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1-Atenha-se a uma leitura minuciosa do texto em evidência e, em seguida, responda ao que se pede: Metáfora Uma lata existe para conter algo Mas quando o poeta diz: "Lata" Pode estar querendo dizer o incontível Uma meta existe para ser um alvo Mas quando o poeta diz: "Meta" Pode estar querendo dizer o inatingível Por isso, não se meta a exigir do poeta Que determine o conteúdo em sua lata Na lata do poeta tudo nada cabe Pois ao poeta cabe fazer Com que na lata venha caber O incabível Deixe a meta do poeta, não discuta Deixe a sua meta fora da disputa Meta dentro e fora, lata absoluta Deixe-a simplesmente metáfora Gilberto Gil Resposta Questão 1 Tão logo estabelecemos contato com o texto, constatamos que o autor estabelece um jogo de sentido entre o vocábulo “lata” que, de acordo com seu sentido denotativo, representa um recipiente que utilizamos para “depositar” algo. Aplica-lhe, sobretudo, um sentido conotativo, uma vez que em se tratando da criação imaginativa do poeta, essa lata tudo pode comportar, como nos revelam os fragmentos: Na lata do poeta tudo nada cabe Pois ao poeta cabe fazer Com que na lata venha caber O incabível [...] Diante de tais elucidações, concluímos que se trata da metáfora referente à própria criação poética, como literalmente expressa por meio do título. Composição: Gilberto Gil - 1982 * Levando-se em consideração os sentidos expressos pela linguagem, comente acerca do discurso presente na criação de Gilberto Gil. 2-Explicite seus conhecimentos sobre o emprego da linguagem conotativa e denotativa mediante os discursos manifestados nas situações de interlocução. Resposta Questão 2 O sentido expresso pelas palavras está relacionado, primeiramente, à noção de significado e significante, sendo este identificado pela materialização da palavra propriamente dita, ou seja, as letras e os sons que ela representa; e aquele pela parte concreta, isto é, o significado, remetendo-nos a uma imagem mental, representativa. Dessa forma, temos que uma mesma palavra pode adquirir diferentes significados, dependendo do contexto em que se encontrar inserida, visto que na linguagem conotativa o sentido deixa de ser convencional e passa a adquirir múltiplos sentidos, dadas as diferentes interpretações que se atribuem a estes. Quanto ao emprego, sua incidência se dá por meio da linguagem publicitária e da linguagem literária como um todo. Já o sentido denotativo, real, faz parte dos textos informativos, científicos e didáticos como um todo, pois a objetividade representa a principal característica. 3-Partindo-se do pressuposto de que a linguagem é expressa por diferentes sentidos em um dado contexto, atribua aos exemplos em questão os códigos mencionados: ( D ) denotação ( C ) conotação a - ( ) Horário de verão começa à meia-noite deste sábado. Relógios devem ser adiantados em uma hora no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Expectativa é de redução de 5% na demanda de energia no horário de pico. http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/10/horario-de-verao-comeca-meia-noite-deste-sabado.html b – ( ) c – ( ) Memória Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não. As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão Mas as coisas findas muito mais que lindas, essas ficarão. Carlos Drummond de Andrade d – ( ) A camada de ozônio, o escudo que protege a vida na Terra dos níveis nocivos de radiação ultravioleta, manteve-se estável na última década, conforme estudo elaborado pela Organização Mundial da Meteorologia (OMM) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), divulgado nesta quinta-feira. [...] (Fonte: Folha de São Paulo, 4-Aos estabecermos familiaridade com os enunciados linguísticos subsequentes, notamos que estes integram determinadas circunstâncias comunicativas presentes na linguagem cotidiana. Assim sendo, analise-os levando-se em consideração o sentido contextual por eles expresso. A garota está com a pulga atrás da orelha. Nossa! Fulano é uma cobra! Não posso fazer mais compomisso, pois estou com a corda no pescoço. Resposta Questão 4 A linguagem conotativa encontra-se demarcada não somente em textos publicitários e na linguagem poética, mas também na linguagem cotidiana de uma forma geral, dada a nossa forte carga de expressividade e afetividade. Assim, por meio dos enunciados constatamos que o sentido expresso no primeiro é revelado por temor, medo de algo que possa vir a acontecer. O segundo retrata o sentido de uma pessoa má, portadora de atitudes abomináveis, e o terceiro representa algo relacionado a uma sobrecarga de compromissos financeiros. 5-Frente a uma análise dos excertos ora demarcados, depreende-se que os trechos nos quais o autor se propôs ao emprego da linguagem conotativa podem ser identificados por: I Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; É um andar solitário entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É um cuidar que se ganha em se perder. É querer estar preso por vontade É servir a quem vence o vencedor, É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade; Se tão contrário a si é o mesmo amor? Luís de Camões II Os poemas Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhoso espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... Mário Quintana III Cortar o tempo Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente. Carlos Drummond de Andrade Resposta Questão 5 Texto I Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; [...] É um andar solitário entre a gente; [...] É querer estar preso por vontade ------------------------------------------- Texto II Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão. alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. ------------------------------------------------------- Texto III Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, [...] Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Estes dois conceitos são muito fáceis de entender se lembrarmos que duas partes distintas, mas interdependentes, constituem o signo lingüístico: o significante ou plano da expressão - uma parte perceptível, constituída de sons - e o significado ou plano do conteúdo - a parte inteligível, o conceito. Por isto, numa palavra que ouvimos, percebemos um conjunto de sons ( o significante), que nos faz lembrar de um conceito (o significado). A denotação é justamente o resultado da união existente entre o significante e o significado, ou entre o plano da expressão e o plano do conteúdo. A conotação resulta do acréscimo de outros significados paralelos ao significado de base da palavra, isto é, um outro plano de conteúdo pode ser combinado ao planoda expressão. Este outro plano de conteúdo reveste-se de impressões, valores afetivos e sociais, negativos ou positivos, reações psíquicas que um signo evoca. Portanto, o sentido conotativo difere de uma cultura para outra, de uma classe social para outra, de uma época a outra. Por exemplo, as palavras senhora, esposa, mulher denotam praticamente a mesma coisa, mas têm conteúdos conotativos diversos, principalmente se pensarmos no prestígio que cada uma delas evoca. Desta maneira, podemos dizer que os sentidos das palavras compreendem duas ordens:referencial ou denotativa e afetiva ou conotativa. A palavra tem valor referencial ou denotativo quando é tomada no seu sentido usual ou literal, isto é, naquele que lhe atribuem os dicionários; seu sentido é objetivo, explícito, constante. Ela designa ou denota determinado objeto, referindo-se à realidade palpável. Denotação é a significação objetiva da palavra; é a palavra em "estado de dicionário" Além do sentido referencial, literal, cada palavra remete a inúmeros outros sentidos, virtuais, conotativos, que são apenas sugeridos, evocando outras idéias associadas, de ordem abstrata, subjetiva. Conotação é a significação subjetiva da palavra; ocorre quando a palavra evoca outras realidades por associações que ela provoca O quadro abaixo sintetiza as diferenças fundamentais entre denotação e conotação: DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO palavra com significação restrita palavra com significação ampla palavra com sentido comum do dicionário palavra cujos sentidos extrapolam o sentido comum palavra usada de modo automatizado palavra usada de modo criativo linguagem comum linguagem rica e expressiva a) Exemplos de conotação e denotação (textos 1 e 2) Para exemplificar, de maneira simples e clara, estes dois conceitos, vamos tomar a palavra cão: terá um sentido denotativo quando designar o animal mamífero quadrúpede canino; terá um sentido conotativo quando expressar o desprezo que desperta em nós uma pessoa sem caráter ou extremamente servil. (Otto M.Garcia, 1973) Nas receitas abaixo, as palavras têm, na primeira, um sentido objetivo, explícito, constante; foram usadas denotativamente. Na segunda, apresentam múltiplos sentidos, foram usadas conotativamente. Observa-se que os verbos que ocorrem tanto em uma quanto em outra - dissolver, cortar, juntar, servir, retirar, reservar - são aqueles que costumam ocorrer nas receitas; entretanto, o que faz a diferença são as palavras com as quais os verbos combinam, combinações esperadas no texto 1, combinações inusitadas no texto 2. TEXTO I Bolo de arroz 3 xícaras de arroz 1 colher (sopa) de manteiga 1 gema 1 frango 1 cebola picada 1colher (sopa) de molho inglês 1colher (sopa) de farinha de trigo 1 xícara de creme de leite salsa picadinha Prepare o arroz branco, bem solto. Ao mesmo tempo, faça o frango ao molho, bem temperado e saboroso. Quando pronto, retire os pedaços, desosse e desfie. Reserve. Quando o arroz estiver pronto, junte a gema, a manteiga, coloque numa forma de buraco e leve ao forno. No caldo que sobrou do frango, junte a cebola, o molho inglês, a farinha de trigo e leve ao fogo para engrossar. Retire do fogo e junte o creme de leite. Vire o arroz, já assado, num prato. Coloque o frango no meio e despeje por cima o molho. Sirva quente. (Terezinha Terra) TEXTO II Receita Ingredientes 2 conflitos de gerações 4 esperanças perdidas 3 litros de sangue fervido 5 sonhos eróticos 2 canções dos beatles Modo de preparar Dissolva os sonhos eróticos nos dois litros de sangue fervido e deixe gelar seu coração. Leve a mistura ao fogo, adicionando dois conflitos de gerações às esperanças perdidas. Corte tudo em pedacinhos e repita com as canções dos beatles o mesmo processo usado com os sonhos eróticos, mas desta vez deixe ferver um pouco mais e mexa até dissolver. Parte do sangue pode ser substituído por suco de groselha, mas os resultados não serão os mesmos. Sirva o poema simples ou com ilusões. (Nicolas Behr) b) Exemplo de texto denotativo (texto 3) Os textos informativos (científicos e jornalísticos), por serem, em geral, objetivos, prendem-se ao sentido denotativo das palavras. Vejamos o texto abaixo, em que a linguagem está estruturada em expressões comuns, com um sentido único. Texto 3 - texto técnico-científico Canibalismo entre insetos Seres que nascem na cabeça de outros e que consomem progressivamente o corpo destes até aniquilá-los, ao atingir o estágio adulto. ... Esse é um enredo que mais parece de ficção científica. No entanto, acontece desde a pré-história, tendo como protagonistas as vespas de certas espécies e as paquinhas, e é um exemplo da curiosa relação dos ‘inimigos naturais’, aproveitada pelo homem no controle biológico de pragas, para substituir com muitas vantagens os inseticidas químicos. (Revista Ciência Hoje, nº 104, outubro de 1994, Rio, SBPC) c) Exemplo de texto conotativo (texto 4) Além dos poetas, os humoristas e os publicitários fazem um amplo uso das palavras no seu sentido conotativo, o que contribui para que os anúncios despertem a atenção dos prováveis consumidores e para que o dito humorístico atinja o seu objetivo de fazer rir, às vezes até com uma certa dose de ironia. Por exemplo, na propaganda de um ‘shopping’, foi usada a seguinte frase: Texto 4 - propaganda O Rio Design Center acaba de ganhar um novo piso. Marmoleum o piso natural (Revista Veja Rio, maio/junho,96) O anúncio tem aí um duplo sentido, pois transmite duas informações: o Rio Design Center ganhou uma nova loja - PAVIMENTO SUPERIOR -onde estão à venda pisos especiais; nesta loja é possível encontrar o material para piso, importado da Holanda, que se chama Marmoleum. Na frase que fecha o anúncio, desfaz-se a ambigüidade: "Venha até a (ao invés de o) Pavimento Superior e confira esta e outras novidades de revestimentos para pisos". Mas a frase de abertura faz pensar em outros sentidos: o centro comercial ganhou um novo andar, um novo pavimento, ou ganhou um revestimento novo em todo o seu piso, em todo o seu chão. d) Exemplo de conotação Os provérbios ou ditos populares são também um outro exemplo de exploração da linguagem no seu uso conotativo. Assim, "Quem está na chuva é para se molhar"equivale a "/Quando alguém opta por uma determinada experiência, deve assumir todas as regras e conseqüências decorrentes dessa experiência". Do mesmo modo, "Casa de ferreiro, espeto de pau" significa O que a pessoa faz fora de casa, para os outros, não faz em casa, para si mesma. A respeito de conotação, Othon M. Garcia (1973) observa: "Conotação implica, portanto, em relação à coisa designada, um estado de espírito, uma opinião, um juízo, um sentimento, que variam conforme a experiência, o temperamento, a sensibilidade, a cultura e os hábitos do falante ou ouvinte, do autor ou leitor. Conotação é, assim, uma espécie de emanação semântica, possível graças à faculdade que nos permite relacionar coisas análogas ou semelhadas. Esse é, em essência, o traço característico doprocesso metafórico, pois metaforização é conotação".
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