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URBANISMO DO SÉC. XIX ▪ As cidades cresciam rapidamente; ▪ Surgem as demandas sociais relativas ao controle do espaço urbano; ▪ O Urbanismo se tornou disciplina acadêmica; ▪ Alguns estudiosos alegam que havia uma crise na produção arquitetônica durante o século XIX; ▪ Vários sanitaristas buscavam soluções para as condições higiênicas e sanitárias precárias das cidades industriais, e que eram agravadas pelos padrões de moradia e exploração dos trabalhadores, principalmente na Inglaterra e França; ▪ 1842, 1844 e 1845: Ocorreram inquisições sobre condições de vida nas cidades; ▪ Leis Sanitárias na Inglaterra, França, Itália e outros países europeus; ▪ Todo o capitalismo europeu enfrentou uma estagnação que levou aos levantes que marcaram a Primavera dos Povos ▪ Várias revoluções liberais, democráticas, nacionalistas e socialistas iniciram na França e a onda revolucionária abrangeu toda Europa ▪ Revolução de 1848 – Primavera dos Povos: Crise da esquerda e do regime liberal da primeira metade do século ▪ Perda de confiança nas reformas setoriais ▪ Os Socialistas científicos (Marx e Engels) criticavam os Socialistas utópicos (Owen e Fourier) ▪ Burguesia vence e estabelece um novo modelo de cidade ▪ 2ª metade do século XIX: Cidade Pós Liberal ▪ Sucesso imediato permitiu reorganizar as grandes idades, fundar cidades coloniais em todas as partes do mundo e influenciou fortemente a organização das cidades em que vivemos hoje CONTEXTO HISTÓRICO ▪ 1800-1890: Correlação entre condições de vida e mortalidade, ▪ 1832: Ato da Reforma: Início da reforma sanitária UK ▪ 1838: Epidemia de cólera, febre tifoide e tifo ▪ 1839-1842: Investigação e relatório de Londres ▪ 1848: PUBLIC HEALTH ACT (precursora das leis sanitárias no Brasil) ▪ 1866: Lei sanitária nova, mais avançada – retoma argumento da construção popular LEIS SANITÁRIAS NA INGLATERRA ▪ Entre Revolução de 1848 e Golpe de 1851: pensamento legislativo ▪ Estudos na Sociedade São Vicente de Paula comprovam as mesmas dificuldades encontradas na Inglaterra ▪ 1850: primeira lei urbanística francesa (médico, arquiteto e proprietários) ▪ Permitiria as mudanças de Haussmann mais tarde ▪ A legislação sanitária e a sua intervenção na produção do espaço ajudaram administrar a cidade pós-liberal LEIS SANITÁRIAS NA FRANÇA URBANISMO DO SÉC. XIX ▪ Definição de espaços de gestão da administração pública (ruas, praças, estradas de ferro, rede de esgoto, gás, eletricidade etc) ▪ Definição dos terrenos de propriedade imobiliária particular ▪ A utilização dos terrenos urbanizados depende dos proprietários (privados ou públicos) ▪ As linhas de limite entre o espaço público e privado (as testadas) bastam para formar o desenho da cidade ▪ Rua corredor: Comércio na parte de baixo e residências e escritórios na parte de cima ▪ Afastamento das ruas: predomínio na área residencial e na periferia ▪ Periferia organizada aumenta o custo das moradias e obriga a manter habitações precárias para os mais pobres ▪ Alta densidade no centro e falta de moradias baratas amenizados com parques públicos e casas populares construídas com dinheiro público ▪ A cidade pós-liberal se sobrepõe a antiga – os edifícios velhos podem ser demolidos e reconstruídos, mas se mantém os monumentos, ruas e praças ▪ Especialistas cuidam do funcionamento da cidade, subordinados à burocracia e propriedade, não podem questionar as decisões, só executá-las CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS Bairros ingleses de acordo com a norma Afastadas das frentes das ruas Aldeia operária URBANISMO DO SÉC. XIX ▪ População dobra a partir do início do século: 1,2 mi. de habitantes em 1846 ▪ No início do século, possui um pequeno número de edifícios ▪ Cidade superpovoada, insalubre e perigosa ▪ Napoleão III - decide transformar Paris na Capital das Capitais ▪ Principais objetivos: ▪ Fazer a imagem da cidade antiga, velha e insalubre desaparecer; ▪ Facilitar a circulação com ligações entre as todas as partes da cidade; ▪ Assegurar a valorização dos monumentos colocando-os no eixo de uma perspectiva e possibilitar a manutenção da ordem em caso de rebelião ▪ Lei da expropriação (1840) e a Lei sanitária (1850) auxiliam no processo de urbanização PARIS ▪ George Eugènes Hausmann ▪ Advogado, funcionário público, engenheiro, político e administrador ▪ nomeado prefeito de Paris (por Napoleão III) ▪ Pretendia dar a ilusão de uma perfeita homogeneidade do espaço urbano ▪ Induziu à formação, numa parte da cidade (oeste de Paris), de um espaço da burguesia ▪ Recorreu a uma política de benefícios pagamento aos empreiteiros com títulos da dívida pública ▪ Nova Paris :principais objetivos: ▪ Melhoria do sistema de circulação ▪ Resolução de problemas sanitários ▪ Unificação dos principais pontos da cidade através de um sistema de eixos perspéticos - as novas avenidas ou boulevards ▪ Nova Paris = sucesso da gestão pós-Liberal modelo ▪ Referência para todas as cidades do mundo, da metade do século XIX em diante ▪ As despesas decorrentes de todas as suas obras provocaram protestos e levaram à sua demissão em 1870 PARIS Avenue de L’Opera com indicação dos terrenos desapropriados e novas ruas URBANISMO DO SÉC. XIX ▪ TRANSFORMAÇÕES DURANTE O SEGUNDO IMPÉRIO: ▪ Novas ruas traçadas no conjunto habitacional existente e na faixa periférica (abertura de 95km de novas ruas) ▪ Novos serviços primários (esgoto, iluminação a gás, etc.) ▪ Novos serviços Secundários (escolas, hospitais, quartéis, parques públicos, etc.) ▪ Nova estrutura administrativa da cidade 20 Distritos (arrondissements) PARIS ▪ Crescimento econômico acelerado graças à atividade portuária e à indústria têxtil ▪ Superlotação, epidemias e a insalubridade estavam a colapsar ▪ Ildefonso Cerdà (1815 1876, Espanha) ▪ Meados do século XIX é tomada a decisão de derrubar as muralhas e planejar a cidade ▪ Em 1854, Cerdà inicia o levantamento do plano topográfico dos arredores de Barcelona e apresenta no ano seguinte uma proposta (ensanche) ▪ Aprovação do plano em 1859 ▪ O Plano Cerdà prevê a distribuição racional pela cidade dos equipamentos: hospitais, cemitério, edifícios administrativos e parques e jardins ▪ Cerdà desenvolve a sua teoria em três componentes: ▪ Higienista: em 1855 Cerda estuda as condições de vida na cidade e elabora uma Monografia estadística de Ia classe obrera que acompanha o seu Ante Projecto. ▪ Circulação: o aparecimento do caminho de ferro e do transporte público impõe uma nova visão da cidade, que Cerdà irá codificar na Necessidades de la circulacion y de los vecinos de las calles com respecto a la via publica urbana, y manera de de 1863. ▪ Globalidade da cidade: o plano de Cerdà tem em conta a cidade na sua extensão natural (construída ou expectante), e não os seus limites administrativos. BARCELONA Place de L’Etoile, Paris URBANISMO DO SÉC. XIX ▪ Os fundamentos teóricos do plano de Cerdà são os seguintes: ▪ A cidade funciona em torno do duplo conceito: movimento e repouso ▪ A rua deve fornecer redes de infraestruturas, permitir o transporte e possibilitar a melhor arejamento e iluminação das casas; ▪ O conceito de intervias representa a importância do quarteirão e do sistema viário na estrutura da cidade; ▪ O sistema de transportes é um elemento fundamental para o funcionamento da cidade; ▪ O plano deve possibilitar a extensão ilimitada da cidade; ▪ Deve haver a união entre a cidade antiga e a nova zona de extensão ▪ Plano de reforma e extensão de Barcelona (1859) ▪ Área edificada é de 50% complementada com espaços verdes ▪ Definição de alturas máximas ▪ Assegurou equipamentos comunitários a cada certa distância e zonas industriais mais afastadas ▪ Malha ortogonal cortada porum sistema de vias diagonais que interligam a cidade-velha com o novo traçado, unindo os principais pontos da cidade BARCELONA ▪ Sobre esta quadrícula Cerdà traça os grandes eixos: a Gran Via, a Diagonal, a Meridiana e a Paralela onde a circulação dos transportes urbanos de nível impõe uma largura das avenidas de 50 metros ▪ Formação da Praça de les Glòries Catalanes junto à qual passa o Caminho de Ferro, no ponto de cruzamento das avenidas BARCELONA URBANISMO DO SÉC. XIX ▪ Os quarteirões com uma forma chanfrada nas esquinas permitem uma diversa disposição da edificação, formando jardins ou equipamentos no seu interior ▪ Os equipamentos públicos ocupam mais do que um quarteirão BARCELONA ▪ Soria Y Mata (1844 1920, Espanha) ▪ Defendeu os seguintes princípios urbanísticos: ▪ do problema da locomoção derivam-se todos os demais da urbanização; ▪ a forma das cidades é o resultado fatal da estrutura da sociedade que as ocupa; ▪ onde não vive uma árvore não pode viver um ser humano ▪ Construção da Cidade Linear (1882), próximo ao centro de Madrid - hoje bairro Ciudad Lineal, na periferia de Madrid ▪ A cidade linear está ligada em muitos aspectos à questão do transporte e da crescente importância do sistema viário no planejamento da cidade, principalmente ao longo do século XX MADRI URBANISMO DO SÉC. XIX ▪ Principais características: ▪ Desenvolvimento em linha, com via central (50m) e com comprimento que fosse necessário ▪ E estrutura principal em torno da qual se desenvolvem ramos secundários ▪ Ao centro dessa imensa rua haveria toda a infraestrutura necessária para a cidade; ▪ Todas as habitações estão nas mesmas condições; ▪ Pode crescer indefinidamente; ▪ Não há concentração de edifícios; ▪ Permite contato direto com campo; ▪ Criticava a cidade circular, pois a linear propiciaria: ▪ Fim da especulação imobiliária; ▪ Fim do congestionamento no centro da cidade; ▪ Não marginalização da população que habitasse a periferia. MADRI ▪ Séc. XIX a cidade antiga ainda tinha caráter medieval cercada por uma muralha com uma faixa no entorno não construída ▪ Subúrbios ficavam isolados do núcleo urbano pelas fortificações e pela área militar ao redor ▪ Primeiras intervenções com foco sanitarista e higienista ▪ Canalização do Danúbio para evitar inundações ▪ Sistema eficiente de fornecimento de água ▪ Sistema sanitário público ▪ Primeiro hospital público ▪ Cinturão ao redor do núcleo - centro da reconstrução urbana (burguesia vienense) - não houve preocupação em melhorar as condições de vida nas áreas periféricas ▪ Oposição do exército vienense à reforma por questões de segurança - a faixa não edificada no entorno da muralha isolava a cidade antiga, onde residia a aristocracia, da periferia (proteção de possível avanço revolucionário popular) ▪ Necessidade econômica de construção pesou mais do que o medo de uma revolta ▪ 1857 - organizada uma comissão para expansão da cidade - procurava regulamentar o planejamento urbano da Ringstrasse (avenida que substituiu a muralha) ▪ Primeiros anos construções com intenção neoabsolutista: igreja + quarteis e arsenal ▪ 10 anos depois exército perde seu poder junto ao Estado VIENA URBANISMO DO SÉC. XIX ▪ Edifícios públicos construídos com estilos diferentes de acordo com suas funções (exemplo: a administração municipal tem estilo neogótico, o Teatro em estilo neobarroco, a universidade em estilo neorrenascentista e o parlamento em neoclássico) ▪ A Ringstrasse contempla edifícios que demonstram o poder do governo constitucional ▪ A maior parte das construções na Ringstrasse é a de edifícios residenciais - demanda por habitação - especulação imobiliária ▪ Controle do governo sobre as novas edificações - altura, alinhamento e, em alguns casos, parcelamento do solo VIENA ▪ Camillo Sitte (1843 1903, Áustria) Viena ▪ Arquiteto e historiador da arte, diretor da Escola Imperial e Real de Artes Industriais ▪ Mostrou-se totalmente insatisfeito com a avenida do anel ▪ O planejamento deve ser uma arte criativa e a interação entre prédios públicos e espaços abertos é fundamental para um bom planejamento ▪ Considerava a urbe moderna uma ameaça moral a séculos de história da civilização ocidental ▪ Via o urbanismo como forma de conservação/defesa de uma civilização, localizando a sua cidade ideal no tempo passado ▪ Planejamento de Sitte: ▪ A relação entre prédios, monumentos e suas praças – centro das praças deveriam continuar permanentemente livres ▪ Relação proporcional entre a fachada edifícios e as dimensões das quadras ▪ O tamanho e a forma das praças - há duas categorias de praças urbanas: o tipo profundidade e o tipo largura VIENA URBANISMO DO SÉC. XIX ▪ O modelo europeu pode ser imposto, por volta do final do século, também para as cidades americanas, onde o modelo original em tabuleiro funciona durante todo o século XIX, mas as periferias de casas unifamiliares aumentam e os centros comerciais são construídos novamente com velocidade crescente. ▪ Projeta-se cortar o tabuleiro por meio de uma rede de grandes ruas, inserir os parques públicos e arranjar os ambientes centrais como grandes composições arquitetônicas unitárias. Mas obtém-se somente modificações parciais: a rígida estrutura tradicional se revela muito difícil de mudar. INFLUÊNCA NA ÁMÉRICA
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