Constituição de 1946

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História do Brasil 
 
 
 
 
CONSTITUIÇÃO DE 1946 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
Introdução ........................................................................................................................................2 
 
Objetivo .............................................................................................................................................2 
 
1. A Constituição de 1946...............................................................................................................2 
1.1. Contexto ..............................................................................................................................2 
1.2. Trasnformações estabelecidas pela Constituição de 1946 ...........................................3 
 
Exercícios ..........................................................................................................................................5 
 
Gabarito ............................................................................................................................................7 
 
Resumo .............................................................................................................................................7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
Na apostila anterior, analisamos os últimos momentos do Estado Novo. O 
período foi marcado pela contradição entre o apoio do Brasil das potências Aliadas na 
2a GM, com a bandeira democrática, contra os regimes fascistas da Europa e a 
manutenção de uma ditadura na política nacional. Vargas de forma pragmática e 
estratégica percebeu que seria inevitável a redemocratização do país e passou a 
abrandar sua ditadura, permitindo partidos políticos e marcando eleições 
presidenciais. Entretanto, a alta cúpula do Exército em um golpe colocou fim no 
Estado Novo e impediu a participação de Vargas na realização de eleições. 
Nessa apostila, vamos compreender as principais mudanças estabelecidas 
pela Constituição de 1946 em relação à Carta outorgada de 1937 que deu início ao 
Estado Novo. Esse novo período da história do Brasil ficou conhecido como República 
Liberal (1945-1964), inaugurando a experiência democrática e liberal na história da 
República brasileira. 
Objetivo 
• Compreender as principais mudanças estabelecidas pela Constituição 
de 1946 em relação à Carta outorgada de 1937. 
 
1. A Constituição de 1946 
1.1. Contexto 
Você sabe por que o período que se iniciou com o fim do Estado Novo é 
chamado de República Liberal (1945-1964)? 
Antes de tudo, para responder a essa questão é preciso compreender o 
contexto em que se estabeleceu a Constituição de 1946. Nesse momento, os setores 
urbanos cresceram com a urbanização e industrialização acelerada, porém sem um 
planejamento. Eram forças políticas novas que deveriam ser consideradas no jogo 
político, ainda mais em uma época de expansão dos meios de comunicação, 
aumentando a influência da imprensa na política por meio de jornais, rádio e, a partir 
da década de 1950, da televisão. A República brasileira se diferenciava da “Velha 
República” ao estabelecer uma democracia de massas, caracterizada pela 
participação popular nas eleições, mesmo que se excluíssem os analfabetos. 
Junto com os meios de comunicação, a política se desenvolveu pautada em 
discursos e práticas populistas. Na democracia liberal, os líderes populistas 
destacavam os benefícios imediatos dos setores populares, sobretudo, os urbanos. 
 
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Contudo, nem sempre eram sustentados por prazos mais longos. Exaltava-se a figura 
carismática do líder, por meio, inclusive, dos meios de comunicação, ao mesmo 
tempo, se fragilizavam as instituições democráticas. Dessa forma, a política era 
entendida pelo conflito entre lideranças personalistas pelo controle do Estado, com 
instituições ameaçadas a todo tempo e a criação de antagonismos e maniqueísmos 
no debate político. 
 
SAIBA MAIS! 
 
 
 
 
Na República Velha ou oligárquica, a coerção política para se manter o poder 
era mais explícita, por exemplo, pelo voto de cabresto. Na República populista, os 
líderes não controlavam o eleitorado de forma tão clara e direta, mas convenciam os 
mesmos com barganhas políticas que eram atribuídas a sua benevolência pessoal. 
 
1.2. Transformações estabelecidas pela Constituição de 1946 
As eleições de 1945, sem a presença de Getúlio Vargas, contaram com a 
candidatura do general Eurico Gaspar Dutra (1883-1974), representando a coligação 
do Partido Social Democrata e o Partido Trabalhista Brasileiro (PSD-PTB), do 
brigadeiro Eduardo Gomes, pela União Democrática Nacional (UDN) e Yedo Fiúza, pelo 
Partido Comunista Brasileiro (PCB) (Figura 01). 
O maniqueísmo é a ideia derivada de uma doutrina 
religiosa que afirma a existência de um dualismo entre o 
bem e o mal. De origem persa, fundada por Maniu 
Maquineu, no século III, foi amplamente disseminada no 
Império Romano. Dizemos que um discurso é maniqueísta 
quando ele estabelece, de forma pragmática, dois opostos 
incompatíveis, legitimando um deles como bem e outro 
como mal. 
 
 
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01 
“Santinho” da campanha de Eduardo Gomes. 
SAIBA MAIS! 
 
 
 
 
Eurico Gaspar Dutra (Figura 02) era o candidato herdeiro dos apoios de Vargas, 
o que transparece na coligação partidária e lhe dava grande força diante do 
eleitorado. Era um militar que já tinha ligações com o Estado Novo, ministro da Guerra 
desde 1936, e apoiado pelo próprio Vargas. Dutra foi vitorioso com 55% dos votos. 
Defendia a conciliação nacional para a transição. Apesar de derrotados, o Partido 
Comunista Brasileiro (PCB) recebeu mais de 500 mil votos, o que lhe rendeu a eleição 
de uma bancada formada por 25 membros na Assembleia Constituinte, inclusive, o 
senador Luís Carlos Prestes. 
A UDN, conhecido como “partido do Brigadeiro”, era 
formado pelo que havia sobrado das elites regionais, 
homens de negócio e cafeicultores de São Paulo, camadas 
médias urbanas, antigos aliados de 1930 e do estado Novo 
que foram afastados ou decidiram se distanciar de Vargas. 
Era um partido conservador, moralista, antidemocrático e 
com o que se pode chamar de um ímpeto golpista. 
 
 
 
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02 
Eurico Gaspar Dutra. 
A Constituição foi promulgada em 1946, a quinta da história do Brasil. Em sua 
totalidade era mais democrática que a Carta Outorgada em 1937, porém com 
limitações. Estabelecia o voto secreto e universal, porém sem o direito de voto aos 
analfabetos, restringindo a cidadania. Mesmo assim, o número de eleitores era 
ampliado, passando de 5,6% nas eleições de 1930 para 15,9% nas de 1950. Definia a 
existência de três Poderes, com a importância devida ao Legislativo. Limitava o direito 
de greve, fazendo frente aos resquícios do Estado Novo presentes nos sindicatos. 
Também dificultava a realização da reforma agrária, estabelecendo pesadas 
indenizações aos proprietários de propriedades desapropriadas. 
Exercícios 
1. (UFF, 2011) “Visto que, de fato, a Constituição de 1946 estabeleceu 
normas e medidas para a instalação de uma estrutura democrática no país, dando 
ensejo a uma abertura do processo político nos dezoito anos subsequentes, ao 
observador mais descuidado a redemocratização pode parecer mais radical do que 
na realidade o foi”. 
(SOUZA, Maria do Carmo Campello de. Estado e Partidos Políticos no Brasil 
(1930-1964). São Paulo: Alfa-Omega, 1976, p. 105.) 
Com base nas afirmações contidas no texto, é possível afirmar que: 
a) a redemocratizaçãoiniciada em 1945 perdeu sua radicalidade por ter sido 
apenas um ritual político, vazio de efetivos partidos. 
b) a redemocratização de 1945 só pôde existir em função da criação de três novos 
grandes partidos políticos, totalmente independentes de vínculos com o 
Estado Novo: o PSD, a UDN e o PTB. 
 
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c) o retorno do pluripartidarismo e de eleições diretas foram superpostos à 
estrutura herdada do Estado Novo, marcada pelo sindicalismo corporativista 
e pelo sistema de interventorias. 
d) a redemocratização não foi radical devido à preponderância que teve, junto a 
ela, a União Democrática Nacional (UDN), partido formado com o beneplácito 
de Vargas. 
e) a hipertrofia do Poder Legislativo foi uma das consequências da 
redemocratização. 
 
2. (VUNESP, 2018) Ainda hoje, as interpretações mais difundidas, embora 
reconheçam a inequívoca vocação democrática da Constituição de 1946, sublinham 
suas limitações e sua incidência sobre aquilo que consideram ser a fragilidade da 
experiência democrática brasileira nesse período. 
(Schwarcz, L. M.; Starling, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 
Adaptado). 
Entre as limitações citadas no trecho, é correto identificar: 
a) a proibição de manifestações de rua. 
b) a exclusão do direito de voto aos analfabetos. 
c) a inexistência do direito ao habeas corpus. 
d) a exclusão do voto feminino. 
e) a manutenção do voto censitário. 
 
3. (UFPEL, 2007) Com base nas seguintes declarações: 
- "Decretar e promulgar a Constituição é um ato de grandíssima importância. 
É um ato grave. Mas cumpri-la é que é o supremo dever". GUSTAVO CAPANEMA 
(Partido Social Democrata - PSD, maior bancada). 
 - "A promulgação da nova Constituição representa o mais profundo anseio do 
povo brasileiro, torturado durante mais de oito anos pela infâmia do Estado 
Novo". EDGARD DE ARRUDA (União Democrática Nacional - UDN). 
- "A carta que acaba de ser promulgada constitui um dos grandes documentos 
da história do Brasil". MARCONDES FILHO (Partido Trabalhista Brasileiro - PTB). 
- "O Brasil ingressa hoje em um novo período de sua história. O PCB, que 
discutiu e votou a Constituição, está disposto a lutar para que ela seja cumprida em 
seus preceitos democráticos". JORGE AMADO (Partido Comunista Brasileiro - PCB). 
 
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É correto afirmar, historicamente, que a constituição referida é a de: 
a) 1988. 
b) 1967. 
c) 1934. 
d) 1937. 
e) 1946. 
Gabarito 
1. [c]. A Constituição de 1946 foi a quinta da história do Brasil. Em sua 
totalidade era mais democrática que a Carta Outorgada em 1937, porém com 
limitações. Estabelecia o voto secreto e universal, porém sem o direito de voto aos 
analfabetos, restringindo a cidadania. Definia a existência de três Poderes, com a 
importância devida ao Legislativo. Limitava o direito de greve, fazendo frente aos 
resquícios do Estado Novo presentes nos sindicatos. Também dificultava a realização 
da reforma agrária, estabelecendo pesadas indenizações aos proprietários de 
propriedades desapropriadas. 
 
2. [b]. A Constituição de 1946 em sua totalidade era mais democrática que a 
Carta Outorgada em 1937, porém com limitações. Estabelecia o voto secreto e 
universal, porém sem o direito de voto aos analfabetos, restringindo a cidadania. 
 
3. [e]. A Constituição de 1946 estabeleceu o retorno do pluripartidarismo e de 
eleições diretas. 
Resumo 
Nessa apostila, examinamos as principais transformações estabelecidas pela 
Constituição de 1946, promulgada após o fim do Estado Novo. Inaugurava-se a 
experiência da democracia liberal na história do Brasil, no período que ficou 
conhecido como República Liberal. Vivia-se o contexto de expansão da urbanização, 
da industrialização e dos meios de comunicação de massa, como o jornal, rádio e a 
televisão, a partir da década de 1950. 
Os líderes populistas utilizavam desses meios, com práticas e discursos que 
traziam benefício imediato para os setores populares, principalmente, urbanos, 
porém com aplicação circunstancial, sem sustentação em longo prazo. O populismo 
 
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demarcou a política brasileira ao torná-la uma disputa entre lideranças personalistas 
que, em contrapartida, enfraqueciam as instituições democráticas. Entretanto, foi o 
meio encontrado para lidar com a expansão do eleitorado desenvolvido pela 
Constituição de 1946 que estabelecia o voto secreto e universal, porém sem o direito 
de voto aos analfabetos, restringindo a cidadania. Além disso, definia a existência de 
três Poderes, com a importância devida ao Legislativo; limitava o direito de greve e 
dificultava a realização da reforma agrária, estabelecendo pesadas indenizações aos 
proprietários de propriedades desapropriadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências bibliográficas 
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1996. 
COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. São Paulo: Saraiva, 1997. 
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2015. 
_____. História Geral do Brasil. São Paulo: Elsevier, 2016. 
NAPOLITANO, Marcos. História do Brasil República. Da Queda da Monarquia ao Fim do Estado Novo. São Paulo: 
Contexto, 2016. 
Significados: Maniqueismo. Disponível em: <https://www.significados.com.br/maniqueismo/>. Acesso em: 
06/04/2019 às 11h14min. 
 
Referências imagéticas 
Figura 01: WIKIPEDIA. Disponível em: 
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Santinho_Eduardo_Gomes_1945.jpg>. Acesso em: 06/04/2019 às 
11h32min. 
Figura 02: WIKIPEDIA. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:GASPARDUTRA.jpg>. Acesso em: 
06/04/2019 às 11h47min.