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Centro Universitário Leonardo Da Vinci Curso Bacharelado em Serviço Social MARLI RAIMONDI LORRENZZETTI SES 0506 ESTUDO E ANÁLISE DA INSTITUIÇÃO: Centro de Referência Especializado de Assistência Social CREAS Bucarein - PAEFI JOINVILLE 2019 MARLI RAIMONDI LORRENZZETTI SES 0506 ESTUDO E ANÁLISE DA INSTITUIÇÃO: Centro de Referência Especializado de Assistência Social CREAS Bucarein - PAEFI Estudo apresentado à disciplina de Estágio I – Iniciação ao Serviço Social – do Curso de Serviço Social – do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, como requisito parcial para avaliação. Nome do Tutor Externo – Regina Miranda da Silva Nome do Supervisor de Campo – Kamila Branco Carlos JOINVILLE 2019 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 4 1 IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO CONCEDENTE DE ESTÁGIO............................................4 1.1 DADOS CADASTRAIS DA INSTITUIÇÃO ................................................................................. 5 1.2 DESCRIÇÃO GERAL DA INSTITUIÇÃO.................................................................................... 5 1. Histórico da instituição.......................................................................................................... 6 2. Área de atuação, objetivos e finalidades............................................................................... 6 3. Área de abrangência............................................................................................................. 7 4. Demandas atendidas pela instituição.................................................................................... 8 5. Principais características da população atendidas pela instituição....................................... 8 6. Proposta de atuação ao usuário........................................................................................... 9 7. Estrutura e funcionamento da organização.......................................................................... 9 1.3 O SERVIÇO SOCIAL NA INSTITUIÇÃO.................................................................................. 10 1.3.1 Identificação do Supervisor de Campo.................................................................................. 10 1.3.2 Origem do Serviço Social na Instituição................................................................................ 10 1.3.3 O Assistente Social................................................................................................................ 11 1.3.4 O Instrumental Técnico-Operativo......................................................................................... 12 2 CONCLUSÕES............................................................................................................................ 14 2.1 O ESTUDO DA INSTITUIÇÃO.................................................................................................. 15 3 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA................................................................................................. 15 4 INTRODUÇÃO Neste trabalho apresento o Estudo e Análise Institucional do Campo do Estágio, no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) – PAEFI. Neste contexto será apresentado como é desenvolvido o estágio obrigatório, também chamado de estágio supervisionado. Faz parte da grade curricular, se compõe como atividade acadêmica de aprendizado por meio de observação, intermediada pelo supervisor de campo. Tem como objetivo conhecer, através da observação, a realidade organizacional, identificar as demandas dos usuários e as possibilidades de intervenção profissional. O estágio supervisionado faz parte do curso superior, sem ele, não é possível obter o diploma. É no Estágio em Serviço Social I, que se dá a inserção do aluno no exercício teórico – prático no campo a qual estagia, tendo a possibilidade de investigar e analisar a realidade institucional do espaço de atuação do assistente social. No Estágio I o aluno realizará 150 horas de estágio, no qual devem ser cumpridas a partir do quinto módulo conforme o cronograma de atividade, sendo que a inserção do aluno no exercício teórico – prático nos diversos espaços ocupacionais de atuação do profissional nesse primeiro módulo deve ser de observação, fazendo uma análise da realidade institucional e do espaço de atuação do profissional. O estudo realizado na instituição cedente é nas dependências do PAEFI – Programa de Atendimento Especializado à Família e Indivíduos, sendo um dos serviços ofertados no Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS – Bucarein, onde foi desenvolvido através de observação, coleta de dados e informações, levantamento documental e bibliográfico, propiciando a articulação teórica e prática, analisando as diferentes expressões da questão social identificadas no campo do estágio. 1 IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO CONCEDENTE DE ESTÁGIO O Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS Bucarein é uma unidade pública estatal de abrangência municipal, que tem como principal objetivo oferecer o trabalho social especializado no Sistema Único de Assistência Social (SUAS). No que diz repeito ao espaço físico, objetivos, público alvo, como se constitui o trabalho dos profissionais de Serviço Social, recursos e atividades do equipamento, serão apresentadas informações referente à instituição. 5 1.1 DADOS CADASTRAIS DA INSTITUIÇÃO Razão Social: Prefeitura Municipal de Joinville CNPJ: 83.169.623/0001-10 Nome Fantasia: Prefeitura Municipal de Joinville/ Secretaria de Assistência Social Tipo de Instituição: ( x) Pública ( ) Privada ( ) Terceiro setor ( ) Outra (mais opções) Ramo de Atividade: ( x) Serviços ( ) Indústria ( ) Outra (mais opções) End: Av. Coronel Procópio Gomes, 830 Bairro: Bucarein Cidade: Joinville UF: SC Fone: (47) 3422-6925 CEP:89.202-430 E-mail: creas.bucarein@joinville.sc.gov.br Representada por: Sylvia de Pol Poniwas Cargo: Coordenadora 1.2 DESCRIÇÃO GERAL DA INSTITUIÇÃO No Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) é uma unidade de assistência social especializada do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que oferta trabalho social, de caráter continuado, a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos como: violência física, psicológica e negligência; violência sexual; afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida de proteção; abandono; trabalho infantil; discriminação por orientação sexual e/ou raça/etnia; descumprimento de condicionalidades do Programa Bolsa Família em decorrência de violação de direitos; cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade por adolescentes, entre outras. Tem por finalidade fortalecer a função protetiva da família, prevenir a ruptura de seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos, bem como contribuir na melhoria de sua qualidade de vida (TIPIFICAÇÃO, 2014, p.31). O CREAS oferta o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) e o Serviço de Proteção Socialà Adolescente em Cumprimento de Medidas Socieducativas de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços a comunidade (SCMSE). Este equipamento integra a Proteção Social Especial (PSE) de média complexidade conforme diretrizes de reordenamento das ações no campo da Assistência Social contidas na Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e pela Norma Operacional Básica (NOB/SUAS) estruturam e regulamentam o Sistema Único de Assistência Social – SUAS- através de parâmetros e diretrizes para sua implementação. 6 1.2.1 Histórico da instituição: A Implantação do CREAS aconteceu por definições de etapas, metas e assim como outros serviços da esfera do governo se originou da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) em 2004 e o trabalho é realizado por uma equipe multiprofissional, definida pela Norma Operacional Básica de Recursos Humanos/ SUAS, 2006. A implantação do CREAS é feito por uma análise local, com a condição de ter um diagnóstico socioterritorial e com padronização dos serviços de proteção social básica e especial pela Resolução n° 109, de 11 de novembro de 2009, da Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais com “dados sobre a incidência de situações de risco pessoal e social, por violação de direitos, o levantamento de demandas e o mapeamento dos serviços, programas e projetos existentes no território” (BRASIL, 2011, p.58). Conforme o Plano Municipal de Assistência Social 2018 – 2021 (2017), o CREAS Bucarein iniciou os suas atividades em 30 de junho de 2010, mas segundo documentos bibliográficos da unidade, o CREAS Bucarein passou a atender apenas em março de 2011 na sede onde funciona até hoje – na Avenida Coronel Procópio Gomes, 830, no Bairro Bucarein. No início apenas o PAEFI fazia parte dos serviços e em 2013, passou a integrar também o Serviço de Proteção e Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços. Até o ano de 2011 a SAS oferecia o POASF – Programa de Orientação e Apoio Sociofamiliar, o Programa Sentinela – Serviço de Enfrentamento à Violência, Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes e o PAMVVI – Programa de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência Sexual. Com a implantação do CREAS no município, esses programas foram desativados e a demanda foi absorvida pelo PAEFI, que passou a atender em um só local os usuários desse serviço. 1.2.2 Área de atuação, objetivos e finalidades O CREAS - Bucarein - PAEFI - oferece o serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça ou violação de direitos. Compreende atenções e orientações direcionadas para a promoção de direitos, a preservação e o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais e para o fortalecimento da função protetiva das famílias diante do conjunto de condições que as vulnerabilizam e/ou as submetem a situações de risco pessoal e social. 7 Este serviço tem como objetivos: Contribuir para o fortalecimento da família no seu papel de proteção Incluir famílias no sistema de proteção social e nos serviços públicos Contribuir para acabar com as violações de direitos na família Prevenir a reincidência de violações de direitos (BRASIL, 2011). Para alcançar os objetivos, o PAEFI desenvolve trabalho social realizado pela equipe composta por profissionais de diversas áreas, como assistentes sociais, psicólogos e pedagogos. Entre as atividades, estão a identificação das necessidades das pessoas que buscam ou são encaminhadas ao CREAS; atenção especializada; orientação sobre direitos; encaminhamento para outros serviços da Assistência Social e de outras políticas, como saúde, educação, trabalho e renda, habitação; orientação jurídica; acesso à documentação, entre outros. 1.2.3 Área de abrangência O CREAS Bucarein oferta o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) e o Serviço de Proteção Social à Adolescente em Cumprimento de Medidas Socieducativas de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços a comunidade (SCMSE). O PAEFI atende os seguintes bairros: Adhemar Garcia, Bucarein, Fátima, Guanabara, Jarivatuba, João Costa, Paranaguamirim, Parque Guarani, Ulysses Guimarães. Conforme o documento de Orientações Técnicas do CREAS (2011b), considerando a diversidade do território brasileiro, a PNAS aliada à portaria nº 843 de 28 de dezembro de 2010, prevê a distribuição das unidades do CREAS a partir do porte populacional das localidades, da seguinte forma: Porte do Município Número de habitantes Parâmetros de referência Pequeno Porte I Até 20.000 Cobertura de atendimento em CREAS Regional; ou Implantação de CREAS Municipal, quando a demanda local justificar. Pequeno Porte II De 20.001 a 50.000 Implantação de pelo menos 01 CREAS. Médio Porte De 50.001 a 100.000 Implantação de pelo menos 01 CREAS. Grande Porte, Metrópoles e DF A partir de 100.001 Implantação de 01 CREAS a cada 200.000 habitantes. 8 Fonte: Secretaria Nacional de Assistência Social – MDS – 2012. 1.2.4 Demandas atendidas pela instituição As demandas atendidas constituem diversas situações como: violações de direitos, risco social, originadas por violência física, sexual e psicológica; negligência, abandono, discriminação em decorrência de orientação sexual, racismo ou situações que provoquem danos ou que causem afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida de proteção; indivíduos que vivenciaram situação de tráfico de pessoas; situação de rua e mendicância; abandono; vivência de trabalho infantil; discriminação em decorrência da orientação sexual e/ou raça/etnia; outras formas de violação de direitos decorrentes de discriminações/ submissões a situações que provoquem danos e agravos a sua condição de vida e os impeçam de usufruir da autonomia e bem estar; descumprimento de condicionalidades do Programa do Bolsa Família. Sposati (2001), defende a tese de: incluir o termo risco na política de assistência social, expondo que o seu conceito não se vincula somente a situações que provocam perigo, corroborando como possibilidades da perda qualidade de vida pela ausência de uma ação preventiva. Ou seja, o termo além de carregar fatores de perigo, pode contribuir com a prevenção. Afirma ainda, que a incorporação destes termos na política de assistência social amplia o acesso da assistência social para outros públicos que não estão descritos na LOAS. (SPOSATI,2001, p. 69). 1.2.5 Principais características da população atendida pela instituição O CREAS –Bucarein / PAEFI oferece serviço de apoio, orientação e acompanhamento à famílias ou indivíduos em situação de vulnerabilidade, que tenham os seus direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988 defendidos pelo profissional de Serviço Social. Na maioria dos casos atendidos são famílias, indivíduos que estão em situação de vulnerabilidade social, mães que estão com filhos em abrigos, por decorrência de violação de direitos ou por serem usuários de substância psicoativas, crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual, entre outros. As famílias atendidas podem ser descritas como nuclear, monoparental feminina e masculina, reconstituída, homoafetiva, ampliada, com membros com baixa escolaridade ou em situação de evasão escolar, sem qualificação profissional. 9 1.2.6 Proposta de atuação ao usuário No CREAS – Bucarein o usuário ou família que necessitem de orientação, ou algum tipo de proteção, podem buscar pelo PAEFI no horário das 07 às 19 horas, onde tem profissionaisqualificados e aptos a esclarecer ou fazer encaminhamentos devidos à outros órgãos, se assim vierem à precisar. Sempre tem um profissional escalado para fazer acolhimento, podendo ser assistente social, psicólogo ou pedagogo. O Profissional através de escuta qualificada pode diagnosticar o problema e levar à coordenação e juntamente avaliarem a situação para um melhor direcionamento. O usuário tem sua identidade preservada no caso de assim desejar ou sentir que esteja em risco, podendo assim, ter a garantia de dialogar com profissionais em condições de sigilo, sempre respeitando, sem que o usuário sinta - se pressionado ou de alguma forma incomodado com supostas perguntas que o deixem constrangido. “[...] não deve ser de pressionar as pessoas para que assumam responsabilidades além de suas forças e de sua alçada, mas oferecer-lhe alternativas realistas [...] o Estado tem que se tornar partícipe, notadamente naquilo que só ele tem como prerrogativa, ou monopólio – a garantia de direitos (PEREIRA-PEREIRA, 2006, p.40). 1.2.7 Estrutura e funcionamento da organização A coordenação técnica do CREAS é realizada pela assistente social Sylvia de Pol Poniwas. Além da coordenação técnica dispõe de oito assistentes sociais, nove psicólogas, três pedagogas, doze educadoras, dois agentes administrativos, uma auxiliar administrativa, duas cozinheiras e uma auxiliar de serviços gerais que garantem o bom funcionamento da instituição. Já especificamente no PAEFI a composição é composta por, cinco assistentes sociais, seis psicólogas, uma pedagoga e cinco educadoras. O CREAS não dispõe em seu atendimento um advogado, que é um profissional que deveria compor a equipe de referência segundo a NOB/ RH – SUAS (2006) (BRASIL,2011,p. 94). Sem essa oferta de um profissional que atue na área jurídica, os demais profissionais ficam incumbidos de pesquisar sobre a Legislação em geral para orientar seus usuários, encaminhar para a Defensoria Pública ou solicitar orientação sociojurídica de outros profissionais da rede. Na articulação com a rede é importante fortalecer a identidade do CREAS, clarificando papéis e delimitando competências, de modo que: 10 O órgão gestor de assistência social tem papel preponderante na interlocução com outras políticas e órgãos de defesa de direitos e na institucionalização da articulação do CREAS com a rede, inclusive, por meio da construção e pactuação de fluxos de articulação e protocolos intersetoriais de atendimento. (MDS – Orientações Técnicas, 2011, p. 62). 1.3 O SERVIÇO SOCIAL NA INSTITUIÇÃO A prática do Assistente Social no Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS – é um dos serviços da Assistência Social dentro da proteção de média complexidade, sendo de fundamental relevância visto que esses profissionais participam do processo de enfrentamento das várias expressões da questão social provenientes da relação contrária entre burgueses e proletariado. No CREAS - Bucarein – o assistente social trabalha de forma articulada juntamente com psicólogos e pedagogos, formando uma equipe que, analisa, pensa e chegam à uma melhor e eficaz decisão quanto ao problema referenciado, se posicionando a favor da equidade e justiça social ao acesso aos direitos que compete ao cidadão. A prática profissional “[...] exige-se um profissional qualificado, que reforce e amplie a sua competência crítica; não só executivo, mas que pensa, analisa, pesquisa e decifra a realidade”(IAMAMOTO,1997, p. 31). 1.3.1 Identificação do Supervisor de Campo Nome da Supervisora: Kamila Branco Carlos CPF: 060.508.749 - 05 RG: 6181271 REGISTRO CRESS: 6599 Cargo: Assistente Social Função: Assistente Social Carga horária semanal: 30 horas Tempo de atuação: 4 anos E-mail: kamila_branco@yahoo.com.br Fone: (47 ) 3422-6925 1.3.2 Origem do Serviço Social na Instituição Com a criação do CREAS pela Política Nacional de Assistência Social e pela NOB/SUAS, o assistente social faz parte do grupo técnico do equipamento no CREAS desde o início. O serviço do PAEFI é um serviço do equipamento que trabalha família/ individuo por meio de apoio, orientação e acompanhamento em situação de violação de direito e risco pessoal ou social, por violação de 11 direitos como: violência física, psicológica e negligência; violência sexual; afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida de proteção; abandono; trabalho infantil; discriminação por orientação sexual e/ou raça/etnia; descumprimento de condicionalidades do Programa Bolsa Família em decorrência de violação de direitos; cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade por adolescentes, entre outras. Tem por finalidade fortalecer a função protetiva da família, prevenir a ruptura de seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos, bem como contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. (JOINVILLE, 2012). 1.3.3 O Assistente Social Para se tornar assistente social, a pessoa deve ter se formado no curso superior de serviço social, e posteriormente para exercer definitivamente a profissão, é preciso que o graduado faça o registro do diploma no Conselho Regional de Serviço Social. Como profissional, o assistente social tem a “função de planejar, gerenciar, administrar, executar e assessorar políticas, programas e serviços sociais, o assistente social efetiva sua intervenção nas relações entre os homens no cotidiano da vida social, por meio de uma ação global de cunho socioeducativo e de prestação de serviços”. (GISELE, 2013, p. 3). Ao atuar no CREAS/ PAEFI o profissional também precisa seguir os Princípios, Diretrizes da PNAS que são pensadas no âmbito das garantias de cidadania sob a vigilância do Estado, cabendo ao profissional fazer valer seus direitos, o qual é constitucional (direito de todos e dever do Estado). O assistente social tem o compromisso com o usuário atendido devendo ter como atribuição a competência de representá-lo, fazendo com que tenha a garantia de direitos e condições dignas de vida. Conforme Benevides: Os Direitos Humanos são universais no sentido de que aquilo que é considerado um direito humano no Brasil também deverá sê-lo com o mesmo nível de exigência, de responsabilidade e de garantia em qualquer país do mundo, porque eles não se referem a um membro de uma sociedade política; a um membro de um Estado; eles se referem à pessoa humana na sua universalidade. Por isso são chamados de direitos naturais, porque dizem respeito à dignidade da natureza humana. São naturais, também, porque existem antes de qualquer lei, e não precisam estar especificados numa lei, para serem exigidos, reconhecidos, protegidos e promovidos. (BENEVIDES, 2009, p. 5) 12 1.3.4 O instrumental técnico-operativo Para que o profissional do Serviço Social esteja realmente preparado para o cotidiano da profissão, é preciso que saiba aplicar seu conhecimento teórico na construção de soluções para os problemas investigados, para isso, o profissional deve fazer uma análise de cada caso concreto, tendo em vista qual é o contexto do problema e qual melhor método utilizar. Após discutir a natureza dos instrumentos operativos do Serviço Social, passa-se a discutir instrumento por instrumento, começando pela visita domiciliar, entrevistas individuais e coletivas e todos os outros utilizados pelo Serviço Social. Essa natureza instrumentaldo Serviço Social implica dizer que o cotidiano da profissão é uma atividade de intervenção, e é especificamente da necessidade interventiva que emerge a necessidade de um domínio teórico também. Além da necessidade de um domínio de diversas teorias que são produzidas por outras áreas do conhecimento, como, por exemplo, teorias da sociologia e da ciência política, foi e é preciso também que o Serviço Social produza teorias metodológicas instrumentais, objetivando uma maior efetividade de suas intervenções. (Gisele, 2013, p.56) As técnicas empregadas pelo Serviço Social atuam como instrumentos para a sua operacionalização. Devemos ter uma consciência clara da técnica a ser utilizada e sua real significância social. No cotidiano do trabalho do assistente social do CREAS/ PAEFI são utilizados alguns instrumentos como: Técnica de observação: A técnica de observação exige um olhar mais atento, ouvir com atenção, não julgar e não discriminar. Segundo Souza (1991, p. 184): A observação consiste na ação de perceber, tomar conhecimento de um fato ou acontecimento que ajude a explicar a compreensão da realidade objeto do trabalho e, como tal, encontrar os caminhos necessários aos objetivos a serem alcançados. É um processo mental e, ao mesmo tempo, técnico. Busca ativa: A busca ativa é uma estratégia para fazer com que os serviços, benefícios, programas e projetos cheguem até as famílias e ao território. Muitas vezes o usuário acaba mudando de endereço e não comunica onde está morando e o assistente social faz a busca para que continue 13 a receber atendimento. É uma maneira de levar informação, orientação e identificar necessidades e demandas das famílias e do território em situação de desproteção social. Acolhimento: O acolhimento é importante para que o usuário possa expor seus problemas, além de contar com uma escuta ativa e com a compreensão de um profissional que tenha por objetivo a garantia dos seus direitos sociais. Sempre que um usuário chega ao CREAS – Bucarein tem um técnico escalado para fazer o acolhimento, podendo ser um assistente social, psicólogo ou pedagogo. Escuta qualificada: Essa é uma técnica que deve ser feita com todos os integrantes da família, inclusive crianças, adolescentes e pessoas próximas à família. Entrevista: É o ato pelo qual duas ou mais pessoas procuram compreender, identificar ou constatar uma determinada situação. É antes de mais nada um espaço de escuta, onde o profissional de Serviço Social deve se colocar a ouvir o usuário, se concentrar na informação que está recebendo, refletir sobre elas. Textos atuais como o de Veloso (1995) e Silva (1995): enfatizam o que não se configuraria como uma entrevista em Serviço Social, como que ao definir o que seja entrevista, recorrem à sua negação. Daí dizer que a entrevista não é um jogo de “pingue-pongue”, como um questionário de perguntas e respostas que inibem e empobrecem uma relação que se quer rica e competente. A entrevista precisa ir além de um mero “bate-papo”, ou de uma conversa informal entre duas ou mais pessoas, sem traçarem objetivos definidos. Ainda que ocorra busca de dados durante a entrevista, ela não se reduz a isso, e estes dados devem estar implicados no porquê e a quem serve esta entrevista, num processo que envolve e conclama a real participação do usuário, acompanhado de esclarecimentos e objetivos a serem traçados num processo interventivo, que pode vir a ser desencadeado. Não se pode esquecer que o objetivo de uma primeira entrevista pode ser o conhecimento da situação usuário para o prosseguimento do processo e construção interventiva que envolve posteriores entrevistas, ou pelo menos a possibilidade de ser deixada uma porta aberta para o usuário retornar em busca de auxílio profissional (GIONGO, 2003, p. 13) Encaminhamento: Pelo encaminhamento é possível dar continuidade, sequência a um processo do Serviço Social, configurando como uma ponte de ligação entre outras ações da profissão, conhecer as políticas públicas do problema para um devido encaminhamento, e o assistente social tendo clareza que o usuário do serviço é um portador de direitos, portanto é seu direito lutar por sua cidadania. Visita domiciliar: É um instrumento muito utilizado pelo assistente social, tem como objetivo conhecer a realidade a qual o usuário se encontra, as condições em que vivem, que muitas vezes só no atendimento na instituição pode passar despercebido. Dinâmicas de grupo: São técnicas de grupo em que se objetiva: integração, desibinição, relaxamento, capacitação, formação, criação e recriação do conhecimento. 14 De acordo com Schimitt et al. Um dos melhores meios para uma pessoa se desenvolver, aprender coisas novas e perder a vergonha de falar, é participar de um grupo e de suas atividades. Nestes grupos, uma das formas de ajudar as pessoas a expor suas ideias é usando dinâmicas, que são instrumentos para facilitar a comunicação e a interação do grupo. [...] A dinâmica provoca abertura no relacionamento entre o EU e o OUTRO, isto é, facilita a vivência no grupo, no sentido de percebermos as diferenças de cada um. É necessário percebermos que cada pessoa pensa, sente e age de diferentes maneiras e de formas diversas, em relação a uma mesma situação. Perceber essas diferenças facilita a superação de alguns problemas que existem na vida comunitária. (SCHIMITT, 1999, p. 29-30). Estudo de caso: Realizado no CREAS, por uma equipe de profissionais com o objetivo de analisar e avaliar o caso e definir estratégias e métodos mais efetivos, trazendo à tona a relevância de cada situação e sua urgência diante do fato mencionado. Relatório: É um documento produzido pelo profissional do Serviço Social, no qual constarão todos os aspectos relevantes de um determinado ato praticado por este profissional. Pode ser usado para intervenções ou subsidiar ações do Ministério Público, Poder Judiciário ou Conselho Tutelar. Estudo Social: O Estudo social é um instrumento específico do assistente social, que tem por intenção conhecer com profundidade e de forma crítica, determinada expressão da questão social. Reunião: É um encontro de pessoas onde discutem e propõem soluções para uma determinada situação. O assistente social tem o papel de coordenar a reunião, focar no objetivo, controlar o tempo, proporcionar que todos os participantes possam levantar discussão acerca do motivo real. Registro: consiste em organizar e documentar as informações obtidas. Acompanhamento sociofamiliar: É de fundamental importância, já que é um procedimento de caráter continuado e por período indeterminado, que vem a agregar a orientação sociofamiliar e uma séria de técnicas que venha a ajudar a família que tenha tido a situação de violação de direitos. 2 CONCLUSÕES O CREAS é o objeto fundamental de estudo para o acadêmico de Serviço Social, sendo relevante o prévio conhecimento de todos os serviços que estão inscritos na Tipificação Nacional de 15 Serviços Socioassistenciais. Um dos primeiros passos de trabalho do profissional que inicia sua carreira na área de Serviço Social é entender como acontece os serviços de rede e buscar informações referentes às políticas públicas. 2.1 DO ESTUDO DA INSTITUIÇÃO Com o período de observação no campo de estágio no Centro de Referência Especializado de Serviço Social e com a realização do estudo e análise institucional, foi possível perceber a dimensão e relevância do trabalho social executado pelo PAEFI. Foi de extrema importância para a vida acadêmica do aluno, permitindo que, estandodiante da realidade institucional, possa compreender as demandas e desafios que o assistente social enfrenta no seu cotidiano, tendo a oportunidade de através da natureza interventiva e investigativa da profissão, desenvolver habilidades, responsabilidades, permitindo que se faça a construção da identidade profissional. O estágio no CREAS, especificamente no PAEFI, podê proporcionar a visão de ações do serviço, que sendo elas, interventiva e investigativa de forma especializadas, são discutidas pela equipe, analisadas e estruturadas para um resultado que possa haver a transformação da realidade à qual o usuário se encontra. Portanto, a supervisão do estágio pelo supervisor de campo no acompanhamento ao acadêmico, visa a formação profissional do assistente social, através das múltiplas expressões da questão social. Nesse processo de ensino, onde o supervisor busca desenvolver no estagiário um olhar crítico, reflexivo, investigativo, a partir das diretrizes curriculares, para que haja a compreensão das diversas dimensões que norteiam a atuação profissional. A prática profissional se processa no decorrer do seu exercício profissional, ou seja, na aplicação direta do seu instrumental teórico- metodológico, ético- político e técnico- operativo, de acordo com a realidade social. REFERÊNCIA BENEVIDES, Maria Victoria. Cidadania e direitos humanos. IEA. 2009. Disponível em: www.iea.usp. br/artigos. Acesso em: 25 abr. 2010. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS. Brasília: G. E. Brasil, 2011b. GIONGO, Cláudia Deitos. Processos de trabalho de serviço social III. Porto Alegre: Editora ULBRA, 2003. 16 JOINVILLE. Secretaria de Assistência Social. Serviço de Proteção e Atendimento Especializado à Famílias e Indivíduos – PAEFI: Diretrizes Metodológicas. 2012. IAMAMOTO, Marilda Villela. O Serviço Social na contemporaneidade: dimensões históricas, teóricas e ético - políticas, Debate CRESS – CE n° 6 – Fortaleza: 1997. RUARO, Gisele de Cássia Galvão Instrumentos e processo de trabalho em serviço social/ Gisele de Cássia Galvão Ruaro, Juliana Maria Lazzarini. Indaial : Uniasselvi, 2013. SCHMITT, Erica Lidia et al. Programa permanente de capacitação comunitária. Blumenau: Editora da FURB, 1999. SPOSATI, A. de O. Modelo brasileiro de proteção social não contributiva: concepções fundantes. In: Concepção e gestão da proteção social não contributiva no Brasil. Ministério de desenvolvimento social e combate à fome (MDS) e organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Brasília (DF), 2009. Disponível em:<www.aplicacoes.mds.gov.br/sagi>
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