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Curso de Braille Básico com o uso de Tecnologias Assistivas Realização: SINAIS DE PONTUAÇÃO EM BRAILLE Por José Antonio Borges Duas advertências: 1. Neste texto, as transcrições para Braille foram feitas usando a fonte SimBraille, que deve estar instalada no computador. 2. Atenção usuários de leitores de tela. A fonte SimBraille, ao ser traduzida para português não tem equivalência correta. 1. A linda lógica original da pontuação de Louis Braille: A escrita Braille tem fortes componentes de: concisão; lógica e bom-senso. Isso não foi diferente na concepção original de Louis Braille. Ele tomou a primeira linha da codificação (representando de a até j) e desceu todos os pontos, assim: Letra Código Braille Leitor de tela a a 1 b b 1 2 c c 1 4 d d 1 4 5 e e 1 5 f f 1 2 4 g G 1 2 4 5 h H 1 2 5 i I 2 4 j j 2 4 5 Curso de Braille Básico com o uso de Tecnologias Assistivas Realização: descendo os pontos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 2 2 3 2 5 2 5 6 2 6 2 3 5 2 3 5 6 2 3 5 3 5 3 5 6 e fazendo-os corresponder aos seguintes símbolos , ; : ÿ ? ! = " * } Agregou também dois símbolos especiais: • o hífen (ponto 36) - • o travessão (ponto 36 replicado em duas células contíguas) -- Esta grafia vigorou por mais de 100 anos, sendo utilizada no Brasil de forma intocada até o fim da década de 1940, quando a reforma ortográfica da Língua Portuguesa, ocorrida à época, impôs algumas modificações na codificação do Braille original de origem francesa, até então utilizada. A partir da década de 1990, alguns países, inclusive a França, começaram a questionar a praticidade das escolhas de Louis Braille, tendo em vista a simplicidade da leitura e a rapidez da identificação dos símbolos. Um destes símbolos foi especialmente questionado, o sinal de ponto final 4 (2-4-5). Ou seja, a letra d deslocada para baixo, que é importantíssimo para separar frases e que exigia uma grande habilidade tátil para sua identificação, além de conflitar com a representação do número 4 no Braille em língua inglesa. Uma das principais sugestões era a mudança deste símbolo para o ponto 3. Curso de Braille Básico com o uso de Tecnologias Assistivas Realização: A discussão foi acalorada durante alguns anos, mas diversos países acabaram por se render à praticidade, em detrimento da coerência conceitual. Repare que fica, realmente, mais simples de ler, com o fácil reconhecimento visual (ou tátil) das vírgulas (ponto 2) e dos pontos finais (ponto 3): Palavras Código Braille Leitor de tela Eu, .eu1 4 6; 1 5; 1 3 6; 2 tu, tu1 2 3 4 5; 1 3 6; 2 ele. ele' 1 5; 1 2 3; 1 5; 3 Dez, .dez1 4 6; 1 4 5; 1 5; 1 3 5 6; 2 vinte, vinte1 1 2 3 6; 2 4; 1 3 4 5; 2 3 4 5; 1 5; 2 trinta. trinta' 2 3 4 5; 1 2 3 5; 2 4; 1 3 4 5; 2 3 4 5; 1; 3 Nota: Repare o uso dos pontos 4 6 para indicar letras maiúsculas. Curso de Braille Básico com o uso de Tecnologias Assistivas Realização: 2. O Brasil atualiza o código Braille: A partir de 1996, foi formado um grupo de estudos entre o Brasil e Portugal, composto por alguns dos maiores especialistas em Braille dos dois países, visando a discussão desse tema da praticidade e diversos outros temas importantes. No ano de 2000, foi firmado um “protocolo de colaboração Brasil-Portugal nas áreas de uso e modalidades de aplicação do sistema Braille na língua portuguesa”. Este protocolo aberto foi posteriormente assinado por diversos países lusófonos (Angola, Moçambique e outros) e a nova codificação adotada oficialmente. Em outras palavras, a coerência conceitual do Braille original foi modificada para atender a razões de ordem prática e de eficiência, e também para prover a compatibilização entre a codificação do Braille utilizado no Brasil e o usado em outros países do mundo. Pode-se imaginar que houve grande reação na época: usuários de Braille mais tradicionalistas consideraram a mudança absurda: afinal, qual seria o destino da literatura Braille impressa até então? Jogar no lixo por obsolescência? Reimprimir seria inviável, dado o custo imenso envolvido, mesmo considerando a existência dos novos dispositivos e programas de impressão computadorizada. Curso de Braille Básico com o uso de Tecnologias Assistivas Realização: Chegou-se a uma solução de bom-senso: afinal não era o que havia acontecido com os livros em tinta impressos antes de 1940? Eles não acabaram sendo reimpressos com a nova grafia, ao longo do tempo? O mesmo aconteceria com o Braille. É o preço que se teria que pagar pela evolução... 3. Os símbolos de pontuação atuais: A codificação Braille atual faz uso dos seguintes símbolos. , ; : ÿ ? ! = " * } Representadas por: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 2 2 3 2 5 2 5 6 2 6 2 3 5 2 3 5 6 2 3 6 3 5 3 5 6 Repare que não há mais diferença entre as aspas à esquerda e à direita Nota: o símbolo equivalente à letra j abaixada não é um símbolo de pontuação, sendo traduzido (provavelmente de forma incorreta) pelos programas de transcrição Braille como y com trema (ÿ) sendo usado para representar a barra do sinal de fração (que é diferente da barra usada, por exemplo, nos nomes de arquivos do Windows). Note também o desaparecimento dos parênteses que agora passam a ser compostos com mais de um símbolo Braille. Curso de Braille Básico com o uso de Tecnologias Assistivas Realização: 4. Pontuações com representação composta por mais de um símbolo em Braille: Algumas letras passaram a ser representadas com dois ou mais símbolos. Veja abaixo e constate certa preocupação da comissão de Braille em criar em Braille uma forma tátil, similar à forma gráfica: … reticências ''' 3; 3; 3 -- travessão -- 3 6; 3 6 • círculo [o 2 4 6; 1 3 5 ( abre parênteses <' 1 2 6; 3 ) fecha parênteses ,> 6; 3 4 5 [ abre colchetes (' 1 2 3 5 6; 3 ] fecha colchetes ,) 6; 2 3 4 5 6 Há muitos símbolos, mas não queremos ser exaustivos. Mas recomendamos fortemente a leitura de uma fonte de referência. Leia as páginas 23 a 25 do Manual “Braille Textual no Brasil”, disponibilizado no item Material Complementar deste Módulo. Curso de Braille Básico com o uso de Tecnologias Assistivas Realização: IMPORTANTÍSSIMO: Saiba que todos os programas de transcrição Braille têm limitações e algumas vezes é necessário digitar utilizando funções como o “teclado Perkins” do Braille Fácil, para produzir as codificações exatas que estes programas não estão habilitados a produzir. 5. Representação de letras maiúsculas: Nós já vimos isso em um texto anterior neste curso, mas não custa lembrar... a) Para indicar uma palavra iniciada por maiúscula: use os pontos 4 6 Ex.: Antonio .antonio 4 6; 1; 1 3 4 5; 2 3 4 5; 1 3 5; 1 3 4 5; 2 4; 1 3 5 b) Para indicar uma palavra toda em maiúscula (caixa-alta), use: 4 6; 4 6 Ex.: ANTONIO ..antonio 4 6; 4 6; 1; 1 3 4 5; 2 3 4 5; 1 3 5; 1 3 4 5; 2 4; 1 3 5 6. Representações numéricas: a) Para indicar números, como você já sabe... Inicie o número pelos pontos 3 4 5 6 e escreva os números como letras: 1 escreva como a 2 escreva como b ... 9 escreva como i 0 escreva como j Vírgula decimal: é uma vírgula comum, ou seja, ponto 2 Pontodecimal: é um ponto comum, ou seja, ponto 3 Curso de Braille Básico com o uso de Tecnologias Assistivas Realização: Ex: 32.000,00 #cb'jjj1jj 3 4 5 6; 1 4; 1 2; 3; 2 4 5; 2 4 5; 2 4 5; 2; 2 4 5; 2 4 5 b) Ao escrever números ordinais, temos que usar as letras dos números abaixadas de um ponto, seguidas de uma das terminações o, a, os, as. Ex: 31º #31o 3 4 5 6; 2 5; 2; 1 3 5 c) Na escrita de frações, os sinais 4 (256) e "4 (5 256) representam o traço horizontal. Ex.: 3/4 #c4#d 3 4 5 6; 1 4; 2 5 6; 3 4 5 6; 1 4 5 d) O cifrão ; (56) é usado para expressar a unidade monetária. O sinal # precede imediatamente o cifrão. Ex.: R$45,00 (45 reais) .R;#de1jj 4 6; 1 2 3 5; 5 6; 3 4 5 6; 1 4 5; 1 5; 2; 2 4 5; 2 4 5 Ex.: R$10,50 (10 reais e cinquenta centavos) .R;#aj1ej 4 6; 1 2 3 5; 5 6; 3 4 5 6; 1; 2 4 5; 2; 1 5; 2 4 5 Curso de Braille Básico com o uso de Tecnologias Assistivas Realização: 7. Regras específicas para o uso de pontuação: A pontuação de Braille imita a forma e espaços usuais da impressão em tinta. Há uma exceção: entre frases só se usa um espaço em branco (em tinta se usam dois espaços após o ponto final). Há, entretanto, diversas situações de uso de pontuação que possuem um tratamento diferenciado. É importante que você saiba que eles existem e tenha uma fonte segura para basear-se quando for fazer uma tradução. Para isso recomendamos uma leitura bem cuidadosa Manual “Braille Textual no Brasil”, disponibilizado no item Material Complementar deste Módulo. Neste manual estão descritos todos os detalhes de transcrição, sendo que algumas delas não é bem traduzida pelos programas de transcrição para Braille. Experimente transcrever os exemplos dados naquele texto usando o Brailendo ou o Braille Fácil, e perceba os pontos falhos daqueles programas. Descubra também que, apesar destas pequenas falhas, praticamente tudo que as regras preconizam é bem traduzida por estes programas.
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