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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE 
_______ 
 
MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS E HABITAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estratégia Nacional de 
Água e Saneamento Urbano 
2011-2025 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maputo, Novembro de 2012 
 
 
Estratégia Nacional de Água e Saneamento Urbano 
_________________________________________________________________________ 
Aprovada na 42
a
 Sessão do Conselho de Ministros, 22 de Novembro de 2011 Pág. 2 
 
Índice 
 
1 Introdução ..................................................................................................................... 3 
1.1 Contexto .................................................................................................................. 3 
1.2 Enquadramento Legal ............................................................................................. 4 
1.2.1 Documentos Normativos e Regulamentos Sectoriais .......................................... 4 
1.3 Institucional ............................................................................................................. 6 
1.4 Objectivo da Estratégia de Água e Saneamento Urbano ......................................... 7 
1.5 Metodologia para a Elaboração da Estratégia ......................................................... 7 
2 Abastecimento de Água em Áreas Urbanas e Peri-urbanas ..................................... 8 
2.1 Alcance do Serviço Universal .................................................................................. 8 
2.1.1 Declaração .......................................................................................................... 8 
2.1.2 Política e Legislação Aplicáveis ........................................................................... 8 
2.1.3 Estratégias ........................................................................................................... 8 
2.2 Desenvolvimento das Funções de Gestão do Património e de Regulação .............. 9 
2.2.1 Declaração .......................................................................................................... 9 
2.2.2 Política e Legislação Aplicáveis ........................................................................... 9 
2.2.3 Estratégias ......................................................................................................... 10 
2.3 Desenvolvimento da Função de Prestação de Serviço .......................................... 10 
2.3.1 Declaração ........................................................................................................ 10 
2.3.2 Política e Legislação Aplicáveis ......................................................................... 10 
2.3.3 Estratégias ......................................................................................................... 11 
2.4 Estratégia de Financiamento ................................................................................. 12 
2.4.1 Declaração ........................................................................................................ 12 
2.4.2 Políticas e Legislação ........................................................................................ 12 
2.4.3 Estratégias ......................................................................................................... 12 
3 Saneamento em Áreas Urbanas e Peri-urbanas ...................................................... 13 
3.1 Alcance do Serviço Universal ................................................................................ 13 
3.1.1 Declaração ........................................................................................................ 13 
3.1.2 Políticas e Legislação Aplicável ......................................................................... 13 
3.1.3 Estratégias ......................................................................................................... 14 
3.2 Desenvolvimento do Papel da Governação na Gestão do Saneamento ................ 14 
3.2.1 Declaração ........................................................................................................ 14 
3.2.2 Políticas e Legislação Aplicáveis ....................................................................... 14 
3.2.3 Estratégias ......................................................................................................... 14 
3.3 Desenvolvimento da Função de Prestação de Serviços de Saneamento .............. 15 
3.3.1 Declaração ........................................................................................................ 15 
3.3.2 Políticas e Legislação Aplicáveis ....................................................................... 15 
3.3.3 Estratégias ......................................................................................................... 15 
3.4 Estratégia de Financiamento ................................................................................. 16 
3.4.1 Declaração ........................................................................................................ 16 
3.4.2 Políticas e Legislação Aplicáveis ....................................................................... 16 
3.4.3 Estratégias ......................................................................................................... 16 
4 Medidas de Implementação ...................................................................................... 17 
4.1 Desenvolvimento Institucional ............................................................................... 17 
4.2 Abastecimento de Água em Áreas Urbanas e Peri-urbanas .................................. 17 
4.3 Saneamento Urbano e Peri-urbano ....................................................................... 18 
4.4 Regulação ............................................................................................................. 18 
4.5 Financiamento ....................................................................................................... 18 
 
 
Estratégia Nacional de Água e Saneamento Urbano 
___________________________________________________________________________________________ 
Aprovada na 42
a
 Sessão do Conselho de Ministros, 22 de Novembro de 2011 Pág. 3 
 
1 Introdução 
1.1 Contexto 
No decurso do seu desenvolvimento, Moçambique está a passar por um processo de 
urbanização crescente. A população residente nas 23 cidades, 68 vilas e nas demais 
sedes distritais de carácter rural, era de 7 milhões de habitantes em 2007, prevendo-
se um ritmo anual de crescimento de 3.5%, nos próximos anos. Por causa da fraca 
atractividade dos centros urbanos secundários, estima-se que em 2025, 6.3 milhões 
de pessoas, ou seja 52% de uma população urbana de 12,5 milhões, e 21% da 
população nacional, viverá nas 12 cidades de mais de 250.000 habitantes. Isto 
representa sensivelmente uma duplicação do número de residentes urbanos, sendo 
que cerca de três quartos destes viverá nas zonas periféricas, em condições 
precárias de habitação, abastecimento de água, saneamento e higiene. 
No âmbito da implementação do Quadro da Gestão Delegada dos sistemas principais 
de abastecimento de água, investimentos significativos têm sido realizados nas 
principais cidades, resultando na melhoria da qualidade e na extensão dos serviços 
para as áreas periféricas. A gestão e a viabilidade destes sistemas estão a tornar-se 
cada vez mais sustentáveis, e na base disso, o subsector está a atrair financiamento 
suficiente para assegurar o futuro destes sistemas. 
A estratégia nacional de desenvolvimento atribui às pequenas cidades e vilas o papel 
de pólos de crescimento secundários, com capacidade de concentrarem importantes 
actividades económicas. Esta estratégia implica que o Estado deverá garantir 
intervenções e investimentos direccionados de modo a torná-los atractivos às 
empresas e empreendedores.A provisão de bons serviços de água e saneamento 
constitui condição fundamental para a materialização dessa visão. Neste sentido, a 
experiência do Quadro de Gestão Delegada está sendo consolidada e aplicada 
gradualmente aos sistemas de abastecimento de água das pequenas cidades e vilas. 
Contudo, não foi possível alcançar impactos significativos até agora, uma vez que as 
instituições a serem estabelecidas para o efeito encontram-se ainda em formação, e a 
disponibilidade de fundos de investimento está muito limitada ainda. 
A sustentabilidade dos sistemas de abastecimento de água continuará a ser 
promovida através do envolvimento de entidades autónomas, operadores privados ou 
serviços autónomos municipais operando com base em princípios comerciais. Deverá 
ser assegurada a separação das funções de governação, de gestão do património de 
domínio público, da prestação do serviço, e da regulação, de forma a reforçar-se a 
acção supervisora e dar garantia do bom serviço público ao cidadão. 
No âmbito do saneamento urbano, os Municípios e Administrações Distritais têm o 
papel de liderança, mas, apesar de alguns investimentos realizados em infra-
estruturas de drenagem e esgotos, estes Governos Locais carecem de financiamento 
e capacidade técnica para assegurar o saneamento adequado para toda a população, 
especialmente nas zonas peri-urbanas das grandes cidades. No contexto do 
crescimento acelerado destes assentamentos, torna-se urgente introduzir medidas 
sistemáticas de melhoria do saneamento, para salvaguardar a saúde e a dignidade 
das populações. Para serem efectivas, as intervenções terão que ser realizadas a 
nível dos bairros e agregados familiares individuais, em parceria com as famílias, as 
organizações comunitárias, pequenos empreendedores, e as estruturas locais de 
governação. 
Estratégia Nacional de Água e Saneamento Urbano 
___________________________________________________________________________________________ 
Aprovada na 42
a
 Sessão do Conselho de Ministros, 22 de Novembro de 2011 Pág. 4 
 
Embora se reconheça o papel fundamental dos Governos Locais no planeamento, 
investimento e supervisão dos serviços de água e saneamento, as suas capacidades 
para assumirem esse papel continuam insuficientes. É portanto necessário realinhar 
os papéis dos Governos Central, Provinciais e Locais, e as agências especializadas 
do sector, de acordo com as suas capacidades e atribuições legais. Isto não implica a 
entrega incondicional de toda a responsabilidade para o abastecimento de água aos 
Governos Locais, mas sim a definição e formalização das responsabilidades e dos 
relacionamentos entre todas as partes, enquanto no âmbito do saneamento passa 
pela capacitação dos Governos Locais e seus parceiros. 
 
1.2 Enquadramento Legal 
A descentralização das funções é uma prioridade do governo e tem por objectivo 
garantir a provisão ao cidadão de serviços públicos de boa qualidade, pelo aumento 
da participação das comunidades nos processos de decisão, prestação de contas e 
maior responsabilização dos funcionários e agentes locais do estado. 
O processo de descentralização começou em 1994, com a aprovação da legislação 
promovendo a gradual descentralização da autoridade para os Governos Distritais e 
Municipais. Esse pacote legislativo inclui a definição do quadro institucional dos 
Distritos Municipais (Lei 3/94), a criação dos Governos Locais (Lei 9/96), a Lei das 
Autarquias Locais (Lei 2/97, complementada pelas Leis 7 a 10/97), a Lei das 
Finanças Municipais (Lei 11/97, que atribui aos Municípios a competência para 
investir em sistemas de abastecimento de água e saneamento básico) e a estrutura 
orgânica do Governo Distrital (Decreto 6/06). Mais tarde, a competência própria dos 
órgãos locais para realizarem investimentos no abastecimento de água, de forma 
progressiva, foi reforçada pela Lei 8/03 de 2003 e a Lei 1/2008. O carácter 
progressivo da transferência das responsabilidades deverá ser acompanhado da 
transferência, pelos serviços do Estado, de recursos financeiros e competências aos 
Governos Locais, à medida das necessidades de cada um. 
As Leis 2/97 e 11/97 definem as competências dos diferentes órgãos das Autarquias 
de prestar serviços públicos e especificam que os Municípios podem criar Serviços 
Autónomos ou Empresas Públicas Autárquicas para satisfação das necessidades 
colectivas das respectivas populações, quando de interesse relevante para a 
colectividade ou se mostre a solução mais eficiente. 
 
1.2.1 Documentos Normativos e Regulamentos Sectoriais 
Os principais documentos normativos que regem a gestão dos serviços urbanos de 
água potável e saneamento são: 
 A Lei das Águas (Lei n°16/91 de 03 de Agosto de 1991) 
 A Política Tarifária de Águas (Resolução 60/98 de 23 de Setembro de 1998) 
 O Regulamento dos Sistemas Públicos de Distribuição de Água e de Drenagem de 
Águas Residuais (Decreto 30/03 de 01 de Julho de 2003) 
 A Política de Águas (Agosto de 2007) 
 A Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos. 
Estratégia Nacional de Água e Saneamento Urbano 
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Aprovada na 42
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 Sessão do Conselho de Ministros, 22 de Novembro de 2011 Pág. 5 
 
a) Lei de Águas 
Ao Estado competirá implementar progressivamente uma política de gestão da água 
orientada para a realização dos seguintes objectivos: 
 Abastecimento contínuo e suficiente das populações em água potável, para a 
satisfação das necessidades domésticas e de higiene; 
 Promoção, segundo as prioridades e necessidades da acção governamental, de 
acções de investigação, de pesquisa e de captação destinados a aumentar o 
volume global dos recursos disponíveis; 
 Melhoria do saneamento, luta contra a poluição e deterioração da qualidade da 
água e na prevenção de efeitos nocivos da água. 
b) Política de Águas 
A Política de Águas pretende alcançar a médio (2015) e longo (2025) prazos os 
seguintes objectivos principais: 
 A satisfação das necessidades básicas do consumo humano de água na base de 
um abastecimento de água potável seguro e fiável, e a longo prazo uma cobertura 
universal e um melhor nível de serviço. 
 O melhoramento do saneamento como ferramenta essencial para a prevenção de 
doenças de origem hídrica, e melhoria da qualidade de vida e conservação 
ambiental. A meta última de longo prazo é contribuir para se atingir o acesso 
universal a serviços de saneamento que podem variar desde uma latrina 
melhorada à ligação a uma rede de esgotos. Os sistemas de drenagem pluvial 
devem também ser melhorados. 
 A extensão do Quadro da Gestão Delegada do Abastecimento de Água aos 
sistemas inicialmente não abrangidos pelo mesmo, visando a reestruturação, auto-
sustentabilidade e a integração dos serviços de saneamento. 
c) Política Tarifária 
O sistema tarifário aplicável ao abastecimento de água urbano é particularizado para 
cada sistema de abastecimento de água para que as tarifas sejam diferenciadas em 
função das condições particulares de produção e gestão. Os principais objectivos 
são: 
 Recuperar os custos de operação e manutenção a curto prazo 
 Iniciar a recuperação dos custos de investimento a médio prazo 
 Aumentar a cobertura a fim de reduzir as despesas com a água para as camadas 
de baixa renda 
 Promover a descentralização do serviço e a sua sustentabilidade 
Na estrutura tarifária haverá uma componente fixa, independente do consumo, e uma 
componente variável, que será volumétrica (associada ao volume de água medido) e 
fixada em função do custo médio de produção de água. A tarifa para fontanários será 
fixada observando unicamente critérios volumétricos e será determinada por cada 
sistema de água. Deverá ser uma tarifa social. 
Com respeito ao saneamento, a políticatarifária estabelece que as tarifas e taxas dos 
sistemas de saneamento em rede (águas residuais e drenagem pluvial) devem 
aproximar-se os custos de operação, manutenção e gestão. 
Estratégia Nacional de Água e Saneamento Urbano 
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Aprovada na 42
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O lançamento de águas residuais em rede pública de esgotos, será pago de modo 
proporcional ao volume de água consumida, havendo tarifas diferenciadas para os 
utilizadores domésticos, ou equiparados e industriais. A utilização das redes públicas 
de drenagem pluvial será paga pelos respectivos beneficiários sob a forma de uma 
taxa anual agregada à contribuição predial. 
Para o saneamento localizado, especifica-se que o método de cálculo e a forma de 
recuperação dos custos serão definidos localmente. 
 
d) Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos 
A Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos realça a gestão como assunto 
que envolve transversalmente vários sectores e daí a necessidade da coordenação 
intra e intersectorial na gestão integrada dos recursos naturais, como o são os 
recursos hídricos. Destaca a localização de Moçambique, como país de jusante em 
relação as bacias hidrográficas da região e que mais de 50% do escoamento 
superficial total são gerados nos países vizinhos. 
e) Regulamentos dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e 
de Drenagem de Águas Residuais 
O Regulamento dos Sistemas Públicos de Distribuição de Água e de Drenagem de 
Águas Residuais é um conjunto de disposições técnicas de distribuição pública de 
água (Título I), e de drenagem pública de águas residuais (Título II). O Regulamento 
inclui também disposições com referência ao estabelecimento e exploração de 
sistemas públicos de distribuição de água e de drenagem de águas residuais (Título 
III), e à segurança, higiene e saúde no trabalho durante a exploração (Título IV). 
Paralelamente, o Regulamento dos Sistemas Prediais de Distribuição de Água e de 
Drenagem de Águas Residuais é um conjunto de condições técnicas relativo aos 
sistemas prediais de distribuição de água (Título I) e aos sistemas prediais de 
drenagem de águas residuais (Título II). O Regulamento inclui também disposições 
com referência ao estabelecimento e exploração de sistemas de distribuição predial 
de água e de drenagem predial de águas residuais (Título III). 
 
1.3 Institucional 
 
O Ministério das Obras Públicas e Habitação (MOPH) é a instituição do Governo, a 
nível central, com autoridade sobre as obras públicas e a gestão dos recursos 
hídricos, que dirige e controla superiormente as actividades do sector de águas. A 
Direcção Nacional de Águas (DNA) é o órgão central do MOPH responsável pelo 
abastecimento de água potável às populações, pelo saneamento e pela gestão dos 
recursos hídricos. 
Ao abrigo dos Decretos no 72/98 de 23 de Dezembro e 18/2009 de 13 de Maio, foram 
institucionalizados organismos e mecanismos legais em que a participação de 
entidades de direito privado na gestão do serviço público de abastecimento de água 
se estrutura. Pelo Decreto no 73/98 de 23 de Dezembro o Fundo de Investimento e 
Património de Abastecimento de Água (FIPAG) tem a responsabilidade de investir e 
assegurar a operação dos sistemas principais de abastecimento de água. Pelo 
Decreto no 19/2009 de 13 de Maio foi criada a Administração de Infra-estruturas de 
Água e Saneamento (AIAS) para tomar responsabilidade para os sistemas 
Estratégia Nacional de Água e Saneamento Urbano 
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secundários de abastecimento de água, e pelas redes de esgotos em todas as áreas 
urbanas. O mesmo Decreto cria um órgão consultivo a nível provincial, o Conselho 
Provincial de Água e Saneamento. Para exercer as suas funções nas províncias a 
AIAS irá criar e estabelecer delegações. 
No âmbito da criação do Quadro de Gestão Delegada, foi ainda criada pelo Decreto 
nº 74/98 de 23 de Dezembro, o Conselho de Regulação de Abastecimento de Água 
(CRA), uma instituição reguladora que tinha a responsabilidade de regular as 
operações dos serviços de água e as relações entre o FIPAG e o operador privado, 
em particular no que diz respeito às tarifas ao consumidor, qualidade dos serviços e 
programas de expansão das redes. Conforme o Decreto 18/2009, “é alargado o 
mandato do CRA à regulação de todos os sistemas públicos de distribuição de água e 
de drenagem de águas residuais em moldes e regimes regulatório apropriados às 
condições técnicas e de gestão específica dos sistemas”. 
 
1.4 Objectivo da Estratégia de Água e Saneamento Urbano 
O objectivo da Estratégia de Água e Saneamento Urbano é de orientar a 
implementação efectiva dos objectivos principais da Política de Águas nestas áreas. 
No domínio do abastecimento de água, o objectivo é atingir a meta de médio prazo 
(2015) definida pelo Governo no âmbito das Metas de Desenvolvimento do Milénio, 
de 70% de cobertura, servindo cerca de 6,6 milhões de pessoas; e a longo prazo 
(2025), atingir a cobertura universal e assegurar a sustentabilidade. Constituem 
objectivos do saneamento nas áreas urbanas, aumentar a cobertura em 2015 para 
aproximadamente 67%, representando cerca de 6,3 milhões de pessoas, e em 2025 
se ir aproximando gradualmente da cobertura universal. 
O alcance destas metas depende da realização simultânea de objectivos de 
desenvolvimento institucional, com vista a aumentar a eficiência dos sistemas para 
garantir que, a médio prazo, as comunidades servidas por um sistema de 
abastecimento de água seguro e fiável tenham acesso a um serviço de saneamento 
adequado em cada casa. 
 
1.5 Metodologia para a Elaboração da Estratégia 
Esta estratégia foi elaborada por um grupo de trabalho constituído por quadros 
seniores do sector e parceiros que apoiam o sector de águas. A supervisão e 
direcção estratégica foram feitas por um grupo directivo constituído para o efeito, pelo 
MOPH. 
Para além dos documentos estratégicos do sector e leis afins, a principal fonte de 
informação e derivação das estratégias foi o processo de consulta sobre água e 
saneamento urbano realizado pelo MOPH através da DNA. Entre 2006 e 2008 o 
MOPH, através da DNA, levou a cabo um amplo processo de consulta que visava a 
elaboração do Plano Estratégico de Água e Saneamento Urbano, que teve o 
envolvimento de actores chaves e técnicos do sector em diferentes estágios do 
processo. Mais especificamente, foram feitos estudos especializados, visitas de 
campo a algumas vilas e cidades do país, encontros periódicos com um comité 
técnico formado por pessoas das instituições do sector e de outras instituições 
relevantes (MAE, Conselho Municipal da Cidade de Maputo, MPD, MISAU), encontros 
periódicos com um comité de supervisão formado pelos presidentes e directores de 
instituições autónomas do sector, entrevistas com pessoas e instituições chave do 
Estratégia Nacional de Água e Saneamento Urbano 
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sector, incluindo das vilas. Realizaram-se três reuniões de consulta com 
representantes das vilas, dos Municípios, Governos Distritais, Direcções Provinciais 
de Obras Públicas e Habitação e academias. Também foram realizados dois painéis 
de especialistas sobre assuntos institucionais e de saneamento. 
 
2 Abastecimento de Água em Áreas Urbanas e Peri-urbanas 
2.1 Alcance do Serviço Universal 
2.1.1 Declaração 
O serviço universal do abastecimento de água urbanoé um objectivo a alcançar até 
2025, para a melhoria da saúde e das condições de vida da população, libertando 
capacidade humana para usos produtivos e sociais, e contribuindo fundamentalmente 
para a redução da pobreza urbana. 
A meta de longo prazo é o acesso universal da população urbana a uma ligação 
domiciliária. Contudo, a médio prazo, continuar-se-á a garantir o acesso das pessoas 
mais carenciadas a uma fonte pública de água segura. Em partes das zonas 
periféricas e nalgumas pequenas cidades e vilas, que têm características rurais, e 
onde não existe nenhum sistema de água canalizada, garantir-se-á o acesso pelo 
menos a fontes equipadas com bomba manual. O nível mínimo de serviço a ser 
garantido nas áreas urbanas é o acesso a pelo menos 20 litros por pessoa por dia de 
água potável, a uma distância máxima de 250m, independentemente do tipo de infra-
estrutura e fonte de água usada. 
 
2.1.2 Política e Legislação Aplicáveis 
No que se refere ao abastecimento de água nas áreas urbanas e peri-urbanas, os 
principais objectivos da Política de Águas são: 
 Atingir a meta de médio prazo (2015) definida pelo Governo no âmbito das Metas 
de Desenvolvimento do Milénio, de 70% de cobertura, o que corresponde à 
extensão do serviço a cerca de dois milhões e meio de novos consumidores 
adicionais às quase quatro milhões actualmente servidas; 
 A longo prazo, atingir uma cobertura universal nas áreas urbanas e peri-urbanas; 
 Aumentar a eficiência dos sistemas de abastecimento de água através de 
programas de redução de fugas e outras perdas; 
 Assegurar a sustentabilidade dos sistemas a longo prazo. 
 
2.1.3 Estratégias 
(i) Assegurar o direito à água para todos, sustentando custos aceitáveis de 
acesso ao serviço domiciliário e mantendo um escalão social com tarifas ao 
alcance da capacidade em pagar dos grupos de mais baixa renda, por meio de 
“subsídio cruzado” do sistema tarifário. 
 
(ii) Continuar com os programas de desenvolvimento de serviços de 
abastecimento de água urbana nos Municípios em todas as áreas de jurisdição 
dos mesmos, como sejam as áreas peri-urbanas e periferias semi-rurais. 
 
Estratégia Nacional de Água e Saneamento Urbano 
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(iii) Dar uma elevada prioridade à garantia de um serviço de abastecimento de 
água estável e continuado, em todos os municípios e sedes de distrito, com 
base nos princípios de gestão autónoma, comercial e regulada do serviço. 
 
(iv) Desenvolver circuitos de distribuição de água em alta como parte do 
desenvolvimento dos serviços de provisão de água às áreas periféricas nas 
grandes áreas metropolitanas. 
 
(v) Reconhecer e regular serviços alternativos considerados adequados, sempre 
que tal seja relevante, incluindo a revenda aos vizinhos, torneiras 
compartilhadas, quiosques, e bombas manuais nas periferias semi-rurais das 
cidades. 
 
2.2 Desenvolvimento das Funções de Gestão do Património e de Regulação 
2.2.1 Declaração 
O abastecimento de água é fundamentado na separação das funções de governação, 
de gestão do património de domínio público, da prestação do serviço, e da regulação, 
de forma a garantir um bom serviço público ao cidadão. 
No desenvolvimento da função de gestão do património, será seguido o princípio da 
subsidiariedade, sempre assegurando uma intervenção racional, integrada e 
coordenada das entidades com competências nesta área, nomeadamente através de 
mecanismos de decisão conjunta e envolvendo as entidades competentes a vários 
níveis. 
 
2.2.2 Política e Legislação Aplicáveis 
A Política de Águas define o seguinte: 
 Os provedores informais do serviço de abastecimento de água nas áreas peri-
urbanas serão enquadrados através duma estratégia de licenciamento, regulação 
e apoio. 
 Os Governos Locais deverão ser plenamente consultados nas decisões sobre o 
abastecimento de água às suas áreas de jurisdição. A expansão das redes de 
abastecimento de água deverá ser consistente com os planos de desenvolvimento 
urbano aprovados. 
 Para garantir a sustentabilidade e o uso racional dos recursos hídricos, será 
promovida a participação das comunidades e utentes de água, de forma que as 
soluções adoptadas correspondam aos desejos e capacidade económica das 
comunidades. O grau e formas de participação serão adaptadas as condições 
locais e ao nível do serviço prestado. 
Pela lei 1/2008, sobre o regime financeiro, orçamental e patrimonial dos Municípios, 
os utentes podem ter representação assegurada nas entidades prestadoras de 
serviços públicos de âmbito autárquico na forma e nos termos estabelecidos em 
postura local, participando na decisão sobre planos e programas de expansão de 
serviços, revisão da base de cálculo dos custos operacionais, estrutura tarifária, nível 
de atendimento da procura, em termos, quer quantitativos, quer qualitativos, e 
mecanismos de atendimento de petições e reclamações dos utentes. 
Os Decretos 18/2009 e 19/2009 de 13 de Maio, alargam o âmbito do Quadro de 
Gestão Delegada para as pequenas cidades e vilas, e abrangem também o 
Estratégia Nacional de Água e Saneamento Urbano 
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Aprovada na 42
a
 Sessão do Conselho de Ministros, 22 de Novembro de 2011 Pág. 10 
 
saneamento urbano. Estabelecem um gestor do património ao nível central e órgãos 
descentralizados ao nível das províncias. O âmbito da regulação também foi 
expandido, e conta com o envolvimento dos Governos Locais. 
 
2.2.3 Estratégias 
(i) Desenvolver programas específicos de habilitação dos Governos Locais para 
que participem com eficácia na monitoria e priorização da expansão dos 
serviços e no acompanhamento dos contratos de operação. 
 
(ii) Assegurar a participação das autarquias e autoridades locais abrangidas na 
estrutura de governança da agência central de gestão do património. 
 
(iii) Capacitar os Governos Provinciais na coordenação e viabilização dos serviços 
de abastecimento de água, e no enquadramento e supervisão dos provedores 
de serviço nos sistemas secundários que servem os municípios e sedes de 
distrito, através de: 
 Intervenção, apoio técnico e financeiro e acompanhamento de uma 
entidade central vocacionada para o efeito; e 
 Criação gradual de entidades provinciais com capacidade de intervenção 
neste processo, coordenados e apoiados pelo nível central. 
 
(iv) Capacitar a agência central de gestão do património dos sistemas secundários 
e apoiar as entidades provinciais, distritais e municipais de modo a estabelecer 
uma reciprocidade proactiva nos principais processos de gestão, operação e 
regulação. 
 
(v) Desenvolver um quadro de regulação de acordo com o grau de autonomização 
do serviço e um regime regulatório, partilhado, que por um lado salvaguarde a 
integração da função regulatória, mas que por outro assegure a acessibilidade 
local junto ao consumidor, às autoridades locais e ao prestador do serviço, por 
via de delegação de poderes do Regulador Central a agentes locais. 
 
(vi) Estabelecer mecanismos de informação e consulta regular aos consumidores e 
autoridades locais e provinciais pelo Regulador Central. 
 
 
2.3 Desenvolvimento da Função de Prestação de Serviço 
2.3.1 Declaração 
A gestão dos sistemas de abastecimento de água das pequenas cidades, vilas e 
povoações será reforçada através do envolvimento de entidades autónomas ou 
operadores privados. O sector privado deverá ser envolvido tanto quanto possível, 
aumentando o seu papel nas áreas onde já está presente, assim como na abertura de 
novas áreas para as suas actividades. 
 
2.3.2 Política e Legislação AplicáveisOs sistemas de abastecimento de água, desde as grandes cidades aos pequenos 
sistemas de abastecimento de água, devem ser geridos por instituições autónomas 
operando com base em princípios comerciais, visto que tal é uma condição 
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necessária para a sustentabilidade dos sistemas e para a recuperação dos 
investimentos. Para estas instituições autónomas, o sector privado será envolvido. 
 
2.3.3 Estratégias 
(i) Prestar o serviço de abastecimento de água, nos sistemas principais e 
secundários, através de instituições autónomas operando com base em 
princípios comerciais, de modo a garantir a sustentabilidade dos sistemas. 
 
(ii) Fomentar e consolidar o surgimento de operadores nacionais através de 
facilidades de assistência técnica e financeira e do desenvolvimento dum 
mercado de serviços técnicos de apoio aos operadores, assegurando a 
realização de economias de escala. 
 
(iii) Consolidar o processo de profissionalização e autonomização dos operadores 
dos sistemas principais, através de: 
 Agrupamento dos sistemas em regiões operacionais e subsequente 
autonomização, por via da criação de sociedades de direito privado com 
crescente participação do sector privado nacional, 
 Desenvolvimento dos serviços em grandes áreas metropolitanas com uma 
abordagem específica que combine uma participação preponderante do 
sector privado nacional com a aquisição de capacidades tecnológicas 
especializadas e, com envolvimento do Estado na garantia do processo. 
Serão criadas oportunidades para os pequenos e médios operadores 
servirem zonas periféricas com recurso a sistemas independentes ou a 
partir de fornecimento de água em alta dos adutores principais. 
 
(iv) Fomentar o estabelecimento rápido de capacidade para a gestão 
profissionalizada e autónoma dos sistemas secundários, adoptando soluções 
diferenciadas e progressivas, através de: 
 Um programa para o vocacionamento de empreendedores locais, para 
exploração dos sistemas de abastecimento de água, em gestão delegada; 
 Promoção do empreendedorismo de técnicos nacionais, com capacidade e 
competência demonstrada, para assumirem a gestão em regime comercial 
dos serviços, e eventualmente se associar a empresários nacionais 
interessados; 
 Facilitação da entrada expedita de operadores privados julgados 
competentes na gestão delegada dos serviços de acordo com a legislação 
em vigor; 
 Caso não for possível implementar a Gestão Delegada, a gestão pode ser 
feita transitoriamente pela entidade provincial responsável pela gestão do 
património, com o apoio da respectiva agência central. 
 
(v) Proteger a estabilidade dos contratos de Gestão Delegada, mitigando o risco 
do negócio e assegurando o cumprimento dos termos contratuais, 
nomeadamente por meio da intervenção do regulador. 
 
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2.4 Estratégia de Financiamento 
2.4.1 Declaração 
Nos sistemas principais e secundários, o Governo será a principal fonte de 
investimentos para a reabilitação e expansão das infra-estruturas. O critério de 
elegibilidade deverá ser definido com ênfase na sustentabilidade dos investimentos. 
Será promovida a participação dos Municípios e dos operadores como parceiros nos 
investimentos. 
 
2.4.2 Políticas e Legislação 
A Política de Águas refere que os sistemas devem visar a recuperação dos custos da 
operação e manutenção e uma provisão para renovar e substituir os bens de tempo 
de vida curto. Nos sistemas onde não for possível garantir a cobrança de tarifas para 
suportar os custos operacionais e para que a população local não seja privada da 
água, o Governo e os Municípios garantirão o serviço mínimo mantendo a gestão 
autónoma dos serviços de abastecimento de água. 
As tarifas para o abastecimento de água urbano devem ser diferenciadas por cada 
sistema. A tarifa para uso doméstico deve cobrir pelo menos os custos de operação, 
manutenção e gestão, tendendo à recuperação total dos custos a longo prazo. 
 
2.4.3 Estratégias 
(i) Determinar os níveis de serviço e tarifas de tal modo que sejam acessíveis aos 
diferentes grupos de consumidores, assegurando a auto-sustentabilidade da 
provisão do serviço público, nomeadamente na sustentação dos custos de 
exploração, manutenção e reposição do equipamento e ainda dos custos de 
regulação. 
 
(ii) Criar capacidade de sustentação de investimentos por meio de donativos ou 
créditos, para assegurar o desenvolvimento dos sistemas de abastecimento de 
água. 
 
(iii) Criar um mecanismo para a comparticipação dos sistemas secundários nos 
custos de gestão do património. 
 
(iv) Estabelecer um programa de investimento para massificar as intervenções em 
sistemas secundários a ser implementado a três níveis: 
 Investimentos de pequeno porte para evitar a paralisação dos sistemas e 
facilitar a organização inicial dos serviços em todos os sistemas das sedes 
distritais em situação precária; 
 Investimentos de médio porte, condicionados ao bom desempenho ao nível 
local na melhoria dos serviços e na autonomização da operação e gestão; 
 Investimentos maiores e mais estruturados de expansão da infra-estrutura, 
com estudos detalhados, em sistemas com elevado potencial de 
sustentabilidade. 
 
(v) Desenvolver mecanismos que incentivem e viabilizem investimentos do sector 
privado na reabilitação, expansão, operação e gestão dos sistemas, incluindo 
medidas de mitigação dos riscos do mercado. 
 
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Para os sitemas de abastecimento de água no geral estima-se que sejam necessários 
20.790 milhões de meticais (693 milhões de dólares americanos) até 2015 e 55.350 
milhões de meticais (1.845 milhões de dólares americanos) de 2016 a 2025. 
 
3 Saneamento em Áreas Urbanas e Peri-urbanas 
3.1 Alcance do Serviço Universal 
3.1.1 Declaração 
O serviço universal de saneamento urbano é um objectivo a alcançar até 2025, para a 
melhoria da saúde e das condições de vida da população, libertando capacidade 
humana para usos produtivos e sociais, e contribuindo fundamentalmente para a 
redução da pobreza urbana. 
O saneamento nestes termos inclui todo o conjunto de mecanismos, serviços e 
tecnologias, que constituem o processo que abrange a deposição de excreta e águas 
usadas, e o seu esvaziamento, transporte, tratamento e disposição final. 
 
3.1.2 Políticas e Legislação Aplicável 
Os principais objectivos da Política de Águas referentes ao saneamento urbano são: 
 Aumentar a cobertura em 2015 para aproximadamente 67% nas áreas urbanas, 
representando cerca de 6,3 milhões de pessoas, de forma a atingir as metas 
definidas pelo Governo como as suas Metas de Desenvolvimento do Milénio; 
 Aumentar a cobertura a longo prazo para se ir aproximando gradualmente da 
cobertura universal; 
 Garantir que a médio prazo as comunidades servidas por um sistema de 
abastecimento de água seguro e fiável tenham acesso a um serviço de 
saneamento adequadas em cada casa; 
 Garantir a adopção de práticas de higiene adequadas ao nível da família, 
comunidade e escolas; 
 Recuperar os custos da operação, manutenção e gestão nos centros urbanos 
através de tarifas e taxas de saneamento e melhorando a gestão dos serviçosde 
saneamento; 
 Priorizar o melhoramento dos sistemas primários da drenagem pluvial onde as 
cheias e a erosão provocam as situações mais críticas, ficando as intervenções 
nos sistemas secundários e terciários condicionados pela ocupação do solo e pelo 
melhoramento da rede de estradas. 
Nas áreas urbanas, será dada prioridade à melhoria do nível do serviço fornecido, 
através da reabilitação e manutenção das infra-estruturas existentes. Para a 
expansão das infra-estruturas para águas residuais e drenagem de águas pluviais, a 
prioridade irá para as áreas urbanas onde se estão a seguir os planos de 
urbanização. Na ausência de uma estação de tratamento de águas residuais, deverá 
ser dada prioridade aos sistemas de tratamento por fossas sépticas e drenos de 
infiltração quando as condições do solo o permitam. 
 
Nas áreas peri-urbanas, as actividades de saneamento serão principalmente dirigidas 
às famílias e comunidades para garantir um nível mínimo de serviços de saneamento, 
a latrina melhorada. Será dada atenção especial a famílias pobres, a áreas com alta 
incidência de diarreia e cólera e zonas com um pobre saneamento ambiental. 
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3.1.3 Estratégias 
(i) Conceber e gerir o saneamento urbano como um processo que vai desde a 
deposição de excreta e águas usadas até o seu tratamento e disposição final. 
 
(ii) Assegurar a disponibilidade e continuidade, a preços acessíveis aos 
respectivos utentes, do serviço público de saneamento, que inclui: 
 Promoção de boas práticas higiénicas e do uso e melhoramento de latrinas, 
 Assistência técnica e facilitação do financiamento da construção de latrinas, 
 Recolha, transporte, disposição e tratamento higiénico das lamas sépticas, 
 Manutenção e gestão das redes de esgotos e de drenagem, 
 Protecção do meio ambiente contra os efeitos dos efluentes poluentes. 
 
(iii) Planificar e investir de forma integrada no saneamento das áreas urbanizadas 
e das peri-urbanas, e incluir o saneamento explicitamente em todos os planos 
de desenvolvimento urbano. 
 
(iv) Planificar o desenvolvimento das infra-estruturas de saneamento com a 
participação dos utentes, e realizar as obras privilegiando o uso intensivo da 
força de trabalho. 
 
(v) Estudar e desenvolver tecnologias viáveis para a deposição, esvaziamento, 
transporte, tratamento e disposição de excretas de forma segura. 
 
(vi) Desenvolver programas sistemáticos de saneamento escolar, de modo a 
reforçar os programas de promoção de higiene e saneamento. 
 
3.2 Desenvolvimento do Papel da Governação na Gestão do Saneamento 
3.2.1 Declaração 
Os serviços de saneamento são, pela sua natureza, ligados ao lugar da sua 
prestação. Sendo as autoridades locais as gestoras do solo, são elas que têm a 
competência de gerir estes serviços. Para assegurar o bom desempenho destas 
responsabilidades, estabelecer-se-á de um lado um sistema de monitoria e 
acompanhamento, e de outro, mecanismos de apoio técnico e financeiro a essas 
autoridades locais. 
 
3.2.2 Políticas e Legislação Aplicáveis 
Os Municípios e autoridades locais têm o papel principal no processo de tomada de 
decisão sobre a provisão de serviços de saneamento nas suas áreas de jurisdição, 
com o apoio e sob o quadro geral estabelecido pelo Governo. A expansão dos 
sistemas de saneamento deve estar em consonância com os planos de 
desenvolvimento local aprovados. 
 
3.2.3 Estratégias 
(i) Fomentar o estabelecimento de capacidade para a gestão do saneamento nas 
cidades e vilas, adoptando soluções diferenciadas de acordo com o tamanho 
da urbe, criando Serviços Autónomos Municipais de Saneamento sempre que 
julgado apropriado. 
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(ii) Capacitar a agência central de gestão do saneamento e apoiar as entidades 
provinciais, distritais e municipais, de modo a estabelecer uma capacidade 
adequada a nível local nos principais processos de gestão e operação dos 
serviços de saneamento. 
 
(iii) Desenvolver programas de higiene e saneamento em estreita parceria com as 
estruturas dos governos locais, aplicando uma abordagem integrada e 
participativa no planeamento, monitoria, promoção e controlo. 
 
(iv) Capacitar os Governos Provinciais na coordenação, viabilização e supervisão 
dos serviços de saneamento, através de: 
 Intervenção, apoio técnico e financeiro e acompanhamento de uma 
entidade central vocacionada para o efeito; 
 Criação gradual de entidades provinciais com capacidade de intervenção 
neste processo, com o apoio do nível central. 
 
(v) Desenvolver um quadro de regulação do saneamento de acordo com o grau de 
autonomização do serviço. 
 
3.3 Desenvolvimento da Função de Prestação de Serviços de Saneamento 
3.3.1 Declaração 
Um serviço efectivo de saneamento urbano só pode ser prestado com a participação 
activa de todos os parceiros relevantes, desde a comunidade até os prestadores 
públicos e privados de serviços, e as autoridades locais. O papel dos Governos 
Locais é fundamental para assegurar a coordenação e colaboração efectivas dos 
parceiros. Estabelecer-se-ão mecanismos aos níveis locais, provincial e nacional para 
capacitar as autoridades locais, bem como as comunidades e os pequenos 
empreendedores prestadoras de serviços a este nível. 
 
3.3.2 Políticas e Legislação Aplicáveis 
A operação, manutenção e gestão dos sistemas de saneamento em áreas urbanas 
deve ser feita por entidades autónomas como um serviço municipal, uma empresa 
municipal ou através dum contrato de gestão com uma empresa privada, operando 
com princípios comerciais, com vista a criar melhores condições de sustentabilidade. 
A sustentabilidade duma tal instituição poderá aumentar pela associação ao nível 
municipal com outros serviços tais como a gestão dos resíduos sólidos. 
 
3.3.3 Estratégias 
(i) Desenvolver pacotes de negócios, para agentes locais, para prestação de 
serviços integrados de promoção, construção e esvaziamento de latrinas, 
recolha de resíduos sólidos, e manutenção dos sistemas locais de drenagem e 
protecção contra a erosão. 
 
(ii) Implementar programas de capacitação em larga escala do sector privado local 
na prestação de serviços de saneamento. 
 
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(iii) Estabelecer um programa para fortalecer e enquadrar os serviços de 
esvaziamento de latrinas e fossas sépticas pelo sector privado e pelas 
organizações comunitárias. 
 
3.4 Estratégia de Financiamento 
3.4.1 Declaração 
O Governo é a principal fonte dos grandes investimentos necessários para a 
reabilitação e expansão das infra-estruturas, canalizando-os tanto para as grandes 
cidades como para as cidades pequenas e vilas. Serão definidos critérios de 
elegibilidade com ênfase na sustentabilidade dos investimentos. 
 
3.4.2 Políticas e Legislação Aplicáveis 
As instituições de regulação ou as autoridades competentes estabelecerão uma taxa 
ou tarifa de saneamento para cobrir os custos de operação, manutenção e gestão dos 
serviços. 
 
Onde se fizerem grandes investimentos e a taxa ou tarifa de saneamento não cobrir 
os custos da operação, manutenção e gestão dos serviços, serão escolhidos modelos 
de gestão que permitam cobrir esses custos. Nos sistemas que requeremreabilitação, o Governo e as autoridades locais irão assegurar um nível mínimo de 
serviço, mantendo sempre uma gestão autónoma. 
3.4.3 Estratégias 
(i) Aumentar progressivamente a alocação orçamental para o saneamento e 
higiene até atingir os 0,5% do PIB, de acordo com a declaração Ministerial de 
eThekwini. 
 
(ii) Assegurar que, sempre que possível, em centros urbanos onde estejam 
garantidas condições mínimas de operação e manutenção dos serviços de 
água, o investimento em saneamento seja de pelo menos 50% do investimento 
a realizar no abastecimento de água. 
 
(iii) Estabelecer um programa de investimento no saneamento urbano, cabendo à 
agência central a promoção dos investimentos. 
 
(iv) Estabelecer um mecanismo para o financiamento do saneamento, 
condicionando alocação de fundos, sempre que possível à comparticipação 
dos Governos Locais e ao seu bom desempenho na prestação dos serviços de 
saneamento. 
 
(v) Introduzir uma taxa de saneamento, em princípio cobrada nas facturas de 
água, para financiar a operação e manutenção do serviço público de 
saneamento, de acordo com o padrão e qualidade do serviço a prestar e o 
grau de autonomia da entidade responsável. Esta taxa não será aplicável ao 
escalão de consumo doméstico de tarifa social. 
 
(vi) Criar mecanismo para que o Fundo de Desenvolvimento Local promova a 
intervenção dos empreendedores locais na prestação de serviços de 
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saneamento, a nível dos bairros, como parte da estratégia de promoção do 
auto-emprego e combate à pobreza urbana. 
 
 
(vii) Desenvolver mecanismo de financiamento aos empreendedores locais, para 
suavizar o custo das infra-estruturas, promover a auto-construção para famílias 
de baixa renda e apoiar os serviços de esvaziamento de latrinas. 
 
Para o saneamento no geral estima-se que sejam necessários 20.460 milhões de 
meticais (682 milhões de dólares americanos) até 2015 e 41.040 milhões de meticais 
(1,368 milhões de dólares americanos) de 2016 a 2025. 
 
4 Medidas de Implementação 
4.1 Desenvolvimento Institucional 
1. Fortalecer a capacidade das instituições centrais, provinciais e locais de gestão 
do saneamento e do património dos sistemas secundários de abastecimento 
de água. 
2. Abrir espaço administrativo e orçamental para os Governos Locais contratarem 
pessoal suficiente para gerir os serviços de saneamento urbano. 
3. Introduzir disposições para assegurar a participação efectiva dos Governos 
Locais nas estruturas de governança das agências centrais e provinciais de 
gestão do património. 
 
4.2 Abastecimento de Água em Áreas Urbanas e Peri-urbanas 
1. Estabelecer um programa de investimento para os sistemas secundários, a ser 
implementado a três níveis: 
 Investimentos de pequeno porte para evitar a paralisação dos sistemas e 
facilitar a organização inicial dos serviços em todos os sistemas das sedes 
distritais em situação precária; 
 Investimentos de médio porte, condicionados ao bom desempenho ao nível 
local na melhoria dos serviços e na autonomização da operação e gestão; 
 Investimentos maiores e mais estruturados de expansão da infra-estrutura, 
com estudos detalhados, em sistemas com elevado potencial de 
sustentabilidade. 
2. Criar facilidades para promover o empreendedorismo de técnicos nacionais 
através da assumpção da gestão dos serviços em regime comercial. 
3. Introduzir instrumentos legais para possibilitar a entrada expedita de 
operadores privados julgados competentes na gestão delegada dos serviços 
de acordo com a legislação em vigor. 
4. Trabalhar com as instituições financeiras no país para desenvolver um sistema 
de garantias parciais para facilitar a cessão de empréstimos a operadores 
privados. 
5. No caso dos sistemas secundários, estabelecer delegações da agência central 
de gestão do património ao nível das províncias, das funções da contratação 
de operadores e do acompanhamento da prestação do serviço. 
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6. Fomentar a criação de uma associação nacional de operadores. 
4.3 Saneamento Urbano e Peri-urbano 
1. Fazer uma alocação orçamental específica no OE para o saneamento, e 
estabelecer um mecanismo de alocação de fundos condicionada, sempre que 
possível, à comparticipação dos Governos Locais e ao seu bom desempenho 
na prestação dos serviços de saneamento. 
2. Aplicar gradualmente uma taxa de saneamento às facturas de água acima da 
escalão de consumo doméstico de tarifa social, em todas as áreas urbanas, 
transferindo os fundos sistematicamente às entidades locais com 
responsabilidade pelo saneamento. 
3. Implementar um programa de pesquisa, em colaboração com instituições 
académicas, para identificar as tecnologias apropriadas para estações de 
tratamento de lamas sépticas. 
4. Estabelecer a capacidade de esvaziamento de latrinas e fossas sépticas 
através de soluções baseadas em empreendedores locais e/ou organizações 
comunitárias, e implementar um programa de pesquisa e construção de 
estações de tratamento de lamas sépticas nas principais cidades. 
5. Efectuar uma inventariação detalhada das condições das redes de esgotos e 
dos sistemas de drenagem das águas pluviais, priorizar as intervenções 
identificadas e elaborar projectos executivos das obras priorizadas. 
 
4.4 Regulação 
1. Introduzir os instrumentos legais necessários para uma regulação mais efectiva 
do serviço nas periferias urbanas servidas pelos sistemas primários e nos 
sistemas secundários, nomeadamente através da delegação dos poderes do 
CRA a agentes locais. 
2. Reforçar o desenvolvimento de soluções e níveis de serviço adequadas e ao 
alcance dos grupos de mais baixa renda, ao nível tecnológico e de tarifas, em 
colaboração entre as entidades de regulação e de gestão do património de 
abastecimento de água, e os Governos Locais. 
 
4.5 Financiamento 
Como fonte de financiamento para a implementação da Estratégia ter-se-á o 
Orçamento do Estado, o qual deverá ser reforçado através da mobilização de fundos 
dos parceiros de cooperação, quer em forma de crédito quer em forma de donativo. 
Para a implementação das acções do abastecimento de água estimam-se 
necessários 20.790 e 55.350 milhões de meticais (693 e 1.845 milhões de dólares) 
américanos, de 2011 a 2015 e 2016 a 2025 respectivamente, enquanto para o 
saneamento, nos mesmos períodos são estimados 20.460 e 41.040 milhões de 
meticais (682 e 1.368 milhões de dólares américanos), respectivamente. 
As metas de cobertura e estimativas dos custos de alcançá-las (expressos em US$ 
milhões) apresentam-se na tabela a seguir. 
 
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Água Saneamento 
Metas de 
Cobertura 2010 2015 2025 2010 2015 2025 
Cidades 
pequenas e Vilas 
(Centros urbanos 
secundários) 4% 36% Universal 11% 32% Universal 
Cidades grandes 
(Centros urbanos 
principais) 64% 70% Universal 51% 80% Universal 
 
Investimento 
(Milhões de 
meticais e 
milhões de US$ 
equivalentes) 
2011 - 2015 2016 - 2025 2011 – 2015 2016 - 2025 
Metical US$ 
equival 
Metical US$ 
equival 
Metical US$ 
equival 
Metical US$ 
equival 
Cidades 
pequenas e Vilas 
(Centros urbanos 
secundários) 
6 390213 23 100 770 600 20 3 270 109 
Cidades grandes 
(Centros urbanos 
principais) 
9 900 330 8 910 297 6 840 228 12 870 429 
Obras hidraúlicas 4 500 150 23 340 778 
 
 
 
 
Autoconstrução 
por famílias 
 
 
 13 020 434 24 870 829 
Investimento 
Total 
20 790 693 55 350 1 845 20 460 682 41 040 1 368

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