concorrente).
d) Autonomia financeira e tributária: trata-se da capacidade que os Municípios e
os Estados membros receberem de criar e cobrar seus tributos dentro de suas
respectivas competências.
FORMA DE GOVERNO
República
A forma de governo adotado pelo Brasil é a República, por força do disposto no
art. 1º da CF que reza: “A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito [...].
República é a forma de governo, fundado na igualdade formal das pessoas (sendo
que todos são cidadãos e não súditos), em que os detentores do poder político
exercem-no em nome do povo e em caráter eletivo, representativo (de regra),
transitório e com responsabilidade.
A República impõe o princípio da igualdade. A res publica é de todos e para todos.
A República é caracterizada por mandatos e eleições.
Eleições: em uma República o povo elege os chefes do Poder Executivo e os
membros do Poder Legislativo, através do sufrágio universal.
Mandato: esta transferência de poder aos representantes eleitos pelo povo se dará
por um período determinado. A transitoriedade do mandato permite que o povo
avalie, periodicamente, seus mandatários.
Em uma República, o governante é responsável politicamente. Assim sendo, no
Brasil, o Presidente da República responde por crimes de responsabilidade nos
termos do art. 85 da CF.
O princípio republicano alcança não só a União, como as demais pessoas políticas
existentes no Estado brasileiro.
A forma republicana não se caracteriza, apenas, pela coexistência dos três
poderes, mas sim pelo fato de que os Poderes Legislativo e Executivo são oriundos
de eleições populares, acarretando desta forma o aval popular para o
preenchimento das funções legislativas e executivas no âmbito federal, estadual e
municipal.
Quanto ao regime de governo, este pode ser presidencialista ou parlamentarista.
O modelo adotado no Brasil é o presidencial, sendo o nível do poder mais elevado
do Presidente da República.
No presidencialismo, o Presidente da República acumula dupla função, que é a de
Chefe de Governo (na condução administrativa do país) e de Chefe de Estado
(simboliza a Nação). Escolhido pelo voto por um período determinado de 4 anos
PARTIDOS POLÍTICOS
Para José Afonso da Silva (1992, pag.395) partido político "é uma agremiação de
um grupo social que se propõe organizar, coordenar e instrumentar a vontade
popular com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de governo".
Para Celso Ribeiro Bastos, citado por Pedro Lenza (2016, pag.1393) por sua vez
define partido político como "uma organização de pessoas reunidas em torno de
um mesmo programa político com a finalidade de assumir o poder e de mantê-lo
ou, ao menos, de influenciar na gestão da coisa pública através de críticas e
oposição".
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu, em seu art. 17, a regra da liberdade
de organização partidária:
"Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação, e extinção de partidos políticos,
resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:"
Essa regra é excepcionada no próprio artigo 17 ao demonstrar que não se trata de
liberdade partidária absoluta, pois que se deve ainda observar os seguintes
preceitos
I - caráter nacional.
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo
estrangeiros ou de subordinação a estes.
III - prestação de contas a Justiça Eleitoral.
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
V – vedação da utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
Aos partidos políticos é assegurada autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento e para adotar critérios de escolha e o regime de
suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus
estatutos normas de disciplina e fidelidade partidária (§ 1º, art.17 CF).
Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado, e como tal a sua
constituição dar-se-á na forma da lei civil, através do registro do ato constitutivo
no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Após adquirirem personalidade jurídica,
registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral (§ 2º, art.17 CF).
Observados os requisitos mencionados, os partidos têm direito a recursos do
fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei (§3º,
art.17 CF). Além disso, também se beneficiam da imunidade tributária que veda à
União, aos Estados, Distrito Federal e aos Municípios, instituir imposto sobre o
patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações.
O STF declarou inconstitucionais os dispositivos da lei 9096/95 (Lei dos Partidos
Políticos) que instituíram a chamada "cláusula de barreira", a qual "restringia o
direito ao funcionamento parlamentar, o acesso ao horário gratuito de rádio e de
televisão e a distribuição dos recursos do Fundo Partidário" (Notícias STF
07.12.2006).
A inconstitucionalidade decorre da tentativa de condicionar o funcionamento
parlamentar a determinado desempenho eleitoral, comprometendo a participação
dos pequenos partidos que não gozam das mesmas condições que os demais.
O entendimento foi o de que tais dispositivos violam o art.1º, V, o qual prevê que
um dos fundamentos da República é o pluralismo político.
De acordo com entendimento do STF a fidelidade partidária deve ser respeitada
pelos candidatos eleitos. Em tese, aquele que mudar de partido sem o motivo
justificado perderá o cargo eletivo. A mudança de partido caracteriza o desvio
ético-político e pode gerar desequilíbrio no parlamento. Não deixa de ser uma
fraude a vontade do povo. Daí decorre que a mudança poderia ser feita por justa
causa, como foi o caso do Deputado Federal Clodovil Hernandez. Com a morte do
Deputado surgiu a questão de saber se o suplente deveria ser do partido pelo qual
ele se elegeu ou do novo partido em virtude da mudança por justa causa.
O STF pronunciou-se no seguinte sentido: EMENTA: CONSTITUCIONAL.
ELEITORAL. FIDELIDADE PARTIDÁRIA. TROCA DE PARTIDO. JUSTA CAUSA
RECONHECIDA. POSTERIOR VACÂNCIA DO CARGO. MORTE DO PARLAMENTAR.
SUCESSÃO.LEGITIMIDADE. O reconhecimento da justa causa para transferência
de partido político afasta a perda do mandato eletivo por infidelidade partidária.
Contudo, ela não transfere ao novo partido o direito de sucessão à vaga.
Segurança denegada. (MS 27.938, Rel. Min. Joaquim Barbosa. j. 11.03.2010,
Plenário, DJE de 30.04.2010.

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