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Alergia ao leite

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A alergia alimentar (AA) é uma reação imunológica, na qual estão envolvidas as imunoglobulinas E ou as células T e, em alguns casos, os dois mecanismos. É uma reação imunológica reprodutível, contra um antígeno alimentar específico geralmente proteico2 . A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é o tipo de alergia alimentar mais comum nas crianças até vinte e quatro meses e é caracterizada pela reação do sistema imunológico às proteínas do leite, principalmente à caseína (proteína do coalho) e às proteínas do soro (alfa-lactoalbumina e betalactoglobulina)3,4,5. É muito raro o seu diagnóstico em indivíduos acima dessa idade, visto que há tolerância oral progressiva à proteína do leite de vaca6,7 . 
Alergia Alimentar é o termo utilizado para, “Resposta imunológica adversa que ocorre à exposição de um dado alimento, como intolerância.” (BOYCE et al, 2010). O leite de vaca possui características que facilitam nosso sistema imune a compara-lo com um antígeno, e em sua composição contêm aproximadamente 30 a 35 g/L de proteínas, sendo as mais relacionadas à alergia alimentar: a β - lactoglobulina, caseína e a α-lactoalbumina. Estas proteínas preenchem as características necessárias para um bom alérgeno por apresentarem propriedades físico- químicas perfeitas para se tornarem antígenos e desencadearem uma resposta imune exagerada, possuem peso molecular entre 10 e 70 kDa e são glicoproteínas hidrossolúveis, sendo algumas delas termoestáveis e resistentes ao processamento digestivo (WAL, 2004). As alergias mediadas pela IgE, possuem um diagnóstico mais fácil e são bem mais compreendidas(FIOCCHI , 2010).Nos indivíduos pré-dispostos, o contato à com a proteína por via inalatória, cutânea ou parenteral, ocasiona a produção de anticorpos específicos (AE). Logo após a sensibilização, os AE circulantes se ligam á receptores dos glóbulos brancos. Contatos posteriores com o alérgeno induzem a ligação com as moléculas de IgE específicas disparando uma cascata de eventos intracelulares, que se juntam com a liberação de mediadores pré-formados e neoformados, responsáveis pelas diferentes manifestações alérgicas (VERCELLI, 1991; SICHERER, 2010). 
envolvendo preferencialmente o trato gastrintestinal. Os mecanismos imunológicos envolvidos ainda permanecem obscuros. Evidências sugerem que sejam mediadas por células T (reação de hipersensibilidade tipo IV). Fazem parte deste grupo: coloproctite, proctite ou proctocolite eosinofílica ou alérgica, enterocolite induzida por proteína e a hemossiderose pulmonar (HUSBY , 2008; WALKER-SMITH , 2003). Paciente com APLV apresentam vários sintomas. Consequentemente, o conhecimento das diversas formas clínicas e uma anamnese detalhada é essencial para o diagnóstico definitivo. É necessário definir o número e a forma do nutrimento ingerido, os desiguais sintomas, tempo para o sua manifestação, e período do primeiro sintoma (FIOCCHI, 2010). Aparecimentos cutâneos são as urticárias e o angioedema os mais corriqueiros segundo BURKS,1999, já os aparecimentos intestinais envolvem dor abdominal acompanhada de náuseas, vômitos e diarreia, podendo aparecer também complicações s do sistema respiratório como obstrução, coriza, prurido e espirros podem estar associadas a sintomas oculares. As Manifestações cardiovasculares são a forma mais assisada de APLV é a anafilaxia, determinada como uma reação de hipersensibilidade grave, inesperada e potencialmente fatal (SAMPSON, 2006). Os sintomas e sinais podem acometer um único órgão ou envolver mais de um sistema, sendo o sistema respiratório o principal órgão do choque anafilático. 
O diagnóstico da APLV é feita uma história clínica , que é fundamental, dando base as informações obtidas pela anamnese e exame físico, o médico poderá diferenciar as manifestações causadas por hipersensibilidade alimentar relacionadas a outras patologias. É necessário confirmação por outros testes, como o teste cutâneo de hipersensibilidade imediata, dosagem de IgE sérica específica e o teste de provocação oral (CALDEIRA et al, 2011). Outro teste utilizado é a pesquisa de IgE sérica especifico, que se baseia na dosagem de anticorpos IgE específicos no sangue. O descrito para detectar a IgE específica é o Radio Allergo Sorbent Test (RAST) e até hoje ainda é muito utilizado(COCCO et al., 2007a). O RAST utiliza marcadores para a detecção de reações sorológicas positivas entre anticorpos IgE e alérgeno (SOUZA, 2011). Na APLV os principais alérgenos investigados no teste de RAST são a αlactoalbumina, β-lactoglobulina e a caseína (FLEURY, 2012). As biópsias de esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e reto podem auxiliar ao profissional entender a gravidade das lesões (SOLÉ et al., 2008). Nenhum dos testes descritos utilizados isolados pode fechar o dia de APLV. A confirmação exata do diagnóstico de alergia alimentar, requer a eliminação total dos sintomas após a exclusão na dieta do alimento suspeito. O primeiro passo é seguir a dieta habitual de 15 dias mantendo um registro dos alimentos consumidos e as suas reações, sendo os alimentos suspeitos de causar a reação, excluídos da dieta. O diagnóstico da alergia alimentar é crucial não só para direcionar o tratamento, mas também para evitar a restrição alimentar desnecessária (PEREIRA et a., 2008). O aleitamento materno constitui um verdadeiro escudo imunológico nos primeiros meses de vida e tem papel imunomodulador quando da introdução dos novos alimentos da dieta complementar. Portanto, o desmame precoce e a introdução de proteínas estranhas, de elevado potencial imunogênico, como as do leite de vaca, representa um potente estímulo antigênico para a mucosa imatura e permeável (UDALL et al, 1981). Sabe-se que até o sexto mês de idade o leite materno exclusivo supre todas as necessidades do lactente, inclusive relacionadas ao ferro e vitamina A. Além disso, estudos mostram que o leite materno exclusivo nos primeiros meses de vida reduz o risco de alergia à proteína do leite de vaca (APLV) e de outros tipos de alergias, hipertensão, hiper-colesterolemia, diabetes, obesidade, evita a diarreia e infecções respiratórias (MINISTÈRIO DA SAÚDE-BRASIL, 2009). A exposição ao leite de vaca nos primeiros dias de vida pode aumentar os ricos de APLV e por isso torna-se importante evitar o uso de fórmulas lácteas nas maternidades desnecessariamente (VAN ODIK , 2003). 
O tratamento e as alternativas para a tentativa de profilaxia ou diminuição para os sintomas de APLV consistem primariamente na exclusão do LV da dieta do paciente. Medicamentos no tratamento da APLV são empregados em duas situações: na crise alérgica aguda ou em manifestações crônicas de alergia (ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA DE ALERGIA, 2007). Com relação à alergia, o melhor tratamento dietoterápico para os lactentes é sempre o leite materno, porém caso não seja possível, deve-se usar as fórmulas infantis (DELGADO et al, 2010). 
Os efeitos adversos que certos alimentos podem causar quando consumidos por alguns indivíduos, são conhecidos e relatados desde séculos a Antigüidade (CARVALHO JUNIOR, 2001). Equivocadamente tem se considerado alergias e as intolerâncias alimentares como sinônimos, e grande parte desses efeitos adversos são responsabilizados por promoverem processos alérgicos (ANGELIS, 2006). A palavra alergia é proveniente do grego allan (outro) e ergon (trabalho). (FERNANDES, 2005). As reações alérgicas envolvem mecanismos imunológicos que podem ou não ser mediados pela IgE (Imunoglobulina E), que normalmente se encontra associada a alergias alimentares e reações de hipersensibilidade, tendo como característica a rápida liberação de mediadores como a histamina (CONSTANT, 2008; PORTERO; RODRIGUES, 2001; CABALLER, 2001; OJEDA CASAS, 2001) 
As alergias são caracterizadas por um aumento na capacidade de os linfócitos B sintetizarem a imunoglobulina do isotipo IgE contra antígenos que acessam o organismo via inalação, ingestão ou penetração pela pele (MOREIRA, 2006). Tem sido observado um aumento de problemas alérgicos promovidos por alimentos em
crianças e jovens nas últimas décadas (LARRAMENDI, 2003), o que tem contribuído negativamente para a qualidade de vida da população tornar-se um problema de saúde em todo mundo (FERREIRA; SEIDMAN, 2005; LOPES et al., 2006) 
Conceitos de Imunologia Anticorpos são proteínas produzidas em resposta a antígenos inativando-os. Admite-se que o ser humano fabrica cerca de dois milhões de moléculas de anticorpos. Os antígenos são substâncias estranhas ao corpo, proteínas, polipeptídios, ácidos nucléicos, de estruturas complexas, que contém um ou vários sítios antigênicos. Cada um provoca a formação de anticorpos diferentes (ANGELIS, 2006). Os mastócitos e basófilos são células efetoras predominantes nas reações alérgicas. Durante a inflamação alérgica, os basófilos migram para os tecidos afetados, e contribuem com diversos mediadores. Eles são orientados na produção de citocinas Th2 (IL-4 e IL-13), estimulando a síntese de IgE e a atopia (LOPES et al., 2006). O eosinófilo desempenha também um papel central na patogenia das doenças alérgicas é conhecido como potente célula efetora citotóxica. São glóbulos brancos que têm o poder de destruição de parasitas e tecidos, sendo, no entanto, susceptível de causar doença. A sua função é estimulada por mediadores lipídicos e citocinas libertadas por outras células (AMERICAN ACADEMY OF ALLERGY, ASTHMA AND IMMUNOLOGY – AAAAI, 2007; LOPES et al., 2006) 
a Imunoglobulina E (IgE) é o anticorpo envolvido na alergia e na anafilaxia, além disso, protege o organismo contra parasitas intestinais (ANGELIS, 2006). As células linfóides são encontradas nas amídalas, adenóides, timo, baço, placas de Peyer do intestino delgado, apêndice, gânglios linfáticos e medula óssea. Um tipo dessas células, chamadas linfócitos ou células B, que originam os plasmócitos, que fabricam os anticorpos (LOPES et al., 2006). As células T constituem o elemento-chave da memória imunológica e, como tal, agentes fundamentais do sistema imunitário, são subdivididas em T auxiliares ou T supressoras (AAAAI, 2007; REIS, 1998). Ao atraírem células inflamatórias, limitam ciclos de expansão celular, induzem diferenciação/geração de propriedades funcionais. Elas também influenciam a regeneração e tolerância celular, e permitem o desenvolvimento de respostas imunes apropriadas, mantem a integridade e funcionalidade do organismo (LOPES et al., 2006). 
A maiorias das crianças, produzem pequenas quantidades de anticorpos específicos IgE frente a diferentes alimentos durante o primeiro ano de vida. Estes anticorpos desaparecem com o tempo. Em algumas crianças, relativamente poucas, os anticorpos específicos IgE permanecem e inclusive aumentam consideravelmente, e provocam sintomatologia alérgica gastrointestinal, dermatológica ou respiratória. Serão crianças alérgicas (LORENTE et al., 2001). 
É difícil classificar todos os tipos de reações imunológicas, relacionadas a prováveis alimentos. O único mecanismo claramente identificado implica as reações de hipersensibilidade imediata mediadas por anticorpos IgE com ativação de mastócitos (MARTÌN ESTEBAN; POLANCO ALLUÈ, 2001). A produção de Imunoglobulina E (IgE) para um alimento específico geralmente ocorre em minutos após a ingestão do alimento(MARTINS, 2006) O leite de vaca é uma mistura de mais de 20 componentes. Das proteínas implicadas nas reações imunológicas, os principais alérgenos encontrados neste alimento são a caseína, α-lactoalbúmina e a ß-lactoglobulina (CASTELLO et al., 2004). A alergia ao leite de vaca é uma doença quase exclusiva dos lactentes e da infância, raramente é descrita na adolescência. O uso abusivo do leite de vaca como substituto do leite humano levou a um aumento da incidência dessa doença, esta incidência está situada entre 1,9 e 7,5%. É freqüentemente descrita nos primeiros dois a três meses de idade e quase sempre desaparece após o quarto ano de vida. Estudos mostram que, na mesma família, a alergia ao leite de vaca pode apresentar manifestações clínicas diferentes e que as crianças com esse tipo de alergia podem desenvolver outros processos alérgicos, como eczema e asma (CARVALHO JUNIOR, 2001). O ponto principal do tratamento da Alergia ao Leite de Vaca é a exclusão do leite de vaca e seus derivados, o que implica na capacidade de identificação das diferentes proteínas do leite, muitas vezes descritas por meio de termos pouco conhecidos para o consumidor. Assim, devese enfocar a necessidade da leitura atenta dos rótulos dos produtos industrializados, devendo ser rastreados nestes produtos antes do consumo termos como o: aseína, caseinatos, hidrolisados (de caseína, de proteínas do leite e do soro), lactoalbumina, β-lactoglobulina, soro de leite, creme de leite (ASBIA, 2007).

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