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entre duas partes adjacentes, é difícil definir os ajustes para dois dispositivos em cascata e, ainda, assegurar uma boa seletividade (o que acontece nas redes de média tensão). Porém, para seções de linhas separadas por um transformador, este sistema pode ser usado com grandes vantagens, por ser simples, econômico e rápido (desarme sem demora). Algumas literaturas definem esse tipo de procedimento como sendo uma seletividade por escalonamento das correntes de curto-circuito. A figura 1 ilustra um exemplo típico da instalação desses elementos envolvendo os enrolamentos primário e secundário de transformadores. Neste caso, para garantir a seletividade, o dispositivo de proteção de sobrecorrente instalado no primário deve respeitar a seguinte condição: ICCA > Ir ≥ ICCB, Onde: Ir é a corrente de ajuste; ICCB é a corrente de curto-circuito no secundário (ponto B), referida ao primário do transformador. 301 CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 4 Figura 1 - Exemplo de seletividade amperimétrica em transformadores; 3 - SELETIVIDADE CRONOMÉTRICA A seletividade cronométrica consiste em ajustes diferentes nas temporizações dos dispositivos de proteção distribuídos ao longo do sistema elétrico. Quanto mais próximos da fonte supridora, as temporizações deverão ser ajustadas em tempos superiores aos elementos de proteção a jusante, conforme pode ser notado no diagrama unifilar indicado na figura 2. 302 CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 5 Figura 2 - Exemplo de seletividade cronométrica; A falta mostrada neste diagrama é “enxergada” por todas as proteções (localizadas em A, B, C e D). A temporização D fecha seus contatos mais rapidamente que aquela instalada em C, que por sua vez, é mais rápida que a proteção em B, e assim sucessivamente. Assim que o disjuntor D é aberto, e a corrente de falta eliminada, as proteções nos pontos A, B e C, que estavam sensibilizadas, voltam a condição original (de vigilância). 303 CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 6 A diferença dos tempos de atuação ∆t entre duas proteções sucessivas é o intervalo de seletividade, definido a partir da seguinte inequação: dttrtct 2++≥∆ Onde: tc - tempo de abertura dos disjuntores; dt - tolerâncias da temporização; tr - tempo de retorno à posição de espera das proteções. Considerando o desempenho dos disjuntores e dos relês de proteção, normalmente encontrados na prática, os valores adotados para o ∆t sã de aproximadamente 0,4 s. Esta seletividade apresenta duas vantagens, pois além de ser um sistema simples, assumi a sua própria retaguarda (salvaguardando-se a parte isenta de falta da instalação). Porém, quando há um número elevado de proteções em série, observa-se que a proteção localizada mais a montante está ajustada com um tempo de atuação elevado. Dependendo do nível de curto-circuito e do tempo de resposta do relé de proteção, pode-se em alguns casos, danificar os componentes dos sistemas elétricos, tais como: cabos, TC's, etc, devido ao aquecimento adicional a que ficam submetidos. 304 CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 7 3.1 - APLICAÇÃO DA SELETIVIDADE CRONOMÉTRICA Existem dois tipos de relés cronométricos temporizados: • Os relês de tempo independente – Observa-se na figura 3 que se o nível de curto-circuito for inferior ao seu ajuste, este trabalha na região de não operação. Por outro lado, para valores superiores a sua faixa de ajuste, o relé atuará sempre com um valor de tempo constante e definido. Figura 3 - Tempo independente do valor da corrente de curto; • Os relês de tempo dependentes (tempo inverso) – Analogamente ao caso anterior, a região de atuação dependerá do seu ajuste. No entanto, o tempo de atuação não será constante, pois conforme mostrado na figura 4, o tempo dependerá do valor da corrente de curto-circuito. 305 CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 8 Figura 4 - Tempo dependente do valor da corrente de curto; A título de ilustração, a figura 5 esclarece um exemplo utilizando a proteção envolvendo tempo independente e inverso. Figura 5 - Exemplo de aplicação cronométrica; 306 CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 9 No caso particular desta figura, para assegurar a seletividade cronométrica entre os dispositivos de proteção, devem ser respeitado os seguintes critérios: • Relé de tempo independente: IrA > IrB > IrC, tA > tB > tC Figura 6 - Ajustes dos relés do tipo tempo independente; • Relé de tempo dependente ou inverso: IrA > IrB > IrC, IccA > IccB > IccC Figura 7 - Ajustes dos relés do tipo tempo dependente ou inverso; 307 CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 10 Os ajustes das temporizações estão determinados para obter o intervalo de seletividade ∆t para a máxima corrente vista pela proteção a jusante. As temporizações para obter a seletividade cronométrica é ativada quando a corrente excede o valor de ajuste dos relês. Por exemplo, na figura 5, o tempo de atuação na proteção do disjuntor A deve ser maior que o de B, que por sua vez, é maior que C. 4 - SELETIVIDADE LÓGICA Este princípio é usado quando se deseja diminuir o tempo de eliminação da falta. A troca de dados lógicos entre os dispositivos de proteção sucessivos elimina a necessidade de intervalos de seletividade. Com efeito, num sistema radial, são ativadas as proteções localizadas a montante do ponto de falta e aquelas localizadas a jusante não são solicitadas. Podem ser localizados o ponto de falta e o disjuntor a ser comandado sem qualquer ambigüidade. Cada proteção sensibilizada pela falta envia: • Uma ordem lógica de espera para o nível situado a montante (ordem para aumentar a temporização própria do relê a montante); • Uma ordem de abertura para o disjuntor associado, a menos que o mesmo receba uma ordem lógica de espera do situado a jusante. Um desarme temporizado é provido como retaguarda. 308 CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 11 A grande vantagem da seletividade lógica, quando comparado à seletividade cronométrica, é que o tempo do desarme não depende da falta na cascata da seletividade. A figura 8 ilustra um sistema radial, onde os relés atuam baseados no princípio da seletividade lógica. Figura 8 - Exemplo de aplicação da seletividade lógica; 309 CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 12 5 - SELETIVIDADE DIRECIONAL Numa rede em anel, na qual uma falta fica alimentada de ambas as extremidades, é necessário usar um sistema de proteção sensível à direção do fluxo da corrente de falta, para localizá-la e eliminá-la. A figura 9 apresenta um exemplo de utilização de proteções direcionais. Figura 9 - Exemplo de aplicação da seletividade direcional; 310 CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 13 Os disjuntores D1 e D2 estão equipados com proteções direcionais instantâneas, enquanto H1 e H2 são dotados de proteções de sobrecorrente temporizadas. No caso de uma falta no ponto (1), só as proteções em D1 (direcional), H1 e H2 "enxergam" a falta. A proteção em D2 não se sensibiliza, devido a direção de seu sistema de detecção. Neste caso, D1 abre. A proteção H2 fica de fora e H1 abre. tH1 = tH2, tD1 = tD2, tH = tD + ∆t 6 - SELETIVIDADE ATRAVÉS DE PROTEÇÃO DIFERENCIAL Estas proteções comparam as correntes nas extremidades do trecho de rede a ser vigiada. Qualquer diferença em amplitude e fase entre estas correntes indica a presença de uma falta. Este sistema de proteção reage apenas às faltas dentro da área monitorada e é insensível a qualquer falta fora desta área.