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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIAUNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA CURSO DE DIREITOCURSO DE DIREITO DIREITO DO CONSUMIDORDIREITO DO CONSUMIDOR Aluno: Carlos Eduardo da Costa Silva UC 06073231Aluno: Carlos Eduardo da Costa Silva UC 06073231 1ª1ª José adquiriu um boxe para o banheiro de sua casa da empresa X. O boxe foi instalado corretamente pela empresa Z, no entanto, seis meses depois, o filho de José tomava banho quando acidentalmente bateu a porta com força e a mesma estourou, vindo o garoto a se machucar. José acionou a empresa Z e esta refutou a responsabilidade, mandando que ele procurasse a empresa fabricante, dizendo que a entrega e colocação do produto haviam sido perfeitoas. a. Quem deve responder pelos danos sofridos pelo consumidor: a empresa fabricante ou a empresa que instalou o boxe? Ou as duas? Explique. Tanto a empresa X, quanto a empresa Z podem ser acionadas pelo consumidor. Isso é uma garantia dada pelo Código de Defesa do Consumidor no art.12 (“O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e importador, respondem...”). Porém, nada impede que a empresa Z, se provar ausência de culpa, busque, em ação de regresso, a restituição do valor pago ao consumidor junto à empresa X. b. O CDC prevê a possibilidade de ambas não responderem? Sim. É a hipótese do art. 12, §3°, do CDC: O fabricante, o construtor, o produtor ou o importador só não será responsabilizado quando provar: (...) III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. c. O filho de José agiu com culpa no episódio? Isso retira ou diminui aresponsabilidade de algum dos fornecedores? Explique. Essa questão foi respondida no item “b”. d. Quais as indenizações possíveis? As indenizações podem ser de danos materiais (quebra do boxe para o banheiro e eventuais despesas médicas para o tratamento do filho de José) e até danos materiais, dependendo do grau de lesões ocorridas no filho do consumidor. 2ª2ª João possuía um cartão de crédito com limite de R$ 1.000,00. Pagou a faturadia 1° e no dia 3 foi usá-lo novamente num restaurante fino da cidade, onde levou a família toda para jantar. A conta saiu R$ 990,00 e João ofereceu o cartão para pagá-la. Minutos depois, o garçom voltou com a notícia de que a administradora não liberou o pagamento. João estava sem talão de cheques e sem dinheiro. Sua mulher ficou nervosa e começou a gritar com João no restaurante. João, muito constrangido, foi levado pelo segurança para a sala do gerente. A administradora alegou que o pagamento ocorrido no dia 1º não constava do sistema. Pergunta-se: que direitos João tem? Se João pagou a fatura no dia 1º, caberia à administradora possuir um sistema ágil para a constatação do pagamento. Como no dia 3, o pagamento ainda não havia sido computado, e todo o constrangimento de João foi ocasionado pela não aceitação do pagamento com o cartão, não há dúvidas de que a Administradora deve indenizar o consumidor pelos danos morais por ele sofridos. Nesse caso, não há direito à indenização por danos materiais porque não houve lesão patrimonial. O jantar foi consumido e pago de outra forma (confissão de dívida). O cartão, assim que o pagamento for computado, restabelecerá seu limite. 3ª.3ª. Maria foi ao salão de beleza e encontrou, à sua disposição, vagas para estacionar seu veículo. Ao sair do salão, constatou que seu carro havia sido roubado. Ogerente do salão negou-se a indenizar o prejuízo, alegando que a vaga para estacionamento era simples cortesia da casa, tanto que nada cobravam. a. Há como responsabilizar o salão de beleza? Trata-se de responsabilidade subjetiva ou objetiva. Fundamente. Sim. Como visto, o estacionamento não era público. Era administrado pelo próprio salão de beleza. Nesse caso, é possível aplicar o art. 14 do CDC, que prevê a responsabilidade do prestador de serviços pelo simples fato do serviço, independentemente de culpa. O §1° do art. 14 considera como serviço defeituoso o que “não fornece a segurança que o consumidor espera”. b. Há como o salão eximir-se dessa responsabilidade? Há sim. Basta comprovar as hipóteses do §3º do art. 14 do CDC: provar que não existe defeito no serviço prestado; provar que houve culpa exclusiva da vítima (ex.: deixar a chave na ignição do carro). 4ª.4ª. Na época em que a política cambial no Brasil encontrava-se controlada, muitos consumidores adquiriram carros importados pelo sistema de leasing. O valor das prestações não era prefixado, sendo o seu reajuste previsto com base no índice de variação cambial, ou seja, o valor de cada parcela era estabelecido mês a mês, conformeo valor da moeda americana. Ocorre que, em janeiro de 1999, o Banco Central do Brasil adotou uma política cambial livre. Com isso, o real sofreu forte desvalorização e o dólar praticamente dobrou de preço. a. Com base nesses fatos, analise a possibilidade de o consumidor pleitear a revisão contratual, pela previsão do art. 6º, V, do CDC. Nesse caso, os compradores foram destinatários finais dos veículos. Portanto, enquadram-se no conceito de consumidor previsto no art. 2º do CDC, o que faz a relação jurídica ser classificada como consumerista. Poder-se-ia argumentar que a flutuação cambial e a consequente desvalorização do real seriam fatos previsíveis, a afastar a aplicação da teoria da rebus sic stantibus. Porém, em atenção ao princípio da maior vulnerabilidade do consumidor, deve-se aplicar a teoria da imprevisão e autorizar a revisão das prestações excessivamente onerosas. b. Seria caso de cláusula abusiva, podendo o consumidor pleitear sua nulidade? Explique. Conforme se depreende do art. 51 do CDC, cláusulas abusivas são as que pretendem limitar ou excluir a aplicabilidade de normas de proteção ao consumidor em proveito do fornecedor, produtor ou prestador de serviços. Tendo isso em vista, fica claro que a cláusula contratual do leasing descrito acima não é abusiva. A desproporção nas prestações foi causada por fato superveniente. Assim, não é possível pleitear a nulidade da cláusula, mas tão só a substituição do índice de correção do contrato. c. É possível o consumidor rescindir o contrato, com a devolução das quantias pagas? Só é possível pleitear a rescisão do contrato se este se tornar manifestamente inexeqüível. Caso contrário, conforme o art. 6º, V, é possível apenas modificar a cláusula (índice de reajuste). d. E o fornecedor: pode pedir a revisão do contrato? Explique. Sim. Não há problema. Porém, esse pedido não seria regido pelo CDC, pois ele não é consumidor. Sua pretensão seria baseada no Código Civil, que também adota a teoria da imprevisão. 5ª.5ª. Uma empresa locadora de máquinas copiadoras possui um contrato-padrão que prevê a locação por 48 meses, bem como um reajuste das parcelas semestrais com base no IGPM. Além disso, há uma cláusula estabelecendo a possibilidade de realinhamento no valor das parcelas, caso ora qualquer fato que altere o equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Com a desvalorização do real frente ao dólar, a empresa aplicou o realinhamento do preço, aumentando as parcelas em 20% (adesvalorização foi bem maior). a. Trata-se de relação de consumo? No enunciado da questão, não fica claro se o locador da máquina é o destinatário final dela. Assim, não é possível saber se a relação é consumerista. b. A cláusula que prevê o realinhamento é abusiva? Justifique. Se a relação for consumerista, a cláusula é abusiva. O reajuste com base em índice pré-fixado é medida lícita que visa resguardar o equilíbrio-econômico do contrato. Mas o realinhamento com base em fato superveniente deixa ao prestador de serviços margem para a alteração unilateral do valor das prestações, o que é vedado pelo art. 51, X, do CDC. c. A empresa pode aplicar o realinhamento ou ela deve pedir a revisão do contrato pela via judicial? Com bases nos fundamentos da questão anterior, a empresa teria que ajuizaração judicial para buscar o realinhamento das prestações. d. O que o locatário pode fazer para defender-se? Se o locatário for enquadrado no conceito de consumidor, ele pode ir a juízo pleitear a declaração de nulidade da cláusula contratual que permite o realinhamento. Afinal, como já dito, para o CDC, ela é abusiva. 6ª.6ª. Uma montadora de veículos descobriu que toda a linha de certo carro, fabricado desde 1994, apresentava um problema no dispositivo do cinto de segurança, colocando em risco a segurança dos consumidores. A empresa procedeu ao recall, convocando todos os proprietários dos veículos a comparecerem em qualquer concessionária representante para a troca do dispositivo. Os anúncios foram veiculados pro três semanas, nos principais jornais, rádios e canais de televisão. a. Um consumidor que não teve acesso às informações porque estava viajando, tem como pedir indenização caso venha a sofrer dano? Fundamente. Sim. Se o consumidor sofrer qualquer dano, ele decorreu do vício no produto fornecido. O procedimento do recall é o reconhecimento do vício no produto e a reparação desse vício. Caso o consumidor não fique ciente do recall, por qualquer motivo, havendo o dano, este deve ser indenizado. b. E se um consumidor viu, mas se recusou a ir à concessionária, tem como pedir indenização? Fundamente. Obviamente que não. Isso caracteriza culpa exclusiva da vítima. c. A montadora, após feito o recall, tem como eximir-se da obrigação de indenizar? Explique. A responsabilidade por vício no produto é subjetiva. Assim, mesmo depois de feito o recall, caso esse dispositivo de segurança cause dano a algum consumidor, é possível a responsabilização, desde que fiquem demonstrados a culpa, o dano e o nexo de causalidade entre um e outro.