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P Penal 9 1

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1 
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INTENSIVO I 
Renato Brasileiro 
Direito Processual Penal 
Aula 09 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
Competência criminal 
 
1. Mecanismos de solução de conflitos 
 
Os conflitos em sociedade são inevitáveis. Para solucioná-los dispomos dos mecanismos a seguir. 
 
1.1. Autotutela 
 
I – A autotutela caracteriza-se pelo emprego da força para satisfação de interesses. 
 
II – Em regra, a autotela não é admitida no ordenamento jurídico. Inclusive, fazer justiça com as próprias mãos, é 
tipificado como crime: 
 
CP, art. 345: “Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o 
permite: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. 
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa”. 
 
Exceções (exemplos): 
• Legítima defesa. 
• Estado de necessidade. 
• Prisão em flagrante (autorizado pela CF e pelo CPP). 
 
 
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1.2. Autocomposição 
 
I – Autocomposição é o consenso entre as partes (acordo). 
 
II – Não obstante a autocomposição não ser a regra, ela está prevista na Lei n. 9.099/95 (composição civil dos danos, 
transação penal, suspensão condicional do processo). 
 
Os acordos previstos na Lei dos Juizados jamais poderão trazer como consequência uma pena privativa de liberdade. O 
máximo que a Lei autoriza é a celebração de acordos para a imposição de condições ou de penas não privativas de 
liberdade (restritivas de direito ou multa). Ademais, a própria Constituição Federal (art. 98, I) autoriza a celebração de 
acordos: 
 
CF, art. 98: “A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a 
execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os 
procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos 
por turmas de juízes de primeiro grau; 
(...)”. 
 
1.3. Jurisdição 
 
A palavra “jurisdição” resulta de duas palavras em latim: “juris” (direito) + “dictio” (dizer). Portanto, a jurisdição deve ser 
compreendida como uma das funções do Estado exercida precipuamente pelo Poder Judiciário objetivando a aplicação 
do direito objetivo ao caso concreto. 
 
Observação n. 1: há situações pontuais, nas quais os outros Poderes exercem função jurisdicional. Exemplo: julgamento 
do Presidente da República pela prática de crime de responsabilidade pelo Senado Federal. 
 
Portanto, com o passar dos anos, o Estado trouxe para si a solução dos conflitos. Concluiu-se que o ideal seria que os 
conflitos entre as pessoas fossem dirimidos por um terceiro, sobretudo pelo Estado. Inclusive, há doutrinadores que 
dizem que um dos escopos (objetivos) da jurisdição seria a pacificação social. 
 
2. Princípio do juiz natural (ver 2ª aula - noções introdutórias). 
 
É o direito que cada cidadão possui de saber antecipadamente o juiz que irá julgá-lo caso venha a praticar um delito. 
 
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3 
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3. Competência 
 
I – A jurisdição é uma função do Estado. Portanto, ela é única. Trata-se do princípio da unidade da jurisdição. 
 
II – Competência é a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão jurisdicional poderá aplicar o direito 
objetivo ao caso concreto. 
 
3.1. Espécies 
 
a) “Ratione materiae” 
 
Competência estabelecida em razão da natureza do delito. Exemplos: crimes eleitorais, militares e dolosos contra a vida. 
 
b) “Ratione personae” (“funcionae”) 
 
I - Alguns doutrinadores denominam tal competência de “ratione personae”. Traduzida para o português seria a 
competência em razão da pessoa. No entanto, tecnicamente, no âmbito processual penal, essa competência não é 
estabelecida em razão da pessoa, mas das funções por ela desempenhadas. 
 
II - É a competência por prerrogativa de função. Trata-se do direito que algumas pessoas, por exercerem determinadas 
funções, têm de serem julgadas originariamente pelos Tribunais. 
 
c) “Ratione loci” 
 
É a competência territorial ou em razão do lugar. 
 
d) Competência funcional 
 
A competência é fixada conforme a função que cada um dos vários órgãos jurisdicionais exerce em um processo. 
 
d.1) Competência funcional por fase do processo 
 
Um órgão jurisdicional diferente exerce a competência de acordo com a fase do processo. 
Exemplos: 
 
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• Tribunal do Júri: 1ª fase: juiz sumariante (pronunciar, impronunciar, desclassificar e absolver sumariamente); 2ª 
fase: juiz-Presidente e jurados. 
• Juiz do processo de conhecimento e juiz do processo de execução. 
 
d.2) Competência funcional por objeto do juízo 
 
Cada órgão jurisdicional exerce a competência sobre determinadas questões a serem decididas no processo. 
 
Exemplo: julgamento pelo Tribunal do Júri: jurados: materialidade, autoria, qualificadoras, causas de aumento e causas 
de diminuição; juiz-Presidente: o restante. 
 
d.3) Competência funcional por grau de jurisdição 
 
Divide a competência entre órgãos jurisdicionais superiores e inferiores. 
 
 d.4) Competência funcional horizontal 
 
Não há hierarquia entre os órgãos jurisdicionais. 
 
Na competência funcional por fase do processo e por objeto do juízo, geralmente, há competência funcional horizontal 
porque todos os juízos envolvidos estão no mesmo grau de hierarquia. 
 
d.5) Competência funcional vertical 
 
Há hierarquia entre os órgãos jurisdicional. 
 
Ocorre na competência funcional por grau de jurisdição. 
 
 
 
 
 
 
 
e) Competência absoluta e relativa 
 
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Quadro n. 1: 
 
 
 
Considerações: 
 
I – Há doutrinadores que entendem que a competência absoluta tutela o interesse público e, consequentemente, ela 
estaria prevista na Constituição Federal. 
 
II – A competência relativa é uma regra criada com base no interesse preponderante das partes, pois no âmbito 
processual penal não se pode falar em interesse exclusivo das partes, exceto nas hipóteses de ação penal privada 
exclusivamente privada e personalíssima. O fundamento é que na seara processual penal se lida com interesses de 
natureza indisponível (pretensão punitiva do Estado e a liberdade de locomoção do acusado). 
 
Ademais, há doutrinadores que entendem que as regras de competência relativa são aquelas previstas na legislação 
infraconstitucional. 
 
III – A competência absoluta não pode ser alterada pela conexão ou pela continência (causas modificativas da 
competência). 
 
IV – A competência relativa pode ser modificada pela conexão ou pela continência (causas modificativas da 
competência). 
 
Quadro n. 2: 
 
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Considerações: 
 
I – Alguns doutrinadores entendem que quando uma decisão fosse proferida por um juízo absolutamente incompetente 
ter-se-ia um ato inexistente. No entanto, não é a orientação que prevalece. O ideal é concluir de que se trata de uma 
nulidade absoluta. 
 
II – A arguição da incompetência absoluta após o trânsito em julgado nas hipóteses de sentença condenatóriaou 
absolutória imprópria pode ser veiculada através de “habeas corpus” ou revisão criminal. 
 
III – Conforme a doutrina majoritária, o prejuízo é presumido na incompetência absoluta porquanto se trata de 
competência prevista na Constituição Federal - no campo da atipicidade constitucional não há espaço para meras 
irregularidades ou nulidades relativas. 
 
IV – A nulidade relativa deverá ser arguida na primeira oportunidade procedimental de manifestação. 
 
V – Na incompetência relativa, caso o prejuízo não seja comprovado, a nulidade não será declarada. 
 
VI – Análise do artigo 567 do Código de Processo Penal: 
 
CPP, art. 567: “A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, quando for declarada a 
nulidade, ser remetido ao juiz competente”. 
 
➢ Doutrina: a incompetência citada pelo artigo é a relativa, pois se tratando de incompetência absoluta, a anulação 
em questão deveria abranger os atos decisórios e probatórios. Essa compreensão, inclusive, ganha reforço com o 
princípio da identidade física do juiz. 
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➢ Jurisprudência (STF): não há necessidade de anulação dos atos decisórios, caso sejam ratificados pelo juízo 
competente - a ratificação é uma causa de convalidação de uma nulidade. Portanto, por mais que o ato decisório ou 
probatório tivesse sido praticado perante um juízo incompetente, ele poderia ser ratificado pelo juízo competente. 
Precedente: 
 
STF: “(...) Tanto a denúncia quanto o seu recebimento emanados de autoridades incompetentes rationae materiae são 
ratificáveis no juízo competente". (STF, Pleno, HC 83.006/SP, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 29/08/2003). 
 
Quadro n. 3: 
 
 
 
Considerações: 
 
I – A incompetência absoluta deve ser reconhecida de ofício (violação da Constituição Federal) e pode ser reconhecida 
enquanto não esgotada a jurisdição do juiz - o esgotamento da jurisdição ocorre com a publicação da sentença1. 
 
II – A incompetência relativa deve ser reconhecida de ofício (interesse púbico residual). Atenção: a S. 33 STJ foi criada 
para o processo civil (e não para o penal): 
 
S. 33 STJ: “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”. 
 
 
1 CPC, art. 494: “Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: 
I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo; 
II - por meio de embargos de declaração”. 
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A incompetência relativa pode ser reconhecida de ofício pelo juiz até o início da instrução probatória. O fundamento é o 
princípio da identidade física do juiz: 
 
CPP, art. 399, § 2º: “O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”. 
 
Quadro n. 4: 
 
 
 
4. Guia para fixação de competência 
 
➢ 1º – Competência de justiça: qual a justiça competente? 
 
I - No âmbito criminal ela poderá ser a Justiça Eleitoral, a Justiça do Trabalho*, a Justiça Militar (União e Estados) ou a 
Justiça Comum (Federal e Estadual). 
 
II - A Justiça Estadual tem competência residual. Em outras palavras, ela julga o que não é julgado pelas outras Justiças. 
 
➢ 2º - Competência originária: o acusado tem foro por prerrogativa de função? 
 
➢ 3º - Competência de foro/territorial: qual a comarca/seção judiciária competente? 
 
Expressão “comarca”: Justiça Estadual; expressão “seção judiciária”: Justiça Federal. 
 
➢ 4º - Competência de juízo: qual é a vara (juízo) competente? 
 
Fixada através da distribuição ou da prevenção. 
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➢ 5º - Competência interna: qual é o juiz competente? 
 
Em tese todas as varas deveriam possuir um juiz titular e um substituto. O ideal é que a distribuição ocorra de forma 
aleatória. 
 
➢ 6º - Competência recursal: a quem compete o processo e julgamento de eventual recurso? 
 
5. Competência criminal da Justiça Militar da União e dos Estados 
 
I - Importância da matéria: 
 
• Tendência de intervenção das forças armadas. 
• Lei n. 13.491/17: alteração da competência da Justiça Militar. 
 
II – A Justiça Militar brasileira subdivide-se em Justiça Militar da União e Justiça Militar dos Estados e suas competências 
são completamente diversas – distinções acentuadas pela EC n. 45/04. 
 
III – Previsões constitucionais e observações: 
 
➢ Justiça Militar da União: 
 
CF, art. 124: “À Justiça Militar [da União] compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar”. 
 
Observações: 
 
• A Justiça Militar da União pode ter como acusados tanto militares (Forças Armadas) como civis2. 
 
2 Tanto o STF como o STJ tem adotado uma interpretação restritiva quanto à competência da Justiça Militar da União 
para o julgamento de civis. Inclusive, tramita no Supremo uma ADFP, na qual se discute exatamente essa competência. 
Conforme alguns doutrinadores, o civil não poderia ser julgado pela Justiça Militar da União em tempos de paz 
(somente em tempos de guerra): 
ADPF n. 289 (em tramitação perante o STF): ajuizada pelo PGR com o objetivo de dar interpretação conforme a 
Constituição ao art. 9º, incisos I e III, do Código Penal Militar, para que seja reconhecida a incompetência da Justiça 
Militar para julgar civis em tempo de paz e para que tais crimes sejam submetidos a julgamento pela Justiça Comum, 
Federal ou Estadual. 
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• A competência da Justiça Militar da União leva em consideração apenas o critério da matéria (“ratione 
materiae”). 
• A Justiça Militar da União não tem competência cível. 
• A Constituição Federal não faz nenhuma ressalva quanto à competência do júri quando a vítima for civil. 
• A Lei n. 13.491/17 passou a prever (CPM, art. 9º, § 2º) várias hipóteses de possíveis crimes dolosos contra a vida 
que poderão ser julgados pela Justiça Militar da União. 
 
➢ Justiça Militar dos Estados: 
 
CF, art. 125, § 4º: “Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares 
definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima 
for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das 
praças (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). 
§ 5º: Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos 
contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Consleho de Justiça, sob a presidência de 
juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares”. 
 
Observações: 
 
• A Justiça Militar estadual somente julga militares dos Estados (policial militar, bombeiro e policial rodoviário 
estadual, em alguns Estados). 
• A condição de militar deve ser aferida à época do delito. 
• A competência da Justiça Militar dos Estados é definida com base em dois critérios: 
 
✓ “Ratione personae”: militares dos Estados. 
✓ “Ratione materiae”: crimes militares definidos em lei. 
 
• A Justiça Militar estadual tem competência cível (outorgada pela EC n. 45/04): processar e julgar ações judiciais 
contra atos disciplinaresmilitares. 
• Quando a Constituição trata da Justiça Militar estadual ela expressamente ressalvou a competência do júri 
quando a vítima for civil. 
 
IV – Quadro comparativo: 
 
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V – Súmulas: 
 
➢ S. 53 STJ: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar civil acusado de prática de crime contra 
instituições militares estaduais”. 
 
A Justiça Militar dos Estados não julga civis, conforme a Constituição Federal. Portanto, ainda que o civil pratique um 
crime contra as instituições militares estaduais, ele será julgado pela Justiça Comum estadual. 
 
➢ S. 78 STJ: “Compete à Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito [crime 
militar] tenha sido praticado em outra unidade federativa”. 
 
A Justiça Militar dos Estados tem como critério de fixação de competência a pessoa do acusado (“ratione personae”) e 
nesta pouco importa o local do delito. 
 
VI – Órgãos jurisdicionais: 
 
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5.1. Nova competência da Justiça Militar (Lei n. 13.491/17) 
 
A Lei n. 13.491/17 alterou o Código Penal Militar em dois dispositivos: 
 
• Art. 9º, II: a Justiça Militar também pode julgar os crimes na legislação penal se praticados por militares em um 
dos contextos do inciso II. 
• Art. 9º, §§ 1º e 2º: previsão da competência da Justiça Militar da União para julgar crimes dolosos contra a vida. 
 
5.1.1. Crimes previstos no Código Penal Militar e os previstos na legislação penal 
 
I – Redações do CPM: 
 
 
 
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• Redação original do CPM: eram considerados crimes militares apenas os crimes previstos no CPM – exemplos 
(não eram crimes militares): crimes de pedofilia e de abuso de autoridade3 (não previstos no CPM). 
• Redação atual do CPM: são considerados crimes militares os previstos no CPM e os previstos na legislação 
penal. 
 
II - O inciso II do art. 9º do CPM lista as hipóteses em que o militar pode praticar crime: 
 
CPM, art. 9º: Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados: (Redação dada pela Lei n. 
13.491/17) 
a) por militar em situação de atividade contra militar na mesma situação; 
b) por militar em situação de atividade, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou 
reformado, ou civil; 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que 
fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; 
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; 
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem 
administrativa militar; 
f) por militar em situação de atividade ou assemelhado que, embora não estando em serviço, use armamento de 
propriedade militar ou qualquer material bélico, sob guarda, fiscalização ou administração militar, para a prática de ato 
ilegal”; (revogada pela Lei n. 9.299/96). 
 
III – Rol exemplificativo de possíveis crimes militares previstos na legislação penal (Código Penal Comum e Legislação 
Especial): 
 
• Lei n. 4.898/65 (Abuso de autoridade) [CPM, art. 9º, II, c]; 
• Lei n. 8.069/90 (ECA); 
• Lei n. 8.666/93 (Lei de Licitações); 
• Lei n. 9.455/97 (Tortura); 
• Lei n. 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro); 
• Lei n. 9.605/98 (Crimes ambientais); 
• Lei n. 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento). 
 
 
3 S. 172 STJ: “Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que 
praticado em serviço”. 
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IV - Competência da Justiça Militar para o julgamento de crimes previstos na legislação penal, quando praticados nas 
condições do inciso II do art. 9º do CPM, mas desde que não haja previsão constitucional ou legal outorgando a referida 
competência à outra Justiça. 
 
Em outras palavras, a mudança ocorrida no CPM foi operada por uma lei ordinária (13.491/17). No entanto, segundo o 
professor, não pode ser permitido que essa Lei sobreponha-se à Constituição Federal e a outras leis especiais que 
tratem da matéria competência em sentido diverso. 
 
Exemplos: 
 
• Crimes Eleitorais (CF, art. 121) [Justiça Eleitoral]; 
• Lavagem de Capitais (Lei n. 9.613/98, art. 2º, III); 
• Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei n. 7.492/86, art. 26) (lei especial) (Justiça Federal). 
 
V – “Overruling” de certas súmulas do STJ: 
 
➢ S. 172 STJ: “Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que 
praticado em serviço”. 
 
➢ S. 6 STJ: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de trânsito 
envolvendo viatura de Polícia Militar, salvo se autor e vítima forem policiais militares em situação de atividade”. 
 
Portanto, os crimes de trânsito poderão ser julgados pela Justiça Militar porque a Lei n. 9.503/97 é legislação penal. 
 
➢ S. 75 STJ: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar 
a fuga de preso de estabelecimento penal”. 
 
➢ S. 90 STJ: “Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar, e à 
Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele”. 
 
➢ S. 47 STJ: “Compete à Justiça Militar processar e julgar crime cometido por militar contra civil, com emprego de 
arma pertencente à corporação, mesmo não estando em serviço”. 
 
A súmula foi elaborada com base no art. 9º, II, “f” do CPM. No entanto, a alínea “f” já foi revogada pela Lei n. 9.299/96. 
 
VI – As contravenções penais não são julgadas pela Justiça Militar, ainda que pratica por militar em serviço. 
 
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5.1.2. Crimes dolosos contra a vida praticados por militares contra civis 
 
A Lei n. 13.491/17 previu a competência da Justiça Militar da União para julgar crimes dolosos contra a vida, ainda que 
praticados contra civis: 
 
CPM, art. 9º, § 2º: “Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das 
Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto: 
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de 
Estado da Defesa; 
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou 
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária, 
realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas 
legais: 
a) Lei n. 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; 
b) Lei Complementar n. 97, de 9 de junho de 1999; 
c) Decreto-Lei n. 1.002, de 21 de outubro de 1969 – Código de Processo Penal Militar; e 
d) Lei n. 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral”. 
 
5.1.3. Lei n. 13.491/17 e o princípio do juiz naturalSegundo o professor, a Lei n. 13.491/17 não viola o princípio do juiz natural. No Brasil é possível a mudança de 
competência, desde que o órgão judiciário já esteja previsto antecipadamente. Ademais, essa Lei tem aplicação 
imediata, pois é uma norma genuinamente processual. 
 
5.1.5. (In) constitucionalidade da Lei n. 13.491/17 
 
Segundo o professor, a Lei não é constitucional. Quando a Lei foi aprovada pelo Congresso Nacional ela tinha um artigo 
2º, o qual foi vetado. 
 
Lei n. 13.491/17, art. 2º: “Esta Lei terá vigência até o dia 31 de dezembro de 2016 e, ao final da vigência desta Lei, 
retornará a ter eficácia a legislação anterior por ela modificada” (VETADO). 
 
Portanto, a Lei foi aprovada pelo Congresso Nacional como uma mudança de competência temporária. No entanto, ao 
ser vetado o art. 2º, o Presidente transformou uma lei temporária em uma lei permanente, desnaturando por completo 
o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional. Inclusive, o próprio Michel Temer tem doutrina nesse sentido: 
 
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“Assim, o fundamento doutrinário que alicerça a concepção de que o veto parcial deve ter maior extensão suporta-se na 
ideia de que, vetando palavras ou conjunto de palavras, o Chefe do Executivo pode desnaturar o projeto de lei, 
modificando o seu todo lógico, podendo, ainda, com esse instrumento, legislar. Basta – como se disse – vetar advérbio 
negativo. Data venia, não é bom esse fundamento, uma vez que: a) o todo lógico da lei pode desfigurar-se também pelo 
veto, por inteiro, do artigo, do inciso, do item ou da alínea. E até com maiores possibilidades; b) se isto ocorrer – tanto 
em razão do veto da palavra ou de artigo – o que se verifica é usurpação de competência pelo Executivo, circunstância 
vedada pelo art. 2º da CF (...)”. (TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 22ª ed. Malheiros Editores, 2008, 
p. 143/144). 
 
6. Competência criminal da Justiça Eleitoral 
 
I – Previsão constitucional: 
 
CF, art. 121: “Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos Tribunais, dos juízes de direito e das 
juntas eleitorais”. 
 
II – A Justiça Eleitoral tem competência para julgar crimes eleitorais. 
 
III - Os crimes eleitorais são os previstos no Código Eleitoral ou os definidos como tal na legislação especial. 
 
No entanto, para ser considerado um crime eleitoral, a jurisprudência também exige a análise do conteúdo material do 
crime (atentado ao exercício dos direitos políticos, ao processo eleitoral ou à legitimidade da vontade popular). 
 
Exemplo: caso a destruição de um título de eleitor objetive impedir o exercício do direito ao voto ter-se-á um crime 
eleitoral; já se a destruição ocorrer no contexto de uma discussão de um casal não será considerado um crime eleitoral. 
 
Jurisprudência: STJ: “A simples existência, no Código Eleitoral, de descrição formal de conduta típica não se traduz, 
incontinenti, em crime eleitoral, sendo necessário, também, que se configure o conteúdo material de tal crime. Sob o 
aspecto material, deve a conduta atentar contra a liberdade de exercício dos direitos políticos, vulnerando a 
regularidade do processo eleitoral e a legitimidade da vontade popular. Ou seja, a par da existência do tipo penal 
eleitoral específico, faz-se necessária, para sua configuração, a existência de violação do bem jurídico que a norma visa 
tutelar, intrinsecamente ligado aos valores referentes à liberdade do exercício do voto, a regularidade do processo 
eleitoral e à preservação do modelo democrático. A destruição de título eleitoral da vítima, despida de qualquer 
vinculação com pleitos eleitorais e com o intuito, tão somente, de impedir a identificação pessoal, não atrai a 
competência da Justiça Eleitoral. (...)” (STJ, 3ª Seção, CC 127.101/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Dje 20/02/2015). 
 
6.1. Conexão ou continência entre crime eleitoral e crime comum 
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Três hipóteses: 
 
• Crime estadual: Justiça Eleitoral. 
• Crime federal: Justiça Federal (separação obrigatória de processos). 
• Crime doloso contra a vida: Tribunal do Júri (separação obrigatória de processos). 
 
Jurisprudência: 
 
STJ: “(...) Constatada a existência inequívoca da prática do crime previsto no art. 171, § 3º, do Código Penal, consistente 
no emprego de fraude para a obtenção de benefício previdenciário junto ao INSS, a competência para processar e julgar 
o delito é da Justiça Federal. Na eventualidade de ficar caracterizado o crime do art. 299 do Código Eleitoral, este deverá 
ser processado e julgado na Justiça Eleitoral, sem interferir no andamento do processo relacionado ao crime de 
estelionato, porquanto a competência da Justiça Federal está expressamente fixada na Constituição Federal, não se 
aplicando, portanto, o critério da especialidade, previsto nos arts. 74, IV, do CPP e 35, II, do Código Eleitoral, 
circunstância que impede a reunião dos processos na Justiça especializada. Conflito conhecido para declarar 
competente o Juízo Federal da 3ª Vara da Seção Judiciária do Mato Grosso, o suscitado, para processar e julgar o crime 
previsto no art. 171, § 3º, do Código Penal, sem prejuízo de ser apurado, em sede própria, eventual crime eleitoral 
conexo”. (STJ, 3ª Seção, CC 107.913/MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 24/10/2012, Dje 31/10/2012). 
 
7. Competência criminal da Justiça do Trabalho 
 
I – A EC n. 45/04 ampliou a competência da Justiça do Trabalho e conferindo-lhe competência para julgar “habeas 
corpus”: 
 
CF, art. 144: “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 
2004) 
(...) 
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua 
jurisdição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
(...)”. 
 
Segundo o dispositivo, a competência se estabeleceria somente quando o ato questionado estivesse relacionado à 
jurisdição trabalhista. Exemplo (não mais subsiste): prisão civil do depositário infiel decretada por um juiz trabalhista. 
 
II – Conforme alguns, a Justiça do Trabalho passou a ter uma competência criminal genérica para julgar crimes contra a 
organização do trabalho. No entanto, o STF a afastou de plano: 
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STF: “(...) Justiça do Trabalho. Ações penais. Processo e julgamento. Jurisdição penal genérica. Inexistência. 
Interpretação conforme dada ao art. 114, incs. I, IV e IX, da CF, acrescidos pela EC nº 45/2004. Ação direta de 
inconstitucionalidade. Liminar deferida com efeito ex tunc. O disposto no art. 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da 
República, acrescidos pela Emenda Constitucional nº 45, não atribui à Justiça do Trabalho competência para processar e 
julgar ações penais”. (STF, Pleno, ADI 3.684 MC/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, Dje 72 02/08/2007). 
 
8. Competência criminal da Justiça Federal 
 
A Justiça Federal é considerada como uma Justiça Comum. Não obstante sua natureza, sua competência tem status 
constitucional (CF, art. 109). 
 
8.1. Competência “ratione materiae” (CF, art. 109, IV a XI) 
 
CF, art. 109: “Aos juízes federais compete processar e julgar: 
(...) 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de 
suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça 
Militar e da Justiça Eleitoral; 
V- os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha 
ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
V-A - as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 
45, de 2004) 
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem 
econômico-financeira; 
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e 
de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à 
naturalização; 
XI - a disputa sobre direitos indígenas”. 
 
8.2. Competência da Justiça Federal x atribuições da Polícia Federal 
 
As atribuições da Polícia Federal são muito mais amplas que a competência criminal da Justiça Federal. Assim, a Polícia 
Federal pode também investigar crimes que serão julgados pela Justiça Estadual (não há relação de congruência). 
 
8.3. Análise pormenorizada da competência criminal estabelecida no art. 109 da CF 
 
8.3.1. Crimes políticos 
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I – Os crimes políticos são aqueles previstos na Lei n. 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional). 
 
No entanto, segundo a jurisprudência, para além da previsão legal, o delito também deve envolver motivação política. 
 
Lei n. 7.170/83, art. 2º: “Quando o fato estiver também previsto como crime no Código Penal, no Código Penal Militar 
ou em leis especiais, levar-se-ão em conta, para a aplicação desta Lei: 
I – a motivação e os objetivos do agente; 
II – a lesão real ou potencial aos bens jurídicos mencionados no artigo anterior”. 
 
II – O artigo abaixo não foi recepcionado pela Constituição Federal: 
 
Lei n. 7.170/83, art. 30: “Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes previstos nesta Lei, com observância das 
normas estabelecidas no Código de Processo Penal Militar, no que não colidirem com disposição desta Lei, ressalvada a 
competência originária do Supremo Tribunal Federal nos casos previstos na Constituição. 
Parágrafo único - A ação penal é pública, promovendo-a o Ministério Público”. 
 
8.3.1.4. Recurso cabível da sentença em crime político 
 
Recurso ordinário constitucional: 
 
CF, art. 102: “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
(...) 
II - julgar, em recurso ordinário: 
(...) 
b) o crime político”; 
 
 
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