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Denilson Duarte – Turma XXIX – UFCA [SISTEMA DIGESTÓRIO] P á g i n a | 1 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX PRINCÍPIOS GERAIS DO SISTEMA DIGESTÓRIO 1. Anatomia fisiológica da parede do TGI: 1.1. Serosa − Camada mais externa em torno do TGI, composta por epitélio simples escamoso e tecido conjuntivo; − A túnica serosa – peritônio visceral – secreta líquido. 1.2. Camada muscular lisa longitudinal − Camada mais espessa de músculo liso; − Boca, faringe, parte superior do esôfago e esfíncter externo do ânus é revestido por músculo estriado esquelético. 1.3. Camada muscular lisa circular − Possui as mesmas características da camada muscular longitudinal. 1.4. Submucosa − Tecido conjuntivo aureolar para unir mucosa à musculo; − Possui vasos sanguíneos e linfáticos; − Presença de neurônios para o controle de motilidade e secreção. 1.5. Mucosa − Revestimento interno do TGI; − Camada de epitélio em contato direto com o conteúdo do TGI; − As contrações da lâmina muscular da mucosa criam pregas para aumentar superfície de contato; − Possui linfonodos regionais e glândulas. 2. Músculo liso gastrointestinal funciona como um sincício: 2.1. No interior de cada feixe de fibras musculares se conectam eletricamente por junções GAP; 2.2. A distância do impulso – potencial de ação – depende do grau de excitabilidade do músculo; 2.3. Existe também conexões entre as camadas longitudinais e circular 3. Atividade elétrica do TGI: 3.1. Excitado por atividade elétrica intrínseca, contínua e lenta; 3.2. Tipos de ondas: − Ondas lentas o Mudanças lentas e ondulatórias do potencial de membrana – não são potenciais de ação; o De 5-15mV de intensidade o Controladas pelas Células de Cajal – marca-passo; o Não estão associadas com entrada de Ca+2 − Potenciais em espícula o Potenciais de ação verdadeiros; o Ocorre quando o potencial de repouso é maior que -40mV; o Quanto maior o potencial da onda lenta maior a frequência dos potenciais em espícula; o Os potenciais em ponta, no TGI, têm duração 10 a 40 vezes maior que os P.A. das grandes fibras nervosas; o Inicia-se por abertura de canais Cálcio-Sódio. • Fatores que alteram o potencial de repouso: • Despolarizantes: o Estiramento do músculo o Estimulação por Ach o Nervos parassimpáticos • Hiperpolarizantes: o Epinefrina e norepinefrina o Nervos simpáticos • Hormônios gastrointestinais: o CCK o Gastrina o Secretina 4. Controle Neural do TGI − O TGI possui um sistema nervoso próprio, o sistema nervoso entérico – começa no esôfago e se estende até o ânus. 4.2. Plexo Mioentérico ou de Auerbach − Localizado entre as camadas musculares (longitudinais e circulares); − Controla os movimentos gastrointestinais. − Efeitos: o Aumento da contração tônica da parede intestinal; o Aumento da intensidade das contrações rítmicas; o Aumento da velocidade das conduções excitatórias; o Aumento ou diminuição da ritmicidade; o Peptídeo vasoativo intestinal – relaxamento do musculo liso do esfíncter esofágico inferior, estômago, vesícula biliar e esfíncter da valva ileocecal. 4.3. Plexo Submucoso ou de Meissner − Localizado na submucosa: − Controle da secreção epitelial e fluxo sanguíneo local; − Efeitos: P á g i n a | 2 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX o Controle da parede interna local; o Muitos estímulos sensoriais são originados no epitélio e são integrados pelo plexo submucoso local; o Sua estimulação controla a secreção intestinal local, a absorção e a contração do músculo submucoso. 5. Controle autônomo do TGI 5.1. Inervação parassimpática − Quase todas as fibras parassimpáticas fazem parte do nervo vago – exceto regiões bucais e faríngeas; − Parte do cólon, reto e ânus recebe fibras parassimpáticas dos nervos pélvicos; − Aumenta a atividade de todo o SNE. 5.2. Inervação simpática − Fibras da medula espinhal entre os segmentos T5 e L2 − Inibe atividade do TGI; − Secretam principalmente norepinefrina – inibe músculo liso de todo o SNE. 6. Controle Hormonal da motilidade do TGI HORMÔNIO ESTÍMULOS PARA A SECREÇÃO LOCAL DE SECREÇÃO AÇÕES SECRETINA Ácido Gordura Células S do duodeno, jejuno e íleo Estuma a secreção de pepsina, bicarbonato pelo pâncreas, secreção biliar de bicarbonato, crescimento do pâncreas exócrino Inibe secreção de ácido gástrico GASTRINA Proteína Distensão Nervo (Ácido inibe a liberação) Células G do antro, duodeno e jejuno Estimula a secreção de ácido gástrico e o crescimento da mucosa COLECISTOCININA Proteína Gordura Ácido Células I do duodeno, jejuno e íleo Estimula a secreção de enzima pancreática, bicarbonato do pâncreas, contração da vesícula biliar e inibe esvaziamento gástrico PEPTÍDEO INSULINOTRÓPICO DEPENDENTE DE GLICOSE Proteína Gordura Carboidrato Celulas K do duodeno e jejuno Estimula liberação de insula Inibe a secreção de ácido gástrico MOTILINA Gordura Ácido Nervo Células M do duodeno e jejuno Estimula a motilidade gástrica e intestinal P á g i n a | 3 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX SECREÇÕES DO TGI 1. Funções Secretoras do Trato Alimentar 1.1 Estímulo para Secreção 1.1.1 O contato do alimento com o epitélio estimula a função secretora dos Estímulos Nervosos Entéricos Tipos de estímulos: A presença mecânica de alimento em dado segmento do TGI faz com que as glândulas dessa região e, muitas vezes, de regiões adjacentes produzam secreção, como o muco. Além disso, estimular o epitélio local ativa o SNE. 1.1.2 A estimulação parassimpática aumenta a secreção no TGI A estimulação dos nervos parassimpáticos do TGI quase sempre aumenta a secreção das glândulas, como no caso das glândulas da porção superior do TGI – glândulas salivares, glândulas esofágicas, glândulas gástricas, pâncreas e glândulas de Brunner. 1.1.3 A estimulação simpática tem efeito duplo na secreção do TGI A estimulação simpática tem duplo efeito sobre o TGI: • Estimular os nervos simpáticos provoca aumento brando a moderado na secreção de algumas glândulas locais. • Porém, a estimulação simpática também provoca vasoconstrição em vasos que suprem algumas glândulas. Devido a esse conflito, a estimulação simpática tem duplo efeito: (1) Aumenta pouco a secreção e (2) caso haja estimulação parassimpática ou hormonal, a estimulação simpática sobreposta pode reduzir a secreção de maneira significativa por meio da vasoconstrição. 1.1.4 Hormônios gastrointestinais fazem a regulação da secreção do TGI A presença de alimento no lúmen do trato intestinal estimula a liberação de hormônios que são secretados no sangue e transportados para as glândulas, onde estimulam a secreção. 1.2 Mecanismo Básico de Secreção 1.2.1 Secreção de substâncias orgânicas 1. Material nutriente difunde-se para a glândula ou é transportado ativamente pelo sangue nos capilares na base da célula glandular 2. Mitocôndrias produzem ATP 3. A energia dos ATP mais os substratos produzidos pelos nutrientes são usados para sintetizar as substâncias orgânicas das secreções 4. Os materiais de secreção são transportados através dos túbulos do RER para o complexo de Golgi 5. Nocomplexo de Golgi ocorre a modificação das substâncias, sendo descarregadas no citoplasma sob a forma de vesículas secretoras 6. Essas vesículas permanecem armazenadas até a chegada de estímulos nervosos ou hormonal na célula secretora. a. O sinal de controle aumenta a permeabilidade de cálcio na membrana celular b. O aumento de cálcio faz com que muitas vesículas se fundam com a membrana apical da célula, liberando o conteúdo Estimulação tátil Irritação química Distensão da parede do TGI A secreção de parte do intestino delgado e os primeiros 2/3 do intestino grosso ocorre em resposta a estímulos locais e hormonais. P á g i n a | 4 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX 2. Secreção de Saliva 2.1 A saliva contém secreção serosa e secreção de muco As principais glândulas salivares são as glândulas parótidas, submandibulares e sublinguais. A secreção serosa contém ptialina (α-amilase), que é uma enzima para digestão de amido e a secreção mucosa contém mucina, para lubrificar e proteger as superfícies do TGI. 2.2 Secreção de íons na saliva A saliva contém quantidades elevadas de íons K+ e HCO3 - e baixa concentração de Cl- e Na+. Primeiramente, isso ocorre devido ao mecanismo de secreção, onde o os íons Na+ são reabsorvidos, ativamente, nos ductos salivares, e íons K+ são, ativamente, secretados por troca do sódio. Entretanto, a reabsorção de sódio excede a secreção de potássio, criando um potencial negativo nos ductos salivares, fazendo com que íons Cl- sejam reabsorvidos passivamente. Em seguida, íons HCO3 - são secretados pelo epitélio dos ductos para o lúmen do ducto, isso é, em parte, causado pela troca de bicarbonato por cloreto. 2.3 Regulação nervosa da secreção salivar Os núcleos salivares encontram-se na junção entre bulbo e a ponte e são excitados por estímulos gustativo e táteis, da língua, outras áreas de boca e da faringe. A salivação pode também ser estimulada ou inibida por sinais nervosos dos centros superiores do SNC. A área do apetite se localiza na proximidade dos centros parassimpáticos do hipotálamo anterior e funciona em resposta a sinais das áreas do paladar e do olfato do córtex cerebral ou da amígdala. A salivação também pode ocorrer como resposta a reflexos que se originam no estômago e na parte superior do intestino delgado. O suprimento de sangue também pode afetar a salivação, porque essa secreção requer nutrientes adequados do sangue. O estímulo parassimpático promove breve vasodilatação, além disso, a própria salivação dilata, de modo direto, os vasos sanguíneos. Parte desse efeito vasodilatador adicional é causado pela calicreína, secretada pelas células salivares ativadas, para clivar α2-globulina e formar bradicinina. 3. Secreção gástrica A mucosa gástrica possui 2 tipos importantes de glândulas tubulares: glândulas gástricas e glândulas pilóricas. As primeiras são responsáveis pela produção de ácido clorídrico, pepsinogênio, fator intrínseco e muco. As glândulas pilóricas produzem, principalmente, muco e também gastrina. • Limpeza mecânica de restos alimentares e bactérias • Lubrificação das superfícies orais • Proteção dos dentes e mucosa orofaríngea • Neutralização de ácidos orais e diluição de detritos • Dissolução de compostos para o paladar • Facilitação da fala, mastigação e deglutição • Digestão inicial de amido e lipídeos • Limpeza esofagiana e tamponamento do ácido gástrico após refiuxos normais Múltiplas funções que a saliva exerce no TGI superior As glândulas parótidas produzem quase toda a secreção do tipo seroso, enquanto as glândulas submandibulares e sublinguais produzem secreção serosa e mucosa. A xerostomia – condição de baixa produção de saliva – provoca diversas complicações, como: • Periodontites e gengivites • Cáries • Candidíase • Síndrome da ardência bucal • Abcessos periodontais • Edentulismo Figura 1 Formação e secreção da saliva pela glândula submandibular P á g i n a | 5 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX 3.1 Secreções das glândulas oxínticas (gástricas) A glândula oxíntica é composta por 3 tipos de células: (1) células mucosas do cólon, que produzem muco; (2) células de pepsinogênio ou principais, que secretam grande quantidade de pepsinogênio; e (3) células parietais, que secretam ácido clorídrico e o fator intrínseco. 3.1.1 Mecanismo básico da secreção de ácido clorídrico As células parietais secretam HCl no lúmen estomacal e, concomitantemente, absorvem HCO3- na corrente sanguínea da seguinte maneira: a. Nas células parietais o CO2 e a H2O são convertidos em H+ e HCO3-, e a reação é catalisada pela anidrase carbônica. b. O H+ é secretado no lúmen estomacal pela bomba H+/K+/ATPase e o Cl- é secretado junto com o H+, formando o HCl. c. O bombeamento de H+ para fora da célula pela bomba permite que o OH- se acumule e forme HCO3- a partir do CO2 formado durante o metabolismo celular. d. O HCO3- é transportado então para o fluído extracelular, em troca de íons cloreto. 3.1.2 Estimulação da secreção gástrica de H+ A acetilcolina liberada pelo parassimpático – estimulação vagal – excita a secreção de pepsinogênio pelas células pépticas, de ácido clorídrico pelas células parietais, e de muco pelas células mucosas. A gastrina e a histamina estimulam a secreção de ácido. 3.1.3 Secreção e ativação de Pepsinogênio Quando secretado o pepsinogênio não possui atividade digestiva. Porém, quando entra em contato como HCl ele é clivado para formar pepsina ativa. Essa enzima proteolítica só possui atividade em meio muito ácido, atuando em conjunto com o ácido estomacal na digestão de proteínas. 3.1.4 Secreção do Fator Intrínseco Essa substância essencial para absorção de vitamina B12 no íleo é secretada pelas células parietais, juntamente com ácido clorídrico. 3.2 Secreção das glândulas pilóricas As glândulas pilóricas são semelhantes as glândulas oxínticas estruturalmente, mas contêm poucas células pépticas e quase nenhuma célula parietal. Porém, contêm numerosas células mucosas, responsáveis por secretar uma pequena quantidade de pepsinogênio e uma enorme quantidade de muco para a proteção e lubrificação do TGI. As células pilóricas também liberam o hormônio gastrina. In ib iç ã o d a s e c re ç ã o g á s tr ic a d e H + pH baixo (<3,0): Inibe secreção de gastrina. Somatostatina: Diminui a concetração de AMPc na célula parietal e inibe liberação de histamina e de gastrina. Prostaglandinas: Diminui os níveis de AMPc por meio da inibição da adenilato ciclase. Regulação da secreção de Pepsinogênio Estimulação das células pépticas por acetilcolina, liberada pelo plexo mientérico Estimulação da secreção das células pépticas pelo ácido no estômago Figura 2 Célula oxíntica (parietal) O fármaco omeprazol inibe a bomba H+/K+/ATPase, bloqueando a secreção de H+. P á g i n a | 6 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX 3.2.1 Células mucosas superficiais Toda a superfície da mucosa gástrica apresenta uma camada continua de tipo especial de células mucosas. Elas secretam grande quantidade de muco – alcalino – que atua como uma barreira de proteção para a parede gástrica e como lubrificante para o transporte de alimento. 3.2.2 Estimulação da secreção deácido pela gastrina A gastrina é o hormônio secretado pelas células da gastrina ou células G. Essas células ficam nas glândulas pilóricas no estômago distal. Quando alimentos proteicos atingem o antro estomacal, algumas das proteínas estimulam as células G, causando liberação de gastrina no sangue para ser transportada as células ECL – células semelhantes às enterocromafins, com a função de secretar histamina – no corpo do estômago. 4. Secreção pancreática 4.1 Enzimas digestivas pancreáticas As enzimas digestivas pancreáticas são secretadas pelos ácinos pancreáticos, e grandes volumes de bicarbonato de sódio são secretados pelos ductos pequenos e maiores que começam nos ácinos. O suco pancreático é secretado de modo mais abundante em reposta a presença do quimo nas porções superiores do intestino delgado. • Características da secreção pancreática: a. Grande volume; b. Concentração de Na+ e K+ iguais a do plasma; c. Concentração de HCO3- mais elevada que no plasma; d. Concentração de Cl- muito menor do que no plasma; e. Isotonicidade; f. Lipase, amilase e proteases pancreáticas. A secreção pancreática contém múltiplas enzimas para digerir todos os três principais grupos de alimentos: proteínas, carboidratos e lipídeos. As mais importantes das enzimas pancreáticas, na digestão de proteínas, são a tripsina, quimotripsina e a carboxipoliptidase. A mais abundante é a tripsina. A tripsina e a quimotripsina hidrolisam proteínas e peptídeos de tamanhos variados, sem levar a liberação de aminoácidos individuais. Já a carboxipoliptidase cliva alguns peptídeos, até aminoácidos individuais. A enzima pancreática para a digestão de carboidratos é a amilase pancreática, que hidrolisa amido, glicogênio e outros carboidratos – exceto celulose – formando dissacarídeos e alguns trissacarídeos. As principais para a digestão das gorduras são a lipase pancreática, capaz de hidrolisar gorduras neutras a ácidos graxos e monoglicerídeos, a colesterol esterase, que hidrolisa ésteres de colesterol, e a fosfolipase, que cliva os ácidos graxos dos fosfolipídeos. Fases da secreção gástrica 1. Fase cefálica: Ocorre, até mesmo, antes do alimento entrar no estômago. Resultada da visão, do odor, da lembrança ou do sabor do alimento, e quanto maior o apetite, mais intensa a estimulação. Essa fase de secreção, normalmente, contribui com cerca de 30% da secreção gástrica. 2. Fase gástrica: (1) O alimento que entra no estômago excita os reflexos longo vasovagais do estômago para o cérebro, que retorna ao estômago, (2) os reflexos entéricos locais e (3) o mecanismo da gastrina. Essa fase contribui com 60% da secreção gástrica. 3. Fase Intestina: A presença de alimento da porção superior do intestino delgado, principalmente no duodeno, continuará a causar secreção gástrica, provavelmente devido a pequenas quantidades de gastrina liberadas pela mucosa duodenal. Isso representa cerca de 10% da secreção gástrica. Figura 3 Fases da secreção gástrica e sua regulação. P á g i n a | 7 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX 4.2 Secreção do inibidor da tripsina As mesmas células que secretam enzimas proteolíticas, secretam simultaneamente o inibidor de tripsina. Essa substância inativa a tripsina ainda nas células secretoras, nos ácinos e nos ductos do pâncreas. 4.3 Secreção de íons bicarbonato Íons bicarbonato e água são secretados, basicamente, pelas células epiteliais dos ductos que se originam nos ácinos. A seguir as etapas básicas do mecanismo celular da secreção da solução de íons bicarbonato: 1. O dióxido de carbono difunde-se para as células através do sangue, sob influência da anidrase carbônica se combina com a água. Em seguida, o ácido carbônico formado, dissocia-se em íons H+ e HCO3-. Então os íons de bicarbonato são ativamente transportados em associação com Na+, na membrana luminal da célula para o lúmen do ducto. 2. Os íons hidrogênios são trocados por íons sódio, na membra sanguínea da célula, por processo de transporte ativo secundário. 3. O movimento global dos íons sódio e bicarbonato do sangue para o lúmen cria um gradiente osmótico que “puxa” a água para o ducto pancreático. 4.4 Estimulação da secreção pancreática 1. Acetilcolina, liberada em resposta à presença de H+, pequenos peptídeos, aminoácidos e ácidos graxos no lúmen duodenal. 2. Colecistocinina (CCK), secretada pelas células I da mucosa duodenal e do jejuno superior, quando o alimento entra no intestino delgado. 3. Secretina, liberada pelas células S do duodeno em resposta ao H+ no lúmen duodenal, estimulando grande secreção de HCO3-. Figura 4 Regulação da secreção pancreática 5. Secreção de bile pelo fígado A bile tem papel importante na digestão e absorção de gorduras, pois os ácidos biliares contido na bile ajudam a emulsificar grandes partículas de gordura e a absorção dos produtos finais da digestão das gorduras através da membrana mucosa intestinal. Além disso, a bile serve como meio de excreção de diversos produtos do sangue, como bilirrubina. 5.1 Composição da bile As substâncias mais abundantes na bile são: sais biliares, bilirrubina, colesterol, lecitina e eletrólitos usuais do plasma. Os sais biliares são moléculas anfipáticas, que em solução aquosa orientam-se em torno de gotículas de lipídeos e as mantêm emulsificadas. O precursor dos sais biliares é o colesterol, presente na dieta e sintetizado nos hepatócitos. O colesterol, logo em seguida, é convertido em ácido cólico ou ácido quenodesoxicólico – ácidos biliares primários. Esses ácidos se combinam em sua maior parte com glicina e em menor escala com taurina, formando ácidos biliares glico e tauroconjugados. Após a produção da bile, ela é As enzimas proteolíticas sintetizadas no pâncreas estão em formas inativas: tripsinogênio, quimotripsinogênio e procarboxipolipeptidase. Elas são ativadas somente quando secretadas no trato intestinal. O tripsinogênio pode ser ativado pela enterocinase e pela tripsina já formada, ativando, em seguida, o quimotripsinogênio. P á g i n a | 8 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX drenada pelos ductos hepáticos e é armazenada na vesícula biliar, para liberação subsequente. 5.2 Função dos sais biliares Os sais biliares desempenham duas ações importantes: Primeiro, eles possuem ação emulsificante, por diminuir a tensão superficial das gotas de gordura, quebrando-as em partículas menores. Segundo, os sais biliares ajudam na absorção de ácidos graxos, monoglicerídeos, colesterol e outros lipídeos. Isso ocorre quando os sais biliares formam micelas, dessa forma os lipídeos são “carregados” para a mucosa intestinal e, então, absorvidas pelo sangue. 5.3 Papel da CCK no esvaziamento da vesícula biliar A presença de gordura no trato intestinal estimula a secreção de CCK. Logo em seguida, após a liberação da colecistocinina, a vesícula biliar começa a ter contrações rítmicas, com relaxamento simultâneo do esfíncter de Oddi, em reposta ao estímulo hormonal. 5.4 Circulação êntero-hepática dos sais biliares Cerca de 94% dos sais biliares são reabsorvidos para o sangue pelo intestino delgado. Metade da reabsorção ocorre por difusão, através da mucosa, e o restante do processo por transporte ativo,no íleo distal. Os sais biliares entram no sangue porta e retornam ao fígado. SECREÇÃO GASTROINTESTINAL PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ESTIMULAÇÃO INIBIÇÃO SALIVA HCO3- α-AMILASE LIPASE LINGUAL SNP SNS SONO ATROPINA DESIDRATAÇÃO SECREÇÃO GÁSTRICA HCL PEPSINOGÊNIO FATOR INTRÍNSECO GASTRINA SNP HISTAMINA SNP ↓ pH DO ESTÔMAGO QUIMO NO DUODENO SOMATOSTATINA RANITIDINA IBPs SECREÇÃO PANCREÁTICA HCO3- ALTO ISOTÔNICO LIPASE AMILASE PROTEASES SECRETINA CCK (POTENCIALIZA SECRETINA) SNP CCK SNP BILE SAIS BILIARES BILIRRUBINA FOSFOLIPÍDEOS COLESTOREL CCK SNP Tabela 1 Resumo das secreções gastrointestinais É válido salientar que a vesícula biliar também é estimulada, com menor intensidade, por fibras nervosas secretoras de acetilcolina, tanto no nervo vago quanto no sistema nervoso mientérico. P á g i n a | 9 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX EMBRIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO 1. Origem do Sistema Digestório O sistema digestório deriva do intestino primitivo – de origem endodérmica –, o qual divide-se em 3 partes: 1.1. Intestino anterior Origina o sistema respiratório inferior, esôfago, estomago, duodeno – próxima a abertura do ducto biliar –, fígado, aparelho biliar e o pâncreas. 1.2. Intestino médio Origina o intestino delgado, incluindo o duodeno distal até a abertura do ducto biliar, o ceco, o apêndice, o colo ascendente e a metade a dois terços do colo transverso. 1.3. Intestino posterior Origina a metade ou apenas o terço esquerdo do colo transverso, o colo descendente e o colo sigmóide, o reto e a parte superior do canal anal. 2. Malformações do TGI 2.1. Pâncreas anular – Estenose duodenal O pâncreas anular é uma anomalia congénita rara. Caracteriza-se por uma banda ou anel de tecido pancreático, que circunda a porção descendente do duodeno, causando graus variados de obstrução intestinal extrínseca. O pâncreas forma-se entre a quinta e a oitava semana de vida embrionária, resultando da fusão de uma porção dorsal – que vai formar o corpo e a cauda – e uma ventral e bífida – que vai formar a cabeça do pâncreas. Habitualmente, os dois componentes da porção pancreática ventral fundem-se e fazem uma rotação em torno do duodeno, colocando- se sob a porção pancreática dorsal. Ocasionalmente, estes dois componentes migram em sentidos opostos, rodeando o duodeno, formando, assim um anel pancreático. O diagnóstico pode ser feito através de um RX simples do abdome. 2.2. Não vacuolização do duodeno Durante a quinta e sexta semana, a luz do duodeno torna-se cada vez menor e obliterada pela proliferação das células. Essas células vão se vacuolizar, levando a recanalização do duodeno. No caso de defeito nessa vacuolização, ocorre a estenose duodenal, que é a oclusão parcial do duodeno, o que leva a expulsão do conteúdo que deveria chegar ao intestino delgado. Essa má formação é caracterizada pela presença de bile na emese. 2.3. Fístula umbilico-ileal ou Fístula onfalomesentérica Corresponde à persistência de um ducto vitelino permeável, que se estende do íleo (geralmente através do divertículo de Meckel) até o umbigo, exteriorizado por um pequeno orifício ou estoma por meio do qual expele fezes, líquidos ou simplesmente gases. 2.4. Divertículo de Meckel Resulta de uma falha na obliteração do ducto onfalomesentérico (ducto vitelino) e, geralmente, apresenta-se como divertículo curto, de base larga, localizado na borda antimesentérica do íleo. 2.5. Onfalocele Essa anomalia consiste na persistência dos componentes intestinais na porção inicial do cordão umbilical. 2.5.1. Herniação umbilical fisiológica Caracterizada pela saliência no umbigo ou em volta dele (região da cicatriz umbilical), constituída de gordura ou uma parcela de intestino que conseguiu passar pelo músculo do abdômen, chamado anel umbilical, considerado o ponto mais frágil da parede abdominal. 2.5.2. Gastrosquise Anomalia congênita da parede do abdômen caracterizada pela abertura nos músculos e na pele da parede, permitindo que os intestinos e outros órgãos fiquem expostos. 2.5.3. Extrofia da bexiga Exposição e protrusão da parede posterior da bexiga. A anomalia ocorre devido ao fechamento incompleto da parte inferior da parede abdominal anterior. 2.6. Atresia do reto Caracteriza-se por uma interrupção do reto próxima à junção muco-cutânea 2.7. Fístula retovaginal A fístula retovaginal é uma conexão anormal entre o reto e a vagina. Gás ou fezes podem vazar do intestino para a vagina. P á g i n a | 10 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX HISTOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO 1. Cavidade oral (Boca) 1.1. A mucosa oral é composta por tecido conjuntivo e tecido epitelial pavimentoso estratificado 1.2. Quando a mucosa oral possui queratina ela é denominada mucosa mastigatória; − Localizada na gengiva, palato duro e dorso da língua. 1.3. O dorso da língua, regiões do palato mole e da faringe possuem corpúsculos gustativos; − Essas regiões possui a mucosa especializada. 2. Palato 2.1. Constituído pelo palato duro, imóvel e anterior, e pelo palato mole, móvel, muscular e posterior, separando cavidade oral e nasal. 2.2. Palato Duro − Revestido pela mucosa mastigatória, cujo tecido conjuntivo possui tecido adiposo, anteriormente, e glândulas salivares menores mucosas, posteriormente. 2.3. Palato Mole − Revestido por mucosa com tecido conjuntivo rico em glândulas salivares menores mucosas, que se continuam com as glândulas do palato duro. A parte centra do palato mole possui músculos esqueléticos. Figura 5 Palato Mole. (A) Glândulas mucosas; (B) Músculo estriado esquelético; (C) Tecido epitelial pavimentoso estratificado. Figura 6 Face nasal do palato mole. Seta indica presença de epitélio respiratório. 3. Língua − Órgão muscular grande que auxilia na deglutição, mastigação e formação do bolo alimentar. A língua contém 4 tipos de papilas linguais, a maioria delas se projeta acima da superfície e possui uma mucosa mastigatória – tecido epitelial altamente queratinizado – que permite a raspagem do alimento da superfície. Outras papilas possuem epitélio não queratinizado que contém corpúsculos gustativos ou botões gustativos. A face nasal do palato duro possui um tecido conjuntivo denso não modelado recoberto por epitélio respiratório. A face nasal do palato mole é idêntica à do palato duro A B C ↓ P á g i n a | 11 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX 3.2. Papilas gustativas − Papilas filiformes: Mais numerosas, são longas, digitiformes e altamente queratinizadas. Não possuem botões gustativos. − Papilas fungiformes: Menos numerosas, são recobertas por um epitélio pavimento estratificado não queratinizado. Possuem botões gustativos. − Papilas circunvaladas: Localizadas em frente ao sulco terminal e circundadas por um sulco cujo revestimento possui corpúsculos gustativos. No fundo desse sulco se abrem os pequenos ductos das glândulas de von Ebner. 3.3. Botões gustativos − São um conjunto intraepitelial de células derivadas da crista neural que formam a estrutura emforma de barril com pelos gustativos. Figura 7 Corte de uma língua. Figura 8 Corte sagital da língua. (1) Papilas linguais; (2) Mucosa de revestimento da face ventral; (3) Tecido muscular estriado esquelético; (*) Mucosa da face dorsal. Figura 9 Coloração por tricrômico de Gomori. (1) Botões gustativos; (2) Glândulas de von Ebner; (3) Mucosa; (4) Submucosa. 4. Esôfago Revestido por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. 4.1. Glândulas presentes no esôfago: − A lâmina própria da mucosa do esôfago contém glândulas cardioesofágicas, responsáveis por produzir muco que auxilia na deglutição do bolo alimentar. Essas glândulas encontram-se próximas da faringe e da cárdia. As glândulas de von Ebner são glândulas serosas que produzem lipase lingual. P á g i n a | 12 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX − A submucosa do esôfago contém as glândulas esofágicas propriamente ditas, que produzem secreção serosa e mucosa. O componente seroso produz pepsinogênio e lisozima. O componente mucoso lubrifica o epitélio. 4.2. Estrutura muscular: − 1º/3: Composta por músculo estriado esquelético − 2º/3: Junção de músculo estriado esquelético com músculo liso − 3º/3: Apenas músculo liso Figura 10 Corte de esôfago. (A) Músculo estriado esquelético; (B) Epitélio pavimentoso estratificado. Figura 11 Corte na região proximal do esôfago. (A) Epitélio pavimentoso estratificado; (B) Lâmina própria; (C) Glândulas esofágicas na submucosa; (*) Músculo estriado esquelético. 5. Estômago Segmento dilatado do sistema digestório com função de transformar o bolo alimentar em uma massa viscosa – quimo – por meio da atividade muscular e química. 5.1. Mucosa gástrica Formada por epitélio glandular, cuja unidade secretora é tubular e ramificada, desembocando na superfície denominada fosseta gástrica. A lâmina própria é formada por tecido conjuntivo frouxo, que contém células musculares lisa e células linfoides. O epitélio que recobre a superfície do estômago e reveste as fossetas é colunar simples, e todas as células secretam muco alcalino. 5.2. Regiões do estômago 5.2.1. Cárdia A mucosa da cárdia contém glândulas tubulares simples ou ramificadas, denominadas glândulas da cárdia. Muitas das células secretoras produzem muco e lisozima. 5.2.2. Fundo e Corpo Mucosa preenchida por glândulas tubulares. Essas glândulas contêm 3 regiões: istmo, colo e base. 2.7.1. Istmo: Células mucosas em diferenciação que substituirão as células da fosseta e as superficiais, células tronco – são colunares baixas com núcleos ovais próximos da base das células – e parietais – são arredondas ou piramidais, com um núcleo esférico que ocupa o centro e citoplasma intensamente eosinofílico. 2.7.2. Colo: O colo contém células tronco, células mucosas do colo – têm formato irregular, com os núcleos na base e grânulos de secreção próximos a superfície apical, secretando mucina diferente das células epiteliais da mucosa e com propriedades antibióticas – e parietais. A B B A C * P á g i n a | 13 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX 2.7.3. Base: A base das glândulas contém células parietais e células zimogênicas (principais) – apresenta característica das células que sintetizam e exportam proteínas, possuindo grânulos com pepsinogênio no citoplasma. 5.2.3. Piloro (antro pilórico) Contém fossetas gástricas profundas com glândulas pilóricas tubulosas simples ou ramificadas. Essas glândulas secretam muco com quantidades considerável de lisozima. A região pilórica contém também células G, responsáveis pela secreção de gastrina. 6. Intestino Delgado Os processos digestivos são completados no intestino delgado, no qual os nutrientes são absorvidos pelas células epiteliais de revestimento. O intestino delgado é dividido em 3 segmentos: duodeno, jejuno e ílio. 6.1. Camada mucosa O revestimento do intestino delgado apresenta uma serie de pregas permanentes, plicae circularis, em forma semilunar, circular ou espira. Essas pregas são mais desenvolvidas no jejuno. Na camada mucosa, existe a formação de vilos ou vilosidades intestinais formadas pelo epitélio – cilíndrico simples – e lâmina própria. 6.2. Células do intestino delgado • Células absortivas: Células colunares altas, cada uma com núcleo oval em sua porção basal. No ápice existem microvilosidades, criando a borda em escova. • Células caliciformes: Menos abundantes no duodeno e aumentam quando se aproximam do íleo. Responsáveis pela produção de mucina, cuja principal função é proteger e lubrificar o revestimento do intestino. • Células de Paneth: Localizadas na porção basal das criptas intestinais, são células exócrinas com grânulos eosinofílicos. Esses grânulos contêm lisozima e defensina. • Células-tronco: Localizadas no terço basal da cripta, entre as células de Paneth. • Células M (Microfold): Células epiteliais especializadas que recobrem folículos linfoides das placas de Peyer, localizadas no íleo. Representam um elo importante na defesa imunológica intestinal. 6.3. Células endócrinas O intestino contém células amplamente distribuídas com características do sistema neuroendócrino difuso. As células secretoras de polipeptídios do sistema digestório podem ser classificadas de duas maneiras: • Tipo aberta: O ápice da célula apresenta microvilosidades e está em contato com o lúmen do órgão. • Tipo fechada: O ápice da célula está recoberto por outras células epiteliais 7. Intestino Grosso Constituído por: ceco, cólon ascendente, transverso, descendente, sigmóide, reto e ânus. As criptas intestinais são longas e caracterizadas por abundância de células caliciformes e um pequeno número de células enteroendócrinas. O intestino grosso é adaptado para absorção de água, fermentação, formação de massa fecal e produção de muco. É importante destacar que a lâmina própria é rica em células linfoides e em nódulos (GALT) que frequentemente se estendem até a submucosa. Essa riqueza linfoide está relacionada à abundância de bactérias no intestino grosso. Células enteroendócrinas: Presente no colo e na base das glândulas, essas células são responsáveis pela secreção hormonal. P á g i n a | 14 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX ÓRGÃOS ASSOCIADOS AO SISTEMA DIGESTÓRIO 1. Glândulas salivares maiores 1.1. Glândula parótida Glândula acinosa composta constituída exclusivamente por células serosas, contendo grânulos de secreção ricos em proteínas e atividade de amilase. O tecido conjuntivo contém muitos plasmócitos – responsáveis por secretar IgA – e linfócitos. 1.2. Glândula submandibular Glândula tubuloacinosa composta contendo células serosas e mucosas. As células serosas são o principal componente dessa glândula. As células serosas são responsáveis por uma fraca atividade de amilíase existente nessa glândula e na saliva, já as células serosas que constituem as semiluas na glândula secretam lisozima. 1.3. Glândula sublingual A glândula sublingual é tubuloacinosa, composta por células serosas e mucosas. Há predomínio de células mucosas nessa glândula, enquanto as serosas estão presentes apenas nas semiluas, secretando lisozima. 2. Pâncreas As enzimas são armazenadas e secretadas por células da porção exócrina, arranjadas em ácinos.A porção exócrina do pâncreas é uma glândula acinosa composta, similar a glândula parótida em estrutura. A secreção pancreática exócrina é controlada por secretina e CCK – o estímulo do nervo vago também aumenta a secreção pancreática. 3. Fígado É o órgão no qual os nutrientes absorvidos no sistema digestório são processados e armazenados para serem utilizados por outros órgãos. O componente estrutural básico do fígado é a célula hepática – hepatócito. a. Lóbulo hepático O lóbulo hepático é formado a partir das células epiteliais agrupadas em placas interconectadas. Em algumas regiões da periferia dos lóbulos, existe tecido conjuntivo contendo ductos biliares, vasos linfáticos, nervos e vasos sanguíneos. Essas regiões são denominadas espaço porta e são encontradas nos cantos dos lóbulos. Os lóbulos hepáticos são irrigados por capilares sinusoides. As células endoteliais desses capilares são separadas dos hepatócitos adjacentes por uma lâmina basal descontínua e um espaço subendotelial, o espaço de Disse. Além das células endoteliais, os sinusoides possuem macrófagos, as células de Kupffer. No espaço de Disse encontra-se células armazenadoras de lipídios, as células de Ito, que contêm inclusões lipídicas ricas em Vitamina A. b. Suprimento sanguíneo O suprimento sanguíneo do fígado deriva do Sistema Porta (80% do sangue que chega ao fígado) e do Sistema Arterial. − Sistema portal venoso A veia porta ramifica-se repetidamente e envia pequenas vênulas portais aos espaços portas. Essas vênulas portais ramificam-se em vênulas distribuidoras. A partir das vênulas distribuidoras, pequenas vênulas desembocam nos capilares sinusoides. Esses capilares convergem para formar a veia central. A veia central recebe vários sinusoides até aumentar gradualmente em diâmetro, quando saem do lóbulo para fundir-se com a veia sublobular. As veias sublobulares convergem para formar as duas veias hepáticas, que desembocam na veia cava inferior. − Sistema arterial A artéria hepática ramifica-se repetidamente e forma as arteríolas interlobulares, localizadas nos espaços porta. Algumas arteríolas irrigam as estruturas do espaço porta, e outras formam arteríolas que desembocam nos sinusoides P á g i n a | 15 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX c. Hepatócito Os hepatócitos são as estruturas básicas do fígado. O citoplasma do hepatócito é eosinofílico devido à presença de grande quantidade de mitocôndrias e reticulo endoplasmático liso. Sempre que dois hepatócitos se encontram eles delimitam um espaço tubular entre si conhecido como canalículo biliar. Esses canalículos constituem a primeira porção do sistema de ductos biliares, formando uma complexa que se anastomosa progressivamente ao longo das placas do lóbulo hepático, terminando na região do espaço porta. d. Vesícula biliar A vesícula biliar é um órgão oco, com formato de pera. A parede da vesícula consiste em uma camada mucosa composta por epitélio colunar simples e lâmina própria, uma camada de musculo liso, uma camada de tecido conjuntivo perimuscular e uma membrana serosa. A principal função da vesícula biliar é armazenar bile, concentrá-la por meio da absorção de água e secretá-la no sistema digestório P á g i n a | 16 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX VITAMINAS As vitaminas são compostos orgânicos não relacionados quimicamente, que não podem ser sintetizados por humanos em quantidades adequadas, devendo ser supridas na dieta. Nove vitaminas são classificadas como hidrossolúveis e quatro são lipossolúveis. 1. Ácido fólico O ácido fólico é essencial para a biossíntese de vários compostos, desempenhando papel-chave importante no metabolismo dos grupos de um carbono. a. Função Recebe fragmentos de um carbono de doadores e os transfere para intermediários, na síntese de AA, purinas e monofosfatos de timidina (TMP). b. Anemias nutricionais A deficiência em folato ou B12 causa o acúmulo de precursores grandes e imaturos dos eritrócitos, os megaloblastos, na medula óssea e no sangue. Essa anemia é denominada anemia megaloblástica. 2. Cobalamina (B12) A vitamina B12 é necessária para duas reações enzimáticas: remetilação da homocisteína em metionina e a isomerização da CoA, que é produzida durante a degradação de alguns aminoácidos e ácidos graxos com número ímpar. Na ausência dessa vitamina, pode ocorrer acúmulo de ácidos graxos nas membranas celulares, incluindo do sistema nervoso. a. Distribuição da cobalamina A vitamina B12 é sintetizada somente por microrganismos, não estando presente em vegetais. Os animais obtêm a vitamina por meio da flora bacteriana ou pela ingestão de outros animais. A cobalamina é encontrada em quantidades apreciáveis no fígado, leite integral, ovo etc. b. Indicações clínicas de Vitamina B12 As deficiências de cobalamina são mais pronunciadas em células que se dividem rapidamente, como tecido eritropoiético da medula óssea e células da mucosa intestinal. Uma má absorção de vitamina B12 pode gerar o quadro de anemia perniciosa. Além da anemia perniciosa, o déficit dessa vitamina pode gerar sintomas neuropsiquiátricos irreversíveis. Esses sintomas do sistema nervoso podem ocorrer na ausência da anemia. 3. Ácido ascórbico (C) A forma ativa da vitamina C é o ácido ascórbico. A principal função do ascorbato é a de agente redutor em diversas reações diferentes. A vitamina C também desempenha papel importante como coenzima em reações de hidroxilação – dos resíduos de colágeno – e facilita a absorção de ferro na dieta. a. Deficiência de vitamina C A deficiência de ácido ascórbico resulta no escorbuto, doença que pode ser explicado como resultado da deficiência na hidroxilação do colágeno, gerando um tecido conjuntivo defeituoso. 4. Piridoxina (B6) A vitamina B6 serve com precursor da coenzima biologicamente ativa, o piroxidal-fostato. O piridoxalfosfato funciona como coenzima para várias enzimas, principalmente aquelas que catalisam reações envolvendo AA. 5. Tiamina (B1) O pirofosfato de tiamina – forma ativa – serve como coenzima na formação ou na degradação de α- cetóis pela transcetolase e na descarboxilação oxidativa dos αcetoácidos. a. Indicações clínicas Na deficiência de tiamina ocorre a diminuição da produção de ATP devido à diminuição da atividade de reações de desidrogenases. − Beribéri; − Síndrome de Wernicke-Korsakoff Uma grave síndrome neuropsiquiátrica associada à carência de vitamina B1, frequentemente causada por consumo excessivo de álcool e má alimentação. 6. Niacina Niacina ou Ácido Nicotínico é o precursor do NAD+, importante coenzima em reações de oxidação-redução em que a vitamina incorpora íon hidreto. Indivíduos tenha sofrido gastrectomia ou úlceras pépticas podem tornar-se deficientes no fator intrínseco, substância essencial para absorção de vitamina B12 no íleo. P á g i n a | 17 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX a. Distribuição Encontrada em grãos, cereais, leite e em carnes magras, especialmente fígado. b. Indicações clínicas A deficiência de niacina gera o quadre de pelagra, doença envolvendo a pele, o TGI e o SNC. Os sintomas da evolução da pelagra compreendem os 3Ds: Dermatite, diarreia e demência. 7. Riboflavina(B2) Possui duas formas ativas: FAD e FMN. O FAD é capaz de receber reversivelmente dois átomos de hidrogênio, formando FADH2. 8. Biotina A biotina é uma coenzima nas reações de carboxilação, servindo como carreadora do dióxido de carbono ativado. Essa vitamina é encontrada em diversos alimentos, dificultando o quadro de deficiência. Além disso, uma grande porcentagem de biotina é produzida pela flora intestinal. 9. Ácido pantotênico O ácido pantotênico é um componente da CoA, que atua na transferência de grupos acila. O ácido pantotênico também é um componente de um domínio proteína carreadora de acila (PCA) da sintetase dos ácidos graxos. 10. Vitamina A Vitamina A é um termo frequentemente usado como coletivo para várias moléculas ativas relacionadas. O termo retinoides inclui as formas naturais e sintéticas da vitamina A. Os retinoides são essenciais para a visão, a reprodução, o crescimento e a manutenção dos tecidos epiteliais. a. Retinoides − Retinol: O retinol é encontrado em tecidos animais como éster retinila com ácidos graxos de cadeia longa. − Retinal: É o aldeído derivado da oxidação do retinol. O retinal e o retinol podem ser facilmente interconvertidos. − Ácido retinóico: É o ácido derivado da oxidação do retinal. − β-Caroteno: Alimentos de origem vegeta contêm β-caroteno, que pode ser clivado oxidativamente no intestino em duas moléculas de retinal. b. Absorção e transporte − Transporte para o fígado: Os ésteres de retinol presentes na dieta são hidrolisados na mucosa intestinal, liberando retinol e ácidos graxos livres. O retinol é novamente esterificado a ácido graxo de cadeia longa na mucosa do intestino e é secretado como componente dos quilomicra no sistema linfático. − Transporte a partir do fígado: Quando necessário, o retinol é liberado do fígado e transportado para os tecidos extra- hepáticos por uma proteína plasmática, a proteína ligadora de retinol. c. Mecanismo de ação O retinol é oxidado a ácido retinóico. O ácido retinóico liga-se a proteínas receptoras específicas, no núcleo de células-alvo. O complexo ativado interage com a cromatina nuclear, regulando a síntese de RNA retinoide-específico, resultando no controle da produção de proteínas específicas que medeiam várias funções fisiológicas. d. Funções − Visão A vitamina A é componente dos pigmentos visuais das células cones e bastonetes. P á g i n a | 18 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX A rodopsina é o pigmento visual dos bastonetes na retina. Quando a rodopsina é exposta à luz ocorre uma série de isomerizações fotoquímicas, as quais resultam no desbotamento do pigmento visual e na liberação de retinal todo-trans e opsina. Esse processo origina um impulso nervoso, que é transmitido pelo nervo óptico para o encéfalo. − Crescimento A deficiência de vitamina A resulta em uma diminuição na taxa de crescimento em crianças. O desenvolvimento ósseo também é mais lento − Reprodução O retinol e o retinal são essenciais para a reprodução normal, mantendo a espermatogênese normal nos machos e prevenindo a reabsorção fetal nas fêmeas. − Manutenção das células epiteliais A vitamina A é essencial para a diferenciação normal dos tecidos epiteliais e para a secreção norma de muco e. Distribuição Fígado, rim, nata, manteiga e gema de ovo são boas fontes de vitamina A pré-formada. Frutas e vegetais amarelos e verde-escuros são boas fontes dietéticas de carotenos. f. Indicações clínicas A deficiência de vitamina A é tratada pela administração de retinol ou ésteres de retinila. A cegueira noturna é um dos primeiros sinais de deficiência em vitamina A. A deficiência grave leva a xeroftalmia, o ressecamento patológico da conjuntiva e da córnea. Problemas dermatológicos, como acne e psoríase, são tratados com ácido retinóico ou seus derivados. 11. Vitamina D São grupos de esteroides que apresentam funções similares às dos hormônios. A molécula ativa é o 1,25- di- hidroxicolecalciferol. O complexo 1,25-diOH- D3- receptor interage com o DNA no núcleo das células-alvo e estimula seletivamente a expressão gênica ou reprime de modo especifico a transcrição gênica. Essa vitamina é regulada pelos níveis de cálcio e fosfato no plasma. a. Distribuição A vitamina D é encontrada em plantas (D2), tecidos animais (D3), peixes gordurosos fígado e gema de ovo. O 7-desidrocolesterol, intermediário na síntese de colesterol, é convertido em colecalciferol (D3) na derme e na epiderme quando exposta à luz solar. b. Funções A função geral do 1,25-diOH-D3 é a manutenção de níveis plasmáticos de cálcio por meio do (1) aumento de captação de cálcio pelo intestino, (2) minimização de perda de cálcio pelo rim e (3) estímulo da reabsorção óssea quando necessário. c. Indicações clínicas A deficiência de vitamina D causa a efetiva desmineralização dos ossos, resultando em raquitismo nas crianças e osteomalácia nos adultos. No raquitismo ocorre a formação da matriz de colágeno, porém com déficit na mineralização óssea. Na osteomalácia, a desmineralização de ossos aumenta a suscetibilidade a fraturas. Além desses problemas, a falência renal crônica resulta na diminuição da forma ativa da vitamina D e o hipoparatireodismo provoca hipocalcemia e hiperfosfatamia. 12. Vitamina K O principal papel da vitamina K é a modificação póstraducional de vários fatores de coagulação sanguínea, servindo como P á g i n a | 19 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX coenzima na carboxilação de certos resíduos do ácido glutâmico. a. Funções A vitamina K é necessária para a síntese hepática de protrombina e dos fatores de coagulação II, VII, IX e X. A formação dos fatores de coagulação depende carboxilação de resíduos de ácido glutâmico. b. Distribuição Encontrada no repolho, na couve-flor, no espinafre, na gema do ovo e no fígado. Há também intensa síntese dessa vitamina pelas bactérias intestinais. c. Indicações clínicas É bastante incomum deficiência de vitamina K devido à produção bacteriana. Caso haja diminuição da produção de vitamina, por exemplo, pelo uso de antibióticos ou de medicamentos que atuam por meio do mecanismo da varfarina, o indivíduo pode gerar hipoprotombinemia. 13. Vitamina E Consiste em oito tocoferóis de ocorrência natural, sendo o α-tocoferol o mais ativo. A principal função é como antioxidante na prevenção da oxidação não enzimática de componentes celulares por oxigênio e radicais livres. a. Distribuição Encontrado em óleos vegetais, fígado e ovos. b. Deficiência Quase inteiramente restrita a bebês prematuros. Quando observada em adultos está associada a defeitos na absorção e transporte de lipídios. P á g i n a | 20 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX FARMACOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO 1. Antiulcerosos Regulação da secreção gástrica. 1.1. Mecanismo de ação: Histamina faz o controle da produção de H+ por meio do receptor H2 – presente nas células parietais. A ativação desse receptor ativa a bomba H+/K+/ATPase. A PGI 2 faz o controle da produção de muco e HCO- 3 - através do receptor EP3 – presente na célula epitelial superficial. Esse mecanismo é chamado de citoproteção. 1.2. Tratamento da úlcera péptica▪ Terapia: Alívio da dor, promoção da cicatrização e prevenção da recorrência. ▪ Estratégia: Equilíbrio entre fatores agressores e citoprotetores. ▪ Atuação dos fármacos: ➢ Redutores da secreção de HCl – Antagonistas de H2 e Inibidores da bomba de prótons; ➢ Agentes citoprotetores – Produção de muco e bicarbonato; ➢ Antiácido; ➢ Antibióticos – quando há presença de H. pylori. 1.3. Antihistamínicos – Antagonistas de H2 Representes: Cimetidina e Ranitidina ▪ Inibem secreção de HCl (70%); ▪ Não alteram o tempo de esvaziamento gástrico; ▪ São usados também na doença do refluxo gastrointestinal (DRGE). ➢ Farmacocinética − Metabolismo hepático (50%); − Eliminados por via renal; − Atravessam barreira placentária e são excretados no leite; − Possuem maior eficiência no período noturno. ➢ Efeitos adversos: − Impotência; − Ginecomastia; − Galactorréia; − Alterações do metabolismo hepático (Inibidores enzimáticos - Cimetidina); − Risco nível B na gravidez. 1.4. Inibidores de bomba de prótons (IBPs) ▪ Pró-fármacos; ▪ Ativação só ocorre no canalículo secretor após absorção pelo intestino – tomar em jejum para não alterar absorção (fármaco destruído pelo ácido); ▪ Destróis a bomba de prótons – processo irreversível; ▪ Interação com grupamentos sulfidrila da bomba; ▪ Promove redução de 95% do HCl; ▪ 4 a 5 dias para recuperação da atividade gástrica; ▪ Diminuição suscetíveis ao CYP2C19. ➢ Farmacocinética − Absorvido rapidamente; − Tomar 1h antes da alimentação − Biodisponibilidade: Omeprazol (33%), Pantoprazol (77%), Esomeprazol (90%). − Metabolismo hepático; Secreção gástrica Controle da emese Motilidade Formação e excreção da bile Obesidade Os fármacos antagonistas de H2 apresentam pouco efeito em H1. P á g i n a | 21 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX − Ligação às proteínas plasmáticas de 95%. ➢ Efeitos Adversos − Cefaléia − Dor abdominal − Infecções do trato respiratório − Hipergastremia (Gatrina → Hipertrofia de mucosa); − Risco na gravidez: Omeprazol (C), Pantoprazol (B), Esomeprazol (B) − Diminuição de 50% do efeito do Clopidogrel 1.5. Citoprotetores ▪ Análogos de PGs Representante: Misoprostol ▪ Diminui HCl; Aumenta muco e bicarbonato; ➢ Efeitos adversos − Diarreia; − Dor abdominal; − Hemorragia gastrointestinal; − Contraindicado na doença inflamatória intestinal; − Risco nível B na gravidez – PGs induz contração uterina. ▪ Representante: Bismuto − Altera pouco a acidez gástrica; − Citoproteção: Aumenta secreção de muco e bicarbonato no local da úlcera; − Atividade bactericida; − Biodisponibilidade: <1%. ➢ Efeitos adversos: − Escurecimento de língua e fezes; ▪ Risco nível C na gravidez. 1.6. Antiácidos ▪ Bicarbonato e carbonato − Reação rápida; − Liberação de CO2 – promove distensão abdominal, náuseas; − Cálcio promove secreção de ácido rebote. ▪ Hidróxidos − Reação lenta; − Não produzem gás; − Menor alcalose. 1.7. Tratamento da Helicobacter pylori ▪ Bactéria gram (-); ▪ Promove gastrite inflamatória; ▪ Encontrada em 70%~90% dos pacientes com úlcera. ➢ Fármacos para tratamento: − IBP: Omeprazol; Esomeprazol; associado à; − Claritromicina/Metronidazol ou Amoxicilina; − Tratamento dura por volta de 7 dias. 2. Motilídeos ▪ Representante: Eritromicina − Efeito procinético: agonista motilina − Gastroparesia diabética, pseudo-obstrução intestinal; − Indução rápida de tolerância; − Facilitação colinérgica; − Aplicação endovenosa. ▪ Metilnaltrexona − Constipação causada por opioides; − Não ultrapassa barreira hematoencefálica; − Tratamento em dias alternados. P á g i n a | 22 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX 3. Pró-cinéticos Classe fármacos destinados ao esvaziamento gástrico. ▪ Representantes: Metoclopramida e Domperidona ▪ Antagonistas D2 ▪ Bloqueio dopaminérgico na zona do gatilho; ▪ Tratamento: − DRGE - Doença do refluxo gastroesofágico; − Gastroparesia diabética; − Anti-emético (Metoclopramida); − Lactação pós-parto (Domperidona) ▪ Efeitos Adversos: − Agitação, ansiedade e secura da boca (Plasil); − RASH (ambos fármacos); − Reações extrapiramidais (Alterações motoras); − Galactorreia, ginecomastia e impotência (ambos fármacos); − Interações com anticolinérgicos. 4. Antieméticos A droga deve bloquear o transmissor químico que é liberado durante o gatilho do vômito. ▪ Principais transmissores que deflagram o vômito: o D2 (Dopamina) o NK1 (Substância P) o 5HT3 (Serotonina) – Bloqueadores desse receptor são os mais potentes do mercado ▪ Cinetose – vômito induzido por movimento o H1 (Histamina) o M1 (Acetilcolina) ▪ Na êmese psicogênica prescreve-se diazepam – O Diazepam não possui efeito antiemético, apenas ajuda com a ansiedade que causa a êmese. ▪ Na quimioterapia administra-se Plasil, um antidopaminérgico, 30 min antes e depois da sessão; ▪ Há um receptor cerebral endógeno que bloqueia o vômito, o receptor canabinóide ▪ Fármaco bloqueador de 5HT3: Ondansetrona o Destinado a emese induzida por estimulação vagal e quimioterapia o Administração oral e parenteral; o Não possui efeito na emese tardia; ➢ Efeitos adversos: − Cefaleia − Fadiga − Constipação ▪ Fármaco anti-histamínico H1: Difenidramina o Prevenção da cinetose o Antialérgico o Causa sonolência o Antimuscarínicos ➢ Efeitos adversos: − Sedação − Boca seca − Cicloplegia − Retenção urinária − Glaucoma ▪ Fármaco anticolinérgico: Escopolamina o Prevenção de cinetose ▪ Derivados da canabis: Dronabinol A metoclopramida – plasil – possui efeito no sistema nervoso central, inibindo o vômito. A domperidona possui efeito no sistema nervoso periférico, impedindo apenas o refluxo. Caso ativados – os receptores – por seus respectivos transmissores, causam vômitos. São receptores no centro do vômito no trato solitário. H1 e M1 são receptores vestibulares. E no caso da cinetose, faz-se profilaxia P á g i n a | 23 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX o Usado na emese associada à quimioterapia e anorexia ➢ Efeitos adversos: − Euforia − Paranoia − Dor abdominal − Depressão − Pesadelos − Dependência ▪ Fármacos antagonista de NK1: Aprepitanto o Emese tardia o Administrado junto com bloqueador 5HT3, geralmente ➢ Efeitos adversos: − Cefaleia − Fadiga 5. Tratamento da obesidade ▪ Drogas relacionadas ao aumento de peso − Anticoncepcional: aumento da fome e retenção de líquido; − Corticoides: Aumento da fome e retenção de líquidos; − Sulfonilúreias (promove liberação de insulina): Hipoglicemiantes; − Insulina: Hipoglicemiante − Glitazona: Hipoglicemiante; − Antidepressivos tricíclicos. ▪ Condições para tratamento: ➢ IMC ≥ 30kg/m2 ou IMC ≥ 25kg/m2 (na presença de comorbidades); ➢ Falha em perder peso com tratamento não farmacológico; ➢ História previa de falência com tentativa de dieta com restrição calórica; ➢ Meta: Perda de 5%~10% do peso em 6 meses 5.1. Anfetaminas e Sibutramina ▪ Anfetaminas ➢ Mecanismo deação: O neurônio pré-sináptico libera a noradrenalina e no neurônio pós-sináptico há receptores α e β para recebe-la. No neurônio pré-sináptico, há ainda a NET – mecanismo de transporte de NE para dentro do neurônio – e a MAO – mecanismo para destruição da NE. As anfetaminas bloqueiam a NET e a MAO, diminuindo a recaptação e a destruição da NE, aumentando a presença de NE na fenda sináptica. ➢ Considerada tarja preta; ➢ Efeito sanfona – tolerância rápida; ➢ Eficiência questionável a longo prazo; ➢ NE promove saciedade; ➢ No caso da fome, com o aumento da NE na fenda sináptica, leva os receptores dos neurônios pós- sinápticos sofrerem down regulation, causando tolerância. − Femproporex – Tem menor estímulo neural o Efeitos adversos: ➢ Tremor; ➢ Irritabilidade; ➢ Insônia ➢ Ansiedade; ➢ Arritmia; ➢ Angina; ➢ Hipertensão ➢ Tolerância; ➢ Boca seca; ➢ Gosto metálico; ➢ Alteração da libido. − Sibutramina (Reductil) o Muito perigosa para quem tem restrição cardíaca o Mecanismo de ação de bloqueio da NET, mas também possui atividade termogênica. Promove bloqueio também de A Fluoxetina é placebo na alteração de peso. Ela só possui efeito na obesidade ligada à desestabilização do humor. P á g i n a | 24 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX SERT – mecanismo de transporte de serotonina; o Aumenta a expressão de receptores α e β – não tem tolerância; o Longo tempo de tratamento: 1~2 anos; ➢ Efeitos adversos: − Constipação; − Insônia; − Agitação; − Cefaleia; − Efeitos centrais (como as anfetaminas). 5.2. Orlistat (Xenical) ▪ Inibe lipase gástrica e pancreática; ▪ Baixa biodisponibilidade, gerando poucos efeitos colaterais; ▪ Esteatorreia pode ocorrer caso o paciente não altere a dieta; ▪ Diminui pressão arterial, normaliza insulina e minimiza glicose quando estiver alta; ▪ Grávidas não podem tomar: ➢ Esteatorreia; ➢ Incontinência fecal; ➢ Urgência fecal. ▪ Necessidade de reeducação alimentar; ▪ Repor as vitaminas lipossolúveis é necessário; ▪ Efeito aditivo com estatinas – dislipidemia; ▪ Estudos clínicos orlistat com sibutramina. 5.3. Liraglutida (Saxenda) ▪ Incretinomimético; ▪ Análogo do Glucagon-Like Peptide-1 (GLP-1) ▪ Aumenta Pró-opiomelanocortin e transcrito regulado por colina e anfetamina (POMC/CART) – faz saciedade; ▪ Aumenta secreção de insulina; ▪ Reduz esvaziamento gástrico; ▪ Reduz secreção de glucagon; ▪ Não indicado para tratamento de diabetes; ▪ Não associar com insulina; ▪ Efeitos desconhecidos sobre a mortalidade cardiovascular; ➢ Efeitos adversos: − Hipoglicemia; − Diarreia; − Fadiga; − Vomito; − Náuseas. 5.4. Topiramato ▪ Usado para tratar epilepsia – anticonvulsionante; ▪ Mecanismo de ação: Antagonista de canais de Na+, ativa correntes de K+, potencializa GABA, antagoniza receptores AMPA e inibe anidrase carbônica. ➢ Efeitos adversos: − Sonolência; − Nervosismo; − Parestesias; − Perda de peso; − Fadiga; − Alterações cognitivas; − Teratogenicidade; − Miopatia aguda; − Glaucoma. − Risco nível D na gravidez; − Interfere com ACO. Importante não associar com inibidores da MAO – iMAO – nem com ISRS – Fluoxetina – inibidor seletivo de serotonina. Contraindicado em doenças coronarianas, insuficiência cardíaca e arritmias. P á g i n a | 25 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX VASCULARIZAÇÃO DO SISTEMA DIGESTÓRIO 1. Artéria aorta abdominal Figura 12 Artéria aorta abdominal e seus ramos. 1.1. Ramos parietais: 1.1.1. A.a. frênicas inferiores 1.1.2. A. suprarrenais medias e inferiores 1.1.3. 1ª a 4ª A.a. lombar direita e esquerda 1.1.4. A. sacral mediana 1.1.5. A. recorrente do esôfago 1.2. Ramos viscerais: 1.2.1. Tronco celíaco − A. Gástrica esquerda − A. Esplênica (lienal) o A. gastromental esquerda o R.r esplênicos − A. Hepática comum o A. hepática própria ▪ A. hepática direita ▪ A. hepática esquerda ▪ A. gástrica direita o A. gastroduodenal ▪ A. gastromental direita ▪ A. pancreaticoduodenal supero-posterior e supero- anterior − A. pancreática dorsal − A. pancreática magna − A. pancreática inferior − R.r. pancreáticos − A. da cauda do pâncreas 1.2.2. A. Mesentérica superior − A. pancreaticoduodenal inferior − A. jejunais e ileais − A. íleo cólica − A. cólica direita − A. cólica média 1.2.3. A.a. Renais 1.2.4. A. Mesentérica inferior − A. cólica esquerda − A.a. sigmóideas − A. retal superior 1.2.5. A.a. Testiculares/Ováricas Figura 13 Artérias do estômago, do fígado e do baço. P á g i n a | 26 [SISTEMA DIGESTÓRIO] | Denilson Duarte – Medicina UFCA – TXXIX Figura 14 Artérias do fígado, do pâncreas, do duodeno e do baço. Figura 15 Artérias do intestino delgado Figura 16 Artérias do intestino grosso
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