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É portanto seletivo por natureza. Esta proteção é usada para detectar correntes de falta com valores inferiores à corrente nominal e para desarmar instantaneamente, já que a seletividade está baseada sobre a detecção e não na temporização. O equipamento protegido pode ser: um motor, um gerador, um transformador, ou uma conexão (cabo ou linha). A figura 10 ilustra a aplicação da proteção diferencial. 311 CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 14 Figura 10 - Aplicação da seletividade diferencial; 312 CAPÍTULO 10 PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 313 CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 2 PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 1 - INTRODUÇÃO O transformador, por se tratar de um importante componente, necessita de um eficiente sistema de proteção contra todas as faltas susceptíveis de danificá-lo. O grau de complexidade do sistema de proteção depende da potência do transformador, e está vinculado com considerações técnicas e custos. 2 – TIPOS DE FALTAS As principais faltas que podem afetar um transformador são: sobrecarga, curto-circuito e faltas à carcaça. A sobrecarga pode resultar de um aumento no número de cargas que são alimentadas simultaneamente ou de um aumento na potência absorvida por uma ou mais cargas. O resultado disso é uma sobrecorrente de longa duração que causa um aquecimento prejudicial ao isolamento e, portanto, pode afetar a vida útil do transformador. O curto-circuito pode ocorrer no interior ou fora do transformador. As faltas internas são aquelas que acontecem entre condutores de fases diferentes ou entre espiras de um mesmo enrolamento. O arco proveniente de uma falta danifica o enrolamento do transformador e pode provocar um incêndio. Em 314 CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 3 transformadores a óleo, o arco causa a emissão de gases de decomposição. Se a falta for de pequena intensidade, há uma leve emissão de gases e mesmo nesta situação, o acúmulo pode ser perigoso. Por outro lado, um curto-circuito violento causa estragos que podem destruir não somente a parte ativa mas também o tanque, derramando óleo inflamado. As faltas externas são as que ocorrem nas conexões a jusante. A corrente de curto-circuito produz, no transformador, esforços eletrodinâmicos susceptíveis de afetar mecanicamente os enrolamentos e então evoluir na forma de uma falta interna. A falta à carcaça é uma falta interna. Ela pode acontecer entre o enrolamento e o tanque ou entre o enrolamento e o circuito magnético. Para um transformador a óleo, ela causa uma emissão de gás. Com o curto-circuito, pode ocorrer a destruição do transformador e um incêndio. A amplitude da corrente de falta depende do sistema de neutro das redes a montante e a jusante, e também na posição da falta dentro do enrolamento. Na ligação estrela, a corrente para a carcaça varia entre 0 à um valor máximo dependendo da localização da falta, do lado do neutro ou da fase da bobina, conforme ilustrado na figura 1. Na ligação delta, a corrente para a carcaça varia entre 50 e 100% do valor máximo, dependendo se a falta estiver no meio ou nas extremidades dos enrolamentos. 315 CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 4 Figura 1 - Corrente de falta em função da posição da falta no enrolamento. 3 – DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO 3.1 – SOBRECARGAS A sobrecorrente de longa duração é geralmente detectada por uma proteção com tempo independente ou inverso, que é seletiva com as proteções secundárias. É usada uma proteção de imagem térmica para detectar a elevação de temperatura. Essa proteção tem por objetivo fazer com que as elevações de temperatura não ultrapassem os seus limites térmicos, ou seja, respeitando as 316 CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 5 suas classes de isolamento. Com isto, espera-se que a vida útil do equipamento fique preservada. 3.2 – CURTO-CIRCUITO Para os transformadores a óleo são utilizados: • O relê Buchholz ou detector de pressão e temperatura DGPT sensível à emissão de gases e ao movimento do óleo provocados por um curto- circuito entre espiras de uma mesma fase ou entre fases distintas. • A proteção diferencial, mostrada na figura 2, assegura uma proteção rápida contra faltas fase-fase. Ela é sensível às correntes de falta da ordem de 0,5In e é usado para transformadores que alimentam cargas essenciais. • Uma proteção de sobrecorrente instantânea associada a um disjuntor localizado no primário do transformador, assegura uma proteção contra curto-circuitos violentos. O limiar da corrente primária está ajustado num valor mais alto que a corrente devido a um curto-circuito no secundário, assegurando assim a seletividade amperimétrica. • Um fusível AT pode ser usado para proteção de sobrecorrente de transformadores de baixa potência. 317 CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 6 Figura 2 - Proteção diferencial. Figura 3 - Proteção de sobrecorrente associado ao disjuntor localizado no primário. 318 CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 7 3.3 – FALTAS À CARCAÇA Carcaça do tanque – A proteção de sobrecorrente instantânea é instalada na conexão de aterramento do tanque do transformador (desde que seu ajuste esteja compatível com o sistema de neutro utilizado) constitui uma solução simples e eficiente para proteger contra faltas internas e à carcaça, isso obriga a isolar o tanque do transformador do solo, conforme detalha a figura 4. (a) (b) Figura 4 - Proteção de sobrecorrente contra faltas à carcaça. Uma outra solução consiste em assegurar uma proteção contra as faltas à terra: • Através da proteção de terra, localizada na rede a montante, para faltas na carcaça que afetam o primário do transformador, conforme figura 4(b). • Pela proteção homopolar instalada na entrada do painel alimentado, se o aterramento do neutro da rede a jusante estiver localizado no barramento. Estas proteções são seletivas, e só são sensíveis as faltas fase-terra localizadas no transformador ou nas conexões a montante e a jusante. 319 CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 8 • Por uma proteção de terra restrita, se o aterramento do neutro da rede a jusante for instalado no transformador. Trata-se de uma proteção diferencial de alta impedância que detecta a diferença entre as correntes homopolares medidas no ponto de aterramento do neutro e a soma vetorial das correntes localizadas nas saídas trifásicas do transformador, conforme esquematizado na figura 5. Figura 5 - Proteção diferencial contra faltas à carcaça. 3.4 – EXEMPLOS DE PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES A título de ilustração, mostra-se nas figuras 6 e 7, respectivamente, através de dois diagramas unifilares, um exemplo de vários equipamentos utilizados na proteção de transformadores MT/BT e MT/MT. Desta forma, oferecendo 320 CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 9 resumidamente, uma visão global sobre os assuntos expostos nos itens anteriores. Figura 6 - Exemplos de proteção de transformadores. Onde os números identificados no diagrama unifilar 6, correspondem: (1) Fusível ou relê de sobrecorrente com dois ajustes (2) Sobrecorrente homopolar (3) Buchholz ou DGPT (4) Proteção de sobrecorrente para faltas `a carcaça (5) Disjuntor BT 321 CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 10 Figura 7 - Exemplos de proteção