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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL III Aula 7 Década de 2000 até o Professor: Bruno Jaar Karam E-mail: brunokaram@uni9.pro.br • Aula 3: Revisão de FHTM 2 • Aula 4: Congresso da virada • Aula 5: Década de 80 (1) – Apresentação de grupo • Aula 6: Década de 90 (2)– Apresentação de grupo • Aula 7: Década de 2000 (3) até o vampirão – Apresentação de grupo • Aula 8: Projeto ético político (4) – Apresentação de grupo • Aula 9: Ainda aula sobre o Projeto ético político • Aula 10: As categorias profissionais: ENESSO (5)/ ABEPSS (6) / CFESS/CRESS (7) – Apresentação de grupo • A importância de conhecer a história para compreender o presente... • (Bela frase) • Bela apresentação do grupo da década de 2000 ~2018 Nos últimos capítulos estávamos falando do CONGRESSO DA VIRADA + década de 80 + década de 90 Década de 80, 90 e 2000 conjuntura da profissão • O Serviço Social brasileiro contemporâneo apresenta uma feição acadêmico profissional e social renovada, voltada à defesa do trabalho e dos trabalhadores, do amplo acesso a terra para a produção de meios de vida, ao compromisso com a afirmação da democracia, da liberdade, da igualdade e da justiça social no terreno da história. Nessa direção social, a luta pela afirmação dos direitos de cidadania, que reconheça as efetivas necessidades e interesses dos sujeitos sociais, é hoje fundamental como parte do processo de acumulação de forças em direção a uma forma de desenvolvimento social inclusiva para todos os indivíduos sociais (IAMAMOTO, 2009, p.18) Sky de leve • Esse processo de renovação crítica do Serviço Social é fruto e expressão de um amplo movimento de lutas pela democratização da sociedade e do Estado no país, com forte presença das lutas operárias, que impulsionaram a crise da ditadura militar: a ditadura do grande capital (IANNI, 1981). Foi no contexto de ascensão dos movimentos políticos das classes sociais, das lutas em torno da elaboração e aprovação da Carta Constitucional de 1988 e da defesa do Estado de Direito (...) Tal processo condiciona, fundamentalmente, o horizonte de preocupações emergentes no âmbito do Serviço Social, exigindo novas respostas profissionais, o que derivou em significativas alterações nos campos do ensino, da pesquisa, da regulamentação da profissão e da organização político corporativa dos assistentes sociais (IAMAMOTO, 2009, p.18) • a Seguridade Social, em construção no país, após a Carta Constitucional de 1988, que afirma o direito dos cidadãos brasileiros a um conjunto de direitos no âmbito das políticas sociais (Saúde, Previdência e Assistência Social). A noção de Seguridade supõe que os cidadãos tenham acesso a um conjunto de certezas e seguranças que cubram, reduzam ou previnam situações de risco e de vulnerabilidades sociais. Essa cobertura é social e não depende do custeio individual direto. A inserção do Serviço Social brasileiro nos debates sobre essa cobertura social marcou a década; Sky resumo da década de 90 • Nesse lapso de tempo, o Serviço Social brasileiro construiu um projeto profissional radicalmente inovador e crítico, com fundamentos históricos e teórico- metodológicos hauridos na tradição marxista, apoiado em valores e princípios éticos radicalmente humanistas e nas particularidades da formação histórica do país. Ele adquire materialidade no conjunto das regulamentações profissionais: o Código de Ética do Assistente Social (1993), a Lei da Regulamentação da Profissão (1993) e as Diretrizes Curriculares norteadoras da formação acadêmica (ABESS/CEDEPSS,1996) (IAMAMOTO, 2009, p.18) • É nos anos de 1990, porém, no duro embate com a ofensiva neoliberal que captura o Estado brasileiro, agravando ainda mais a histórica concentração de renda e suprimindo direitos garantidos em lei, que o projeto profissional do Serviço Social se consolida no país (KOIKE, 2009, p.209). • Período de contrarreformas que impingiram perdas e derrotas aos trabalhadores, solapando condições de trabalho, demolindo suas estruturas organizativas, suprimindo direitos sociais e elementares condições de vida. Nele, a categoria profissional soube tecer seu projeto ético‐político e torná‐lo hegemônico (KOIKE, 2009, p.209). Lei de regulamentação da profissão • A Lei n. 8.662, de 7 de junho de 1993, que regulamenta a profissão, estabelece respectivamente nos seus artigos 4o e 5o as competências e atribuições privativas do assistente social. As competências expressam capacidade para apreciar ou dar resolutividade a determinado assunto, não sendo exclusivas de uma única especialidade profissional, pois são a ela concernentes em função da capacitação dos sujeitos profissionais. As atribuições são prerrogativas exclusivas ao serem definidas enquanto matéria, área e unidade de Serviço Social. Esse esclarecimento conduz à elucidação da concepção mesma de profissão de Serviço Social, uma vez que a auto qualificação da profissão é uma prerrogativa de seus agentes especializados e seus organismos representativos (IAMAMOTO apud IAMAMOTO, 2009, p.20-21) • A Resolução CFESS n. 273, de 13/03/1993, mais que um instrumento de normatização, assenta as bases da direção social da profissão que elege a liberdade como valor central, o trabalho como fundante do ser social, a radicalidade democrática comprometida com a socialização dos meios de produção da riqueza material e cultural, a equidade traduzida em justiça social e o reconhecimento do pluralismo de ideias e de práticas na profissão e na sociedade. • Assim, em junho do mesmo ano foi sancionada a Lei n. 8.662, de regulamentação da profissão, definindo competências e atribuições privativas do assistente social que representam tanto “uma defesa da profissão na sociedade” como “um guia para a formação acadêmico‐profissional” (IAMAMOTO, 2002, p. 22). SKY – 1996 DIRETRIZES CURRICULARES • Sob a coordenação da ABESS/CEDEPSS, à época, com ampla participação e seguro apoio do conjunto CFESS/CRESS, da ENESSO e de uma equipe de consultores foi elaborado um novo Currículo Mínimo, aprovado em 8/11/1996, em assembleia geral das unidades formadoras da graduação e pós‐graduação. • Com compromisso acadêmico de rigor teórico, direção ético‐política e prática organizativa, os pressupostos do currículo/82 foram reafirmados e acrescidos, expressando a decisão coletiva de avançar na apropriação da teoria social crítica e do método que lhe é próprio, pelo que este contém de possibilidades de aproximação ao real, para nele intervir e transformá‐lo (ABESS/CEDEPSS, 1996). • Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394, de 20/12/1996, que formaliza a reforma educacional em curso, o currículo mínimo recebeu a nomenclatura de diretrizes curriculares. • Ética Ética e serviço social • Na década de oitenta, a construção do projeto profissional foi fortalecida pelas lutas democráticas e pela reorganização política dos trabalhadores e dos movimentos sociais organizados. Favorecendo a participação cívica e política dos profissionais, ampliando sua consciência, esse contexto também propicia o confronto teórico e ideológico entre tendências e a luta pela hegemonia entre diferentes projetos societários e profissionais (BARROCO, 2009, p.178) • Os anos oitenta, sinalizam a maturidade teórica e política do projeto profissional evidenciada na organizaçãopolítico‐sindical da categoria, na produção teórica, em sua capacidade crítica de interlocução com outras áreas do conhecimento, em seu desenvolvimento na área da pesquisa, em sua incorporação “de vertentes críticas com destaque para as inspiradas na tradição marxista” (NETTO, 1999, p. 102). (BARROCO, 2009, p.178) • O Código de 1986 não foi suficientemente desenvolvido em sua parte operacional e em seus pressupostos teóricos, orientados pelo marxismo. Com o objetivo de ampliá‐los, foi feita a reformulação de 1993, em um contexto muito diverso daquele que em 1980 favoreceu a construção do projeto de ruptura profissional. (BARROCO, 2009, p.179) • O Código de 1993 afirma a centralidade do trabalho na constituição do homem: sujeito das ações éticas e da criação dos valores. Revelada em sua densidade histórica, a sua concepção ética está articulada a valores ético‐políticos, como a liberdade, a justiça social e a democracia , e ao conjunto de direitos humanos (civis, políticos, sociais, culturais e econômicos) defendidos pelas classes trabalhadoras, pelos segmentos sociais excluídos e pelos movimentos emancipatórios ao longo da história (BARROCO, 2009, p.179) COMO SE EXPRESSA NO CÓDIGO 86 (EXEMPLOS): INTRODUÇÃO “As idéias, a moral e as práticas de uma sociedade se modificam no decorrer do processo histórico. (...) Nas lutas encaminhadas por diversas organizações nesse processo de transformação, um novo projeto de sociedade se esboça, se constrói e se difunde uma nova ideologia. Inserido neste movimento, a categoria de Assistentes Sociais passa a exigir também uma nova ética que reflita uma vontade coletiva, superando a perspectiva a‐histórica e a‐crítica, onde os valores são tidos como universais e acima dos interesses de classe. A nova ética é resultado da inserção da categoria nas lutas da classe trabalhadora e, consequentemente, de uma nova visão da sociedade brasileira. Neste sentido, a categoria através de suas organizações, faz uma opção clara por uma prática profissional vinculada aos interesses desta classe. As conquistas no espaço institucional e a garantia da autonomia da prática profissional requerida pelas contradições desta sociedade só poderão ser obtidas através da organização da categoria articulada às demais organizações da classe trabalhadora.” • Com renovada capacidade intelectiva, ético‐política e organizativa, a categoria profissional, as unidades acadêmicas, docentes e discentes da graduação e pós‐graduação, sob a coordenação de suas entidades representativas apresentaram‐se, à entrada dos anos de 1990, para um amplo repensar coletivo e democrático da profissão. Cabia redimensionar o projeto profissional, a partir de então denominado projeto ético‐político, frente às alterações no mundo do trabalho, nas manifestações da questão social, nas práticas do Estado e suas relações com as classes sociais. • Foi emblemático começar pela atualização do código de ética, confirmando e ampliando princípios imperativos já definidos no código de 1986. Código de ética 93 e sua maturidade Anos 2000 • Problematizar os desafios do trabalho profissional supõe também conferir dados revelados do estágio atual da sociedade brasileira. Conforme o Censo de 2000, o Brasil no inicio da década é um pais mais velho, mais urbano, mais feminino, mais alfabetizados e mais industrializado. Crescem as famílias chefiadas por mulheres. A desigualdade ainda é a marca nacional decorrente não apenas da renda, mas também das expressões raciais, étnicas e de gênero. O padrão de apropriação dos recursos naturais, econômicos, políticos e culturais vigentes na sociedade brasileira é profundamente desigual, e a cidadania, reconhecida em âmbito constitucional, é sistematicamente negada por relações, processos e estruturas sociais. • No inicio do novo milênio, ao problematizar o Serviço Social no âmbito das mudanças históricas que alteram as relações de trabalho na sociedade, a preocupação é afirmar a profissão e as particularidades de sua intervenção em face dos novos contornos da questão social e dos novos padrões de regulação com que se defrontam as políticas sociais na contemporaneidade. P.26 Alguns desafios: • O primeiro e sempre renovado desafio relaciona-se à necessária reafirmação do projeto ético-político profissional do Serviço Social, seus valores, objetivos e conhecimentos teóricos que o sustentam, e os limites para a sua concretização no atual quadro sociopolítico a ele refratário. A busca de novas práticas que se esboçam como alternativa ao neoliberalismo é um caminho a ser percorrido coletivamente, considerando as lutas e propostas de resistência na perspectiva de uma globalização contra-hegemônica, construída por um complexo de mediações e articulações transnacionais e nacionais de movimentos, associações e organizações que defendem interesses das classes e camadas subalternazidas pelo capitalismo global hegemônico • A mercantilização e a precarização do ensino, como expressões contundentes da política econômica regressiva, com repercussões óbvias no âmbito da formação profissional. Se, para o conjunto das profissões isto significa uma perda da qualidade de graves proporções, para o Serviço Social atinge a sua identidade, uma vez que não há como formar profissionais competentes e críticos, sem um adequado acompanhamento da sua trajetória acadêmica e de seus estágios durante a graduação. • O ensino a distância, estendido indiscriminadamente para todos os níveis, em veloz proliferação em todo o território nacional, introduz mudanças drásticas que alteram o perfil da formação profissional no Brasil. • No âmbito do mercado de trabalho, o terceiro desafio consiste na luta pela ampliação dos postos de trabalho, que deve combinar-se com a defesa das condições de trabalho e da regulamentação dos vínculos contratuais. P.29 • O quarto desafio diz respeito à importância que o trabalho com famílias vem adquirindo, não apenas na política de assistência social, onde ganha centralidade, mas no conjunto das politicas sociais. O reforço da abordagem familiar reque dos assistentes sociais cuidados redobrados para que não se produzam regressões conservadoras, nem se ampliem ainda mais as pressões sobre as inúmeras responsabilizações que as famílias devem assumir, especialmente no caso das mulheres responsáveis pelo domicilio e pelos cuidados de filhos pequenos. O trabalho com famílias está na base e origem da profissão, como uma das principais mediações disciplinadoras da classe trabalhadora diante do agravamento da questão social naquele contexto histórico. Esta discussão ganha relevância hoje quando se constata a tendência de deslocamento dos conflitos que têm fortes raízes societárias para os âmbitos privados da esfera doméstica e comunitária, com a sua consequente despolitização e culpabilização das famílias pela situação em que se encontram. Assim sendo, não basta o Serviço Social e os assistentes sociais constatarem as transformações por que passam as famílias contemporâneas, se persistem abordagens conservadoras e disciplinadoras no trabalho profissional que realizam. Mas ainda em se tratando da politica de assistência social, com forte herança moralizadora na intervenção social junto às famílias, via de regra definidas como “desustruturadas”, especialmente quando se trata das famílias pobres. • O quinto desafio refere-se às busca de inserção da profissão nos processos de construção de uma sociedadedemocrática e participativa. A democracia participativa supõe a substituição do uso do poder por relações e responsabilidades partilhadas, o que inclui as relações dos profissionais com a população. Quando falamos de poder nos referimos, de um lado, ao poder (embora relativo) de que dispõe o assistente social no cotidiano dos espaços institucionais (...) em favor dos interesses e necessidades da população de mandatária. E, por outro lado, o exercício do poder político nos espaços de interlocução e deliberação pública, no âmbito do controle social sobre a ação do Estado, que exige da profissão e dos profissionais contribuição ativa e qualificada. O desafio consiste em ampliar a participação social, inclusive nos territórios onde se desenvolvem os programas e serviços, estimulando a presença de movimentos sociais e das organizações populares, especialmente os usuários das politicas sociais públicas, ainda fragilmente representados na esfera pública, como elementos dinamizadores e ativadores dos conselhos, conferências e outros fóruns de deliberação, para que estes possam ganhar maior representatividade e legitimidade social. • Finalmente, o desafio de realizar a difícil tarefa de (re)construir o politico na politica social, o que supõe participar da criação e disseminação de uma cultura que torne indeclináveis o direitos da população com a qual trabalhamos. • E, embora saibamos que escapa às politicas sociais reverter níveis tão elevados de desigualdade como os encontrados no Brasil, elas podem constituir espaços de afirmação de direitos e de iniciativas de contra desmanche de uma ordem injusta e desigual. • E os assistentes sociais vêm, em muito, contribuindo, nas últimas décadas, para a construção de uma cultura do direito e da cidadania, resistindo ao conservadorismo e considerando as políticas sociais como possibilidades concretas de construção de direitos e iniciativas de “contra‐desmanche” nessa ordem social injusta e desigual (YAZBEK, 2009, p.161). • Cultura da década de 2000 até abril de 2018 Cultura 01/04/2018