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RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
2019
Plano de recuperação judicial pode prever que os credores serão pagos parceladamente e que o saldo devedor será corrigido pela TR mais 1% ao ano
Origem: STJ
É válida a cláusula no plano de recuperação judicial que determina a TR como índice de correção monetária e a fixação da taxa de juros em 1% ao ano. STJ. 3ª Turma. REsp 1630932-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/06/2019 (Info 651).
 
Aprovação do plano suspende os protestos tirados contra a empresa em recuperação, mas ficam mantidos os protestos tirados contra eventuais coobrigados (ex: avalistas)
Origem: STJ
No plano de recuperação judicial é possível suspender tão somente o protesto contra a recuperanda e manter ativo o protesto tirado contra o coobrigado. STJ. 3ª Turma. REsp 1630932-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/06/2019 (Info 651).
 
O prazo do stay period, previsto no art. 6º, § 4º da Lei nº 11.101/2005, deve ser computado em dias corridos
Origem: STJ
A Lei nº 11.101/2005, ao erigir o microssistema recuperacional e falimentar, estabeleceu, a par dos institutos e das finalidades que lhe são próprios, o modo e o ritmo pelo qual se desenvolvem os atos destinados à liquidação dos ativos do devedor, no caso da falência, e ao soerguimento econômico da empresa em crise financeira, na recuperação. O sistema de prazos adotado pela Lei nº 11.101/2005 revela a necessidade de se impor celeridade e efetividade ao processo de recuperação judicial, notadamente pelo cenário de incertezas quanto à solvibilidade e à recuperabilidade da empresa devedora e pelo sacrifício imposto aos credores. Não se pode conceber, assim, que o prazo do stay period, previsto no art. 6º, § 4º da Lei nº 11.101/2005, seja alterado, por interpretação extensiva, em virtude da superveniência do CPC/2015, até mesmo porque ele não possui natureza de prazo processual. STJ. 3ª Turma. REsp 1698283/GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/05/2019 (Info 649).
 
Se houve a migração da concordata para recuperação judicial, o crédito em moeda estrangeira será calculado com base no câmbio do dia do processamento da concordata
Origem: STJ
Crédito em moeda estrangeira que deveria ter sido ou foi habilitado em concordata preventiva (Decreto-Lei nº 7.661/45) que posteriormente vem a migrar para a recuperação judicial (Lei nº 11.101/2005) deve ser convertido em moeda nacional pelo câmbio do dia em que foi processada a concordata preventiva. STJ. 4ª Turma. REsp 1319085-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/05/2019 (Info 651).
 
Agravo de instrumento interposto contra decisão que julga impugnação de crédito pode se submeter à técnica da ampliação do colegiado (art. 942, § 3º, II, do CPC/2015)
Origem: STJ
A impugnação de crédito não é um mero incidente processual na recuperação judicial, mas uma ação incidental, de natureza declaratória, que tem como objeto definir a validade do título (crédito) e a sua classificação. No caso de haver pronunciamento a respeito do crédito e sua classificação, mérito da ação declaratória, o agravo de instrumento interposto contra essa decisão, julgado por maioria, deve se submeter à técnica de ampliação do colegiado prevista no artigo 942, § 3º, II, do CPC/2015. No caso de haver pronunciamento a respeito do crédito e sua classificação, mérito da ação declaratória, o agravo de instrumento interposto contra essa decisão, julgado por maioria, deve se submeter à técnica de ampliação do colegiado prevista no artigo 942, § 3º, II, do CPC/2015. STJ. 3ª Turma. REsp 1.797.866-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/05/2019 (Info 649).
 
No caso de crédito arrolado desde o ajuizamento da ação de recuperação judicial, não se reconhece impugnação de crédito após o decurso do prazo do art. 8º da Lei n. 11.101/2005
Origem: STJ
O art. 8º da Lei nº 11.101/2005 prevê o seguinte: Art. 8º No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7º, § 2º, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. A impugnação de crédito apresentada fora do prazo de 10 dias previsto no caput do art. 8º da Lei nº 11.101/2005 não pode ter seu mérito apreciado pelo juízo. A norma do art. 8º contém regra de aplicação cogente. Trata-se de prazo peremptório específico, estipulado expressamente pela lei de regência. Eventual superação de regra legal deve ser feita de forma excepcional, observadas determinadas condições específicas, tais como elevado grau de imprevisibilidade, ineficiência ou desigualdade, circunstâncias não verificadas na espécie. STJ. 3ª Turma. REsp 1704201/RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. p/ Acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/05/2019 (Info 649).
 
Os créditos decorrentes do pensionamento fixado em sentença judicial podem ser equiparados àqueles derivados da legislação trabalhista para fins de inclusão no quadro geral de credores de sociedade em recuperação judicial
Origem: STJ
O pensionamento fixado em sentença judicial, decorrente de ação de indenização por acidente de trânsito, pode ser equiparado ao crédito derivado da legislação trabalhista para fins de inclusão no quadro geral de credores de sociedade em recuperação judicial. Os créditos de natureza alimentar, ainda que não decorram especificamente de relação jurídica submetida aos ditames da legislação trabalhista, devem receber tratamento análogo para fins de classificação da ordem de pagamento nos processos de execução concursal. 
Ex: João recebe pensão mensal vitalícia da sociedade empresária “X” em virtude de ter sido atropelado pelo veículo da empresa; após vários meses de atraso nos pagamentos, a empresa ingressou com pedido de recuperação judicial; o crédito de João será equiparado a crédito trabalhista para fins de pagamento prioritário. STJ. 3ª Turma. REsp 1799041-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/04/2019 (Info 645).
 
É possível que o plano da recuperação judicial preveja diferença de tratamento entre credores de uma mesma classe, criando, assim, subclasses, desde que baseado em critérios objetivos
Origem: STJ
É possível a criação de subclasses entre os credores da recuperação judicial, desde que estabelecido um critério objetivo, justificado no plano de recuperação judicial, abrangendo credores com interesses homogêneos, ficando vedada a anulação de direitos de eventuais credores isolados. STJ. 3ª Turma. REsp 1634844-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/03/2019 (Info 644).
 
Reserva de 40% dos honorários do administrador judicial (art. 24, § 2º da Lei) se aplica apenas à falência, não à recuperação
Origem: STJ 
A reserva de 40% dos honorários do administrador judicial, prevista no art. 24, § 2º, da Lei nº 11.101/2005, não se aplica no âmbito da recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1700700-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/02/2019 (Info 642).
2018
Conceito de bem de capital para os fins do § 3º do art. 49 da Lei nº 11.101/2005
Origem: STJ
A Lei nº 11.101/2005, embora tenha excluído expressamente dos efeitos da recuperação judicial o crédito de titular da posição de proprietário fiduciário de bens imóveis ou móveis, acentuou que os “bens de capital”, objeto de garantia fiduciária, essenciais ao desenvolvimento da atividade empresarial, permanecem na posse da recuperanda durante o stay period. A conceituação de “bem de capital”, referido na parte final do § 3º do art. 49 da LRF, há de ser objetiva. Assim, “bem de capital” é o bem corpóreo (móvel ou imóvel) utilizado no processo produtivo da empresa recuperanda e que não seja perecível nem consumível. STJ. 3ª Turma. REsp 1758746-GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/09/2018 (Info 634).
 
Crédito derivado de fato ocorrido antes da recuperação
judicial
Origem: STJ
O crédito derivado de fato ocorrido em momento anterior àquele em que requerida a recuperação judicial deve sujeitar-se ao plano de soerguimento da sociedade devedora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.727.771-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 626).
 
Ação de indenização por danos morais contra empresa em recuperação judicial
Origem: STJ
A ação de compensação por danos morais movida contra empresa em recuperação judicial não deve permanecer suspensa até o trânsito em julgado da decisão final proferida no processo de soerguimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1710750-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 627).
2017
A habilitação de crédito deverá limitar a incidência de juros de mora e correção monetária até a data do pedido de recuperação judicial mesmo que a sentença diga de forma diversa
Origem: STJ
O credor deverá apresentar ao administrador judicial da falência o valor do seu crédito, atualizado com juros e correção monetária. Vale ressaltar que o termo final da incidência dos juros e correção monetária é a data do pedido de recuperação judicial, nos termos do art. 9º, II, da Lei nº 11.101/2005. Assim, mesmo que a sentença condenatória transitada em julgado tenha determinado que os juros e correção monetária iriam incidir até a data do efetivo pagamento, quando este crédito for habilitado na recuperação judicial ele será atualizado até a data do pedido de recuperação judicial. Segundo o STJ decidiu, isso não ofende a coisa julgada. Nesse sentido: Não ofende a coisa julgada a decisão de habilitação de crédito que limita a incidência de juros de mora e correção monetária, delineados em sentença condenatória de reparação civil, até a data do pedido de recuperação judicial. STJ. 3ª Turma.REsp 1662793-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/8/2017 (Info 610).
 
O fato de a empresa se encontrar em recuperação judicial não obsta a homologação de sentença arbitral estrangeira
Origem: STJ
O fato de a empresa se encontrar em recuperação judicial não obsta a homologação de sentença arbitral estrangeira. No caso, empresa brasileira foi condenada, em sentença arbitral proferida na Suíça, a pagar determinada quantia a empresa estrangeira. A credora pediu a homologação desta sentença no STJ. A empresa brasileira encontra-se em processo de recuperação judicial no Brasil. Isso, contudo, não impede que o STJ homologue esta sentença estrangeira. Depois, a credora terá que habilitar este crédito no juízo da recuperação. STJ. Corte Especial. SEC 14408-EX, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/6/2017 (Info 610).
 
Os bondholders podem votar no plano de recuperação da empresa
Origem: STJ
Os bondholders – detentores de títulos de dívida emitidos por sociedades em recuperação judicial e representados por agente fiduciário – têm assegurados o direito de voto nas deliberações sobre o plano de soerguimento. STJ. 3ª Turma.REsp 1670096-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/6/2017 (Info 607).
 
O crédito trabalhista decorrente de serviço prestado pelo empregado antes da recuperação judicial a ela estará sujeito
Origem: STJ
Os créditos trabalhistas litigiosos referentes a serviços prestados pelo trabalhador à empresa antes da recuperação judicial deverão estar sujeitos a ela, mesmo que no momento do pedido tais créditos não estivessem consolidados? SIM. A partir do momento em que o empregado trabalha, ele se torna credor de seu empregador, tendo direito ao recebimento das verbas trabalhistas. Esse crédito existe independentemente de decisão judicial. Se o empregador não paga e o empregado ingressa com reclamação trabalhista, a sentença apenas reconhecerá (declarará) a existência do direito do trabalhador, condenando o patrão a pagar. Não é a sentença, contudo, que constitui o direito, mas apenas o declara. Isso significa que, se este crédito foi constituído em momento anterior ao pedido de recuperação judicial, deverá se submeter aos seus efeitos. Desse modo, se as verbas trabalhistas estão relacionadas com serviços prestados pelo empregado em momento anterior ao pedido de recuperação judicial, tais verbas também estarão sujeitas a esse procedimento, mesmo que a sentença trabalhista tenha sido prolatada somente depois do deferimento da recuperação. A consolidação do crédito trabalhista (ainda que inexigível e ilíquido) não depende de provimento judicial que o declare — e muito menos do transcurso de seu trânsito em julgado —, para efeito de sua sujeição aos efeitos da recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1634046-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/4/2017 (Info 604).
 O juízo da recuperação judicial é o competente para decidir sobre os bens da empresa devedora mesmo que tramite em outro juízo execução cobrando crédito decorrente de relação de consumo
Origem: STJ
Depois de ter sido deferido o processamento da recuperação judicial, todas as ações e execuções contra o devedor que está em recuperação judicial ficam suspensas, excetuadas as que demandarem quantia ilíquida (§ 1º do art. 6º da Lei nº 11.101/2005) e as execuções fiscais (§ 7º). Além de as ações e execuções contra o devedor em recuperação ficarem suspensas, o destino do patrimônio da sociedade em processo de recuperação judicial não poderá ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso daquele onde tramita o processo de reerguimento, sob pena de violação ao princípio maior da preservação da atividade empresarial. Em outras palavras, qualquer decisão que afete os bens da empresa em recuperação deverá ser tomada pelo juízo onde tramita a recuperação. O juízo onde tramita o processo de recuperação judicial é o competente para decidir sobre o destino dos bens e valores objeto de execuções singulares movidas contra a recuperanda, ainda que se trate de crédito decorrente de relação de consumo. Ex: João comprou uma geladeira em uma loja. O produto apresentou vício e o consumidor propôs, no Juizado Especial, ação de indenização contra o fornecedor. O juiz julgou o pedido procedente, condenando a empresa a pagar R$ 10 mil. Como não houve pagamento espontâneo, o magistrado determinou a penhora on line da quantia. Ocorre que, em março de 2017, antes que o dinheiro penhorado fosse transferido para João, o Juízo da Vara Cível deferiu a recuperação judicial da referida loja. Como já foi deferida a recuperação judicial, a competência para decidir sobre o patrimônio do devedor passa a ser do juízo da recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1630702-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 2/02/2017 (Info 598).
2016
Vinculação de todos os credores à determinação de plano de recuperação judicial aprovado por maioria pela assembleia geral de credores
Origem: STJ
Se, no âmbito de Assembleia Geral de Credores, a maioria deles - devidamente representados pelas respectivas classes - optar, por meio de dispositivo expressamente consignado em plano de recuperação judicial, pela supressão de todas as garantias fidejussórias e reais existentes em nome dos credores na data da aprovação do plano, todos eles - inclusive os que não compareceram à Assembleia ou os que, ao comparecerem, abstiveram-se ou votaram contrariamente à homologação do acordo - estarão indistintamente vinculados a essa determinação. STJ. 3ª Turma. REsp 1532943-MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/9/2016 (Info 591).
 
Submissão de credor dissidente a novo plano de recuperação judicial aprovado pela assembleia geral de credores
Origem: STJ
Se, após o biênio de supervisão judicial e desde que ainda não tenha ocorrido o encerramento da recuperação judicial, houver aprovação de novo plano de recuperação judicial, o credor que discordar do novo acordo não tem direito a receber o seu crédito com base em plano anterior aprovado pelo mesmo órgão. STJ. 4ª Turma. REsp 1302735-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/3/2016 (Info 580).
2015
Não sujeição à recuperação judicial de direitos de crédito cedidos fiduciariamente
Origem: STJ
Não se submetem aos efeitos da recuperação judicial do devedor os direitos de crédito cedidos fiduciariamente por ele em garantia de obrigação representada por Cédula de Crédito Bancário existentes na data do pedido de recuperação, independentemente de a cessão ter ou não sido registrada no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor. 
Ex: determinada empresa recebeu um empréstimo de um banco. Como garantia de que iria pagar este empréstimo, ela cedeu fiduciariamente uma CCB. Posteriormente, esta empresa entrou em recuperação judicial. O banco possui, portanto, um crédito a ser pago pela empresa representado por meio da CCB. Este crédito do banco não entrará na recuperação judicial. A situação enquadra-se no art. 49, § 3º da Lei nº 11.101/2005.
 STJ. 3ª Turma. REsp 1412529-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 17/12/2015 (Info 578).
 
Retificação do quadro geral de credores após homologação do plano de recuperação judicial
Origem: STJ
Ainda que o plano de recuperação judicial já tenha sido homologado, é possível a retificação do quadro geral de credores fundada em julgamento de impugnação. STJ. 3ª Turma. REsp 1371427-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 6/8/2015 (Info 567).
 
Mudança de domicílio da sociedade em recuperação judicial e prova da má-fé
Origem: STJ
A mudança de domicílio da sociedade em recuperação judicial, devidamente informada em juízo, ainda que sem comunicação aos credores e sem data estabelecida para a instalação do novo estabelecimento empresarial, não é causa, por si só, para a decretação de ofício da falência. 
Ex: a sociedade empresária "XXX" encontrava-se em recuperação judicial. O administrador decidiu mudar a sede da empresa do bairro "A" para o bairro "B". Assim, a empresa deixou de funcionar no bairro "A", mas ainda não se mudou fisicamente para o bairro "B" uma vez que as obras no local ainda não ficaram prontas. Vale ressaltar que essa mudança foi comunicada ao juízo falimentar, mas não foi informada aos credores. Determinado dia, um dos credores procurou a empresa devedora no bairro "A" e não a encontrou, razão pela qual pediu a decretação de sua falência, nos termos do art. 94, III, "f", da Lei nº 11.101/2005. Esse pedido deverá ser indeferido porque a mudança do domicílio comercial desacompanhada de comunicação aos credores não é suficiente, por si só, para caracterização do abandono. É necessário provar que a mudança foi furtiva e realizada com o objetivo de fraudar os interesses dos credores. É preciso, portanto, demonstrar a má-fé do devedor. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1366845-MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 18/6/2015 (Info 564).
 
Deferimento da recuperação judicial e cadastros de restrição e tabelionatos de protestos
Origem: STJ
Tendo sido decretada a recuperação judicial, as ações e execuções que tramitavam contra a empresa em recuperação serão suspensas. A dúvida que surge é a seguinte: além da suspensão das ações e execuções, o deferimento da recuperação judicial acarreta também a retirada do nome da empresa do SPC, SERASA e demais cadastros negativos? A empresa em recuperação judicial tem direito tirar seu nome dos serviços de restrição de crédito e tabelionatos de protesto? NÃO. O deferimento do processamento de recuperação judicial, por si só, não enseja a suspensão ou o cancelamento da negativação do nome do devedor nos cadastros de restrição ao crédito e nos tabelionatos de protestos. O deferimento do processamento de recuperação judicial suspende o curso das ações e execuções propostas em face do devedor. Como vimos acima, isso está expressamente previsto no art. 6º, caput e § 4º, da Lei nº 11.101/2005. Contudo, essa providência (suspensão das ações e execuções) não significa que o direito dos credores (direito creditório propriamente dito) tenha sido extinto. A dívida continua existindo. Assim, se a dívida continua existindo (e apenas a execução é que está suspensa), não se pode aceitar a retirada do nome da empresa em recuperação dos serviços de proteção ao crédito e tabelionato de protesto. STJ. 4ª Turma. REsp 1374259-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/6/2015 (Info 564).
 
Extinção das execuções individuais propostas contra devedor em recuperação judicial
Origem: STJ
Após a aprovação do plano de recuperação judicial pela assembleia de credores e a posterior homologação pelo juízo competente, deverão ser extintas — e não apenas suspensas — as execuções individuais até então propostas contra a recuperanda nas quais se busca a cobrança de créditos constantes do plano. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1272697-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/6/2015 (Info 564).
 
Despesas feitas/surgidas após o deferimento do processamento da recuperação judicial
Origem: STJ
Os créditos que surgiram após o pedido de recuperação judicial não estão sujeitas ao plano de recuperação judicial aprovado, independentemente da natureza do crédito. Em outras palavras, o plano de recuperação abrange apenas as dívidas da empresa que foram contraídas antes do pedido de recuperação. As dívidas posteriores estão fora do plano. Assim, se, após a empresa ter feito um pedido de recuperação judicial, surgiu contra si um novo débito de honorários advocatícios sucumbenciais, o advogado que for credor dessa dívida, para receber a quantia, não precisará habilitar esse crédito no juízo universal da recuperação judicial. O credor poderá executar esses honorários no juízo comum, não ficando a execução suspensa por força da recuperação judicial. No entanto, apesar disso, o juízo universal da recuperação judicial deverá exercer o controle sobre os atos de constrição ou expropriação patrimonial do devedor. O juízo universal da recuperação pode decidir, por exemplo, que determinado bem da empresa não deverá ser penhorado porque é essencial à atividade empresarial e, se fosse expropriado, isso prejudicaria a sobrevivência da sociedade empresária que está em recuperação. 
Ex: no juízo comum o credor pediu a penhora da principal máquina da indústria que está em recuperação judicial; o juízo universal da recuperação pode obstar que essa coisa seja penhorada porque se trata de bem de capital essencial à atividade empresarial. STJ. 4ª Turma. REsp 1298670-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/5/2015 (Info 564).
2014
Créditos que estão sujeitos à recuperação judicial
Origem: STJ
1) REGRA: estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido de recuperação judicial, ainda que não vencidos (art. 49, caput). Devem obedecer ao plano de recuperação e as ações a eles relativas ficam suspensas.
 2) EXCEÇÃO: os créditos de alienação fiduciária não estão sujeitos à recuperação judicial e as ações relacionadas com tais créditos podem ser propostas ou continuar seu trâmite (§ 3º do art. 49). Aqui o Banco “comemora”, porque seu crédito está fora da recuperação judicial.
 3) EXCEÇÃO DA EXCEÇÃO (volta para regra): se a garantia da alienação fiduciária for o imóvel em que funciona o estabelecimento do devedor ou forem bens móveis essenciais à atividade empresarial da empresa em recuperação judicial, nesse caso, mesmo se tratando de crédito de alienação fiduciária, deverá ficar sujeita aos efeitos da recuperação judicial. Aqui o Banco “lamenta”, porque seu crédito deverá ficar sujeito à recuperação judicial. Atenção: para se enquadrar na parte final do § 3º (exceção da exceção — situação 3), o bem objeto da alienação fiduciária deve ser o essencial à atividade empresarial. Se o contrato de alienação fiduciária for referente a um bem não essencial, esse crédito continua fora da recuperação judicial (situação 2). STJ. 2ª Seção. CC 131656-PE, Rel. Min. Maria Isabel Galloti, julgado em 8/10/2014 (Info 550).
 
Aspectos que são analisados pelo juiz para homologação do plano
Origem: STJ
O juiz pode recusar-se a homologar o plano de recuperação judicial alegando que ele não tem viabilidade
econômica, mesmo já tendo sido aprovado em assembleia e estando formalmente perfeito? NÃO. Se o plano cumpriu as exigências legais e foi aprovado em assembleia, o juiz deve homologá-lo e conceder a recuperação judicial do devedor, não sendo permitido ao magistrado se imiscuir (intrometer) no aspecto da viabilidade econômica da empresa. A aprovação do plano pela assembleia representa uma nova relação negocial que é construída entre o devedor e os credores. Se os credores aceitaram a proposta e ela preenche os requisitos legais, não cabe ao juiz indeferir a recuperação judicial. Além disso, o magistrado não é a pessoa mais indicada para aferir a viabilidade econômica do plano de recuperação judicial. Isso porque a análise do possível sucesso ou não do plano proposto não é uma questão jurídica propriamente dita, mas sim econômica, e que está inserida na seara negocial da recuperação judicial, o que deve ser tratado entre devedor e credores. STJ. 4ª Turma. REsp 1359311-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/9/2014 (Info 549).
 
Créditos do locador de imóvel alugado para o falido enquadram-se no § 3º do art. 49
Origem: STJ
Em ação de despejo movida pelo proprietário locador, a retomada da posse direta do imóvel locado à sociedade empresária em recuperação judicial, com base na Lei do Inquilinato (Lei 8.245?91), não se submete à competência do Juízo universal da recuperação. O credor proprietário de imóvel, quanto à retomada do bem, não está sujeito aos efeitos da recuperação judicial (Lei 11.101?2005, art. 49, § 3º). Em suma: a ação de despejo não se submete ao juízo universal da falência, podendo continuar a tramitar normalmente, inclusive com a retomada do bem pelo locador (proprietário). STJ. 2ª Seção. CC 123116-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 14/8/2014 (Info 551).
 
São extraconcursais os créditos originários de negócios realizados após a data do pedido de recuperação judicial
Origem: STJ
Créditos extraconcursais consistem em dívidas contraídas pela massa falida, ou seja, após ter ocorrido a quebra. Os créditos extraconcursais são pagos antes dos concursais porque são dívidas que surgem depois de ter sido decretada a falência e em decorrência dela. Em regra, são débitos que nascem para que o processo de falência possa ser realizado. Caso fossem pagos após os demais créditos, a massa falida teria muita dificuldade de conseguir levar em frente o procedimento da falência, já que ninguém iria querer prestar serviços para uma sociedade empresária que está quase falindo com a promessa de receber somente após todos os demais credores. O STJ tem decidido que, em caso de decretação de falência, serão considerados extraconcursais os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor entre a data em que se defere o processamento da recuperação judicial e a data da decretação da falência, inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens ou serviços e contratos de mútuo. Assim, são extraconcursais os créditos originários de negócios jurídicos realizados após a data em que foi deferido o pedido de processamento de recuperação judicial. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1399853-SC, Rel. originária Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 10/2/2015 (Info 557). STJ. 3ª Turma. REsp 1398092-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/5/2014 (Info 543).
 
Aprovado o plano, ocorre a novação dos créditos anteriores ao pedido
Origem: STJ
A novação decorrente da recuperação judicial implica a extinção de garantias que haviam sido prestadas aos credores? NÃO. A novação prevista no Código Civil extingue sim os acessórios e as garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário (art. 364). No entanto, na novação prevista no art. 59 da Lei nº 11.101/2005 ocorre justamente o contrário, ou seja, as garantias são mantidas, sobretudo as garantias reais, as quais só serão suprimidas ou substituídas “mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia”, por ocasião da alienação do bem gravado (art. 50, § 1º). • Novação do CC: em regra, extingue as garantias prestadas. • Novação da recuperação judicial: em regra, não extingue as garantias prestadas. Portanto, muito embora o plano de recuperação judicial opere novação das dívidas a ele submetidas, as garantias reais ou fidejussórias, de regra, são preservadas, circunstância que possibilita ao credor exercer seus direitos contra terceiros garantidores e impõe a manutenção das ações e execuções aforadas em face de fiadores, avalistas ou coobrigados em geral. STJ. 4ª Turma. REsp 1326888-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/4/2014 (Info 540). A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das execuções nem induz suspensão ou extinção de ações ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória, pois não se lhes aplicam a suspensão prevista nos arts. 6º, caput, e 52, inciso III, ou a novação a que se refere o art. 59, caput, por força do que dispõe o art. 49, § 1º, todos da Lei nº 11.101/2005. STJ. 2ª Seção. REsp 1333349/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/11/2014 (recurso repetitivo) (Info 554)
2013
Honorários advocatícios na impugnação da habilitação de crédito na recuperação judicial
Origem: STJ
São devidos honorários advocatícios na hipótese em que apresentada impugnação ao pedido de habilitação de crédito em recuperação judicial. Isso porque a apresentação de impugnação ao referido pedido torna litigioso o processo. STJ. 3ª Turma. REsp 1197177-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/9/2013 (Info 527).
2012
Novação sujeita a condição resolutiva
Origem: STJ
A novação operada pelo plano de recuperação fica sujeita a uma condição resolutiva, que é o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano. O que isso quer dizer? Decretada a recuperação judicial, ocorre a novação. No entanto, os efeitos dessa novação poderão ser extintos se houver o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano. A cessação da eficácia da novação fica condicionada a um acontecimento futuro e incerto capaz de desfazer os efeitos do negócio jurídico. Esse acontecimento futuro e incerto (condição resolutiva) é o descumprimento do plano. Dessa feita, se o devedor descumprir o plano, a recuperação judicial é convertida em falência e a novação é extinta, de forma que as obrigações originais são reconstituídas. Sendo assim, o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência, com o que os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas condições originalmente contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados no âmbito da recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1260301-DF, rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/08/2012 (Info 502).
anteriores a 2012
Empresas em recuperação podem celebrar contratos de factoring
Origem: STJ
Independentemente de autorização do juízo competente, as empresas em recuperação judicial podem celebrar contratos de factoring no curso do processo de recuperação judicial. Em regra, os administradores da empresa continuam sendo responsáveis pelos negócios sociais, exceto se verificada alguma das causas de afastamento ou destituição legalmente previstas. O art. 66 da Lei nº 11.101/2005, contudo, prevê uma restrição: a empresa em recuperação não poderá, sob determinadas condições, alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente. Os bens alienados em decorrência de contratos de factoring são “direitos de crédito” e, portanto, não se enquadram no conceito de “ativo permanente” da empresa. Assim, não incide a proibição do art. 66 da Lei. STJ. 3ª Turma. REsp 1783068/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/02/2019 (Info 641).

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