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Metodologia EJA 1

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Prévia do material em texto

GRAÇA MARIA DE MORAIS AGUIAR E SILVA 
ANAISA ALVES DE MOURA
EVANEIDE DOURADO MARTINS
Sobral/2016
Graça Maria de Morais Aguair e Silva
Anaisa Alves de Moura
Evaneide Dourado Martins
METODOLOGIA 
DA EDUCAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 5
INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada
PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica
Diretor-Presidente das Faculdades INTA 
Dr. Oscar Rodrigues Júnior 
Pró-Diretor de Inovação Pedagógica 
Prof. PHD João José Saraiva da Fonseca 
Coordenadora Pedagógica e de Avaliação 
Profª. Sonia Maria Henrique Pereira da Fonseca 
Professores Conteudistas
Graça Maria de Morais Aguiar e Silva
Anaisa Alves de Moura
Evaneide Dourado Martins
Assessoria Pedagógica / Design Instrucional
Sonia Maria Henrique Pereira da Fonseca 
Transposição Didática
Adriana Pinto Martins
Evaneide Dourado Martins 
Revisora de Português 
Neudiane Moreira Félix
Revisora Crítica/Analista de Qualidade 
Anaisa Alves de Moura
Diagramadores
Fábio de Sousa Fernandes
Fernando Estevam Leal
Diagramador Web 
Luiz Henrique Barbosa Lima
Produção Audiovisual
Francisco Sidney Souza de Almeida (Editor)
Operador de Câmera 
José Antônio Castro Braga
Pesquisadora Infográfica
Anacléa de Araújo Bernardo 
Sumário
1
2
Palavra das professoras autoras ........................................................................... 09
Sobre as autoras ..................................................................................................... 11
Ambientação ........................................................................................................... 14 
Trocando ideias com os autores ........................................................................... 16
Problematizando ................................................................................................... 18
3
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-CRÍTICA, METODOLÓGICA 
DE EJA
Evolução histórica das concepções de Educação de Jovens e Adultos ........................22 
Programas continuados e a análise crítica da diversidade de campanhas educativas 
para a EJA – uma necessidade prática .......................................................................................26
O CONCEITO DE PAULO FREIRE
Conceito Freiriano de alfabetização de adultos: limites e possibilidades ...................32 
O método de Paulo Freire ..............................................................................................................36 
O estudante da Educação de Jovens e Adultos .....................................................................37
O papel do educador na EJA e os “saberes” indispensáveis a sua prática ..................39
Professor, estudante de EJA e afeto: aliados no processo de ensino/aprendizagem ..
.................................................................................................................................................................. 40
HETEROGENEIDADE: UMA QUESTÃO A SER DISCUTIDA
A heterogeneidade no contexto atual da EJA no Brasil ......................................................46 
Desafios encontrados pelos docentes da EJA em sua prática .........................................50
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos8
Leitura Obrigatória...........................................................................................76 
Revisando...........................................................................................................78
Autoavaliação....................................................................................................88
Bibliografia........................................................................................................90
Bibliografia Web...............................................................................................95
PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DE EJA
A facilitação da aprendizagem do trabalhador ......................................................................54 
A Andragogia e suas especificidades na aprendizagem de adultos ..............................56
O processo de ensino/aprendizagem na Educação de Adultos ......................................61
Aprendizagem de Adultos ..............................................................................................................65
Quem é o Aprendiz Adulto ............................................................................................................69
A Aprendizagem e o Modelo Andragógico ............................................................................72
Ciclo Andragógico .............................................................................................................................73
4
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 9
Palavra das professoras autoras
Prezados Estudantes,
O material didático sempre foi considerado um valioso instrumento de trans-
missão de conhecimento. Mas hoje, com a facilidade de acesso à informação pelos 
meios midiáticos, ampliando à comunicação e criando um conceito novo sobre a 
arte de escrever através do suporte tecnológico, é possível dar aos materiais didá-
ticos maior qualidade, eficácia e estética para atender o leitor do mundo virtual. É 
para você, estudante do curso em EAD, que oferecemos este livro, com intuito de 
dialogar sobre Metodologia da Educação de Jovens e Adultos. 
Os conteúdos de aprendizagem propõem que você seja o construtor do seu 
conhecimento. Para atender este objetivo, organizamos o livro em diversas etapas 
de aprendizagem, que guiarão você no processo de aquisição do conhecimento.
As autoras!
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 11
Sobre as autoras
Graça Maria de Morais Aguiar e Silva, mestre em Edu-
cação e formação de professores com foco em Educação Inclu-
siva (UECE); Especialista em Psicopedagogia (UVA); graduada 
em Pedagogia (UVA); Habilitada em Língua Portuguesa e Ingle-
sa; extensão em Gestão (UECE) e Psicanalista (IAMPST).Atual-
mente atua como psicopedagoga e consultora na área Clínica 
e institucional. Foi conselheira (eleita em 2007) da Associação 
Brasileira de Psicopedagogia - Seção CE. É Psicopedagoga ti-
tular reconhecida pela ABPp Nacional, sob o nº 202, estando atualmente como Vi-
ce-presidente da ABPp cearense. Supervisora do projeto social LUMIAR núcleo VIII 
da ABPp. Atua no PARFOR/CAPES/UVA como Professora Pesqusiadora I desde 2013. 
É consultora pedagógica do AEE na Secretaria de Educação no Município de Tian-
guá- Ce. É Coordenadora do curso de Pedagogia das Faculdades INTA, professora 
convidada da Esp. em Educação Especial e Inclusiva e Psicopedagogia da UVA e INTA, 
atuando principalmente nas seguintes áreas de conhecimento: Educação Especial e 
Inclusiva, AEE e formação de professores para práticas inclusiva; psicopedagogia na 
instituição, clínica e espaços de saúde; aprendizagem e desenvolvimento; transtornos 
de aprendizagem, intervenção psicopedagógica na clínica e em espaços de saúde.
Anaisa Alves de Moura, mestre em Ciências da Educa-
ção - Lusófona - Lisboa/Portugal (2016). Especialista em Gestão 
Escolar pelas Faculdades INTA (2009). Especialista em Ciências 
da Educação pelas Faculdades INTA (2013). Especialista em Psi-
copedagogia e Educação Especial pela Universidade Cândido 
Mendes - UCAM - Rio de Janeiro (2014), Especialista em Edu-
cação a Distância pela Universidade Norte do Paraná - UNO-
PAR (2015), Especialista em Psicopedagogia Institucional, Clínica e Hospitalar - INTA 
(2016) e graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (2006). 
Atua como professora ministrando aulas pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Vale 
do Acaraú - IVA, PARFOR/CAPES/UVA como Professora Pesquisadora I desde 2013 
- Universidade Estadual Vale do Acaraú e Instituto Superior de Teologia Aplicada - 
INTA (Pós- graduação).Atualmente, exerce a função de Revisora Crítica/Analista de 
Qualidade, na produção de material didático, na área de Educação a Distância para 
os cursos de Licenciatura em Pedagogia, História e Educação Física - INTAEAD.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos12
Evaneide Dourado Martins, especialização em Educa-
ção a Distância (2012) e Gestão Escolar, Planejamento e Ava-
liação (2015) pelas Faculdades INTA, graduada em Licenciatu-
ra Plena em Pedagogia pela Universidade Regional do Cariri 
(2005). Atualmente é autora roteirista multimídia de material 
didático da Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica das Faculda-
des INTA. Foi professora no Projeto Jovem em Ação nos cursos 
profissionalizantes. Tem experiência na área de educação, com 
ênfase em Educação a Distância, na área administrativa e atua como professora do 
INTAEAD.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 13
aAMBIENTAÇÃO À DISCIPLINAEste ícone indica que você deverá ler o texto para ter uma visão panorâmica sobre o conteúdo da disciplina.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 15
Olá, sejam bem-vindos a disciplina!
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade integrante da educação 
básica destinada ao atendimento de estudantes que não tiveram, na idade própria, 
acesso ou continuidade nos estudos. A denominação “educação de jovens e adultos” 
substitui o termo ensino supletivo e atualmente, no Brasil, envolve o processo de 
alfabetização, cursos ou exames supletivos nas etapas fundamental e médio. É de 
suma importância você aprender sobre jovens e adultos, pois nos documentos legais 
é considerado mais do que um direito: é a consequência do exercício da cidadania 
e condição para a participação plena na sociedade, incluindo a qualificação e a 
requalificação para o mercado de trabalho.
Nesta disciplina você terá a oportunidade de entender que essa clientela 
tem cultura própria, ou seja, possui experiência de vida e de trabalho, por isso são 
considerados estudantes diferentes, pois ingressam ou retornam à escola com uma 
visão de mundo formada. Você como futuro professor deve saber como agir em 
relação ao aprendizado com base na realidade de cada estudante, sugerindo a 
assimilação dos conteúdos a partir da realidade e das histórias relatadas pelos seus 
estudantes. É preciso que a sociedade compreenda que estudantes de EJA vivenciam 
problemas como preconceito, timidez, discriminação, críticas, dentre tantos outros, 
e que tais questões são vivenciadas tanto no cotidiano familiar como na vida em 
comunidade.
Propomos que leia a obra “A Formação de professores 
(as) para a educação de jovens e adultos em questão”. A 
autora reúne reflexões de profissionais que ao longo dos anos 
vem ensinando, fazendo formação, coordenando atividades 
essenciais a políticas e programas relacionados à Educação 
de Jovens e Adultos, com o objetivo de socializar ideias no 
que diz respeito à formação de professores.
MOURA, Maria Teresa de Melo (org.) A Formação de professores (as) para 
a educação de jovens e adultos em questão. Maceió: EDUFAL, 2005.
tiTROCANDO IDEIAS COM OS AUTORES A intenção é que seja feita a leitura das obras indicadas pelos(as) professores(as) autores(as), numa tentativa de dialogar com os teóricos sobre o assunto. 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 17
Agora é o momento de você trocar ideias com os autores
 Propomos que leia a obra “A Educação Negada”, ela 
percorre 60 anos de história apresentando um resumo histó-
rico dos principais acontecimentos nacionais e internacionais 
com suas repercussões na educação, seguida de entrevistas 
referentes ao período em questão.
BUFFA, ESTER; NOSELLA, PAOLO. A educação negada: intro-
dução ao estudo da educação brasileira contemporânea. 3. 
ed. São Paulo: Cortez, 2001. 
 Propomos também a leitura da obra “Compreender 
e transformar o ensino”. Os autores mencionam que as 
sociedades primitivas, a aprendizagem dos produtos sociais 
e a educação dos indivíduos da comunidade aconteciam de 
forma de socialização direta da geração jovem, mediante a 
participação do dia a dia das crianças nas atividades da vida 
adulta. A aceleração do desenvolvimento das comunidades, 
a complexidade das estruturas, a diversificação de funções 
e tarefas da vida nas sociedades, tornaram ineficaz esse 
processo. A preparação das novas gerações para a participação no mundo do 
trabalho e na vida pública requer a interferência de entidades específicas como a 
escola, cuja função é atender e canalizar o processo de socialização.
SACRISTÁN, J. GIMENO; GÓMEZ, A. I. PÉREZ. Compreender e transformar o ensino. 
4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GUIA DE ESTUDO
 Após a leitura das obras, escolha a que você achou mais relevante e faça uma 
resenha crítica disponibilizando no ambiente virtual. 
PLPROBLEMATIZANDOÉ apresentada uma situação problema onde será feito um texto expondo uma solução para o problema abordado, articulando a teoria e a prática profissional.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 19
GUIA DE ESTUDO
Após sua reflexão responda e disponibilize a sua opinião na sala virtual. 
 Vamos analisar as seguintes situações dos professores de EJA:
 A professora A, ao entrar na sala de aula percebe que está faltando alguns 
alunos e faz um comentário sobre a ausência dos mesmos. Outros alunos comen-
tam que muitos vão chegar atrasados porque com a chuva muitas ruas alagaram. 
A professora ouviu com atenção e com a notícia da chuva começou a debater com 
seus alunos sobre as enchentes, o lixo nas grandes cidades, reciclagem. Após a dis-
cussão ela solicita que todos escrevam sobre o que pode ser feito para diminuir as 
enchentes.
 A professora B, ao entrar na sala de aula, percebe que está faltando alguns 
alunos e faz um comentário sobre a ausência dos mesmos. Outros alunos comen-
tam que muitos irão chegar atrasados porque a chuva alagou muitas ruas. A profes-
sora ouviu com a atenção e pede que todos copiem o texto no caderno e responda 
os questionários relacionados as enchentes.
 Você como futuro professor ao analisar as professoras acima acha que a ati-
tude da professora B motiva seus alunos a aprendizagem e a reflexão? E a professora 
A, será que ela com sua atitude de gerar discussão sobre o assunto e depois solicitar 
para que os alunos elaborem um texto dando uma solução, está fazendo com que 
eles aprendam através da reflexão? Qual professora você usaria como exemplo na 
sua prática docente?
ApAPRENDENDO A PENSARO estudante deverá analisar o tema da disciplina em estudo a partir das ideias organizadas pelos professores autores do material didático.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 21
1
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-CRÍTICA, 
METODOLÓGICA DE EJA 
CONHECIMENTOS
Compreender a evolução histórica sobre a Educação de Jovens e Adultos e os 
movimentos sociais.
HABILIDADES
Identificar os diversos movimentos lançados pelas entidades governamentais e 
seus objetivos.
ATITUDES
Posicionar-se criticamente em relação à evolução histórica da Educação de Jovens 
e Adultos.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos22
Evolução histórica das concepções de Educação 
de Jovens e Adultos
A partir da década de 30 a Educação de Adultos começou a delimitar seu lugar 
na História da educação no Brasil, quando começou a se consolidar um sistema 
público de educação elementar no país. Nesse período, a sociedade brasileira 
passava por grandes transformações, associadas ao processo de industrialização 
e concentração populacional em centros urbanos. Esse movimento inclui também 
esforços articulados nacionalmente de extensão do ensino elementar aos adultos, 
especialmente nos anos 40.
Mas como será que era concebido o analfabetismo na década de 40? 
Como os estudantes eram considerados perante a sociedade?
Na década de 40 a Educação de Adultos era entendidacomo uma extensão da 
escola formal, principalmente na zona rural. A Campanha de Educação de Adultos, 
lançada em 1947 deu lugar a conformação de um campo teórico-pedagógico 
orientado para discussão sobre o analfabetismo e a educação de adultos no Brasil. 
Nesse momento, o analfabetismo era concebido como causa e não efeito da situação 
econômica, social e cultural do país. Essa concepção legitimava a visão do estudante 
analfabeto como incapaz e marginal, identificado psicológica e socialmente com 
a criança. Uma professora encarregada de formar os educadores da Campanha, 
num trabalho intitulado Fundamentos e Metodologia do Ensino Supletivo, usava as 
seguintes palavras para descrever o adulto analfabeto:
Dependente do contato face a face para enriquecimento de sua experiência 
social, ele tem que, por força, sentir-se uma criança grande, irresponsável 
e ridícula (...). E, se tem as responsabilidades do adulto, manter uma família 
e uma profissão, ele o fará em plano deficiente (...). O analfabeto, onde se 
encontra, será um problema de definição social quanto aos valores: aquilo 
que vale para ele é sem mais valia para os outros e se torna pueril para os 
que dominam o mundo das letras. (...) inadequadamente preparado para as 
atividades convenientes à vida adulta, (...) ele tem que ser posto a margem 
como elemento sem significação nos empreendimentos comuns. Adulto-
criança, como as crianças ele tem que viver num mundo de egocentrismo 
que não lhe permite ocupar os planos em que as decisões comuns têm que 
ser tomadas. (BRASIL, 2000, p. 21).
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 23
Durante a própria campanha, essa visão modificou-se, foram aderindo as vozes 
dos que superavam esse preconceito, reconhecendo o adulto analfabeto como um 
ser produtivo, capaz de raciocinar e resolver seus problemas.
E na década de 50, como era visto a Educação de Adultos?
Já na década de 50, a Educação de Adultos 
era entendida como uma educação de base, com 
desenvolvimento comunitário e as críticas à Campanha de 
Educação de Adultos dirigiam-se tanto às suas deficiências 
administrativas e financeiras quanto à sua orientação 
pedagógica. Denunciava-se o caráter superficial do 
aprendizado que se efetivava no curto período da 
alfabetização, a inadequação do método silábico para a 
população adulta, cuja referência principal foi o educador pernambucano Paulo 
Freire.
O pensamento pedagógico de Paulo Freire (1996), assim como sua resposta 
para a alfabetização de adultos, inspirou os principais programas de alfabetização e 
educação popular que se realizaram no país no início dos anos 60. Esses programas 
foram empreendidos por intelectuais, estudantes e católicos engajados numa ação 
política junto aos grupos populares. Em janeiro de 1964 foi aprovado o Plano Nacional 
de Alfabetização, que previa a disseminação por todo o Brasil de programas de 
alfabetização orientadas pela proposta de Paulo Freire (1996). Antes apontado como 
causa da pobreza e da marginalização, o analfabetismo passou a ser interpretado 
como efeito da situação de pobreza gerada por uma estrutura social não igualitária. 
Além dessa dimensão social política, os ideais pedagógicos que se difundiam tinham 
forte componente ético, implicando um profundo comprometimento do educador 
com os educandos. Os analfabetos deveriam ser reconhecidos como homens e 
mulheres produtivas que possuíam uma cultura.
 Nesta perspectiva, Paulo Freire criticou a chamada educação bancária, que 
considerava o analfabeto ignorante, uma espécie de gaveta vazia onde o educador 
deveria depositar conhecimento. Paulo Freire elaborou uma proposta de alfabetização 
de adultos conscientizadora, cujo princípio básico pode ser traduzido numa frase 
célebre: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE, 1983, p. 26).
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos24
Para enfrentar o analfabetismo, que persistia como um desafio, o governo 
militar promoveu, entre 1965 e 1971, a expansão da cruzada de Ação Básica Cristã 
(ABC), entidade educacional dirigida por evangélicos, surgida em Recife para ensinar 
analfabetos. Em 1967, o Governo Federal organizou o Movimento Brasileiro de 
Alfabetização (Mobral), propondo princípios opostos aos de Paulo Freire.
O que Freire propõe é uma educação popular que conscientize, na qual a 
leitura de mundo antecede a leitura da palavra. Contrária a esta proposta foi lançado 
o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), expandindo-se para todo país, 
levando o estudante apenas a decodificar letras e precariamente, a leitura e a escrita. 
Mesmo com a extinção do MOBRAL e com muitos programas governamentais para 
suprir a necessidade da aprendizagem dos educandos de Educação de Jovens e 
Adultos (EJA), percebe-se que as influências de perspectivas de educação são 
limitadas para esta modalidade de ensino. E para a reversão deste quadro, seria 
necessário os estudantes estarem envolvidos em um processo de ensino direcionado 
por metodologias que permitiria a inclusão educacional e social deste público.
Em 1971, a Lei de Reforma n.º 5.692/71 atribui um capítulo para o ensino 
supletivo e recomenda aos Estados atender Jovens e Adultos. Com o fim do Período 
Militar, o Mobral foi extinto e em 1985, foi criada a Fundação Educar, que tinha 
como função, entre outras, fomentar o atendimento as séries iniciais do 1.º grau, a 
produção de material e avaliação de atividade. Com a extinção dessa fundação, em 
1990, os órgãos públicos, as entidades civis e outras instituições passaram a arcar 
sozinhas com a responsabilidade da educação de Jovens e Adultos.
Apesar da vigência da Declaração Mundial sobre Educação para todos e da 
Conferência Mundial e da LDB – Lei de Diretrizes e Bases n.º 9394/96, a Educação 
de Jovens e Adultos não vem recebendo das autoridades a devida atenção. Na Lei 
de Diretrizes e Base da Educação n.º 9394/96, constam dois artigos relacionados à 
Educação de Jovens e Adultos:
Art. 37 – A Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que 
não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e 
médio na idade própria.” 
Art. 38 – Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, 
que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando o 
prosseguimento de estudos em caráter regular.” (BRASIL, 2000, p.76).
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 25
No Plano Nacional de Educação, tem-se como um dos objetivos e prioridades: 
Garantia de ensino fundamental a todos os que a ele não tiveram acesso 
na idade própria ou que não o concluíram. A erradicação do analfabetismo 
faz parte desta prioridade, considerando-se alfabetização de jovens e 
adultos como ponto de partida e parte intrínseca desse nível de ensino. A 
alfabetização dessa população é entendida no sentido amplo de domínio 
dos instrumentos básicos da cultura letrada, das operações matemáticas 
elementares, da evolução histórica da sociedade humana, da diversidade 
do espaço físico e político mundial e da constituição da sociedade brasileira. 
Envolve, ainda, a formação do cidadão responsável e consciente de seus 
direitos e deveres. (BRASIL, 2001, p. 50). 
Apesar de todas essas propostas, a UNESCO mostra-nos, através de dados, 
que o número de analfabetos no mundo tem aumentado e o Brasil encorpa cada 
vez mais essas estatísticas.
Neste cenário surge o Programa Alfabetização Solidária (PAS), que atua no 
combate ao analfabetismo no Brasil e adota o modelo solidário, unindo cinco parceiros: 
Governo Federal, por meio do MEC, o Conselho da Comunidade Solidária, empresas, 
universidades e prefeituras, onde cada parceiro possui atribuições específicas, porém, 
com um único objetivo, a erradicação do analfabetismo, objetivando, segundo o 
relatório de atividades 1995/1996 do Conselho da Comunidade Solidária: elaborar e 
experimentar novas fórmulas, modelos epadrões de relacionamentos e colaboração 
entre atores públicos e privados, para o enfrentamento da pobreza e da exclusão 
social (BRASIL, 2001, p. 4). 
O PAS com sua proposta de parceria, tem criado junto aos seus parceiros uma 
cumplicidade em relação aos resultados, e isto tem feito com que cada parceiro se 
torne corresponsável pelo êxito do programa. Outro aspecto que merece destaque é 
o incentivo para continuidade de escolarização e as avaliações e o acompanhamento 
realizado pelas universidades parceiras. Vários programas foram surgindo ao longo 
da trajetória da Educação de Jovens e Adultos, onde podemos citar dentre outros 
o Programa Brasil Alfabetizado que traz em seu nome toda a sua abrangência e 
responsabilidade.
Como primeiro passo, foi instituída a Secretaria Nacional Extraordinária de 
Erradicação do Analfabetismo para atuar como articuladora e incentivadora nessa 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos26
importante e necessária empreitada. Diante da proposta das Diretrizes Curriculares 
Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, resolução CNE/CEB n.º 1/2000 
(2000) espera-se que a Educação de Jovens e Adultos possa se consolidar como uma 
modalidade de Educação Básica e como direito do cidadão, afastando-se da ideia 
de compensação e suprimento e assumindo a de reparação equidade e qualificação, 
o que representa uma conquista e um avanço para o Brasil.
Programas continuados e campanhas educativas 
para a educação de adultos
O Brasil por apresentar um elevado índice de analfabetismo, o Governo 
Federal promoveu campanhas de alfabetização com a intenção de combater esse 
inimigo, considerado como responsável pela miséria do país impossibilitando o 
desenvolvimento econômico. Com a redemocratização das instituições jurídicas e 
políticas, os partidos viram a necessidade de se consolidarem, pois perceberam que 
o voto era um instrumento importante, no entanto, era interessante que os eleitores 
fossem alfabetizados.
Agora é o momento de você conhecer os programas de campanhas 
educativas para a educação de adultos e seus objetivos.
Campanha Nacional de Alfabetização - Primeira campanha de âmbito 
Nacional lançada pelo Governo brasileiro em 1947 com o objetivo de alfabetizar 
a população. Seus argumentos didáticos e pedagógicos fundamentaram-se na 
educação de crianças, pois essa campanha não tinha experiências e estudos nos 
modos de alfabetizar adultos. Foi finalizada em 1963, pois estava assentada sobre 
delicados alicerces que sustentassem um projeto nacional de alfabetização. 
Movimento de educação de base (MEB); movimento de cultura popular 
(MCP); centro popular de cultura (CPC); campanha de educação popular 
(CEPLAR) e de pé no chão se aprende a ler - Surgidos nas décadas de 1950 e 1960, 
os Movimentos de Educação e Cultura Popular, organizados pela sociedade civil, 
composto em grande parte por camponeses analfabetos, teve como objetivo alterar 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 27
o quadro econômico e cultural da época. Nas práticas da alfabetização procuravam 
vincular a cultura e a educação com a realidade e as transformações sociais. Sua 
orientação era baseada na visão de Paulo Freire onde a alfabetização partia da 
realidade do educando, finalizando assim, após o golpe militar de 1964. 
Movimento Brasileiro de Alfabetização 
(MOBRAL) - Princípios opostos ao de Paulo Freire. 
Projeto do governo brasileiro, criado pela Lei nº 5.379, 
de 15 de dezembro de 1967, objetivava para os jovens 
e adultos, como melhores condições de vida, uma 
alfabetização funcional, visando conduzir a pessoa 
humana a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo 
como meio de integrá-lo a sua comunidade. Mas, devido a falta de um projeto 
pedagógico, finalizou suas atividades em 1985, pois as grandes diferenças existentes 
entre a população das várias regiões do país, não obteve êxito, tendo seus programas 
incorporados à Fundação Educar. 
Fundação Educar - Em 1985 foi criada a Fundação Educar a qual passou a 
fazer parte do MEC, portanto diferente do Mobral. Exercia juntamente às instituições 
e secretarias a supervisão e o acompanhamento com os recursos que recebiam 
e que eram transferidos para a execução de seus programas. Esse programa foi 
finalizado em 1990.
Programa Nacional de Educação na 
Reforma Agrária - PRONERA - Foi criado em 
1998 pelo Ministério Extraordinário de Política 
Fundiária e em 2001 foi incorporado ao INCRA, 
para expandir a escolarização sistêmica dos 
trabalhadores rurais assentados. Seu objetivo 
era a escolarização e alfabetização dos jovens e adultos, capacitar os educadores 
pedagogicamente para atuar como agentes multiplicadores e organizadores das 
atividades educacionais comunitárias nas áreas de reforma agrária e a escolarização 
e formação dos coordenadores.
Recomeço - Supletivo de qualidade - Fazendo Escola - Programa de apoio 
a Estados e Municípios para a Educação Fundamental de Jovens e Adultos, criado 
pelo MEC em 2001 para apoiar com recursos financeiros principalmente os Estados 
e Municípios com baixo IDH – Índice de Desenvolvimento Humano em especial 14 
Estados das regiões Norte e Nordeste e 389 municípios de micro regiões com baixo 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos28
IDH. Integrou o programa Alvorada que tinha como objetivo articular programas 
sociais voltados, especialmente, para a redução das desigualdades regionais e 
melhores condições de vida para as populações mais carentes do Brasil. Em 2003 
recebeu a nomenclatura de Fazendo Escola, passando a ser estendido as demais 
regiões do País, destinado a população conforme o déficit educacional local. Em 
2007 foi suspenso, pois suas ações passaram a ser financiadas pelo Fundeb. 
Brasil Alfabetizado - Com a posse do Presidente 
da República Luís Inácio Lula da Silva em 2003, gerou 
expectativas de uma nova realidade em relação ao 
campo educacional, possibilidades de investimento na 
educação para erradicar o analfabetismo. Com a meta 
da erradicação do analfabetismo durante seu mandato, 
em ritmo mais acelerado que o estabelecido pelo 
Plano Nacional de Educação lançou o Programa Brasil 
Alfabetizado, onde o MEC irá contribuir financeiramente 
com entidades sem fins lucrativos, como por exemplo, órgãos públicos estaduais e 
municipais e instituições de ensino superior. O Brasil Alfabetizado foi criado no ano 
de 2003, com o objetivo de universalizar a alfabetização de brasileiros de 15 anos ou 
mais. Região Nordeste, prioridade de atendimento a erradicação do analfabetismo 
por concentrar 90% dos municípios com altos índices de analfabetismo. 
Escola de Fábrica - Criado em 2005 com o objetivo de abrir salas de aula dentro 
das empresas para capacitar profissionais de 16 a 24 anos que não concluíram o ensino 
básico, pessoas de baixo poder aquisitivo, ou seja, provenientes de famílias pobres. 
Programa Nacional de Inclusão de Jovens - PROJOVEM - Criado em 2005 
e designado à ascensão da escolaridade de jovens e adultos entre 18 e 24 anos, 
inclusive pessoas com necessidades educacionais especiais que não concluíram o 
ensino fundamental. Destinado também a inclusão digital, qualificação profissional 
e ação comunitária. Sua abrangência se estende as capitais e demais regiões com 
mais de 200 mil habitantes. 
Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na 
Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA - Criado pelo Decreto 
nº 5.840 de 2006, com o objetivo de reservar um percentual mínimo de vagas para 
jovens e adultos na rede federal educacional profissionalizante e tecnológica, com 
intenção de profissionalizar básica e tecnicamente com metodologias e currículos 
apropriados. 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 29
Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização de Jovens e 
Adultos (PNLA) - Foi criado pela resolução nº 18 de 24 de abrilde 2007 com o 
objetivo de distribuir livros didáticos para atender a demanda do público específico 
de jovens e adultos. Além desta iniciativa, apoiam também os alfabetizadores 
cadastrados pelas entidades parceiras do Brasil Alfabetizado, adquiridos pelo 
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O objetivo é oferecer 
uma linguagem adequada para este público com o intuito de estimular o interesse 
pelo aprendizado da leitura e da escrita. Esses livros são recebidos anualmente pelo 
FNDE. 
Projovem Campo - Saberes da Terra (Programa Nacional de Inclusão de 
Jovens) - Versa em uma reformulação e ampliação, atingida em 2008, do Programa 
Saberes da Terra. É ofertada uma qualificação profissional ao estudante do ensino 
fundamental com qualificação profissional aos jovens agricultores alfabetizados 
que estão fora da sala de aula. Para este público será ofertado uma formação 
voltada para a sustentabilidade e agricultura familiar. Regiões com baixo Índice de 
Desenvolvimento Humano (IDH) terão prioridade, ou seja, municípios e regiões 
integrantes do Programa Territórios da Cidadania, desenvolvido pelo Ministério do 
Desenvolvimento Agrário. (DI PIERRO, 2008).
O que você pode observar em relação a tantas campanhas para alfabetizar? 
Você concorda que esses programas erradicaram o analfabetismo?
Você deve ter percebido que houve muitos programas, mas que sempre havia 
uma interrupção por motivos políticos. Muitos tinham a intenção de simplesmente 
alfabetizar, outros tinham a intenção de dar continuidade aos estudos, mas todos 
tinham o mesmo objetivo de fornecer mais dignidade às pessoas por meio da 
educação.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos30
2
O CONCEITO DE PAULO FREIRE
CONHECIMENTOS
 Compreender o conceito e o método de Paulo Freire e as características do 
estudante jovem e adulto.
HABILIDADES
Identificar o papel do educador e as cinco fases da aplicação prática proposta por 
Paulo Freire e seu método.
ATITUDES
Posicionar-se criticamente em relação ao método de Paulo Freire e as 
características dos estudantes jovens e adultos.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos32
Conceito Freiriano de alfabetização de adultos: 
limites e possibilidades
Partindo da análise sobre educação como um processo 
de humanização, a concepção pedagógica defendida por 
Paulo Freire na década de 60 é a Educação Libertadora. 
Sua concepção tem como característica a emancipação do 
sujeito perante sua condição de opressão e, suas ideias 
contemplam o processo educativo como um caminho 
que prepara esse sujeito para transformar sua realidade. 
A proposta educacional de Freire tem como concepções 
metodológicas o respeito ao educando, o diálogo e o 
desenvolvimento da criticidade. 
Mas sua pedagogia fundamenta-se sobre dois princípios essenciais, quais 
são os que você conhece? 
 
É a politicidade e a dialogicidade. A ideia inicial do pensamento de Freire 
compreende uma educação que não é neutra, pois a mesma quando vista sobre as 
dimensões da ação e da reflexão de certa existência pressupõe a atuação do homem 
sobre essa realidade. O princípio da politicidade nas ideias de Freire concebe a 
educação como problematizadora, que mediada pelo diálogo busca a transformação 
através do pensamento crítico.
Segundo Feitosa (1999), os processos de aprendizagem da leitura e da escrita 
no pensamento de Freire, são construídos em conformidade com o ato político, pois 
enquanto aprende e escreve a palavra sociedade, por exemplo, “[...] o alfabetizando 
é desafiado a refletir sobre seu papel na sociedade [...]”. (DUARTE, 1998, p. 44). 
Esse modelo de reflexão impulsiona a superação da consciência pelo senso comum 
para a consciência crítica, sendo essa nova visão a possibilidade de intervenção dos 
sujeitos na transformação. 
Por sua vez, a dialogicidade é uma característica essencial da educação 
libertadora. Através do diálogo, educador e educando se tornam sujeitos do processo 
educacional e os argumentos de autoridade de nada mais prevalecem. Vale ressaltar 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 33
que o diálogo nos relatos de Freire (1987), tem início antes mesmo da própria ação 
pedagógica, uma vez que, essa interação acontece na busca do conteúdo a ser 
trabalhado.
Por que será que Paulo Freire trazia com ele uma inquietação em relação 
a educação bancária?
Falar sobre algo completamente distante da experiência do educando é uma 
das inquietações de crítica de Paulo Freire. Na educação “bancária”, o educador 
apenas transmite aos educandos conteúdos e informações isolados da realidade 
a qual esses sujeitos se inserem. Essa educação, segundo Freire (1987) transforma 
a consciência do estudante em um pensar mecânico e não reflexivo. À procura de 
humanismo nas relações entre os sujeitos, a educação de acordo com Freire tem o 
propósito de causar a ampliação da visão de mundo e isso acontece quando essa 
relação é intermediada a favor do diálogo.
A educação como prática da liberdade diferencia-se da simples transmissão 
de informações e vem no sentido de produzir um senso crítico que leve o sujeito 
a entender, reivindicar e se transformar. Além disso, a educação libertadora resulta 
na consciência do estudante sobre o mundo em que vive e refere-se à ideia de que 
é preciso existir uma troca contínua de conhecimento entre educador e educando. 
Paulo Freire não considerava seu pensamento educacional como uma metodologia 
de ensino. Em entrevista concedida a Pelandré (1998), ele declara sobre esse assunto.
Eu preferia dizer que não tenho método. O que eu tinha, quando muito 
jovem, há 30 anos ou 40 anos, não importa o tempo, era a curiosidade 
de um lado e o compromisso político do outro, em face dos renegados, 
dos negados, dos proibidos de ler a palavra, relendo o mundo. O que eu 
tentei fazer, e continuo fazendo hoje, foi ter uma compreensão que eu 
chamaria de crítica ou de dialética da prática educativa, dentro da qual, 
necessariamente, há uma certa metodologia, um certo método, que eu 
prefiro dizer que é um método de conhecer e não um método de ensinar. 
(FREIRE, 2002, p. 53).
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos34
Em relação ao método, Freire entendia tratar-se de uma teoria do conhecimento 
do que de uma metodologia de ensino. Com efeito, entendemos, conforme Duarte 
(1999), que a identificação dessas ideias em expressões de Método ou Sistema, resulta 
pelo fato da mesma envolver uma sequência de três momentos ligados entre si.
O primeiro momento refere-se à investigação temática, ou seja, é o momento 
em que se pesquisa as palavras e temas geradores ligados a vida cotidiana dos 
alfabetizandos. Quanto ao segundo momento é a criação de situações desafiadoras 
que serão decodificadas com a intervenção do educador. Por sua vez, o terceiro 
momento está relacionado à problematização, na qual, a visão simples é superada 
por uma visão crítica possível de transformar a realidade em que se vive.
Como resultado de suas ideias, em seu livro Conscientização: Teoria e Prática 
da Libertação, o autor Paulo Freire apresenta a aplicação prática de sua proposta 
em cinco fases expostas no quadro a seguir:
PRIMEIRA FASE A descoberta do universo vocabular dos 
educandos com os quais se trabalhará. 
Essa fase é um momento importante de 
pesquisa e reconhecimento do grupo.
SEGUNDA FASE A seleção de palavras dentro do 
universo vocabular pesquisado. Essa 
escolha deve ser feita segundo Freire 
(1980) sob os critérios da riqueza e das 
dificuldades fonéticas, colocando-se na 
ordem de dificuldade crescente e do 
conteúdo prático da palavra, buscando 
o maior comprometimento possível da 
palavra com a realidade de fato.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 35
TERCEIRA FASE A criação de situações existenciais 
próprias do grupo a trabalhar. São situações 
desafiadoras,problematizadoras e cheias 
de elementos que serão decodificados 
pelo grupo com a intervenção do educador. 
“[...] São situações locais que abrem 
perspectivas para a análise de problemas 
nacionais e regionais [...]”. (FREIRE, 1980, 
p.44).
QUARTA FASE Pressupõe a elaboração de fichas que 
ajudam os educadores no desenvolvimento 
do seu trabalho. São fichas que deverão 
apenas dar apoio, sem uma regra rígida a 
cumprir.
QUINTA FASE Consiste na elaboração de fichas com 
a decomposição das famílias fonéticas 
condizentes as palavras geradoras. O 
material pode ser preparado na forma de 
cartazes ou slides. Com efeito, percebemos 
a proposta de Freire no uso dessa 
metodologia de alfabetização para jovens 
e adultos, como algo diferente e inovador, 
pois, até o momento a alfabetização 
para adultos caracterizava em simples 
adaptações das cartilhas para crianças. 
A respeito deste assunto, Duarte; Oliveira (2000) afirmam que a alfabetização 
pode ser realizada com temas geradores do cotidiano dos estudantes e não com 
simples palavras fragmentadas e faladas de forma mecanicamente, mas valorizando 
o vocabulário do adulto.
Diante das considerações apresentadas, entendemos a proposta de 
alfabetização do educador Freire, como um processo de conscientização que 
também proporciona a aquisição dos recursos de leitura e escrita. Percebemos sua 
concepção, como diferente, por tornar possível uma aprendizagem libertadora e 
não mecânica, por promover a relação entre educador e educando e a valorização 
da sua cultura, do vocabulário do sujeito alfabetizado. 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos36
O Método de Paulo Freire
O método de Paulo Freire foi criado em uma 
sociedade fechada, num momento em que o país 
vivia uma ditadura que criava censura para diversas 
manifestações e que as pessoas não tinham liberdade 
para se expressar livremente. O método Freiriano 
tem um caráter político e conscientizador, procura 
desenvolver no educando uma consciência crítica da 
realidade. Trabalha questões relacionadas ao cotidiano 
e histórias de vida. Busca nos educandos aquilo que eles 
já possuem e, consequentemente, busca superar o que 
Paulo Freire chama de consciência ingênua. Portanto, 
através do processo de construção do conhecimento o adulto obtém a língua escrita 
com criticidade, de modo que o mesmo exerça a plena cidadania (FREIRE, 1990).
Partindo desse pressuposto, atualmente, talvez mais do que nos anos sessenta, 
a Educação Popular se faz urgente e necessária, porque o acesso ao conhecimento 
pode significar a tomada de consciência sobre a realidade e a organização de 
estratégias de transformação.
Como se dá a alfabetização Freiriana? Será que há uma receita a seguir 
como um modelo?
A alfabetização na perspectiva Freiriana deve, como pressuposto, incorporar a 
leitura de mundo dos educandos como ponto de partida para a leitura da palavra. O 
ponto de chegada da alfabetização (saber ler e escrever) está associado à elaboração 
de novos projetos de sociedade e à organização de espaços de participação popular.
Sobre o chamado Método Paulo Freire é preciso tecer algumas considerações. 
A primeira está atrelada ao componente histórico, porque Freire realizou suas 
experiências no que havia disponível, isto é, o método da silabação. A segunda, 
já que Freire não era um estudioso no campo da linguística, mas da antropologia, 
da sociologia, cabe a nós associarmos a Educação Popular aos estudos do 
socioconstrutivismo. Ele sempre recomendou que sua obra nunca fosse copiada 
como um modelo, mas criada permanentemente.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 37
Ainda sobre o Método Paulo Freire, para além das questões relativas à 
psicogênese (como acontece a construção da escrita), reafirmamos a importância 
do estudo da realidade como instrumento da alfabetização libertadora. O estudo 
da realidade parte da escuta das falas dos educandos, mas para que isso ocorra, é 
necessário que os educadores, primeiramente, organizem espaços de diálogos entre 
educandos e educandos e entre educadores e educadores.
A seguir, vem a etapa da organização dos dados, atividades inerentes aos 
educadores, pois a eles é atribuída a função de mapear os problemas, as situações 
limites, para daí, coletivamente, retirar o tema gerador. O tema gerador, portanto, é 
problematizado a partir dos saberes do povo – senso comum, na articulação com 
os saberes sistematizados. Desse diálogo nasce a visão crítica sobre a realidade – 
consciência crítica, bem como as possibilidades de transformação da realidade.
Nesse período foram produzidos diversos materiais de alfabetização orientados 
por esses princípios. Normalmente elaborados regional ou localmente, procurando 
expressar o universo vivencial dos alfabetizandos, esses materiais continham 
palavras geradoras acompanhadas de imagens relacionadas a temas para combate, 
os quadros de descoberta com as sílabas derivadas das palavras, acrescidas de 
pequenas frases para leitura. O que caracterizava esses materiais era não apenas 
a referência à realidade imediata dos adultos, mas principalmente, a intenção de 
problematizar essa realidade.
O estudante da Educação de Jovens e Adultos
Os estudantes da educação de jovens e adultos apresentam características 
próprias: são majoritariamente trabalhadores ou filhos de trabalhadores que 
vivem uma condição socioeconômica que determina inúmeras restrições. Entre 
essas, encontra-se, evidentemente a própria possibilidade de eles se enquadrarem 
nas exigências do modelo escolar regular, bem como a emergência de interesses 
imediatos específicos, marcados pela busca de mecanismos de sobrevivência. 
Quando nos referimos ao analfabeto na sociedade letrada, isto é, a esse sujeito 
que faz parte da civilização escolarizada, industrializada e que não tem o domínio da 
palavra escrita, estamos nos referindo, a um grupo social composto em sua maioria, 
por indivíduos de zonas rurais, trabalhadores em ocupações pouco qualificadas e 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos38
com uma história descontínua e mal sucedida de passagem pela escola; seus pais 
também eram trabalhadores em ocupações braçais não qualificadas (principalmente 
lavoura) e com nível instrucional muito baixo, geralmente também analfabetos 
(DUARTE, 2000, p. 22).
De acordo com Oliveira (2004), esse grupo de pessoas designados analfabetos 
tem um lugar na sociedade, e na maioria das vezes discriminados por não terem o 
domínio da escrita e da leitura. Por outro lado, a alfabetização de adultos, segundo 
Duarte (2000, p. 19) é ter consciência de que “os processos de desenvolvimento 
estão relacionados a três grandes fatores: etapa da vida, circunstâncias culturais, 
históricas e sociais de sua existência e experiências particulares de cada um, não 
generalizáveis para outras pessoas.”
Considerar esses aspectos é fundamental para o trabalho com o adulto 
não alfabetizado ou pouco escolarizado. Suas experiências e circunstâncias 
culturais, históricas e sociais propiciam situações de aprendizagem, promovendo o 
desenvolvimento psicológico tanto na fase adulta como na velhice. 
Segundo Duarte (2000), o homem é um produto e transformador do meio. 
Enquanto adulto, passa por mudanças psicológicas, então o conhecimento adquirido 
no decorrer de sua vida através de suas experiências torna-o mais capaz em relação 
ao aprendizado, portanto cabe ao educador direcionar suas práticas pedagógicas 
levando em consideração que os estudantes adultos podem aprender de forma 
satisfatória.
Numa sociedade de escrita presente como na cidade contemporânea, 
raramente encontramos pessoas completamente analfabetas. Obviamente que, 
como consumidor da palavra escrita, o analfabeto está em desvantagem em relação 
àqueles indivíduos que, tendo passado por um processo regular de escolarização, 
dominam a lógica do mundoletrado. 
Partindo desse pressuposto, Vygotsky (1996) defende que na fase adulta 
há capacidade de aprendizagem, enfatizando que há uma diferença no ritmo de 
aprendizagem em relação a criança. Esses indivíduos sabem escrever o próprio nome, 
muitas vezes reconhecem ou sabem escrever algumas letras, conhecem os números. 
Alguns conhecem a letra caixa alta, mas não a letra cursiva, outros têm dificuldades 
de saber onde “termina uma letra e começa outra”, outros ainda, conhecem as letras, 
mas não sabem “juntá-las”. Portanto, Freire enfatiza que: “não se deve ensinar só a 
leitura da palavra ou só a leitura do mundo, mas as duas, dialeticamente solidárias” 
(FREIRE, 1998, p. 32). Ainda sobre este aspecto Freire afirma que:
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 39
Refletir sobre o saber e o conhecimento do homem no mundo e como 
mundo, ou seja, é pensar a vida do homem e o mundo que o cerca. O 
mundo dos homens é a sua própria realidade. Nas atividades dos homens 
é que surge sua interação com a vida e, assim, o próprio dever (...) essa 
reflexão nos leva a compreender o homem como sua própria história. 
Assim temos que tematizar os homens na sua totalidade histórica, o seu 
agir e o seu existir no mundo. (FREIRE, 1998, p. 39).
O lugar social ocupado pelo analfabeto, juntamente com a ideia dos diferentes 
graus de analfabetismo, coloca a questão do analfabetismo no mundo letrado, menos 
como um problema referente ao processo de alfabetização em si, e mais como um 
problema que diz respeito às relações entre culturas e modos de pensamento. O 
indivíduo analfabeto necessariamente não é aquele que tem pouca ou nenhuma 
habilidade na leitura e escrita, a questão são as dificuldades enfrentadas por grupos 
culturais de pessoas sem qualificação profissional e da zona rural com indivíduos 
escolarizados com conhecimento tecnológico (OLIVEIRA, 2004).
Portanto, para caracterizar com clareza essa parcela da população a ser 
atendida pela educação de jovens e adultos é fundamental refletirmos sobre quem 
é seu público, suas características e especificidades. Tal reflexão servirá de base para 
a elaboração de processos pedagógicos específicos.
Você sabe qual o papel do educador na EJA? Será que há diferença no 
modo de ensinar para esse público?
O papel do educador na EJA e os “saberes” 
indispensáveis a sua prática
Segundo Freire (2003) comenta que, baseado em pesquisas e experiências 
chegou-se a conclusão que os motivos que levam jovens e adultos a procurar 
estudar são referências predominantes no que diz respeito às suas expectativas de 
conseguir um emprego melhor, poderem ensinar as tarefas escolares de seus filhos, 
ajudando-os em sua aprendizagem, especialmente as mulheres, por permanecerem 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos40
por mais tempo no ambiente familiar e dar-lhes bons exemplos, se expressar melhor 
e não depender muito dos outros.
A ideia de que os adultos têm de uma escola ao se integrarem nela é muitas 
vezes comparada a que frequentaram brevemente quando pequenos. Apesar das 
lembranças da precariedade, muitos lembram com carinho e lamentam não terem 
tido a oportunidade de continuar estudando ou até mesmo de não terem tido a 
chance de frequentá-la. É possível que ao integrar-se a escola, imaginem encontrar 
salas de aulas tradicionais como: repetição em coro do alfabeto, cadeiras enfileiradas, 
cópias do quadro negro, momentos rígidos de entrada e saída, não poder sair da 
sala quando o professor estiver dando sua aula, enfim, disciplinas rígidas que em 
sua visão corresponde ao modelo de escola anteriormente conhecida (FREIRE, 2003, 
p. 72).
A situação com os adolescentes tende a ser diferente, principalmente nos 
centros urbanos. Normalmente passaram por vários anos sem sucesso na escola 
regular, geralmente adolescentes com conflitos, tanto familiares como escolares, e 
ainda se ver expresso a indisciplina, o que é comum também, a autoafirmação. O 
educador neste momento, em ambos os casos, deverá trabalhar juntamente com 
o educando para que este reconstrua sua imagem tanto escolar quanto de sua 
personalidade.
Visto que há conflitos tanto familiares como escolares, você acha que a 
afetividade contribui para o ensino-aprendizagem?
Professor, Aluno de EJA e Afeto: aliados no 
processo de ensino-aprendizagem 
A relação entre professor e estudante na maioria dos contextos, é percebida 
somente no que se menciona à transmissão de conhecimentos, isto é, ao aspecto 
cognitivo, mas este quadro está se modificando, pois é perceptível que alguns 
estudos passaram a conferir relevância à questão da afetividade na aprendizagem. 
Quando pensamos no professor enquanto intercessor da modalidade de ensino 
abordada neste estudo, é importante observar que algumas das suas atribuições 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 41
são: ouvir o estudante e entendê-lo, incentivá-lo a não desistir dos estudos, orientá-
lo, dizer-lhe o quanto é peça fundamental no processo de aprendizagem, tirar suas 
dúvidas, entre outras (SILVA, 2007). 
A influência que o professor tem na sala de aula é enorme, ele tem a competência 
de envolver ou não o estudante, pois é a partir daí que será constituído um clima 
que pode favorecer ou desfavorecer a aprendizagem, já que esta se dá também, a 
partir da construção de um bom relacionamento em sala de aula. Nesse sentido, fica 
claro que além dos procedimentos desenvolvidos nas aulas e dos recursos utilizados, 
uma boa afinidade entre professor e estudante é fundamental, pois muitas vezes 
este tem a escola como um “abrigo” para os problemas que enfrenta no dia a dia 
(SOUZA, 2004). 
O estudante ao encontrar um professor acessível para dialogar, que lhe 
conduza confiança e que, sobretudo, não tenha uma atitude arrogante o estimula 
a se perceber parte do procedimento, desenvolvendo as atividades com alegria, 
bom humor e segurança. O estudante adulto já tem suas ideias constituídas e viveu 
muitas experiências na vida, as quais inúmeras vezes o desestimulou de persistir 
os estudos. Assim, apesar de não estar mais na qualidade de criança, ele precisa 
de muita atenção e carinho, pois esta afinidade afetuosa serve como estímulo para 
não desistirem de voltar à escola, cultivando sua autoestima elevada e aprendendo 
o quanto são competentes, independente da diferença de idade que há entre o 
professor e ele, ou até mesmo entre ele e seus companheiros de classe. 
Segundo Rêgo (1995), Vygotsky idealiza o homem como um ser que pensa, 
raciocina, deduz e abstrai, mas também como alguém que sente, se emociona, 
deseja, imagina e se sensibiliza. Então, é percebível que não há como desprender 
o afetivo do intelectual, uma vez que o ser humano precisa ser percebido como 
um todo, e não de forma dualista, isto é, separando a razão da emoção. Caso essa 
separação aconteça, é possível apreendermos a presença de vazios no processo 
de aprendizagem. Intérpretes de histórias de vidas diferenciadas, os estudantes da 
modalidade de ensino abordados têm caminhos escolares marcados pela exclusão, 
e em muitos casos, sentem-se envergonhados por esta condição vivenciada, de 
ter parado de estudar ou de estar na escola num momento considerado por eles 
“tarde”. Além disso, preocupam-se muito com o novo, com as descobertas; sentem 
temor de falar em público, de errar, e até mesmo de não ter a atenção aguardada 
(SOUZA, 2004). 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos42
Nesse contexto é válido destacar a importância de uma performance por parte 
do professor que estimule não apenas o aspecto cognitivo, mas também o afetivo, 
para que mostre ao estudante que ele é acolhido independente de suas condições 
de vida e deve, portanto, acreditar no seu potencial de aprender e administrar seu 
aprendizado.
O estudante adulto tem muito a contribuir para o processo de ensino-
aprendizagem, não só porser um trabalhador, mas pelo conjugado de ações que 
exerce na família e na sociedade. De sua parte, o educando, sobretudo o adulto, 
ao apreender que está sendo tratado como um agente ativo, participante do 
processo de aprendizagem, vai ter mais interesse e se sentir mais responsável. A 
responsabilidade é tão superior nessa concepção que o estudante compreende que 
está mudando sua sociedade, sua realidade e a essência de seu país pelo fato de 
estar mudando a si mesmo. Entendem que a educação que recebem não é favor 
ou caridade e sim um direito instituído, conforme parecer 11/2000 que trata das 
Diretrizes Curriculares para Educação de Jovens e Adultos - DCEJA. Souza e Silva 
(2004, p. 15), afirma que “[...] não se pode perder de vista que, o educando da EJA é 
um ser dotado de ideias, tem sentimentos e capacidade de aprender como qualquer 
outro estudante”.
Essas qualidades ficam claras numa simples conversa que envolve assuntos do 
cotidiano, uma vez que, quando estão à vontade, eles dão asas aos pensamentos, 
soltam as ideias, falam sem medo, alegram-se, emocionam-se e expressam 
muito verdadeiramente o que sabem e o que desejam saber. Então é importante 
que o professor não se permita perante a turma de forma audaciosa, fazendo 
determinações, recriminando o estudante que fala errado e rotulando-o como 
aquele que não sabe das coisas. Enfim, evidenciar que é o único responsável pela 
aprendizagem, pois dessa forma o estudante pode se sentir muito inferiorizado e 
até mesmo discriminado (SOUZA; SILVA; 2004).
A união entre professor e estudante acontece quando o diálogo estabelecido 
entre ambos é benéfico e de qualidade; assim, eles criam um laço de “amizade” que 
favorece todo o processo de obtenção do saber, visto que, é óbvia a competência 
que o professor tem de conquistar a atenção do estudante e despertar seu interesse 
para as discussões que serão feitas na sala de aula. Nesse sentido, é importante 
que o educador tenha a capacidade de “suavizar a distância” entre seu mundo e 
o mundo do estudante adulto, pois este precisa de um tratamento acolhedor e 
humanizado para que se sinta motivado e realize as atividades com boa vontade. 
Desta forma, cumprir os deveres recomendados deixa de ser uma “obrigação” e 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 43
ele passa a apreender e, sobretudo, a acreditar que certos conhecimentos terão 
utilidade na sua vida, ou simplesmente, em situações do seu dia a dia. Para ratificar 
tal afirmação, Freire (2002) diz que é fundamental que o professor e estudantes 
saibam que a atitude deles, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada 
enquanto fala e enquanto ouve. 
Portanto, se o professor não constituir uma afinidade afetuosa com os 
estudantes, pode até ser que fixe os conteúdos, no entanto, é imaginário achar que o 
ensino foi favorável, pois o não envolvimento do estudante impossibilita a efetivação 
da aprendizagem de sucesso, daí a importância de ter a afetividade enquanto peça 
fundamental da prática pedagógica. Codo & Gazzotti (1999) diz que todo trabalho 
envolve algum investimento afetivo por parte do trabalhador, quer seja na relação 
estabelecida com outros, quer na relação estabelecida com o produto do trabalho. 
Mas, o caso do professor é diferente, a relação afetiva é obrigatória para o próprio 
exercício do trabalho, é um pré-requisito. Para que o trabalho seja efetivo, que 
atinja seus objetivos, a relação afetiva necessariamente tem que ser estabelecida 
(CODO; GAZZOTTI, 1999, p. 50). 
Sabe-se que as funções conferidas ao 
professor geralmente tem caráter prático, ele tem 
prazos para exercer e precisa seguir uma construção 
curricular, tendo que operacionalizar seu trabalho 
independente do investimento afetivo. No entanto, 
na ocasião que ele se propõe a ensinar e o estudante 
a aprender, haverá sem dúvidas, a criação de elos 
afetivos, propiciando então, uma troca entre ambos, 
o que favorece a conquista da atenção e interesse do estudante para o conhecimento 
proposto para ser acometido.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos44
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 45
3
HETEROGENEIDADE: UMA QUESTÃO A SER 
DISCUTIDA
CONHECIMENTOS
Entender a heterogeneidade dentro da clientela de jovens e adultos e as 
dificuldades encontradas pelo docente.
HABILIDADES
Identificar as dificuldades dos estudantes e dos professores de Educação de Jovens 
e Adultos.
ATITUDES
Desenvolver estratégias para que a prática pedagógica atue com eficiência e 
eficácia no ensino-aprendizagem dos estudantes de EJA.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos46
A heterogeneidade no contexto atual da EJA no 
Brasil
O Brasil está entre os dez países com um 
número elevado de analfabetos. Atualmente, temos 
muitos jovens e adultos que estão entre aqueles 
que não conseguiram concluir nem o ensino 
fundamental. Essas pessoas fazem parte daqueles 
que são denominados analfabetos funcionais. O 
governo criou possibilidades para que os jovens e 
adultos pudessem ter condições de obter educação de qualidade e sentirem-se 
inclusos na sociedade.
Mas, antes de adentrarmos ao assunto, você sabe o conceito de 
heterogeneidade? Heterogeneidade refere-se à aquilo que é composto por 
partes diferentes, diversidade.
A Educação de jovens e adultos apresenta um perfil de pessoas com costumes, 
linguagens, raças, tradições, faixa etária, sexo, ritmos de aprendizagem diferente 
e gênero homogêneo, mas dentro desse grupo há também a heterogeneidade. 
Nas salas de aula noturnas geralmente esse público é constituído de estudantes 
trabalhadores que não tiveram a oportunidade de adquirir a escolaridade na infância. 
Devido a necessidade para sobreviver acabam entrando no mercado de trabalho 
mais cedo, provocando a transferência de estudar na idade certa para estudar nos 
programas de Educação de Jovens e Adultos.
Mas, o que levou esses indivíduos a reivindicarem educação?
No decorrer dos anos, o movimento de migração do país tem aumentado, 
populações da zona rural passaram a se deslocar para a área urbana, com isso essas 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 47
populações visando melhor qualidade de vida buscaram trabalho nas grandes cidades 
e isso levou a uma maior reivindicação pelos direitos à educação, ocasionando a 
formação de salas de aula de EJA.
No entanto, as salas de aula foram preenchidas com estudantes dos mais 
variados lugares representando grupos culturais diversificados. Visto que, essa 
clientela trouxe uma grande heterogeneidade, ou seja, uma grande mistura de 
pessoas diferentes, nos quais professores e estudantes vivenciam experiências no 
modo de falar, faixa etária diferente, etnia e experiências profissionais diversificadas.
Primeiro vamos discutir sobre grupos com diversidade cultural, mas antes 
você sabe o que significa cultura?
 
Cultura é um conjunto de ações ou costumes que são compartilhados pelos 
indivíduos de uma sociedade e é passado de geração em geração. De acordo com 
a UNESCO:
(...) o conjunto específico de características espirituais e materiais 
intelectuais e afetivas, que caracterizam uma sociedade ou um grupo 
social, e que abrange, além das artes e das letras, estilos de vida, formas 
de vida comunitária, sistemas de valores, tradições e crenças (Declaração 
Cultural, 2001).
Enfrentar a heterogeneidade cultural é um dos desafios colocados na busca por 
uma maior compreensão dos processos de mudança no contexto da globalização, 
pois todas as práticas consequentes giram em torno das diferenças, da especificidade 
de cada caso que é por sua vez, o produto das relações de pessoas, de grupos e de 
classes (BRANDÃO, 2009).
Como os estudantes de EJA apresentam uma grande heterogeneidade é de suma 
importância levar em consideração a diversidade cultural quando se pretende obter 
qualidade de ensino.Nesse sentido, cabe aos educadores utilizarem a diversidade 
cultural procurando valorizar os conhecimentos adquiridos dessa clientela, a fim de 
combater o preconceito e a discriminação contra os adultos não escolarizados.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos48
O professor a partir das diferenças entre os estudantes deve considerar 
seus costumes, hábitos, comportamentos e suas limitações percebendo que, 
essas diversidades não representam uma fragmentação da sociedade, pois busca 
identificar as múltiplas expressões dos grupos e perceber como interagem entre si 
na sociedade.
A partir da vida social, nas relações entre familiares, nos grupos políticos e 
religiosos e no mundo do trabalho, os estudantes dos cursos de EJA trouxeram seus 
conhecimentos para os muros da escola, dividindo seus saberes e propagando a 
todos os envolvidos. 
A diversidade cultural não engloba somente estudantes e professores, mas 
todos os envolvidos na escola, gestores e funcionários. Todos esses indivíduos 
envolvidos na escola são de suma importância para uma proposta pedagógica que 
perceba a educação como um processo social em constante construção.
Quando falamos em educação de jovens e adultos, logo pensamos em pessoas 
idosas da zona rural, mas com o passar do tempo essa realidade mudou. Com a 
entrada dos jovens, o desafio é bem maior, pois são indivíduos da zona urbana, no 
entanto, deve-se tomar cuidado para não homogeneizar a clientela da EJA como um 
público problemático. O fato de possuir faixa etária distante, esses estudantes têm 
realidades e anseios diferentes. De acordo com Silva (2007, p.18):
O rejuvenescimento dos alunos é fato pontuado por pesquisas recentes 
realizadas no campo da Educação de Jovens e Adultos, atribuído à perda 
de qualidade do ensino regular e, mais recentemente, ao rebaixamento 
de idade para os exames supletivos, proposto pela LDB nº 9394/96, por 
meio da qual surge o que tem sido denominado de supletivação do ensino 
regular.
A crescente inserção de jovens nas classes de EJA deve-se a diminuição da 
idade de 18 para 15 anos, para que esses possam ter acesso na EJA, conforme a 
Lei 9.394/96. A falta de educação de qualidade, problemas sociais e econômicos e 
a inserção precoce no mercado de trabalho contribuíram para que os estudantes 
em tais situações viessem ao fracasso escolar, levando a repetência e a evasão da 
escola regular, migrando mais tarde para a Educação de Jovens e Adultos. Esses 
estudantes também apresentando baixo rendimento escolar são considerados como 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 49
indisciplinados, não aprendem, e antes de terminar seus estudos são excluídos da 
sociedade.
 A entrada de jovens na EJA ocasionou tensões no âmbito escolar, pois são 
vistos pelos adultos como pessoas sem expectativa de futuro e que interferem 
no processo de aprendizagem dos conteúdos escolares. Em uma sala de aula 
com pessoas heterogêneas em relação à faixa etária é um grande desafio para os 
professores, visto que, a preparação da aula para esses estudantes mais jovens e para 
com os de mais idade deve ser preparada com criatividade, traçando estratégias que 
facilitem o ensino-aprendizagem de forma mais satisfatória e significante.
A cada ano a entrada desses jovens vem crescendo na EJA, trazendo para 
os muros das escolas falta de interesse, agressividade, rebeldia e falta de respeito 
tanto para os professores como para com os outros estudantes. Eles já chegam 
desinteressados, desmotivados, muitos já passaram por vários anos de repetência, 
sentem desorientados em relação a emprego e não conseguem entender a 
importância do estudo para sua vida. (BRUNEL, 2004).
Os idosos que resolvem ingressar nas escolas encontram alguns desafios, 
sentem preconceito social, pois muitos dos jovens frequentadores da EJA podem 
considerá-los incapazes, portanto, cabe ao professor conhecer as limitações desses 
estudantes quer sejam cognitivas, auditivas, visuais e problemas em relação à 
psicomotricidade. Todos esses fatores podem ocasionar a baixa autoestima e isso 
pode gerar timidez e consequentemente a sensação de humilhados e inseguros, 
prejudicando a aprendizagem, e com isso resistirem a frequentar a escola ou até 
mesmo originar a evasão por acharem que estão estudando em salas com crianças, 
mas o professor pode traçar táticas para que todos participem em todas as atividades.
Na sala de aula pode ocorrer conflitos, pois os mais idosos sentem dificuldades 
em responder os questionamentos do professor com maior rapidez, mas os jovens 
apresentam mais destreza em responder os questionamentos, no entanto, essa ação 
pode deixar o idoso mais tímido em participar das atividades propostas.
O idoso por apresentar experiências no decorrer de sua vida, tem muita coisa 
para contar e pode associar os conteúdos abordados pelo professor a alguma 
experiência vivenciada por ele, portanto, o professor precisa estar preparado para 
orquestrar a aula de forma satisfatória (SANTOS; SÁ, 1999). Os idosos também 
se incomodam com barulho que os mais jovens possam vir a fazer, pois eles não 
têm o mesmo ritmo de concentração dos mais jovens que conseguem fazer várias 
atividades ao mesmo tempo, e isso pode ocasionar conflitos na sala de aula.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos50
Outro fator que deve ser levado em consideração são estudantes em séries 
menos avançadas que apresentam dificuldades na escrita e leitura, e devido a 
heterogeneidade numa mesma turma podem sentir dificuldades em discutir 
determinado assunto com os outros colegas. Essa diversidade cognitiva da turma 
gera dificuldade no processo de ensino-aprendizagem, pois a homogeneidade é 
mais aceitável na comunidade escolar, já a heterogeneidade é mais complicada 
tanto para os estudantes quanto para os docentes.
Dentro das turmas encontram-se também estudantes que estão sob a liberdade 
assistida, ou seja, estão na escola por obrigação, não querem estudar e muito menos 
com pessoas mais idosas e o mesmo acontece com a educação prisional.
A educação por ser um direito de todos, o Estado tem a responsabilidade 
de oferecer uma educação de qualidade as pessoas que estão nos presídios, 
cumprindo pena com a intenção de melhorar as oportunidades presentes e futuras 
dos indivíduos presos proporcionando igualdade a todos. (SCARFO, 2009).
Desafios encontrados pelos docentes da EJA em 
sua prática
Pesquisas mostram que os professores não tem muita experiência no campo 
da EJA, por isso sentem dificuldades de atuarem, pois essa clientela é constituída de 
grupos heterogêneos. A dificuldade repercute em encontrar estudantes adultos e 
idosos em uma mesma turma. Os estudantes enfadados devido ao dia de trabalho 
e com responsabilidades familiares, a falta de materiais didáticos, falta de merenda 
escolar, falta de transporte, tudo isso contribui para evasão escolar e acarreta muitas 
dificuldades para o docente em sua prática pedagógica.
A questão da heterogeneidade em relação 
à faixa etária é muito desgastante para o docente, 
pois uma sala com estudantes com idade entre 
15 a 70 anos, o professor deve apresentar um 
trabalho mais individualizado. A questão também 
da autoestima dos estudantes é um problema a 
ser enfrentado pelo professor, pois o estudante 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 51
apresenta timidez e não acredita na capacidade de aprender, essas características 
pode prejudicar o aprendizado dificultando assim o trabalho do professor.
Outra questão é a de contextualizar os conteúdos abordados em sala de aula de 
acordo com a vivência desses estudantes, pois o professor se for apenas transmissor 
do conhecimento, sem obter conexão com os interesses dos estudantes gerará falta 
de interesse. (OLIVEIRA, 2001).
Geralmente, professores lidam com crianças, por isso acabam infantilizando o 
ensino aos jovens e adultos,porém isso é um fator desestimulante para o estudante. 
Portanto, o docente deve manter o cuidado para que não venha tratar essa clientela 
como crianças. O diálogo deve ser bidirecional e os estudantes devem ter a 
oportunidade de expressar suas experiências.
Outro fator de dificuldade é fazer com que aqueles que já frequentaram a escola 
algum dia venham novamente a acreditar que podem escrever e ler novamente e 
que com o exercício da prática e tempo será possível. Já os que nunca frequentaram 
uma escola, tem sede de aprender, às vezes chegam a ser ansiosos, então, cabe ao 
professor mostrar a eles que esse processo deve ser feito de forma vagarosa e que 
devem respeitar seu próprio ritmo.
Os docentes sentem falta de um coordenador pedagógico com formação na 
área de EJA, que possa apresentar propostas pedagógicas próprias para essa clientela 
no qual necessita de tratamento diferenciado. O coordenador pedagógico é uma 
peça fundamental, visto que, através de reuniões pedagógicas pode juntamente 
com os docentes discutir os empecilhos e as dificuldades vivenciadas na sala de 
aula e melhorar o desenvolvimento profissional, com a finalidade de atuar de forma 
satisfatória a docência. (FRANCO, 2010).
Vejamos o quadro resumo que mostra as dificuldades e as limitações vivenciadas 
pelos professores da EJA.
DIFICULDADES LIMITAÇÕES
Insegurança nos educadores 
pela falta de orientação quando 
recém-chegados na instituição.
Atuação com crianças por isso 
infantiliza a sua prática com os jovens e 
adultos.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos52
Falta de formação específica 
em relação às diversidades. A 
heterogeneidade de níveis de 
aprendizagem dentro de uma mesma 
turma.
A dificuldade de harmonizar os 
diferentes interesses dos estudantes 
com a finalidade de motivá-los para a 
aprendizagem.
A diversidade entre os 
educandos em relação à religião, 
gerações e valores. A grande diferença 
de idade entre os educandos, 
impaciência, desmotivação e evasão 
escolar.
Dificuldade de relacionar o 
conteúdo proposto com a realidade dos 
educandos.
A grande diferença de idade 
entre os educandos, impaciência, 
desmotivação e evasão escolar. A 
baixa autoestima por não acreditarem 
em seu potencial de aprendizado.
Manter estudantes de diferentes 
faixas etária com a mesma motivação e 
autoestima.
Fonte: PORCARO, 2011
Professores que estão engajados nesta modalidade buscam alternativas para 
enfrentar as dificuldades através de ações que minimizem suas limitações. Os 
processos pedagógicos estão fora dos muros da escola, por isso o diálogo é uma 
ferramenta que auxilia os estudantes a interagirem com o conteúdo abordado, 
através de trabalhos em grupos, propondo atividades diversificadas e nomeando 
monitores que tem condição de auxiliar os seus colegas, respeitando as diversidades 
sejam elas sexuais, religiosas e diferenças de idade. Estes aspectos podem ser muito 
satisfatórios para a aprendizagem.
No entanto, priorizar atenção especial aos que estão iniciando o processo de 
alfabetização e os que apresentam dificuldades, se torna um aspecto indispensável. 
Saber ouvir é um excelente exercício para troca de saberes, mas ao mesmo tempo um 
desafio encarado com muitas dificuldades por parte dos educadores. A estratégia é 
trocar experiências com todo corpo docente, discutindo e compartilhando dúvidas 
e sugestões, com isso promoverá novas descobertas.
4
PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DE EJA
CONHECIMENTOS
Compreender o processo de ensino-aprendizagem dos jovens e adultos e 
entender a importância da preparação do professor e o modelo Andragógico.
HABILIDADES
Comparar o ensino do começo do século VII com a atualidade, identificando os 
tipos de estudantes de EJA e suas especificidades.
ATITUDES
Posicionar-se criticamente em relação à aprendizagem dos jovens e adultos.
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos54
A facilitação da aprendizagem do trabalhador
Os estudantes jovens e adultos, em sua maioria, são trabalhadores e, muitas 
vezes, a experiência com o trabalho começou em suas vidas muito cedo. Nas 
cidades, seus pais saíam para trabalhar e muitos deles já eram responsáveis, ainda 
crianças, cuidavam da casa e dos irmãos mais novos. Outras vezes, acompanhavam 
seus pais ao trabalho, realizando pequenas tarefas para auxiliá-los. É comum, que 
nos centros urbanos, estes estudantes tenham realizado inúmeras atividades cuja 
renda completava os ganhos da família como: guardar carros, distribuir panfletos, 
auxiliar em serviços na construção civil, fazer entregas, arrematar costuras, cuidar de 
crianças, entre outros (BRASIL, 2001). 
Nas regiões rurais, a participação no mundo do trabalho começa ainda mais 
cedo como: cuidar da terra, das plantações ou da criação de animais, auxiliar nos 
serviços caseiros. Muitas vezes, acompanhando os pais e irmãos mais velhos, 
é comum encontrar um grande número de crianças e jovens já mergulhados no 
trabalho. Nessas regiões, os horários, os períodos de colheita, de chuva e de seca 
marcam a vida cotidiana das pessoas e isto, aliado às grandes distâncias, configura 
condição bastante precária para a escolarização (BRASIL, 2008).
Se cada região de nosso país tem suas particularidades em relação às demais, 
todas as salas de jovens e adultos se unificam em torno deste fato: a grande maioria 
dos estudantes são trabalhadores que chegam para as aulas após um dia intenso de 
trabalho. É claro, que estas mesmas salas apresentam um número significativo de 
desempregados e de trabalhadores temporários ou informais. 
Mas, sempre que pensamos em jovens e adultos temos que considerar que 
nossa atividade conta com mulheres e homens trabalhadores. Vale ressaltar, que em 
todas as regiões do país, os estudantes jovens e adultos apontam o trabalho como 
um dos motivos por terem deixado de frequentar a escola.
Sem dúvida alguma, o tema trabalho tem um lugar especial na educação de 
adultos e deve implicar no trabalho dos professores e da escola. Entretanto, é preciso 
lembrar que o trabalho experimentado pelos estudantes não passa nem de longe 
pelo trabalho como atividade fundamental pela qual o ser humano se humaniza e se 
aperfeiçoa. O trabalho que conhecem é na maior parte das vezes repetitivo, cansativo 
e pouco engrandecedor. Apesar de tudo, vale pensar, por exemplo, na quantidade de 
saberes que cada um destes alunos-trabalhadores possui em função das atividades 
que realizam ou realizaram. Saberes, certamente, não escolares. Saberes a partir dos 
Metodologia da Educação de Jovens e Adultos 55
quais novos conhecimentos poderão ser construídos. Uma tarefa fundamental para 
o(a) professor(a) é conhecer que saberes e habilidades os estudantes desenvolveram 
em função do seu trabalho (SOARES, 2014). Através desses saberes e habilidades o 
professor poderá desenvolver suas aulas de modo satisfatório contribuindo com a 
aprendizagem.
Muitos estudantes dizem estar na escola para conseguir “arrumar um emprego”, 
“conseguir um trabalho melhor”, “crescer na profissão”. Sabemos que nos centros 
urbanos e no âmbito do trabalho formal a escolarização básica e, muitas vezes, a 
conclusão do ensino médio, são pré-requisitos para muitos empregos. Ao preencher 
uma ficha atestando a não escolaridade, muitas pessoas são excluídas de entrevistas 
ou da realização de seleção (BRASIL, 2001).
O mundo do trabalho caracteriza-se hoje pela diversidade de atividades e 
vínculos. Os estudantes das classes de EJA são muitas vezes, pessoas que administram 
sua sobrevivência econômica: fazem “trabalhos sem vínculo empregatício”, são 
autônomos, circulam por diferentes profissões como auxiliares ou ajudantes de 
pintura, construção, serviços domésticos, venda ambulante, entre outros. Possuir 
um certificado escolar ou profissionalizante não implica em garantia de trabalho, 
haja vista a quantidade

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