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1 
 
A importância da Iniciação Científica na formação acadêmica 
e profissional do aluno 
Reinaldo Arruda Pereira1 
 
RESUMO 
Este artigo é resultado de uma participação, como palestrante, no III Congresso de iniciação 
Científica na FBMG, ocorrido em 24 e 25 de maio de 2013. A partir de uma importante 
temática - Como fazer da pesquisa o diferencial profissional em tempos de concorrências 
acirradas? - destacamos a importância da iniciação científica na formação acadêmica e 
profissional do aluno. Por entendermos que a proposta foi desafiar os graduandos a tomar 
gosto pelo estudo, pela aprendizagem dentro e fora de sala de aula e pela pesquisa, a 
abordagem priorizou a gestão eficaz da vida acadêmica, o que certamente envolve professores 
e alunos. Assim, os objetivos deste texto são duplos. Em primeiro lugar, é realçar a 
importância da Iniciação Científica na formação acadêmica e profissional do aluno, já que o 
mundo do trabalho exige pessoas autônomas, criativas e comprometidas com a inovação e 
com a produção de novos conhecimentos e produtos. Em segundo lugar, é enfatizar que as 
IES precisam cumprir uma importante exigência que é vincular e sintonizar a pesquisa nos 
projetos pedagógicos dos seus diferentes cursos de graduação. 
 
Palavras chave: Formação Acadêmica, Pesquisa, Profissional, Problema, Perguntas. 
 
ABSTRACT 
This article is a result of participation as a speaker at the III Congress of Scientific Initiation 
in FBMG, held on 24 and 25 May, 2013. The thematic was: How to make the research 
become a professional differential in times of fierce competitions? We highlighted the 
importance of scientific research in academic and professional student’s training. Our 
proposal was to challenge undergraduates to take taste for study and research, for learning in 
and out of the classroom. We prioritized the approach to the effective management of 
academic life, which certainly involves teachers and students. The objectives of this paper are 
twofold. First, is to highlight the importance of Scientific Initiation in academic and 
professional training of the student, as the world of work requires autonomous, creative 
individuals committed to innovation and the production of new knowledge and products. 
Second, is to emphasize that institutions of higher education need to fulfill a major 
requirement which is to link and tune the research in pedagogical projects of its various 
undergraduate courses. 
 
Keywords: Academic Training, Research, Professional, Problem, Questions. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
1
Pós-graduação “Strictu Sensu”: Doutor em Ciências da Religião, UMESP-SP, 2011; Mestre em Educação, 
PUC-MG, 2002. “Lato Sensu”: Filosofia para o pensar, PUC-SP, 1997; Metodologia do Ensino Superior, 
CEPEMG, 2000; Graduação: Pedagogia, FAFI-BH, 1995; Licenciado em Filosofia, PUC-MG, 1998; Bacharel 
em Teologia, FTBP-PR, 2013. Atividade profissional: professor e coordenador pedagógico da FBMG. 
 
2 
 
“Frequentemente, a formulação de uma pergunta pode ser mais importante 
que sua resposta” - Einstein. 
 
A iniciação científica, conforme a LDBEN 9394/96, pode ser considerada como um 
dos componentes curriculares imprescindíveis no Ensino Superior, sendo tratada e pensada 
como um princípio científico e educativo. Nesta direção, a iniciação científica deve vista 
como um processo contínuo que envolva alunos e professores e que extrapole o espaço formal 
da sala de aula. Assim, conforme preconizada pela legislação, a Iniciação Científica é uma 
forma especial de despertar a vocação científica dos alunos da graduação e de estimular uma 
maior articulação entre a graduação e pós-graduação. 
A atividade de iniciação científica é, na estrutura curricular, o aspecto pedagógico 
mais forte para que o método científico seja compreendido e utilizado com eficácia. A 
iniciação científica é também um processo que vai além de um conjunto de técnicas para 
coletar, organizar, tratar ou analisar dados. É nesse sentido que a atividade de pesquisa 
adquire um papel de prática pedagógica, o que envolve tanto os professores quanto os alunos. 
O envolvimento do aluno nas atividades de iniciação científica não se relaciona 
somente com a formação acadêmica e sua progressividade. Pelo contrário, relaciona-se 
diretamente com a formação profissional e a empregabilidade, já que o trabalho de pesquisa 
diz respeito à busca de soluções de problemas e aumento da criatividade e criticidade, tanto 
quanto a produção de conhecimentos. Neste contexto, a iniciação científica tem a ver com a 
problematização, o perguntar permanente e com o trabalho qualitativo que o professor e 
alunos realizam dentro da sala de aula. 
 
2. A INICIAÇÃO CIENTÍFICA E A RELEVÂNCIA DAS PERGUNTAS 
 
Na busca de pensar a ,formação do aluno a partir da iniciação científica em qualquer 
curso superior faz-se necessário resgatar o significado e a importância de se aprender a fazer 
perguntas. A aprendizagem de questionar e de fazer perguntas é o primeiro e o mais 
importante elemento da Iniciação Científica, pois é deste aprendizado que surgem os 
problemas de pesquisa. O ato e o processo de perguntar estão diretamente relacionados com a 
educação superior e com a formação para a pesquisa. Portanto, aprender a perguntar e a fazer 
perguntas são processos interligados e que devem fazer parte do trabalho do professor e do 
aluno. Ambos devem ser vistos como um componente didático-pedagógico e, ao mesmo 
tempo, como um elemento científico, pois, segundo Paulo Freire (2002:29), é impossível 
3 
 
haver ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino, e os dois num constante buscar e re-
procurar. 
Na nova proposta de ensino superior, e esta é a concepção da FBMG, professores e 
alunos são concebidos como investigadores, como sujeitos que cultivam uma aguçada 
curiosidade e a atitude questionadora. Tal como afirma Demo (2003:28), a atitude 
pedagógico-científica de saber procurar e de questionar (pesquisa) são a mola propulsora do 
“questionamento reconstrutivo”. O questionamento em sala de aula é tanto um elemento 
didático-pedagógico, quanto científico, já que por meio dele se desencadeia uma e/ou várias 
buscas e procuras. 
Nesta perspectiva, o perguntar e o questionar são partes integrantes do processo da 
Iniciação Científica e um dos pilares do início da caminhada de professores e alunos 
pesquisadores. A proposta de educação superior da FBMG parte do pressuposto que 
professores e alunos estão juntos em novas descobertas, que ambos aprendem, perguntam e 
pesquisam juntos, e que a aprendizagem é o foco da sala de aula. 
Na FBMG, professores e estudantes são pensados como perguntadores, observadores, 
inquiridores e intelectualmente incomodados com o seu saber e com o que ensinam e 
aprendem. A pergunta é o ponto de partida para o pesquisador e elas precisam ser 
transformadas em estratégias de ensino, aprendizagem e pesquisa. Logo, a sala de aula deve 
ser um espaço aberto às perguntas, pois elas representam a necessidade de busca de respostas 
e de informações sempre novas, construções inacabadas e provisórias. 
Em se tratando de perguntas, dois aspectos precisam ser entendidos e adotados por 
professores e alunos: a) a elaboração de perguntas não é uma tarefa tão simples como pode 
parecer à primeira vista; b) as perguntas formuladas não podem induzir à resposta. 
A Iniciação Científica, nessa direção, está relacionada diretamente com a atitude, o ato 
e o processo de perguntar. Quem não tem pergunta não sai em busca de respostas. O 
pesquisador que não tem perguntas é como um comprador que está sem dinheiro, crédito, 
cheque e cartão de crédito, não compra nada.Vale destacar, que a nova proposta de ensino 
superior rompe definitivamente com aquele professor transmissor de conhecimento e com 
aquele aluno que quer tudo pronto. A ideia é romper com a velha apostila, a transmissão de 
conteúdos e com toda espécie de passividade do professor e do aluno frente à possibilidade de 
produção de novos conhecimentos. 
Na educação superior a ênfase não é mais a transmissão de conteúdos por parte dos 
professores. A ênfase é a busca solidária de respostas aos problemas teóricos e práticos, é o 
trabalho em equipe e em grupo para a produção conhecimentos e solução criativa para a vida, 
4 
 
a sociedade e o trabalho. Daí a importância do engajamento de professores e alunos no 
processo de perguntar e de inquirir e participar, juntos, em projetos de iniciação científica. 
Não será fazendo de nossos alunos meros depositários de informações que estaremos 
formando os cidadãos e profissionais de que a sociedade necessita. Segundo Demo (2003), a 
sala de aula que apenas repassa o conhecimento, não sai do ponto de partida e, na prática, por 
ficar restrita ao seu ponto de partida, atrapalha o aluno, porque o deixa como objeto de ensino 
e instrução. 
Para isto, as atividades acadêmico-educativas, curriculares e extracurriculares, 
voltadas para a solução de problemas e para o conhecimento da realidade, tornam-se 
importantes instrumentos para a formação dos nossos estudantes. Neste sentido, a educação 
deve articular teoria e prática, voltar-se à (re)construção de conhecimentos e ir além da 
instrução, já que o tipo de formação centrada no mero repasse de conteúdos parece não 
atender suficientemente às necessidade do mundo atual. 
A Iniciação Científica exige perguntas por que tem uma estreita relação com a 
pesquisa, a aprendizagem, a produção de conhecimento e a criatividade. Logo, está associada 
ao mundo à formação profissional e ao mundo do trabalho. Para fazer pesquisa é preciso ter 
perguntas. Quem deseja envolver-se com um projeto de iniciação científica tem de ter 
perguntas. Assim sendo, o ato permanente de perguntar, propor perguntas e problematizar a 
realidade constituem-se num dos fundamentos da Iniciação Científica, num eixo pedagógico 
da aprendizagem autônoma do aluno e num exercício de liberdade dentro e fora da sala de 
aula. 
 
3. A SALA DE AULA E A INICIAÇÃO CIENTÍFICA 
 
A sala de aula é um espaço de perguntas e questionamentos. Por isso, a sala de aula no 
ensino superior mantém uma relação íntima e estreita com a iniciação científica. A partir 
dessa relação, o tempo e o espaço da sala de aula são para favorecer a aprendizagem e a 
produção de novos conhecimentos. Devido a esta natureza, que é tanto acadêmico-pedagógica 
quanto científica, a sala de aula é um dos mais poderosos espaços para se desafiar o poder e as 
verdades estabelecidas. Por esse viés, a sala de aula recebe uma nova configuração, deixando 
de ser aquele “lugar sagrado” para ser pensado como um “espaço humano” e de humanização, 
onde perguntar faz parte da ação de conhecer e aprender. 
Com a nova configuração da sala de aula é praticamente impossível imaginar a ação 
educativa de um docente no ensino superior que não seja precedida por algum tipo de 
5 
 
investigação. Nesse sentido, a sala de aula não pode ser e nem se constituir como um espaço 
exclusivamente para transmitir conhecimentos. Ao contrário, é um espaço aberto para se 
desenvolver a habilidade de elaborar perguntas e de fazer indagações. Vale ressaltar que a sala 
de aula apresenta-se como o lugar autêntico para a produção de conhecimento coletivo da 
aprendizagem e não somente para a transmissão de respostas dadas pelos professores. 
A sala de aula é o lugar de perguntar, questionar e não apenas de ouvir e/ou responder. 
É o espaço para a autonomia de aprender a perguntar, indagar e não para encontrar respostas 
prontas. Sendo assim, a sala de aula passa a ser vista e vivenciada como um espaço e tempo 
da aprendizagem, já que o movimento de aprender por meio da pesquisa inicia-se com o 
questionar. A sala de aula, nesta perspectiva, torna-se um local privilegiado para a iniciação 
científica, já que ela é um lugar de procura. 
A Iniciação Científica tem a ver com a sala de aula. A relação entre a sala de aula e a 
Iniciação Científica é direta e estreita, pois neste importante espaço desenvolve-se a 
habilidade de transformar questões em processo de investigação. Portanto, a sala de aula é um 
lugar de despertar nos alunos atitudes de busca, investigação e o perguntar permanente. Tal 
como declara Freire (1985), é dentro da sala de aula que acontece a Pedagogia da Pergunta. 
A sala de aula é um lugar especial, principalmente quando o assunto é a inserção de alunos e 
professores no ato e processo de pesquisar e produzir conhecimento. A sala de aula é um dos 
lugares privilegiados no ensino superior, pois é neste importante espaço que os sujeitos da 
educação, professores e alunos, começam a pensar juntos e a criar a cultura do livre pensar, da 
pesquisa e da crítica criativa. Dessa forma, a sala de aula constitui-se no principal lugar em 
que o professor trabalha para favorecer a autonomia intelectual do aluno. 
A sala de aula é um espaço precioso e determinante para o desenvolvimento 
intelectual, investigativo, afetivo, relacional e social do aluno e isto é mediado pelo professor. 
Mas, para que isto aconteça efetivamente, de acordo com Freire (2003), é necessário descartar 
a fala de separação radical existente entre seriedade docente e afetividade. Pode-se ressaltar, 
então, que o desenvolvimento do aluno nas dimensões apontadas é fundamental para que 
aconteça o processo de ensino-aprendizagem e a inserção do aluno em projetos de Iniciação 
Científica. Como enfatizam Jorge dos Santos Lima e Regina Lúcia Moreira Sousa (2008) este 
é o caminho que ajuda no bom aproveitamento do processo ensino-aprendizagem e no 
envolvimento do aluno nos desafios da Iniciação Científica. 
Em se tratando do Ensino Superior, a sala de aula não é o único espaço para a 
Iniciação Científica. Contudo, é o local em que se muda, altera ou elimina aquela imagem de 
um mundo estranho, distante, restrito e impossível que é a Iniciação Científica e a pesquisa. 
6 
 
Nesse sentido, a função precípua da sala de aula é aproximar sujeitos, criar possibilidades de 
troca entre eles e estabelecer semelhanças ou diferenças entre a cultura informalizada e 
“espontânea” do aluno e as linguagens acadêmicas e teorias científicas da cultura elaborada. 
A sala de aula é um espaço decisivo para a implantação e o desenvolvimento da atitude e da 
cultura da pesquisa, principalmente, se este espaço for utilizado para modificar a relação entre 
professor e aluno e o que se faz na sala de aula. 
A nova proposta de educação superior parte do pressuposto que professores e alunos 
estão juntos em novas descobertas, que ambos aprendem e pesquisam juntos, e que a 
aprendizagem é o foco da sala de aula. Sobre este aspecto, Freire (2002:29) afirma: “Não há 
ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. (...) Enquanto ensino continuo buscando, re-
procurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago”. Na 
perspectiva assinalada, a sala de aula assume um caráter diferente e “inovador” e, ao mesmo 
tempo, transformador. É lugar de ensino, mas também de questionamento e investigação. É 
um espaço pedagógico, político, humano e, acima de tudo, de alteridade, um lugar de vida, de 
liberdade. 
A sala de aula como um espaço de Iniciação Científica é lugar especial. Ela é lugar de 
encontro do conhecimento; de encontro intelectual, afetivo, comunicacional. Assim, a sala de 
aula, por mais que seja lugar de encontro para a aprendizagem e a buscado conhecimento, ela 
é um lugar onde não pode haver ausência de humanidade, de humanização e de sujeitos que 
estão em processo de aprendizagem e de maturação permanente. 
 
4. A INICIAÇÃO CIENTÍFICA E OS SUJEITOS DO PROCESSO EDUCATIVO 
 
A Iniciação Científica altera a relação entre professor, aluno e conhecimento. Isto 
significa que a sala aula adquire um novo sentido e uma nova reconfiguração para aqueles que 
estão envolvidos com a prática pedagógica, ou seja, o docente e o discente. Com isso, é 
possível eliminar-se a passividade e o comodismo pedagógico, já que ambos, professor e 
aluno, são sujeitos do processo educativo, o que envolve tanto o ensinar quanto o aprender. 
Em havendo, com a Iniciação Científica uma transformação na relação professor, aluno e 
conhecimento, não deverá haver também separação entre o docente que ensina e o que faz 
pesquisa. Nesse sentido, o professor, mesmo tendo uma tarefa acadêmica diferente quando 
comparada à dos alunos, educa pela pesquisa. Sobre este aspecto, Demo (2003, p.2) esclarece: 
“educar pela pesquisa tem como condição primeira que o profissional da educação seja 
7 
 
pesquisador, ou seja, maneje a pesquisa como princípio científico e educativo e a tenha como 
atitude cotidiana”. 
Ora, se este princípio científico e educativo vige e vale para o professor, vigora e vale 
também para o discente. Ou seja, não pode existir separação entre o aluno que está em sala de 
aula estudando e aprendendo e aquele que, fora dela, lê, investiga, faz pesquisa e produz 
textos conhecimento. Assim sendo, adotar este princípio na prática pedagógica implica que a 
pesquisa seja vivenciada como um caminho didático e investigativo para professor e aluno, 
cujo foco passa a ser a aprendizagem e a autonomia intelectual daquele que está em formação. 
Neste processo, tal como destaca Veiga (2004, p. 17), o significado de ensinar a pesquisar é 
para estimular a criatividade, o espírito investigativo e a curiosidade dos sujeitos envolvidos 
no processo educativo, professores e alunos. 
Dessa maneira, partindo do pressuposto de que professores e alunos são, ao mesmo 
tempo, ensinadores e aprendentes, sujeitos que ensinam e aprendem juntos, pode-se salientar a 
existência de diferentes saberes na trajetória de cada um deles. É neste contexto de interação e 
de colaboração entre os sujeitos do processo educativo que acontece a indissociabilidade do 
ensino e da aprendizagem, na perspectiva da construção e da reconstrução dos conhecimentos 
pelos indivíduos, tanto os ensinantes quanto os aprendentes. 
A Iniciação Científica, nesta perspectiva, possibilita uma relação entre os sujeitos do 
processo educativo. O relacionamento que se estabelece entre eles deve ser didático-
pedagógico e, ao mesmo tempo, acadêmico-científico. Por ter esta especificidade, esta relação 
deve ser colaborativa e criativa. Logo, toda proposta de trabalho e de ensino-aprendizagem 
dentro e fora da sala de aula são precedidos por um compromisso consequente com a pesquisa 
e a produção de conhecimento. Nesse sentido, os sujeitos inseridos no processo educativo 
estabelecem uma relação de troca e de aprendizagem. Porém, esta relação não anula a 
responsabilidade do docente quanto ao êxito da aprendizagem dos alunos e nem a condição de 
orientador no processo de Iniciação Científica que ele possui. 
Nesta relação entre professor e aluno há duas realidades diferentes, a do professor e a 
do aluno. A diferença existente entre os sujeitos e entre estas duas realidades não impede o 
encontro. Portanto, a Iniciação Científica pressupõe diferentes sujeitos e diferentes realidades, 
mas também uma pedagogia do encontro. E como enfatiza Alfonso López Quintás (2005), o 
encontro se realiza quanto entramos em jogo com uma realidade que tem algum tipo de 
iniciativa que promove o enriquecimento mútuo. 
Isto indica que professores e alunos podem se encontrar e se unir em prol da 
aprendizagem e da pesquisa. Este encontro, por possuir uma natureza educativa, pedagógica, 
8 
 
investigativa e relacional exige união, porém, sem gerar fusão e confusão entre eles e seus 
importantes papeis como sujeitos inseridos no processo educativo. A Iniciação Científica se 
pensada a partir da pedagogia do encontro não é apenas aproximação física, é encontro em 
que professores e alunos desenvolvem a curiosidade, o espírito investigativo e a criatividade 
acadêmico-científica. 
Nesse sentido, o papel do docente e também do aluno adquirem um novo significado, 
ambos são vistos como pesquisadores. O docente, por ter um papel de professor-pesquisador é 
o de criar condições para que os alunos aprendam a pesquisar. O aluno, por pesquisar 
temáticas vinculadas à formação à sua formação, tem o papel de assumir a experiência da 
Iniciação Científica como fonte de conhecimento e como um importante elemento para a sua 
formação profissional. Vale ressaltar que a Iniciação Científica deve ser um componente de 
ensino, aprendizagem e de avaliação e se constituir num ponto de partida e de chegada para a 
compreensão, apreensão e transformação da realidade. Nessa direção, conforme sugere André 
(2006, p.222): “[...] é preciso utilizar, na formação inicial, uma metodologia presidida pela 
pesquisa, que leve à aprendizagem da reflexão educativa e que vincule constantemente teoria 
e prática”. 
 
5. A INICIAÇÃO CIENTÍFICA E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL 
A iniciação científica e a formação profissional são indissociáveis e podem ser 
pensadas como sendo os dois lados de uma mesma moeda. Contudo, a aproximação entre uma 
e outra não é uma tarefa simples, principalmente na sala de aula e na prática pedagógica de 
um curso ou IES. É neste espaço, a sala de aula, que deve haver a maior aproximação possível 
entre iniciação científica e formação profissional, o que deve envolver regularmente 
professores, alunos e as experiências do mundo do trabalho. 
Vale destacar, então, que a iniciação científica tem uma função pedagógica e 
acadêmica muito importante na IES, que é a de interligar o que, em tempos atrás, estava 
separado e distante da sala de aula, que é a formação profissional. Esta função, no entanto, só 
será cumprida a contento se a educação foi desenvolvida numa perspectiva integral e 
holística. Essa perspectiva não descarta a postulação de um “ethos” local e global, o que é 
necessário em qualquer curso de graduação. Com isso, há a sinalização de que a IES e toda a 
sua equipe de professor devem pensar a educação superior não mais pelo prisma do 
conteudismo e da transmissão do conhecimento. 
O que se está enfatizando é que a sala de aula, aquele que é espaço de investigação e 
de formação profissional, não é somente um lugar de transmissão de conteúdo e de 
9 
 
conhecimentos. Conforme destaca Vera M. V. Candau (1997), na prática, isto não significa a 
retirada do conhecimento da sala de aula. Ou seja, significa que a sala de aula e também a IES 
são espaços para trabalhar com a prática, o social e o profissional a partir da constituição dos 
saberes do professor e do aluno. Considerando tais aspectos como inter-relacionados ao 
trabalho docente e à ação do aluno, Freire (2003: 29) esclarece: 
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram 
um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino 
porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, 
constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que 
ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. 
O que se quer afirmar é que a pesquisa e/ou a iniciação científica está tomando corpo 
em muitas IES. E é isso que preconiza a LDB 9394/96 a respeito das instituições de ensinosuperior, as quais têm sido consideradas um lugar em que se vivencia a cultura universal e que 
tem por finalidade o ensino, a pesquisa e a extensão. Daí a proposição de que a FBMG seja, 
cada vez mais, uma instituição organizada para a formação de profissionais que atuarão na 
sociedade. Portanto, a sala de aula da FBMG não é um espaço em que o professor vai “dar” 
suas aulas e o aluno “recebe” aulas. Não. É um lugar de busca, de procura e re-procura. É um 
espaço de indagação e de investigação e de ensino e de formação profissional. 
Nos dias atuais o mercado de trabalho está associado à competitividade e às novas 
tecnologias, o que exige do profissional não só o conhecimento teórico, mas também um o 
prático. Neste contexto, a formação no ensino superior, além de estar voltada ao mundo do 
trabalho, deve ser baseada na produção de conhecimentos, focando as competências e as 
habilidades. Com um mercado de trabalho em ebulição e em alteração o tempo todo, o foco 
da educação superior passa a ser outro. Não é só diplomar, é formar o profissional que o 
mercado de trabalho necessita, o que, segundo Auro de Jesus Rodrigues (2006), precisa ser 
acompanhado de uma análise crítica, reflexiva e criativa. 
A FBMG tem procurado trilhar um caminho e uma caminhada acadêmico-pedagógica 
em que a iniciação científica esteja de mãos dadas com formação para o mundo do trabalho e 
consequentemente para a formação profissional do aluno. Por isso, adota um esquema que nos 
ajuda a entendermos a relação entre a Iniciação Científica e a formação profissional: ensino 
superior + Iniciação Científica + pensamento crítico e criativo = soluções inovadoras no 
mundo do trabalho. 
Sendo assim, a FBMG com sua proposta pedagógica em todos os seus cursos busca 
alinhar a sala de aula, o fazer docente e discente à iniciação científica e à formação 
profissional. Neste sentido, a IES tem a intenção de garantir ao estudante uma visão de mundo 
que: 
10 
 
 A cidadania começa com uma boa educação; 
 A formação é indissociável da vida e do trabalho; 
 Aprender a lidar com imprevistos é fundamental para a vida e a carreira profissional; 
 O desenvolvimento do espírito crítico e da criatividade é necessário ao mundo do 
trabalho; 
 A iniciação científica ajuda no contato com a profissão e com a Academia; 
 Aprender a lidar com o desconhecido e a encontrar novos conhecimentos são desafios 
contínuos do mundo do trabalho; 
 O desafio do ensino superior, hoje, é formar indivíduos capazes de buscar conhecimentos 
e de saber utilizá-los com ética; 
 A iniciação científica é um instrumento valioso para aprimorar qualidades desejadas em 
um profissional de nível superior, entre outros; 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A graduação, em qualquer área ou campo de conhecimento, tem como eixo central o 
ensino a extensão e a pesquisa. Isto indica que o aluno “inteligente” não faz seu percurso 
acadêmico dedicando-se apenas ao ensino, isto é, esperando passivamente por aquilo que o 
professor ensina. O melhor proveito de um aluno num curso de graduação, e não importa qual 
seja o curso, tem a ver com a oportunidade trazido pelo mundo da pesquisa. Daí a importância 
da iniciação científica como um princípio pedagógico de uma IES. 
A iniciação científica é mais do que uma atividade que se pratica isoladamente. É uma 
atividade coletiva e também uma atitude crítica, reflexiva e investigatória diante daquilo que 
nos surpreende e causa admiração. Uma das finalidades da iniciação científica é aprimorar 
nosso pensamento e nos estimular a buscar soluções para os problemas do nosso cotidiano e 
do mundo do trabalho. Neste sentido, a iniciação científica é determinante para a vida 
acadêmica, para a prática da pesquisa e para a formação profissional. Por isso Antônio 
Joaquim Severino (2009) afirma: “... a docência e a aprendizagem só serão significativas se 
forem sustentadas por uma atividade permanente de construção do conhecimento”. 
A iniciação científica dos estudantes de graduação na FBMG é vista com um 
importante caminho para a autonomia intelectual. Portanto, por meio dela, o estudante dos 
cursos de graduação desta instituição tem a oportunidade real de exercer sua criatividade e 
criticidade e de trabalhar em equipe e de unir teoria e prática com a sala de aula. Além disso, 
os alunos da FBMG por meio da iniciação científica tem a possibilidade de articular vários 
11 
 
conhecimentos e de ampliarem substancialmente sua visão de mundo e sua formação 
profissional. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANDRÉ, Marli. Ensinar a pesquisar... Como e para que? In: SILVA, A. M. M. et al. 
Educação formal e não formal, processos formativos, saberes pedagógicos: desafios para 
a inclusão social. Anais do XIII Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino. Recife: 
ENDIPE, 2006. 
 
CANDAU,V.M.F. Universidade e formação de professores: Que rumos tomar? In: 
CANDAU, V.M.F. (org.) Magistério, construção cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1997. 
 
CARVALHO, A. M. P.; GIL-PÉREZ, D. Formação de professores de ciências. São Paulo: 
Cortez, 1993. 
 
DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2003. 
 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática docente. São 
Paulo: Paz e Terra, 2003. 
 
FREIRE, P; FAUNDEZ, A. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 
1985. 
LIMA, Jorge dos Santos; SOUSA, Regina Lúcia Moreira. Revista Ágora. Salgueiro-PE, v. 3, 
n. 1, p. 06-16, nov. 2008. 
 
LÓPEZ QUINTÁS, Alfonso. Descobrir a grandeza da vida: introdução à pedagogia do 
encontro. São Paulo: ESDC, 2005. 
 
RODRIGUES. A. de. J. Metodologia Científica: completo e essencial para a vida 
universitária. São Paulo: Avercamp, 2006. 
 
VEIGA, I. P. A. As dimensões do processo didático na ação docente. In: Encontro nacional 
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