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Instituto de Ensino e Pesquisa Objetivo IEPO Sentença e Recursos Civil Thiago Nascimento Rodrigues R.A: 0232 000 6276 DR6R/Q32 Palmas 2019 RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO – PROCEDIMENTO, JULGAMENTO E SEUS EFEITOS 1. Recurso Especial O recurso especial é tipo recursal em que o processo vai para o Superior Tribunal de Justiça. Está previsto para causas decididas em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou Tribunais do Estados, Distrito Federal e Territórios. A função do recurso especial é a manutenção da unidade e autoridade da lei federal. Por este motivo, só terá cabimento com a função de resolver questão federal controvertida, quando a controvérsia gira em torno da atribuição dos efeitos jurídicos que lhe correspondem. O Artigo 105, III da Constituição Federal traz as hipóteses de cabimento do recurso especial. “Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:... (...) III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: A) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.” O procedimento para tramitação do recurso especial é o mesmo previsto para o recurso extraordinário, com diferenças dos pressupostos da repercussão geral e às particularidades das causas repetitivas do recurso especial. No entanto, o artigo 543-C institui procedimento diferente para os recursos especiais repetitivos. “Art. 543-C. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo. § 1º Caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recursos representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça, ficando suspensos os demais recursos especiais até o pronunciamento definitivo do Superior Tribunal de Justiça. § 2º Não adotada a providência descrita no § 1º deste artigo, o relator no Superior Tribunal de Justiça, ao identificar que sobre a controvérsia já existe jurisprudência dominante ou que a matéria já está afeta ao colegiado, poderá determinar a suspensão, nos tribunais de segunda instância, dos recursos nos quais a controvérsia esteja estabelecida. § 3º O relator poderá solicitar informações, a serem prestadas no prazo de quinze dias, aos tribunais federais ou estaduais a respeito da controvérsia. § 4º O relator, conforme dispuser o regimento interno do Superior Tribunal de Justiça e considerando a relevância da matéria, poderá admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia. § 5º Recebidas as informações e, se for o caso, após cumprido o disposto no § 4º deste artigo, terá vista o Ministério Público pelo prazo de quinze dias. § 6º Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais Ministros, o processo será incluído em pauta na seção ou na Corte Especial, devendo ser julgado com preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. § 7º Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais sobrestados na origem: I - terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação do Superior Tribunal de Justiça; ou II - serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça. § 8º Na hipótese prevista no inciso II do § 7º deste artigo, mantida a decisão divergente pelo tribunal de origem, far-se-á o exame de admissibilidade do recurso especial. § 9º O Superior Tribunal de Justiça e os tribunais de segunda instância regulamentarão, no âmbito de suas competências, os procedimentos relativos ao processamento e julgamento do recurso especial nos casos previstos neste artigo." Para o recurso ao STJ algumas exigências do STF foram abrandadas. Esses entendimentos do Superior Tribunal de Justiça têm posições como é o exemplo do pré-questionamento. Quanto ao procedimento, à técnica e ao objeto do recurso, o recurso especial é submetido à mesma tramitação do recurso extraordinário tanto na instância de origem quanto na de destino. O recurso especial pode ser fundado em dissídio jurisprudencial, nesta hipótese o recorrente precisa provar a divergência com peças que podem ser autenticadas pelo próprio advogado da parte mediante declaração de autenticidade e sob responsabilidade pessoal do advogado. Também foi flexibilizado o excepcional efeito suspensivo ao recurso especial nos casos de urgência ou de extrema gravidade. O recurso especial tem procedimento particular para causas repetitivas ou seriadas, reconhecidas quando verificada a multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito. Ao serem reconhecidas como causas repetitivas ou seriadas, estas seguirão o procedimento do artigo 543-C e não o dos artigos 542 e 543, isso para ter economia processual e repercussão do julgado definitivo da Corte Especial sobre o destino de todos os recursos represados, sem necessidade de subirem ao STJ, sempre que possível. O julgamento da questão recorrida pelo STJ produzirá efeitos sobre todos os recursos especiais idênticos. Esses são: Se o acórdão recorrido coincidir com o julgamento do STJ caberá à instância de origem negar seguimento ao recurso até então suspenso. Se houver divergência entre o acórdão recorrido e a decisão do STJ haverá reexame da causa pelo órgão julgador local. O recurso não terá imediata apreciação do juízo de admissibilidade, os autos voltarão ao Tribunal de origem para reapreciação do tema, que será obrigatória, o que não vincula, porém, a alteração do acórdão anterior. A resolução 8 de 01.08.2007 regulamenta os procedimentos relativos aos recursos especiais repetitivos. Destacam-se as medidas que definem que os recursos repetitivos serão distribuídos por dependência a um só relator; que a reunião das causas repetitivas poderá englobar recursos especiais anteriores desde que tratem da mesma questão jurídica; que uma vez publicado o acórdão do julgamento da Seção ou da Corte Especial, o procedimento será objeto de julgamento singular pelo relator se já distribuído anteriormente, ou se ainda não distribuído, será julgado pelo Presidente do STJ; que caberá a Coordenadora do órgão julgador remeter cópia do acórdão proferido no recurso aos tribunais de origem; e, que o procedimento traçado para a tramitação dos recursos especiais repetitivos estende-se também aos agravos interpostos contra inadmissão de recurso especial. A lei 11.672/2008 explicita regras de direito intertemporal para os recursos especiais. A primeira determina a aplicação da nova disciplina aos recursos especiais já interpostos e, a segunda, institui uma vacatio legis de noventa dias a contar da data da publicação. Para os acórdãos do STJ são cabíveis três tipos de embargos, os embargos de divergência, os embargos infringentes e os embargos de declaração. Estes sem considerar a possibilidade de do recurso extraordinário para o STF. 2. RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS – REPERCUSSÃO GERAL E RECURSO REPETITIVO O recurso extraordinário é um mecanismo processual que viabiliza a análise de questões constitucionaispelo Supremo Tribunal Federal. Para que o recurso chegue à Suprema Corte é necessário que o jurisdicionado tenha se valido de todos os meios ordinários, ou seja, que tenha percorrido as demais instâncias judiciais do País. Também se exige que o recorrente preencha alguns requisitos legais para que o recurso extraordinário possa ser recebido pelo STF. 2.2 Hipóteses de cabimento O art. 102, III, da Constituição Federal, elenca as hipóteses de cabimento do recurso extraordinário, quais sejam: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: (…) III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal”. 2.3 Requisitos A EC n° 45/04 acrescentou o §3º ao artigo supramencionado, passando a exigir que o recorrente demonstre no recurso extraordinário a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. Esse novo requisito da demonstração da repercussão geral dos recursos extraordinários visa selecionar os recursos que realmente tenham uma importância para toda a sociedade e, não apenas, ao caso individual. Não se pode esquecer que o STF é um órgão composto por um número limitado de Ministros e que tem jurisdição nacional, ou seja, tem competência para receber recursos de todas as partes do Brasil. Sendo assim, o número de decisões a serem tomadas pelos Ministros é enorme, de forma, que eles têm que otimizar as causas a serem analisadas. Por isso, a demonstração da repercussão geral da questão constitucional é vista com bons olhos pelo STF. Outro requisito a ser preenchido pelo recorrente é o do prequestionamento da matéria constitucional. Por esse requisito, o recorrente deve arguir a controvérsia constitucional em todas as instâncias, de forma que a matéria já tenha sido discutida pelos demais órgãos jurisdicionais antes de chegar ao Supremo Tribunal Federal. O requisito da repercussão geral precisava ser regulamentado por lei para que pudesse ser exigido. Assim, foi editada a Lei n° 11.418/06, que trouxe as regras processuais acerca do assunto. 2.4 Regras trazidas pela Lei n° 11.418/06 A Lei n° 11.418/06 criou as letras “A” e “B” do art. 543, do Código de Processo Civil, visando regulamentar o requisito da repercussão geral nos recursos extraordinários, estabelecida pelo art. 102, §3º, da Constituição Federal. Atualmente são os artigos 1.035 e 1.036 do Novo CPC. Dispõe o art. 1.035, do CPC: “O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo”. Por conseguinte, o § 1º, do art. 1.035, estabelece o que será considerado como “repercussão geral”: “Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo”. Tem-se, assim, que a matéria discutida em sede de recurso extraordinário deverá ser relevante para a coletividade e não apenas ao recorrente. A repercussão geral deverá ser demonstrada pelo impetrante em preliminar do recurso (art. 1.035, §2º, do CPC). Por sua vez, o §3º, do mesmo dispositivo legal, completa a noção da repercussão geral ao dispor que: “§ 3o Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que: I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal; III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal.”. Percebe-se pela leitura desse dispositivo que, além das hipóteses de ofensa direta à Constituição Federal, o recurso extraordinário também poderá ser interposto quando houver discussão relativa à interpretação do texto constitucional dada pelo Supremo Tribunal Federal em súmula ou jurisprudência dominante. Dispõe o art. 102, §3º, da Constituição Federal, que o STF poderá recusar em receber o recurso extraordinário se houver a manifestação de dois terços de seus membros, ou seja, pelo voto de 8 Ministros. Por outro lado, se o STF negar “a repercussão geral, o presidente ou o vice- presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica.” (art. 1.035, §8º, do CPC). O § 4º do art. 1.035, do CPC, prevê a intervenção do amicus curiae no recurso extraordinário, que deverá ser autorizada pelo relator quando da análise da repercussão geral, nos seguintes termos: “O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal”. O amicus curiae é um terceiro, em relação à causa discutida, mas que pode trazer elementos técnicos e de interesse da sociedade para ajudar na decisão da causa pelo STF. Sua figura já é admitida no controle abstrato de constitucionalidade, passando, agora, a ser aceito também no controle difuso. Visando mais uma vez otimizar a decisão do STF, o § 11, do artigo em comento, dispõe que “A Súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no Diário Oficial e valerá como acórdão”. O art. 1.036, do Código de Processo Civil, também traz regras relacionadas à tentativa de diminuir os processos no STF. Veja-se o que diz seu caput e §1º: "Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça. § 1o O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão encaminhados ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para fins de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso”. A regra é direcionada aos Tribunais de 2ª instância, que devem selecionar alguns recursos representativos da controvérsia constitucional para encaminhar ao Supremo e determinar que os demais processos fundados na mesma questão aguardem a decisão final da Suprema Corte. Negada a existência de repercussão geral pelo STF nos casos a ele remetidos, os demais recursos sobre a mesma matéria que estiverem sobrestados deverão ser considerados automaticamente não admitidos (art. 1.036, §2º, do CPC). Por outro lado, se for julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados ou retratar-se (art. 1.036, §3º, do CPC). Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo nos próprios autos, no prazo de 15 (quinze) dias, para o Supremo Tribunal Federal (art. 1.042 do CPC). Da decisão do relator que não admitir o agravo, negar-lhe provimento ou reformar o acórdão recorrido, caberá agravo ao órgãocompetente para o julgamento do recurso (art. 1.021 do CPC). Referências Bibliográficas https://www.cnj.jus.br/cnj-servico-saiba-a-diferenca-entre-repercussao-geral-e-recursos- repetitivos/ https://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/262/Recurso-extraordinario-Novo-CPC- Lei-no-13105-15 https://giuliadevivo.jusbrasil.com.br/artigos/187469534/explicacao-sobre-recurso- especial-recurso-extraordinario-e-acao-rescisoria https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/197/edicao-1/principais-aspectos-do- recurso-especial https://www.migalhas.com.br/CPCnaPratica/116,MI287078,61044- Recurso+especial+e+Recurso+extraordinario+Como+o+CPC15+disciplina+o https://www.significados.com.br/recurso-extraordinario/
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