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Inflação e Curva de Phillips Marcelo Eduardo Alves da Silva UFPE Recife, 6 de Novembro de 2019 Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 1 / 62 Curva de Phillips Mostra uma relação empírica entre inflação e a taxa de desemprego. • Nome vem em homenagem a A. W. Phillips, que usou dados para inflação (de salários) e taxa de desemprego para o período 1861 - 1957. • Phillips encontrou uma relação empírica negativa entre as duas variáveis. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 2 / 62 Curva de Phillips: UK 1861 - 1913 Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 3 / 62 Curva de Phillips: UK 1913 - 1948 Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 4 / 62 Inflação e Desemprego: USA • O interessante é observar que esta relação empírica muda ao longo do tempo. • Vejamos o exemplo do caso norte americano. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 5 / 62 Inflação e Desemprego: USA • O interessante é observar que esta relação empírica muda ao longo do tempo. • Vejamos o exemplo do caso norte americano. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 5 / 62 Inflação(versus(desemprego(nos(Estados(Unidos,(194891969( Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 6 / 62 Inflação versus desemprego nos Estados Unidos desde 1970 Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 7 / 62 Inflação e Desemprego: USA A relação negativa entre desemprego e inflação se manteve ao longo da década de 1960, mas desapareceu após esse período por dois motivos: • O grande aumento no preço do petróleo, mas principalmente porque os fixadores de salário mudaram o modo como formavam suas expectativas, devido a uma mudança no comportamento da inflação. • A taxa de inflação se tornou positiva de forma consistente, e a inflação se tornou mais persistente. • Iremos olhar o caso brasileiro. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 8 / 62 Inflação e Desemprego: USA A relação negativa entre desemprego e inflação se manteve ao longo da década de 1960, mas desapareceu após esse período por dois motivos: • O grande aumento no preço do petróleo, mas principalmente porque os fixadores de salário mudaram o modo como formavam suas expectativas, devido a uma mudança no comportamento da inflação. • A taxa de inflação se tornou positiva de forma consistente, e a inflação se tornou mais persistente. • Iremos olhar o caso brasileiro. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 8 / 62 Inflação e Desemprego: USA A relação negativa entre desemprego e inflação se manteve ao longo da década de 1960, mas desapareceu após esse período por dois motivos: • O grande aumento no preço do petróleo, mas principalmente porque os fixadores de salário mudaram o modo como formavam suas expectativas, devido a uma mudança no comportamento da inflação. • A taxa de inflação se tornou positiva de forma consistente, e a inflação se tornou mais persistente. • Iremos olhar o caso brasileiro. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 8 / 62 Inflação e Desemprego: USA A relação negativa entre desemprego e inflação se manteve ao longo da década de 1960, mas desapareceu após esse período por dois motivos: • O grande aumento no preço do petróleo, mas principalmente porque os fixadores de salário mudaram o modo como formavam suas expectativas, devido a uma mudança no comportamento da inflação. • A taxa de inflação se tornou positiva de forma consistente, e a inflação se tornou mais persistente. • Iremos olhar o caso brasileiro. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 8 / 62 Inflação e Desemprego no Brasil: 1980 - 2009 y!=!$140.83x!+!1204.8! R²!=!0.21993! $500! 0! 500! 1000! 1500! 2000! 2500! 3000! 0! 2! 4! 6! 8! 10! 12! In fla çã o- - Desemprego- Desemprego-e-Inflação-(1980-7-2009)- Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 9 / 62 Inflação e Desemprego no Brasil: 1980 - 2013 y!=!$3.2785x!+!38.146! R²!=!0.25378! $20.00! $10.00! 0.00! 10.00! 20.00! 30.00! 40.00! 50.00! 60.00! 70.00! 80.00! 90.00! 0.00! 2.00! 4.00! 6.00! 8.00! 10.00! 12.00! 14.00! 16.00! Inflação-e-Desemprego-7-1980-7-2013- Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 10 / 62 Derivação da Curva de Phillips Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 11 / 62 Derivação da Curva de Phillips Antes de derivar uma relação da curva de Phillips, permita-nos derivar uma curva de oferta agregada: Admita que os "Wage Setters"determinam salários de acordo com: W = P eF (u, z) Onde P e ≡ NGP esperado, ou seja, P e = Et−1Pt e F (u, z) é uma função que tal que: F (u, z) = 1− αu+ z Ou seja, quando o desemprego é baixo (emprego é alto) maior é o poder de barganha dos trabalhadores (Lembre do wws = b(E)). E z representa outros elementos que afetam o salário (seguro desemprego, benefícios, etc.). Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 12 / 62 Derivação da Curva de Phillips Admita agora que a nossa equação de Price Setting é: P = (1 + µ)W Onde P ≡ NGP, e µ é o markup. Na nossa equação PS original, ⇒ λ = 1, onde λ ≡ PMeL. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 13 / 62 Derivação da Curva de Phillips Utilizando os dois resultados, temos a seguinte curva de oferta agregada: Pt = P e t (1 + µ)(1− αut + z) Esta equação pode ser aproximada como: pit = pi e t + (µ+ z)− αut Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 14 / 62 Derivação da Curva de Phillips: Prova Pt = P e t (1 + µ)(1− αut + z) Pt Pt−1 = P et Pt−1 (1 + µ)(1− αut + z) Usando a definição de inflação: (1 + pit) = (1 + pi e t )(1 + µ)(1− αut + zt) Rearranjando: (1 + pit) (1 + piet )(1 + µ) = (1− αut + zt) É possível usar uma aproximação tal que: pit − piet − µ = −αut + zt Então pit = pi e t + (µ+ z)− αut Q.E.D. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 15 / 62 Derivação da Curva de Phillips: Intuição pit = pi e t + (µ+ z)− αut Esta equação nos diz que: 1 Um aumento da inflação esperada, piet , leva a um aumento da inflação efetiva, pit. 2 Dada a inflação esperada, piet , um aumento da margem, µ, ou um aumento dos fatores que afetam a determinação dos salários, z, leva a um aumento da inflação, pit . 3 Dada a inflação esperada, piet , um aumento da taxa de desemprego, u, leva a uma diminuição da inflação, pit. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 16 / 62 Curva de Phillips: versão original Se supusermos que pie = 0, ou seja, P et = Pt−1 ⇒ piet = 0, então: pit = (µ+ z)− αut Esta é a equação estimada para o Reino Unido por Phillips! Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 17 / 62 Fonte: Phillips, 1958 Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 18 / 62 Curva de Phillips: primeira versão Lógica do argumento quando P et = Pt−1 ↓ ut ⇒↑Wt ⇒↑ Pt ⇒↑ Pt − Pt−1 Pt−1 ⇒ pit ↑ Esta equação nos diz que: 1 O desemprego baixo leva a um salário nominal mais alto. 2 Em resposta ao salário nominal mais alto, as empresas aumentam seus preços. 3 Em reação, os trabalhadores pedem um salário nominal mais alto. 4 O salário nominal mais alto leva as empresas a um aumento adicional de seus preços. 5 Em resposta, os trabalhadores pedem um aumento adicional do salário nominal. 6 A corrida entre preços e salários resulta em uma inflação contínua. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 19 / 62 Curva de Phillips A primeira versão teve um "bom desempenho"até meados dos anos 1960. Após isto, a relação negativa falha. Como dissemos antes, isto ocorreu porque: 1 Grande aumento no preço do petróleo 2 A taxa de inflação se tornou positiva de forma consistente, e a inflação se tornou mais persistente. • Portanto, fixadores de salário mudaramo modo como formavam suas expectativas, devido a uma mudança no comportamento da inflação. • Não haveria razão para ignorar a influência da inflação passada em pit. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 20 / 62 Curva de Phillips: versão modificada Podemos modificar a CP para incorporar os efeitos da inflação passada. Se supusermos que piet = θpit−1 onde 0 ≤ θ ≤ 1. θ é um parâmetro que mede a influência da inflação passada. Quanto mais próximo de 1, maior é a influência. Então pit = θpit−1 + (µ+ z)− αut Claramente, se θ = 0 voltamos à versão original e se θ = 1, teremos: pit − pit−1 = (µ+ z)− αut Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 21 / 62 Curva de Phillips: versão modificada pit − pit−1 = (µ+ z)− αut • Quando θ = 1, portanto a taxa de desemprego passa a afetar a taxa de variação da inflação! • De acordo com esta versão, a relação não mais é entre pit e ut (como fica evidente nos dados), mas entre ∆pit ≡ pit − pit−1 e ut. • Desde 1970, uma relação claramente negativa surgiu entre a taxa de desemprego e a variação da taxa de inflação. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 22 / 62 Taxa de variação da Inflação e Desemprego nos USA: 1970 - 2000 Reta estimada: ∆pit = 6%− ut Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 23 / 62 Curva de Phillips: versão modificada A curva modificada é chamada de curva de Phillips aumentada pelas expectativas, ou ainda curva de Phillips aceleracionista: pit − pit−1 = (µ+ z)− αut • Importante: a presença do componente de expectativas pode refletir, na verdade, o componente inercial da inflação, piet = pit−1, não necessariamente a ideia de que as pessoas ao formar expectativas para o futuro, simplesmente olham para trás. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 24 / 62 A Curva de Phillips e a Taxa Natural de Desemprego Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 25 / 62 A Curva de Phillips e a Taxa Natural de Desemprego • Friedman e Phelps questionaram a existência de um dilema entre desemprego e inflação (no longo prazo). • Eles argumentaram que a taxa de desemprego não poderia ser sustentada abaixo de certo nível, um nível que eles chamaram de "taxa natural de desemprego". • A taxa natural de desemprego é a taxa de desemprego em que a taxa de inflação efetiva é igual à taxa de inflação esperada. No nosso exemplo: pit − piet = 0⇒ (µ+ z)− αun = 0 ou un = µ+ z α Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 26 / 62 A Curva de Phillips e a Taxa Natural de Desemprego • Friedman argumentou que embora fosse possível, em alguns momentos no tempo, obter uma relação empírica tal relação não seria explorável. • Na verdade, o aparente "trade-off"só existiria em função de expectativas desajustadas, ou seja, de surpresas inflacionárias não contabilizadas pelos agentes econômicos. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 27 / 62 MILTON FRIEDMAN 169 GRÁFICO 1 Curva de Phillips simples De modo geral, esta relação foi interpretada como uma relação causal que possi- bilitava um trade-off estável aos formuladores de política. Eles poderiam escolher como objetivo um baixo desemprego, tal como LU . Neste caso, teriam de aceitar uma taxa de inflação A. Permaneceria o problema de escolher as medidas – monetária, fiscal, talvez outras – que gerassem o nível de demanda agregada nominal necessário para se alcançar LU . Porém, se fosse feito, não haveria necessidade de se preocupar em manter aquela combinação de desemprego e inflação. Alternativamente, os formulado- res de política poderiam escolher como meta uma taxa de inflação baixa ou mesmo a deflação. Neste caso, teriam de aceitar um nível mais elevado de desemprego: € UR para inflação zero e € UK para deflação. Os economistas, então, trataram de procurar obter, a partir de evidências exis- tentes para diversos países e períodos, a relação representada no gráfico 1, a fim de eliminar o efeito de distúrbios externos, esclarecer a relação entre mudanças nos salá- rios e nos preços, e assim por diante. Além disso, pesquisaram os ganhos e as perdas sociais provenientes da inflação, de um lado, e do desemprego, de outro, a fim de facilitar a escolha do trade-off correto. Infelizmente para essa hipótese, as evidências adicionais não se ajustaram a esta. Estimativas empíricas da relação da curva de Phillips foram insatisfatórias. E, o que é mais importante, a taxa de inflação, que parecia ser consistente com um determinado nível de desemprego, não permanecia fixa: nas circunstâncias do período pós-Segun- da Guerra Mundial, quando os governos de todos os países procuravam promover Fonte: Friedman, 1976 Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 28 / 62 A Curva de Phillips e a Taxa Natural de Desemprego • Friedman (1968): muitos acreditavam que esta relação representava uma relação causal, que possibilitaria um trade-off estável aos formuladores de política. • Eles poderiam escolher qual combinação de (ut, pit) desejavam!! Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 29 / 62 A Curva de Phillips e a Taxa Natural de Desemprego • Exemplo, poderiam escolher como objetivo um baixo desemprego, tal como UL . Neste caso, teriam de aceitar uma taxa de inflação. • O "problema"se resumiria a escolher as medidas - monetária, fiscal, talvez outras - que gerassem o nível de demanda agregada nominal necessário para se alcançar UL. • Alternativamente, os formuladores de política poderiam escolher como meta uma taxa de inflação baixa ou mesmo a deflação. Neste caso, teriam de aceitar um nível mais elevado de desemprego. • Este aparente "trade-off"seria uma ilusão! • Crítica de Lucas (1976) Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 30 / 62 A Curva de Phillips e a Taxa Natural de Desemprego Nas palavras de Friedman (1976): "...não há um trade-off estável entre inflação e desemprego, mas uma taxa natural de desemprego UN , que é consistente com as forças reais e com as previsões corretas; o desemprego só pode ser mantido abaixo deste nível, com uma aceleração da inflação, ou acima deste, por uma aceleração da defla- ção." Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 31 / 62 CLÁSSICOS DE LITERATURA ECONÔMICA 172 Porém, essa situação é temporária: basta que a taxa de crescimento da demanda agregada nominal e dos preços continue maior para que as expectativas se ajustem à realidade. Quando isto ocorrer, o efeito inicial desaparecerá, podendo mesmo se inver- ter durante algum tempo, porque trabalhadores e empregadores se encontram imobi- lizados por contratos inadequados. Finalmente, o nível de emprego voltará ao que era antes da suposta aceleração não antecipada na demanda agregada nominal. Essa hipótese alternativa está representada no gráfico 2. Cada curva negativa- mente inclinada é uma curva de Phillips, como a apresentada no gráfico 1, exceto esta que é traçada para uma determinada taxa de inflação prevista ou esperada, de- finida como a taxa média esperada de mudança de preços, e não como a média das taxas esperadas de mudança individual de preço – a ordem das curvas seria inversa para o segundo conceito. Parta-se do ponto E e suponha-se que a taxa de inflação se desloque, por qualquer razão, de A para B, e aí permaneça. O desemprego inicial- mente declinaria para LU no ponto F, movendo-se ao longo da curva determinada por uma taxa de inflação LU prevista € 1 S GS GW ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ de A. À medida que as expectativas se ajustam, a curva de curto prazo se deslocaria para cima, até a curva definida por uma taxa de inflação esperada de B. Ao mesmo tempo, o desemprego se deslocaria gradualmente de F para G – para uma discussão mais completa, ver 5. GRÁFICO 2 Curva de Phillips ajustada às expectativas Essa análise é, sem dúvida,extremamente simplificada. Supõe uma única mudança não prevista, quando na realidade existe um fluxo contínuo de mudanças não previstas; Fonte: Friedman, 1976 Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 32 / 62 A Curva de Phillips e a Taxa Natural de Desemprego • A figura acima mostra curvas de Phillips de curto prazo com diferentes níveis de inflação esperada (A e B). • Suponha que a economia comece em "E"com ut = UN e pit = A. • o que acontece se a Demanda Agregada (nominal) aumentar repentinamente(talvez como resultado de ∆G > 0 ou ∆M > 0)? • Enquanto os empresários acreditassem que os preços relativos estivessem mais altos, produção aumenta ⇒↑ Yt e ↑ Pt e ⇒↓ ut. • Trabalhadores demandariam ↑Wt ⇒↑ Pt e assim por diante. • No final, à medida que as expectativas se ajustassem, Wt Pt = Wt−1Pt−1 e ut → UN e o resultado seria inflação mais alta. • A Curva de Phillips seria vertical no Longo Prazo! Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 33 / 62 A Curva de Phillips e a Taxa Natural de Desemprego • A figura acima mostra curvas de Phillips de curto prazo com diferentes níveis de inflação esperada (A e B). • Suponha que a economia comece em "E"com ut = UN e pit = A. • o que acontece se a Demanda Agregada (nominal) aumentar repentinamente(talvez como resultado de ∆G > 0 ou ∆M > 0)? • Enquanto os empresários acreditassem que os preços relativos estivessem mais altos, produção aumenta ⇒↑ Yt e ↑ Pt e ⇒↓ ut. • Trabalhadores demandariam ↑Wt ⇒↑ Pt e assim por diante. • No final, à medida que as expectativas se ajustassem, Wt Pt = Wt−1Pt−1 e ut → UN e o resultado seria inflação mais alta. • A Curva de Phillips seria vertical no Longo Prazo! Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 33 / 62 A Curva de Phillips e a Taxa Natural de Desemprego • A figura acima mostra curvas de Phillips de curto prazo com diferentes níveis de inflação esperada (A e B). • Suponha que a economia comece em "E"com ut = UN e pit = A. • o que acontece se a Demanda Agregada (nominal) aumentar repentinamente(talvez como resultado de ∆G > 0 ou ∆M > 0)? • Enquanto os empresários acreditassem que os preços relativos estivessem mais altos, produção aumenta ⇒↑ Yt e ↑ Pt e ⇒↓ ut. • Trabalhadores demandariam ↑Wt ⇒↑ Pt e assim por diante. • No final, à medida que as expectativas se ajustassem, Wt Pt = Wt−1Pt−1 e ut → UN e o resultado seria inflação mais alta. • A Curva de Phillips seria vertical no Longo Prazo! Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 33 / 62 A Curva de Phillips e a Taxa Natural de Desemprego • A figura acima mostra curvas de Phillips de curto prazo com diferentes níveis de inflação esperada (A e B). • Suponha que a economia comece em "E"com ut = UN e pit = A. • o que acontece se a Demanda Agregada (nominal) aumentar repentinamente(talvez como resultado de ∆G > 0 ou ∆M > 0)? • Enquanto os empresários acreditassem que os preços relativos estivessem mais altos, produção aumenta ⇒↑ Yt e ↑ Pt e ⇒↓ ut. • Trabalhadores demandariam ↑Wt ⇒↑ Pt e assim por diante. • No final, à medida que as expectativas se ajustassem, Wt Pt = Wt−1Pt−1 e ut → UN e o resultado seria inflação mais alta. • A Curva de Phillips seria vertical no Longo Prazo! Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 33 / 62 A Curva de Phillips e a Taxa Natural de Desemprego • A figura acima mostra curvas de Phillips de curto prazo com diferentes níveis de inflação esperada (A e B). • Suponha que a economia comece em "E"com ut = UN e pit = A. • o que acontece se a Demanda Agregada (nominal) aumentar repentinamente(talvez como resultado de ∆G > 0 ou ∆M > 0)? • Enquanto os empresários acreditassem que os preços relativos estivessem mais altos, produção aumenta ⇒↑ Yt e ↑ Pt e ⇒↓ ut. • Trabalhadores demandariam ↑Wt ⇒↑ Pt e assim por diante. • No final, à medida que as expectativas se ajustassem, Wt Pt = Wt−1Pt−1 e ut → UN e o resultado seria inflação mais alta. • A Curva de Phillips seria vertical no Longo Prazo! Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 33 / 62 Determinantes da Taxa Natural de Desemprego Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 34 / 62 Determinantes da Taxa Natural de Desemprego A taxa natural de desemprego não depende de fatores monetários, e sim de fatores reais, tais como: 1 Eficiência do mercado de trabalho: flexibilidade do mercado de trabalho. Quanto + flexível ⇒↓ un; 2 Nível de competição: nível de emprego é menor em mercados menos competitivos; 3 Obstáculos e/ou incentivos ao trabalho: seguro-desemprego é um exemplo; 4 Demografia: certos grupos apresentam maior probabilidade de ficarem desempregados (e.g. jovens e mulheres) ⇒↑ un Esses elementos que afetam a un podem mudar ao longo do tempo ⇒ a taxa natural não precisa ser constante. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 35 / 62 Determinantes da Taxa Natural de Desemprego Outro fator pode ser a produtividade dos trabalhadores (PMgN): • Quando a PMgN sobe ⇒ trabalhadores esperam que ↑ WtPt . • Nesta situação, trabalhadores veem o salário real recebido como normal e esperam que isto continue no futuro. • No entanto, se PMgN cai, esperaríamos que WtPt ↓. • Trabalhadores podem resistir a isto ⇒ un sobe!!! Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 36 / 62 Determinantes da Taxa Natural de Desemprego No caso do seguro desemprego, por exemplo, ele teria dois efeitos: 1 Tornaria os trabalhadores mais exigentes (mais seletivos), estes se recusariam a aceitar qualquer trabalho. Aumento do salário reserva. 2 Torna o trabalho mais interessante ⇒ aumento na força de trabalho. No nosso modelo: un = µ+ z α Onde µ é uma medida de imperfeição do mercado de produto e z representa o seguro desemprego e outros elementos que afetam o comportamento dos trabalhadores. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 37 / 62 A NAIRU e a Taxa Natural Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 38 / 62 A NAIRU e a Taxa Natural Podemos pensar na taxa natural de desemprego de forma alternativa. Admita que piet = pit−1, então se pit = pit−1 pit − pit−1 = (µ+ z)− αun = 0 ou αun = µ+ z Reescrevendo a Curva de Phillips como pit − piet = µ+ z − αut e usando o resultado acima pit − piet = −α(ut − un) Ou pit − pit−1 = −α(ut − un) A curva de Phillips mostraria então uma relação entre a taxa de desemprego efetiva e a natural, e a variação da taxa de inflação. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 39 / 62 A NAIRU e a Taxa Natural de Desemprego pit − pit−1 = −α(ut − un) Note que se ut = un ⇒ pit − pit−1 = 0. • Esta relação da curva de Phillips também nos permite pensar na taxa natural de desemprego como a taxa de desemprego não aceleradora da inflação ou ainda como a NAIRU (Non Accelerating Inflation Rate of Unemployment). • Ou ainda, a NAIRU é a taxa de desemprego necessária para manter a taxa de inflação constante. • Assim como a un essa taxa não é necessariamente constante. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 40 / 62 exchange rate, which reduced import prices (for example, Gordon, 1998). Yet the period after 1998 did not see additional favorable shocks, and indeed, energy prices moved back up. Because unemployment was low through 2000 without accelerating inèation, a consensus emerged that the NAIRU had fallen. On the other hand, the magnitude of the NAIRU decrease is hard to estimate. As illustrated above, it depends on an arbitrary decision about how much to smooth the NAIRU series. The precise timing of movements in the NAIRU is also unclear. Our estimated movements are smooth, with the decrease occurring slowly over almost two decades. Yet this is an artifact of our smoothing procedure. A number of authors have suggested that the NAIRU was fairly constant from the 1980s to the mid-1990s and thenfell sharply in the late 1990s “New Economy.” Perhaps this is true, and our procedure artiécially smoothes out the fall in U*. There are limits to how much one can learn about the NAIRU from unemployment and inèation data alone. The Falling NAIRU: A More Employable Labor Force? Many authors have sought to explain the movements in the U.S. NAIRU. This section and the next review some of the leading hypotheses, with a focus on those that might explain the declining NAIRU of the 1990s. Some of these theories also help explain the earlier NAIRU increase. We begin in this section by reviewing stories that focus on the changing composition of the labor force. Economists have long recognized that unemploy- ment rates are different for different kinds of workers, depending, for example, on Figure 1 Time Varying NAIRUs, 1960–2000 124 Journal of Economic Perspectives Fonte: Ball and Mankiw, 2002, JEP Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 41 / 62 Fonte: Portugal e Madalozzo (2000) Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 42 / 62 Qual a utilidade da NAIRU? Ball and Mankiw (2002) argumentam que a maneira mais óbvia, é que ela é uma ferramenta de previsão. 1 Quando ut > un ⇒ inflação é esperada cair. 2 Quando ut < un ⇒ inflação é esperada subir. Mesmo em um regime de metas de inflação, o Banco Central deveria manter um olho na taxa de desemprego e na NAIRU. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 43 / 62 Curva de Phillips com Expectativas Racionais Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 44 / 62 Curva de Phillips com Expectativas Racionais Permita-nos reformular a curva de Phillips como: pit = pi e t + α(yt − yn) onde agora yt é o produto em t, yn é o produto natural ou o nível de produto associado com un. Note que assim como un, yn não é necessariamente constante. Na versão com expectativas adaptativas: piet ≡ θpit−1 ⇒ pit = θpit−1 + α(yt − yn) Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 45 / 62 Curva de Phillips com Expectativas Racionais Com expectativas racionais teríamos: piet = Et−1[pit|Ωt−1] Onde Ωt−1 representa todo o conjunto de informações disponíveis até t− 1. Na ausência de inflação inercial, teríamos: pit = pi e t + α(yt − yn) A questão é quem é piet = Et−1[pit|Ωt−1]? Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 46 / 62 Curva de Phillips com Expectativas Racionais Imagine que o Banco Central tenha uma meta de inflação, piTt , e que ele seja crível. Então na hipótese das expectativas racionais: piet = Et−1[pit|Ωt−1] = piTt Ou ainda pit = pi T t + �t onde �t ∼ i.i.d(0, σ) representa um processo de choque aleatório. Portanto Et−1pit = Et−1[piTt + �t]⇒ Et−1pit = piTt Portanto, a expectativa racional para a inflação seria igual a meta estabelecida pelo BC. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 47 / 62 Curva de Phillips com Expectativas Racionais A curva de Phillips com expectativas racionais se tornaria: pit = pi T t + α(yt − yn) + �t Outra forma de perceber esta relação é reescrevendo de tal forma que: yt = yn + 1 α (pit − piTt − �t) yt = yn + 1 α (pit − Et−1pit) O produto seria maior que o produto natural, apenas com surpresas inflacionárias. Esta é uma versão da curva de oferta de Lucas (1972). Esse resultado é conhecido como a proposição da inefetividade da política monetária. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 48 / 62 Expectativas Racionais e a Inefetividade da Política Vejamos um modelo simples para motivar essa proposição. Considere que a oferta agregada é dada por: yt = yn + θ(pt − Et−1pt) onde θ ≡ 1α O produto seria maior que o produto natural, apenas com surpresas inflacionárias. Considere agora que a demanda agregada é dada por uma equação quantitativa MtVt = PtYt em logs: mt + vt = pt + yt onde mt ≡ quant. de moeda, vt ≡ velocidade de circulação da moeda. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 49 / 62 Expectativas Racionais e a Inefetividade da Política Resolvendo para os preços pt = mt + vt − yt Note que essa relação também deve ser mantida em expectativas pela premissa de racionalidade dos agentes. Et−1pt = Et−1mt + Et−1vt − Et−1yt Portanto: pt − Et−1pt = (mt − Et−1mt) + (vt − Et−1vt)− (yt − Et−1yt) Assumindo vt = v¯ ∀t e usando a oferta agregada (yt −Et−1yt) = θ(pt −Et−1pt) onde, usamos a ideia que Et−1yt = yn, portanto, pt − Et−1pt = (mt − Et−1mt)− θ(pt − Et−1pt) Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 50 / 62 Expectativas Racionais e a Inefetividade da Política • Produzindo pt − Et−1pt = 1 1 + θ (mt − Et−1mt) • Usando esse resultado na OA, temos a determinação do produto em equilíbrio: yt = yn + θ 1 + θ (mt − Et−1mt) • Esse resultado diz que apenas mudanças não antecipadas na oferta de moeda (política monetária) teriam efeitos sobre a atividade econômica. • Qualquer mudança que é completamente antecipada pelos agentes não terá efeito sobre a economia real. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 51 / 62 Expectativas Racionais com Rigidez de Preços • Suponha agora uma versão com rigidez salarial (contratos de trabalho) e dois períodos. • Os salários são negociados no início do período 1 e devem ser mantidos ao longo dos dois períodos. • Suponha que a oferta é produzida apenas com trabalho: Yt = L γ t com 0 < γ < 1 • Da solução do problema da firma (Max Π = PtYt −WtLt) temos que: Wt Pt = γLγ−1t Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 52 / 62 Expectativas Racionais com Rigidez de Salários • Na versão em logs: wt − pt = ln γ + (γ − 1)lt (1) • Suponha que os preços do período 1 sejam dados e iguais a p¯. Neste caso, os salários negociados de tal forma que: wt = p¯+ Et−2pt (2) • Ele gasta metade do salário no primeiro e metade no segundo. Substituindo esse resultado na equação de oferta da firma: p¯+ Et−2pt − pt = ln γ + (γ − 1)lt (3) Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 53 / 62 Expectativas Racionais com Rigidez de Salários • Rearranjando e usando o fato que yt = γlt yt = γ 1− γ (ln γ − p¯) + γ 1− γ (pt − Et−2pt) (4) • Essa é a curva de oferta de Lucas. Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 54 / 62 Expectativas Racionais com Rigidez de Salários Suponha que a DA seja dada como antes yt = mt + vt − pt (5) Note que essa relação também deve ser mantida em expectativas pela premissa de racionalidade dos agentes. Et−2yt = Et−2mt + Et−2vt − Et−2pt Portanto: yt − Et−2yt = (mt − Et−2mt) + (vt − Et−2vt)− (pt − Et−2pt) (6) Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 55 / 62 Expectativas Racionais com Rigidez de Salários • Voltemos para a OA (eq. 4). • Use a Lei das Expectativas Iteradas (Et−2Et−2xt = Et−2xt) na OA para mostrar que: Et−2yt = γ 1− γ (ln γ − p¯) + γ 1− γ (Et−2pt − Et−2pt) = γ 1− γ (ln γ − p¯) Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 56 / 62 Expectativas Racionais com Rigidez de Salários Logo usando este resultado e calculando yt − Et−2yt utilizando a OA: yt − Et−2yt = γ 1− γ (pt − Et−2pt) Em equilíbrio DA = OA, portanto, podemos usar esse resultado (derivado pela OA) na eq. (6) (derivada usando a DA). Assumindo vt constante, produz: γ 1− γ (pt − Et−2pt) = (mt − Et−2mt)− (pt − Et−2pt) Rearrajando: (pt − Et−2pt) = (1− γ)(mt − Et−2mt) (7) Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 57 / 62 Expectativas Racionais com Rigidez de Salários • Logo usando este resultado na OA (eq. 4), produz o produto em equilíbrio: yt = γ 1− γ (ln γ − p¯) + γ(mt − Et−2mt) (8) • Como antes, surpresas na política monetária afetam o produto de equilíbrio. • Note contudo, que agora componentes sistemáticos da política monetária também afetam o produto! Silva (UFPE) Inflação e Curvade Phillips 2019 58 / 62 Expectativas Racionais com Rigidez de Salários • Suponha que a política monetária era tal que mt = m¯ para t = 1 e t = 2. Os agentes assumem essa informação na formação de expectativas, com isso Et−2mt = m¯. • Só que em t = 1, após os agentes terem estabelecido os salários, o Banco Central resolve aumentar a oferta de moeda mt = m¯ ′ > m¯ para t = 1 e t = 2. y1 = γ 1− γ (ln γ − p¯) + γ(m1 − Et−2m1) = γ 1− γ (ln γ − p¯) + γ(m¯ ′ − m¯) > yn Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 59 / 62 Expectativas Racionais com Rigidez de Salários • E o BC mantém essa política em t = 2. • Sem rigidez de salário, os agentes incorporariam essa informação de mudança de política rapidamente de tal forma que y2 = yn! • Só que, com rigidez de salários, os salários estão dados pelos contratos. • Portanto, o que importa não é E1m2 = m¯′, mas E0m2 = m¯. • Com isso, y2 = y1 > yn mesmo quando a política é antecipada pelos agentes! Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 60 / 62 Expectativas Racionais com Rigidez de Salários • Este resultado é problemático porque se os agentes sabem que o governo tem esse incentivo, eles vão incorporar essa informação. • E isso mudará a escolha dos salários e y2 = yn, mas vamos ignorar isso por enquanto. • Esse é um problema de inconsistência dinâmica da política monetária. • Sob P.M. discricionária, ela dará surgimento ao viés inflacionário da P.M. • Veremos isso mais à frente (regras vs. discrição na P.M.). Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 61 / 62 • Ball, L and Mankiw, N. G. The NAIRU in Theory and Practice. Journal of Economic Perspectives, Volume 16, Number 4, Fall 2002, Pages 115-136. • Blanchard (2010) Macroeconomia, Cap. 8. • Friedman, M. Inflação e desemprego: A novidade da dimensão política. Em: IPEA, Clássicos da Literatura Econômica. • Imbs, Jean. Macroeconomics. mimeo. 2010. • Phillips, A. W. (1958) - The Relation Between Unemployment and the Rate of Money Wage Rates in the United Kingdom, 1861-1957, Economica, V. 25, N. 100. • Portugal e Madalozzo (2000) Um modelo de NAIRU para o Brasil. Revista de Economia Política, V.20, N. 4 . Silva (UFPE) Inflação e Curva de Phillips 2019 62 / 62 Motivação
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