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MÓDULO 1 Inclusão e diversidade humana Capacitação a distância Direitos da Pessoa Idosa Realização Patrocínio SECRETARIA NACIONAL DE PROMOÇÃO E DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA IDOSA Apoio Capacitação a Distância – Direitos da Pessoa Idosa MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Copyright 2019: Instituto brasileiro de Administração Municipal – IBAM Ficha Catalográfica elaborada por Cinthia Pestana Viana CRB-7/6431 - Biblioteca do IBAM CENSO EXPERIMENTAL 2019 I59 Instituto Brasileiro de Administração Municipal Capacitação a distância: direitos da pessoa idosa. / IBAM/SNPDDPI; [conteudistas] Louise Storni e Rosimere de Souza. [Colaboração: Ricardo Cesar Figueiredo de Moraes] – Rio de Janeiro: IBAM, 2019. 4 v. Inclusão e Diversidade Humana; Modulo. 1 Princípios e marcos normativos dos direitos da pessoa idosa; Modulo. 2 Acessibilidade e autonomia da pessoa idosa; Modulo 3 Políticas públicas e a pessoa idosa; Modulo. 4 1. Idosos. Cuidado e tratamento. Manuais, guias, etc.. 2. Idosos. Estatuto legal, leis, etc.. Brasil. 3. Envelhecimento. Brasil. 4. Saúde pública. Brasil. I. Storni, Louise. II. Souza, Rosimere de III. Instituto Brasileiro de Administração Municipal. IV. Brasil. Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, V. Título. CDU 613.98 Página | 2 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana República Federativa do Brasil Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa Idosa Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Presidente da República Jair Messias Bolsonaro Ministra de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves Secretário Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa Idosa Antônio Costa Secretário Adjunto de Promoção dos Direitos da Pessoa Idosa Paulo Fernando Melo da Costa Coordenadora-Geral do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso Eunice da Silva Instituto Brasileiro de Administração Municipal - IBAM Escola Nacional de Serviços Urbanos – ENSUR Superintendente Geral Paulo Timm Diretora da ENSUR Tereza Cristina B. Baratta Coordenação de Ensino Márcia Costa Alves da Silva Gestão Acadêmica Silvia Kelly Leão Silva de Freitas Administrativo e Financeiro Andréia Azevedo Silva Anderson da Silva e Silva Normalização Bibliográfica Cinthia Pestana Capacitação à Distância - Direitos da Pessoa Idosa Supervisão Técnica Tereza Cristina B. Baratta Coordenação Pedagógica Márcia Costa Alves da Silva Gestão Acadêmica Silvia Kelly Leão Silva de Freitas Colaboração: Andréia Azevedo Silva e Tito Ricardo de Almeida Tortori Profissional de TI Roberto da Silva Gonçalves Assistente Administrativa Selma Rodrigues de Lacerda Teixeira Comunicação Ewerton da Silva Antunes Conteudistas Louise Lima Storni Rocha Rosimere de Souza Colaboração: Ricardo Moraes Página | 3 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo(a) ao Módulo 1! Neste módulo, você vai estudar o processo do envelhecimento sob a perspectiva da inclusão e da diversidade humana. Dessa forma, você será capaz de conceber estratégias de enfrentamento dos problemas que afetam o desenvolvimento e a autonomia da pessoa idosa. OBJETIVO Ao final deste módulo, espera-se que você seja capaz de: definir envelhecimento sob a perspectiva da inclusão e da diversidade humana; identificar as políticas de garantia de direitos humanos do idoso; conceituar geriatria e gerontologia; reconhecer a intergeracionalidade como processo sociocultural e de valorização do idoso; identificar as tipologias de violência contra o idoso. Página | 4 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 3 OBJETIVO ............................................................................................................ 3 UNIDADE 1 - O Envelhecimento no Mundo Contemporâneo e os Desafios da Inclusão Social ..................................................................................................... 5 1.1. O conceito de inclusão .....................................................................................5 1.2. O conceito de diversidade humana ................................................................6 1.3. Inclusão digital e pessoa idosa ........................................................................8 1.4. Os diferentes termos ........................................................................................9 1.5. Direito do idoso e Estatuto do Idoso ........................................................... 11 1.6. A importância do aprimoramento da legislação........................................ 13 1.7. Importância das entidades de atendimento ao idoso .............................. 14 UNIDADE 2 - Aspectos Gerais sobre Envelhecimento sob o Ponto de Vista da Gerontologia e da Geriatria ............................................................................... 16 2.1. Geriatria e gerontologia ................................................................................ 16 2.2. Longevidade .................................................................................................... 18 2.3. Qualidade de vida .......................................................................................... 19 2.4. Intergeracionalidade e pessoa idosa ........................................................... 21 2.5. Tipologias de violência contra o idoso ........................................................ 23 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 26 SIGLAS ............................................................................................................... 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 28 SITES INDICADOS ............................................................................................. 32 Página | 5 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana UNIDADE 1 O Envelhecimento no Mundo Contemporâneo e os Desafios da Inclusão Social O envelhecimento populacional é fenômeno comprovado e que passou a ser preocupação social, em face das múltiplas demandas que ele acarreta. O aumento da população idosa evolui de forma progressiva, tornando-se assunto de debate em diferentes áreas como nas políticas de saúde, urbana, econômica e social. Dessa maneira, o envelhecimento traz como uma das suas principais questões o desafio da inclusão social da pessoa idosa. O processo de construção de uma sociedade justa e ética se faz com o compromisso e a participação de inúmeros atores, os quais podem estar em instituições governamentais e em empresas ou organizações da sociedade civil. Essa construção envolve mudanças em vários setores da sociedade, como os de saúde, educação, justiça e direitos sociais. O trabalho conjunto de todas as instituições envolvidas necessita de determinação política e visão sobre as competências necessárias às diferentes instâncias. 1.1. O conceito de inclusão Inclusão não se trata somente de inserção de umapessoa na comunidade e nos ambientes destinados à educação, à saúde, ao lazer e ao trabalho. Incluir implica considerar que as pessoas são seres únicos, diferentes uns dos outros e, portanto, sem condições de serem categorizados. O tema do envelhecimento humano está presente em todas as culturas e tem sido estudado por profissionais de diversas áreas do conhecimento, sendo o crescente interesse pelo assunto atribuído principalmente ao aumento da expectativa de vida da população. Nessa etapa da vida, acontecem mudanças biológicas, psicológicas e sociais que são naturais com o avanço da idade. O processo de envelhecer traz perdas estruturais e funcionais, que variam de uma pessoa para outra. Essas alterações fazem com que a sociedade Página | 6 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana visualize o idoso como pessoa improdutiva e estagnada, pois há afastamento social decorrente da falta de ambiente favorável e de convívio social com as gerações mais jovens. Uma das consequências desse isolamento é o enfraquecimento das relações constituídas ao longo da vida. Pessoas idosas tendem a ter menos contato social, pois não têm mais o círculo de colegas do trabalho, já perderam alguns amigos e os filhos estão independentes e constituíram família. É por isso que se torna fundamental a inclusão social do idoso, que está ligada diretamente com a questão da proteção social e da garantia de seus direitos. O estar incluído é definido como ato de se sentir envolvido, ser compreendido em sua condição de vida como pessoa pertencente a um grupo, singular e coletiva. 1.2. O conceito de diversidade humana Para avançarmos no conceito de construção da sociedade inclusiva, é preciso entender também o que é diversidade humana. A humanidade sempre teve reações variadas diante das diferenças que percebia entre si e dos vários povos com os quais tinha contato. As explicações sobre diversidade humana sempre ressaltaram os aspectos negativos dos outros. Contudo, devemos entender que todos os seres humanos nascem diferentes entre si e que não existe graduação de quem é mais ou menos humano. Tão logo os seres nascem, imediatamente ocorrem em seus corpos mudanças relacionadas ao ciclo vital. A vida em si é um processo, um ciclo existencial, social, cultural, psíquico e biológico. Envelhecer é parte desse processo, uma das várias fases que o compõem. A velhice pode e deve ser contextualizada, relacionada não apenas ao tempo biológico, mas também ao entendimento de que o envelhecimento é um processo multifacetado e multideterminado. Têm-se, portanto, duas velhices: uma objetiva, demográfica, biológica e outra subjetiva: a velhice que queremos e vivemos. Para a filósofa Simone de Beauvoir (1990), a velhice pode ser entendida como fenômeno biológico com consequências psicológicas, pois modifica a relação do homem no tempo, com o mundo e com a sua própria história. Pausa para refletir A velhice, parte natural da vida, nada mais é do que uma categoria socialmente construída. Você já pensou como cada cultura determina quando um indivíduo é considerado velho para exercer determinadas atividades? Página | 7 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Logo, entende-se que não há padrão de envelhecimento. Essa fase é vivida por cada indivíduo de maneira diferente. E, assim como qualquer outro ciclo, será vivida conforme a cultura e o histórico de cada indivíduo. Esta é exatamente a beleza da vida: sua singularidade e a diversidade humana. Como vivemos um modelo econômico e social baseado na produtividade, aquele que não produz nos moldes do capitalismo perde espaço e, consequentemente, valor social. Por isso, o processo de envelhecimento da população demanda cuidados específicos, e a inclusão social desse público deve ser garantida para que o idoso se sinta pertencente à sociedade. A inclusão da pessoa idosa depende principalmente da família, que exerce as funções de supervisionar e cuidar, tanto em situações de saúde quanto de doença, tomando decisões relativas ao seu cotidiano. Idosos que residem com as famílias e são participativos e idosos que são ocupados com diversas tarefas procuram menos serviços de saúde em comparação com aqueles que têm muito tempo ocioso. Vale destacar que a função de cuidar das pessoas idosas, em muitas sociedades, torna-se atribuição principalmente das mulheres da família. Contudo, a inclusão é tema de responsabilidade de toda a sociedade. O Estado tem o dever de garantir, defender e proteger os direitos da população. No Brasil, quando a inclusão da pessoa idosa foi reconhecida como direito humano fundamental, caminharemos para uma fase de avanços políticos e tecnológicos, com a criação de leis e entidades de proteção, as quais você vai estudar mais adiante. O desenvolvimento de políticas públicas destinadas à inclusão de pessoas idosas deve combater a “cultura do desprestígio social da velhice”, derivada dos primórdios dos ideais capitalistas, os quais consideravam que os velhos tinham pouca ou nenhuma utilidade para a cadeia produtiva e para economia. Saiba mais! Muitos pensadores ao longo do tempo se detiveram sobre o tema do envelhecimento e se esforçaram para nos ajudar a lidar melhor com a passagem do tempo. Um deles foi Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.), estadista e filósofo romano. Em sua obra Envelhecer (L&PM), Cícero enumera vantagens desprezadas da velhice. Na dedicatória, ele diz: “Senti tal prazer em escrever que esqueci dos inconvenientes dessa idade; mais ainda, a velhice me pareceu repetidamente doce e harmoniosa.” Cícero lembra que Sófocles em idade avançada ainda escrevia tragédias. No fim da vida, Sócrates aprendeu a tocar lira. Catão, na velhice, descobriu a literatura grega. Acaso os adolescentes deveriam lamentar a infância e depois, tendo amadurecido, chorar a adolescência? A vida segue um curso preciso, e a natureza dota cada idade de suas qualidades próprias. Por isso, a fraqueza das crianças, o ímpeto dos jovens, a seriedade dos adultos, a maturidade da velhice são coisas naturais que devemos apreciar cada uma em seu tempo. Página | 8 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana 1.3. Inclusão digital e pessoa idosa A sociedade na Era da Informação vem se tornando cada vez mais complexa e dependente das chamadas Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC). O acesso a essas tecnologias tem crescido na população brasileira, e isso se deve, em parte, graças ao surgimento de iniciativas e programas de inclusão digital, sejam eles do governo, do terceiro setor ou, ainda, do setor privado. Sabemos que gerações mais novas têm intimidade e atração pelos artefatos tecnológicos, assimilam facilmente mudanças, pois já convivem desde tenra idade com brinquedos eletrônicos e dispositivos móveis, como tablets e celulares. Contudo, a geração adulta e mais velha, de origem anterior a essa grande disseminação do universo digital e da internet, não consegue entender tranquilamente os benefícios dessa evolução na mesma velocidade que os mais jovens. Esse fato vem favorecendo o fenômeno que ficou conhecido como exclusão digital entre os idosos. Pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em 2018 revelou que 5,2 milhões de pessoas com mais de 60 anos já utilizam regularmente a web no Brasil. Em apenas oito anos, houve um salto de 940%, o equivalente a 4,8 milhões de novos usuários. O interesse das pessoas com mais de 60 anos pelo mundo virtual está crescendo em ritmo acelerado. Nesse período, o número de brasileiros conectados à internet cresceu mais de 100%, e o aumento deinternautas da terceira idade foi de quase 1.000%. Apesar desses ganhos, muitos idosos permanecem desconectados da inclusão digital. O Pew Research Center relata que um terço dos americanos adultos de 65 anos ou mais afirma que nunca usa a internet, e aproximadamente metade (49%) diz que não possui serviços de banda larga em casa. Enquanto isso, mesmo com ganhos recentes, a proporção de pessoas idosas que afirmam possuir smartphones é 42% menor do que na faixa etária entre 18 e 64 anos. Já no Brasil, existem mais de cinco milhões de idosos conectados à internet, e a maioria encontra-se na região Sudeste (60%) e pertence às classes A e B. Essa pesquisa norte-americana aponta ainda que 50% dos idosos que utilizam internet melhoram o contato familiar, social, comercial e, principalmente, o educacional. Para além do aprendizado da tecnologia, idosos também passam a realizar pesquisas, ver filmes e fazer cursos on-line. Outras grandes vantagens na retomada do aprendizado são a atualização cultural e o aumento da autoestima. Os benefícios cognitivos são muitos, uma vez que que o aprendizado novo estimula o cérebro, afastando riscos de demência ou de doença de Alzheimer. Página | 9 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Segundo estudo da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, que acompanhou 1.929 pessoas com mais de 70 anos durante quatro anos, utilizar computador ao menos uma vez por semana reduz em 42% a probabilidade de o idoso ter problemas de memória e raciocínio. Vale destacar que a Lei nº 12.965/2014, denominada Marco Civil da Internet, estabeleceu princípios e garantias que contribuem para amplo acesso à rede mundial de computadores, não somente por crianças, jovens e adultos, mas também por idosos, a ponto de se efetivarem novas políticas públicas voltadas para a inclusão digital de pessoas maiores de sessenta anos de idade no Brasil. Por fim, entendemos que computadores e tecnologias da comunicação oferecem um potencial em evidência para melhorar a qualidade de vida da pessoa idosa. O acesso dessa população ao meio digital possibilita manutenção de seus papéis sociais, do exercício de cidadania, autonomia e acesso a uma sociedade dinâmica e complexa. Exemplo Para diminuir a distância entre incluídos e excluídos digitais, o governo federal e os demais órgãos da administração direta, bem como várias organizações não governamentais, têm implementado alguns projetos que visam promover a democratização do acesso à internet e a outros meios digitais, além de incentivar um maior usufruto desses meios. Um exemplo é o Programa Acessa SP, criado pelo governo de São Paulo, que fornece cursos de informática para pessoas idosas em diferentes regiões da cidade, dias e horários. O curso tem dois módulos, nos quais os alunos aprendem noções de informática, como digitação, funcionalidades do computador, uso do mouse, recursos da internet, como fazer pesquisas, criar e enviar e-mails etc. Para mais informações, acesse: http://www.acessasp.sp.gov.br/ 1.4. Os diferentes termos O conceito de idoso é diferente nos países em desenvolvimento e nos países desenvolvidos. Nos primeiros, são consideradas idosas aquelas pessoas com 60 anos ou mais; já nos países desenvolvidos, são consideradas idosas as pessoas com 65 anos ou mais. Essa definição foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas, por meio da Resolução 39/125, durante a Primeira Assembleia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento da População, considerando a expectativa de vida ao nascer e a qualidade de vida que as nações propiciam aos cidadãos. Página | 10 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana No entanto, de forma geral, são muitos os termos utilizados pela sociedade para fazer referência a esse público: idoso, velhice, terceira idade, melhor idade. Afinal, de que forma podemos nos referir a essa etapa da vida? Todos esses termos se referem ao mesmo fenômeno? Primeiro, é necessário pontuar que existe uma diferença no uso dos termos “envelhecimento”, “idoso”, “velhice” e “terceira idade”. Por idoso, pode-se entender todo e qualquer indivíduo acima de 60 anos de idade. Esse conceito foi criado na França em 1962, substituindo expressões como “velho” e “velhote”, e foi adotado no Brasil em documentos oficiais logo depois. O idoso é o sujeito do envelhecimento (PEIXOTO, 1998). O termo “velhice” é considerado por alguns como referente ao último ciclo da vida, que independe de condições de saúde e de hábitos, é individual e pode vir acompanhado de perdas psicomotoras, sociais, culturais etc. Outros acreditam que a velhice é uma experiência subjetiva e cronológica. No nosso estudo, compreendemos que a velhice pode ser vista como uma construção social que cria formas diferentes de se entender o mesmo fenômeno, dependendo de cada cultura. Já o termo “terceira idade” é uma ideia mais contemporânea, que traduz o cuidado com a saúde de uma forma mais ampla, pensando em um envelhecimento com mais qualidade de vida. A antropóloga Clarice Peixoto (1998) lembra que essa expressão foi criada na França em 1962, quando foi introduzida no país uma política de integração social que visou à transformação da imagem da velhice. Esse conceito de terceira idade, a faixa etária entre 60 e 80 anos de idade, aproximadamente, traz consigo o signo do dinamismo dos "jovens idosos". Enquanto isso, "idosos velhos", a partir dos 80 anos, compõem uma “quarta idade”, esta sim uma etapa associada à imagem tradicional da decadência ou incapacidade física. Especialmente no Brasil, a representação da terceira idade aconteceu mais fortemente da década de 1990 em diante, com a ideia de “envelhecimento ativo”, isto é, o envelhecimento com saúde e qualidade de vida, incluindo a proposta de uma vida ativa (profissional e afetiva, incluindo sexual) e saudável (alimentação e exercícios físicos). Uma alternativa para se integrar e viver a velhice de forma ativa é a entrada em grupos e associações. Nos denominados grupos de terceira idade, idosos partilham, de certa forma, uma concepção de solidariedade orgânica, a qual favorece a emoção comum, conforta o sentimento coletivo e, por isso, fortifica o vínculo comunitário (MAFFESOLI, 1995). Página | 11 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Saiba mais! Em julho de 2017, os maiores de 80 anos passaram a ter prioridade sobre os demais idosos. O então presidente do Brasil, Michel Temer, sancionou a Lei nº 13.466, que altera o Estatuto do Idoso e estabelece que as pessoas com mais de 80 sempre terão suas necessidades atendidas com preferência. De acordo com o Estatuto do Idoso, são consideradas idosas pessoas a partir de 60 anos. Sabemos que representações sociais sobre a velhice ao longo da História e dos esquemas simbólicos do imaginário coletivo contribuem para a construção de mitos e crenças enaltecedores ou estigmatizantes dos grupos de idosos. As categorizações de velho, de idoso e de terceira idade são construções sociais utilizadas para situar esse indivíduo em variadas relações de poder dentro da sociedade. Em outras palavras, a vida social é organizada em um conjunto de relações (gênero, classe, idade, deficiência, raça) que, consideradas e analisadas em sua interseccionalidade, levam à conclusão de que não existe uma única velhice, mas velhices heterogêneas, a partir das mais diversas vivências. 1.5. Direito do idoso e Estatuto do Idoso Para entender como o Estado brasileiro conduz a garantia de direitos do idoso, você precisa conhecer a Política Nacional do Idoso, que identificaa pessoa idosa como sujeito de direitos e define condições para promover sua autonomia, garantindo-lhes proteção e participação na sociedade civil. Trata-se da Lei Federal nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, regulamentada pelo Decreto Federal nº 1.948, de 3 de julho de 1996, tida como instrumento legal básico para o cumprimento das garantias constitucionais já asseguradas pela Constituição Federal de 1988. A lei estabelece alguns aspectos que merecem maior destaque frente à realidade, ressaltando as incumbências atribuídas por ela ao Poder Público e à sociedade civil que devem, inclusive, atuar de forma conjunta por meio dos Conselhos do Idoso. O Estatuto do Idoso – Lei Federal nº 10.741 –, de 1º de outubro de 2003, é destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Embora o Estatuto tenha trazido vários avanços, é importante frisar que ele repete alguns direitos e princípios já consagrados na própria Constituição Federal e também na legislação infraconstitucional. Página | 12 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Veja como o Estatuto do Idoso trata os seguintes temas. Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade Destacam-se o direito da inviolabilidade física, psíquica e moral e a vedação ao tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor, o que abrange a preservação de autonomia, identidade, valores, ideias e crenças, espaços e objetos pessoais. Alimentos O Estatuto adiciona ao Estado a obrigação de prover sustento ao idoso, caso os familiares não tenham condições de ajudá-lo. Também o Estatuto prevê a possibilidade da transação alimentícia celebrada, perante o promotor, com eficácia de título executivo extrajudicial. Direito à saúde As novidades são: atendimento domiciliar àqueles impossibilitados de se locomover; a acomodação de acompanhantes nos hospitais e a proibição da discriminação na cobrança dos planos de saúde. Educação, cultura, esporte e lazer Cria oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados; determina a inserção, nos currículos escolares, de temas ligados ao processo de envelhecimento; assim como proporciona desconto de pelo menos 50% nas atividades culturais, esportivas e de lazer. Profissionalização e trabalho Veda a discriminação e a fixação de limite máximo de idade para concursos públicos, exceto nos casos em que a natureza do cargo exigir; bem como determina a idade como critério de desempate nos concursos. Previdência social Determina de que o reajuste dos valores dos benefícios concedidos ocorrerá na mesma data de reajuste do salário-mínimo. Assistência Social Assegura o benefício mensal no valor de um salário-mínimo nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) ao idoso acima de 65 anos (e não mais 67) que não tenha como prover a própria subsistência nem tê-la provida pela família. Habitação Dá prioridade na aquisição de imóveis nos programas habitacionais; assim como a assistência integral prestada por entidades na hipótese de não haver grupo familiar que ampare o idoso. Transporte Garante aos maiores de 65 anos a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semiurbanos, assim como reserva de vagas no transporte coletivo interestadual. Página | 13 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Medidas de proteção aos idosos São aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos no Estatuto forem ameaçados ou violados. Entidades de atendimento e sua fiscalização Traz uma disciplina mais severa quanto às entidades de atendimento e sua fiscalização. Acesso à justiça Cria varas especializadas e da prioridade na tramitação de processos judiciais e administrativos em que idosos figurem como parte ou interveniente. Crimes Criminaliza várias condutas contrárias aos preceitos do Estatuto e lesivas aos idosos. Dentre as quais, estabelece punições exemplares para coibir atitudes nocivas aos idosos, como omissão desumana ou degradante; discriminação e abandono. Fonte: MILNITZKY, SUNG e PEREIRA, 2004, p.66-68. 1.6. A importância do aprimoramento da legislação Além do Estatuto, a promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), em 1993, foi outro importante marco. Em seu capítulo IV, o artigo 20 – o Benefício da Prestação Continuada – destaca a figura da proteção social. A tipificação dos serviços socioassistenciais em 2009 também é um segundo marco importante, já que organiza a proteção social por níveis de complexidade, sejam elas: proteção social básica e proteção social de média e alta complexidade, como você vai ver detalhadamente a seguir. Por fim, entendemos que a longevidade é uma oportunidade e um desafio na sociedade contemporânea, e o futuro será marcado por grande contingente de pessoas envelhecidas na população brasileira. A importância do aprimoramento da legislação que garanta e proteja o idoso contribui para fazer avançar a conscientização da necessidade de transformações sociais, a fim de que a pessoa idosa, a sociedade civil e o Estado brasileiro estejam preparados para essa nova realidade. Página | 14 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Vídeo O Estatuto do Idoso representa um grande avanço na proteção jurídica da pessoa idosa, mas é fundamental que todos se interessem em buscar informações mais detalhadas sobre o assunto, consultando bibliotecas, acessando a internet, acompanhando as notícias, acionando seus órgãos representativos de classe, como associações e sindicatos, cobrando providências e ações de seus representantes políticos, dos órgãos públicos e dos governantes, participando ativamente de movimentos reivindicativos ou de protestos, a fim de que tudo o que está prescrito no texto legal seja devidamente cumprido e que tal conquista não acabe sendo uma lei somente no “papel”. Para ilustrar o “antes e depois” do Estatuto do Idoso, assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Pvw03OM95Og 1.7. Importância das entidades de atendimento ao idoso A Constituição Federal de 1988, a partir de reivindicações sociais, estabeleceu em seu art. 230 que a proteção aos idosos é compartilhada pela família, pela sociedade e pelo Estado, assegurando-lhes participação na comunidade, defesa de sua dignidade, bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. Essa conjuntura propiciou a elaboração em 1994 da Política Nacional do Idoso, que tem por objetivo garantir direitos sociais do idoso, promovendo sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade, além de considerar como idoso aquele indivíduo com mais de 60 anos (ALCÂNTARA, 2016). O Estatuto do Idoso, de 2003, possibilitou, dentre outras questões, elaboração de um sistema de garantia de direitos da pessoa idosa, que tem se empenhado em efetivar direitos socais desse grupo. A Política Nacional do Idoso, de 1994, e o Estatuto do Idoso, de 2003, têm por objetivo a garantia e a manutenção de direitos das pessoas idosas na sociedade, e por isso surgiram diversas instituições e entidades que prestam assistência e atendimento a esse público. O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é de natureza pública, tem como função organizar os serviços de assistência social no Brasil e suas ações são concebidas em dois níveis de proteção social: Página | 15 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Com relação aos serviços direcionados à população idosa, sob a perspectiva da proteçãosocial especial de média complexidade, podemos citar o serviço de proteção especial para pessoas com deficiência, idosas e suas famílias, que oferece uma série de atividades de cuidados diários a esses grupos, visando complementar aqueles proporcionados pela família. Os serviços são disponibilizados nos Centro-Dias, nos CREAS, na unidade referenciada ou no domicílio do usuário. A proteção social especial de alta complexidade oferece o serviço de acolhimento institucional direcionado a indivíduos ou famílias afastados temporariamente de seu núcleo familiar ou comunitário de origem. No que diz respeito aos idosos, os atendimentos são realizados em Casas Lares e abrigos institucionais. Nesse aspecto, o Estatuto do Idoso define, em seu art. 46, que a Política de Atendimento ao Idoso será realizada por meio de “conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios” (BRASIL, 2013). Nas últimas décadas, ocorreram no Brasil diversos avanços em relação aos direitos da pessoa idosa, com uma ampla legislação em vigor, embora haja muito a ser aperfeiçoado e implementado. Nessa perspectiva, formas institucionalizadas de proteção desses indivíduos são importantes, sobretudo quando se encontram em situação de vulnerabilidade. Nesse caso, entidades de atendimento aos idosos têm papel de destaque tanto no acolhimento como na promoção do convívio familiar, proporcionando-lhes um envelhecimento com mais dignidade. Página | 16 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana UNIDADE 2 Aspectos Gerais sobre Envelhecimento sob o Ponto de Vista da Gerontologia e da Geriatria O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que, em 2050, 25% da população mundial terá 60 anos ou mais, com expectativa de vida para os países desenvolvidos de 87,5 anos para os homens e 92, para as mulheres (2010). Essas projeções são positivas no que concerne à longevidade humana, porém são desafiadoras quanto às mudanças estruturais que poderão atingir significativamente a realidade dos países. No Brasil, são inúmeros os documentos legais que garantem os direitos das pessoas idosas, como, por exemplo, a Constituição Federal, a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso. Contudo, ainda há muito a avançar, com a eliminação de barreiras não apenas materiais, mas também subjetivas, que expõem falta de informação e preconceitos presentes na sociedade. Nas últimas décadas, a constatação de que a população mundial tem conseguido viver mais nos dá a dimensão do quanto a humanidade avançou nas mais diversas áreas de interesse e atuação, como por exemplo na criação da gerontologia e geriatria, que são campos de estudos que tratam as questões relacionadas a envelhecimento, velhice e idosos. Como você vai estudar nesta unidade, o envelhecimento possui múltiplas dimensões, e se torna fundamental entendermos esse processo sob a perspectiva inclusiva, valorizando a experiência humana, a sabedoria e o triunfo da longevidade, de forma a incentivar a troca intergeracional e a autonomia, bem como a garantia e a promoção dos direitos e cuidados às pessoas idosas. 2.1. Geriatria e gerontologia O surgimento da geriatria e da gerontologia como campos de estudo e de prática profissional do envelhecimento ocorreu no início do século XX, crescendo significativamente desde então, sobretudo devido ao aumento expressivo do número de pessoas idosas em todo o mundo. A denominação “gerontologia” foi concebida em 1903 por Elie Metchnikoff a partir da junção dos termos gregos géron (“velho”; “ancião”) e logia (“estudo”), propondo um campo de investigação que tivesse como tema central as questões relacionadas a envelhecimento, velhice e idosos (PAPALÉO-NETTO, 2013). Página | 17 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana No ano de 1909, a palavra “geriatria” foi utilizada pela primeira vez pelo médico Ignatz Nascher. A nova especialidade médica, orientada pela ideia do envelhecimento como processo de degeneração celular (PRADO & SAYD, 2006), propunha tratar tanto das doenças dos idosos como da própria velhice. Seu fundador, considerado pai da geriatria, estimulou pesquisas, criou a Sociedade de Geriatria de Nova Iorque em 1912 e foi autor da primeira publicação sobre envelhecimento em 1914 (FREITAS, 2002). Durante as décadas que se seguiram, ambas as áreas caminharam para ampliação, aprimoramento e legitimação dos conhecimentos relativos ao envelhecimento e à velhice. Na década de 1930, a médica Marjorie Warren foi responsável por implementar princípios considerados ainda hoje essenciais para a geriatria moderna, instituindo, por exemplo, a primeira unidade de cuidados geriátricos e a sistematização das avaliações de pacientes idosos. Saiba mais! Nas décadas de 1940 e 1950 foram fundadas diversas entidades de cuidados geriátricos. Nos EUA, foi a American Society of Geriatrics; na Espanha, foi a Sociedad Española de Geriatría y Gerontología; e, na Bélgica, a International Association of Gerontology. Para conhecer mais sobre a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, acesse o site: https://sbgg.org.br/ Entre os anos 1950 e 1970 cresceram grupos de pesquisa sobre a velhice, além de diversas publicações sobre o tema. Podemos citar como pioneiras no Brasil a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), criada em 1961, e o Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) da Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em 1973. Podemos definir a gerontologia como a ciência que se ocupa do processo de envelhecimento em seus mais variados aspectos, cuja natureza é: I) multiprofissional, formando uma especialidade composta por diversas profissões; II) multidisciplinar, já que agrega conceitos teóricos de diferentes disciplinas; e III) interdisciplinar, por se propor a conceber um conhecimento comum que guiará sua prática (PAVARINI, 2005). Complementando essa definição, esclarece Debert (1997, p.2): “A Gerontologia, como um campo de saber específico, aborda cientificamente múltiplas dimensões que vão desde a Geriatria como especialidade médica, passando pelas iniciativas da psicologia e das ciências sociais voltadas para discussão de formas de bem-estar que acompanham o avanço das idades, até empreendimentos voltados para o cálculo dos custos financeiros que o envelhecimento da população trará para a contabilidade nacional”. No que diz respeito à geriatria, podemos conceituá-la como a especialidade da Medicina que se destina à prevenção e ao tratamento das doenças na velhice, considerando “os aspectos físicos, mentais, funcionais e sociais nos cuidados agudos, crônicos, de reabilitação, preventivos e paliativos dos idosos” (PEREIRA et al., 2009). Página | 18 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Finalmente, ressaltamos a importância dos estudos pioneiros sobre o processo de envelhecimento e sobre a velhice, despertando uma nova consciência no que se refere ao cuidado com a pessoa idosa. A atual tendência mundial de crescimento desse grupo etário possibilitou a expansão da geriatria e da gerontologia como áreas de conhecimento e prática profissional, subsidiando o surgimento de inovações em diferentes campos e sensibilizando a sociedade sobre o fenômeno do envelhecimento. Dicas É vasta a produção audiovisual que trata do processo de envelhecimento e que nos ajuda a compreender essa fase da vida. Destacamos alguns filmes renomados que abordam o tema sob diferentes pontos de vista: Filme Ano Direção Amor (Amour) 2012 MichaelHaneke Elsa e Fred (Elsa and Fred) 2014 Michael Radford Ensina-me a viver (Harold and Moude) 1971 Hal Ashby Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake) 2016 Ken Loach Ninguém escreve ao coronel (El coronel no tiene quien le escriba) 1999 Arturo Ripstein O amor é uma coisa estranha (Love is strange) 2014 Ira Sachs Umberto D. (Umberto D.) 1952 Vittorio De Sica Up – Altas aventuras (Up) 2009 Peter Docter 2.2. Longevidade A constatação de que a população mundial atualmente tem conseguido viver mais nos dá a dimensão do quanto a humanidade avançou nas mais diversas áreas de interesse e atuação, desde a tecnológica, sobretudo na medicina, até nas políticas promovidas pelos Estados. Porém, se esse prolongamento da vida do ser humano, o qual chamamos de longevidade, não estiver associado à qualidade de vida, não podemos dizer exatamente que houve avanço. De fato, longevidade e qualidade de vida podem seguir caminhos opostos, se levarmos em consideração que essas duas condições não alcançam todas as pessoas de forma igualitária, admitindo-se os diversos contextos socioeconômicos. Para tal, observemos, por exemplo, as assimetrias existentes entre os países com relação ao envelhecimento populacional (entendido aqui como o crescimento do número de idosos em uma população em relação aos demais grupos) e suas consequências. Enquanto nos chamados países desenvolvidos o envelhecimento se deu de forma mais lenta e, em geral, relacionado à melhoria nas condições de vida, o oposto ocorreu nos países em desenvolvimento, em que o processo foi mais acelerado e, muitas vezes, sem mudanças importantes, tais como melhorias das estruturas de saúde e na própria democratização da sociedade. Página | 19 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana No que diz respeito à população brasileira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), podemos observar uma tendência de envelhecimento desde os últimos anos. Em 2017, o número de pessoas idosas (indivíduos com 60 anos ou mais) ultrapassou a linha dos 30 milhões, equivalendo, em cinco anos, a um crescimento de 18% desse grupo. Outro indicador que se ampliou é a expectativa de vida ao nascer, compreendida em linhas gerais como uma estimativa do tempo de vida de uma pessoa. No gráfico a seguir, notamos o crescimento desse indicador para a totalidade da população brasileira, que avançou de 45 anos em 1940 para 76 anos em 2017. Percebe-se, inclusive, que as mulheres vêm atingindo valores superiores em anos de vida em relação aos homens. Fonte: Agência IBGE Notícias. Ainda que o Brasil venha apresentando índices promissores no que diz respeito ao prolongamento da vida de sua população, é fundamental ressaltar que essa longevidade traz significativas consequências para a qualidade de vida, podendo interferir “nas diferentes dimensões da vida humana, física, psíquica e social” (PASCHOAL, 2013). Desse modo, o desafio que se impõe é conseguir viver mais e com mais qualidade. 2.3. Qualidade de vida Conceituar qualidade de vida não é das tarefas mais simples em razão de sua natureza subjetiva. Mesmo assim, é possível observá-la a partir de três pontos de referência, como sugerem Minayo et al. (2000): Página | 20 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Além disso, a ideia de qualidade de vida pode ser vista pelo prisma dos diferentes grupos etários. Alguns estudos indicam que pessoas mais jovens valorizam mais o trabalho e as finanças enquanto idosos consideram mais importantes a saúde e a mobilidade (BOWLING, 1995 apud IRIGARAY & TRENTINI, 2009). Buscando definir qualidade de vida, a Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio de um grupo de especialistas no tema, criou um instrumento para avaliá- la, definindo qualidade de vida como a percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida, de acordo com contexto cultural e sistema de valores com os quais convive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Admitindo que o conceito de qualidade de vida possa ser variado, assumindo múltiplos padrões para diferentes pessoas, grupos, sociedades ou tempos históricos, no que se refere ao envelhecimento humano, há de se pensar algumas especificidades. A literatura indica, por exemplo, estreita ligação entre qualidade de vida na velhice e capacidade de adaptação, experienciada nos âmbitos emocional, cognitivo e comportamental. Pesquisas indicam que esse grupo etário percebe qualidade de vida tanto por aspectos subjetivos como objetivos, associando esse conceito a amizade, saúde, amor, independência, boas condições financeiras, bom relacionamento com a família, dentre outros (IRIGARAY & TRENTINI, 2009). Podemos tentar definir qualidade de vida segundo os mais diversos ângulos, seja pela ciência ou pelo senso comum, de forma objetiva ou subjetiva, individual ou coletiva ou mesmo pelo tempo histórico. Ao somarmos a esse conceito tão amplo a questão da longevidade, com foco na velhice, devemos considerar diferentes realidades e seus múltiplos desafios para que se possa envelhecer com alguma dignidade. Considera que uma sociedade específica tem um padrão de qualidade de vida distinto da mesma sociedade em um outro momento de sua história. “Valores e necessidades são construídos e hierarquizados diferentemente pelos povos, revelando suas tradições”. Sugere que sociedades muito desiguais e heterogêneas possuem seus modelos de bem- estar também estratificados, ou seja, “a ideia de qualidade de vida está relacionada ao bem- estar das camadas superiores e a passagem de um limiar ao outro”. Histórico Cultural Classe Social Página | 21 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Dicas Na série Grace and Frankie, veiculada pela Netflix desde 2016 no Brasil, os protagonistas são Lily Tomlin (76 anos) como Frankie; Sam Waterston (75 anos) como Sol; Martin Sheen (75 anos) como Robert; e Jane Fonda (79 anos) como Grace. A história começa quando a vida dos personagens vira do avesso. Grace e Robert e Frankie e Sol são casados há mais de 40 anos, porém os maridos, que mantêm um relacionamento escondido por 20 anos, resolvem assumir para o mundo sua homossexualidade. Os homens anunciam seu casamento às famílias, e as mulheres, que nunca foram muito amigas, resolvem morar juntas. A partir daí acontecem muitas aventuras, tocando em temas delicados como relações de gênero, família, envelhecimento e sexualidade feminina. A série alcançou grande sucesso ao expor tabus e preconceitos sobre a velhice de forma bem-humorada e sensível. Assista ao trailer em: https://www.youtube.com/watch?v=3ZKNc2oznk0 2.4. Intergeracionalidade e pessoa idosa O processo de envelhecimento populacional vem ocorrendo de forma acelerada nos países em desenvolvimento, e um dos desafios que surgem com a conquista da longevidade humana é a intergeracionalidade, principalmente em contexto de desvalorização das potencialidades humanas como nos tempos atuais. Ainda mais se considerarmos que esse distanciamento entre gerações é causado por preconceitos gerados sob o viés produtivista, que passam a desvalorizar socialmente a velhice. O que é? Intergeracionalidade diz respeito às relações entre duas ou mais gerações. Em vez de homens e mulheres idosos serem vistos como experientes, vividos e sábios devido à longa vida, eles são atrelados a um sistema de valores que elege a juventude como uma fase ideal, supervalorizada, quedeve ser alcançada de qualquer forma. A construção de diálogo entre gerações passa a ser um desafio cotidiano, tanto para profissionais que trabalham com o segmento idoso quanto para a sociedade em geral. As gerações são historicamente construídas, desconstruídas e reconstruídas. Em outras palavras, a maneira como as relações geracionais são estabelecidas determinam novos comportamentos intergeracionais. Página | 22 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Esse movimento de reconstrução permanente ocorre no cotidiano das relações intergeracionais, mas o que se presencia, atualmente, é um certo distanciamento. As gerações na maioria das vezes vivem segmentadas em espaços restritos. Crianças e jovens estabelecem pares no espaço escolar. Os adultos estabelecem relação com outros adultos no âmbito do trabalho ou esportivo. Já contato da pessoa idosa tende a diminuir, pois com a saída do mercado de trabalho há progressivo afastamento do círculo de amizade e de papéis sociais. Não obstante, são comuns relatos de distanciamentos, estranhamentos, preconceitos recíprocos ou até mesmo conflitos entre pais e filhos, avós e netos e, de modo geral, entre jovens e velhos em várias situações do cotidiano. O psicólogo social Ferrigano (2006) afirma que a pessoa idosa tem muito a ensinar às outras gerações. Assim, o autor aponta que os mais velhos repassam a memória cultural, valores éticos fundamentais, além de uma educação para o envelhecimento. Já a historiadora Ecléa Bosi (1994) analisa que, ao compartilhar sua história de vida e a história da comunidade, a pessoa idosa permite que os jovens conheçam suas raízes e a trajetória histórica cultural da comunidade a que pertencem, ou seja, é com o contato intergeracional e no aquinhoar das experiências de vida que as gerações conhecem o passado, apreendem o presente e projetam o futuro. Nesse sentido, a importância da memória das pessoas idosas precisa ser reconhecida socialmente não somente por meio de estratégias no espaço familiar, mas também no espaço público, pensando políticas públicas eficazes, capazes de resgatar, valorizar e conservar essa memória. A transmissão do seu conhecimento acumulado às novas gerações precisa ser pensada, pois, se isso não ocorrer, é possível que se perca um grande patrimônio para a nação. Nas últimas décadas, é possível presenciar a proliferação de novos espaços institucionais de convivência para idosos, seja no âmbito público ou privado. Contudo, temos presenciado também que muitos idosos, por conta própria, têm buscado estilo de vida mais participativo, influenciados pelos apelos da mídia e pelas recomendações da ciência. Uma parcela cada vez maior da população idosa tem vivido um processo de ressocialização, formando novas amizades e até fazendo parte de turma de amigos, como ocorre com adolescentes e outras gerações. Em instituições socioculturais é fácil perceber diferentes turmas de terceira idade, conforme diversos interesses: a turma do baile, do baralho, os grupos que se dividem para atividades, como cursos, palestras, teatro, coral, esporte, turismo etc. (Ferrigno, 2016). É fundamental compreender a intergeracionalidade como processo de construção sociocultural e como instrumento de valorização das pessoas idosas. Página | 23 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Vídeo Criada por Pierre Vellas na França na década de 70 e revisitada no Brasil por Américo Piquet Carneiro na década de 90, a Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI) é um espaço em que idosos utilizam seu tempo livre de maneira cultural, social e esportiva. Além disso, tem como objetivo a integração das pessoas idosas diferentes gerações, visando à melhora da qualidade de vida desse grupo. Em dezembro de 2017, foi sancionada no Brasil a Lei nº 13.535/2017, que determina que as instituições de educação superior ofereçam aos idosos cursos e programas de extensão, tanto presenciais como a distância, constituídos por atividades formais e não formais. Para conhecer mais sobre uma experiência da UnATI, assista ao documentário Envelhecimento ativo: 10 anos da UnATI na EACH: https://www.youtube.com/watch?v=PfnQIamNOUI 2.5. Tipologias de violência contra o idoso A definição mais universal de violência contra a pessoa idosa é adotada desde 1995 pela Internacional Network for the Prevention of Elder Abuse e também é utilizada pelo Ministério da Saúde (MS) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A violência contra o idoso pode ser resumida como uma prática de ações ou omissões cometidas uma ou muitas vezes que prejudicam a integridade física e emocional da pessoa idosa, impedem seu desempenho social e quebram sua expectativa em relação às pessoas que a cercam, sobretudo filhos, cônjuges, parentes, cuidadores e comunidade (ALMEIDA E MINAYO, 2016, p. 74). O art.19, §1º, capítulo IV, do Estatuto do Idoso, fala que violência contra esse grupo social é qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico. Internacionalmente, a definição mais geral de violência é tratada segundo sua natureza, em uma classificação hoje já considerada universal (Brasil, 2001; OMS, 2002): Página | 24 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Alguns dados recolhidos por meio de denúncias emitidas pelos próprios idosos ou por pessoas que tomam consciência dos maus-tratos e abusos sofridos por eles realizadas por meio do Ligue Idoso e do Disque 100 indicam alto grau de violência no Brasil. Dica Em cada estado existe um número de telefone específico para denúncia em caso de violência contra o idoso. Conheça os telefones em: https://www.senado.gov.br/noticias/jornal/cidadania/Idosos/not04.htm Segundo os autores Maria Cecília de Souza Minayo e Luiz Cláudio Carvalho de Almeida (2016), entre 2010 e 2012, 34% do total das queixas foram sobre violência física; 40,1%, sobre violência econômico-financeira; 59,3%, sobre abuso psicológico; e 68,7%, sobre negligência. As porcentagens não se somam porque frequentemente os atos de violência contra a mesma pessoa são cumulativos nas denúncias e na vida real. Torna-se também fundamental compreender que, apesar de as definições e as classificações citadas serem elucidativas sobre a violência pessoal, interpessoal e patrimonial, existem outras formas institucionais e sociais de abusos e maus- tratos evitáveis que devem ser ressaltadas a partir do quadro epidemiológico de lesões e mortes. Percebemos que a violência contra a pessoa idosa possui raízes em diferentes elementos, tais como falta de estrutura, falta de apoio, conflitos familiares e ineficiência de mecanismos de acesso à justiça, entre outros (ALMEIDA E MINAYO, 2016). O art. 45 do Estatuto do Idoso destaca medidas específicas de proteção ao idoso que podem ser aplicadas pela via judicial (por meio de ação própria) ou pela via extrajudicial (mediante a atuação do Ministério Público). Página | 25 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana Em resumo, é preciso desenvolver ações concretas previstas no Estatuto do Idoso, pensando inclusive de forma interseccional (gênero, raça, classe, deficiência etc.), a fim de preservar e promover ao máximo condições de autonomia da pessoa idosa. No geral, o Brasil ainda carece de equipamentos públicos para acolher devidamente essa parcela da população que precisa de fortes cuidados. Não se pode deixar apenas para as famílias a solução das questões relacionadas ao cuidado do idoso, pois, em sua maioria, elas nãopossuem condições materiais e financeiras de oferecer os tratamentos adequados. A negligência com pessoas idosas combina várias faces da violência social, estrutural e institucional. É importante assinalar que o cuidado com o idoso dependente é hoje uma demanda política e social no mundo inteiro. Fique atento! Em casos em que a violência parte da própria família, simplesmente afastar ou prender o agressor não soluciona a questão e pode, inclusive, acentuar a violência. Isso porque, ao afastar o agressor, a vítima pode ficar sem qualquer referência familiar e em situação de completo abandono, mantendo a situação de risco vigente, transmutando-se apenas a espécie de violência. Esse cenário fica claro quando o idoso que sofre maus-tratos se recusa a prestar queixa dos familiares, por medo do desamparo. Nesses casos, é necessária a existência de uma estrutura de acolhimento e cuidado, de responsabilidade do Estado. No Brasil, atualmente existem 156 unidades de acolhimento espalhadas pelo país (ALMEIDA E MINAYO, 2016). Página | 26 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana CONCLUSÃO Neste módulo, vimos que o processo de envelhecimento possui múltiplas dimensões e que não há um padrão. Esse processo é vivido por cada indivíduo de maneira diferente, a depender da cultura e do histórico de vida. Ter uma perspectiva inclusiva em relação à velhice é valorizar a experiência humana em toda a sua diversidade. É fundamental a troca intergeracional e a busca por mecanismos que garantam a autonomia dos idosos. O envelhecimento populacional é um fato também nos países em desenvolvimento, os quais, reunidos, possuem mais de 1/3 da população mundial. Diante dessa nova realidade, estudamos aqui o surgimento de diferentes campos de estudo e fomento de políticas públicas. A gerontologia e a geriatria são áreas de conhecimento e prática profissional que sensibilizam a sociedade sobre o fenômeno do envelhecimento, despertando nova consciência no que se refere ao cuidado com a pessoa idosa. No campo das políticas públicas, estudamos que o advento de leis que asseguram direitos sociais da pessoa idosa propicia a criação de mecanismos de defesa e entidades de atendimento que promovem autonomia, integração e participação na sociedade. O reconhecimento de práticas e políticas que permitam desconstruir preconceitos e sensibilizem as pessoas para cuidados específicos nessa fase da vida pode proporcionar digna participação ativa e protagonismo das pessoas idosas na sociedade. Página | 27 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana SIGLAS Ao longo da leitura deste módulo, você encontrará as siglas apresentadas a seguir. Conheça os significados antes de iniciar o estudo e não hesite em consultar sempre que for necessário. SIGLAS SIGNIFICADOS IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IGG Instituto de Geriatria e Gerontologia LOAS Lei Orgânica da Assistência Social MS Ministério da Saúde OMS Organização Mundial da Saúde ONU Organização das Nações Unidas SBGG Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia SUAS Sistema Único de Assistência Social SUS Sistema Único de Saúde Página | 28 MÓDULO 1 Inclusão e Diversidade Humana REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCÂNTARA, Alexandre de Oliveira; CAMARANO, Ana Amélia; GIACOMIN, Karla Cristina (Orgs.). Política nacional do idoso: velhas e novas questões. Rio de Janeiro: Ipea, 2016. ALCÂNTARA, Alexandre de Oliveira. Da política nacional do idoso ao estatuto do idoso: a difícil construção de um sistema de garantias de direitos da pessoa idosa. In: ALCÂNTARA, Alexandre de Oliveira; CAMARANO, Ana Amélia; GIACOMIN, Karla Cristina (Orgs.). Política nacional do idoso: velhas e novas questões. Rio de Janeiro: Ipea, 2016. BARROS, Myriam Moraes Lins de (Org.). 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