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AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 1 ROTEIRO DE AULAS Transmissão das obrigações ATENÇÃO: Este material é apenas um roteiro das minhas aulas. O aluno deve complementar seus estudos por meio das anotações em aula, estudos da doutrina e pesquisa de jurisprudências. AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 2 CONCEITO Transmissão da obrigação ocorre quando houver uma substituição subjetiva em seus polos. (troca de devedor ou de credor) São duas as classes de transmissão das obrigações: a) Cessão de Credito e, b) Assunção de Divida 1. CESSÃO DE CRÉDITO CONCEITO E ESPÉCIES Conforme GAGLIANO E OUTRO (2011, p. 284): “A cessão de crédito consiste em um negócio jurídico por meio do qual o credor (cedente) transmite total ou parcialmente o seu crédito a um terceiro (cessionário), mantendo-se a relação obrigacional primitiva com o mesmo devedor (cedido)” Silvio Rodrigues apresenta a seguinte definição: “A cessão de crédito é o negócio jurídico, em geral de caráter oneroso, através do qual o sujeito ativo de uma obrigação a transfere a terceiro, estranho ao negócio original, independentemente da anuência do devedor. O alienante toma o nome de cedente, o adquirente o de cessionário, e o devedor, sujeito passivo da obrigação, o de cedido”. Pela cessão de crédito o credor originário passa para o outro a sua posição creditícia. AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 3 Importante ressaltar que o cessionário na recebe apenas a possibilidade de cobrar o crédito, mas também eventuais garantias. “Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA Cedente - quem cede; Cessionário - quem recebe; Cedido - o devedor Cessão de crédito gratuita ou onerosa GRATUITA - o cedente não recebe nada em troca ou; ONEROSA - em que o cedente recebe certo valor. Mais comum, é a cessão onerosa. Cessão de crédito e anuência do devedor Na cessão de crédito o devedor não precisa concordar com o negócio, basta ser notificado que se operou a cessão para pagar à pessoa correta (Art. 290). NOTIFICAÇÃO DO DEVEDOR A notificação do devedor é imprescindível para que a cessão de crédito produza seus efeitos: AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 4 “Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.” PROIBIÇÃO DA CESSÃO DE CREDITO Em regra, todo e qualquer crédito pode ser objeto de cessão de direito, esteja ele vencido ou não. O art. 286 do Código Civil faz uma ressalva: Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. Por esse artigo percebemos que há três razões que impedem a cessão do crédito a) Natureza da obrigação: por exemplo, o crédito de alimentos, pertencente ao alimentando, não pode ser cedido, porque desvirtuaria sobre própria natureza. Obrigação personalíssima, etc. b) Proibição legal: a lei, por vezes, veda a cessão. Exemplos: 1- Obrigação de alimentos Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 5 respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. 2 - Casos envolvendo os direitos da personalidade Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 3 - direito de preempção ou preferência no contrato de compra e venda (art. 520 do CC); Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros 4 - benefício da justiça gratuita (Lei 1.060/50, art. 10); Art. 10. São individuais e concedidos em cada caso ocorrente os benefícios de assistência judiciária, que se não transmitem ao cessionário de direito e se extinguem pela morte do beneficiário, podendo, entretanto, ser concedidos aos herdeiros que continuarem a demanda e que necessitarem de tais favores, na forma estabelecida nesta Lei. 5 - indenização derivada de acidente no trabalho (Decreto-lei 7.036/44, art. 97), Art. 97. É privilegiado e insuscetível de penhora o crédito do acidentado ou de seus herdeiros ou beneficiários, pelas indenizações determinadas nesta lei, não podendo, outrossim, ser objeto de qualquer transação inclusive mediante outorga de AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 6 procuração em causa própria ou com poderes irrevogáveis. 6 - direito à herança de pessoa viva (Art. 426 do CC); Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 7 - créditos já penhorados (art. 298 do CC); Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro. 8 - do direito de revogar doação por ingratidão do donatário (art. 560 do CC). Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, nem prejudica os do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois de ajuizada a lide. c) Pacto de non cedendo. Esta cláusula deve constar expressamente do contrato que dá origem ao crédito, para que terceiros tenham conhecimento: Nesse diapasão, vale a opinião dos doutos, a saber: Flávio Tartuce esquematizou três regras relativas à cessão de crédito, que, segundo ele, estão presentes no Art. 286: AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 7 1ª regra: Não é possível ceder o crédito em alguns casos, em decorrência de vedação legal como, por exemplo, na obrigação de alimentos (art. 1.707 do CC) e nos casos envolvendo os direitos da personalidade (art. 11 do CC). 2ª regra: Essa impossibilidade de cessão pode constar de instrumento obrigacional, o que também gera a obrigação incessível. De qualquer forma, deve-se concluir que se a cláusula de impossibilidade de cessão contrariar preceito de ordem pública não poderá prevalecer em virtude da aplicação do princípio da função social dos contratos e das obrigações, que limita a autonomia privada, em sua eficácia interna, entre as partes contratantes (art. 421 do CC). 3ª regra: Essa cláusula proibitiva não pode ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação, o que está em sintonia com a valorização da eticidade, um dos baluartes do atual Código. Isso ressalta a tese pela qual a boa-fé objetivaé princípio de ordem pública, conforme o Enunciado n. 363 CJF/STJ, da IV Jornada de Direito Civil: „Os princípios da probidade e da confiança são de ordem pública, estando a parte lesada somente obrigada a demonstrar a existência da violação." CESSÃO DE CREDITO E SEUS ACESSÓRIOS AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 8 Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios. A regra geral é a de que o acessório tem o mesmo destino do principal (accessorium sequitur principale), a não ser que as partes convencionem o contrário. • Como a cessão não interfere na relação obrigacional, que se mantém íntegra, as garantias reais ou fidejussórias eventualmente prestadas pelo devedor ou por terceiro estarão compreendidas na cessão do crédito. ATENÇÃO - Na cessão onerosa, o preço levará sempre em conta a existência ou não de garantias a robustecer o crédito cedido. - São várias as formas de garantia, que se distinguem em dois grandes grupos: garantias reais e fidejussórias (pessoais). - GARANTIAS REAIS - garantem o cumprimento de determinada obrigação por meio de um bem, seja ele móvel ou imóvel. (hipoteca, penhor e a anticrese). - GARANTIAS FIDEJUSSÓRIAS - aquelas prestadas por pessoas, e não por bens. Assim sendo, em caso de descumprimento de determinada obrigação, a satisfação do débito será garantida por uma terceira pessoa, que não o devedor. - As modalidades de garantia pessoal são o aval e a fiança. AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 9 Diferenças entre aval e fiança AVAL FIANÇA Aval se dá num título de crédito; Fiança se dá num contrato (Art. 818) O prestador do aval pode ser acionado para pagar antes do avalizado. Na fiança se estabelece, em princípio, o benefício de ordem. Avalista não pode alegar perante terceiros de boa fé exceções pessoais que teria contra o avalizado. É dado ao fiador alegar defesas pessoais contra o credor O aval é garantia autônoma, de forma que quem lança sua assinatura num título na qualidade de avalista vincula-se diretamente ao credor, independente da obrigação a que avalizou. Mesmo que a obrigação principal seja nula, o aval é válido e deve ser honrado por quem avalizou. A fiança, ao contrário, é uma garantia acessória de modo que, sendo nula a obrigação principal, nula será também a fiança. FORMALIDADES da cessão de credito (Eficácia perante terceiros) Assim prevê o art. 288, CC: Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1º do art. 654. Para que produza efeitos perante terceiros, a cessão de crédito deve ser realizada por instrumento público ou por instrumento particular, com os elementos previstos no art. 654, §1º, CC: AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 10 § 1º O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos. Carlos Roberto Gonçalves1 acrescenta que deve o instrumento ser registrado perante o Cartório de Títulos e Documentos, nos termos do art. 221 do Código Civil e artigo 129, §9ª da Lei de Registros Públicos. Art. 221 do CC. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público. Art. 129 - Lei de Registros Públicos. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para surtir efeitos em relação a terceiros: (...) §9º os instrumentos de cessão de direitos e de créditos, de sub-rogação e de dação em pagamento. Se o crédito for garantido por hipoteca, o cessionário tem direito de averbar a cessão no registro de imóveis: Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel. 1 Direito Civil Brasileiro 2. Teoria Geral das Obrigações – 2017 - Saraiva AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 11 DEVEDOR NÃO PRECISA AUTORIZAR A CESSÃO O devedor não precisa autorizar a cessão, apenas tem que ter conhecimento dela. Corroborando o afirmado: Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação. O devedor pagará a quem entender ser, legitimamente, o credor. Se não tem conhecimento da cessão, pagará bem ao credor primitivo. Se várias cessões são comunicadas a ele, pagará a quem apresentar o título que faz nascer a dívida. Até porque (art. 291, CC): “Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido." (art. 291, CC) DEVEDOR PODE OPOR AO CESSIONÁRIO AS EXCEÇÕES A partir da notificação, o devedor poderá opor ao cessionário os argumentos de defesa que usaria contra o cedente, como a anulabilidade do negócio, nulidade, compensação, etc: “Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.” AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 12 PODE O CESSIONÁRIO EXERCER OS ATOS CONSERVATÓRIOS DO DIREITO CEDIDO Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido. Assim afirma expressamente o art. 293 - CC Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido. Exemplo - cessionário recebeu crédito que prescreverá no dia seguinte. Para evitar que essa ocorra, o cessionário pode lançar mão de todas as medidas judicias à sua disposição, antes mesmo, de realizada a notificação. Na lição de Flávio Tartuce: Desse modo, a ausência de notificação do devedor não obsta a que o cessionário exerça todos os atos necessários à conservação do crédito objeto da cessão, como a competente ação de cobrança ou de execução por quantia certa. CRÉDITO, UMA VEZ PENHORADO, NÃO PODE MAIS SER TRANSFERIDO Sobre a importância da notificação do devedor, temos o art. 298, CC: “O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 13 notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.” Se o credor tiver o seu crédito penhorado,não poderá transferi-lo a terceiros, porque causaria um tumulto processual. Mas se cessão for feita, o devedor for notificado dela e pagar ao cessionário, sem saber da penhora feita antes, o pagamento será bem feito e o terceiro (que promoveu a penhora) deverá cobrar do credor originário. RESPONSABILIDADE DO CEDENTE (cessão pro soluto e pro solvendo) A cessão de crédito pode ser pro soluto ou pro solvendo. Na cessão pro soluto o cedente responde pela existência e legalidade do crédito, mas não responde pela solvência do devedor; Na cessão pro solvendo, o cedente responde pela existência e legalidade do crédito E RESPONDE também pela solvência do devedor. Interpretando sistematicamente os artigos 295 a 297, a regra geral é a de que o cedente garante apenas a existência do crédito cedido; todavia, se, por norma expressa, além de garantir a existência do crédito, também garantir a solvência do devedor, a cessão é PRO SOLVENDO . Quando a cessão é onerosa, o cedente sempre responde pro soluto (existência do crédito). O mesmo ocorre se a cessão foi gratuita e o cedente agiu de má-fé. AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 14 Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança. RESUMINDO No que tange à responsabilidade do cedente, a cessão classifica-se em cessão pro soluto e cessão pro solvendo. CESSÃO PRO SOLUTO - o cedente fica responsável perante o cessionário pela existência do credito, MAS NÃO GARANTE A SOLVÊNCIA DO DEVEDOR (Art. 295). CESSÃO PRO SOLVENDO – o cedente fica responsável perante o cessionário pela existência do credito, E GARANTE TAMBÉM A SOLVÊNCIA DO DEVEDOR. Esse tipo de cessão apenas ocorrera se o cedente expressamente se responsabilizar pela solvabilidade do devedor (Art. 296) AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 15 2. 0 ASSUNÇÃO DE DÍVIDA Menos comum que a cessão de crédito, mas possível e lícita é a cessão de débito. Também chamada de cessão de debito; ocorre quando há uma substituição no polo passivo (troca de devedores), ou seja, um terceiro assume a obrigação do devedor Por este negócio jurídico, o devedor transfere a terceiro (Assuntor) a sua posição obrigacional passiva, mediante consentimento do credor. Assim dispõe o art. 299, CC: Art. 299 - É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa. Com a assunção de dívida, muda o devedor, não o credor. O efeito básico é haver novo devedor. A dívida é a mesma, o devedor é diferente. A extensão da obrigação do novo devedor é a mesma, com as mesmas contingências. AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 16 Pela assunção de dívida, o devedor originário fica liberado, SALVO se o novo devedor é insolvente e o credor não sabia. Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. 2.1 ASSUNÇÃO DE DÍVIDA ANULADA Se a assunção de dívida for anulada, o devedor originário volta a estar obrigado, com todas as garantias prestadas por ele mesmo, não por terceiros (a menos que este terceiro estivesse de má-fé): “Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.” AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 17 2.2 ASSUNÇÃO DE DÍVIDA E AS GARANTIAS DADAS PELO DEVEDOR ORIGINÁRIO Fica liberado o fiador, o terceiro que cedeu seu bem para ser empenhado ou hipotecado. Na assunção de dívida, as garantias dadas pelo devedor originário não se mantêm, a menos que ele concorde com isso: “Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.” 2.3 NOVO DEVEDOR E AS EXCEÇÕES PESSOAIS DO DEVEDOR ORIGINÁRIO O novo devedor não pode usar como argumento para não cumprir a obrigação, as exceções pessoais do devedor originário: Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.” Exemplo - uma compensação que o devedor originário poderia alegar, o novo devedor não poderá. 2.4 OBRIGATORIEDADE DA CONCORDÂNCIA DO CREDOR PARA A TRANSFERÊNCIA DO DÉBITO. Conforme preceitua a lei (Art. 299 – CC), o credor deve manifestar concordância expressa. Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento AULA - Transmissão das obrigações Prof. Edmilson Vieira – 04NOV19 ================================================== 18 expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. Mudar o devedor afeta as chances de que o pagamento se realize; o novo devedor pode ganhar menos ou ter menos bens. A fim de satisfazer o interesse do credor em quitar a dívida, exige-se sua concordância. 2.5 EXCEÇÃO A ESSA REGRA A exceção a esta exigência de assentimento do credor é a da dívida imobiliária, no art. 303. Por questão de política legislativa, a fim de facilitar a compra do imóvel, presume-se seu consentimento. Não é nem um comportamento tácito, é ficto; basta a passagem do tempo. Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento. Fontes consultadas: - Curso de Direito Civil -, Pablo Stolze Gagliano. Rodolfo pamplona Filho. Novo. JusPodium. - Direito Civil Esquematizado Volume 1 - Parte Geral - Obrigações e Contratos - Carlos Roberto Gonçalves - 8ª Edição – Saraiva. - Manual de Direito Civil - Volume Único- Flávio Tartuce
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