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03 LINDB - INTERPRETAÇÃO, INTEGRAÇÃO E IRRETROATIVIDADE DAS NORMAS

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Especialista: Carlos Eduardo Ferreira de Souza 
Disciplina: Direito Civil 
souza.carlosadv 
 
 
AULA 03 
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (LINDB) 
Olá, pessoal! Meu nome é Carlos e eu sou especialista em Direito Civil do Passei Direto. 
O objetivo dessa sequência de materiais é tentar explicar tudo sobre a disciplina de um jeito 
objetivo, completo e acessível, então faremos assim: vou trazer o assunto, citar o dispositivo legal, 
explicar um resumo do que isso significa, então vamos ver a jurisprudência mais recente sobre o tema 
e resolver questões extraídas de concursos públicos, ou seja, tudo para ajudar na graduação, na pós-
graduação e concursos públicos. 
Tudo certo? Então vamos começar! 
RELEMBRANDO... 
Na última aula, tratamos do art. 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, a 
LINDB, falando de leis temporárias, excepcionais, da revogação e da repristinação. 
Neste material, encerraremos o tema de LINDB, tratando de interpretação, integração e 
irretroatividade da lei, lembrando que as disposições de direito internacional privado e de direito 
público não serão abrangidos, por enquanto, sobretudo porque não tocam ao Direito Civil. 
DISPOSITIVO LEGAL 
REFERÊNCIA: arts. 3º a 6º da LINDB (LEI 4.657/42) 
Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os 
princípios gerais de direito. 
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem 
comum. 
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito 
adquirido e a coisa julgada. 
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. 
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, 
como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida 
inalterável, a arbítrio de outrem. 
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. 
Especialista: Carlos Eduardo Ferreira de Souza 
Disciplina: Direito Civil 
souza.carlosadv 
 
 
INTERPRETAÇÃO, INTEGRAÇÃO E IRRETROATIVIDADE DAS NORMAS 
Primeiramente, temos que destacar que ninguém pode deixar de obedecer às normas alegando 
desconhecimento. É que para a norma passar a viger, ela deve ser publicada, surgindo a partir daí a 
presunção de que todos têm ciência de seu conteúdo. 
Imaginem a bagunça e a insegurança que seria se todos pudessem alegar que descumpriram a 
lei porque não tinham conhecimento de sua existência. 
Em segundo lugar, vamos tratar da integração das normas jurídicas, que ocorre nos casos 
de lacunas normativas, ou seja, para hipóteses não previstas expressamente em lei. 
É que o legislador não é capaz de prever todas as situações possíveis no mundo dos fatos. De 
outro lado, temos o princípio da proibição do non liquet, ou seja, o juiz não pode se negar a julgar 
determinada causa alegando a inexistência de norma que regule expressamente o caso. 
Assim, diante das lacunas normativas, deve ocorrer a aplicação, nesta ordem, de: 
a) Analogia: é a utilização de previsões semelhantes / parecidas para solucionar determinado 
caso não regulado expressamente por lei. Exemplificando, temos o crime de bigamia, que 
veda a contração de dois matrimônios simultâneos por uma pessoa. Temos, por analogia, 
a previsão da poligamia, que é a contração de três ou mais matrimônios simultâneos. 
b) Costumes: é a prática reiterada que incute nas pessoas uma noção de obrigatoriedade. 
Exemplificando, temos que o cheque é ordem de pagamento a vista, mas se utiliza com 
grande frequência o chamado cheque pré-datado, cujo depósito anterior à data constante 
do título gera dano moral. 
c) Princípios Gerais do Direito: são princípios que permeiam todo ordenamento jurídico 
ou pelo menos um dos ramos. Têm sido cada vez mais utilizados pela jurisprudência. É o 
caso, por exemplo, da proporcionalidade, da segurança jurídica e da razoabilidade. 
d) Equidade: é a solução dada pelo juiz com busca de maior justiça e igualdade, conferindo 
os efeitos mais satisfatórios possíveis ao caso concreto. No Brasil, somente pode ocorrer 
em casos autorizados por lei (percebamos: a lei não regula o caso, mas autoriza que o juiz 
analise em concreto). 
Na interpretação das normas, temos alguns métodos tradicionais que contribuem para que 
o juiz alcance os fins sociais e o bem comum buscados pela lei. É que nem sempre a literalidade da 
norma será suficiente para exprimir o seu verdadeiro sentido. Vejamos os métodos: 
Especialista: Carlos Eduardo Ferreira de Souza 
Disciplina: Direito Civil 
souza.carlosadv 
 
 
a) Gramatical ou literal: se busca o significado de cada palavra da norma, o que ela 
expressa no idioma pátrio, ou seja, o sentido de cada palavra segundo o dicionário (aquele 
mesmo: o Aurélio). 
b) Teleológico: aqui será buscada a verdadeira intenção do legislador, ou seja, ao editar 
determinada norma, pode ter o Poder Legislativo expressado, na literalidade, sentido 
diverso daquele que se quis. Por isso, existem até estudos muito legais que analisam o que 
foi debatido nas sessões, notas taquigráficas, etc. 
c) Sistemático: nenhuma lei nasce isolada do restante do ordenamento jurídico. Assim, não 
pode ser a norma interpretada sem observar todo o sistema. Quando se fala em sistema, 
dizemos o texto legal na íntegra, outras leis relacionadas, bem como disposições 
hierarquicamente superiores. 
d) Histórico: a sociedade está em constante mutação, o que leva o Direito a tentar 
acompanhá-la para que possa melhor exercer suas funções de regulamentar e promover a 
pacificação social. Pelo método histórico, devemos observar o contexto em que 
determinada norma foi editada e verificar qual o sentido que tinha à época e qual sentido 
existe atualmente. 
Como último tópico, temos a irretroatividade das normas, que deve ser tratada em conjunto 
com a segurança jurídica. É que as leis não possuem efeitos retroativos, salvo quando se tratar de lei 
penal benéfica ao réu (mas isso deixaremos para os penalistas). 
Assim, toda lei nova em vigor, ou seja, após publicação e cumprida a vacatio legis, passa a 
ter efeitos imediatos, mas não poderá retroagir para alcançar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido 
e a coisa julgada, cujos conceitos se expõe: 
a) Ato jurídico perfeito: é o ato que já foi praticado e produziu todos os seus efeitos ao 
tempo da lei antiga (e.g. um contrato de compra e venda realizado na vigência do CC/16 
não é afetado pelo CC/02). 
b) Direito adquirido: é aquele que já foi adquirido por ter preenchido todos os requisitos na 
vigência da lei anterior (e.g. um trabalhador que preencheu todos os requisitos para 
aposentadoria por idade, ainda que não se aposente até a vigência da nova reforma da 
previdência, não será por ela afetado, por ter adquirido o direito à aposentadoria. Já aquele 
que está MUITO PERTO de conseguir, caso não seja abarcado por regra de transição, 
possuirá mera expectativa de direito, que não é tutelada pelo Direito brasileiro). 
Especialista: Carlos Eduardo Ferreira de Souza 
Disciplina: Direito Civil 
souza.carlosadv 
 
 
c) Coisa julgada: é aquela questão que já foi decida e da qual não cabe mais recurso, seja 
porque já foram interpostos todos os recursos admissíveis ou porque os prazos foram 
perdidos. 
Em todos os casos, ocorrerá a ultratividade da norma, quando a lei anterior terá efeitos 
mesmo após a sua revogação, ou seja, se aplicará a lei anterior aos atos jurídicos perfeitos, aosdireitos 
adquiridos e à coisa julgada, mesmo quando não estiver mais em vigor. 
Sobre esse tema ainda não temos jurisprudência relevante do STF e STJ, que tenha sido 
publicada nos famosos informativos, cuja análise é nosso foco na sessão de jurisprudência. Assim, 
vamos direto para as questões de importantes bancas de concursos para ver como é cobrado. 
QUESTÕES 
 
1ª QUESTÃO – BANCA CESPE – PROCURADOR DO ESTADO – PGE PE: 
Ao autorizar o juiz a regular de maneira diferente dos critérios legais a situação dos filhos em 
relação aos pais, em caso de haver motivos graves, o Código Civil permite o uso: 
a) da analogia. 
b) da interpretação sistemática. 
c) dos princípios gerais do direito. 
d) dos costumes. 
e) da equidade. 
Gabarito: Letra E, pois a lei confere ao juiz o poder-dever de assegurar o melhor interesse do 
menor, proferindo a decisão que pareça mais justa ao caso concreto, sendo certo que o legislador não 
conseguiria prever todas as soluções, em abstrato. 
2ª QUESTÃO – BANCA CESPE – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF 5: 
A continuidade de aplicação de lei já revogada às relações jurídicas civis consolidadas durante a 
sua vigência caracteriza: 
a) a aplicação do princípio da segurança jurídica. 
b) a ultratividade da norma. 
c) a represtinação da norma. 
d) o princípio da continuidade normativa. 
e) a supremacia da lei revogada. 
Gabarito: Letra B. É que as relações jurídicas civis consolidadas se chamam atos jurídicos 
perfeitos, sobre os quais incidirão a lei do tempo da prática, ainda que tenha sido revogada.

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