Buscar

Direito penal parte geral (resumo)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

1 
 
D I R E I T O P E N A L 
 
Definição: 
“Conjunto de normas jurídicas que tem por objeto a determinação de infrações de 
natureza penal e suas sanções correspondentes – penas e medidas de 
segurança” (Cezar Roberto Bitencourt) 
 
1. CONJUNTO DE NORMAS JURÍDICAS 
1.1 CÓDIGO PENAL - DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 
1940. (Vigência 01/01/1942) 
1.2 Parte Geral – Do artigo 1º até o artigo 120 (Lei 7.209/84) 
1.3 Parte Especial – Do artigo 121 até o artigo 361 
1.4 LEIS PENAIS EXTRAVAGANTES (Peregrinas) – Código de Defesa do 
Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente, Código de Trânsito 
Brasileiro, Estatuto do Desarmamento, Lei Antidrogas, Lei de Crimes 
Ambientais, etc. 
 
2. INFRAÇÕES DE NATUREZA PENAL ( LICP – Decreto Lei nº 3.914/41) 
2.1 CRIME – “Infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de 
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a 
pena de multa.” 
2.2 CONTRAVENÇÃO PENAL – “Infração penal a que a lei comina, 
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa 
ou cumulativamente.” 
 
3. SANÇÕES CORRESPONDENTES: PENAS E MEDIDAS DE 
SEGURANÇA - Segundo Cléber Masson, “sanção penal é a resposta 
estatal, no exercício do ius puniendi e após o devido processo legal, ao 
responsável pela prática de um crime ou de uma contravenção penal”, e 
se divide em duas espécies: penas e medidas de segurança.” 
3.1 PENAS – Aplicável ao agente imputável (Privativas de liberdade, 
Restritivas de Direitos, Multa) 
3.2 MEDIDAS DE SEGURANÇA – Aplicável ao inimputável (Internação em 
HCTP e Tratamento Ambulatorial) 
FINALIDADE DO DIREITO PENAL 
Proteção da sociedade e, mais precisamente, a defesa dos bens jurídicos 
fundamentais (vida, integridade física e mental, honra, liberdade, patrimônio, costumes, 
paz pública, etc) (Júlio Fabbrini Mirabete). 
 
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL 
É ramo do Direito Público (regula relações entre os indivíduos e a sociedade). 
O direito de punir (jus puniendi) é exclusivo do Estado, mesmo que a proposta de ação 
seja de um particular. 
Tutela os bens jurídicos mais importantes (vida, liberdade, patrimônio, dignidade sexual, 
etc) 
 
DIREITO PENAL COMO CIÊNCIA 
Cultural: é produto da evolução cultural do homem em sociedade, integrando a 
categoria do “dever ser” e não a do “ser”; 
Normativa : estuda a norma e as consequências jurídicas de seu não-cumprimento; 
Finalista: age em defesa da sociedade protegendo os bens jurídicos fundamentais; 
2 
 
Sancionadora: impõe sanções para a proteção de outras normas (extrapenais) como o 
direito à propriedade, por exemplo. 
Direito Penal Material: encontra-se reunido no Código Penal e em outras leis penais 
(extravagantes/peregrinas), onde são definidas as condutas contrárias ao ordenamento 
jurídico e cominadas as respectivas penas. 
Direito Penal Formal: são as normas de aplicação do Direito Penal (material) contidas 
principalmente no Código de Processo Penal. 
 
DIREITO PENAL NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO 
A CF definiu o perfil político-constitucional do Brasil como um Estado Democrático de 
Direito. 
Estado Democrático de Direito é muito mais do que simplesmente Estado de Direito, 
posto que este último garante a igualdade meramente formal entre os homens. 
As leis devem possuir adequação social. 
No âmbito penal, as leis devem punir apenas as condutas que possuam real lesividade 
social. 
Os princípios do Direito Penal devem todos se orientar a partir do princípio da dignidade 
humana. 
O Estado de Direito constituiu um avanço do liberalismo burguês contra o arbítrio do 
Absolutismo Monárquico. 
É possível um Estado de Direito, com leis iguais para todos, sem que, no entanto, se 
realize a justiça social. 
 
Características do Estado Democrático de Direito 
Imposição de metas e deveres quanto à construção de uma sociedade livre, justa e 
solidária: 
pela garantia do desenvolvimento nacional ; 
pela erradicação da pobreza e da marginalização; 
pela redução das desigualdades sociais e regionais; 
pela promoção do bem comum; 
pelo combate ao preconceito de raça, cor, origem, sexo, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação 
pelo pluralismo político e liberdade de expressão das ideias; 
pelo resgate da cidadania ; 
pela afirmação do povo como única fonte do poder e pelo respeito inarredável da 
dignidade humana. 
 
PRINCÍPIOS LIMITADORES DO PODER PUNITIVO DO ESTADO 
O QUE SIGNIFICA PRINCÍPIO? 
 “Etimologicamente, princípio tem vários significados, entre os quais o de 
momento em que algo tem origem; causa primária, elemento predominante na 
constituição de um corpo orgânico; preceito, regra ou lei; fonte ou causa de uma 
ação. 
 No sentido jurídico, não se poderia fugir de tais noções, de modo que o 
conceito de princípio indica uma ordenação, que se irradia e imanta os sistemas 
de normas, servindo de base para a interpretação, integração, conhecimento e 
aplicação do direito positivo.” Guilherme de Souza Nucci (Manual de Direito 
Penal) 
 
Consequência da violação de um princípio: 
“Violar um princípio é muito mais grave do que transgredir uma norma. A 
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento 
obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de 
ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, 
porque representa ingerência contra todo o sistema, subversão de seus valores 
3 
 
fundamentais, contumélia (injúria) irremissível (imperdoável) a seu arcabouço 
lógico e corrosão de sua estrutura mestra”. (Celso Antônio Bandeira de Mello). 
Impõe limites à intervenção estatal no campo da aplicação da pena. 
Ingressaram nas legislações penais como garantia contra o absolutismo. 
Ganharam dimensão constitucional (Estão todos implícita ou explicitamente insertos na 
C.F). 
 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
Pelo Princípio da Legalidade a elaboração de normas incriminadoras é função exclusiva 
da lei (stricto sensu), isto é, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena 
criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrência desse fato (anterioridade) 
exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe a sanção correspondente. 
Feuerbach, no início do século XIX, resumiu o princípio na fórmula latina: “ Nullum 
crimen, nulla poena sine praevia lege” 
A Constituição Federal (1988) consagrou o princípio no artigo 5º, inc. XXXIX: “não 
haverá crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. 
O Código penal (Art. 1º, traz redação similar). 
O princípio da legalidade não pode ser relativizado. Se aplica a qualquer tipo de sanção 
penal e se estende pela execução da pena. 
Desdobramentos do princípio da legalidade (subprincípios): 
a) Anterioridade da lei (lege praevia); b) reserva legal (lege scripta); c) proibição de 
analogia em malam partem (lege scripta); d) taxatividade da lei (ou mandado de 
certeza – lege certa) 
 
 
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL 
Desde que uma lei entra em vigor até que cesse sua vigência, deve reger todos os atos 
abrangidos pela sua destinação. Não alcança, assim, os fatos ocorridos antes ou depois 
dos dois limites extremos Exemplo: 
Favorecimento real 
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio 
destinado a tornar seguro o proveito do crime: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. 
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho 
telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em 
estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). 
Exceção: no caso de lei posterior mais benéfica para o agente, está deverá ser aplicada. 
 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIAClaux Roxin (1964) criou a terminologia, defendendo que a tipicidade penal exige a 
ofensa de alguma gravidade ao bem jurídico tutelado. 
Devem ser tidas como atípicas as ações ou omissões que afetem infimamente 
(minimamente) um bem jurídico. 
Klaus Tiedmann chamou de princípio da bagatela, defendendo ser imperativa a efetiva 
proporcionalidade entre a gravidade Da conduta que se pretende punir e a drasticidade 
da intervenção estatal. 
CONDIÇÕES PARA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
1. Mínima ofensividade da conduta. 
2. Inexistência de periculosidade social do ato. 
3. Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. 
4. Inexpressividade da lesão provocada. 
Obervações: 
Os crimes de menor potencial ofensivo e as contravenções penais já foram devidamente 
valorados pelo legislador quanto à pena. 
4 
 
Não se pode confundir pequeno valor (furto, artigo 155, § 2º, do CP) com valor ínfimo 
ou nulo que leva à atipicidade. 
 
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE 
Nenhuma pena pode atentar contra a incolumidade (não lesividade) da pessoa humana. 
Este princípio impede a adoção da pena capital (morte) e da prisão perpétua no Brasil. 
A proibição de penas cruéis e infamantes, de torturas e maus-tratos nos interrogatórios 
policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar sua infra-estrutura carcerária de 
meios e recursos que impeçam a degradação e a dessocialização dos condenados 
decorrem do princípio da humanidade. 
ARTIGO 5º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
XLVII - não haverá penas: 
 a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza 
do delito, a idade e o sexo do apenado; 
 XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com 
seus filhos durante o período de amamentação; 
 
PRINCÍPIOS DA INTERVENÇÃO MÍNIMA E DA FRAGMENTARIEDADE 
Também conhecido como ultima ratio (última razão ou argumento), preconiza que a 
criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a 
proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas de sanção (civil, administrativa, 
comercial, etc) revelarem-se suficientes, a sua criminalização é inadequada e não 
recomendável. Por outro lado, como corolário (consequência) da intervenção mínima, a 
fragmentariedade busca selecionar fragmentos de antijuridicidade penalmente 
relevantes. (seletividade). 
 
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE 
A sanção penal deve ser sempre proporcional ao delito praticado. 
Este princípio é uma consagração do constitucionalismo moderno, embora já fosse 
reclamado por Cesare Beccaria (Dos Delitos e da Penas, 1764) 
A Constituição Federal brasileira recepcionou este princípio em vários dispositivos, tais 
como: exigência da individualização da pena; proibição de determinadas modalidades 
de sanções penais; admissão de maior rigor para crimes mais graves, previsão de 
crimes de menor potencial ofensivo. 
Na antiguidade, o talião já ensaiava o princípio da proporcionalidade. 
 
 
 
FONTES DO DIREITO PENAL 
CONCEITO 
Fonte é o lugar donde provém a norma de direito. Fonte do Direito Penal é, pois, aquilo 
de que ele se origina. (Magalhães Noronha). 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES: 
Fontes materiais ou de produção: dizem respeito à origem (gênese) do Direito Penal. 
O Estado é a única fonte de produção (fonte material) do Direito Penal. A C.F no art. 22, 
I prescreve que compete à União legislar sobre matéria penal. (Parágrafo único: Lei 
Complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das 
matérias relacionadas neste artigo). 
5 
 
Fontes formais ou de conhecimento: referem-se às formas de manifestação das 
normas jurídicas. dividem-se em: IMEDIATAS, que são as leis (não abrange decretos, 
portarias, medidas provisórias) e MEDIATAS (indiretas), que são os costumes, a 
doutrina, a jurisprudência e os princípios gerais de direito. 
a) costumes 
consistem na reiteração constante e uniforme de regras de conduta social. Há 
expressões descritas em tipos penais (crimes) que se interpretam pelo costume. 
Exemplos: honra, decoro, reputação, ato obsceno. Confrontando-se com a lei, o 
costume pode ser: 
secundum legem: é o que encontra suporte legal; 
praeter legem: destina-se a suprir eventuais lacunas da lei (art. 4º da LINDB) (as praxes 
forenses); 
contra legem: é formado em sentido contrário ao da lei, contudo não não faz 
desaparecer a norma criminal, que somente se revoga com outra lei. (jogo do bicho) 
b) Jurisprudência 
Entendida como a repetição de decisões num mesmo sentido, tem grande importância 
na consolidação e pacificação das decisões dos tribunais. 
c) Doutrina 
Resultado da atividade intelectual dos doutrinadores, que objetivam sistematizar as 
normas jurídicas, construindo e elaborando conceitos, princípios, e teorias que facilitem 
a interpretação e aplicação das leis vigentes. 
d) Princípios gerais de direito 
Fundam em premissas éticas extraídas do material legislativo. 
 
INTERPRETAÇÃO DAS LEIS PENAIS (Fonte, meio, resultado) 
O que é interpretar? 
É descobrir o real sentido e o verdadeiro alcance da norma jurídica. 
 
MODALIDADES DE INTERPRETAÇÃO EM MATÉRIA PENAL 
01) QUANTO ÀS FONTES (autor): 
A) autêntica: é fornecida pelo próprio Poder Legislativo, quando edita lei para 
esclarecer o conteúdo ou significado de outra já existente, ou quando faz determinadas 
definições do tipo: funcionário público (art.327 do CP), casa (art. 150, parágrafos 4º e 
5º do CP). (violação de domicílio) 
B) judicial: realizada por juízes e tribunais. ( Busca a vontade da lei.) 
C) doutrinária: é feita pelos escritores de direito, em seus comentários às leis. 
(communis opinio doctorum). 
 
INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA 
EXEMPLIFICAÇÃO 
Violação de domicílio 
 Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade 
expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
§ 4º - A expressão "casa" compreende: 
I - qualquer compartimento habitado; 
II - aposento ocupado de habitação coletiva 
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. 
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa": 
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo 
a restrição do n.º II do parágrafo anterior; 
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 
Funcionário público 
 Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
6 
 
 § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em 
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada 
ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração 
Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
MODALIDADES DE INTERPRETAÇÃO EM MATÉRIA PENAL 
02) QUANTO AOS MEIOS: 
A) Interpretação gramatical ou literal (filológica ou sintática): busca o sentido literal 
do texto normativo. 
I Deve-se dar preferência à linguagem técnica; 
II A lei não tem palavras supérfluas; 
III As expressões contidas na lei têm conotação técnica e não vulgar. 
B) Interpretação histórica: baseia-se na investigação dos antecedentes históricos que 
levaram à criação da norma jurídica. Exposições de motivos, discursos em plenário, 
debates, trabalhos nas comissões legislativas, etc). 
C) Interpretação lógico-sistemática: busca-se situar a norma no conjunto geral do 
sistema que a engloba, para justificar sua razão de ser. (Crimes de Perigo Comum - 
Incêndio)D) Teleológica: objetiva desvendar a genuína vontade manifestada na lei. Serve-se o 
intérprete de todos os elementos disponíveis (histórico, sistemático, direito comparado, 
elementos extrajurídicos, como por exemplo, o conceito de veneno que é próprio da 
química, etc). 
 
MODALIDADES DE INTERPRETAÇÃO EM MATÉRIA PENAL 
03) QUANTO AOS RESULTADOS: 
A) Declarativas: na interpretação declarativa o texto não é ampliado nem restringido, 
correspondendo exatamente a seu real significado. O intérprete apenas declara o que 
está contido na letra da lei. 
Vicente Ráo preconizava que a interpretação declarativa “afirma a coincidência da 
norma com o sentido exato do preceito”. 
B) Restritivas: o legislador exprimiu-se de forma ampliativa, foi além de seu 
pensamento, cumprindo ao intérprete restringir o alcance da norma. 
Ex. Fraude por meio de cheque (art. 171§ 2º, VI). Não é a simples emissão de cheque 
sem fundos que caracteriza o crime, mas a fraude quando lhe for inerente. 
C) Extensiva: destinada a corrigir uma fórmula legal demasiadamente estreita, cujo 
significado fica aquém da expressão literal. 
Exemplo I - O art. 260 do CP (Perigo de desastre ferroviário) inclui também o serviço 
de metrô. 
Exemplo II - No art. 261 do CP deve ser incluída a navegação “lacustre” omitida pelo 
legislador. 
Exemplo III - A bigamia do art. 235 inclui também a poligamia. 
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever 
de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a 
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 
11.466, de 2007). 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
 
 
 
ANALOGIA NO DIREITO PENAL 
CONCEITO DE ANALOGIA 
Analogia consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei, a disposição relativa 
a um caso semelhante. 
I - É forma de integração e não de interpretação do Direito Penal (analogia, costumes, 
princípios gerais de direito – LICC); 
7 
 
II - Analogia é forma de auto-integração da ordem legal para suprir lacunas, estendendo 
a aplicação da lei a casos que ela não regula e de que não cogita; 
III - O Direito Penal, como regra, proíbe analogia em relação a normas penais 
incriminadoras. 
IV – Funda-se a analogia no princípio ubi eadem legis ratio, ibi eadem dispositio (onde 
há a mesma razão lega, aplica-se o mesmo dispositivo). 
FORMULAÇÃO DE DAMÁSIO EVANGELISTA DE JESUS 
O legislador, através da lei A, regulou o fato B. O julgador precisa decidir o fato C. 
Procura e não encontra no direito positivo uma lei adequada a este fato. Percebe, 
porém, que há pontos de semelhança entre o fato B (regulado) e o fato C (não regulado). 
Então, através da analogia, aplica ao fato C a lei A. 
 
A ANALOGIA PODE SER DIVIDIDA EM: 
in bonam partem (beneficia o sujeito) 
Exemplo: a coação moral irresistível e a obediência hierárquica (Art.22, do CP) são 
causas legais de não exigibilidade de conduta diversa, que importa na absolvição do 
réu. Apesar de a lei prevê apenas essas duas hipóteses, o juiz poderá, em um caso 
concreto, reconhecer uma causa supralegal análoga a essas duas e isentar de pena o 
réu. (inexigibilidade de conduta diversa). 
Escusa absolutória nos crimes contra o patrimônio (união estável). 
in malam partem (prejudica o sujeito) 
Exemplo: o legislador não previu o furto de uso. Tentar incriminar alguém por esta 
conduta é tentar aplicar analogia em malam partem não admitida pela nosso Direito 
Penal. 
 
DIFERENÇA ENTRE ANALOGIA E INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA 
Analogia é forma de integração (auto-integração) da lei, já a interpretação analógica é 
forma de interpretação. Após enumerar casuisticamente as hipóteses, o legislador 
usa fórmula genérica deixando para o intérprete definir a situação em um caso concreto. 
Exemplo I - Art. 121, § 2º, inciso III (com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, 
tortura ou outro meio insidioso (traiçoeiro) ou cruel). 
Exemplo II – Art. 349-A (aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar). 
 
 
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA 
EXEMPLIFICAÇÃO 
 Homicídio simples 
Art 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Caso de diminuição de pena 
 § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, 
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, 
ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Homicídio qualificado 
 § 2° Se o homicídio é cometido: 
 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
 II - por motivo fútil; 
 III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou 
cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte 
ou torne impossível a defesa do ofendido; 
 V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro 
crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
8 
 
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho 
telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em 
estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). 
Exceção: no caso de lei posterior mais benéfica para o agente, está deverá ser aplicada. 
 
Ameaça 
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio 
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
 
 
 
EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO 
01. A lei penal como qualquer outra nasce, vive e morre. 
02. A lei nova deve sempre ser entidade como melhor que a lei anterior. 
03. Salvo disposição em contrário, a lei entra em vigor 45 dias após sua publicação no 
DOU. 
04. Ao lapso temporal entre a publicação e a efetiva vigência dá-se o nome de vacatio 
legis (possibilita o seu conhecimento). 
 
REVOGAÇÃO: traduz a idéia de cessação da existência da lei. 
DIVIDE-SE EM: 
I - Derrogação: quando cessa em parte a autoridade da lei. Ex.: A lei 7.290/84 derrogou 
a parte geral do CP; 
II - Ab-rogação: quando faz cessar por completo a vigência da lei. 
A REVOGAÇÃO PODE SER: 
I - Expressa: quando a lei expressamente determina a revogação da lei anterior; 
II - Tácita: quando o novo texto é incompatível ou regula inteiramente a matéria. 
 
ATIVIDADE 
Diz respeito ao fato de que uma lei, desde sua entrada em vigor, deve reger todos os 
fatos por ela abrangidos, enquanto dure a sua vigência. 
EXTRA-ATIVIDADE 
Refere-se à possibilidade de a uma lei reger situações ocorridas fora do seu período de 
vigência. A extra-atividade divide-se em: 
Retroatividade – que possibilita a lei novel alcançar fatos ocorridos antes da sua 
vigência (em matéria penal somente a lei mais benigna pode retroagir) 
Ultra-atividade – que permite à lei já revogada regular fatos ocorridos durante o período 
de sua vigência. 
 
 
CONFLITOS DE LEIS PENAIS NO TEMPO 
1. O princípio do tempus regit actum só tem aplicação integral em processo penal. 
2. A lei nova deve sempre ser entidade como melhor que a lei anterior. 
3. A lei mais benigna é retroativa e também ultrativa. 
 
SITUAÇÕES HIPOTÉTICAS: 
a) O crime se inicia na vigência de uma lei, mas tem a consumação em outro momento. 
(homicídio, extorsão mediante sequestro, etc) 
b) O crime é cometido na vigência de uma lei, mas a sentença se dá na vigência de 
outra (mais gravosa ou benigna) 
c) Durante a execução da pena sobrevém lei mais benigna. 
Observação: 
9 
 
Como decorrência do princípio do nullum crimen, nulla poena sine praevia lege, há uma 
regra dominante:a da irretroatividade da lei penal, que deve se submeter ao da 
retroatividade da lei mais benigna. 
 
CONFLITOS DE LEIS PENAIS NO TEMPO 
Abolitio criminis: ocorre quando a lei nova deixa de considerar crime fato 
anteriormente tipificado como tal. Retroage para afastar as conseqüências jurídico-
penais a que estariam sujeitos os autores de crimes. Atinge, inclusive, fatos já julgados 
definitivamente. ( Art. 240 – Adultério; 220 – Rapto Consensual) 
Novatio legis incriminadora: ao contrário da abolitio criminis, considera crime fato 
anteriormente não incriminado. É irretroativa, não podendo alcançar condutas 
praticadas antes da sua vigência. (Art. 216-A – Assédio Sexual; 313-A - Inserção de 
dados falsos em sistema de informações) 
Novatio legis in pejus: lei posterior, que de qualquer modo agravar a situação do 
sujeito, não retroagirá. Se houver um conflito entre duas leis, a anterior mais benigna, e 
a posterior mais severa, aplicar-se-á a mais benigna. A anterior será ultra-ativa por ser 
mais benigna. (Art. 217-A – Estupro de vulnerável) 
 Novatio legis in mellius: pode acontecer que uma lei nova, mesmo sem 
descriminalizar uma conduta, dê tratamento mais favorável ao sujeito. Mesmo que a 
sentença condenatória encontre-se em fase de execução, prevalecerá a lex mitior. 
 
Lei penal no tempo 
 Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, 
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se 
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em 
julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
LEIS TEMPORÁRIAS OU EXCEPCIONAIS 
Leis temporárias são as que possuem prazo prefixado de vigência. Exemplo: 
congelamento geral de preços, em que se publica lei punindo a conduta de quem 
descumprir o tabelamento. Já as leis excepcionais têm vigência em situações de 
emergência. Exemplo: a publicação, em tempo de guerra, de lei punindo a conduta de 
quem acender as luzes. Leis dessa natureza são ultra-ativas, alcançando fatos que 
ocorreram na sua vigência, mesmo depois de revogadas. 
Lei excepcional ou temporária 
 Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração 
ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado 
durante sua vigência. 
 
OBSERVAÇÕES 
1. A maior ou menor benignidade da lei deve ser apurada caso a caso. Havendo dúvida 
em relação à lei que melhor beneficia o réu, este deve ser consultado por meio de seu 
defensor. 
2. Lei intermediária: quando a lei mais benigna não é a do tempo do crime e nem a da 
data da condenação, deve-se optar pela lei intermediária por ser a mais favorável 
(princípios gerais do direito) Há discussão doutrinária. 
 
LEIS PENAIS EM BRANCO 
CONCEITO 
São as de conteúdo incompleto ou lacunoso, que precisam ser complementadas por 
outras normas jurídicas, geralmente de natureza extrapenal. 
 
ESPÉCIES 
10 
 
Norma penal em branco em sentido lato ou homogênea: o complemento se encontra 
em norma de mesma hierarquia. Ex.: o crime previsto no artigo 237 do CC é 
complementado pelo artigo 1.521 do CC (impedimentos e nulidades do casamento). 
Norma penal em branco em sentido estrito ou heterogênea: o complemento está 
descrito em fonte formal distinta da norma penal incriminadora. Ex.: Lei 11.343/06, art. 
33 (tráfico ilícito de drogas). Portaria da ANVISA define as drogas que causam 
dependência (ilícitas). 
 
 
Exemplos: 
I – Infração de Medida Sanitária Preventiva (Art. 268 do CP) 
I - Omissão de Notificação de Doença (Art. 269 do CP); 
II - Conhecimento prévio de impedimento (Art. 237 do CP – o complemento está no art. 
1.521 do CC). 
Lei 11.343/06 (Antidrogas) 
Revogam-se em decorrência da revogação de seus complementos? (divergência 
doutrinária). 
 
NORMAS PENAIS EM BRANCO EXEMPLIFICAÇÃO 
Conhecimento prévio de impedimento 
Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause 
a nulidade absoluta: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
Infração de medida sanitária preventiva 
Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou 
propagação de doença contagiosa: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde 
pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro. 
Omissão de notificação de doença 
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é 
compulsória: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
 
TEMPO DO CRIME 
TEORIAS ACERCA DO TEMPO DO CRIME 
Teoria da atividade: adotada pelo Código Penal, considera o momento do crime, o 
momento da ação ou omissão, ainda que seja outro o momento do resultado. 
(Exemplificar com o adolescente infrator) 
Teoria do resultado: considera-se praticado o crime no momento do resultado (no 
homicídio, quando falecer a vítima). 
Teoria mista (ou da ubiquidade): o momento do crime tanto pode ser o da ação quanto 
o do resultado. 
 Súmula 711 do STF 
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a 
sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. 
 
CONTAGEM DE PRAZO NO DIREITO PENAL 
Artigo 10, do Código Penal 
A contagem de prazo tem influência no cumprimento da pena, extinção de punibilidade 
(prescrição), livramento condicional (período de prova), progressão de regime, etc. 
O prazo se desenvolve entre dois termos: O termo inicial a quao e o termo final ad quem. 
Termo: É o instante determinado no tempo. 
11 
 
O prazo no Direito Penal se diferencia do Direito Processual Penal. No Direito Penal “o 
dia do começo inclui-se no cômputo do prazo” (Art. 10, do CP). 
Qualquer que seja a fração do dia do começo, será contado como dia inteiro (vide Prisão 
Temporária de 05 dias) 
Os dias, meses e anos são contados pelo calendário comum. 
EXEMPLOS: 
Dias: São contados por dias corrrido 
Meses: 02 meses, iniciando-se no dia 03 abril, termina à meia-noite do dia 02 junho. 
Anos: 03 anos, iniciando-se no dia 02 de janeiro de 2005, termina à meia-noite do dia 
01 de janeiro de 2008. 
Desprezam-se nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direito as frações 
de dia, e na pena de multa, as frações de cruzeiros. (dias-multa). 
 
 
Contagem de prazo 
 Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses 
e os anos pelo calendário comum. 
 Frações não computáveis da pena 
 Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, 
as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. 
 
ITER CRIMINIS 
 
COGITAÇÃO 
Refere-se ao plano intelectual acerca da prática criminosa, com a visualização do 
resultado querido, essa fase é interna ao sujeito, está em sua mente, em sua cabeça, 
daí a expressão "interna". Não se pune essa fase, pois não há como adentrar à cabeça 
do sujeito, salvo exceções que sejam explícitas em algum tipo, caracterizando pois um 
fato típico. Se escolhe os meios e a opção mais adequada, bem como a previsão do 
resultado. Tudo que vier a ir além da mente do sujeito será pois, externo. 
 
ATOS PREPARATÓRIOS 
Atos externos ao agente que passam da cogitação à ação objetiva, como a aquisição 
da arma para a prática de homicídio. Da mesma forma que a cogitação também não são 
puníveis. Contudo, há uma exceção no código penal brasileiro, a formação de 
Associação Criminosa (Art. 288), cuja reunião (em tese um ato preparatório) é punido 
como crime consumado, este crime é punido pois se entende que a quadrilha é uma 
ameaçaà sociedade, mesmo que ela não exerça nenhum tipo de crime (furto, 
estelionato, sequestro, assassinato...), já é punida por ser quadrilha, o bem jurídico a 
ser tutelado aqui é o bem estar social. Há também um certo consenso na jurisprudência 
de que certos atos preparatórios devem ser punidos autonomamente como crime, por 
exemplo, as hipóteses de petrechos para a falsificação de moedas (Código Penal, Art. 
291). 
 
ATOS DE EXECUÇÃO 
São aqueles dirigidos diretamente à prática do crime. No Brasil o Código Penal em seu 
artigo 14, inciso II (o crime se diz tentado quando iniciada a execução, esta não se 
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente), adotou a teoria objetiva ou 
formal para tentar diferenciar atos executórios de atos preparatórios. Assim, exige-se 
que o autor tenha realizado de maneira efetiva uma parte da própria conduta típica, 
adentrando no núcleo do tipo. É punivel como tentativa. 
 
CONSUMAÇÃO 
É o momento no qual estão presentes todos os elementos da definição legal do crime. 
 
12 
 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
CONCEITO 
É quando, a um mesmo fato supostamente podem ser aplicadas normas diferentes, da 
mesma ou de diversas leis penais, surge o que é denominado conflito ou concurso 
aparente de normas. (Júlio Fabbrini Mirabete) 
Pressupostos: 
a) unidade de fato; 
b) pluralidade de normas que (aparentemente) identificam o mesmo fato delituoso. 
Observação: impossibilidade jurídica de aplicação de mais de uma norma em virtude 
do princípio do non bis in idem. 
 
 PRINCÍPIOS ADOTADOS PARA A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS 
 ESPECIALIDADE, SUBSIDIARIEDADE, CONSUNÇÃO E ALTERNATIVIDADE 
 
A) Princípio da Especialidade 
Diz-se que uma norma penal incriminadora é especial em relação à outra, quando 
possui em sua definição legal todos os elementos típicos desta, e mais alguns, de 
natureza subjetiva ou objetiva, denominados especializantes. O confronto entre as duas 
normas pode se dá em abstrato. 
Exemplos: 
I - O crime de infanticídio (art.123 do CP) é especial em relação ao crime de homicídio, 
contém os elementos do homicídio e mais alguns (estado puerperal, próprio filho, etc). 
II – O art. 20 da Lei 7.170/83 é especial em relação ao homicídio, quando a motivação 
do atentado, por exemplo, for por inconformismo político. “Devastar, saquear, extorquir, 
roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, 
praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou 
para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas 
clandestinas ou subversivas. 
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. 
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até o 
dobro; se resulta morte, aumenta-se até o triplo.” 
 
 
B) Princípio da subsidiariedade 
Há relação de primariedade e subsidiariedade entre normas quando descrevem graus 
de violação do mesmo bem jurídico, de forma que a infração definida pela subsidiária, 
de menor gravidade que a principal, é anulada por esta. A conduta punível deve ser 
analisada em concreto para que se determine o preceito legal a que se enquadra. 
 
Expressa ou explícita: quando a norma, em seu próprio texto, subordina a sua 
aplicação à não-aplicação de outra, de maior gravidade. Ex. art. 132, 239, 307, etc. 
Tácita ou implícita: quando uma figura típica funciona como uma elementar ou 
circunstância legal específica de outra, de maior gravidade punitiva. Ex.: 
Ameaça/constrangimento ilegal, constrangimento ilegal/aborto sem o consentimento da 
gestante/extorsão/estupro, etc. (vis absoluta – força física) (vis compulsiva – ameaça) 
 
SUBSIDIARIEDADE EXPRESSA OU EXPLÍCITA 
 
Perigo para a vida ou saúde de outrem 
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida 
ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de 
serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas 
legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
13 
 
Simulação de casamento 
Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa: 
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime mais 
grave. 
Falsa identidade 
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em 
proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de 
crime mais grave. 
 
SUBSIDIARIEDADE TÁCITA OU IMPLÍCITA 
Ameaça 
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio 
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Constrangimento ilegal 
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe 
haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que 
a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Estupro 
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção 
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação 
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 
2009) 
 
C) Princípio da consunção 
Ocorre a relação consuntiva ou de absorção, quando um fato definido como crime é 
meio necessário ou fase de preparação ou execução de outro crime mais grave ou mais 
complexo. 
Exemplos: 
I O furto em residência absorve o crime de violação de domicílio. 
II O crime de homicídio absorve o de lesão corporal. 
III O crime de lesão corporal absorve a contravenção penal de vias de fato. 
 
D) Princípio da alternatividade 
A norma penal que prevê vários fatos alternativamente, como modalidade de um mesmo 
crime, só aplicável uma única vez, ainda que o agente tenha praticados todas as 
condutas sucessivamente. Ex.: Tráfico de Pessoas (art.149-A do CP) Receptação (art. 
180 do CP). 
 
Princípio da alternatividade 
 
Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) 
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher 
pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade 
de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) 
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; (Incluído pela Lei nº 13.344, 
de 2016) (Vigência) 
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; (Incluído pela 
Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) 
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 
2016) (Vigência) 
14 
 
IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 
2016) (Vigência) 
V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 
13.344, de 2016) (Vigência) 
Receptação 
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou 
alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a 
adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 
1996) 
Petrechos para falsificação de moeda 
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar 
maquinismo, aparelho, instrumentoou qualquer objeto especialmente destinado à 
falsificação de moeda: 
 
CONCEITOS DE CRIME ( Ausência de definição no CP). 
CONCEITO FORMAL DE CRIME (aspecto externo, nominal do fato) 
É o fato humano contrário à lei (Carmignani). 
CONCEITO MATERIAL DE CRIME (conteúdo do fato) 
É a violação de um bem penalmente protegido (José Frederico Marques). 
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME (características do crime) 
Do ponto de vista analítico, crime é o fato típico, antijurídico e culpável. 
Teoria bipartida: Fato típico e antijurídico 
Teoria tripartida: Fato típico, antijurídico e culpável. 
Culpabilidade: é a reprovação da ordem jurídica em face de estar o homem ligado a 
um fato típico e antijurídico. Funciona como condição de imposição da pena. 
 
ANÁLISE DO CRIME SOB O PONTO DE VISTA FORMAL 
REQUISITOS 
Para que haja crime é necessário conduta humana (ação ou omissão); 
Pelo princípio da reserva legal a conduta tem que estar prevista como crime; 
O fato típico é o primeiro requisito do crime; 
Não basta apenas que o fato seja típico, é necessário que seja antijurídico (contrário 
ao direito); 
Às vezes a antijuridicidade da conduta é afastada por uma causa de exclusão (legitima 
defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito e estrito cumprimento do 
dever legal); 
O conceito de antijuridicidade ou ilicitude se dá por exclusão, ou seja, o que não for 
declarado lícito, é antijurídico. 
A punibilidade é apenas a consequência jurídica do delito e não uma característica sua. 
 
ILICITUDE 
PENAL - CIVIL - ADMINISTATIVA 
Ilícito penal é a violação do ordenamento jurídico, contra a qual, pela sua intensividade 
ou gravidade, a única sanção adequada é a pena, e ilícito civil é a violação da ordem 
jurídica, para cuja debelação bastam as sanções atenuadas da indenização, da 
execução forçada, da restituição in specie, da breve prisão coercitiva,da anulação do 
ato, etc. (Nelson Hungria) 
Ilícito administrativo: não existe diferença ontológica em relação ao ilícito penal. A 
diferença reside na gravidade da violação ao ordenamento jurídico. 
 
 
 
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO 
15 
 
 
CONDUTA humana dolosa ou culposa. 
RESULTADO (salvo nos crimes de mera conduta) (só é descrita a conduta: 
desobediência, violação de domicílio, porte ilegal de arma. 
NEXO DE CAUSALIDADE entre a conduta e o resultado (salvo nos crimes de mera 
conduta e formais) (formais: descreve conduta e resultado, mas não exige a produção 
deste: ameaça, violação de segredo profissional, concussão, etc). 
TIPICIDADE, que é o enquadramento do fato material a uma norma penal incriminadora. 
 
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO 
1. CONDUTA: é a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada 
finalidade. (Damásio E. de Jesus) 
 
Elementos da conduta: 
a) ato de vontade dirigido a uma finalidade; 
b) atuação positiva ou negativa dessa vontade no mundo exterior (fazer ou não fazer). 
(vontade, finalidade, exterioridade, consciência). 
 
Formas de conduta: 
a) comissiva: caracteriza-se pela realização de comportamento positivo (subtrair, 
matar, apropriar-se, destruir, etc) 
b) omissiva: revela-se pela não-realização de um comportamento exigido que o sujeito 
podia concretizar. 
c) comissiva-omissiva: resulta do dever jurídico de impedir o resultado, como no caso 
da mãe que deixa do filho morrer de inanição. 
 
Elemento subjetivo 
a) dolo (direto/determinado) (indireto: alternativo/indeterminado) 
b) culpa 
c) preterdolo ou preterintenção (Lesão Corporal Seguida de Morte, Aborto com 
resultado morte ou lesão grave em relação à gestante) 
 
 
Sujeitos do crime 
a) Sujeito ativo: é o ser humano praticante da conduta típica descrita na norma penal 
incriminadora (César Dario Marino da Silva) 
b) Sujeito passivo: é o titular do objeto jurídico atingido pela conduta criminosa, 
dividindo-se em formal ou constante, que é o Estado (titular do direito de punir); e, 
material, que o titular do interesse penalmente protegido. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES EM FACE DO SUJEITO ATIVO 
Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa. Exemplo: homicídio, furto, 
lesão corporal, dano, etc. 
Crime próprio: exige qualidade especial do sujeito ativo. Exemplo: peculato, corrupção 
passiva, auto-aborto (124, primeira parte). 
Crime de mão própria: só pode ser cometido pelo sujeito em pessoa. Exemplo: falso 
testemunho, prevaricação, deserção (CPM). (admite participação moral). 
 
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA 
 
A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 173, parágrafo 5º, e 225, parágrafo 3º, 
determina que a lei puna a pessoa jurídica nos atos cometidos contra a economia 
popular, a ordem econômica e financeira e o meio ambiente. 
Teorias acerca da natureza da pessoa jurídica: 
16 
 
Teoria da ficção: a PJ não tem capacidade penal e, portanto, não pode cometer crime. 
Falta-lhe os requisitos psíquicos da imputabilidade. Não tem consciência nem vontade 
própria.Teoria da realidade ou organicista: entende a pessoa jurídica como um ser 
real, um verdadeiro organismo datado de vontade própria. 
1. A lei 9.605/98 (Lei dos crimes ambientais) prevê a responsabilização. 
2. A dupla imputação (bis in idem?) 
 
OBJETO DO DELITO 
OBJETO JURÍDICO DO CRIME 
É o bem ou interesse que a norma penal tutela : vida, integridade física, patrimônio, 
honra, etc. 
OBJETO MATERIAL DO CRIME 
É a pessoa ou coisa contra a qual recai a conduta do sujeito ativo, como o homem vivo 
no homicídio, a coisa no furto, o documento na falsificação, etc. 
OBSERVAÇÃO 
Às vezes, o sujeito passivo coincide com o objeto material ,é o que ocorre no homicídio 
e na lesão corporal, por exemplo. 
 
TEORIAS SOBRE A CONDUTA 
 
TEORIA CAUSALISTA (naturalista, tradicional, clássica) 
A conduta é comportamento humano voluntário de fazer ou não fazer. É processo 
mecânico, muscular. Basta a voluntariedade (sem se indagar acerca da finalidade da 
conduta) para que haja o crime. Exemplo: Quando alguém aperta o gatilho de uma 
arma e atinge outra pessoa não se cogita sobre a finalidade do agente. 
Dificuldades: conceituação da tentativa e explicação da tipicidade quando o tipo 
contém elementos subjetivos na própria descrição. 
Crítica: essa teoria é criticada em virtude da cisão de um fenômeno real, separando-se 
a ação voluntária de seu conteúdo (o fim do agente ao praticar a ação). 
 
TEORIA FINALISTA (ou da ação finalista) 
Todo comportamento do homem tem uma finalidade. A conduta realiza-se mediante a 
manifestação da vontade dirigida a um fim determinado, devendo assim ser apreciada 
juridicamente. No crime doloso a finalidade da conduta é a vontade de concretizar um 
fato ilícito. No crime culposo o agente responde por não ter empregado os cuidados 
necessários para evitar o resultado. 
Exemplo: Atingimento de um ladrão que escondeu-se atrás de placa de tiro ao alvo 
para fugir da polícia. 
 
TEORIA SOCIAL DA AÇÃO 
A teoria social da ação (da adequação social ou normativa) faz um ponte entre as teorias 
causalista e finalista. A relevância social da ação deve também ser o critério no campo 
penal. Como o Direito Penal só comina pena às condutas socialmente danosas e como 
socialmente relevante é toda conduta que afeta a relação do indivíduo para com seu 
meio, sem relevância social não há relevância jurídico-penal. 
 
Exemplo: o médico que faz uma cirurgia quer curar o paciente, portanto não há ação 
típica de lesão corporal. 
Crítica: dificuldade de conceituar o que seja relevância social (juízo ético), tornaria vaga, 
indeterminada a tipicidade. 
 
2. RESULTADO 
Conceito: é a modificação do mundo exterior provocado pelo comportamento humano 
voluntário (Damásio Evangelista de Jesus). 
1. Nos trabalhos forenses e na doutrina evento e resultado são usados como sinônimos. 
17 
 
2. Não constituiobstáculo ao entendimento da existência de crimes sem resultado 
naturalístico o que se contém nos artigos 13 e 18 do CP. 
 
Teorias acerca da natureza resultado: 
a) Teoria naturalística: resultado é a modificação do mundo externo causado por um 
comportamento humano. 
b) Teoria jurídica ou normativa: o resultado da conduta é a lesão ou perigo de lesão 
de um interesse protegido pela norma penal. (todo crime produz resultado “dano ou 
perigo” mesmo os de mera conduta). 
Em síntese, todo crime tem resultado jurídico, embora não se possa apresentar igual 
afirmativa em relação ao resultado naturalístico (Cleber Masson) 
 
N E X O D E C A U S A L I D A D E 
“O nexo de causalidade é o vínculo estabelecido entre a conduta do agente e o resultado 
por ele gerado, com relevância suficiente para formar o fato típico.” (Guilherme de Souza 
Nucci). 
 
Causa: é toda condição que atua paralelamente à conduta, interferindo no processo 
causal (Fernando Capez) 
Constata-se a existência da causa pelo processo hipotético de eliminação de Thirén. 
Suprime-se mentalmente determinado fato do histórico de desdobramento do crime 
para saber se o resultado iria ou não acontecer. 
Concausas: o Código Penal adotou a “teoria da equivalência dos antecedentes 
causais”, assim, qualquer conduta que tiver contribuído para a produção do resultado 
deve ser entendida como causa (conditio sine qua non). 
 
Teorias acerca da causalidade não adotadas no Brasil: 
A) Causalidade adequada: causa é a condição mais adequada para a produção do 
resultado; 
b) Eficiência: causa é a condição mais eficaz na produção do resultado; 
c) Relevância jurídica: causa é tudo que concorre para o evento ajustado à figura penal 
ou adequado ao tipo. 
 
ESPÉCIES DE CAUSAS 
Dependente: é aquela que tem origem na própria conduta do agente e, por isso, não 
exclui o nexo de causalidade. Exemplo: A atira em B, que em decorrência do ferimento 
sofre hemorragia e morre. 
 
Independente: é aquela que escapa do desdobramento natural da conduta e produz, 
por si só, o resultado. Existem duas espécies de causas independentes: a absoluta e a 
relativamente independente. 
ESPÉCIES DE CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
 
Preexistentes 
Já existiam antes mesmo da conduta ser realizada, portanto, o resultado iria acontecer 
de qualquer forma. Exemplo: o genro atira em sua sogra, mas esta morre em 
conseqüência não do disparo, mas de envenenamento anterior provocado pela nora. 
(O genro responde por tentativa de homicídio, se não teve nenhuma participação no 
envenenamento) 
concomitantes 
Acontece no mesmo instante em que a conduta é realizada, mas não tem qualquer 
ligação com esta. Exemplo: no instante em que a nora aplica o veneno na sogra, um 
assaltante entra na casa e atira na velhinha causando-lhe a morte. (A nora responde 
por tentativa de homicídio) 
 
18 
 
Superveniente 
Acontece após a realização da conduta do agente. Exemplo: após a nora ter 
envenenado a sogra, um maníaco invada a casa e mata a velhina a facadas. (A nora 
responde por tentativa de homicídio) 
 
ESPÉCIES DE CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES 
 
Preexistentes 
A desfere uma facada no braço da vítima que morre em razão de sua condição de 
hemofílico. A hemofilia atuou como causa independente, mas provocada pela conduta 
do agente. (O sujeito ativo responde pelo resultado morte). 
 
Concomitantes 
A atira na vítima, que, assustada, morre de ataque cardíaco. A causa foi independente 
(colapso cardíaco), mas se originou da conduta do agente. (O sujeito responde pelo 
resultado morte). 
 
Supervenientes 
A vítima leva um tiro na perna e, ao ser conduzida para o hospital, morre em decorrência 
de um acidente com a ambulância. Neste caso, por força do disposto no parágrafo 1º, 
do artigo 13 do Código Penal, ocorre (por ficção jurídica) a ruptura do nexo causal, 
respondendo o agente apenas pela conduta anterior. 
 
A CAUSALIDADE NA OMISSÃO 
 
CÓDIGO PENAL – ART. 13 “ O RESULTADO DE QUE DEPENDE A EXISTÊNCIA DO 
CRIME SÓ É IMPUTADO A QUEM LHE DEU CAUSA. CONSIDERA-SE CAUSA A 
AÇÃO OU OMISSÃO SEM A QUAL O RESULTADO NÃO SE PRODUZIRIA. 
 
NÃO SE FALA EM NEXO CAUSAL OBJETIVO EM CRIMES OMISSIVOS, UMA VEZ 
QUE DO NADA, NADA SURGE. A ESTRUTURA DO TIPO PENAL OMISSIVO É 
ESSENCIALMENTE NORMATIVA. O AGENTE RESPONDE PELO RESULTADO NÃO 
PORQUE LHE DEU CAUSA COM A OMISSÃO, MAS PORQUE NÃO O IMPEDIU 
REALIZANDO UMA CONDUTA QUE ESTAVA OBRIGADO A REALIZAR. 
 
O ART. 13, PARÁGRAFO 2º, DO CP REGULAMENTA A RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 
NOS DELITOS COMISSIVOS POR OMISSÃO ADOTANDO A TEORIA DA OMISSÃO 
NORMATIVA, RESULTANDO QUE A OMISSÃO É PENALMENTE RELEVANTE 
QUANDO O OMITENTE DEVIA E PODIA AGIR PARA EVITAR O RESULTADO. 
 
O DEVER DE AGIR INCUMBE A QUEM 
A) TENHA POR LEI OBRIGAÇÃO DE CUIDADO, PROTEÇÃO OU VIGILÂNCIA. 
Exemplo: mãe que deixa de alimentar o filho que morre de inanição (A obrigação de 
cuidado, proteção ou vigilância advém das relações de pátrio poder, casamento, família, 
etc). 
B) DE OUTRA FORMA, ASSUMIU A RESPONSABILIDADE DE IMPEDIR O 
RESULTADO. Exemplo: alpinista contratado ou que se ofereceu espontaneamente 
para guiar um grupo abandona-o, sobrevindo resultado danoso. NÃO É DO CONTRATO 
FORMAL QUE SURGE O DEVER JURÍDICO, MAS DA POSIÇÃO DE GARANTIDOR 
DA NÃO OCORRÊNCIA DO RESULTADO. 
 C) COM SEU COMPORTAMENTO ANTERIOR, CRIOU O RISCO DA OCORRÊNCIA 
DO RESULTADO. Exemplo: um exímio nadador convida alguém a acompanhá-lo em 
um longo nado e, em determinado instante, vendo que o companheiro está perdendo 
as forças, não socorre, deixando-o morrer. 
 
19 
 
CASO FORTUITO 
Diz-se caso fortuito, toda ocorrência episódica, ocasional, rara, como no exemplo de 
alguém que involuntariamente tropeça e cai dentro de tonel cachaça, embriagando-se. 
 
FORÇA MAIOR 
A força maior deriva de uma força externa ao agente. É o caso, por exemplo, da pessoa 
que é obrigada por coação a ingerir bebida alcoólica. 
 
Observação: o caso fortuito e a força maior excluem a própria conduta, por ausência 
de dolo e culpa. Não atuam, portanto, sobre o nexo causal. 
 
IMPUTAÇÃO OBJETIVA 
Desenvolvida por Karl Larenz (1927) e Richard Honig (1930) rechaçavam o rigorismo 
causalista da conditio sine qua non. Para a existência do crime, além do elo naturalístico 
de causa e efeito, são necessários os seguintes requisitos: a) criação de um risco 
proibido (não há adequação típica, por exemplo, na conduta da mulher que convida o 
marido para ir à praia na esperança de que ele se afogue, pois este é um risco 
permitido); b) que o resultado esteja na mesma linha de desdobramento causal da 
conduta (Ex: um traficante não pode ser responsabilizado pela conduta imprudente do 
usuário que morre de overdose); c) que o agente atue fora do sentido de proteção 
da norma (Ex. quem atira no braço de alguém que ameaça se suicidar com um tiro não 
pode responder por lesão corporal). 
 
Observações: 
O mero ingresso do dolo e da culpa no curso causal (conditio sine qua non) não resolve 
a questão do nexo causal. 
02) Qualquer comportamento socialmente padronizado será considerado 
“objetivamente” atípico. 
03) Para que haja o crime é preciso que o agente tenha o domínio do fato (controle a 
relação de causalidade) 
 
 
 
T I P I C I D A D E 
CONCEITO 
É a correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição de cada espécie 
de infração contida na lei penal incriminadora. (Damásio E. de Jesus) 
 
ESTRUTURA DO TIPO PENAL 
a) Elementos objetivos do tipo: também chamados de elementos descritivos, são os 
que se referem à materialidade da infração penal, no que diz respeito à forma de 
execução, tempo, lugar, etc. O verbo constitui o núcleo do tipo, a sua parte mais 
importante. Ex. matar, subtrair, constranger, destruir. (às vezes o verbo não é um injusto: 
ex: retirar, expor, etc). 
b) Elementosnormativos do tipo: são os que exigem um juízo de valor dentro do 
próprio campo da tipicidade, exteriorizando-se em expressões como: indevidamente 
(arts: 162, 319, 296 do CP), sem justa causa (arts: 246 e 248 do CP), e ainda nos ternos 
sem permissão legal, fraudulentamente, seu autorização, etc. 
c) Elementos subjetivos do tipo (do injusto): referem-se ao estado anímico do 
sujeito, à sua intenção, exteriorizam-se em expressões como: para ocultar desonra 
própria (art. 134 do CP), com o intuito de (art. 158), por motivo (art. 208), para satisfazer 
(347), a fim de (353), etc. 
 
ERRO DE TIPO 
BASE LEGAL 
20 
 
Art. 20 do Código Penal - “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime 
exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”. 
 
CONCEITO 
É o que recai sobre circunstância que constitui elemento essencial do tipo. É a falsa 
percepção da realidade sobre um elemento do crime. É a ignorância ou falsa 
representação de qualquer dos elementos constitutivos do tipo penal. 
 
FORMAS DE ERRO DE TIPO 
ESSENCIAL 
Incide sobre elementares e circunstâncias do crime. Impede o agente de compreender 
o caráter criminoso do fato ou de conhecer a circunstância 
 
Essencial invencível ou escusável (não pode ser evitado) - Exclui o dolo e a culpa, 
caso o crime admita essa última modalidade. Exemplo: Um caçador na floresta atira 
em um artista fantasiado de cervo. Se a fantasia era perfeita a ponto de confundir 
qualquer pessoa, afasta-se dolo e culpa. 
 
Essencial vencível ou inescusável (poderia ser evitado pelo agente) - Recaindo sobre 
elementar, exclui o dolo, mas não a culpa. Exemplo: No caso acima apresentado, se o 
artista não estivesse fantasiado e o caçador, sendo míope, tivesse atirado, agiria 
culposamente. 
 
ERRO DE TIPO ACIDENTAL 
Incide sobre dados irrelevantes da figura típica, fazendo com que o agente responda 
pelo crime como se não houvesse erro. 
 
Erro sobre o objeto 
É o erro sobre a coisa que caracteriza o objeto material do crime. Exemplo: Furtar café 
pensando que está furtando feijão. É irrelevante. 
 
Erro sobre a pessoa (error in persona) 
O sujeito mata uma pessoa pensando que está matando outra. Responderá como se 
tivesse matado a pessoa pretendida. 
 
Erro na execução do crime (aberratio ictus) 
Também conhecida como desvio de golpe, ocorre quando se dá erro não em relação à 
pessoa que se pretendia atingir, mas em relação à execução do crime. Ex. Pretendendo 
atingir A, o sujeito erra a pontaria e acerta B. 
 
Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis) 
O agente quer atingir um bem jurídico, mas por erro na execução, acaba atingindo outro. 
Ex. Atirar uma pedra contra uma vidraça atingindo, entretanto, uma pessoa. 
Conseqüências: Se apenas atinge o bem jurídico que não pretendia atingir, o outro, que 
ficou na tentativa, será absorvido pelo crime efetivamente cometido. Se, por outro lado, 
atingiu dois bens jurídicos (a janela e a pessoa), responde em concurso formal. 
 
Erro sobre o nexo causal (aberratio causae) 
Ocorre quando o agente na suposição de já ter consumado o crime, realiza nova 
conduta (erro sucessivo), sendo que é esta última que determina a consumação. Ex. 
Estrangular a vítima e atira-la ao rio para esconder o cadáver, vindo esta a morrer por 
afogamento. 
 
ERRO DE PROIBIÇÃO 
CONCEITO 
21 
 
É o que incide sobre a ilicitude de um comportamento. O agente supõe, por erro, ser 
lícita a sua conduta. O objeto do erro não é, pois, nem a lei, nem o fato, mas a licitude, 
isto é, a contrariedade do fato em relação à lei. O agente supõe permitida uma conduta 
proibida. O agente faz um juízo equivocado daquilo que lhe é permitido fazer em 
sociedade. 
 
1. Erro de Proibição - erro sobre a proibição jurídica do fato. (Art. 21 do CP). 
2. O desconhecimento da lei é inescusável. 
3. A influência de elementos culturais pode conduzir à impossibilidade de conhecimento 
do caráter ilícito do fato. 
4. Não se reconhece erro de proibição em crime de homicídio. 
 
CLASSIFICAÇÃO DO ERRO DE PROIBIÇÃO 
INVENCÍVEL (escusável) 
É aquele que não poderia ser evitado por um homem comum, portanto, afasta-se a 
culpabilidade. Exemplo: comerciante chinês que tenta vender carne de cachorro para 
restaurante, atividade que desenvolvia em seu país. 
VENCÍVEL (inescusável) 
O erro poderia ter sido evitado por qualquer pessoa normal, diligente. Não afasta a 
culpabilidade, mas enseja a diminuição da pena de 1/6 a 1/3. Exemplo: sujeito com 
educação razoável encontra bolsa com dinheiro, dela se apropriando, pensando ser 
lícita a conduta. 
Exemplos: 
1. Estrangeiro que se casa com brasileira, já sendo casado em seu país, que admite a 
poligamia. 
2. O sujeito que se apodera de pertences de outra pessoa para saldar dívida (art.345). 
3. Candidato que pintou o asfalto com propaganda sua, pensando que era lícito (dada 
a abundância de cartazes, etc de outros candidatos). 
4. Filho que, por compaixão, desliga aparelho que mantinha viva sua mãe, pensando 
ser lícita a eutanásia (poderá haver também o relevante valor moral). 
 
CRIME CONSUMADO E TENTADO 
BASE LEGAL - Artigo 14 do Código Penal. 
CONCEITO DE CRIME CONSUMADO 
É aquele em que foram realizados todos os elementos constantes de sua definição legal. 
(Art. 14, inciso I) 
 
ITER CRIMINIS - é o caminho do crime, que desdobra-se em quatro etapas: 
Cogitação - agente apenas idealiza, mentaliza o crime. Nesta fase o crime é impunível. 
Preparação - prática de atos imprescindíveis à execução do crime. O agente não 
começou a realizar o verbo constante da definição legal (núcleo do tipo). Pode ser 
exemplificado como a compra de uma arma para matar alguém. Não é punível nesta 
fase, se os atos preparatórios não constituem crimes por si só. (Art. 122, 288, 291). 
Execução - o bem jurídico começa a ser atacado. Nessa fase o agente inicia a 
realização do núcleo do tipo, e o crime já se torna punível. 
Consumação - todos os elementos descritos no tipo penal foram realizados. 
 
CRIME CONSUMADO E CRIME EXAURIDO 
No crime exaurido, o sujeito ativo continua a atingir o bem juridicamente protegido, 
mesmo depois da consumação efetiva. (os atos posteriores são havidos como mero 
exaurimento). Ex.: No crime de Concussão (art. 316 do CP) a consumação se dá com 
a exigência. 
 
CONSUMAÇÃO 
CONSUMAÇÃO NOS DIVERSOS TIPOS PENAIS 
22 
 
Materiais - com a produção do resultado naturalístico. 
Formais - com a simples atividade, independentemente do resultado (Concussão). 
De mera conduta - com a ação ou omissão delituosa (violação de domicílio). 
Culposos - com a produção do resultado (não existe tentativa) 
Permanentes - enquanto não cessar a permanência. 
Habituais - com a reiteração da conduta. 
 
TENTATIVA (CONATUS) 
CONCEITO 
É a não-consumação de um crime, cuja execução foi iniciada, por circunstâncias alheias 
à vontade do agente. (Art. 14, inciso II) 
Consequência jurídico-penal - a pena na tentativa é diminuída de um a dois terço. 
(Parágrafo único do art. 14). 
 
Elementos 
a) início da execução; 
b) não-consumação; 
c) Interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 
FORMAS DE TENTATIVA 
IMPERFEITA 
Ocorre a interrupção do processo executório; o agente não chega a praticar todos os 
atos de execução do crime, por circunstâncias alheias à vontade posto que ocorre 
interferência externa. O agente foi impedido de continuar esfaqueando a vítima que 
pretendia matar, por exemplo. 
PERFEITA OU ACABADA (crime falho) 
A consumação não ocorre, embora o agente tenha praticado os atos suficientes para a 
produção do resultado. Ex. O agente efetuou diversos disparos na vítima, mas esta não 
veio a óbito. 
Observação: o juiz considera essas formas de tentativa no momento da aplicação da 
pena base (art.59 do CP). 
 
INFRAÇÕES PENAIS QUE NÃO ADMITEMTENTATIVA 
Contravenções penais; crimes culposos, crimes habituais; crimes em que a lei só pune 
o agente se ocorrer o resultado (art.122 do CP); crimes em que a lei pune a tentativa 
como crime consumado (art.352 do CP) 
 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
Trata-se de espécies de tentativa abandona ou qualificada. O resultado não é produzido 
por força da vontade do agente, diferentemente da tentativa propriamente dita, em que 
o resultado não se produz por circunstâncias alheias à essa vontade (Artigo 15 do CP). 
 
Ponte de ouro para quem abandonou voluntariamente o propósito. 
Nas duas situações o sujeito não responde por tentativa. 
Fundamenta-se em razões de política criminal 
 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA 
O agente interrompe por sua própria vontade a execução do crime, ou seja, não esgota 
todo o processo executivo do crime. 
Exemplo 01 - o sujeito ativo dispõe de revólver municiado com 06 projéteis. Efetua dois 
disparos contra a vítima, mas não acerta, podendo prosseguir atirando, desiste por 
vontade própria. Neste caso só responde pelos atos já praticados (Periclitação da vida 
e da saúde, art. 132 do CP, ou Lesão Corporal, art. 129 do CP). 
Exemplo 02 - o ladrão que já estando dentro da casa da vítima e com a res furtiva na 
mão, desiste de levá-la. 
23 
 
 
ARREPENDIMENTO EFICAZ 
O agente, após encerrar a execução do crime, impede que o resultado se produza. Só 
é possível nos chamados crimes materiais, onde é exigida a produção de um resultado 
naturalístico. 
Exemplo 01 - o sujeito ativo atira na vítima ferindo-a com gravidade, mas se arrepende 
prestando socorro que impede a morte da mesma. Responde pelas lesões produzidas 
e não por tentativa de homicídio. 
Exemplo dois - esposa que ministra veneno na comida do marido, mas depois aplica-
lhe um antídoto evitando a morte. Responde pelas lesões causadas. 
 
Observação - o arrependimento ineficaz não gera qualquer benefício para o sujeito 
ativo. 
 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
Causa de diminuição de pena que ocorre nos crimes cometidos sem violência ou grave 
ameaça à pessoa, em que o agente, voluntariamente repara o dano ou restitui a coisa 
até o recebimento da denúncia ou da queixa. 
 
CRIME IMPOSSÍVEL 
É também chamado de quase-crime, tentativa inidônea ou inadequada. Está capitulado 
no artigo 17 do Código Penal: “não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta 
do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o 
crime”. 
Ineficácia absoluta do meio 
quando o meio utilizado pelo agente, por sua natureza, é absolutamente incapaz de 
produzir o resultado. Ex. Ministrar açúcar na alimentação da vítima pensando tratar-se 
de veneno; atirar contra a vítima com balas de festim ou arma descarregada, etc. 
Impropriedade absoluta do objeto 
Neste caso não existe o objeto material onde deveria recair a conduta, ou quando, pela 
situação ou condição, torna impossível a produção do resultado visado pelo agente. Ex: 
Atirar em pessoa que já está morta; mulher que, supondo erroneamente encontrar-se 
grávida, realiza manobra abortiva; agente que subtrai objeto dele mesmo, pensando que 
está furtando alguém. 
Nos dois casos não há tentativa por ausência de tipicidade. 
Não sendo figura típica, não enseja a aplicação de pena ou medida de segurança. 
 
 
TEORIAS ACERCA DO CRIME IMPOSSÍVEL 
Teoria sintomática 
O critério decisivo é a periculosidade do agente. 
 
Teoria subjetiva 
O fator que decide a questão é a intenção do delinquente. O autor deveria sofre a 
mesma pena do crime consumado 
 
Teoria objetiva 
O elemento objetivo é o perigo para o bem juridicamente protegido. Se a conduta não 
possui idoneidade para lesar o bem jurídico, não constitui tentativa. 
 
Teoria objetiva temperada 
Exige sejam absolutamente inidôneos os meios empregados pelo agente e o objeto 
sobre o qual recai a conduta. É a teoria adotada pelo legislador brasileiro. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS 
24 
 
Normas penais incriminadoras 
São as que descrevem condutas puníveis e impõem as respectivas sanções. Ex: Art. 
121, caput, art. 155, 213, etc. ( toda a parte especial do CP) 
 
Normas penais permissivas 
São as que determinam a licitude ou a impunidade de certas condutas, embora estas 
constituam crimes.. Ex: Arts. 20 a 27, 28, parágrafo 1º, art. 156, parágrafo 2º, 142 
(imunidades nos crimes contra a honra); do art. 348, § 2° (imunidades no crime de 
favorecimento pessoal); dos arts. 20 e 21 (erro sobre o elemento do tipo e sobre a 
ilicitude do fato); do art. 26 (inimputabilidade) etc. 
 
Normas penais finais, complementares ou explicativas 
São as que esclarecem o conteúdo das outras, ou delimitam a âmbito de sua aplicação. 
Ex: Arts. 4º, 5º, 7º, 10 a 12, do CP, etc. 
A norma penal não diz expressamente qual a conduta proibida (está implícita) 
 
Preceito: (mandamento) Art. 121 “Matar alguém” 
Sanção: (pena) Pena: 06 a 20 anos de reclusão 
 
CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS PENAIS 
Exclusividade 
Somente elas definem crimes e cominam penas. 
Anterioridade 
As que descrevem crimes somente têm incidência se já estavam em vigor na data de 
seu cometimento. 
Imperatividade 
Impõem-se coativamente a todos, sendo obrigatória a sua observância. 
Generalidade 
Têm eficácia erga omnes, dirigindo-se a todos, inclusive inimputáveis. 
Impessoalidade 
Dirigem-se impessoal e indistintamente a todos, não se admitindo a elaboração de uma 
norma para punir especificamente uma pessoa. 
 
 
 
 
PRINCÍPIOS LIMITADORES DO PODER PUNITIVO DO ESTADO 
 
ANALOGIA, INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA, INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA 
 
EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO: ATIVIDADE E EXTRA-ATIVIDADE 
 
CONFLITOS DE LEIS PENAIS NO TEMPO 
 
TEMPO DO CRIME 
 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
 
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO: CONDUTA, RESULTADO, NEXO DE 
CAUSALIDADE, TIPICIDADE 
 
ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO 
 
 
 
25

Outros materiais