Buscar

A Visão das Cores - Psicofísica

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

IESB – INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA
Processo Sensoperceptivos
Professor: Sérgio Henrique de Souza Alves
 
 
Beatriz Pacheco Koscheck - 1721120082
Natália Monteiro - 1721120034
Raissa Leitão - 1721120184
 
 
Visualização por meio do processo de mistura de cores
 
 
 
 
 
Brasília – DF
2019
Introdução
A percepção visual é estudada pela psicofísica, na medida em que esta ciência estuda as relações entre a percepção de estímulos físicos e as sensações provocadas por eles. Considerando que os nossos olhos são responsáveis por captar as imagens do ambiente ao nosso redor, pode-se dizer que a visão de cores é uma consequência da captação de luz do ambiente produzida pelos fotorreceptores da retina (Ribeiro 2011). As cores são sensações cromáticas dadas de forma subjetiva, produzidas pela luz refletida de certos comprimentos de ondas do espectro eletromagnético visível sobre o sistema nervoso (Schiffman, 2005). Ou seja, as cores não correspondem à propriedades físicas do mundo, e sim, à representações internas de nível cerebral. 
É fundamental que durante o estudo das cores, o investigador leve em consideração as três dimensões perceptivas das cores. São elas: a tonalidade, o brilho e a saturação. 
Tonalidade ou matiz: está diretamente associada ao comprimento de onda da luz refletida (Schiffman, 2005). Assim, a tonalidade é o que definimos como cor e a torna diferente em relação às outras. É o que identificamos como o azul, verde, amarelo, vermelho e assim por diante. 
Saturação: define da pureza da cor. Está relacionada com a quantidade de luz branca adicionada a um determinada matiz. Quanto mais cinzento, preto ou branco se misturar com uma cor, menor será a sua saturação. Logo, quando uma cor é inteiramente cinzenta, a saturação é zero.
Brilho: define as cores de acordo com a intensidade da luz. Refere-se à quantidade de luz que um objeto emite, ou seja, o número de fótons que atingem o olho. O brilho é a dimensão que diferencia o preto (ausência de brilho) do branco (máximo brilho), existindo vários matizes de cinzento entre eles.
Schiffman (2005) observa que os objetos à nossa volta não refletem apenas um comprimento de onda, mas sim vários, que nos chegam à retina simultaneamente e se combinam no sistema visual, a isto dá-se o nome de mistura cromática. Há dois tipos de misturas cromáticas: a aditiva e a subtrativa. A mistura aditiva de cores é produzida quando luzes com variados comprimentos de ondas se combinam no sistema visual, ou seja, os efeitos visuais são adicionados uns aos outros na mistura resultando em diferentes combinações de efeitos. Na mistura subtrativa, os pigmentos de uma certa tinta seletivamente absorvem e subtraem alguns comprimentos de onda que lhes chegam. Assim, os comprimentos remanescentes são refletidos e dão à tinta a sua cor característica (Schiffman, 2005). 
O círculo cromático nos ajuda na compreensão de muitos fenômenos das misturas de cores, porém ele tem os seus limites. A idéia tricromática da visão colorida é utilizada para melhor expressar e ilustrar as misturas cromáticas de maneira mais precisa, levando em conta os certos limites que o círculo nos traz. Essa ideia afirma que quando três cores, especificamente elegidas são misturadas, elas podem produzir quase qualquer cor. São as chamadas cores primárias, que produzem uma impressão psicológica de serem originais, e não resultadas de uma mistura de cores já existentes do círculo cromático (Schiffman, 2005). 
De acordo com Schiffman (2005), as cores complementares são consideradas “cores opostas”, pois elas ficam localizadas diretamente opostas no círculo cromático e quando misturadas elas se tornam ‘descoloridas’, formando o branco, o preto e tons de cinza. Também podem ser definidas como “uma mistura que completam o branco e o preto na síntese aditiva e subtrativa, respectivamente” (Queiroz, 2007). As cores não complementares correspondem às cores que compartilham da mesma cor base e estão localizadas lado a lado no círculo cromático, são chamadas de cores análogas. Por fim, as cores equivalentes, correspondem às cores que se encontram equidistantes no círculo cromático. Apesar da semelhança com as cores complementares, a mistura das cores triádicas são menos contrastantes e podem ser combinadas a mais de duas cores.
Objetivo
Visualizar o processo de misturas de cores. 
Participantes
Três alunas com idades entre 21 e 27 anos, do curso de psicologia de um instituto de ensino superior. 
Local
O experimento foi realizados em uma sala de aula de um dado instituto de ensino superior em Brasília com aproximadamente 7m x 7m, contendo 50 cadeiras, 1 mesa e 1 cadeira para o professor localizadas no canto esquerdo da sala de frente para as demais cadeiras. Além de um aparelho projetor e uma tela branca situada junto ao quadro branco com comprimento de 120x200 cm e é iluminada com 12 lâmpadas de LED.
Método
Neste experimento foi utilizado o método de mistura cromáticas, que segundo Schiffman (2005), é uma combinação de cores baseado na idéia tricromática da visão colorida. Como foi explícito anteriormente, essa idéia relata que é preciso uma combinação de três cores para produzir uma cor nova, conhecida como a cor primária. De acordo com Schiffman (2005), quando esse método é aplicado o sistema visual não pode distinguir os componentes individuais. Durante a aplicação foi utilizado um misturador de cores anlógico, para quando o disco é girado rapidamente, as componentes cromáticas estimulam o sistema visual sem poder serem visualizadas individualmente, somente a cor completamente fundida e uniforme. 
Instrumentos
O misturador de cores anlógico, foi desenvolvido para demonstrações em sala de aula, com voltagem: 105/125 volts, 50/60 Hz e velocidade de operação: 100 - 2350 RPM. O equipamento que foi utilizado contém discos de papel de cores diferentes. Tais cores sendo, azul, lilás, verde, cinza e amarelo. 
Figura 1 - Misturador de Cores Analógico
Procedimentos 
O procedimento começa com o posicionamento do equipamento em local com iluminação constante. O aparelho deverá ser ligado a uma tomada de 110 volts e sua velocidade será ajustada. As escolhas dos discos de cores e escolha das proporções deve seguir as instruções de cada etapas abaixo: 
Primeira Etapa: trabalho com cores complementares
Para encontrar a cor complementar deve-se traçar uma linha de uma extremidade a outra no círculo cromático, conforme figura 02. Este traço irá conectar uma cor a sua complementar.
Encontrar a proporção relativa de amarelo e de seu complementar azul que produzam a percepção visual da cor cinza. Completar a equação (x % de amarelo + (100-x) % de azul = Cinza) que resulta a percepção de cinza. Ajuste a proporção das amostras até os observadores relatem qual das amostras parece mais dominante na mistura. Posteriormente, aumente a proporção da cor não predominante até que ela se torne dominante. Por exemplo, se o amarelo é predominante, a proporção deste disco deve ser reduzida com o aumento da proporção do azul até que este se torne predominante. Os observadores irão verificam quando a percepção visual é da cor cinza. Depois o processo deve ser repetido com a cor azul sendo predominante no início do procedimento.
Figura 2 - Cores complementares: amarelo e roxo
Segunda Etapa: Regra para cores não complementares (análogas) 
A segunda etapa busca trabalhar com cores intermediárias (verde e roxo) do círculo cromático, representadas na figura 3. A cor da mistura irá depender da proporção relativa das amostras e será́ menos saturada (tendendo para o cinza).
O experimentador colocará um disco da cor verde e outro lilás no equipamento de mistura. Ao lado do equipamento, posicionará o disco azul, fazendo a comparação metamérica. Durante o experimento o observador procurará ajustar a proporção das cores verde e roxas conforme os observadores irão dizer que a percepção visual indica a cor azul. O experimentador irá verificar se essa mistura dá origem a
um azul menos saturado em comparação ao disco azul original, assim deverá deixar a cor o mais próxima possível do disco azul. Ao final, quando os observadores apontarem que a percepção é da cor azul deverá ser completada a equação: x % de verde + (100-x) % de lilás = azul. 
Figura 3 - Cores não-complementares: azul e verde
Terceiro Etapa: Equivalentes
Descrever a equação que prediz a proporção de amarelo, roxo e verde que resultará na cor cinza. A mistura de verde e roxo será tratada como a cor azul. Após prever esta terceira equação, teste a predição no misturador de cores.
Figura 4 - Cores equivalentes: amarelo, verde e roxo
Resultados
Tabela 1 - Resultados em % da mistura de cores
	CORES
	 
	MISTURAS 
	 
	RESULTADO 
	CORES COMPLEMENTARES
	70% Azul 
	30% Amarelo 
	 
	Cinza 
	CORES NÃO - COMPLEMENTARES
	70% Lilás 
	30% Verde 
	 
	Azul 
	CORES EQUIVALENTES 
	12% Amarelo 
	70% Lilás 
	28% Verde 
	Cinza 
Gráfico 1 - Resultado em % da mistura de cores complementares com
resultado CINZA
Gráfico 2 - Resultado em % da mistura de cores não complementares
com resultado AZUL
Gráfico 3 - Resultado em % da mistura de cores equivalentes com
resultado CINZA
A Tabela 1 e os Gráficos 1, 2 e 3 apresentam resultados em % respectivos às diferentes linhagens utilizadas para a mistura de cor. No Gráfico 1, é possível observar que para obter um resultado de cor cinza, foi necessário a mistura de 30% de Amarelo + 70% de cor Azul, sendo essas cores complementares. No Gráfico 2, observa-se que para obter um resultado de cor azul, foram utilizadas cores não complementares, sendo elas, 30% Verde + 70% Lilás. O Gráfico 3, é referente a mistura de cores equivalentes, resultante na cor Cinza. Para obtenção desse resultado, foi necessário a mistura de 12% Amarelo + 28% Verde + 70% Lilás.
Discussão 
	O aparelho analógico de misturador de cores nos traz à possibilidade de ajustar as quantidades das cores elegidas a fim de obter uma cor desejada. Na primeira e terceira parte do experimento foi utilizado esse aparelho para descobrir as quantidades necessárias das cores para obter o cinza quando misturadas e na segunda parte as quantidades para a produção do azul. Como se pode ver no Gráfico 1, para que o cinza seja perceptível era preciso misturar 30% de amarelo e 70% de azul e o Gráfico 3 nos mostra que o cinza era possível com a mistura de 28% de verde, 12% de amarelo e 60% de lilás. No Gráfico 2, verificou-se que era necessário misturar 30% de verde e 70% de lilás para a detecção do azul.
	Foram feitas várias combinações das cores ao longo do experimento para apontar as porcentagens exatas de cada cor com a finalidade de obter as cores de cada fase. Isso foi feito devido às diferenças perceptuais do grupo em que esse experimento foi aplicado. Por exemplo, na primeira etapa quando foi testado 40% de amarelo e 60% de azul, nesse caso alguns dos participantes viram a cor cinza enquanto outros viram uma cor mais azulada. Essa variação de cores ocorre por determinados fatores, como o citado por Ribeiro (2011): para haver uma melhor qualidade visual para discriminar as cores é preciso que o sujeito esteja em um ambiente luminoso e ter uma campo visual livre para evitar quaisquer interferências na sua percepção. No caso do experimento, a localização onde uma pessoa esteja sentada pode fazer com que ela note diferenças nas cores apresentadas por estar perto ou longe de uma luz direta, pois a cor reside no próprio indivíduo e não nos objetos. Sabe-se que o sistema visual faz as correções necessárias para perceber a mesma cor porém, algumas alterações no ambiente podem interferir na constância da cor. 
Uma observação prática do experimento é o degradê de cores percebido à medida que o experimentador movimentava o aparelho, que pode ser relacionada a incidência de luz modificada conforme o ângulo da visão do observador. Essa observação é argumentada pela teoria de constância de cor apresentada por Schiffman (2005). Ele destaca que a cor de um objeto depende do comprimento de onda e da fonte de luz que é absorvida e refletida por uma superfície. Se essa fonte não for constante pode haver variações no comprimento de onda que poderão ser percebidas devido às variações em sua reflexão. Além disso, quando a luz atinge a cor de um objeto os pigmentos absorvem e subtraem alguns comprimentos de onda dando a impressão de uma cor específica. 
	A finalidade da primeiro e terceira etapa era a percepção da cor cinza quando misturadas as cores escolhidas - pares de cores complementares ou tríades. Dessa forma, quando misturadas na proporção adequada, obtém-se os resultados esperados da cor cinza, uma vez que, houve aumento da saturação. De acordo com Schiffman (2005) um aumento na saturação torna a cor de um objeto cinza. Assim, quando se adicionam à luz monocromática outros comprimentos de onda, de luz branca ou cinza, sua pureza fica diminuída e sua aparência fica dessaturada. Se tornando suficientemente impura, a luz parece perder toda a sua tonalidade, ficando cinza. Como visto no Gráfico 1, por exemplo, onde se diminui a pureza da cor azul adicionando-se a quantidade suficiente da cor amarela, o tornando dessaturado e cinza. 
Como pode ser visto no Gráfico 2, o resultado da obtenção de azul utilizando 30% de verde e 70 % de lilás foi o esperado, devido ao efeito que é produzido pelas cores metaméricas. De acordo com Schiffman (2005), os metâmeros são pares de cores que se parecem com as outras, porém têm comprimentos de ondas diferentes. Também é destacado que quando as cores são misturadas, como por exemplo: o 30% do verde e o 70% do lilás, se tornam cores não distinguíveis individualmente pelo nosso sistema visual, produzindo uma sensação da cor azul. 
Conclusão
	Pode-se concluir que esse experimento nos trouxe um melhor entendimento da percepção visual em relação às cores. Com base nos dados que foram obtidos na Tabela 1 e nos Gráficos 1, 2 e 3 afirma-se que as cores não pertencem aos objetos e que na verdade, são sensações cromáticas internalizadas no próprio indivíduo, ou seja, as cores não existem a menos que um observados as perceba. Sendo que a percepção das cores é produto de uma combinação de informações que chegam aos cones e bastonetes, que estão localizados no olho, e a quantidade de luz existente no ambiente. 
O uso da misturador de cores analógico facilitou a aplicação desse experimento devido à sua utilidade em misturar todas as cores de maneira precisa e fácil. Durante a aplicação do experimento, foi possível notar melhor quanta influência a luz e a subjetividade do indivíduo interferem na percepção da cor, sendo viável explicar a razão dos indivíduos perceberem as cores de formas diferentes. 	
Referências Bibliográficas 
Queiroz, D.R.E. (2007). O estudo da cor e sua inserção na cartografia com relevância na 
 representação de aspectos físicos. OLAM Ciência & Tecnologia, 7(3), 95-114. Recuperado 
 de http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/olam/article/view/913
Ribeiro, M.C.S. (2011). Cores e a visão e a visão das cores (Dissertação de Mestrado). 
 Universidade da beira interior, Portugal.
 Schiffman, H. R. (2005). A visão das cores. Sensação e Percepção (pp. 84-102). Rio de Janeiro, 
 RJ: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais