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Prof. Me. Fábio Oliveira Vaz Mestre em Administração com a linha de pesquisa em Gestão de Pessoas e Organizações pela Universidade Metodista (SP). Pós-Graduado MBA em Marketing pela Faculdade Maringá (PR). Possui graduação em Administração pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí (2007) e Graduação em Sistemas para Internet. Foi Professor na Unicesumar no núcleo de EAD (Educação a Distância) e da UniFatecie - Faculdade de Tecnologia do Norte do Paraná (PR). Professor de Pós-Graduação do Instituto Paranaense de Ensino – Maringá (PR) e da MaxPós (Faculdade Ingá) de Dourados (MS). Tem experiência na área de Administração, Produção, Finanças, Logística e Marketing. Proprietário da F2 Consultoria de Marketing e Comunicação. Coordenador dos cursos de Gestão do EAD Unifatecie-PR. Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet da Unifatecie-PR. Palestrante e Coach. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0504949015926787 AUTOR Caro(a) aluno(a). Neste material didático veremos a importância da gestão de ven- das para o sucesso de uma empresa em um mercado altamente competitivo. As organizações devem evitar a ideia de que atender as necessidades dos seus clientes resume-se em oferecer produtos ou serviços de boa qualidade. O fato é que o mercado não é mais o mesmo e tem mudado radicalmente nos últimos anos, basicamente como resultado dos avanços tecnológicos, globalização e desregulamentação dos merca- dos. Quando o marketing começou a utilizar a internet como um de seus canais de venda, informação e conteúdo, seu poder de expansão se tornou ilimitado. Desse modo foi possível obter um alcance muito maior de prováveis consumidores, não mais localizados apenas a certa região. Surge então o conceito de marketing digital, o marketing integrado à rede mundial de computadores com o mesmo objetivo que Kotler propôs: satisfazer as necessidades de lucratividade. Os avanços tecnológicos e o surgimento da internet, porém, permitiram a criação de outras maneiras de divulgar uma marca, inclusive com custos menores, independente- mente de ela ser de uma empresa ou de um profissional liberal. É de extrema importância conhecermos os consumidores e seu perfil, para que dessa forma possamos nos posicionar de maneira a oferecer serviços e produtos adequa- dos a cada tipo de cliente. Bons estudos! APRESENTAÇÃO DO MATERIAL SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 5 Conceitos Centrais de Vendas UNIDADE II ................................................................................................... 33 Planejamento e Estratégias de Venda UNIDADE III .................................................................................................. 56 Atendimento ao Cliente UNIDADE IV .................................................................................................. 85 Comportamento de Consumo 5 Plano de Estudo: • Tópico 1: CONCEITO E ORIGENS DA VENDA PESSOAL • Tópico 2: VENDAS E MARKETING • Tópico 3: PAPEL ESTRATÉGICO DAS VENDAS • Tópico 4: TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO E VENDAS Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar vendas e venda pessoal • Compreender o marketing dentro do contexto de vendas • Estabelecer a importância das estratégias nas vendas • Conhecer conceitos básicos de técnicas de negociação UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas Professor Mestre Fábio Oliveira Vaz 6UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas INTRODUÇÃO A atividade de vendas está presente desde longos tempos na história humana. É pertinente se questionar: o que motiva a realização dessas trocas? As vendas fornecem um produto ou serviço necessário à vida do indivíduo. A atividade de vendas começa com uma questão básica: o que vender. Apesar dessa pergunta ser elementar, talvez o momento de escolha sobre o que vender seja uma das mais difíceis decisões a serem respondidas. Para se pensar as vendas é importante resgatar quais as experiências positivas e negativas tivemos como clientes. Esse questionamento reforça a perspectiva das vendas serem empreendidas de modo gerenciado nas organizações. Eu, você e a grande maioria das pessoas da sociedade somos consumidores. Temos cada vez mais acesso à informação, somos amparados por leis – Código de Defesa do Consumidor (CDC) – e isso faz com que nos tornemos consumidores mais exigentes e sofisticados em nossas escolhas. Por outro lado, temos à disposição uma enormidade de marcas de produtos/serviços, disputando nossas necessidades e nossos desejos, uti- lizando-se para isso sedutoras peças de comunicação de marketing fazendo com que, na maioria das vezes, fiquemos em dúvida sobre qual escolher. Diante desse contexto, a excelência no atendimento torna-se um dos fatores críti- cos de sucesso da empresa na conquista da preferência do consumidor e na preservação de sua competitividade e de sua permanência no mercado. 7UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas Tópico 1: CONCEITO E ORIGENS DA VENDA PESSOAL Inicialmente, vamos situar a ideia de Venda Pessoal (VP) dentro do contexto do Marketing. Na atualidade, A VP é uma das ferramentas que fazem parte do “P” – Promoção – denominada, por alguns pensadores e autores da área, como Comunicação de Marketing e Comunicação Integrada de Marketing. Muitos são os conceitos de venda pessoal. Destaca-se, aqui, o conceito de De Miguel (2009, p. 310) que afirma ser a VP “[...] um processo de comunicação interativo que permite a flexibilização das mensagens do vendedor de acordo com as necessidades, desejos, crenças e valores dos clientes ou consumidores.” Outra perspectiva importante para esta abordagem é o conceito de Ingram et al. (2009, p. 20), para quem a VP é a “[...] comunicação pessoal com um público por meio de pessoal remunerado de uma organização ou de seus agentes de modo que o público perceba que a organização do transmissor é a fonte dessa mensagem.” É importante você entender que a venda pessoal apresenta características diferen- ciadas no contexto do B2C – Bussiness-to-Consumer – e do B2B – Business-to-Business. Acompanhe: • B2C (Bussiness-to-Consumer) – transações comerciais com o consumidor final. • B2B (Business-to-Business) – negociação de bens e serviços entre as orga- nizações. 8UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas A história relata a venda como uma atividade de troca; entretanto, para Canaday (1999, 2009), o vocábulo vendedor já é um termo mencionado nos escritos de Platão. O que se sabe é que até a Revolução Industrial, a ideia de vendedor como a conhecemos hoje, ou seja, aquele que ganha a vida somente com a venda, não existia em quantidade mensurável. A função de vendas era exercida pelos comerciantes, mercadores e artesãos. Esses antecessores dos comerciantes contemporâneos não eram bem vistos pela socieda- de, porque, com frequência, utilizavam de trapaça para a venda de produtos. É no começo da Idade Média que surgem os primeiros vendedores de porta em porta na forma de mascates. Estes selecionavam e coletavam produtos agrícolas junto aos fazendeiros locais e os comercializavam nas cidades e, em troca, compravam produtos manufaturados para serem vendidos nas áreas rurais. Em meados do século XVIII, com o crescimento da Revolução Industrial, o consu- mo se intensificou. De acordo com Ingram et al (2009, p. 21), diante das novas dimensões econômicas, o papel dos vendedores foi impulsionado, uma vez que: • As economias locais não eram mais autossuficientes. • O comércio intermunicipal e internacional começou a prosperar. • A introdução da produção em escala passou a estimular o crescimento de mercadosde massa em áreas geográficas dispersas, que precisavam ser al- cançadas pelo trabalho dos vendedores. Nos primeiros anos de 1800, a venda pessoal estava bem instituída na Inglaterra, diferentemente do que acontecia na realidade norte-americana, onde a VP começava a se desenvolver. Essa realidade só irá se modificar nos EUA de forma perceptível entre 1850 e final do século XIX, momento em que os vendedores passaram a ser parte estabelecida nas relações comerciais nos EUA. O início da consolidação da venda pessoal em terras americanas pode ser constatado a partir do relato de uma atacadista de Detroit que diz ter enviado, em 1880, 400 vendedores viajantes para “desbravar” o mercado. No Brasil, com a implantação das estradas de ferro, na segunda metade do século XVIII, surge e ganha destaque o vendedor caixeiro-viajante, cuja denominação era atribuída às pessoas que, antigamente, vendiam produtos manufaturados, como tecidos, joias etc., fora de onde eles eram produzidos. Antigamente, quando não havia a facilidade de transporte entre as cidades, os caixeiros-viajantes eram a única forma de transportar produtos entre diferentes regiões fora das grandes cidades. O período entre 1915 e 1945 foi marcado por três grandes eventos: a 1ª Guerra Mundial, a Grande Depressão nos EUA e a 2ª Guerra Mundial. Nesse contexto, toda a 9UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas atividade econômica mundial passa a centrar esforços na guerra. Em função disso, nesse período, não foram desenvolvidos novos métodos de vendas. Todavia, durante o período da Grande Depressão, as empresas comerciais empregavam vendedores agressivos para gerarem a receita necessária para sua sobrevivência. SAIBA MAIS A Grande Depressão, conhecida também por Crise de 1929, caracterizou-se por uma grande depressão econômica que teve início em 1929, perdurou durante a década de 1930 e terminou com a Segunda Guerra Mundial. Considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX, provocou altas taxas de desemprego, profunda queda do produto interno bruto de vários países, e na da produção industrial, no do preço de ações e em de quase todos medidores de atividades econômicas, em muitos países no mundo. Após o término da 2ª Grande Guerra Mundial, com a economia renovada, os vendedores aparecem como empregados importantes para um número cada vez expressivo de empresas que começaram a perceber os benefícios de Programas de Marketing Integrado. A partir dos anos 1940, a venda pessoal começa a se tornar mais profissio- nal, uma vez que os consumidores se tornam mais exigentes e intolerantes com os profissionais de vendas. Isso porque esses profissionais falavam muito rápido e, por muitas vezes, pressionavam a compra. Em 1947, a Harvard Business Review publica uma sequência de artigos que apontam a importância dos vendedores aumentarem “[...] a eficácia de seus esforços de vendas por meio da melhoria de sua conduta profissional.” (MARCHETTI, 2002 apud INGRAM et al., 2009, p. 22). Programas de Marketing Integrado: É unificação e a coordenação das atividades funcionais da empresa com a finalidade de satisfazer as necessidades do consumidor. Atualmente, o vendedor difere muito da figura inicial. Muito mais do que um apre- sentador de informações referentes aos seus produtos e/ou serviços, ele deve ser capaz de responder a uma série de necessidades de seus clientes na pré-venda, durante a venda e na pós-venda. É nesse sentido que o aperfeiçoamento se faz cada vez mais necessário, inclusive 10UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas para fazer frente à evolução do conceito de vendas que, no passado, vislumbrava o lucro por meio do volume de vendas, tendo o produto como foco e, na atualidade, as empresas vislumbram o lucro por meio da satisfação do cliente, tendo como foco as necessidades do consumidor. Observe, na figura a seguir, a diferença desses conceitos, considerando os critérios do ponto de partida, foco, meio e fim. Diferença do conceito de vendas e do conceito de marketing. Fonte: o autor. Diante da complexidade e da dinamicidade dos mercados, das novas tecnologias e do aumento da sofisticação do comportamento dos consumidores, os profissionais de vendas assumem cada vez mais um papel estratégico nos resultados das organizações. Sendo assim, os profissionais em questão devem ser cada vez mais capacitados para exercer a atividade e uma das maneiras de fazer frente a essa situação é fazer parte de programas de educação continuada para enfrentar o contexto atual bem como prováveis eventos futuros. 11UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas Tópico 2: VENDAS E MARKETING É importante localizar precisamente as definições de marketing e vendas para deli- mitar o escopo deste livro. Marketing não é vendas definitivamente. Talvez por serem uma das partes mais visíveis do marketing, vendas, bem como a propaganda, são confundidas com o significado de marketing. Vendas e propaganda fazem parte do que é conhecido como marketing, que na verdade inclui diversas outras atividades. Marketing foi definido por Kotler (2000, p. 65) como “um processo social e de gestão pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e querem através da criação, oferta e troca de produtos e valores com outros”. Ou seja, trata-se de um processo que visa satisfazer a necessidades das partes através das trocas. Uma pessoa compra uma roupa porque necessita dela e o vendedor necessita do recurso para viabilizar seu negócio, para citar um processo de troca simples. A American Marketing Association (AMA) traz uma definição gerencial para marke- ting, dizendo que estes valores são oferecidos pela parte vendedora principalmente através da configuração (o ato de “desenhar” o objeto - o produto, a embalagem, a marca, os serviços oferecidos), da valoração (estabelecendo termos de troca para o objeto - o preço), da simbolização (associação a determinados significados através da comunicação) e final- mente através da facilitação (alterando a acessibilidade do objeto - o ponto-de-venda, ou canais de distribuição). São as chamadas variáveis controláveis de marketing: o produto, o preço, a comunicação e a distribuição (NEVES; CASTRO, 2003). Dentro dos esforços de comunicação que uma empresa pode estabelecer, a litera- 12UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas tura básica de marketing geralmente classifica vendas pessoais como uma das ferramentas de comunicação disponíveis, junto de outras como propaganda, marketing direto, relações públicas e promoção de vendas. Ou seja, vendas pessoais são uma das formas de a em- presa levar sua mensagem aos grupos de consumidores almejados por ela. Outro ponto conceitual importante é que a literatura especializada em canais de distribuição (também uma das variáveis de decisão de marketing) classifica vendas pes- soais como um formato de canal de distribuição. Ou seja, eles são agentes responsáveis por levar os produtos dos fabricantes aos clientes, tornando-os disponíveis. Por exemplo, Coughlan et aI. (2002) classificam vendedores de fabricantes como um canal de distribui- ção direto baseado no fabricante. Já no caso de representantes de venda, eles classificam como agentes de venda, que podem ser baseados em fabricantes, atacadistas ou mesmo varejistas. Pegue como exemplo a Avon, suas mais de 800 mil vendedoras são agentes de entrega dos produtos (http://www.avon.com.br). As definições de vendas a seguir mostram que de fato vendas são importantes no processo de comunicação. A venda pessoal é definida por Weitz (2004) como um processo de comunicação pessoal em que um vendedor identifica e satisfaz às necessidades de um comprador para o benefício de longo prazo de ambasas partes. Segundo Czinkota (2001), venda pessoal é a comunicação verbal direta concebida para explicar como bens, serviços ou ideias de uma pessoa ou empresa servem às necessidades de um ou mais clientes potenciais. O processo de comunicação está na essência de uma venda, no entanto o seu papel como “distribuidor” de produtos em diversos momentos não pode ser ignorado. Para Rogers (1993), venda pessoal é o lado acentuado do marketing; porque é quando os representantes da empresa ficam frente a frente com os compradores em poten- cial. A força de vendas funciona como um elo entre a empresa e os clientes. O vendedor é a empresa na visão de muitos de seus clientes, pois as imagens são fortemente associadas. A verdadeira diferença está relacionada com o papel que a força de vendas pode ter em uma empresa. Ela pode ser um canal de comunicação ou distribuição ou ambos, como na maioria das vezes. No entanto, deve-se notar que mercados industriais compostos por outras empre- sas ou instituições são caracterizados por um número menor de compradores e geralmente estão concentrados geograficamente, se comparados a empresas que vendem a consu- midores finais - vendedores de produtos de consumo como alimentos e eletrodomésticos. Isso torna mais viável e eficaz o uso de vendedores para a realização de vendas ao invés de vendas por telefone ou mesmo pela Internet. Também as empresas possuem processos de compra mais complexos que demandam uma pessoa que auxilie com informações. 13UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas Geralmente são diversos participantes que influenciam a decisão final da compra de um equipamento por uma empresa, por exemplo. Isso demanda atenção da empresa vendedora para a identificação desses participantes e atendimento das diversas e diferentes expectativas, muitas vezes desenvolvendo relacionamentos fundamentais com estes in- fluenciadores. Esses papéis podem ser realizados por vendedores. Portanto, em processos de compra mais complexos, sobretudo em mercados industriais (também chamados de business-to-business) o papel de um vendedor se torna fundamental e isso será refletido certamente na estrutura organizacional e no orçamento de marketing da empresa. Produto Comunicação Distribuição Preço Força deVendas Administração de Marketing B2B Variáveis controláveis de marketing no contexto B2B. Fonte: o autor. Dessa forma, em marketing industrial (o marketing praticado por empresas que vendem a outras empresas), vendas pessoais recebem uma importância muito grande, tornando-se muito mais do que simplesmente uma ferramenta importante de comunicação ou um formato importante de canal de distribuição, mas uma quinta variável do composto de marketing das empresas, como destacado na Figura. Nesses casos, muitas vezes o planejamento de vendas ganha em importância e influência se comparado isoladamente ao planejamento de comunicação ou mesmo de distribuição. A função vendas chega a receber de 1 a 40% das vendas de uma empresa em termos de investimento. Aproximadamente 12% das pessoas empregadas no mundo trabalham em funções de venda (ZOLTNERS et aI., 2001). Além disso, a necessidade de aumentar a fidelização de clientes valiosos tem feito com que estratégias de vendas pessoais sejam utilizadas em conjunto com programas de relacionamentos com clientes e automação de vendas, como os programas de Customer Relationship Management (CRM). Tudo isso destaca a relevância do tema administração de vendas. Finalmente, uma vez considerada força de vendas uma variável do composto de marketing, é fundamental que a força de vendas esteja totalmente integrada com os outros elementos do mix de marketing (produto, preço, comunicação e distribuição) para produzir o maior impacto possível. 14UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas REFLITA As únicas coisas que evoluem sozinhas em uma organização são a desordem, os conflitos e o baixo desempenho. (Peter Ducker) O mix de marketing pode ser chamado de composto de marketing e internacional- mente como 4P´s de marketing, apesar das diferentes nomenclaturas, são equivalentes quanto ao significado. Essa expressão surgiu pela primeira vez em 1949, a partir dos estudos de Neil Borden que abordava os executivos “mixers”, que tinham como objetivo juntar os “ingredientes” certos em quantidades adequadas para proporcionar soluções às empresas. O termo foi criado por Borden, mas, foi o professor da Universidade de Michigan, Jerome McCarthy, que aprimorou este conceito e definiu os 4P’s do marketing da maneira como é conhecido e estudado atualmente. Mix de Marketing. Fonte: Kotler, 2000. O conceito de mix de marketing é definido por Kotler como: “O conjunto de ferramentas que a empresa usa para atingir seus objetivos de marketing no mercado alvo.” Dessa forma, podemos entender que o mix de marketing é a base fundamental para o marketing tático e operacional da empresa. A seguir, aprofundaremos cada um dos 4P´s abordando conceitos, características e aspectos fundamentais de cada variável. Produto Os produtos podem ser definidos como bens tangíveis, de caráter físico, como um automóvel, um óculos, um livro, mas é importante entender que os serviços também 15UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas são produtos, quando estudantes se matriculam em uma escola eles estão comprando um produto, esperam receber benefícios em forma de conhecimento. É importante destacar que no contexto do mix de marketing, consideramos como produtos os bens tangíveis e os intangíveis (serviços), no entanto deve-se ficar claro e que os dois possuem características e particularidades diferentes quando comparados entre si. Nas unidades poesteriores ire- mos estudá-los separadamente com mais profundidade. Assim, para atender os desejos dos consumidores é preciso o desenvolvimento de produtos e serviços, e que os mesmos possuam algumas características fundamentais como qualidade, opções de modelos e estilos, variação de tamanhos, uma marca atraente. Todos os dias são identificados, desenvolvidos e comercializados novos produtos, e cada um deles requerem um composto de marketing único, a fim de atingir seu público-al- vo. Os produtos podem ser classificados de várias formas. A seguir visualizaremos algumas classificações. Duráveis e não duráveis – esta categoria considera a expectativa de vida de um produto. Geralmente, produtos alimentícios e o setor de vestuário têm uma curta expecta- tiva de vida e são chamados de produtos não duráveis. Já por outro lado, espera-se que produtos como eletrodomésticos e automóveis tenham uma maior durabilidade, por isso são chamados de produtos duráveis. Perecíveis e imperecíveis – outra forma de categorizar produtos é pelo fato de se- rem ou não perecíveis. Produtos com prazos de validade, ou que estão sujeitos a perecer, como alguns alimentos como frutas são intituladas perecíveis, já produtos como televisão, rádio ou produtos alimentícios como feijão, arroz são considerados imperecíveis. Nesse caso, citamos exemplos de perecibilidade física, mas ela também pode ser psicológica, como no caso as tendências de moda passageiras e estilos que podem perder rapidamente seu valor após um tempo. Necessidades ou luxos – produtos categorizados como necessidade, são aque- les produtos considerados essenciais, enquanto os de luxo são itens voltados a atender os desejos. É importante destacarmos que não há uma verdade absoluta para todos os consumidores, o que pode ser considerado desejo para algumas pessoas, pode ser consi- derado necessidade para outros. Demanda elástica e inelástica – há ainda uma forma de classificação que con- sidera a sensibilidade a preço. Existem produtos cuja demanda pode ser muito sensívelà alteração de preço, sendo chamada de demanda elástica, enquanto outros produtos têm uma demanda que não varia com alterações de preço, a demanda inelástica. Podemos citar os automóveis como produtos que possuem demanda elástica, ou seja, uma alteração 16UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas dos preços pode influenciar a demanda, em contrapartida existem produtos como pão, leite em que a demanda é inelástica, pois a demanda desse produto tende a não variar com possíveis alterações de preço. Produtos de consumo e produtos industriais – por fim, temos a classificação com foco no comprador do produto. Os produtos de consumo têm como destino o compra- dor final, já os produtos industriais são os usados na produção e no desenvolvimento de outros produtos ou serviços. Preço A variável preço é um dos responsáveis direto pela receita de venda. O custo, a concorrência e o consumidor são três dos principais aspectos que fazem parte da formula- ção de uma política de preços. O preço de um produto ou serviço tem grande influência nas vendas, quando ocorre redução de preço para alguns produtos a venda dos mesmos tende a crescer. Assim pode- mos entender que o preço de um produto impactará sobre as receitas e consequentemente sobre os lucros. Como pode-se perceber a variável preço tem efeito sobre a economia, sobre as empresas e sobre os consumidores em geral, por isso parece essencial entender- mos como é determinado essa variável. Para a política de estabelecimento de preços são seguidos alguns passos que estão apresentados a seguir: Passos para a política de preços. Fonte: o autor. 17UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas Para o estabelecimento de preço, primeiramente a empresa precisa decidir onde deseja posicionar sua oferta no mercado, quanto mais claros os objetivos da organização, mais facilmente será determinar os preços. Cada preço proporcionará níveis diferentes de demanda e consequentemente diferentes impactos. Os aspectos referentes à demanda dividem-se em duas categorias: a demanda individual, que é a relação que um indivíduo faz entre a satisfação e o consumo do produto, e a demanda de mercado que é resultante de todos os indivíduos. Quando os preços de uma empresa se alteram, o mercado pode ser estimulado ou não. Se a demanda total permanece, a empresa que reduz os preços pode ter uma vantagem, mas se ocorrer ao contrário, a redução dos preços aumentarem a demanda do mercado total, a concorrên- cia é que vai se beneficiar, pois uma redução de preços pode estimular o consumo. A demanda estabelece um determinado teto no preço que uma empresa pode cobrar por seu produto ou serviço, a empresa objetiva um preço que cubra seu custo de produção, distribuição e venda do produto, por isso há a necessidade da estimativa de cus- tos. Os custos assumem duas formas, os chamados custos fixos ou indiretos, são aqueles que não variam em relação à produção como, por exemplo, aluguel, energia, e o outro tipo de custos são as variáveis que mudam em função do nível de produção, como por exemplo a mão de obra. A seguir, as empresas optam por um método de determinação de preços, alguns dos métodos mais utilizados são os preços de markup, preço de valor, preço de mercado. Preço de markup – é um índice utilizado na formação de preço de venda e consiste na aplicação de um valor margem sobre o custo de fabricação de um produto ou serviço. Preço de valor – a soma dos esforços que despendemos para obter o que busca- mos, representam o preço que pagamos para obter o que queremos, enquanto a soma dos benefícios que recebemos ao obter o que buscamos representa o preço de valor. Preço de mercado – o preço de mercado também chamado de preço de equilíbrio, representa o preço que se forma no mercado, levando em consideração os interesses dos consumidores e dos produtores de forma conjunta. Isto é possível quando a quantidade demandada pelos consumidores é igual à quantidade ofertada pelos produtores. Praça Antes de abordamos sobre a variável praça, devemos lembrar que o composto praça possui um significado diferente do que normalmente temos do termo. Praça, no caso de marketing, se refere aos canais de distribuição. A função da 18UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas distribuição diz respeito à movimentação física dos produtos para os consumidores finais, são os intermediários, que têm o objetivo de levar o produto adequado ao lugar certo por meio dos canais de distribuições apropriados, fazendo com que não haja falta de produtos em nenhum mercado importante. A seguir encontra-se representando o fluxo de distribuição simples. Fluxo de distribuição simples. Fonte: o autor. As atividades de distribuição são muito importantes, pois não adianta ter produtos inovadores, a um preço atrativo se os produtos não conseguem chegar até o alcance dos compradores quando estes o desejam. A distribuição envolve todos os estágios do desen- volvimento de um produto ou serviço, desde as compras dos recursos ou matérias-primas, pela fabricação, até as vendas finais. O número de distribuidores é variável de acordo com o negócio e o mercado, po- dendo ter a ausência de um intermediário (distribuidor), ou pode ter também mais de um intermediário, sendo alguns exemplos de intermediários, varejistas e atacadistas. Promoção A partir dos conceitos estudados anteriormente compreendemos como os produtos são desenvolvidos, administrados, como se determinam os preços e se movimentam para o consumidor. Assim, agora vamos explorar um dos aspectos de marketing que talvez seja o mais conhecido por todos, a promoção, também chamada de comunicação. Primeiramente, temos que entender que o termo promoção, assim como o termo praça, que vimos anteriormente, tem um significado diferente do que normalmente conhe- cemos. Promoção, se refere às estratégias de divulgação, de como a empresa irá informar e persuadir os consumidores sobre seus produtos. Para isso, a área de promoção utiliza-se de três ferramentas, propaganda, relações públicas e promoção de vendas. a) Propaganda O conceito de propaganda é definido como uma forma remunerada de apresentação não pessoal de ideias, produtos, ou serviços por meio de uma identificação do patrocinador. Os anúncios são formas eficazes em termos de custos e de disseminação de mensagem. As empresas, organizações e cooperativas podem ter diferentes formas de lidar com a propaganda, algumas optam por contratar agências de propaganda outras têm seu 19UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas próprio departamento. A função do departamento de propaganda envolve a decisão sobre orçamento, o desenvolvimento de estratégia da propaganda, aprovação de anúncios e campanhas, bem como o controle destas. Para desenvolver uma propaganda, os gerentes devem começar pela identificação do mercado-alvo e dos desejos do consumidor. Após esta identificação, o departamento responsável pode tomar as principais decisões que são resumidas nos 5Ms: 5 M´s. Fonte: o autor. b) Relações públicas É uma atividade da variável promoção que tem como objetivo comunicar uma ima- gem positiva do produto ou serviço. Essa área é responsável por uma série de ferramentas como publicações, eventos, notícias, identidade de mídia, relação com imprensa. A publicidade é uma das principais e mais conhecidas atividades das relações públicas, ela pode ser definida como informações comunicadas por meio de mídias como jornais, televisão, rádio, ou seja divulgar, tornar público um produto, uma ideia. Tem o ob- jetivo de dar maior identidade a um produto, serviço ou a própria empresa, estimulando a ação da compra. 20UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas c) Promoção de vendas Consiste em um conjuntode atividades que tem como intuito incrementar as vendas em curto prazo, estimular compras mais rápidas. Como exemplo de práticas da promoção de vendas podemos citar amostras grátis, cupons de descontos, brindes, garantias e descon- tos em geral que são direcionados ao mercado. No entanto, é comum também a promoção empresarial para a equipe de vendas, exemplificadas por concurso para vendedores, feiras comerciais e convenções. 21UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas Tópico 3: PAPEL ESTRATÉGICO DAS VENDAS De acordo com Kotler e Armstrong (2007, p. 408), a “[...] venda pessoal constitui o braço interpessoal do mix de promoção.” Isso significa dizer que é o único instrumento do composto de marketing cuja comunicação é feita de forma pessoal e direta entre a empresa e seus clientes individuais. São os profissionais de venda que repassam ao comprador um conjunto de infor- mações sobre o produto e/ou serviço, esclarecem as dúvidas, fecham o pedido, formam imagem, entre muitas outras atividades. O papel da força de venda varia de empresa para empresa. O uso de uma organiza- ção de força de vendas diretas – pessoas contratadas, em caráter permanente, para vender pessoalmente aos consumidores – é apenas uma das opções da estratégia go-to-market. Além da força de vendas direta, a publicidade e a promoção de vendas, o tele- marketing, os revendedores com valor agregado e a internet podem desempenhar papel importante na geração de vendas. Muitas empresas, devido à natureza de seus negócios, aliada aos seus objetivos es- tratégicos, acreditam inteiramente na força de vendas face a face; outras decidem pela utili- zação de call centers telefônicos; algumas empresas vendem, principalmente, pela internet. SAIBA MAIS Em Marketing, a expressão “estratégia go-to-market”, relaciona-se aos canais que uma empresa se utiliza para se comunicar e se relacionar com seus clientes. É um componente da estratégia global de marketing. 22UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas A estratégia go-to-market muda de acordo com as circunstâncias de mercado. Na atualidade, as empresas enfrentam intensa concorrência, mercados cada vez mais globali- zados, aceleração da inovação tecnológica e os demais eventos que envolvem as variáveis incontroláveis e competitivas do marketing e que exercem fortes influências nas vendas empresariais. Diante da complexidade dos mercados e do perfil dos consumidores, que estão cada vez mais informados e exigentes, a força de vendas deve ser administrada como parte da estratégia da empresa ou da unidade de negócio. Para De Miguel (2006, p. 311), “[...] a missão da força de vendas deve ter como base a análise do entendimento dos ambientes interno e externo da empresa.” No que se refere ao ambiente interno, a análise diz respeito à revisão do negócio, da missão, das políticas, dos objetivos, das competências e dos recursos disponíveis. No que diz respeito ao ambiente externo, a análise deve considerar as variáveis que atuam sobre a empresa, tais como: clientes, clientes de clientes, intensidade da concorrência, potencial de mercado, canais de marketing, forças reguladoras, economia, tecnologia, política, sociais e culturais. Na figura a seguir, você pode visualizar a força de vendas como parte da estratégia da empresa ou de uma unidade de negócio. Força de venda como ferramenta estratégica. Fonte: o autor. As estratégias da força de vendas devem estar alinhadas com as estratégias em- presariais e observar as tendências das estratégias em marketing, em relação ao qual, na 23UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas atualidade, existem duas grandes tendências: o marketing de relacionamento e a rede de marketing. O marketing de relacionamento, de acordo com Pepers e Rogers (1997, p. 59), é “o processo pelo qual uma empresa estabelece as alianças de longo prazo com seus clientes atuais e potenciais em que tanto o vendedor e comprador são direcionados a um conjunto de objetivos.” Para atingir esses objetivos, faz-se necessário, no entendimento de Evans e Laskin (1994): • entender as necessidades dos clientes; • tratá-los como parceiros; • ter a certeza de que os colaboradores vão satisfazer as necessidades dos clientes; • oferecer a melhor qualidade possível aos mesmos. A rede de marketing: Para enfrentar a forte concorrência de mercado e criar vantagem competitiva, muitas empresas estão formando parcerias e alianças com seus fornecedores e canais de distribuição para melhor atender o consumidor final. Um exemplo dessa forma relativamente nova e muito criativa de comercialização de produtos e serviços em alta escala foi a criação, em 1997, pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), da Associação ECR Brasil, para implantar as ferramentas e processos do sistema ECR – Efficient Consumer Response (Resposta Eficiente ao Consumidor) –, entre seus participantes em diversos processos empresariais. A utilização deste sistema prevê economia nas seguintes áreas: marketing, admi- nistração de promoção no varejo e redução nas falhas de lançamento de produtos; nas transações de compra e venda haverá menos gastos, e na administração central, pelo uso de menor número de transações, ordem de compras automáticas via EDI – Electronic Data Interchange (Intercâmbio Eletrônico de Dados) –, redução de descontos e administração simplificada. O sistema ECR produz implicações positivas nos participantes da cadeia de dis- tribuição, que tendem a repassar aos consumidores finais os ganhos alcançados, tornan- do-se, dessa forma, mais competitivos e, como consequência, ter crescimento superior à média da indústria. O que vimos a partir das informações apresentadas sobre a importância e o papel estratégico da venda pessoal mostra que cabe ao executivo de vendas planejar, organizar, direcionar e controlar a venda pessoal em todos os aspectos. 24UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas Tópico 4: TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO E VENDAS Os profissionais de vendas estão expostos a uma série de fatores que interferem no desempenho das vendas, dentre eles pode-se apontar: a capacidade de raciocínio, a criatividade, a comunicação; a dependência em relação ao resultado da negociação, o es- tado emocional, a capacidade econômica e financeira. Além do que existe todo o contexto da outra ou das outras partes. Desse modo, para que os vendedores tenham sucesso nas vendas, devem se preparar para poder lidar com todo e qualquer tipo de possíveis imprevistos ao longo da ne- gociação. Ele pode fazer isso por meio da escolha de uma dentre as inúmeras concepções existentes em relação ao processo de negociação. Aqui, elegeu-se apresentar o processo de Wanderley (1998), cujas etapas você pode acompanhar no quadro a seguir. 25UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas Etapas do processo de negociação. Fonte: Wanderley, 1998. O processo de negociação compreende estratégias e táticas que devem ser pen- sadas no sentido de atingir os objetivos que envolvem impasses que podem surgir ao longo da negociação e, na maioria, são originados das diferentes formas de perceber a realidade; envolve também as questões do processo de comunicação, as diferenças de crenças, os valores e os interesses, a superação de conflitos, assim como as concessões que cer- tamente ocorrem entre o que é traçado e aquilo que vai acontecer, de fato, no processo negocial, na busca dos objetivos. Dessa forma, o profissional de vendas, além de preparar as etapas da negociação, deve preparar-se para ouvir atentamente as partes, levando em consideração a posição de cada uma das partes, procurando iniciar a negociação pelos pontos em comuns. Outro aspecto relevante para uma boa negociação é a coleta de informaçõescompleta sobre os pontos que envolvem a negociação – quem é o cliente, o que já negociou com ele, que fatos relevantes estiveram presentes nas negociações anteriores, ações dos concorrentes etc. – e, se for a 1ª negociação, o vendedor deve levantar todas as informações possíveis 26UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas de quem é o negociador, qual o negócio, como são percebidos no mercado, quem são os concorrentes etc. Do ponto de vista do marketing, em relação à negociação, são colocadas na pauta questões relativas ao preço, condições de pagamento, prazo de entrega, qualidade, suporte técnico, assistência técnica, em alguns casos treinamento, dentre outros. De acordo com El Sayed (2003, p. 43) os erros mais frequentes no processo de negociação estão relacionados com a falta de planejamento do que deverá ser realizado durante os encontros negociais. São eles: ● negociar com a pessoa errada; ● insistir em uma posição; ● sentir-se impotente durante uma negociação; ● perder o controle da negociação; ● afastar-se das metas e limites estabelecidos; ● preocupar-se demais com o outro; ● pensar na “resposta certa” no dia seguinte; ● culpar-se pelos erros dos outros. A maioria dos estudiosos sobre o tema negociação, tanto estrangeiros quanto brasileiros, destaca como definidores dos estilos de negociação as características de se dar ênfase ao outro lado que está negociando ou de preocupar-se em garantir os próprios interesses. Dentro dessa perspectiva, consideram-se também os estilos de negociação, as ca- racterísticas de formalidade ou de informalidade. Independente desse ou daquele aspecto valorizado nas negociações, parece que, na atual realidade do mercado, o processo de negociação deve contemplar a busca da mútua satisfação. Acredita-se que um bom começo para obter êxito na negociação é primeiramente identificar qual é o seu próprio perfil. Depois disso, deve-se identificar o perfil da outra parte ou partes para colocar o processo de negociação em andamento. Desse modo, veja algumas considerações quando verificar que seu oponente é: ● Efetivo: você deve ser direto, buscando otimizar seu tempo; deve focar-se nos resultados a serem atingidos na negociação. Deve demonstrar-se eficiente e eficaz. Procure valorizá-lo sempre que possível, destacando suas qualidades. ● Analítico: com esse tipo de negociador você deve utilizar dados, mostrar-lhe resultados de pesquisa, para convencê-lo de que o que você está propondo tem embasamento. Nesse caso, também é importante oferecer-lhe alternativas para que ele possa analisar. Não force a tomada de decisão. Lembre-se de que esse 27UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas tipo de negociador precisa se sentir seguro e precisa de tempo para análise. ● Relativo: nessa circunstância, deve-se valorizar e ter bom relacionamento com o negociador, uma vez que ele aceita bem as diferenças individuais. Sendo assim, você pode explorar a negociação por meio dos demais, estabelecendo assistência e apoio para aquilo que for preciso, todavia não deixe de lado as questões referentes ao interesse do grupo. ● Intuitivo: para negociar com esse perfil, você deve estar preparado para res- ponder a muitos questionamentos, e muitas vezes eles vão fazer parte de “um mundo das possibilidades, ao invés da realidade”. Dessa maneira, deve-se estar atento para trazer as discussões para os objetivos reais da negociação para não se perder em questões secundárias. Acredito que você está percebendo que é indispensável estudar as questões téc- nicas e comportamentais que envolvem o profissional de vendas. Dessa forma, chegou o momento de entender as questões que envolvem o estilo dos negociadores. Pode-se entender como estilo de negociação, de acordo com Martinelli (2004), a descrição de todas as características de comportamento de um indivíduo que envolve um encontro de negociação, incluindo, a impressão inicial, as atribuições de situações vivencia- das, as questões de outras fontes não relacionadas ao conhecimento e o comportamento subsequente durante as negociações. A literatura apresenta diversas classificações do estilo dos negociadores. Dentre as existentes, escolheu-se a concepção de Matos (2003). Acompanhe. ● Racional: Os negociadores que têm este estilo são centrados em ideias e orientados para os objetivos que pretendem alcançar, discutem as questões levantadas e utilizam os fatos para convencer. Geralmente, eles estão atentos à fixação de pontos convergentes que deem objetividade à discussão e levem ao acordo. ● Sociável: Nesse estilo, os negociadores são motivados pelos relacionamentos, primam pelo trabalho em equipe, procuram estabelecer laços afetivos e confra- ternizadores. Correm o risco da negociação se desviar para assuntos aleatórios, causando perda de tempo, saturação e desgaste. ● Metódico: Os negociadores metódicos são centrados no processo de discus- são, estão sempre atentos aos regulamentos e à legislação específica, o que os tornam pouco flexíveis às mudanças. É o comportamento típico dos tecnocratas. Na negociação, reserva o tempo inicial para a discussão dos aspectos formais, passando depois para a essência do problema com propostas claras e incisivas. 28UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas ● Decidido: Os negociadores desse estilo são voltados à solução rápida dos problemas e não costumam perder tempo com detalhes. Apontam diretamente os pontos sensíveis da questão para solucioná-la prontamente; no entanto, o excesso de objetividade pode levá-los a omissão de pontos importantes, per- cepção desviada e, consequentemente, a um diagnóstico equivocado. O breve panorama sobre os estilos dos negociadores tem somente intenções di- dáticas, para facilitar a compreensão sobre o tema. Não há aqui a pretensão de apontar “receitas infalíveis”, mesmo porque, na opinião de Matos (2003), elas não existem no mundo das negociações, e sim a intenção de apontar a relevância do entendimento dos possíveis tipos de comportamento dos negociadores para o para o êxito das transações comerciais. Os negociadores devem estar atentos às mudanças do mercado, pois elas provocam alterações na forma de negociar. Logo, isso vai exigir que os negociadores as contemplem no desenvolvimento de suas estratégias negociais. As diferenças entre os dois pontos de comércio são bem definidas e perceptíveis de acordo com Fernandes et al. (2011). No comércio tradicional a responsabilidade dos resultados da negociação é creditada aos profissionais de vendas e no eletrônico a respon- sabilidade é de ambas as partes (comprador e vendedor). Neste caso, é necessário que no processo de compra se tenha uma boa comunicação e que tal processo seja universal, para que qualquer interessado possa efetuar a compra sem dificuldade e com sucesso, entendendo todos os procedimentos (o passo a passo) do processo. Novaes (2007) enumera os principais elementos que diferenciam o comércio físico do e-commerce. São eles: a. os serviços de comunicação; b. o gerenciamento de dados e os mecanismos de segurança; c. o atendimento de 24 horas por dia e sete dias por semana d. não necessita de espaço físico para mostrar seus produtos/serviços; O mesmo autor aponta que as principais vantagens do e-commerce são: a. as relações mais ágeis entre consumidores e vendedores; b. a inserção instantânea dos produtos e serviços no mercado; c. a redução da burocracia e análise mercadológica facilitada. Em contrapartida, os principais problemas que podem ocorrer são as fraudes, controle de impostos, proteção da propriedade intelectual, confidencialidade e confiança. 29UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas CONSIDERAÇÕES FINAIS Os profissionais de marketing evendas usam estas variáveis para estabelecer um plano de marketing. Para o plano de marketing ser bem-sucedido, a estratégia traçada para os quatro pês, deve refletir a melhor proposta de valor para os consumidores de um merca- do-alvo bem definido. A administração de marketing é a aplicação prática deste processo. As estratégias são necessárias para se combinar métodos individuais, como publi- cidade, venda pessoal e promoção de vendas em uma campanha coordenada. Além disso, as estratégias promocionais devem ser ajustadas quando um produto se move dos estágios iniciais de vida para os finais. As decisões estratégicas também devem ser tomadas com relação a cada método individual de promoção. Os quatro fatores do marketing mix (também chamado de mix de marketing) estão inter-relacionados; decisões em uma área afetam ações em outra. Para ilustrar, o projeto de um mix de marketing certamente é afetado pelo fato de a empresa escolher competir com base no preço ou em um ou mais fatores. Quando uma empresa depende do preço como ferramenta competitiva primária, os outros fatores devem ser desenhados para dar suporte a uma estratégia de preço agressiva. Em uma concorrência fora da área de preço, entretanto, as estratégias de produto, distribuição e/ou promoção vêm na frente. 30UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas Leitura Complementar Mix de Marketing – Conheça mais sobre os 4 P`s de Marketing Um dos conceitos mais clássicos e famosos do assunto, o Mix de Marketing ou Composto de Marketing, foi criado com o intuito de fortalecer o conceito de marketing, segundo o qual, sua função é agregar mecanismos que fazem com que o seu produto/ marca/serviço possa ser adquirido Mas, na prática, o que são os 4 P`s de marketing e como ele pode ser desenvolvido pela sua empresa? E mais: o que isso fará com o seu empreendimento? Quais são os 4 P`s de Marketing? Os 4 P`s na verdade representam os quatro pontos mais importantes de qualquer estratégia de marketing: produto, preço, praça e promoção. O objetivo destas 4 palavras e seu significado vão de encontro a um único fim: vendas. Logo após a construção da sua marca, estes 4 pontos são as questões-chave que levarão a sua empresa/empreendimento ao sucesso. P de Produto Em primeiro lugar para a sua empresa existir ela precisa oferecer algo ao mercado. Neste ponto é preciso definir o que é que está sendo oferecido e porquê. Qual a necessida- de dele no mercado. Enumerando, é preciso questionar-se os seguintes aspectos: ● O que o seu produto tem a oferecer/somar aos clientes em potencial? ● Que funções ele desenvolve para tal? ● Em que circunstâncias ele será essencial? ● Como ele é fisicamente (ou estruturalmente se for um serviço)? ● Qual o seu diferencial em relação aos seus concorrentes? Além deste ponto é necessário saber quanto tempo de mercado este produto/servi- ço irá ser rentável e partir disso definir, anteriormente, estratégias para o futuro. P de Preço Neste ponto reside a função de existir de seu empreendimento, já que é a partir do dinheiro arrecadado com o seu produto que surgirá retorno para a existência e permanência 31UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas da sua marca. Aqui cabem alguns outros questionamentos como: ● Qual o valor deste serviço/produto para o seu cliente? ● Quais as faixas de preço para produtos e serviços nas determinadas áreas de distribuição? ● Como o cliente reagirá ao preço? ● Qual o preço da concorrência? Respondendo a estas perguntas tenha em mente que o seu produto carregará sua marca e é através da sua qualidade (ou não) que ela se sustentará em relação a outros produtos da empresa. P de Praça Aqui cabe saber uma definição melhor a respeito do assunto (no que diz respeito à sua tradução – Placement – que pode ser traduzido para a área como “Colocação de Mercado”, e, como os outros pontos, merecem ser questionados nos seguintes pontos: ● Em que locais o seu público-alvo costuma comprar os concorrentes do seu produto? ● Virtuais? Quais? ● Físicos? Quais? ● Para uma melhor distribuição, o que sua empresa pode fazer a respeito? Neste ponto será definido como e onde sua empresa estará disponível para os seus clientes. É preciso definir um local em que público-alvo e produto/serviço estejam num encontro inevitável – e que este encontro resulte em venda. P de Promoção No sentido de promover sua marca e seu produto, este ponto tem como objetivo transfigurar o sentido literal da palavra marketing numa estratégia de vendas efetiva. Cabe questionar-se: ● Quando e onde seu público-alvo poderá ser impactado pelas mensagens de marketing? ● Que canais de comunicação são os mais efetivos às vendas de seu produto/ serviço? ● Qual o melhor momento para vender o seu produto? ● Como a concorrência faz isso? Disponível em: https://www.industriahoje.com.br/mix-de-marketing-conheca-mais-sobre-os-4-ps-de-marketing 32UNIDADE I Conceitos Centrais de Vendas Material Complementar LIVRO (OBRIGATÓRIO) Título: Marketing 3.0 Autor: Philip Kotler Editora: Campus Sinopse: O novo modelo de marketing - Marketing 3.0 - trata os clientes não como meros clientes, mas como os seres complexos e multifacetados. Estes, por sua vez, estão escolhendo produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades de participação, criatividade, comunidade e idealismo. Neste livro, Philip Kotler, o mais influente pensador da área de marketing de todos os tempos, mostra porque o futuro do marketing está em criar produtos, ser- viços e empresas que inspirem, incluam e reflitam os valores de seus consumidores-alvo. Ele também explica o futuro do marketing e porque a maioria de seus profissionais está presa ao passado. FILME (OBRIGATÓRIO) Título: Onze Homens e Um Segredo Ano: 2001 Sinopse: Danny Ocean é um homem de ação. Menos de 24 horas depois de sair de uma penitenciária de Nova Jérsei, o carismático ladrão já está traçando seu próximo plano. Ele tem três regras: não machuque ninguém, não roube de quem não mereça e jogue como se não tivesse nada a perder. Danny orquestra o maior roubo a cassino da história. WEB ● 4Ps, 4Cs e 4As são ferramentas que você pode utilizar para alcançar seus objetivos de marketing. ● Link do site: https://www.youtube.com/watch?v=DwnM_FgtBp0 33 Plano de Estudo: • Tópico 1: A ATIVIDADE COMERCIAL E O PROFISSIONAL DE VENDAS • Tópico 2: PLANEJAMENTO E PREVISÃO DE VENDAS • Tópico 3: ORGANIZAÇÃO DA FORÇA DE VENDAS • Tópico 4: FASES DE VENDA E SUAS TÉCNICAS Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar o profissional de vendas • Compreender as estratégias e a força de vendas • Entender sobre gerência de uma força de vendas UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda Professor Mestre Fábio Oliveira Vaz 34UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda INTRODUÇÃO A atividade de vendas tem que refletir uma visão estratégica da organização, seja esta expressa em um plano de vendas, um planejamento estratégico, um plano de marke- ting ou em um plano de negócios. Assim, a atividade de vendas deve responder às estratégias estabelecidas em um planejamento de marketing sendo, portanto, resultado de um direcionamento claro quanto a qual destino se pretende alcançar através da definição de produtos, preços, forma de distribuição e ações promocionais. É preciso compreender o papel de vendas dentro da transação entre a empresa e o cliente e dentro do esforço de marketing como um todo. Sabe-se que compradores desempenham diversas atividades para realizar uma compra. De fato, não é simplesmente o preço pago pela compra que representa o valor entregue para aquisição de determinado produto ou serviço. Existe o desgaste psicológico e físico,o investimento de tempo, entre outros aspectos. Os custos dessas atividades variam e estão inseridos no processo de compra e venda. O objetivo deste processo é compreender o papel do vendedor como redutor des- ses custos de compra de um cliente durante a transação. Entender quais são as atividades realizadas pelos consumidores e como elas variam, dependendo de ocasiões e do tipo de consumidor, pode dar a dimensão mais precisa do papel que se espera do vendedor. 35UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda Tópico 1: A ATIVIDADE COMERCIAL E O PROFISSIONAL DE VENDAS Como em qualquer outra profissão, a carreira na área de vendas tem característi- cas próprias. E, dentre as diversas opiniões existentes sobre o tema, busca-se a opinião de Ingram et al. (2009), que entendem serem necessárias as seguintes características para a carreira de vendas: a. Segurança no emprego Por serem geradores de receita, os profissionais de vendas desfrutam de uma se- gurança de emprego relativamente boa, se comparados aos demais grupos ocupacionais. Indubitavelmente, a segurança no trabalho individual vai depender do desempenho de cada profissional, mas, geralmente, o grupo de vendedores é o último a ser afetado por corte de pessoal. b. Oportunidade de progresso Quanto mais competitivo for o mundo dos negócios, maiores são as oportunidades de progresso aos profissionais de vendas. Esta variável contribui para tornar a carreira de vendas atraente. “Em mercados altamente competitivos, indivíduos e empresas bem-su- cedidos em determinar e atender às necessidades dos clientes serão recompensados.” (INGRAM et al., 2009, p. 42). c. Feedback imediato Os profissionais de vendas são informados do desempenho de seu trabalho. Os resultados de seus esforços podem ser observados e acompanhados tanto pelos vendedo- res quanto pelos seus gerentes de vendas. Sem contar que, diariamente, os profissionais 36UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda de vendas recebem informações dos clientes e isso pode se tornar desafiador, estimulante e produtivo. A possibilidade de reagir, de maneira imediata, ao feedback do cliente durante um atendimento é um benefício único da venda adaptável e a diferencia de outras ferra- mentas da comunicação de marketing, como a propaganda e relações públicas. O feedback imediato tem como “ingredientes” a espontaneidade e a criatividade, o que torna a atividade de vendas dinâmica e interessante. d. Prestígio Como já vimos, as vendas não têm sido uma atividade de prestígio na percepção do público de forma geral. Todavia, há provas de que, na medida em que o público aprende mais sobre as ocupações e as qualificações dos profissionais de vendas, a imagem dos vendedores melhora e, por consequência, o prestígio de vender aumenta. À exceção das publicações de negócio, uma análise da imprensa demonstra que há mais considerações positivas do que negativas sobre os profissionais de vendas que se tornam notícia. Na dimensão positiva, estes profissionais são vistos como conhecedores de suas atividades, bem treinados, corteses e educados, preparados e capazes para resolverem os problemas dos clientes. Por outro lado, os aspectos negativos estão centrados em técnicas de enga- nação e alta pressão. e. Carreira dinâmica Monotonia e tédio são aspectos que não se encontram nas atividades de um profis- sional de vendas, visto que seu trabalho é muito dinâmico e multifacetado. Na área de vendas, a regra é a variação diária no trabalho, pois os clientes mudam, novos produtos e serviços são desenvolvidos e lançados e os concorrentes lançam outros componentes em ritmo acelerado. f. Remuneração É, sem dúvida, considerada uma das vantagens desta carreira. Ela está vinculada ao desempenho, em especial, se as comissões e os bônus estiverem vinculados no pacote da remuneração. g. Independência Devido à natureza das funções de vendas, elas, de modo geral, permitem a inde- pendência das ações. Essa independência, geralmente, é um subproduto das operações descentralizadas de vendas, uma vez que os profissionais de vendas trabalham longe da sede das empresas, isto é, exercem suas atividades profissionais em casa e elaboram seus próprios planos de viagem. A independência de ação e a liberdade para tomar decisões geralmente são percebidas como vantagens que as funções de vendas possuem sobre funções que são 37UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda bastante supervisionadas. Todavia, a independência, apesar de seu apelo, mostra algumas disfunções. Por exemplo, novos contratados que desenvolvem suas atividades de vendas em casa podem considerar um tanto confusa a falta de um escritório, pois, para eles, é impor- tante ter um ambiente onde haja a quem se reportar para tirar dúvidas, trocar ideias, em especial, se a experiência de trabalho anterior proporcionava um contato regular. A independência de ação, há muito desfrutada pelos profissionais de vendas, é muito mais examinada e monitorada pelos gerentes de vendas na atualidade do que no passado, pois a ênfase na produtividade, conquistada, em parte, por meio da redução de custos, vem estimulando os gerentes a assumirem um papel mais participativo no planeja- mento de viagens e no cronograma de visitas. Na área de vendas, existem muitas funções que podem ser exercidas pelo profis- sional. Todavia, o termo vendedor não é, em si, muito descritivo. Desse modo, um vendedor pode ser o atendente do bar da esquina ou um executivo negociando a venda de jatinhos da Boing para os Emirados Árabes. Um profissional de vendas pode trabalhar em diversas áreas do mercado, tais como: varejo, atacado e representação comercial. Veja a explicação de cada uma delas. ● O varejo inclui todas as atividades na área de bens e serviços, diretamente repassados aos consumidores finais para uso pessoal. ● O atacado, de forma genérica, são unidades de negócios que compram e revendem mercadorias ao varejo e a outros comerciantes e/ou outros estabe- lecimentos industriais, institucionais e usuários comerciantes, que não vendem em pequenas quantidades a consumidores finais. A representação comercial pode ser exclusiva ou não exclusiva. A exclusiva ge- ralmente é feita por pessoas jurídicas, comissionadas para vender a linha de produtos de uma empresa, em uma relação contratual. A não exclusiva trabalha com produtos similares de empresas diferentes. Dependendo da natureza dos negócios de uma empresa, um profissional de venda pode realizar diversas funções. O profissional pode exercer o cargo de gerente de território, misturando as responsabilidades em desenvolver novos negócios, manter e estimular os negócios já existentes e realizar atividades de apoio às vendas. 38UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda SAIBA MAIS Segundo Underhill (2008), levando em consideração os altos índices de compra por impulso, é fundamental que as empresas compreendam e facilitem o processo, entende-se isso como geração de valor, atendendo as necessidades e satisfação dos desejos. Sendo assim, a etapa considerada mais importante no processo de aquisição de produtos e serviços se caracteriza pelo momento da compra no ponto de venda. Fonte: baseado em Mota (online). Diversas são as classificações a respeito dos tipos de vendedores. Churchill et aI. (2000) classificam os primeiros como vendedores de varejo ou vendedores industriais. Vendedores de varejo atendem usuários finais de produtos, como vendas porta-a-porta ou vendas em lojas varejistas. Já vendedores industriais podem ser vendedores que vendem para revendedores, vendedores que vendem para outras indústrias que irão utilizar o produ- to e, por fim, podem vender para instituiçõescomo órgãos públicos. Dentre os vendedores industriais, alguns tipos são: ● vendedores de canal indireto (trade selling): a principal função é entregar aos distribuidores material promocional e dar assistência. São vendedores que atendem varejistas. Um exemplo são os vendedores das indústrias que atendem varejistas como Carrefour ou ainda lojas de conveniência ou mesmo revendas agropecuárias; ● missionários: a função do missionário geralmente não é gerar vendas diretas, coletando pedidos, por exemplo. Geralmente ele trabalha com influenciadores do processo de compra. Exemplos clássicos são os vendedores de indústrias farmacêuticas que trabalham distribuindo produtos e levando informações a médicos ou ainda vendedores que atuam sobre canais de distribuição, como por exemplo um vendedor de uma indústria de bebidas que visita um restaurante buscando motivá-lo a realizar compras no distribuidor local; ● venda técnica: gera vendas através do suporte e orientação técnica para seus clientes. É o vendedor muitas vezes denominado consultor técnico. Como exemplos, as vendas de celulares, de equipamentos para aquecimento solar em residências, entre outros; ● vendedores de novos negócios: o objetivo é identificar novos clientes. Após o 39UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda início dos negócios, esses clientes são encaminhados para a equipe de vendas responsável pela manutenção de clientes. Outra classificação de Kotler (2000) traz também o aspecto da complexidade da função de vendas. São os seguin- tes os tipos de vendedores industriais de acordo com o autor, indo da menor complexidade da venda para a maior. ● entregador: sua principal tarefa é a entrega. Entregadores de produtos como jornais, pão e leite, por exemplo, seriam vendedores nesta definição; ● representante de conta: sua principal função é a captação de pedidos. No Brasil, empresas do setor de alimentos como Coca-Cola, Ambev, Danone ou Nestlé usam esta estrutura em que o objetivo maior é o de visitar o maior núme- ro de clientes possível e captar os pedidos, com baixas atividades de vendas propriamente ditas; ● técnico ou engenheiro de vendas: é, além de um vendedor, um consultor téc- nico. Por exemplo, vendedores de insumos agrícolas levam instruções técnicas sobre os produtos que vendem e os negócios do seu cliente; ● vendedor de soluções: esse tipo de vendedor não está relacionado a uma empresa ou linha de produtos específica; ele se concentra em algumas ne- cessidades dos clientes e trabalha vendendo a melhor solução para saná-las. Consultores agrícolas ou profissionais de informática podem ser classificados como vendedores de soluções; ● vendedor de intangíveis: por fim, existem os vendedores que comercializam serviços como seguros, viagens e cursos. Pelas características intangíveis dos serviços, essa venda é entendida como extremamente difícil. Indiferentes ao tipo de vendedor, diversos livros e artigos de vendas, além da rotina empresarial, têm mostrado um novo papel do vendedor destacando mudanças importantes na sua filosofia de trabalho. Tendências como aumento da educação dos consumidores, das exigências do consumidor sobre as empresas e da concorrência em diversos merca- dos, multiplicidade de canais de comunicação e distribuição disponíveis aos consumidores e tecnologia de informação levaram a área de vendas a repensar suas atividades e redefinir o seu papel. A orientação para os desejos e necessidades do consumidor, o trabalho ético, a necessidade de adaptação das abordagens de venda aos diferentes segmentos atendidos e uma boa administração de informações sobre os clientes, produtos e a empresa que representa, além de extremo profissionalismo, são alguns dos tópicos discutidos sobre a nova postura do profissional de vendas. 40UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda O vendedor deve estar orientado para a construção de relacionamentos com os clientes. O trabalho do vendedor deve ser orientado para a construção de confiança para que, mesmo em detrimento da perda de vendas no curto prazo, no longo prazo os ganhos pelo estabelecimento desse relacionamento sejam superiores. O relacionamento pode re- presentar orientação técnica, serviços e também bom relacionamento social. O vendedor, mais do que nunca hoje, deve resolver problemas. Os métodos de vendas devem ser muito mais baseados em métodos soft do que hard. Métodos hard são aqueles em que o vendedor tentará vender sem levar em consideração a real necessidade do cliente. Em outras palavras, o produto será vendido mesmo se o cliente não estiver certo de que precisa dele. É uma orientação de curto prazo, porque após a venda ser feita o cliente certamente se dará conta de que não precisava daquele produto ou daquela quantidade e se sentirá enganado. Estocar clientes de forma demasiada para atingir volumes de venda é um caso clássico de orientação de curto prazo, provavelmente estimulada por programas de remuneração baseados em volume. Métodos soft são aqueles em que os vendedores estão preocupados com a resolução dos problemas dos clientes e, consequentemente, constroem relacionamentos baseados em confiança e em um bom nível de serviços. 41UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda Tópico 2: PLANEJAMENTO E PREVISÃO DE VENDAS Na atualidade, os mercados estão cada vez mais complexos e dinâmicos alterando rapidamente aspectos do perfil do segmento de mercado de atuação das instituições. Por- tanto, as estratégias da venda pessoal devem ser formuladas considerando essa realidade. Em vista de tal premissa, os executivos de vendas enfrentam muitos dilemas. Dessa forma, na hora de elaborar as estratégias e a estrutura da força de vendas, é preciso levar em consideração alguns questionamentos, relacionados a seguir: ● Como organizar os profissionais de vendas e suas tarefas? ● Como determinar o tamanho da força de vendas? ● Venda individual ou por equipe? ● Vender em campo, por telefone, e/ou pela internet? Além dos questionamentos acima indicados, é preciso também ter em mente que a formulação da estratégia da força de vendas varia muito, de acordo com a realidade empresarial, a natureza do negócio e o segmento de atuação. Nesse sentido, Zoltners et al. (2001) acreditam que é possível identificar quatro tipos comuns de estratégias que são utilizadas na articulação da força de vendas. São elas: 1. A empresa que dá ênfase aos resultados Este tipo de estratégia está centrado em atingir metas de vendas, lucros, fatia de mercado ou satisfação do cliente. 2. A empresa concentra-se nas atividades e comportamento Neste caso, a estratégia da força de vendas inclui contatar mais clientes, abrir 42UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda novas contas, desenvolver relacionamentos, melhorar a prestação de serviços aos clientes atuais, esforçar-se mais na atividade de pesquisa de mercado ou coorde- nar-se com os parceiros de canais de distribuição, como os distribuidores, a equipe de telemarketing ou revendedores com valor agregado. 3. A empresa formula suas estratégias a partir das pessoas e culturas O foco está no aprimoramento das técnicas, conhecimentos e capacidades, e na alteração das normas e dos valores que orientam as opções de estilo de trabalho da força de vendas. 4. A empresa concentra sua estratégia no investimento da força de vendas e nas decisões relativas a elas. Esta estratégia direciona-se para questões como o aumento dos investimentos ou redução das despesas com a organização de vendas, a reorganização da força de vendas, um novo plano de remuneração, um novo programa de aumento de produtividade ou iniciativa de treinamento. A determinação da estratégiaimplica na formação da estrutura da força de vendas. E a força de vendas bem estruturada permite o desenvolvimento do planejamento de vendas eficaz. Nesse momento do estudo, é hora de entender as etapas do planejamento de vendas, que passam pelas análises, pela determinação das oportunidades e do potencial de mercado, pelo potencial de vendas e previsão de vendas, pelo estabelecimento dos objetivos, pela formulação das estratégias, estrutura e tamanho da força de vendas. O planejamento da força de vendas requer do gestor de vendas um conjunto de habilidades gerenciais relacionadas ao planejamento, organização, direção e controle, funções básicas da administração. No planejamento, considerando os objetivos da empresa, deve-se quantificar o mercado de atuação, estabelecer o seu potencial, identificar o nível de renda. Dependendo da empresa, ele pode se envolver em muitas outras atividades, sobretudo no que se refere ao levantamento de informações e outras atividades do planejamento mercadológico. Na organização de vendas, as atividades estão voltadas à estrutura de vendas, tais como: recrutamento, seleção, treinamento, alocação de território, motivação, dentre outros. Na função direção, o gerente de vendas deve tornar efetivo aquilo que foi planejado e ter especial empenho no cumprimento dos objetivos, metas, estratégias, como também liderar a equipe. E, por fim, no controle, o gerente de vendas, além de fazer uso do controle da força 43UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda de vendas, deve administrar os custos necessários para atingir determinados objetivos e o controle entre o planejado e o realizado, bem como tomar medidas corretivas, se forem necessárias. Planejamento da força de vendas. Fonte: o autor. Como mostra a figura, o desenvolvimento do planejamento da força de vendas, depois das devidas análises, obedece a quatro fases: o estabelecimento dos objetivos e depois o das estratégias seguido da determinação da estrutura e, por fim, o tamanho da força de vendas. O planejamento é um processo contínuo e dinâmico de tomar decisões atuais que envolvam riscos; organizar de maneira sistemática as atividades necessárias para a execução destas decisões e, por meio de uma retroalimentação organizada e sistemática, medir o resultado dessas decisões considerando as expectativas alimentadas. (DRUCKER, 1999). De acordo com Las Casas (2006), o planejamento das vendas é uma ferramenta importante, porque auxilia as empresas em diversos aspectos, dentre outros fatores: ● na determinação do potencial de faturamento da empresa para os períodos determinados; ● na indicação de quais produtos serão ofertados aos distribuidores, clientes e usuários; ● na projeção da lucratividade esperada; ● no fornecimento de informações adequadas à área de produção ou operações; ● na geração de informações adequadas à área de suprimentos; ● na avaliação do desempenho da equipe de vendas, tanto dos produtos quanto dos mercados; 44UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda ● na identificação de regiões ou clientes com baixo retorno; ● na determinação do sistema de remuneração, premiação e incentivo para a equipe de vendas; ● na verificação de áreas ou territórios onde há necessidade de reforço e super- visão. Para tanto, as estratégias devem ser desenvolvidas contemplando os objetivos da área e a relação pretendida pela organização com seu mercado consumidor. O planejamento de vendas deve conter todas as informações do plano de marke- ting, pelo menos aqueles referentes à análise situacional, ou seja, à análise das variáveis internas para identificar os pontos fortes e fracos da empresa e os eventos do mercado para identificação das ameaças e oportunidades. Depois que o planejador tiver a visão geral do mercado de atuação, ele deve determinar o potencial de mercado, o potencial e a previsão de vendas. Potencial de mercado É quanto um dado segmento do mercado – país, estado, município ou bairro – pode gastar com determinado produto ou serviço. Ou seja, é quanto dinheiro há na mão dos clientes potenciais para comprar um determinado serviço ou produto. (FARIA, 2007). Uma forma comum de estimar o potencial de mercado é: Q = nqp Onde: Q = Potencial de mercado; n = nº. de compradores de um produto/mercado específico sob determinada hipó- tese; q = quantidade comprada média; p = preço de uma unidade média. (KOTLER, 1996, p. 223). Observe o exemplo a seguir. Vamos simular uma situação para aplicação da fórmula? Caso 100 milhões de pessoas comprem livros a cada ano e cada comprador médio adquire 5 livros por ano a um preço médio de R$ 15,00, o potencial total de mercado para livros é de: 100.000.000 x 5 x R$ 15,00 = 7.500.000.000,00 Potencial de vendas É uma parcela do potencial de mercado que uma empresa pode atingir no merca- do em que atua. Considerando o exemplo anterior, no qual o segmento de livros tem um 45UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda potencial de mercado de R$ 7,5 bilhões e sua empresa tem 6% de participação relativa de mercado neste segmento, qual é o potencial de vendas dela? R$ 6 milhões (= 400 mil unidades). Previsão de vendas É determinada a partir da análise ambiental da empresa, da concorrência, das condições internas da empresa, das condições gerais do negócio, do ramo e do produto do mercado. A previsão de vendas relaciona-se à quantidade que um produto/serviço deve vender em um determinado período. Para isso, leva-se em conta a necessidade de receita da empresa, a diversificação do portfólio de produtos/serviços e seus respectivos preços de vendas, a capacidade produtiva da empresa e o potencial de consumo do mercado. Ela pode ser feita por produto, região, mercado ou cliente. Os planejadores podem utilizar métodos científicos e não científicos para determi- nar o potencial de mercado e o potencial e a previsão de vendas. Método científico é uma forma mais sofisticada de investigação que leva em consideração a lógica e a observação sistemática dos fenômenos estudados. Método não científico é menos sofisticado e formal. De acordo com Las Casas (2006, p. 413), a maioria das empresas, em especial as pequenas e médias, utiliza-se de métodos não científicos. Os mais utilizados são: 1. Intenção de compra: considera a intenção de compras futuras dos clientes para o período planejado. 2. Opinião da força de vendas: os profissionais de vendas, pelo relacionamento e conhecimento dos clientes, podem determinar as expectativas de vendas. 3. Vendas passadas: faz-se uma projeção de vendas com base nas informações históricas das vendas, considerando a média dos índices de crescimento alcan- çada, sua variação sazonal e cíclica. 4. Julgamento dos executivos: considera a experiência e a intuição dos executi- vos para a projeção das vendas da empresa no período considerado. O mesmo autor indica que há outros modelos que podem ser utilizados no plane- jamento, como: o modelo matemático, regressão múltipla e estatística. E afirma, ainda, que os planejadores devem determinar seus planos de vendas considerando os seguintes passos: 1. compilação de dados; 2. percepção e estudos dos fatores que podem reduzir a eficiência e o crescimento futuro da empresa; 3. formulação das suposições fundamentais; 46UNIDADE II Planejamento e Estratégias de Venda 4. estipulação de metas e objetivos; 5. determinação das atividades que precisam ser exercidas para alcançar os ob- jetivos; 6. preparo de um cronograma com as atividades. A análise do potencial de mercado e a previsão de vendas são fatores muito im- portantes para as atividades dos gerentes, pois a partir dessas informações eles podem tomar
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