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Transmissão oral da doença de Chagas pelo consumo de açaí

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Vig Sanit Debate 2014;2(04):4-11 | 4http://www.visaemdebate.incqs.fiocruz.br/
Artigo
Doi: 10.3395/VD.V2i4.358
Transmissão oral da doença de Chagas pelo consumo de 
açaí: um desafio para a Vigilância Sanitária
Oral transmission of Chagas disease by consumption of açaí: a 
challenge for Health Surveillance
Renata Trotta Barroso Ferreira*
Maria Regina Branquinho
Paola Cardarelli Leite
 instituto Nacional de Controle de 
Qualidade em Saúde, Fundação 
oswaldo Cruz (iNCQS/Fiocruz), rio 
de Janeiro, rJ, Brasil
* E-mail: renata.trotta@incqs.fiocruz.br
recebido: 27 ago 2014 
Aprovado: 12 out 2014
RESuMO
Até o ano de 2004, a ocorrência de doença de Chagas aguda (DCA) por transmissão 
oral, relacionada ao consumo de alimentos, constituía um evento pouco conhecido ou 
investigado. Atualmente tornou-se frequente na região amazônica e está relacionada à 
ocorrência de surtos recentes em diversos estados brasileiros.
Os casos recentes notificados no Brasil de DCA estão relacionados ao consumo do suco de 
açaí, considerado um alimento essencial na dieta da população da região Norte e muito 
apreciado nos demais estados brasileiros e em outros países.
O objetivo deste trabalho foi destacar os novos desafios a serem enfrentados pelos órgãos 
de saúde pública na prevenção da transmissão da doença de Chagas pelo consumo de açaí.
Apesar de existirem importantes estratégias sendo implementadas pelo Brasil no combate 
à doença de Chagas transmitida via alimento, ainda há a necessidade de incentivos à 
pesquisa para que conhecimentos gerados auxiliem na compreensão da transmissão oral e 
sua melhor interpretação epidemiológica, de prevenção e controle. A implementação das 
Boas Práticas de Higiene, Boas Práticas de Manufatura e a aproximação entre instituições 
de ciência e os produtores de açaí também poderão contribuir na solução deste problema.
PaLaVRaS-CHaVE: Doença de Chagas; Trypanosoma Cruzi; Açaí; transmissão oral; 
Vigilância Sanitária
aBSTRaCT
the occurrence of acute Chagas disease (ACD) by oral transmission related to food consumption, 
untill 2004, was a little known or investigated event. Currently becomes frequent in the 
Amazon region and is related to the occurrence of recent outbreaks in several states.
recent cases in Brazil of ACD are related to the consumption of acai juice, considered essencial 
food in the diet of the population in the Northern region. the acai berry has been appreciated both 
for its nutritional value, as by its characteristic flavor, ceasing to be consumed in the producing 
regions, extending throughout the brazilian territory and even exported to other countries.
the aim of this study was to highlight the new challenges faced by public health agencies 
in preventing the transmission of Chagas disease by consumption of açaí. Although 
there are important strategies being implemented by Brazil to combat Chagas disease 
transmitted via food, there is still a need for incentives to search for that knowledge 
generated assist in understanding the oral transmission of this parasite and its better 
interpretation of epidemiological, prevention and control. Besides the implementation of 
good Hygiene Practices, good Manufacturing Practices and the rapprochement between 
science institutions and producers of acai to contribute in solving this problem.
KEywORdS: Chagas Disease; Trypanosoma Cruzi; Açaí; oral transmission; Health Surveillance
Vig Sanit Debate 2014;2(04):4-11 | 5http://www.visaemdebate.incqs.fiocruz.br/
Ferreira RTB et al. Transmissão oral da doença de Chagas
InTROduçãO
A história natural da doença de Chagas começou há milhares de 
anos como uma enzootia, particularmente entre os animais silves-
tres, e que ainda persiste em áreas como a da região amazônica. 
Quando o homem invadiu os ecótopos naturais, a transmissão da 
doença aconteceu acidentalmente como uma antropozoonose. 
Como resultado do desmatamento para atividade da agricultura 
e pecuária na América Latina nos últimos trezentos anos, tria-
tomíneos incapazes de alimentar-se devido ao deslocamento de 
animais silvestres começaram a colonizar áreas ao redor e dentro 
de casas. Eles adaptaram-se a este novo nicho, alimentando-se de 
sangue de humanos e animais domésticos como uma zoonose1. En-
tretanto, com as mudanças no ambiente decorrentes da ocupação 
humana, o panorama se modificou e, atualmente, esta doença se 
configura em um importante problema de saúde pública com uma 
ampla distribuição na América Central e do Sul, estendendo-se 
desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina2.
A doença de Chagas ou tripanossomose americana foi descoberta 
em 1909, pelo pesquisador brasileiro Carlos ribeiro Justiniano 
das Chagas (1878-1934), no município de Lassance, interior do 
Estado de Minas gerais3. Segundo a organização Mundial da Saú-
de (oMS), a doença de Chagas está entre as dezessete doenças 
tropicais negligenciadas, atingindo cerca de 10 milhões de indi-
víduos infectados nas Américas, sendo que somente no Brasil há 
2 milhões de chagásicos4. Além disso, está entre as mais impor-
tantes infecções parasitárias e, no final do século passado, foi 
considerada como a mais importante pelo Banco Mundial, por 
apresentar um impacto socioeconômico significativamente maior 
que o obtido pelo efeito combinado de todas as outras infecções 
causadas por parasitos5.
A doença se estabelece por meio de um ciclo biológico comple-
xo e ocorre pela transmissão do Trypanosoma cruzi (T. cruzi), 
um protozoário hemoflagelado, da Ordem Kinetoplastida e da 
Família trypanosomatidae. o ciclo inclui dois tipos de hospedei-
ros. O primeiro é um inseto hemíptero e hematófago, popular-
mente conhecido como barbeiro (triatomíneo) e, o segundo, um 
mamífero reservatório que pode pertencer a diversas classes, 
como marsupiais e roedores6. A dispersão da doença de Chagas 
no Brasil guarda relação direta com a presença das principais es-
pécies de triatomíneos domiciliares: o Triatoma infestans, Tria-
toma sordida, Triatoma brasiliensis, Triatoma pseudomaculata e 
Panstrongylus megistus7.
A doença apresenta duas fases: a inicial ou aguda (DCA), que per-
dura por 4 a 8 semanas, muitas vezes assintomática ou oligossinto-
mática, caracterizada pela presença do tripomastigota no sangue 
do hospedeiro; e a segunda fase que pode perdurar por anos ou 
décadas, quando há evolução para a forma crônica, que é carac-
terizada pelo comprometimento dos tecidos cardíaco e/ou diges-
tório do doente, com difícil detecção de parasitos circulantes8,9.
Em indivíduos cuja doença evolui para a fase crônica, pode haver 
o aparecimento de problemas cardíacos, megaesôfago e mega-
cólon, porém, entre os sintomas crônicos, o principal é a insufi-
ciência cardíaca, que pode conduzir à morte súbita9,10.
As complicações mais severas afetam aproximadamente 30% 
dos pacientes e causam cerca de 50 a 100 mil mortes por ano11. 
Até o momento, a doença de Chagas não apresenta tratamento 
quimioterápico efetivo, nem vacina e os poucos medicamentos 
disponíveis são geralmente tóxicos12.
outro aspecto importante é a marginalização pela sociedade do 
doente crônico, pois este fica impossibilitado de trabalhar, fato 
que, além de sobrecarregar os órgãos de previdência social com 
aposentadorias precoces, desperta no doente chagásico a sensa-
ção de fragilidade, comprometendo a sua autoestima, a sua saú-
de psicológica e, por conseguinte, a sua qualidade de vida. Além 
disso, os custos do tratamento de um doente chagásico crônico 
para o sistema público de saúde são enormes, em decorrência da 
morbidade, da hospitalização e do tratamento dos sintomas13.
A transmissão do T. cruzi para o ser humano pode ocorrer via 
vetorial, transmissão clássica que ocorre durante repasto san-
guíneo com excretas detriatomíneo através da pele lesada ou 
mucosa; via transfusional, através da transfusão de hemoderi-
vados ou transplante de órgão por doadores contaminados; via 
vertical ou congênita; acidentes em laboratórios e via oral. Esta 
última via vem apresentando altos índices entre populações de 
áreas endêmicas (Cone Sul: Brasil e Argentina) e países do norte 
da América do Sul (norte do Brasil, Bolívia, Colômbia e Venezue-
la), com grande importância pela sua frequência, dificuldade de 
controle, falta de reconhecimento e necessidade de novas estra-
tégias de prevenção. A transmissão pela via oral ocorre principal-
mente por ingestão de material contaminado com triatomíneos 
infectados ou suas fezes, ingestão de carne crua, ou mal cozida, 
ou ainda pelas secreções de alguns mamíferos infectados14.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi destacar os novos desa-
fios a serem enfrentados pelos órgãos de saúde pública na preven-
ção da transmissão da doença de Chagas pelo consumo de açaí.
METOdOLOgIa
Foi realizado um levantamento das publicações de leis, decre-
tos, portarias, resoluções, instruções normativas, regulamentos 
técnicos, informes técnicos, artigos nacionais e internacionais 
nas bases de dados PubMed e google Scholar, usando os descrito-
res: açaí, doença de Chagas, transmissão oral, surtos, Trypanoso-
ma cruzi, Vigilância Sanitária, Chagas disease, oral transmission 
e health surveillance.
RESuLTadOS E dISCuSSãO
doença de Chagas transmitida por via oral e registros de surtos 
envolvendo alimentos
A possibilidade de transmissão da infecção por via oral foi demons-
trada experimentalmente, pela primeira vez por Nathan-Larrier, 
em 1921, ao reproduzir a doença de Chagas em animais de la-
boratório que receberam formas tripomastigotas do parasito por 
Vig Sanit Debate 2014;2(04):4-11 | 6http://www.visaemdebate.incqs.fiocruz.br/
Ferreira RTB et al. Transmissão oral da doença de Chagas
via oral e por Brumpt, em 1931, colocando fezes de triatomíneos 
infectados na mucosa bucal de animais15,16. A maior experiência 
coube a Carlos Diaz Ungría e colaboradores, na Venezuela, entre 
as décadas de 1960 e 1980, que trabalharam com cães, cobaias e 
roedores, infectando-os por via oral com cepas locais de T. cruzi 
originadas de triatomíneos naturalmente infectados17,18,19.
Em 1985, Jansen e Deane constataram a infecção de camundon-
gos que ingeriram alimentos contaminados com excrementos do 
gambá Didelphis marsupialis, ampliando as ações deste marsu-
pial como reservatório e transmissor do T. cruzi20.
Em 1994, Calvo-Méndez e colaboradores demonstraram a infec-
ção chagásica por via oral em camundongos pela administração 
de água potável, leite pasteurizado, carne moída crua ou cozida, 
queijo fresco e arroz cozido contaminados com fezes de Triato-
ma pallidepennis, concluindo que o leite se apresentou como o 
meio mais efetivo para a transmissão do T. cruzi21.
Castanho e colaboradores, em 2002, relataram a possibilidade da 
infecção chagásica em camundongos utilizando caldo de cana con-
taminado com fezes de Rhodnius neglectus contendo T. cruzi22.
Em 2008, Yoshida descreveu, através de estudos de infecção 
experimental por T. cruzi pela via oral, a rota das formas tri-
pomastigotas metacíclicas inoculadas oralmente, que escapam 
da ação do suco gástrico protegendo-se na camada de mucina e 
atravessando a mucosa gástrica23.
Barbosa-Labello, em 2010, demonstrou em seu trabalho utilizando 
modelo animal que o T. cruzi foi capaz de sobreviver na polpa de 
açaí por diferentes períodos de incubação e sob diversos tratamen-
tos térmicos, além de preservar a sua virulência em camundongos24.
o primeiro caso de infecção humana pela via oral foi registrado na 
Argentina por Mazza e colaboradores, em 1936, através da inges-
tão do leite materno25. No mesmo país foram relatados casos de 
crianças que adoeceram após consumo de remédio caseiro conten-
do sangue fresco de tatu e de carne crua de animais silvestres26.
Em países como Equador e Colômbia também foram descritos casos 
suspeitos de transmissão oral da doença de Chagas a partir da inges-
tão de carnes de animais silvestres e vinho de palma regional27,28,29,30.
No Brasil, dentro e fora da região amazônica, muitos casos de DCA 
têm sido registrados em forma de surto caracterizando-se por um 
grupo de pessoas reunidas em um mesmo lugar que ao ingerirem um 
mesmo tipo de alimento adoecem quase que simultaneamente com 
quadro febril e manifestações gerais de uma infecção sistêmica. 
Apesar do crescente número de casos agudos, os relatos dessa fase 
da doença são escassos na literatura. Segundo teixeira e colaborado-
res, para cada caso agudo notificado, podem ser estimados de 20 a 
100 outros casos, o que caracteriza a subnotificação da doença31.
No período de 1965 até 2009, foram registrados 8 surtos fora da re-
gião amazônica brasileira, totalizando 106 casos, conforme tabela 1.
Na região amazônica brasileira, o número de surtos é bem maior 
do que nas regiões apresentadas anteriormente. Foram 149 surtos 
distribuídos pelos estados do Acre (3), Amapá (22), Amazonas (2), 
Maranhão (2) e Pará (120), totalizando 423 casos descritos entre 
os anos de 1968 a 2010. os surtos estão descritos na tabela 2.
Tabela 2. Surtos de doença de Chagas pela transmissão oral na Amazônia Brasileira no período de 1968 a 2010.
Local Ano Nº de Casos nº de Óbitos alimento Suspeito
Belém39 - PA 1968 4 ND ND
Amapá e Pará40 1982-2001 149 ND Açaí
igarapé-Miri41 - PA 2002 12 2 ND
Belém42 - PA 2004 3 ND ND
Santarém43 - PA 2006 21 ND Bacaba
região amazônica44 2007 88 4 Açaí
região Norte45 2008 129 ND Açaí
rio Negro46 - AM 2010 17 ND Açaí
total 423 6
ND: Não divulgado
Tabela 1. Surtos de doença de Chagas pela transmissão oral fora da Amazônia Brasileira, no período de 1965 a 2009.
Local Ano Nº de Casos nº de Óbitos alimento Suspeito
teutônia32,33 – rS 1965 17 6 ND
riacho de Santana – BA34 1979 20 ND ND
Catolé da rocha35 – PB 1986 26 2 Caldo de cana 
Navegantes36 - SC 2005 24 3 Caldo de cana
redenção37 - CE 2006 8 2 ND
ibitinga e Macaúbas37 - BA 2006 7 2 Água
Axixá do tocantins38 - to 2009 4 ND Palmito
total 106 15
ND: Não divulgado
Vig Sanit Debate 2014;2(04):4-11 | 7http://www.visaemdebate.incqs.fiocruz.br/
Ferreira RTB et al. Transmissão oral da doença de Chagas
A ocorrência de transmissão do T. cruzi por meio de alimentos é, 
portanto, fato comprovado em diferentes modelos experimentais 
e em observações de seres humanos. o açaí foi o alimento asso-
ciado ao maior número de casos de doença de Chagas ocorridos na 
região Norte nos últimos anos10 seja pela contaminação dos frutos 
ou da própria polpa por meio de dejetos de animais reservatórios 
ou de insetos vetores infectados das áreas endêmicas10,44.
açaí: aspectos nutricionais, sociais, econômicos e de saúde pública
Devido à sua importância socioeconômica pelo aproveitamento 
integral do açaí, foi observado um crescimento da demanda do 
mercado nacional nos últimos anos, despertando grande interes-
se em investimentos e pesquisas sobre o assunto. Um dos gran-
des interesses pode ser atribuído às propriedades nutricionais 
e ao valor calórico do açaí, pois este é um alimento rico em 
proteínas, fibras, lipídios, vitamina E e minerais como manganês, 
cobre, boro e cromo. Além disso, este fruto possui um elevado 
teor de antocianinas, que favorecem a circulação sanguínea e 
protegem o organismo contra a arteriosclerose, associados à sua 
composição fitoquímica e capacidade antioxidante. Outras pro-
priedades foram ou estão sendo estudadas e podem ser aplicadas 
em diversos usos como cosméticos, biocidas, contraste oral para 
ressonância e dispositivos biomédicos47,48,49,50.o açaí é o alimento diário para muitas pessoas da população 
do norte e, pelo preço acessível e alto valor nutricional, muitas 
vezes a única refeição do dia. Nesta região a comercialização e 
consumo são realizados imediatamente após o seu processamen-
to, sem qualquer tratamento térmico.
A região norte tem sido bastante procurada para o ecoturismo 
atraindo pessoas de diversos países. A cozinha amazônica é apre-
sentada como a autêntica cozinha brasileira, sendo marcada-
mente de origem indígena, onde muitos alimentos são aprecia-
dos, entre eles o açaí. Desse modo, muitos turistas podem estar 
sendo expostos ao risco de contraírem doença de Chagas contri-
buindo para o aumento do número de pessoas contaminadas em 
países não-endêmicos. Deve-se considerar que a transmissão oral 
pode levar a um quadro assintomático da doença.
Estudos apontam um aumento significativo de pessoas com do-
ença de Chagas em países como Japão, Estados Unidos, Canadá, 
Austrália, Bélgica, Portugal, França, itália, Suíça, reino Unido, 
Alemanha, Croácia, Dinamarca, entre outros51. Dada a significa-
tiva migração de pessoas de área endêmica para as mais diversas 
regiões, a infecção pelo T. cruzi pode ocorrer em qualquer país, 
com risco do aparecimento de novos casos da doença decorren-
tes da transmissão de mãe para filho, doação de sangue, doação 
de órgãos e acidentes de laboratório.
outros fatores que devem ser considerados referem-se à pouca efe-
tividade do congelamento como métodos de controle da transmis-
são e à excelente adaptação que o parasito demonstrou ao estresse 
térmico no tratamento combinado a 4ºC e temperatura ambiente24, 
podendo sugerir a viabilidade do parasito em produtos exportados, 
contribuindo assim ainda mais para o aumento do número de pesso-
as com doença de Chagas em países não endêmicos.
Deve-se ressaltar que a segurança alimentar é uma questão glo-
bal e um aumento na exportação de produtos alimentares sem o 
tratamento adequado pode levar à introdução e estabelecimen-
to de novas doenças em áreas geográficas que nunca experimen-
taram certos patógenos de origem alimentar.
o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, através da ins-
trução Normativa nº 1, de 7 de janeiro de 2000, aprovou o regu-
lamento técnico para fixação dos padrões de Identidade e Qua-
lidade para polpa de frutas, dentre as quais se encontra a polpa 
de açaí. Os produtos obtidos do fruto do açaí são classificados de 
acordo com a adição ou não de água e percentual de sólidos to-
tais em polpa de açaí (polpa extraída sem adição de água e sem 
filtração); açaí grosso ou especial (polpa extraída com adição de 
água e filtração e sólidos totais acima de 14%); açaí médio ou 
regular (polpa extraída com adição de água e filtração e sólidos 
totais entre 11% e 14%) e açaí fino ou popular (polpa extraída 
com adição de água e filtração e sólidos totais entre 8% e 11%). 
Quanto aos ingredientes básicos, a polpa de açaí e o açaí devem 
ser obtidos de frutas frescas, sãs, maduras, desprovidas de terra, 
sujidade, parasitas e microrganismos que possam tornar o produ-
to impróprio para consumo52.
No entanto, problemas que norteiam a qualidade sanitária dos 
alimentos produzidos a partir desse fruto têm preocupado a po-
pulação e levado aos sistemas públicos de saúde uma nova de-
manda para o enfrentamento da doença de Chagas por meio do 
consumo de açaí.
Além da má qualidade sob o ponto de vista microbiológico por apre-
sentarem elevadas taxas de coliformes fecais, bolores e leveduras, 
o açaí também está envolvido com frequência, nos diversos estados 
brasileiros, na transmissão oral da doença de Chagas, tornando-se 
um problema de saúde pública e prejudicando sua comercialização 
tanto no mercado interno, quanto no internacional53,54.
A escassez de dados com relação a esse tipo de transmissão alia-
da à falta de programas de capacitação dos manipuladores, de 
tecnologia para processamento do fruto e do controle da quali-
dade tornam o consumo do açaí um risco à saúde do consumidor.
Estratégias e ações governamentais para reduzir os números 
de casos de dCa por transmissão oral
Em 2005, o Ministério da Saúde publicou o “Consenso Brasi-
leiro de doença de Chagas” com o objetivo de padronizar as 
estratégias de diagnóstico, tratamento, prevenção e contro-
le da doença de Chagas55.
Neste mesmo ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(ANViSA), através da rDC nº 218 de 29/07/2005, estabeleceu o 
regulamento técnico de procedimentos higiênico-sanitários para 
manipulação de alimentos e bebidas preparados com vegetais56.
No caso específico do açaí, o Ministério da Agricultura, Pecuária 
e Abastecimento, através da Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-
pecuária (EMBrAPA), elaborou o procedimento para seu processa-
mento, com etapas desde a colheita até congelamento e estoque 
visando tanto o processamento tradicional quanto o industrial57.
Vig Sanit Debate 2014;2(04):4-11 | 8http://www.visaemdebate.incqs.fiocruz.br/
Ferreira RTB et al. Transmissão oral da doença de Chagas
A consulta técnica em epidemiologia, prevenção e manejo da 
transmissão da doença de Chagas como doença transmitida por 
alimentos, realizada em 2006, resultou em algumas recomenda-
ções como a definição de casos suspeitos, prováveis e confirma-
dos de transmissão oral e a necessidade de fomento à pesquisa 
básica e aplicada, para obtenção de conhecimentos que ajudem 
a compreensão do fenômeno de transmissão oral do T. cruzi e, 
consequentemente, a sua melhor interpretação epidemiológica 
e de prevenção/controle tais como técnicas de detecção do T. 
cruzi, em alimentos, dentre outras58.
Em 2008, a ANViSA elaborou um informe técnico sobre o geren-
ciamento do risco sanitário na transmissão de doença de Chagas 
aguda por alimentos e recomendou à comunidade científica que 
os seguintes temas necessitavam ser pesquisados: viabilidade, 
técnicas de detecção e de inativação e formas de contamina-
ção de T. cruzi nos alimentos, bem como o desenvolvimento de 
medidas de controle por meio de investigações epidemiológicas 
consistentes. No que se refere às ações de vigilância sanitária, 
foi criado um plano de ação para melhoria da qualidade higiênico 
sanitária do açaí e a urgência de cada ação. Dentre estas ações 
estão o incentivo e o fomento à produção científica, inclusão 
do açaí no programa estadual de monitoramento de alimentos, 
desenvolvimento de análise de risco sobre o açaí, incentivo à 
criação de redes de comunicação de surtos pelas regionais e mu-
nicípios e elaboração de um diagnóstico do produto açaí com 
informações disponíveis sobre produção e mercado59.
Em 2009, o Ministério da Saúde elaborou o “guia de vigilância, 
prevenção, controle e manejo clínico, da doença de chagas agu-
da transmitida por alimentos”, destinando-se àqueles gestores e 
trabalhadores da saúde que exercem suas atividades em regiões 
onde o acesso à informação é difícil, reduzindo a possibilidade de 
troca de experiência com outros parceiros, principalmente com a 
população e que vem enfrentando uma demanda crescente de ca-
sos suspeitos deste agravo, em particular na região amazônica60.
Em função da sua missão institucional, o instituto Nacional de 
Controle de Qualidade em Saúde (iNCQS) tem atuado de for-
ma participativa na organização de uma estrutura de vigilân-
cia sanitária que permita identificar, avaliar e gerenciar riscos 
à saúde humana. Isto se tornou um grande desafio em função 
da complexidade dos avanços tecnológicos, principalmente na 
área de alimentos, que podem representar um risco sem ações 
de controle já estabelecidas. A disponibilização de métodos para 
detecção de T. cruzi em alimentos é uma ferramenta poderosa 
na investigaçãoepidemiológica da doença de Chagas, transfor-
mando evidências epidemiológicas em dados comprobatórios de 
que alimentos estejam efetivamente contaminados por T. cru-
zi. o iNCQS implantou um método de detecção de T. cruzi em 
açaí por PCR que possibilita uma identificação precisa e rápida 
do agente patogênico, permitindo o controle de qualidade de 
alimentos consumidos em todo território brasileiro oriundos de 
regiões endêmicas, como é o caso da polpa de açaí61.
Desde 2011, o iNCQS vem analisando amostras contendo açaí 
como polpas, docinho, sorvete, picolé, mingau, frutos e se-
mentes. Vários produtos apresentaram resultados positivos para 
detecção de DNA de T. cruzi, demonstrando falhas nas Boas Prá-
ticas de Fabricação62.
No Estado do Pará, foi criado, no ano de 2011, o Programa Esta-
dual da Qualidade do Açaí (PEQA), objeto do Decreto Estadual 
nº 2.475/2010 e coordenado pela Secretaria de Estado de Agri-
cultura (SAgri), que tem a participação de 14 instituições. No 
Programa, está em curso a capacitação de batedores de açaí em 
boas práticas alimentares, de acordo com as normas do Progra-
ma Alimento Seguro (PAS)63.
o governo do Estado do Pará publicou o Decreto nº 326, de 
20/01/2012, que estabelece regras para cadastramento dos ba-
tedores artesanais de açaí, considerando a necessidade do co-
nhecimento real do número de estabelecimentos que manipulam 
artesanalmente o açaí no Estado do Pará, a fim de possibilitar ao 
Estado a promoção de políticas públicas de inclusão socioprodutivas 
imediatas neste segmento da cadeira produtiva. Além disso, esta-
belece requisitos higiênico-sanitários para a manipulação de açaí 
por batedores artesanais, de forma a prevenir surtos com Doenças 
transmitidas por Alimentos (DtA) e minimizando o risco sanitário64.
A manutenção dos progressos alcançados no controle da doença 
de Chagas dependerá do compromisso político e da disponibi-
lização de recursos humanos e financeiros para saúde pública. 
A resolução WHA 63.20 aprovada na 63a Assembleia Mundial de 
Saúde, em maio de 2010, aconselha os Estados-Membros, onde a 
doença é endêmica ou não-endêmica, a controlar todas as vias 
de transmissão, inclusive a oral, e integrar os cuidados de pa-
cientes com todas as formas clínicas da doença nos serviços de 
atenção primária4.
A oMS tem trabalhado na facilitação da criação de redes a ní-
vel global e no reforço no fortalecimento mundial de vigilân-
cia epidemiológica da doença tanto para prevenir as formas 
de transmissão como para promover o acesso precoce ao diag-
nóstico e tratamento. Além disso, presta colaboração com os 
Estados-Membros e iniciativas intergovernamentais, com o intui-
to de estabelecer objetivos e metas para a prevenção e controle 
da doença; promoção de pesquisas relacionadas à prevenção, 
controle e atenção; avanço em esforços intersetoriais e colabo-
ração, e apoio nas mobilizações de recursos nacionais e interna-
cionais, públicos e privados para esses objetivos4.
COnCLuSãO
Segundo trevisan, o conhecimento melhora processos, aperfei-
çoa serviços, cria negócios e, sobretudo torna a gestão eficiente. 
E isso só é obtido com educação e ciência. Daí a importância 
de se juntar a capacidade de gerar desenvolvimento do mundo 
acadêmico com o meio empresarial65.
Apesar de existirem importantes estratégias sendo implementa-
das, o Brasil ainda se encontra num estágio embrionário e pon-
tual no combate à doença de Chagas transmitida via alimento.
Ainda há a necessidade de incentivos à pesquisa para que co-
nhecimentos gerados relacionados à viabilidade do T. cruzi em 
Vig Sanit Debate 2014;2(04):4-11 | 9http://www.visaemdebate.incqs.fiocruz.br/
Ferreira RTB et al. Transmissão oral da doença de Chagas
diferentes alimentos, técnicas de detecção e de inativação e for-
mas de contaminação dos alimentos pelo T. cruzi, entre outros, 
auxiliem na compreensão da transmissão oral desse parasito e sua 
melhor interpretação epidemiológica, de prevenção e controle58.
São necessárias ainda estratégias para garantir a inocuidade do 
açaí, mantendo suas propriedades sensoriais e nutricionais. As-
sim, as Boas Práticas de Higiene, Boas Práticas de Manufatura e 
a aproximação entre instituições de ciência e os produtores de 
açaí são essenciais para contribuir na solução deste problema.
Programas de capacitação para os batedores artesanais, tec-
nologia para processamento da polpa de açaí e o controle da 
qualidade são investimentos que devem ser realizados para que 
esse produto tão importante para população atinja um padrão de 
qualidade como é estabelecido acima.
Sendo assim, existem muitos desafios para o Brasil no que se 
refere à estruturação de ações voltadas para atenção, vigi-
lância, prevenção e controle, com vistas a respostas efetivas 
para toda a sociedade.
Desta forma, espera-se que os produtores de polpa alcancem um 
estágio de produção que garanta a qualidade, a minimização dos 
riscos de saúde, o valor nutricional e as propriedades sensoriais 
desse alimento tão desejado na cultura brasileira.
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