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QUESTÕES COMENTADAS TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL DO PARÁ NÍVEL MÉDIO Fábio Silva QUESTÕES COMENTADAS TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL DO PARÁ NÍVEL MÉDIO Fábio Silva Coordenador Geral Fábio Silva Coordenador Editorial Thayron Bezerra de Araújo Diagramação e Revisão Katia Cristina Fernandes Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) SILVA, Fábio QUESTÕES COMENTADAS TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL DO PARÁ - NÍVEL MÉDIO. 1. Ed. – Manaus-AM. Publicação: Sou Concurseiro e vou passar, 2019 ISBN 1. Educação 2. Escolas e institutos de formação profissional. Titulo. CDD 370 CDU 377 Reservados todos os direitos. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida por fotocópia, microfilme, processo fotomecânico ou eletrônico sem permissão expressa do autor. QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 3 Sumário PORTUGUÊS ..................................................................................................................... 4 INFORMÁTICA ............................................................................................................... 87 DIREITO ADMINISTRATIVO ....................................................................................... 106 DIREITO CONSTITUCIONAL ....................................................................................... 202 DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................... 290 PROCESSO CIVIL .......................................................................................................... 298 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ....................................................................................... 316 QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 4 PORTUGUÊS QUESTÃO Nº 1 – TEXTO CB1A1AAA Não sou de choro fácil a não ser quando descubro qualquer coisa muito interessante sobre ácido desoxirribonucleico. Ou quando acho uma carta que fale sobre a descoberta de um novo modelo para a estrutura do ácido desoxirribonucleico, uma carta que termine com “Muito amor, papai”. Francis Crick descobriu o desenho do DNA e escreveu a seu filho só para dizer que “nossa estrutura é muito bonita”. Estrutura, foi o que ele falou. Antes de despedir-se ainda disse: “Quando chegar em casa, vou te mostrar o modelo”. Não esqueça os dois pacotes de leite, passe para comprar pão, guarde o resto do dinheiro para seus caramelos e, quando chegar, eu mostro a você o mecanismo copiador básico a partir do qual a vida vem da vida. Não sou de choro fácil, mas um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e o funcionamento de todos os seres vivos me comove. Cromossomas me animam, ribossomas me espantam. A divisão celular não me deixa dormir, e olha que eu moro bem no meio das montanhas. De vez em quando vejo passarem os aviões, mas isso nunca acontece de madrugada — a noite se guarda toda para o infinito silêncio. Acho que uma palavra é muito mais bonita do que uma carabina, mas não sei se vem ao caso. Nenhuma palavra quer ferir outras palavras: nem desoxirribonucleico, nem montanha, nem canção. Todos esses conceitos têm os seus sinônimos, veja só, ácido desoxirribonucleico e DNA são exatamente a mesma coisa, e os do resto das palavras você acha. É tudo uma questão de amor e prisma, por favor não abra os canhões. Que coisa mais linda esse ácido despenteado, caramba. Olhei com mais atenção o desenho da estrutura e descobri: a raça humana é toda brilho. Matilde Campilho. Notícias escrevinhadas na beira da estrada. In: Jóquei. São Paulo: Editora 34, 2015, p. 26-7 (com adaptações). Julgue o item, a seguir, com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA, no qual a autora Matilde Campilho aborda a descoberta, em 1953, da estrutura da molécula do DNA, correalizada pelos cientistas James Watson e Francis Crick. Pode-se inferir da ausência de aspas e do estilo característico do texto que a passagem “Não esqueça os dois pacotes de leite (...) a partir do qual a vida vem da vida” é uma extrapolação imaginativa da autora a partir da carta escrita por Francis Crick a seu filho. Certo Errado A alternativa está CORRETA. A extrapolação imaginativa da autora é aquilo que foi imaginado, cogitado pela pessoa que escreve o texto. Vejamos: Estrutura, foi o que ele falou. Antes de despedir-se ainda disse: “Quando chegar em casa, vou te mostrar o modelo”. Não esqueça os dois pacotes de leite, passe para comprar pão, guarde o resto do dinheiro para seus caramelos e, quando chegar, QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 5 eu mostro a você o mecanismo copiador básico a partir do qual a vida vem da vida. GALERA, ATENÇÃO! A autora cita literalmente algo dito pelo Francis (em negrito) e, por isso, coloca a fala entre aspas "Quando chegar em casa, vou te mostrar o modelo". Percebam que, depois disso, a autora para de usar as aspas e acrescenta mais algo à fala do Francis: Não esqueça os dois pacotes de leite, passe para comprar pão...(em cinza). Ou seja, a autora imagina o que mais o Francis poderia ter escrito ao filho e compartilha conosco: extrapolação imaginativa, como diz a assertiva! QUESTÃO Nº 2 – TEXTO CB1A1BBB Esse rapaz que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida é um sintoma da revivescência de um sentimento que parecia ter morrido no coração dos homens: o domínio sobre a mulher. Há outros casos. (...) Todos esses senhores parece que não sabem o que é a vontade dos outros. Eles se julgam com o direito de impor o seu amor ou o seu desejo a quem não os quer. Não sei se se julgam muito diferentes dos ladrões à mão armada; mas o certo é que estes não nos arrebatam senão o dinheiro, enquanto esses tais noivos assassinos querem tudo que há de mais sagrado em outro ente, de pistola na mão. O ladrão ainda nos deixa com vida, se lhe passamos o dinheiro; os tais passionais, porém, nem estabelecem a alternativa: a bolsa ou a vida. Eles, não; matam logo. Nós já tínhamos os maridos que matavam as esposas adúlteras; agora temos os noivos que matam as ex-noivas. De resto, semelhantes cidadãos são idiotas. É de se supor que quem quer casar deseje que a sua futura mulher venha para o tálamo conjugal com a máxima liberdade, com a melhor boa- vontade, sem coação de espécie alguma, com ardor até, com ânsia e grandes desejos; como é então que se castigam as moças que confessam não sentir mais pelos namorados amor ou coisa equivalente? Todas as considerações que se possam fazer tendentes a convencer os homens de que eles não têm sobre as mulheres domínio outro que não aquele que venha da afeição não devem ser desprezadas. Esse obsoleto domínio à valentona, do homem sobre a mulher, é coisa tão horrorosa que enche de indignação. Todos os experimentadores e observadores dos fatos morais têm mostrado a insanidade de generalizar a eternidade do amor. Pode existir, existe, mas excepcionalmente; e exigi-la nas leis ou a cano de revólver é um absurdo tão grande como querer impedir que o Sol varie a hora do seu nascimento. Deixem as mulheres amar à vontade. Não as matem, pelo amor de Deus. Lima Barreto. Não as matem. In: Vida urbana. São Paulo: Brasiliense, 1963, p. 83-5 (com adaptações). Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB1A1BBB, julgue o item que se segue. A ideia principal do último parágrafo do texto é a deque as mulheres não devem ser penalizadas em razão das decisões que tomam a respeito de seus sentimentos. Certo Errado QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 6 A alternativa está INCORRETA. MUITO CUIDADO!!! Admito que esta assertiva não está fácil, pois ela fala genericamente que as mulheres não devem ser penalizadas por decisões que tomem a respeito dos sentimentos delas (quaisquer decisões, quaisquer sentimentos) e isso poderia ser adequado ao conteúdo do último parágrafo. Vale destacar, entretanto, que ele fala sobre um aspecto mais específico (e não sobre qualquer decisão a respeito de qualquer sentimento): "o homem exigir que a mulher fique com ele a todo custo", "a eternidade do amor exigida por alguns a cano de revólver". Assim, a banca considerou como errada esta assertiva por colocar como "ideia principal do parágrafo" um tema bem mais genérico do que o tratado de fato no texto. QUESTÃO Nº 3 – TEXTO 6A1AAA Está demonstrado, portanto, que o revisor errou, que se não errou confundiu, que se não confundiu imaginou, mas venha atirar-lhe a primeira pedra aquele que não tenha errado, confundido ou imaginado nunca. Errar, disse-o quem sabia, é próprio do homem, o que significa, se não é erro tomar as palavras à letra, que não seria verdadeiro homem aquele que não errasse. Porém, esta suprema máxima não pode ser utilizada como desculpa universal que a todos nos absolveria de juízos coxos e opiniões mancas. Quem não sabe deve perguntar, ter essa humildade, e uma precaução tão elementar deveria tê-la sempre presente o revisor, tanto mais que nem sequer precisaria sair de sua casa, do escritório onde agora está trabalhando, pois não faltam aqui os livros que o elucidariam se tivesse tido a sageza e prudência de não acreditar cegamente naquilo que supõe saber, que daí é que vêm os enganos piores, não da ignorância. Nestas ajoujadas estantes, milhares e milhares de páginas esperam a cintilação duma curiosidade inicial ou a firme luz que é sempre a dúvida que busca o seu próprio esclarecimento. Lancemos, enfim, a crédito do revisor ter reunido, ao longo duma vida, tantas e tão diversas fontes de informação, embora um simples olhar nos revele que estão faltando no seu tombo as tecnologias da informática, mas o dinheiro, desgraçadamente, não chega a tudo, e este ofício, é altura de dizê-lo, inclui-se entre os mais mal pagos do orbe. Um dia, mas Alá é maior, qualquer corrector de livros terá ao seu dispor um terminal de computador que o manterá ligado, noite e dia, umbilicalmente, ao banco central de dados, não tendo ele, e nós, mais que desejar que entre esses dados do saber total não se tenha insinuado, como o diabo no convento, o erro tentador. Seja como for, enquanto não chega esse dia, os livros estão aqui, como uma galáxia pulsante, e as palavras, dentro deles, são outra poeira cósmica flutuando, à espera do olhar que as irá fixar num sentido ou nelas procurará o sentido novo, porque assim como vão variando as explicações do universo, também a sentença que antes parecera imutável para todo o sempre oferece subitamente outra interpretação, a possibilidade duma contradição latente, a evidência do seu erro próprio. Aqui, neste escritório onde a verdade não pode ser mais do que uma cara sobreposta às infinitas máscaras variantes, estão os costumados dicionários da língua e vocabulários, os Morais e Aurélios, os Morenos e Torrinhas, algumas gramáticas, o Manual do Perfeito Revisor, vademeco de ofício [...]. QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 7 José Saramago. História do cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 25-6. No que se refere às ideias, aos fatores de textualidade do texto 6A1AAA e à variação linguística, julgue o seguinte item. Infere-se dos sentidos do texto que, no trecho “também a sentença que antes parecera imutável para todo o sempre oferece subitamente outra interpretação”, o autor se refere à variação da língua no tempo, ou seja, ao fato de que, com a mudança linguística, novas interpretações são atribuídas aos enunciados. Certo Errado A alternativa está INCORRETA. Ela diz o seguinte: → Infere-se dos sentidos do texto que, no trecho “também a sentença que antes parecera imutável para todo o sempre oferece subitamente outra interpretação”, o autor se refere à variação da língua no tempo, ou seja, ao fato de que, com a mudança linguística, novas interpretações são atribuídas aos enunciados. Trecho: "Seja como for, enquanto não chega esse dia, os livros estão aqui, como uma galáxia pulsante, e as palavras, dentro deles, são outra poeira cósmica flutuando, à espera do olhar que as irá fixar num sentido ou nelas procurará o sentido novo, porque assim como vão variando as explicações do universo, também a sentença que antes parecera imutável para todo o sempre oferece subitamente outra interpretação, a possibilidade duma contradição latente, a evidência do seu erro próprio." A variação da língua no tempo se refere a mudanças de normas, como as estabelecidas no Novo Acordo Ortográfico. Ex: a supressão do trema, a modificação do uso do hífen, mudanças na acentuação, eliminação de acentos diferenciais, etc. No trecho destacado do texto, o autor se refere a "novas interpretações", a novos sentidos que as sentenças assumem, e não a mudanças quanto à correção gramatical. QUESTÃO N º 4 – TEXTO 6A1AAA Está demonstrado, portanto, que o revisor errou, que se não errou confundiu, que se não confundiu imaginou, mas venha atirar-lhe a primeira pedra aquele que não tenha errado, confundido ou imaginado nunca. Errar, disse-o quem sabia, é próprio do homem, o que significa, se não é erro tomar as palavras à letra, que não seria verdadeiro homem aquele que não errasse. Porém, esta suprema máxima não pode ser utilizada como desculpa universal que a todos nos absolveria de juízos coxos e opiniões mancas. Quem não sabe deve perguntar, ter essa humildade, e uma precaução tão elementar deveria tê-la sempre presente o revisor, tanto mais que nem sequer precisaria sair de sua casa, do escritório onde agora está trabalhando, pois não faltam aqui os livros que o elucidariam se tivesse tido a sageza e prudência de não acreditar cegamente naquilo que supõe saber, que daí é que vêm os enganos piores, não da ignorância. Nestas ajoujadas estantes, milhares e milhares de páginas esperam a cintilação duma curiosidade inicial ou a firme luz que é sempre a dúvida que busca o seu próprio esclarecimento. Lancemos, enfim, a crédito do revisor ter reunido, ao longo QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 8 duma vida, tantas e tão diversas fontes de informação, embora um simples olhar nos revele que estão faltando no seu tombo as tecnologias da informática, mas o dinheiro, desgraçadamente, não chega a tudo, e este ofício, é altura de dizê-lo, inclui-se entre os mais mal pagos do orbe. Um dia, mas Alá é maior, qualquer corrector de livros terá ao seu dispor um terminal de computador que o manterá ligado, noite e dia, umbilicalmente, ao banco central de dados, não tendo ele, e nós, mais que desejar que entre esses dados do saber total não se tenha insinuado, como o diabo no convento, o erro tentador. Seja como for, enquanto não chega esse dia, os livros estão aqui, como uma galáxia pulsante, e as palavras, dentro deles, são outra poeira cósmica flutuando, à espera do olhar que as irá fixar num sentido ou nelas procurará o sentido novo, porque assim como vão variando as explicações do universo,também a sentença que antes parecera imutável para todo o sempre oferece subitamente outra interpretação, a possibilidade duma contradição latente, a evidência do seu erro próprio .Aqui, neste escritório onde a verdade não pode ser mais do que uma cara sobreposta às infinitas máscaras variantes, estão os costumados dicionários da língua e vocabulários, os Morais e Aurélios, os Morenos e Torrinhas, algumas gramáticas, o Manual do Perfeito Revisor, vademeco de ofício [...]. José Saramago. História do cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 25-6. No que se refere às ideias, aos fatores de textualidade do texto 6A1AAA e à variação linguística, julgue o seguinte item. Conclui-se do texto que é por falta de dinheiro que “o revisor” não tem ao seu dispor “as tecnologias da informática”. Certo Errado Gabarito: CERTA. Ela diz o seguinte: → Conclui-se do texto que é por falta de dinheiro que “o revisor” não tem ao seu dispor “as tecnologias da informática”. Trecho: "Lancemos, enfim, a crédito do revisor ter reunido, ao longo duma vida, tantas e tão diversas fontes de informação, embora um simples olhar nos revele que estão faltando no seu tombo as tecnologias da informática, mas o dinheiro, desgraçadamente, não chega a tudo, e este ofício, é altura de dizê-lo, inclui-se entre os mais mal pagos do orbe." Os segmentos acima destacados em negrito indicam que o motivo de o revisor não dispor de tecnologias da informática é realmente a falta de dinheiro ("o dinheiro [...] não chega a tudo"). Além disso, o autor deixa claro que o trabalho de revisor é um dos mais mal pagos, o que confirma a ideia de que não sobre dinheiro suficiente para adquirir todas as tecnologias disponíveis no mercado. Afirmativa correta. QUESTÃO Nº 5 – TEXTO 6A1AAA Está demonstrado, portanto, que o revisor errou, que se não errou confundiu, que se não confundiu imaginou, mas venha atirar-lhe a primeira pedra aquele que não tenha QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 9 errado, confundido ou imaginado nunca. Errar, disse-o quem sabia, é próprio do homem, o que significa, se não é erro tomar as palavras à letra, que não seria verdadeiro homem aquele que não errasse. Porém, esta suprema máxima não pode ser utilizada como desculpa universal que a todos nos absolveria de juízos coxos e opiniões mancas. Quem não sabe deve perguntar, ter essa humildade, e uma precaução tão elementar deveria tê-la sempre presente o revisor, tanto mais que nem sequer precisaria sair de sua casa, do escritório onde agora está trabalhando, pois não faltam aqui os livros que o elucidariam se tivesse tido a sageza e prudência de não acreditar cegamente naquilo que supõe saber, que daí é que vêm os enganos piores, não da ignorância. Nestas ajoujadas estantes, milhares e milhares de páginas esperam a cintilação duma curiosidade inicial ou a firme luz que é sempre a dúvida que busca o seu próprio esclarecimento. Lancemos, enfim, a crédito do revisor ter reunido, ao longo duma vida, tantas e tão diversas fontes de informação, embora um simples olhar nos revele que estão faltando no seu tombo as tecnologias da informática, mas o dinheiro, desgraçadamente, não chega a tudo, e este ofício, é altura de dizê-lo, inclui-se entre os mais mal pagos do orbe. Um dia, mas Alá é maior, qualquer corrector de livros terá ao seu dispor um terminal de computador que o manterá ligado, noite e dia, umbilicalmente, ao banco central de dados, não tendo ele, e nós, mais que desejar que entre esses dados do saber total não se tenha insinuado, como o diabo no convento, o erro tentador. Seja como for, enquanto não chega esse dia, os livros estão aqui, como uma galáxia pulsante, e as palavras, dentro deles, são outra poeira cósmica flutuando, à espera do olhar que as irá fixar num sentido ou nelas procurará o sentido novo, porque assim como vão variando as explicações do universo, também a sentença que antes parecera imutável para todo o sempre oferece subitamente outra interpretação, a possibilidade duma contradição latente, a evidência do seu erro próprio .Aqui, neste escritório onde a verdade não pode ser mais do que uma cara sobreposta às infinitas máscaras variantes, estão os costumados dicionários da língua e vocabulários, os Morais e Aurélios, os Morenos e Torrinhas, algumas gramáticas, o Manual do Perfeito Revisor, vademeco de ofício [...]. José Saramago. História do cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 25-6. No que se refere às ideias, aos fatores de textualidade do texto 6A1AAA e à variação linguística, julgue o seguinte item. Na construção do texto, o autor, além de narrar fato que aconteceu com “o revisor”, explora, repetidas vezes e de diferentes modos, a ideia de que a dúvida pode ser algo positivo. Certo Errado Afirmativa CERTA. Ela diz o seguinte: → Na construção do texto, o autor, além de narrar fato que aconteceu com “o revisor”, explora, repetidas vezes e de diferentes modos, a ideia de que a dúvida pode ser algo positivo. QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 10 Trecho: "Quem não sabe deve perguntar, ter essa humildade, e uma precaução tão elementar deveria tê-la sempre presente o revisor, tanto mais que nem sequer precisaria sair de sua casa, do escritório onde agora está trabalhando, pois não faltam aqui os livros que o elucidariam se tivesse tido a sageza e prudência de não acreditar cegamente naquilo que supõe saber, que daí é que vêm os enganos piores, não da ignorância. Nestas ajoujadas estantes, milhares e milhares de páginas esperam a cintilação duma curiosidade inicial ou a firme luz que é sempre a dúvida que busca o seu próprio esclarecimento." No início do texto, o autor narra que "o revisor" cometeu um erro. Ao longo do texto, ele destaca que ter dúvidas é bom, já que "é sempre a dúvida que busca o seu próprio esclarecimento". O autor afirma que os piores enganos vêm da suposição de que já sabemos tudo. A dúvida nos leva a buscar conhecimento, portanto ela pode ser algo positivo. QUESTÃO Nº 6 – TEXTO 6A2AAA Entramos na liça ao nascer; dela saímos ao morrer. De que vale aprender a conduzir melhor seu carro quando se está no fim do percurso? Só resta pensar então em como abandoná-lo. O estudo de um Velho, se ainda lhe resta a fazer, é unicamente o de aprender a morrer e é precisamente o que menos se faz na minha idade, pensa-se em tudo, menos nisso. Todos os velhos dão mais apreço à vida do que as crianças e a deixam com maior má vontade do que os jovens. É que, como todos os seus trabalhos tiveram essa mesma vida por objetivo, veem, no final, que perderam seus esforços. Todos os seus cuidados, todos os seus bens, todos os frutos de suas laboriosas vigílias, tudo deixam quando se vão. Não pensaram em adquirir alguma coisa, durante a vida, que possam levar com a morte. Disse tudo isso a mim mesmo quando era tempo de mo dizer, e, se não soube tirar melhor partido de minhas reflexões, não foi por não as ter feito a tempo e por não as ter bem amadurecido. Lançado, desde a infância, no torvelinho da sociedade, aprendi cedo, por experiência, que não era feito para viver nela, onde nunca conseguiria chegar ao estado de que meu coração precisava. Cessando, portanto, de procurar entre os homens a felicidade que sentia não poder encontrar, minha ardente imaginação já saltava por cima da recém-iniciada época de minha vida, como sobre um terreno desconhecido, para descansar em uma situação tranquila em que me pudesse fixar. JeanJacques Rousseau. Terceira caminhada. In: Jean Jacques Rousseau. Os devaneios do caminhante solitário. Organização e tradução de Fúlvia Maria Luíza Moretto. Brasília: Editor a da UnB, 1991, p. 16 (com adaptações). Com relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto 6A2AAA, julgue o item a seguir. No primeiro parágrafo, apresentando-se como velho, o autor adota um tom de autocomiseração ao afirmar que estudar o envelhecimento implica aprender a lidar com a morte e que esse aprendizado deveria ter prioridade sobre outras reflexões humanas. Certo Errado QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 11 A afirmativa está ERRADA. Ela diz o seguinte: → No primeiro parágrafo, apresentando-se como velho, o autor adota um tom de autocomiseração ao afirmar que estudar o envelhecimento implica aprender a lidar com a morte e que esse aprendizado deveria ter prioridade sobre outras reflexões humanas. Trecho: "Entramos na liça ao nascer; dela saímos ao morrer. De que vale aprender a conduzir melhor seu carro quando se está no fim do percurso? Só resta pensar então em como abandoná-lo. O estudo de um Velho, se ainda lhe resta a fazer, é unicamente o de aprender a morrer e é precisamente o que menos se faz na minha idade, pensa-se em tudo, menos nisso. Todos os velhos dão mais apreço à vida do que as crianças e a deixam com maior má vontade do que os jovens. É que, como todos os seus trabalhos tiveram essa mesma vida por objetivo, veem, no final, que perderam seus esforços. Todos os seus cuidados, todos os seus bens, todos os frutos de suas laboriosas vigílias, tudo deixam quando se vão. Não pensaram em adquirir alguma coisa, durante a vida, que possam levar com a morte." Autocomiseração significa compaixão por si mesmo, ter pena de si mesmo. É um sentimento de piedade por si próprio. Não podemos dizer que o autor expressa isso no texto, gente. Ao afirmar que os velhos "veem, no final, que perderam seus esforços", o autor não se refere a ele mesmo. Percebam que ele usa a 3ª pessoa do plural, não se incluindo nessa argumentação. Essa ideia é reforçada no início do segundo parágrafo, quando o autor afirma que fez essa reflexão na época correta: "Disse tudo isso a mim mesmo quando era tempo de mo dizer, e, se não soube tirar melhor partido de minhas reflexões, não foi por não as ter feito a tempo e por não as ter bem amadurecido. Lançado, desde a infância, no torvelinho da sociedade, aprendi cedo, por experiência, que não era feito para viver nela, onde nunca conseguiria chegar ao estado de que meu coração precisava." Assim, não há esse sentimento de piedade por si mesmo. Outro problema da afirmativa é dizer que o autor se refere a um "estudo do envelhecimento". O texto se refere às coisas que as pessoas velhas devem aprender, e não ao ato de estudar o envelhecimento. Por fim, há uma extrapolação ao afirmar que esse aprendizado deveria ter prioridade sobre outras reflexões humanas. O autor não estabelece uma hierarquia entre as reflexões humanas como um todo. Vejam que ele se refere especificamente à fase da velhice. QUESTÃO Nº 7 – TEXTO 6A2AAA Entramos na liça ao nascer; dela saímos ao morrer. De que vale aprender a conduzir melhor seu carro quando se está no fim do percurso? Só resta pensar então em como abandoná-lo. O estudo de um Velho, se ainda lhe resta a fazer, é unicamente o de aprender a morrer e é precisamente o que menos se faz na minha idade, pensa-se em tudo, menos nisso. Todos os velhos dão mais apreço à vida do que as crianças e a deixam com maior má vontade do que os jovens. É que, como todos os seus trabalhos tiveram essa mesma vida por objetivo, veem, no final, que perderam seus esforços. Todos os seus cuidados, todos os seus bens, todos os frutos de suas laboriosas vigílias, QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 12 tudo deixam quando se vão. Não pensaram em adquirir alguma coisa, durante a vida, que possam levar com a morte. Disse tudo isso a mim mesmo quando era tempo de mo dizer, e, se não soube tirar melhor partido de minhas reflexões, não foi por não as ter feito a tempo e por não as ter bem amadurecido. Lançado, desde a infância, no torvelinho da sociedade, aprendi cedo, por experiência, que não era feito para viver nela, onde nunca conseguiria chegar ao estado de que meu coração precisava. Cessando, portanto, de procurar entre os homens a felicidade que sentia não poder encontrar, minha ardente imaginação já saltava por cima da recém-iniciada época de minha vida, como sobre um terreno desconhecido, para descansar em uma situação tranquila em que me pudesse fixar. Jean Jacques Rousseau. Terceira caminhada. In: Jean Jacques Rousseau. Os devaneios do caminhante solitário. Organização e tradução de Fúlvia Maria Luíza Moretto. Brasília: Editor a da UnB, 1991, p. 16 (com adaptações). Com relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto 6A2AAA, julgue o item a seguir. Infere-se do texto que os jovens, quando conscientes da iminência de sua própria morte, não se importam com essa condição. Certo Errado Afirmativa ERRADA. Esta questão trata de interpretação textual. Ela diz o seguinte: → Infere-se do texto que os jovens, quando conscientes da iminência de sua própria morte, não se importam com essa condição. Vejamos o trecho seguinte: "Entramos na liça ao nascer; dela saímos ao morrer. De que vale aprender a conduzir melhor seu carro quando se está no fim do percurso? Só resta pensar então em como abandoná-lo. O estudo de um Velho, se ainda lhe resta a fazer, é unicamente o de aprender a morrer e é precisamente o que menos se faz na minha idade, pensa-se em tudo, menos nisso. Todos os velhos dão mais apreço à vida do que as crianças e a deixam com maior má vontade do que os jovens. É que, como todos os seus trabalhos tiveram essa mesma vida por objetivo, veem, no final, que perderam seus esforços. Todos os seus cuidados, todos os seus bens, todos os frutos de suas laboriosas vigílias, tudo deixam quando se vão. Não pensaram em adquirir alguma coisa, durante a vida, que possam levar com a morte." O autor afirma que os velhos deixam a vida com mais má vontade que os jovens, ou seja, eles não querem morrer. Segundo o texto, os velhos querem viver muito, evitam pensar na morte. Isso significa que os jovens não se importa com a morte, gente? Não! Essa afirmativa extrapola o conteúdo textual. A única informação que temos é esta: os velhos morrem com mais má vontade que os jovens, ou seja, os velhos aceitam a morte menos que os jovens. Isso de forma alguma significa que os jovens ignoram essa condição. QUESTÃO Nº 8 – TEXTO 6A2AAA Entramos na liça ao nascer; dela saímos ao morrer. De que vale aprender a conduzir melhor seu carro quando se está no fim do percurso? Só resta pensar então em como QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 13 abandoná-lo. O estudo de um Velho, se ainda lhe resta a fazer, é unicamente o de aprender a morrer e é precisamente o que menos se faz na minha idade, pensa-se em tudo, menos nisso. Todos os velhos dão mais apreço à vida do que as crianças e a deixam com maior má vontade do que os jovens. É que, como todos os seus trabalhos tiveram essa mesma vida por objetivo, veem, no final, que perderam seus esforços. Todos os seus cuidados, todos os seus bens, todos os frutos de suas laboriosas vigílias, tudo deixam quando se vão. Não pensaram em adquirir alguma coisa, durante a vida, que possam levar com a morte. Disse tudoisso a mim mesmo quando era tempo de mo dizer, e, se não soube tirar melhor partido de minhas reflexões, não foi por não as ter feito a tempo e por não as ter bem amadurecido. Lançado, desde a infância, no torvelinho da sociedade, aprendi cedo, por experiência, que não era feito para viver nela, onde nunca conseguiria chegar ao estado de que meu coração precisava. Cessando, portanto, de procurar entre os homens a felicidade que sentia não poder encontrar, minha ardente imaginação já saltava por cima da recém-iniciada época de minha vida, como sobre um terreno desconhecido, para descansar em uma situação tranquila em que me pudesse fixar. Jean Jacques Rousseau. Terceira caminhada. In: Jean Jacques Rousseau. Os devaneios do caminhante solitário. Organização e tradução de Fúlvia Maria Luíza Moretto. Brasília: Editor a da UnB, 1991, p. 16 (com adaptações). Com relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto 6A2AAA, julgue o item a seguir. Da coesão lexical que se estabelece por meio das relações semânticas dos termos “liça”, “carro” e “percurso” resulta a imagem da vida como arena de desafios apresentada no início do texto. Certo Errado O item está CERTO. Ele diz o seguinte: → Da coesão lexical que se estabelece por meio das relações semânticas dos termos “liça”, “carro” e “percurso” resulta a imagem da vida como arena de desafios apresentada no início do texto. Gente, questão de interpretação textual. Vamos ver o trecho? "Entramos na liça ao nascer; dela saímos ao morrer. De que vale aprender a conduzir melhor seu carro quando se está no fim do percurso? Só resta pensar então em como abandoná-lo." Temos aqui uma metáfora! O autor compara a vida a um caminho cheio de obstáculos. A palavra "liça" significa "pista" ou "arena", contribuindo para a imagem que o autor quer formar. O texto afirma que, ao nascer, já começamos essa luta na "arena da vida", e só saímos dessa condição quando morremos. Na frase seguinte, o autor nos coloca como motoristas que guiam um carro durante um percurso. Esse percurso é justamente a vida, que é cheia de obstáculos, da mesma forma que uma estrada (ultrapassagens, trânsito, buracos na pista, chuva, iluminação ruim, etc.). QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 14 QUESTÃO Nº 9 – TEXTO 6A4CCC Internet: <http://bloga.grupoa.com.br> (com adaptações). No que concerne aos aspectos linguísticos do texto 6A4CCC, julgue o item a seguir. O público a quem a mensagem do texto 6A4CCC se destina é específico: trata-se de revisores e diagramadores. Certo Errado A afirmativa está CERTA. Ela diz o seguinte: → O público a quem a mensagem do texto 6A4CCC se destina é específico: trata-se de revisores e diagramadores. O texto faz parte de uma homenagem ao Dia do Revisor e do Diagramador. O pronome "você", portanto, foi empregado para se referir a esses profissionais. QUESTÃO Nº 10 – TEXTO CB1A1AAA No pensamento filosófico da Antiguidade, a dignidade (dignitas) da pessoa humana era alcançada pela posição social ocupada pelo indivíduo, bem como pelo grau de reconhecimento dos demais membros da comunidade. A partir disso, poder-se-ia falar em uma quantificação (hierarquia.) da dignidade, o que permitia admitir a existência de pessoas mais dignas ou menos dignas. Frise-se que foi a partir das formulações de Cícero que a compreensão de dignidade ficou desvinculada da posição social. O filósofo conferiu à dignidade da pessoa humana um sentido mais amplo ligado à natureza humana: todos estão sujeitos às mesmas leis da natureza, que proíbem que uns prejudiquem aos outros. QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 15 No círculo de pensamento jusnaturalista dos séculos XVII e XVIII, a concepção da dignidade da pessoa humana passa por um procedimento de racionalização e secularização, mantendo-se, porém, a noção básica da igualdade de todos os homens em dignidade e liberdade. Nesse período, destaca-se a concepção de Emmanuel Kant de que a autonomia ética do ser humano é o fundamento da dignidade do homem. Incensurável é a permanência da concepção kantiana no sentido de que a dignidade da pessoa humana repudia toda e qualquer espécie de coisificação e instrumentalização do ser humano. Antonio da Rocha Lourenço Neto. Direito e humanismo: visão filosófica, literária e histórica. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2013, p.148-9 (com adaptações). Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA, julgue o item. No primeiro parágrafo, os parênteses foram empregados para isolar palavras cuja função é explicar o sentido do elemento que imediatamente lhes antecede. Certo Errado A afirmativa está ERRADA. Ela diz o seguinte: → No primeiro parágrafo, os parênteses foram empregados para isolar palavras cuja função é explicar o sentido do elemento que imediatamente lhes antecede. Vejamos: "No pensamento filosófico da Antiguidade, a dignidade (dignitas) da pessoa humana era alcançada pela posição social ocupada pelo indivíduo, bem como pelo grau de reconhecimento dos demais membros da comunidade. A partir disso, poder-se-ia falar em uma quantificação (hierarquia) da dignidade, o que permitia admitir a existência de pessoas mais dignas ou menos dignas." No primeiro caso, os parênteses separam uma palavra em latim. Não se trata de uma explicação do termo "dignidade", mas sim a forma em latim desse termo. No segundo caso, temos a palavra "hierarquia" não explica o sentido da palavra "quantificação" em si, mas sim o sentido que esse termo assumia no pensamento filosófico da Antiguidade. Podemos até considerar que, nessa ocorrência, temos uma ideia de explicação, mas não no primeiro caso. Assim, a afirmativa está errada. QUESTÃO Nº 11 – TEXTO 6A2BBB A obra de Maquiavel causou bastante polêmica por romper com a visão usual da atividade política. Na tradição cristã, a política era vista como uma forma de preparar a Cidade de Deus na terra. Na Antiguidade, era uma maneira de “promover o bem comum”. Havia sempre a referência a um objetivo transcendente, a um padrão implícito ou explícito de justiça. Para Maquiavel, o que importa, na política, é o poder real. Não é uma questão de justiça ou de princípios, mas de capacidade de impor-se aos outros. N’O Príncipe, Maquiavel ensina que a meta de toda ação política é ampliar o próprio poder em relação aos outros. É necessário reduzir o poder dos adversários: semear a QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 16 discórdia nos territórios conquistados, enfraquecer os fortes e fortalecer os fracos; em suma, dividir para reinar. Os Discorsi são uma longa glosa dos dez primeiros livros da História de Roma, de Tito Lívio, vistos como um documento histórico incontestável, embora hoje se saiba que o autor não se furtava a alterar os fatos para robustecer seu caráter alegórico ou exemplar — procedimento, aliás, que Maquiavel também adotaria em suas Histórias Florentinas. Na obra, ele procura, nos costumes dos antigos, elementos que possam ser utilizados na superação dos problemas de sua época. Ao buscar as causas da grandeza da Roma antiga, Maquiavel acaba por encontrá-las na discórdia entre seus cidadãos, naquilo que tradicionalmente era estigmatizado como “tumultos”. Trata-se de uma visão revolucionária, já que o convencional era fazer o elogio da harmonia e da unidade. Até hoje, a busca do “consenso” e o sonho de uma sociedade harmônica, sem disputa de interesses,estão presentes no discurso político e, mais ainda, alimentam a desconfiança com que são vistas as lutas políticas. Para Maquiavel, porém, o conflito é sempre um sintoma de equilíbrio de poder. Na sociedade, uma parte sempre quer oprimir a outra — nobres e plebeus, ricos e pobres ou, na linguagem que ele prefere usar, o povo e os “grandes”. Se o conflito persiste, é porque nenhuma parte conseguiu atingir sua meta de dominar a outra .Portanto, permanece um espaço de liberdade para todos. L. F. Miguel. A moral e a política. In: L. F. Miguel. O nascimento da política moderna. De Maquiavel a Hobbes. Brasília: Editora da UnB, 2015, p. 21, 23-4 (com adaptações). Julgue o item, relativo às estruturas linguísticas do texto 6A2BBB. Se a expressão “uma visão revolucionária” fosse substituída por ideias revolucionárias, seria necessário alterar a forma verbal “Trata-se” para Tratam-se, para se manter a correção gramatical do texto. Certo Errado Afirmativa ERRADA. Ela diz o seguinte: → Se a expressão “uma visão revolucionária” fosse substituída por ideias revolucionárias, seria necessário alterar a forma verbal “Trata-se” para Tratam- se, para se manter a correção gramatical do texto. Trecho: "Trata-se de uma visão revolucionária, já que o convencional era fazer o elogio da harmonia e da unidade." Gente, aqui vai uma explicação curta para quem gosta de macetes: a expressão "trata- se de" (sentido de ter como assunto, discutir) NUNCA deve ser empregada no plural. Nunca! Não existe "Tratam-se de", ok? Só isso já mataria sua questão, mas é óbvio que vamos ver o motivo, né? Regrinha básica envolvendo concordância com a partícula "se": Quando o "se" for partícula apassivadora, o verbo deverá concordar com o sujeito paciente (que sofre a ação expressa pelo verbo).com QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 17 Quando o "se" for índice de indeterminação do sujeito, o verbo será invariável e ficará na 3ª pessoa do singular. Para diferenciar os dois casos, devemos ficar atentos à transitividade do verbo. É que a voz passiva só pode ser feita com verbos que admitem objetos diretos (verbo transitivo direto/verbo transitivo direto e direto)! Já o sujeito indeterminado ocorre com verbos que não admitem complementos diretos. Quando acompanhar verbos intransitivos, transitivos indiretos ou de ligação (ou seja, verbos que não aceitam objetos diretos), o "se" será ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO. Nesse caso, o verbo sempre ficará no singular! Pensem da seguinte forma: * em regra, o verbo concorda com o sujeito; * o que vem depois de "trata-se de" é objeto indireto, e não sujeito; * logo, "trata-se de" fica no singular, não importa o que vier depois. Isso porque não há uma concordância verbal que deva ser feita nesse tipo de construção. Vamos ver como ficaria a reescritura da frase do texto: ⇒ Trata-se de ideias revolucionárias, já que o convencional era fazer o elogio da harmonia e da unidade. A forma verbal não seria alterada, portanto item ERRADO. ATENÇÃO!! Se o verbo "tratar" for empregado como transitivo direto, o "se" será pronome apassivador. Teremos um sujeito que sofre a ação verbal (sujeito paciente), e o verbo deverá concordar com esse sujeito. Exemplo 1: Tratam-se os pacientes em estado grave numa ala separada do hospital. - voz passiva sintética Os pacientes em estado grave são tratados numa ala separada do hospital. - voz passiva analítica Exemplo 2: Trata-se esse crime com muita severidade no Oriente Médio. - voz passiva sintética Esse crime é tratado com muita severidade no Oriente Médio. - voz passiva analítica Vejam que o ponto principal é verificar a existência da preposição associada ao verbo (tratar-se x tratar-se de). QUESTÃO Nº 12 – TEXTO 6A4AAA Todo escritor convive com um terror permanente: o do erro de revisão. O revisor é a pessoa mais importante na vida de quem escreve. Ele tem o poder de vida ou de morte profissional sobre o autor. A inclusão ou a omissão de uma letra ou de uma vírgula no que sai impresso pode decidir se o autor vai ser entendido ou não, admirado ou ridicularizado, consagrado ou processado. Todo texto tem, na verdade, dois autores: quem o escreveu e quem o revisou. Toda vez que manda um texto para ser publicado, o autor se coloca nas mãos do revisor, esperando que seu parceiro não falhe. Pode-se imaginar o que uma conspiração organizada, internacional, de revisores significaria para a nossa civilização. Os revisores só não dominam o mundo porque ainda não se deram conta do poder que têm. Eles desestabilizariam qualquer regime com acentos indevidos e pontuações maliciosas, além de decretos oficiais ininteligíveis. QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 18 Grandes jornais seriam levados à falência por difamações involuntárias, exércitos inteiros seriam imobilizados por manuais de instrução militar sutilmente alterados, gerações de estudantes seriam desencaminhadas por cartilhas ambíguas e fórmulas de química incompletas. E os efeitos de uma revisão subversiva na instrução médica são terríveis demais para contemplar. Luis Fernando Veríssimo. Cuidado com os revisores. In: VIP Exame, mar./1995, p. 36-7 (com adaptações). Em relação às estruturas linguísticas e às ideias do texto 6A4AAA e aos múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue o item seguinte. A substituição da forma verbal “desencaminhadas” por desencaminhados manteria a correção gramatical e a coerência textual, caso em que passaria a concordar com “estudantes”. Certo Errado Item ERRADO. A substituição da forma verbal “desencaminhadas” por desencaminhados manteria a correção gramatical e a coerência textual, caso em que passaria a concordar com “estudantes”. Trecho: "Os revisores só não dominam o mundo porque ainda não se deram conta do poder que têm. Eles desestabilizariam qualquer regime com acentos indevidos e pontuações maliciosas, além de decretos oficiais ininteligíveis. Grandes jornais seriam levados à falência por difamações involuntárias, exércitos inteiros seriam imobilizados por manuais de instrução militar sutilmente alterados, gerações de estudantes seriam desencaminhadas por cartilhas ambíguas e fórmulas de química incompletas." Esta questão trata de concordância. O item menciona "forma verbal" porque temos aqui o verbo desencaminhar no particípio, formando a voz passiva analítica: verbo auxiliar "ser" + verbo principal "desencaminhar" no particípio. Gente, surgiu muita dúvida aqui por causa daquela regrinha que envolve sujeito formado por expressão partitiva. Vamos lembrar? Uma expressão partitiva é aquela que indica quantidade, geralmente não exata, usando artigos, numerais ou pronomes indefinidos. São exemplos de expressões partitivas: grande parte de, parte de, a grande maioria, metade de, o resto de, etc. Quando a expressão partitiva acompanha um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar no singular (concordando com a expressão partitiva) ou no plural (concordando com o substantivo ou pronome). A escolha vai depender do que o redator quer destacar: a ideia de grupo (expressão partitiva) ou os indivíduos que formam o grupo. Ex: Parte dos estudantes foi afetada pela greve. (concordância com a expressão partitiva) Ex: Parte dos estudantes foram afetados pela greve. (concordância com o substantivo "estudantes") Pessoal, o sujeito "gerações de estudantes" NÃO TEM expressão partitiva. Essa regra acima nada tem a ver com a nossa questão,ok? QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 19 A palavra "gerações" não indica parte, quantidade não exata. A ideia aqui é exatamente oposta: um grupo inteiro de estudantes, mais de uma geração de estudantes. Pense na geração dos seu avós, na geração dos seus pais, na sua geração, na geração dos seus filhos, na geração dos seus netos, etc. A expressão "gerações de estudantes" traz uma ideia de grupo, de coletivo. Existe uma regrinha que permite a flexão verbal de acordo com o termo coletivo ("gerações") OU com o substantivo especificativo ("de estudantes"). Assim, gramaticalmente falando, até poderíamos considerar correta a substituição por "desencaminhados". O problema está na coerência textual, que também precisa ser mantida. O texto aponta um verdadeiro caos que poderia ser provocado pelos redatores, envolvendo regimes governamentais, exércitos, grandes jornais, gerações inteiras de estudantes. Para transmitir essa ideia de CAOS, de desgraça em grandes proporções, é essencial que o destaque seja dado ao termo coletivo "gerações", para enfatizar a ideia de que gerações completas de estudantes seriam prejudicadas. O termo "desencaminhados" (masculino), concordando com "estudantes", traria o foco para os indivíduos, o que prejudicaria a coerência e a argumentação do texto. Assim, a substituição não pode ser feita! QUESTÃO Nº 13 – TEXTO 4A4AAA A linguagem — seja ela oral 1 ou escrita, seja mímica ou semafórica — é um sistema de símbolos, signos ou signos-símbolos, voluntariamente produzidos e convencionalmente aceitos, mediante o qual o ser humano se comunica com seus semelhantes, expressando suas ideias, sentimentos ou desejos. A linguagem ideal seria aquela em que cada palavra designasse apenas uma coisa, correspondesse a uma só ideia ou conceito, tivesse um só sentido. Como tal não ocorre em nenhuma língua conhecida, as palavras são, por natureza, enganosas, porque polissêmicas ou plurivalentes. Isoladas de contexto ou situação, as palavras quase nada significam de maneira precisa, inequívoca (Ogden e Richards são radicais: “as palavras nada significam por si mesmas”): “...o que determina o valor da palavra é o contexto, o qual, a despeito da variedade de sentidos de que a palavra seja suscetível, lhe impõe um valor ‘singular’; é o contexto também que a liberta de todas as representações passadas, nela acumuladas pela memória, e que lhe atribui um valor ‘atual’”. Assim, por mais condicionada que esteja a significação de uma palavra ao seu contexto, sempre subsiste nela, palavra, um núcleo significativo mais ou menos estável e constante, além de outros traços semânticos potenciais em condições de se evidenciarem nos contextos em que ela apareça. Se, como entendem Ogden e Richards, as palavras por si mesmas nada significassem, a cada novo contexto elas adquiririam significação diferente, o que tornaria praticamente impossível a própria intercomunicação linguística. Othon M. Garcia. Comunicação em Prosa Moderna. 21.ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002, p. 175-6 (com adaptações). Considerando as relações sintático-semânticas do texto 4A4AAA, julgue o item. QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 20 Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, a forma verbal “subsiste” poderia ser flexionada no plural, passando, assim, a concordar, também, com “outros traços semânticos”. Certo Errado Gabarito: ERRADO Um verbo é flexionado no singular ou no plural a depender do sujeito. Neste caso, a forma verbal “subsiste” está flexionada no singular porque o sujeito é simples e está no singular: um núcleo significativo mais ou menos estável e constante subsiste nela, a palavra. Por esse motivo, não há como tal forma verbal ir para o plural concordando com “outros traços semânticos”, que não é sujeito de “subsistir”. Este termo influi na flexão de “evidenciarem”: outros traços semânticos em condições de serem evidenciados nos contextos. QUESTÃO Nº 14 – TEXTO 4A2AAA O espaço urbano foi organizado de sorte a favorecer as operações de circulação, compra e venda de mercadorias; e, ao mesmo tempo, nele se oferece ao consumo uma diversidade de localizações, paisagens, topografias físicas e simbólicas que são de diferentes modos incorporadas à dinâmica mercantil. Hoje, podemos talvez acrescentar que a cidade se torna o lugar do consumismo e do consumismo de lugar. O que isso quer dizer e que implicações isso tem para o compartilhamento da cidade como espaço público? Sabemos que a cidade é o lugar preferencial da realização do consumismo de bens. Mas, também, vale dizer que, com o advento do urbanismo competitivo, é o lugar do consumismo de lugares, por meio das dinâmicas da cidade-espetáculo, dos megaeventos e do esforço de venda de imaginadores urbanos com suas obras fundadas em um culturalismo de mercado. O planejamento estratégico do urbanismo de mercado propõe-se, na atualidade, a realizar um esforço de venda macroeconômico dos lugares, o que faz do consumismo de lugares um modo particular de articulação entre o rentismo imobiliário e a competição interurbana por capitais. Para isso concorre o consumismo publicitário privatizante dos espaços da cidade. Por outro lado, conforme observa o economista Pierre Veltz, os novos requisitos da espacialidade das empresas nas cidades exprimem hoje “o paradoxo segundo o qual os recursos não mercantis não veem seu papel diminuir, mas, ao contrário, se afirmar e se estender nas economias avançadas e concorrenciais”. Isso é exemplificado pela luta dos pescadores artesanais da Associação Homens do Mar em defesa do caráter público da Baía da Guanabara e pelas manifestações maciças de ciclistas pelo direito ao espaço público nas cidades. Tratando-se de bens não mercantis em disputa, os conflitos por apropriação dos recursos urbanos apresentam forte potencial de politização, seja na busca de acesso equânime a ambientes saudáveis, seja na eliminação de controles policiais discriminatórios. Para Abba Lerner, Prêmio Nobel de Economia de 1954, toda transação econômica realizada é um conflito político resolvido. Inversamente, podemos sustentar que toda disputa pelos recursos não mercantis das cidades — saúde e saneamento, mobilidade, QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 21 meio ambiente, segurança — não redutível a relações de compra e venda configura conflitos políticos em potencial. Henri Acselrad. Cidade – espaço público? A economia política do consumismo nas e das cidades. In: Revista UFMG, v. 20, n.º 1, jan.–jun./2013, p. 234-247 (com adaptações). Com relação aos sentidos do texto 4A2AAA, julgue o item a seguir. No segundo período do terceiro parágrafo, os termos “pela luta”, “pelas manifestações” e “pelo direito" funcionam como agentes da passiva. Certo Errado Gabarito: ERRADO A informação está errada, pois diferentemente das expressões “pela luta” e “pelas manifestações” que funcionam como agentes da passiva da expressão verbal “é exemplificado “ (observe a confirmação pela transposição para a voz ativa: a luta e as manifestações exemplificam isso), a expressão “pelo direito” exerce a função sintática de complemento nominal do substantivo “manifestações” — manifestações por algo – manifestações “pelo direito”. QUESTÃO Nº 15 – TEXTO CB1A1AAA Não sou de choro fácil a não ser quando descubro qualquer coisa muito interessante sobre ácido desoxirribonucleico. Ou quando acho uma carta que fale sobre a descobertade um novo modelo para a estrutura do ácido desoxirribonucleico, uma carta que termine com “Muito amor, papai”. Francis Crick descobriu o desenho do DNA e escreveu a seu filho só para dizer que “nossa estrutura é muito bonita”. Estrutura, foi o que ele falou. Antes de despedir-se ainda disse: “Quando chegar em casa, vou te mostrar o modelo”. Não esqueça os dois pacotes de leite, passe para comprar pão, guarde o resto do dinheiro para seus caramelos e, quando chegar, eu mostro a você o mecanismo copiador básico a partir do qual a vida vem da vida. Não sou de choro fácil, mas um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e o funcionamento de todos os seres vivos me comove. Cromossomas me animam, ribossomas me espantam. A divisão celular não me deixa dormir, e olha que eu moro bem no meio das montanhas. De vez em quando vejo passarem os aviões, mas isso nunca acontece de madrugada — a noite se guarda toda para o infinito silêncio. Acho que uma palavra é muito mais bonita do que uma carabina, mas não sei se vem ao caso. Nenhuma palavra quer ferir outras palavras: nem desoxirribonucleico, nem montanha, nem canção. Todos esses conceitos têm os seus sinônimos, veja só, ácido desoxirribonucleico e DNA são exatamente a mesma coisa, e os do resto das palavras você acha. É tudo uma questão de amor e prisma, por favor não abra os canhões. Que coisa mais linda esse ácido despenteado, caramba. Olhei com mais atenção o desenho da estrutura e descobri: a raça humana é toda brilho. Matilde Campilho. Notícias escrevinhadas na beira da estrada. In: Jóquei. São Paulo: Editora 34, 2015, p. 26-7 (com adaptações). Julgue o item, a seguir, com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA, no qual a autora Matilde Campilho aborda a descoberta, em 1953, da QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 22 estrutura da molécula do DNA, correalizada pelos cientistas James Watson e Francis Crick. O vocábulo “os” remete a “sinônimos”. Certo Errado A alternativa está CORRETA. Vejamos o texto: Todos esses conceitos têm os seus sinônimos, veja só, ácido desoxirribonucleico e DNA são exatamente a mesma coisa, e os do resto das palavras você acha. (grifos da professora) Gente, percebam que a autora constrói o período falando que os conceitos têm sinônimos e depois dá como exemplo ácido desoxirribonucleico e DNA afirmando que eles são "a mesma coisa", ou seja, sinônimos. Depois fala: e os do restos das palavras você acha. Considerando como o trecho foi construído, não nos resta dúvida: os faz menção justamente a "sinônimos". REESCRITURA PARA VISUALIZAR MELHOR: Todos esses conceitos têm os seus sinônimos, veja só, ácido desoxirribonucleico e DNA são exatamente a mesma coisa, e os sinônimos do resto das palavras você acha. QUESTÃO Nº 16 – TEXTO CB4A1BBB O Zoológico de Sapucaia do Sul abrigou um dia um macaco chamado Alemão. Em um domingo de Sol, Alemão conseguiu abrir o cadeado de sua jaula e escapou. O largo horizonte do mundo estava à sua espera. As árvores do bosque estavam ao alcance de seus dedos. Ele passara a vida tentando abrir aquele cadeado. Quando conseguiu, em vez de mergulhar na liberdade, desconhecida e sem garantias, Alemão caminhou até o restaurante lotado de visitantes. Pegou uma cerveja e ficou bebericando no balcão. Um zoológico serve para muitas coisas, algumas delas edificantes. Mas um zoológico serve, principalmente, para que o homem tenha a chance de, diante da jaula do outro, certificar-se de sua liberdade e da superioridade de sua espécie. Ele pode então voltar para o apartamento financiado em quinze anos satisfeito com sua vida. Pode abrir as grades da porta contente com seu molho de chaves e se aboletar no sofá em frente à TV; acordar na segunda-feira feliz para o batente. Há duas maneiras de se visitar um zoológico: com ou sem inocência. A primeira é a mais fácil e a única com satisfação garantida. A outra pode ser uma jornada sombria para dentro do espelho, sem glamour e também sem volta. Os tigres-de-bengala são reis de fantasia. Têm voz, possuem músculos, são magníficos. Mas, nascidos em cativeiro, já chegaram ao mundo sem essência. São um desejo que nunca se tornará realidade. Adivinham as selvas úmidas da Ásia, mas nem sequer reconhecem as estrelas. Quando o Sol escorrega sobre a região metropolitana, são trancafiados em furnas de pedra, claustrofóbicas. De nada servem as presas a caçadores que comem carne de cavalo abatido em frigorífico. De nada serve a sanha a quem dorme enrodilhado, exilado não do que foi, mas do que poderia ter sido. Eliane Brum. O cativeiro. In: A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006, p. 53-4 (com adaptações). QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 23 Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB4A1BBB, julgue o item que se segue. A correção gramatical e o sentido original do texto seriam preservados caso o período “Ele pode então (...) sua vida” fosse assim reescrito: Para o apartamento financiado em quinze anos, pode ele voltar então, contente com sua vida. Certo Errado A alternativa está CORRETA. Vejamos o trecho original: TRECHO ORIGINAL: Ele pode então voltar para o apartamento financiado em quinze anos satisfeito com sua vida. REESCRITURA: Para o apartamento financiado em quinze anos, pode ele voltar então, contente com sua vida. Gente, essa vírgula empregada após "então" é aceitável para isolar o predicativo do sujeito (contente com sua vida), mesmo ele estando no final da oração, considerando que o predicado em análise é verbo-nominal. Se fosse um predicado apenas nominal (com verbo de ligação) isso não seria permitido. Poderíamos isolar o advérbio "então" com uma vírgula antes e uma depois (construção mais comum e conhecida): Para o apartamento financiado em quinze anos, pode ele voltar, então, contente com sua vida. Poderíamos também retirar a vírgula e deixar o advérbio intercalado sem nenhum tipo de isolamento: Para o apartamento financiado em quinze anos, pode ele voltar então contente com sua vida. Admito que é a construção trazida pelo CESPE nesta questão é bem incomum e que facilmente derruba o aluno, pois estamos tendenciosos a olhar para o advérbio e querer isolá-lo com duas vírgulas ou retirar ambas. Vale destacar que o isolamento do "então" é facultativo por ser um adjunto adverbial pequeno. Assim, alternativa CORRETA. QUESTÃO Nº 17 – TEXTO CB1A1BBB O conceito de direitos humanos assenta em um bem conhecido conjunto de pressupostos, todos eles tipicamente ocidentais: existe uma natureza humana universal que pode ser conhecida racionalmente; a natureza humana é essencialmente diferente e superior à restante realidade; o indivíduo possui uma dignidade absoluta e irredutível que tem de ser defendida da sociedade ou do Estado; a autonomia do indivíduo exige que a sociedade esteja organizada de forma não hierárquica, como soma de indivíduos livres. Uma vez que todos esses pressupostos são claramente ocidentais e facilmente distinguíveis de outras concepções de dignidade humana em outras culturas, teremos de perguntar por que motivo a questão da universalidade dos direitos humanos se tornou tão acesamente debatida. Boaventura de Sousa Santos. Por uma concepção multicultural dos direitos humanos. Internet: <www.dhnet.org.br> (com adaptações). QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 24 Acercado texto CB1A1BBB e de seus aspectos linguísticos, julgue o item que se segue. Os dois pontos empregados logo após “ocidentais” introduzem uma explicação sobre o porquê de os pressupostos serem considerados tipicamente ocidentais. Certo Errado A afirmativa está ERRADA. Ela diz o seguinte: → Os dois pontos empregados logo após “ocidentais” introduzem uma explicação sobre o porquê de os pressupostos serem considerados tipicamente ocidentais. Trecho: "O conceito de direitos humanos assenta em um bem conhecido conjunto de pressupostos, todos eles tipicamente ocidentais: existe uma natureza humana universal que pode ser conhecida racionalmente; a natureza humana é essencialmente diferente e superior à restante realidade; o indivíduo possui uma dignidade absoluta e irredutível que tem de ser defendida da sociedade ou do Estado; a autonomia do indivíduo exige que a sociedade esteja organizada de forma não hierárquica, como soma de indivíduos livres." O sinal de dois-pontos foi inserido para anunciar quais são os pressupostos que integram o conceito de direitos humanos, portanto a pontuação introduz um aposto enumerativo (e não explicativo). O aposto é um termo ou expressão que explica ou especifica outro termo da oração. Não temos aqui uma ideia de motivo (o porquê de serem considerados tipicamente ocidentais). O texto somente diz quais são esses pressupostos. Assim, a afirmativa está ERRADA. QUESTÃO Nº 18 – TEXTO CB1A2AAA No direito brasileiro convencional, a relação entre a espécie humana e as demais espécies animais limita-se à tutela dos animais pelo poder público em função da sua utilidade enquanto fauna brasileira intrínseca ao meio ambiente equilibrado. Alguns doutrinadores brasileiros inovadores defendem a existência de um direito animal, ou seja, de direitos garantidos aos animais não humanos como sujeitos. A Constituição de 1988 contém uma norma que protege os animais, independentemente de sua origem ou classificação. Porém, a proteção que lhes é garantida baseia-se em um argumento puramente utilitarista: os animais são protegidos com a finalidade de garantir um hábitat saudável às atuais e futuras gerações humanas. Desprovidos de valor próprio e de relevância jurídica no direito penal, os animais são tema de direito civil. Ainda são estudados na atualidade brasileira, sob a influência do direito romano, como simples coisas semoventes, como se desprovidos fossem da capacidade de sentir dor ou apego. Em jurisprudência majoritária, são apenas objetos que possuem a capacidade de se mover e que podem proporcionar lucros aos seus proprietários. Nathalie Santos Caldeira Gomes. Ética e dignidade animal. Internet: <www.publicadireito.com.br> (com adaptações). No que se refere aos aspectos linguísticos do texto CB1A2AAA, julgue o item seguinte. QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 25 A correção gramatical e a coerência do texto seriam mantidas caso o vocábulo “inovadores” fosse isolado por vírgulas. Certo Errado Gabarito: CERTO. A correção gramatical e a coerência do texto seriam mantidas caso o vocábulo “inovadores” fosse isolado por vírgulas. Item muito interessante e com uma "pegadinha". Inicialmente a proposta não implica falha gramatical. Observemos agora o mais importante: o comentário não exige que o sentido original seja conservado. O que o comando exige é que a coerência seja mantida, ou seja, mesmo admitindo a possibilidade de alteração de significado, a frase deve continuar coerente, deve fazer sentido. É o que justamente ocorre. O sentido é modificado, dado que, ao inserir as vírgulas a isolarem o adjetivo, tal termo passa a ter valor explicativo. Todavia a inserção da ideia explicativa não faz com que o período fique sem sentido, conforme se observa com a seguinte reescrita: Alguns doutrinadores brasileiros, porque inovadores, defendem a existência de um direito animal, ou seja, de direitos garantidos aos animais não humanos como sujeitos. QUESTÃO Nº 19 – TEXTO 4A4AAA A linguagem — seja ela oral ou escrita, seja mímica ou semafórica — é um sistema de símbolos, signos ou signos-símbolos, voluntariamente produzidos e convencionalmente aceitos, mediante o qual o ser humano se comunica com seus semelhantes, expressando suas ideias, sentimentos ou desejos. A linguagem ideal seria aquela em que cada palavra designasse apenas uma coisa, correspondesse a uma só ideia ou conceito, tivesse um só sentido. Como tal não ocorre em nenhuma língua conhecida, as palavras são, por natureza, enganosas, porque polissêmicas ou plurivalentes. Isoladas de contexto ou situação, as palavras quase nada significam de maneira precisa, inequívoca (Ogden e Richards são radicais: “as palavras nada significam por si mesmas”): “...o que determina o valor da palavra é o contexto, o qual, a despeito da variedade de sentidos de que a palavra seja suscetível, lhe impõe um valor ‘singular’; é o contexto também que a liberta de todas as representações passadas, nela acumuladas pela memória, e que lhe atribui um valor ‘atual’”. Assim, por mais condicionada que esteja a significação de uma palavra ao seu contexto, sempre subsiste nela, palavra, um núcleo significativo mais ou menos estável e constante, além de outros traços semânticos potenciais em condições de se evidenciarem nos contextos em que ela apareça. Se, como entendem Ogden e Richards, as palavras por si mesmas nada significassem, a cada novo contexto elas adquiririam significação diferente, o que tornaria praticamente impossível a própria intercomunicação linguística. Othon M. Garcia. Comunicação em Prosa Moderna. 21.ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002, p. 175-6 (com adaptações). Considerando as relações sintático-semânticas do texto 4A4AAA, julgue o item. QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 26 Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, a vírgula inserida logo após “semelhantes” poderia ser suprimida. Certo Errado Gabarito: CERTO A vírgula colocada após “semelhantes” marca o início de uma oração reduzida de gerúndio e, neste caso, é facultativa. O emprego da vírgula antes de oração reduzida de gerúndio será proibido quando este tipo de oração for adjetiva restritiva; e será obrigatório emprego da vírgula quando a oração reduzida estiver em ordem inversa, ou seja, antes da oração principal. QUESTÃO Nº 20 – CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO (STM)/ADMINISTRATIVA/"SEM ESPECIALIDADE"/2018 (E MAIS 1 CONCURSO) – TEXTO CB4A1BBB O Zoológico de Sapucaia do Sul abrigou um dia um macaco chamado Alemão. Em um domingo de Sol, Alemão conseguiu abrir o cadeado de sua jaula e escapou. O largo horizonte do mundo estava à sua espera. As árvores do bosque estavam ao alcance de seus dedos. Ele passara a vida tentando abrir aquele cadeado. Quando conseguiu, em vez de mergulhar na liberdade, desconhecida e sem garantias, Alemão caminhou até o restaurante lotado de visitantes. Pegou uma cerveja e ficou bebericando no balcão. Um zoológico serve para muitas coisas, algumas delas edificantes. Mas um zoológico serve, principalmente, para que o homem tenha a chance de, diante da jaula do outro, certificar-se de sua liberdade e da superioridade de sua espécie. Ele pode então voltar para o apartamento financiado em quinze anos satisfeito com sua vida. Pode abrir as grades da porta contente com seu molho de chaves e se aboletar no sofá em frente à TV; acordar na segunda-feira feliz para o batente. Há duas maneiras de se visitar um zoológico: com ousem inocência. A primeira é a mais fácil e a única com satisfação garantida. A outra pode ser uma jornada sombria para dentro do espelho, sem glamour e também sem volta. Os tigres-de-bengala são reis de fantasia. Têm voz, possuem músculos, são magníficos. Mas, nascidos em cativeiro, já chegaram ao mundo sem essência. São um desejo que nunca se tornará realidade. Adivinham as selvas úmidas da Ásia, mas nem sequer reconhecem as estrelas. Quando o Sol escorrega sobre a região metropolitana, são trancafiados em furnas de pedra, claustrofóbicas. De nada servem as presas a caçadores que comem carne de cavalo abatido em frigorífico. De nada serve a sanha a quem dorme enrodilhado, exilado não do que foi, mas do que poderia ter sido. Eliane Brum. O cativeiro. In: A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006, p. 53-4 (com adaptações). Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB4A1BBB, julgue o item que se segue. Sem prejudicar a correção gramatical tampouco alterar o sentido do trecho, a expressão “serve para” poderia ser substituída por convém à. Certo Errado QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 27 A alternativa está INCORRETA. Vejamos a sugestão de reescritura! Trecho original: Um zoológico serve para muitas coisas... Trecho reescrito: Um zoológico convém à muitas coisas... Gente, podemos construir uma frase assim: à + palavra no plural? Não!! Inclusive, muitos professores (inclusive eu) divulgam um macete que não nos faz refletir muito sobre o porquê de não poder usar o acento grave, mas que ajuda a responder rapidamente uma questão como esta: A + palavra no plural = crase nem a pau! Mas por que ”crase nem a pau”? Crase é, em regra, união de duas vogais "a": preposição "a" + artigo definido feminino "a". Na construção "convém a muitas coisas" temos apenas a preposição "a", não temos o artigo definido feminino, por isso crase nem a pau! E como eu sei que nessa frase só tem a preposição "a"? Muito simples: você diz "a cadeiras são bonitas" ou "as cadeiras são bonitas"? O meu artigo precisa concordar com o termo que ele define, né isso? Assim, se na construção "convém a muitas coisas" tivesse artigo definido feminino, a frase estaria assim: convém a + as muitas coisas = convém às muitas coisas. QUESTÃO Nº 21 – CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO (STJ)/ADMINISTRATIVA/2018 (E MAIS 4 CONCURSOS) – TEXTO CB4A1AAA As discussões em torno de questões como “o que é justiça?” ou “quais são os mecanismos disponíveis para produzir situações cada vez mais justas ao conjunto da sociedade?” não são novidade. Autores do século XIX já procuravam construir análises para identificar qual o sentido exato do termo justiça e quais formas de promovê-la eram possíveis e desejáveis ao conjunto da sociedade à época. O debate se enquadra em torno de três principais ideias: bem-estar; liberdade e desenvolvimento; e promoção de formas democráticas de participação. Autores importantes do campo da ciência política e da filosofia política e moral se debruçaram intensamente em torno dessa questão ao longo do século XX, e chegaram a conclusões diversas uns dos outros. Embora a perspectiva analítica de cada um desses autores divirja entre si, eles estão preocupados em desenvolver formas de promoção de situações de justiça social e têm hipóteses concretas para se chegar a esse estado de coisas. Para Amartya Sen, por exemplo, a injustiça é percebida e mensurada por meio da distribuição e do alcance social das liberdades. Para Rawls, ela se manifesta principalmente nas estruturas básicas da sociedade e sua solução depende de uma nova forma de contrato social e de uma definição de princípios básicos que criem condições de promoção de justiça. Já para Habermas, a questão gira em torno da manifestação no campo da ação comunicativa, na qual a fragilidade de uma ação coletiva que tenha pouco debate ou pouca representação pode enfraquecer a qualidade da democracia e, portanto, interferir no seu pleno funcionamento, tendo, por consequência, desdobramentos sociais injustos. Em síntese, os autores argumentam a favor de instrumentos variados para a solução da injustiça, os quais dependem da interpretação de cada um deles acerca do conceito de justiça. QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 28 Augusto Leal Rinaldi. Justiça, liberdade e democracia. In: Pensamento Plural. Pelotas [12]: 57-74, jan.-jun./2013 (com adaptações). A respeito dos aspectos linguísticos do texto CB4A1AAA, julgue o item. A correção gramatical do texto seria mantida caso se empregasse o acento indicativo de crase no vocábulo “a” em “a esse estado de coisas”: Certo Errado INCORRETA. Em geral, NÃO ocorre crase antes de pronomes demonstrativos, ok? Questão tranquila, apenas tenhamos cuidado com as exceções: EXCEÇÕES: AQUELE, AQUILO, AQUELA, quando o verbo reger a preposição a". Você assistiu àquele filme? (assistir a algo) José obedeceu àquilo que acordamos. (obedecer a algo) Diga àquela professora que a vaga é dela. (dizer algo a alguém) Comprei aquela bolsa maravilhosa ontem. (o verbo comprar NÃO rege a preposição "a", é VTD e, por isso, não ocorre a crase!) QUESTÃO Nº 22 – CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO (TRF 1ª REGIÃO)/ADMINISTRATIVA/"SEM ESPECIALIDADE"/2017 (E MAIS 2 CONCURSOS) – TEXTO CB2A2AAA O pensamento do filósofo grego Sócrates, no século V a. C., marcou uma reviravolta na história humana. Até então, a filosofia procurava explicar o mundo com base na observação das forças da natureza. A partir de Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. A preocupação do filósofo era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem. Para o filósofo grego, o papel do educador é, portanto, o de ajudar o discípulo a caminhar nesse sentido, despertando sua cooperação para que ele consiga, por si próprio, iluminar sua inteligência e sua consciência. Assim, o verdadeiro mestre não é um provedor de conhecimentos, mas alguém que desperta os espíritos. Ele deve, segundo Sócrates, admitir a reciprocidade ao exercer sua função iluminadora, permitindo que os alunos contestem seus argumentos da mesma forma que ele contesta os argumentos dos alunos. Para esse pensador, só a troca de ideias dá liberdade ao pensamento e a sua expressão, condição imprescindível para o aperfeiçoamento do ser humano. Sócrates. In: Coleção Grandes Pensadores. Revista Nova Escola. Ed. 179, jan.–fev./2005. Internet: <https://novaescola.org.br> (com adaptações). A respeito das propriedades linguísticas do texto CB2A2AAA, julgue o item subsequente. O emprego do sinal indicativo de crase em “à sabedoria” e em “à prática do bem” justifica-se por serem termos regidos pela forma verbal “levar” e por estarem precedidos por artigo definido feminino. Certo Errado QUESTÕES COMENTADAS – TRIBUNAL REGINAL ELEITORAL PARÁ | NÍVEL MÉDIO 29 Gabarito: CERTO. Analisando o item a seguir, temos: O emprego do sinal indicativo de crase em “à sabedoria” e em “à prática do bem” justifica-se por serem termos regidos pela forma verbal “levar” e por estarem precedidos por artigo definido feminino. O verbo "levar" é transitivo direto e indireto, em que o termo "as pessoas" é objeto direto (levar ALGUÉM). e os termos "à sabedoria" e "à prática do bem" (levar alguém A ALGUMA COISA), objetos indiretos com preposição "a". Como os substantivos "sabedoria" e "prática" são femininos - daí precedidos do artigo "a"
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