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Arno Wiese Gestão de Crédito, Cobrança e Risco Sumário 03 CAPÍTULO 2 – O que são as linhas de crédito? .................................................................05 Introdução ....................................................................................................................05 2.1 Aplicação das linhas de crédito – Pessoa Física ...................................................................05 2.1.1 Definições ......................................................................................................05 2.1.2 Cheque especial .............................................................................................06 2.1.3 Cartão de crédito ............................................................................................08 2.1.4 Contrato de crédito .........................................................................................09 2.1.5 Crédito direto ao consumidor ...........................................................................10 2.1.6 Crédito imobiliário ..........................................................................................10 2.1.7 Leasing ..........................................................................................................10 2.2 Aplicação das linhas de crédito – Pessoa Jurídica ........................................................10 2.2.1 Contratos de capital de giro .............................................................................10 2.2.2 Antecipação de recebíveis ................................................................................11 2.2.3 Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACC) ..................................................12 2.2.4 Adiantamentos sobre Cambiais Entregues (ACE) .................................................12 2.2.5 Financiamento à importação ............................................................................13 2.2.6 Linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) .........13 2.3 Os C’s do crédito ....................................................................................................15 2.3.1 Condições para o crédito .................................................................................15 2.3.2 Avaliação das informações: análise subjetiva de crédito ......................................16 2.3.3 Política e monitoramento da cobrança ...............................................................18 2.3.4 Período médio de cobrança ..............................................................................19 2.3.5 Fraudes ..........................................................................................................20 Síntese ..........................................................................................................................21 Referências Bibliográficas ................................................................................................22 05 Capítulo 2 Introdução Imagine que você foi selecionado para tomar a decisão sobre qual é a melhor estratégia de investimento em um projeto. Por meio do fluxo de caixa, você identifica que é necessário obter uma linha de crédito para completar o investimento. Qual é a linha de crédito que se adequa ao projeto em questão? Qual é a taxa de juros aplicada nesta linha de crédito? Você já deve saber que a ação da cobrança exige dos gestores uma percepção especial acerca do mercado, da carteira de clientes devedores, em relação ao seu perfil e ao prazo acordado. Além disso, conhecer as leis que regem o assunto é fundamental para apresentar uma postura ética e sociável diante das diferentes situações que levam as pessoas à inadimplência. Este capítulo, portanto, apresenta as linhas de crédito disponíveis no mercado, cujo objetivo é atender às necessidades das empresas e das pessoas físicas. Nas próximas páginas, você verá que a gestão de crédito e das taxas de juros demandam análises apuradas para que a empresa não incorra em prejuízos. Analisaremos também o perfil dos requerentes do crédito e quais são os conceitos que precisam ser observados para avaliar suas solicitações. Além disso, questões como inadimplência e prazo médio de cobrança também serão abordadas. 2.1 Aplicação das linhas de crédito – Pessoa Física É comum passarmos por uma situação na qual testemunhamos ou vivenciamos a necessidade de crédito, certo? Seja por meio do cheque especial ou do cartão de crédito, a concessão de um valor pré-determinado mediante uma taxa de juros específica faz parte do cotidiano da so- ciedade contemporânea. Neste tópico, iremos estudar quais são as linhas de créditos e as suas finalidades, bem como os cuidados necessários para a sua concessão. 2.1.1 Definições Sabemos que as linhas de crédito existem para atender às necessidades de pessoas físicas, tanto no curto, quanto no longo prazo. Geralmente, o crédito é ofertado pelos bancos comerciais, os quais são definidos pelo Banco Central do Brasil (BACEN). Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, a curto e a médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do banco comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo. Deve ser constituído sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social deve constar a expressão “Banco” (Resolução CMN 2.099, de 1994). O que são as linhas de crédito? 06 Laureate- International Universities Análise de Investimento Listamos, a seguir, as linhas de crédito mais usadas pelas pessoas físicas e que suprem suas eventuais necessidades. • Cheque especial • Cartão de crédito • Contrato de crédito • Crédito direto ao consumidor • Crédito imobiliário • Leasing Veremos, ao longo deste tópico, cada uma dessas modalidades. Acompanhe! 2.1.2 Cheque especial De acordo com o BACEN, o cheque especial consiste em um produto oriundo de uma relação contratual, cujo objeto consiste no fornecimento ao cliente de uma linha de crédito para cobrir cheques que ultrapassem o valor existente em sua conta, a qual é passível da cobrança de juros, conforme estipulado no contrato firmado entre as partes (BACEN, 2015). Imagine o cheque especial como um crédito rotativo (com valores, prazos e garantias definidos). Entenda que os bancos concedem aos clientes esse crédito mediante um limite de uso previa- mente aprovado e compatível com a renda e com o saldo médio diário, que permanece na conta por um período estipulado (normalmente três meses). Atualmente, porém, os bancos atentam, principalmente, para a renda comprovada e a ausência de restrições cadastrais no momento da concessão do crédito. Saiba que o cheque especial é considerado uma operação de crédito. O cheque (independente- mente se é especial ou comum), enquanto meio de pagamento, é legalmente considerado uma ordem de pagamento à vista, não importando a data de emissão, mas sua apresentação ao ban- co. “Do ponto de vista da operação comercial, eventuais divergências contratuais entre credor e devedor podem ou até devem ser discutidas na esfera judicial.” (BACEN, 2015). A instituição bancária define a taxa de juros e compete aos clientes aceitarem ou não. Periodi- camente, no entanto, o perfil do cliente é revisto e uma taxa diferenciada poderá ser aplicada em função do risco que ele representa à instituição. Normalmente, a taxa de juros é superior em relação a um empréstimo, pois está sempre disponível ao cliente, mesmo que este não faça uso do crédito. Há no mercado uma disparidade excessiva entre o valor das taxas de juros cobradas de cada banco. Atabela abaixo apresenta o ranking das instituições financeiras comerciais e suas res- pectivas taxas, aplicadas no período de 25/08/2015 a 31/08/2015. 07 Posição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 Instituição BCO INDUSVAL S.A BCO ALFA S.A BCO SOFISA S.A BCO CEDULA S.A BCO PAULISTA S.A BCO CAPITAL S.A BANIF BRASIL BM S.A BANCO BONSUCESSO S.A BCO DO NORDESTE DO BRASIL S.A BANCOOB BCO FATOR S.A BCO LUSO BRASILEIRO S.A BCO LA NACION ARGENTINA BCO DA AMAZONIA S.A BRB - BCO DE BRASILIA S.A BCO INDUSTRIAL E COMERCIAL S.A BCO DO EST. DO PA S.A BCO SAFRA S.A BCO DAYCOVAL S.A CAIXA ECONOMIA FEDERAL S.A BCO DO ESTADO DO RS S.A BCO BRADESCO S.A BCO DO BRASIL S.A ITAÚ UNIBANCO BM S.A BCO RENDIMENTO S.A BCO CITIBANK S.A HSBC BANK BRASIL S.A BCO MULTIP BCO SANTANDER (BRASIL) S.A BCO MERCANTIL DO BRASIL S.A Média Geral %a.a. 20,46 25,77 27,32 30,55 34,67 41,46 47,56 50,36 65,02 66,34 67,88 73,90 83,14 107,41 121,24 156,43 159,04 186,42 207,05 208,45 220,96 225,11 231,55 253,68 275,78 316,75 359,61 380,70 533,12 157,85 %a.m. 1,46 1,93 2,03 2,25 2,51 2,93 3,30 3,46 4,26 4,33 4,41 4,72 5,17 6,27 6,84 8,16 8,26 9,17 9,80 9,84 10,21 10,32 10,50 11,10 11,66 12,63 13,55 13,98 16,62 7,30 Quadro 1 – Taxas mensais e anuais do cheque especial de pessoa física por instituição financeira. Fonte: BACEN, 2015. Posição 20 22 23 24 28 Instituição CAIXA ECONOMIA FEDERAL S.A BCO BRADESCO S.A BCO DO BRASIL S.A ITAÚ UNIBANCO BM S.A BCO SANTANDER (BRASIL) S.A Média Geral %a.a. 208,45 225,11 231,55 253,68 380,70 157,85 %a.m. 9,84 10,32 10,50 11,10 13,98 7,30 Quadro 2 – As taxas mensais e anuais do cheque especial das principais instituições comerciais aplicadas no período de 25/08/2015 a 31/08/2015. Fonte: BACEN, 2015. 08 Laureate- International Universities Análise de Investimento Podemos verificar que os principais bancos comerciais do Brasil possuem a média de taxas de juros do cheque especial anual em 123,30 pontos percentuais (p.p.) acima da média das demais instituições, bem como 52,56% na variação percentual média. Bancos Principais bancos comerciais Bancos secundários Variação em p.p. Variação relativa (%) Taxa anual (%) 208,45 225,11 253,68 380,70 Taxa mensal (%) 9,84 10,32 11,10 13,98 Taxa média cheque especial Tabela 1 – Análise comparativa entre os principais bancos comerciais e os demais sobre as taxas de juros do cheque especial de pessoa física aplicadas no período de 25/08/2015 a 31/08/2015. Fonte: BACEN, 2015. VOCÊ QUER VER? Na reportagem “Taxa de juros sofre novo aumento pelo Banco Central”, transmitida no Jornal Novo Tempo, você poderá conferir como a elevação da taxa Selic impacta a vida das pessoas e das empresas. O escalonamento da elevação dessa taxa como uma forma de conter a inflação também é abordado. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=gXX5cj3yNj0&feature=youtu.be>. 2.1.3 Cartão de crédito Lendo o item anterior sobre cheque especial você deve ter se lembrado do cartão de crédito, certo? Bem, saiba que ele também é uma modalidade de crédito rotativo, pois a empresa que o concede estabelece, previamente, os valores do crédito para compras e saques. Trata-se de um meio de pagamento eletrônico que possibilita ao seu usuário adquirir bens/serviços nos estabe- lecimentos credenciados ou até mesmo realizar saques nos equipamentos eletrônicos habilitados. Assim, como o cheque especial, os bancos se baseiam na renda líquida mensal comprovada pe- los clientes. As taxas de juros cobradas são definidas, mensalmente, e podem variar em função do cenário econômico ou do risco apresentado pelo cliente (SANTOS, 2009). De acordo com o BACEN, são duas as categorias de cartão de crédito: • básico – utilizado somente para pagamentos de bens e serviços em estabelecimentos credenciados; • diferenciado – além da função convencional de pagamentos de bens e serviços, está associado a programas de benefício e/ou recompensas (programas de milhagem, seguro de viagem, atendimento personalizado no exterior etc.). 09 Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS), o volume médio de transações por meio do uso de cartões de crédito e débito, de janeiro a junho de 2015, se manteve em 903.339 transações. Isto denota que, apesar da taxa de juros chegar a 334,84% anuais, esta ferramenta ainda é bastante utilizada pelo público consumidor. Entenda, no entanto, que a taxa de juros será aplicada somente em dois casos: 1) quando o consumidor não realiza o pagamento integral da fatura em seu respectivo vencimento e 2) quando realizamos saques do limite do cartão. Janeiro 919.254 803.050 930.278 903.409 950.245 913.8001.000.000 900.000 800.000 700.000 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000 0 Total Fevereiro Março Abril Maio Junho Crédito Débito Figura 1 – Volume de transações com o uso de cartões de crédito (janeiro a junho, 2015). Fonte: ABECS, 2015. O professor Muhammad Yunus está entre as 15 pessoas mais influentes no mundo dos negócios no ranking publicado pelo Wall Street Journal, em 2013. Por quê? Bem, entre 1993 a 2011, o professor Yunus foi o diretor- geral do Grameen Bank em Bangladesh, sendo, antes disso, o diretor do projeto de microcrédito que resultou na criação do próprio Grameen. Ele também foi professor de diversas áreas na Chittagong University, em Bangladesh, e no Tennessee, nos Estados Unidos. Recebeu prêmios como o Nobel da Paz, em 2006, a Medalha Presidencial da Liberdade, em 2009, e a Medalha do Congresso Americano, em 2012. Saiba mais sobre o professor Muhammad Yunus em: <http://www.muhammadyunus.org/>. VOCÊ O CONHECE? 2.1.4 Contrato de crédito Esta linha de crédito é classificada como pontual, posto que é destinada a financiar necessidades previamente definidas. Dentre essas necessidades, podemos citar o financiamento de projetos pessoais, como os relacionados aos gastos com moradia (reformas ou construção de imóveis), saúde, educação e aquisição de bens. Saiba que o contrato de crédito é condicionado à amor- tização parcelada do principal, acrescido de juros (SANTOS, 2009). Santos (2009) também aponta a natureza deste crédito como sendo melhor assegurada quando a aprovação estiver condicionada à vinculação de bens patrimoniais dos clientes ou vinculada somente à avaliação de aval. 10 Laureate- International Universities Análise de Investimento 2.1.5 Crédito direto ao consumidor O crédito direto ao consumidor, também conhecido como CDC, é uma linha de crédito pontual, pois se conhece previamente o destino do financiamento, normalmente relacionado à prestação de serviços ou aquisição de bens duráveis, com amortizações mensais fixas, nas quais estão in- cluídos os encargos. Destina-se ao financiamento de eletrodomésticos e similares, bem como de automóveis. Em caso de inadimplência, tais bens são mantidos em garantia. Há ainda a linha de CDC sem direcionamento, conhecida comumente como crédito pessoal, o qual também se trata de uma modalidade de empréstimo cujo objetivo não é, necessariamente, a aquisição de bens ou serviços (SODRÉ apud NETO, 2010). 2.1.6 Crédito imobiliário O crédito imobiliário consiste em uma linha de crédito na qual a instituição bancária pode aprovar o cliente para adquirir um imóvel novo ou usado. O financiamentodeve ser amortizado em prestações mensais, podendo ter o prazo de até 35 anos para ser quitado, mediante o paga- mento de parcelas mensais. 2.1.7 Leasing Também conhecido como arrendamento mercantil, o leasing consiste em um contrato cujo objeto é a aquisição, por parte do arrendador (que é a empresa de leasing), do bem escolhido pelo arrendatário. Logo, o arrendador se torna o proprietário do bem, enquanto que o usufruto é do arrendatário, durante a vigência do contrato. Ao fim do contrato, pode-se prever a opção de compra, pelo arrendatário, do bem de propriedade do arrendador ou sua devolução à empresa de leasing. O mais comum no mercado é o arrendatário exercer a opção de compra. (BACEN, 2015). Entenda, portanto, que o leasing não se constitui em financiamento, pois constitui uma operação com características legais próprias. 2.2 Aplicação das linhas de crédito – Pessoa Jurídica Como nas linhas de crédito para pessoa física, as linhas de crédito para pessoa jurídica (PJ) exis- tem para atender às necessidades tanto no curto, quanto no longo prazo. Tais recursos têm como objeto o investimento atrelado às imobilizações ou ao capital de giro, quando este é insuficiente no curto prazo. Neste tópico, veremos como o financiamento do capital de giro envolve operações para financiar a produção, ao passo que os investimentos destinam-se aos gastos em instalações, máquinas, equipamentos etc. 2.2.1 Contratos de capital de giro As instituições financeiras ofertam contratos para financiamento do capital de giro das empresas, no curto prazo, tanto na modalidade de créditos rotativos, como pontuais. Mas quais são as formas de garantia? Bem, geralmente a nota promissória ou até mesmo duplicatas, previamente seleciona- das em valor que pode ser equivalente ou superior ao crédito desejado, funcionam como garantia (SANTOS, 2009). Além disso, normalmente se inclui como avalistas/fiadores os donos ou diretores das empresas. Raramente, são exigidas garantias reais (veículos, imóveis, máquinas) para esse tipo de empréstimo. 11 2.2.2 Antecipação de recebíveis Esta linha permite à empresa realizar as suas vendas a prazo, porém recebendo-as à vista do banco contratado. É um recurso que pode impulsionar os negócios, aumentando o volume de vendas sem prejudicar o capital de giro da empresa. A cessão desta modalidade de crédito é re- alizada por meio do comprometimento de antecipação dos valores de duplicatas, cheques, notas promissórias etc. mediante desconto previamente acordado entre a empresa e a instituição finan- ceira. Entenda que os riscos e encargos são de responsabilidade da empresa e, caso o emissor do cheque pré-datado, por exemplo, não cumpra seu pagamento, quem arcará com os custos (valor antecipado, diferença do desconto, multa, juros, etc.) será a empresa tomadora do crédito. Outra modalidade de antecipação de recebíveis é o Vendor, na qual a empresa vendedora con- trata um limite junto à instituição financeira tonando-se a fiadora da operação. Neste caso, os encargos financeiros serão arcados pelos compradores. Desta forma, à medida que são feitas as concessões de crédito para os clientes/compradores, o banco credita na conta corrente da empresa vendedora e emite um boleto de cobrança aos clientes/compradores dentro dos prazos acordados com o vendedor. Figura 2 – Na antecipação de recebíveis, o vendedor torna-se fiador da dívida dos clientes. Fonte: Shutterstock, 2015. Um dos benefícios que esta linha de crédito oferece ao vendedor é a possibilidade de dilatar os prazos de financiamento aos seus clientes, porém sem comprometer a sua liquidez devido ao recebimento à vista. No momento da negociação com o cliente, entretanto, a empresa deverá considerar para fins de balanço os valores relacionados aos custos e despesas, em especial os decorrentes das transações financeiras. No sentido inverso ao Vendor, existe a linha denominada Compror, uma linha de crédito que per- mite ao comprador o financiamento de bens e serviços adquiridos pela sua empresa. Neste caso, o risco da operação é da empresa compradora, que também arcará com os encargos financeiros. 12 Laureate- International Universities Análise de Investimento Por intermédio desse limite, o comprador negocia em melhores condições o preço de aquisição, pois o fornecedor irá receber à vista. O tomador desta linha de crédito pode negociar com a instituição financeira o prazo de pagamento que lhe for mais adequado, mas precisa ficar atento aos juros aplicados na negociação. Um dos benefícios para o comprador é que esta operação implica em um menor risco de crédito e custo, além de apresentar melhores condições de negociação e até descontos. Existe também a possibilidade de expansão do prazo de pagamento em função do seu fluxo de caixa, a redução do custo de aquisição de mercadorias e o aumento do lucro operacional. 2.2.3 Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACC) Os Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio (ACC) constituem um mecanismo bastante co- mum entre as empresas exportadoras. Esta operação é realizada por um banco comprador de moeda estrangeira que adianta o valor da moeda nacional ao exportador, de modo total ou parcial, durante a contratação do câmbio anterior ao embarque da mercadoria. Este tipo de financiamento proporciona apoio financeiro à produção ou mesmo à comercialização externa de mercadoria. As empresas que podem fazer uso desta linha são as que exportam direta ou indiretamente (exportadoras, trading companies, consórcios e cooperativas). Saiba, porém, que a concessão do ACC está condicionada à aprovação de crédito baseada na idoneidade, solidez e pontualidade de pagamento do exportador. Sobre o adiantamento são cobrados juros variáveis em função do prazo de entrega dos documentos de embarque, valor da operação, modalidade de entrega (cobrança, carta de crédito etc.), conceito do importador e situação econômica do país do importador (SANTOS, 2009, p.15). Cabe ressaltar que nestas situações, além dos juros convencionais à linha de crédito, o tomador está sujeito à variação do dólar americano ante a moeda nacional e às taxas aplicadas pelo ban- co intermediador do exterior, cujo período ocorre desde a tomada até a quitação total do débito. 2.2.4 Adiantamentos sobre Cambiais Entregues (ACE) O ACE representa uma antecipação de pagamento da exportação, ou seja, uma antecipação de recursos em moeda nacional (R$) ao exportador, semelhante ao ACC, inclusive quanto à va- riação do dólar norte-americano, após o embarque da mercadoria para o exterior. Este recurso ocorre mediante a transferência ao Banco do Brasil dos direitos sobre a venda a prazo, cuja finalidade é prover recursos antecipados ao exportador, a fim de completar as diversas fases do processo de produção e comercialização da mercadoria exportada (BANCO DO BRASIL, 2009). Listamos os benefícios desta modalidade de crédito a seguir. • Taxas de juros internacionais – obtenção de recursos para produzir os bens destinados à exportação a um custo financeiro reduzido. • Capital de giro de até 360 dias antes do embarque do bem exportado (ACC). • As vendas ao exterior realizadas a prazo, com liquidação do contrato de câmbio prevista até o último dia útil do décimo segundo mês, subsequente ao embarque da mercadoria ou a prestação do serviço são recebidas à vista pelo exportador (ACE). • Isenção do Imposto sobre Operações Financeiras – IOF. 13 As modalidades de pagamento devem ser conduzidas com a participação do BB e po- dem ser por meio de crédito documentário ou cobrança documentária. • No Crédito Documentário (Carta de Crédito) é realizada a abertura de carta de crédito nas quais constam descritas as condições em que a operação deve ser concretizada. Neste caso um banqueiro também se compromete, por ordem e conta de seu cliente, a pagar a mercadoria,mediante a apresentação dos documentos representativos da transação. • Na Cobrança Documentária (com ou sem saque) o exportador entrega a um banco de sua preferência os documentos de embarque, acompanhados de um saque contra o importador. • Já na Remessa sem Saque (ou remessa direta de documentos) não existe a intermediação de um banco, pois o importador recebe diretamente do exportador os documentos de embarque (sem saque) e promove o desembaraço da mercadoria na alfândega (Banco do Brasil, 2009). VOCÊ SABIA? 2.2.5 Financiamento à importação Nesta modalidade, o banco contratado permite que o importador realize a transação de merca- dorias perante o exportador (fornecedor no exterior). Há no mercado linhas de crédito que po- dem chegar a dez anos. O Banco do Brasil disponibiliza linhas de crédito especiais às empresas que desejam importar bens de capital, máquinas, equipamentos e serviços, a fim de proporcionar a modernização do parque industrial nacional. 2.2.6 Linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Um importante agente de desenvolvimento por meio da cessão de crédito no Brasil é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Tendo por base que os produtos financeiros são os meios de crédito de longo prazo, o BNDES, por meio destes produtos, define as regras gerais, as condições e procedimentos necessários para a cessão do financiamento. Para compreendermos a importância do BNDES, para o crescimento econômico nacional, pode- mos verificar os valores de desembolsos realizados no período de 2000 a 2015 no Gráfico 1. Ao analisarmos com maior detalhe os anos de 2014 e 2015, verificaremos que a média mensal de desembolso fora de R$ 15,6 milhões e R$ 10,6 milhões, respectivamente. Embora o ano de 2015 esteja contabilizado somente até o mês de agosto, quando analisado o desembolso mensal, a variação é de 32,09% inferior em relação a 2014. 14 Laureate- International Universities Análise de Investimento An o 2 00 0 23 .0 45 ,8 3 25 .2 16 ,5 2 37 .4 19 ,2 7 33 .5 33 ,5 9 39 .8 33 ,9 0 46 .9 80 ,2 4 51 .3 18 ,0 2 64 .8 91 ,8 0 90 .8 77 ,9 1 13 6. 35 6, 36 16 8. 42 2, 75 13 8. 87 3, 44 15 5. 99 2, 27 19 0. 41 9, 04 18 7. 83 6, 87 85 .0 34 ,1 6 An o 2 00 1 An o 2 00 2 An o 2 00 3 An o 2 00 4 An o 2 00 5 An o 2 00 6 An o 2 00 7 An o 2 00 8 An o 2 00 9 An o 2 01 0 An o 2 01 1 An o 2 01 2 An o 2 01 3 An o 2 01 4 An o 2 01 5* Gráfico 1 – Desembolsos do Sistema BNDES por Setor CNAE de 2000 a 2015* (em R$ milhões) Fonte: BNDES, 2015. Aos produtos financeiros chamamos de linhas de financiamento. Essas linhas possuem finalidades específicas, isto é, cada linha destina-se a setores econômicos, empreendimentos específicos e bene- ficiários conforme o objetivo do projeto a ser financiado (BNDES, 2015). Assim, no quadro a seguir, podemos observar as principais linhas de financiamento do BNDES e as suas respectivas finalidades. Linha do BNDES Finalidade Finame Financiamentos para a produção e aquisição de máquinas e equipamentos novos. Automático Financiamento a projeto de investimento cujo valor seja, no máximo, R$ 20 milhões. Finem Financiamentos a projetos de investimento de valor superior a R$ 20 milhões. M icrocrédito Destinado a ampliar o acesso ao crédito entre os microempreendedores formais e informais. Finame Agrícola Financiamentos para a produção e aquisição de máquinas e equipamentos novos, destinados ao setor agropecuário. Finame Leasing Financiamento de aquisição isolada de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, destinados a operações de arrendamento mercantil. Soluções Tecnológicas Financiamento de aquisição de soluções para atender às necessidades de criação/modi�cação/melhoria de produto ou processo. Exim Financiamentos destinados tanto à produção e exportação de bens e serviços quanto à comercialização destes no exterior. Limite de Crédito Crédito rotativo para o apoio a empresas ou Grupos Econômicos já clientes do BNDES e com baixo risco de crédito. Empréstimo-Ponte Financiamento a um projeto, concedido em casos especí�cos, para agilizar a realização de investimentos por meio da concessão de recursos no período de estruturação da operação de longo prazo. Project Finance Engenharia �nanceira suportada contratualmente pelo �uxo de caixa de um projeto, servindo como garantia os ativos e recebíveis desse mesmo empreendimento. Fianças e Avais Prestação de �anças e avais com o objetivo de diminuir o nível de participação nos projetos. Utilizado, preferencialmente, quando a combinação de formas alternativas de funding permitir a viabilização de operações de grande porte. Quadro 4 – Linhas de financiamento do BNDES e suas respectivas finalidades. Fonte: BNDES, 2015. 15 2.3 Os C’s do crédito Neste tópico você terá contato com informações essenciais a respeito da averiguação da capa- cidade financeira dos clientes. Veremos, por exemplo, a teoria dos cinco C’s do crédito, bem como a política de cobrança das empresas e os métodos de monitoramento de crédito para a detecção e combate à fraude. 2.3.1 Condições para o crédito Sabemos que a concessão do crédito implica na avaliação da capacidade financeira do cliente em honrar o compromisso assumido, certo? Tendo isso em mente, compreenda que há uma ne- cessidade constante de monitorar o risco de crédito que a operação pode sofrer. Santos (2009, p.29) afirma que as empresas recorrem a duas técnicas para a análise do crédito: “(I) a técnica subjetiva baseada no julgamento humano; e (II) a técnica objetiva baseada em pro- cedimentos estatísticos”. Saiba que a técnica subjetiva aplica os cinco C’s do crédito na análise para a concessão ou a recusa do crédito. • Caráter: relaciona-se à probabilidade em honrar a promessa de pagamento da obrigação assumida. Sabemos que o fator moral é importantíssimo em uma avaliação de crédito, portanto, é fundamental o conhecimento dos desempenhos anteriores, tanto da empresa como dos indivíduos. Tais informações podem ser obtidas por meio de empresas especializadas de proteção ao crédito. Desta forma, o analista pode obter informações históricas e observar a pontualidade ou atraso dos pagamentos. • Capacidade: refere-se ao poder de comprometimento que a pessoa física ou jurídica apresenta para honrar o pagamento. Tal percepção dá-se por meio do julgamento de valor feito pelo analista ao verificar o potencial de geração de receita da empresa em questão. É importante ao analista compreender a estratégia da direção da empresa e, assim, avaliar sua visão de futuro e capacidade administrativa. • Capital: consiste na análise dos demonstrativos financeiros, sendo, no caso de pessoa jurídica, o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Resultado do Exercício, a Demonstração do Fluxo de Caixa e, no caso da pessoa física, os demonstrativos de pagamento do salário (holerite) e a Declaração Anual do Imposto de Renda. Nisto, com ênfase nos índices de risco e de endividamento (liquidez). Este fator avalia a capacidade financeira, as formas como são aplicados os recursos e como eles são financiados. • Colateral: são as garantias que o cliente pode oferecer por meio de seus ativos, ou seja, de sua riqueza patrimonial. No mercado de crédito esse fator é denominado de “garantia acessória”, pois torna-se uma garantia secundária a fim de proteger o credor de situações que possam comprometer a capacidade financeira do cliente (SANTOS, 2009). Saiba que, neste item, avalia-se inclusive o valor da empresa e o patrimônio no caso de pessoa física. • Condições: relaciona-sea fatores externos que podem influenciar/comprometer a capacidade do cliente em honrar os compromissos assumidos, tais como as tendências econômicas (inflação, taxa de juros, variação cambial, crescimento econômico) do país, do segmento da empresa analisada e até da pessoa física. Entenda que a análise deste fator é fundamental na determinação do risco da operação, pois momentos de crises setoriais, ou mesmo globais, podem interferir diretamente na capacidade do cliente em honrar seu compromisso. 16 Laureate- International Universities Análise de Investimento VOCÊ QUER VER? O vídeo Entenda a Crise dos Estados Unidos (Subprime) apresenta de forma rápida e clara como o fenômeno aconteceu e quais foram as suas consequências na avaliação de crédito, bem como no modus operandi das instituições financeiras. Disponível em: <https://youtu.be/wgn0izK-Svc>. 2.3.2 Avaliação das informações: análise subjetiva de crédito Após as informações levantadas sobre o cliente com base nos cinco C’s, saiba que o processo de análise de crédito continua. O analista, munido das informações e também de seu conhecimento técnico e bom-senso, elabora o diagnóstico da situação do cliente, fornecendo um parecer favo- rável ou desfavorável para a concessão de crédito. Embora, atualmente, as empresas possuam sistemas informatizados que processam os dados, a decisão final ainda é realizada por meio do exercício de rating. Segundo Pazini, Rogers e Rogers (2005), os sistemas de ratings constituem uma classificação dos níveis de risco baseada em uma série de dados, nos quais são atribuídas notas para determinados quesitos e uma nota final aos conjuntos de quesitos analisados. Dessa forma, a avaliação econômica de uma das empresas determina seu risco a partir de dados técnicos sobre a sua capacidade futura de pagamento, bem como das suas condições de cumprir com os compromissos assumidos. A Tabela 1 expressa um sistema de ratings. Classi�cação DescriçãoClasse derisco Excelente crédito comercial, quali- dade dos ativos e capacidade de pagamento. Crédito aceitável mas com risco considerável, base de ativos me- nor e menos diversi�cado. Com crédito comercial e boa liquidez. Deve-se ter a atenção especial e uma considerável observação AAA AA A BB 1 2 3 4 Probabilidade de inadimplência (%) 0 - 1 1 - 3 3 - 5 5 - 8 Tabela 2 – Modelo de sistema de rating. Fonte: Pazini, Rogers, Rogers, 2005. Outro modelo utilizado par avaliar o potencial receptor do crédito é o credit scoring, no qual o objetivo é determinar a probabilidade que o beneficiário tem de se tornar inadimplente, baseado na atribuição de probabilidades de ocorrência de inadimplência com base em informações pas- sadas. Desse modo, a concessão de crédito dá-se mediante um conjunto de informações a res- peito do histórico de comportamento do requerente. (PAZINI, ROGER E ROGER, 2005, pg. 5). Imagine que a empresa XY elaborou um rating e categorizou seus clientes em dezessete classes de risco identificadas no mercado, sendo que: 17 • de 1 a 5 são considerados os clientes de baixo risco; • de 6 a 10 de médio risco; • de 11 a 14 de alto risco; • de 15 a 17 os clientes devedores; • rating 99 significa que não foi possível classificar o risco do cliente. Rating 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 99 Classe de Risco TOTAL 5.906 Nº Score 901 a 1000 801 a 900 701 a 800 651 a 700 601 a 650 551 a 650 501 a 550 451 a 500 401 a 450 351 a 400 301 a 350 201 a 300 101 a 200 001 a 100 DF cesta eventos DF Concordata DF Falência Clientes - 123 376 342 599 511 542 527 609 335 456 760 142 146 73 - - 365 Tabela 3 – O rating de risco elaborado pela empresa XX. Fonte: Pazini, Rogers e Rogers, 2005. Neste exemplo, a análise da carteira de clientes mostra que há 5.906 clientes ativos. Nota-se que 24,38% dos clientes estão classificados como clientes de baixo risco, ao passo que a grande maioria está classificada como sendo de risco médio. Há também a constatação de que 24,47% dos clientes são de alto risco, enquanto que 1,24% são de fato devedores e 6,18% o que não foi possível classificar. VOCÊ QUER VER? A economista Mara Araújo explica por meio do vídeo “Análise de Crédito” os procedi- mentos e as análises necessárias para que as empresas possam se preparar para obte- rem o crédito desejado. Disponível em: <https://youtu.be/B1Q59ile7Ig>. 18 Laureate- International Universities Análise de Investimento 2.3.3 Política e monitoramento da cobrança As empresas, além de possuírem critérios para a concessão de crédito, precisam também es- tabelecer as políticas de cobrança, isto é, adotar os procedimentos necessários à cobrança de contas vencidas (recebíveis). Saiba que, em geral, os processos de cobrança são dispendiosos e a eficácia deve ser sempre buscada no sentido de minimizar o número de clientes inadimplentes. Os procedimentos tradicionais empregados são: envio de cartas, visitas pessoais, contatos tele- fônicos, o uso de agências especializadas e protesto. A eficiência da empresa é medida por meio do acompanhamento do índice de clientes inadimplentes e dos devedores incobráveis. É fundamental para o bom monitoramento da cobrança que se elabore um cronograma de venci- mentos das duplicatas que constituem essa cobrança. Tal procedimento exige que tais duplicatas sejam subdivididas em grupos, de acordo com a data de vencimento. Dias Mês Duplicatas a receber Porcentagem do total Corrente Dezembro $60.000 30% 0 - 30 Novembro $40.000 20% 31 - 60 Outubro $66.000 33% 61 - 90 Setembro $26.000 13% Acima de 90 Agosto $8.000 4% Total $200.000 100% Quadro 3 – É fundamental que haja um monitoramento dos vencimentos das duplicatas em carteira. Fonte: Gitman, 1997. O quadro mostra que 30% das duplicatas a receber são correntes, 20% apresentam um mês de atraso, 33% dois meses, 13% estão com três meses e 4% estão com atrasos superiores a três meses. Podemos perceber uma irregularidade ocorrida no mês de outubro, pois houve uma alta porcentagem de recebíveis. Uma hipótese para explicar o caso é a entrada de um novo cliente que realizou uma alta compra sem efetuar o pagamento, ou mesmo uma mudança de gerente de crédito. Tenha em mente que é preciso investigar as causas das discrepâncias ocorridas em um cronograma. (GITMAN, 1997). Possíveis mudanças na política de cobrança podem influenciar nas vendas, no prazo de cobran- ça, como também na porcentagem de perda de dívidas não pagas. Todas as variáveis, portanto, devem ser consideradas antes de inserir uma nova política. O departamento de cobrança das empresas deve monitorar os créditos concedidos a fim de veri- ficar se ocorrem registros de atrasos, devolução de cheques e protestos que possam comprome- ter o recebimento/liquidação dos créditos. Saiba que um dos meios empregados para monitorar o crédito consiste em traçar o perfil do cliente, que, segundo Santos (2009), pode ser feito da seguinte forma: • Mau pagador – aquele cliente que simplesmente se recusa a pagar e esquiva-se do contato com o cobrador. • Mau pagador ocasional – o cliente que, dada às circunstâncias adversas, deixa de cumprir com suas obrigações, embora tenha a intenção de pagar a dívida. • Devedor Crônico – o cliente que sempre atrasa, mas paga. Normalmente, este tipo está relacionado à má gestão de sua empresa. Lembre-se de que muitas empresas adotam medidas para renegociarem a dívida ao avaliarem a situação de inadimplência do seu cliente, o que implica em uma nova análise minuciosa para a renegociação do crédito. Dentre as medidas para minimizar ainadimplência, destacam-se: 19 prolongamento do prazo, redução na taxa de juros cobrada e o abatimento do saldo devedor por meio da concessão de descontos. Política de Crédito: uma Análise das Micro e Pequenas Empresas do Setor de Tecidos, Vestuário e Calçados de São Gotardo–MG, de Lílian Eliene Barbosa e Ney Paulo Mo- reira, publicado pela Revista Brasileira de Gestão e Engenharia em 2014. O ambiente competitivo e as restrições para a concessão de crédito levam os ofertan- tes a promoverem as vendas a prazo com o intuito de elevarem o seu faturamento. Desta forma, podemos verificar que o crédito funciona também como estratégia para atrair os consumidores. O texto apresenta, portanto, o funcionamento deste sistema de vendas a crédito e os critérios de cobrança que podem ser eficazes na redução da inadimplência. Disponível em: <http://www.periodicos.cesg.edu.br/index.php/gestaoeengenharia/ar- ticle/view/158>. VOCÊ QUER LER? 2.3.4 Período médio de cobrança Saiba que o período médio de cobrança é também conhecido como idade média das duplicatas a receber. É bastante útil para que a empresa avalie e estabeleça as políticas de crédito e cobrança. Seu cálculo é obtido por meio da divisão da média das vendas diárias pelo saldo de contas a receber. A fórmula a seguir pressupõe que todas as vendas são feitas em uma base de crédito. Duplicatas a receber x 360 dias Média de vendas por dia =Prazo Médio de cobrança Imagine que determinada empresa apresentou 103.000 duplicatas a receber. Suas vendas anu- ais foram de R$ 1.200.600,00. Calcule, então, o período médio de cobrança. Se aplicarmos a fórmula apresentada, o período médio de cobrança neste exemplo será de 30,88 dias e, pelo critério de arredondamento, teremos trinta e um dias. Se a empresa está trabalhando com prazos de trinta dias, então poderemos dizer que ela tem operado de modo eficaz, pois praticamente recebe dentro do prazo estabelecido. Por outro lado, se o prazo concedido fosse de quinze dias e ela recebesse em trinta dias, teríamos uma defasa- gem em função da pressão de mercado que trabalha com prazos maiores. 20 Laureate- International Universities Análise de Investimento No livro Análise do gerenciamento do processo de cobrança: uma proposta de fluxo- grama e layout para uma instituição de ensino, de Graciela Dias Coelho Jones, Vanes- sa Ramos Freitas e Kellen Silva Freitas, publicado pela Revista de Gestão, Finanças e Contabilidade, em 2014, a inadimplência nas instituições de ensino tem se elevado, levando-as a adotarem políticas de cobrança com o objetivo de restabelecerem suas receitas. O estudo apresentado contribui para analisar o gerenciamento do processo de cobrança em uma instituição privada de ensino, bem como apresenta os pontos crí- ticos propondo um fluxograma e alterações no layout da área financeira da instituição que fora objeto de estudo. Disponível em: <http://www.revistas.uneb.br/index.php/ financ/article/view/65>. VOCÊ QUER LER? 2.3.5 Fraudes As empresas credoras muitas vezes são vítimas de fraudes, pois os devedores usam de artimanhas para mascarar sua real situação financeira. A análise meticulosa antes de conceder o crédito, portanto, é fundamental para evitar tais fraudes. No que concerne às fraudes ao uso de cartões de crédito, (Financeiro, 2002) é preciso trabalhar em três blocos: prevenção, detecção e investigação. Sendo que a prevenção é o melhor caminho para a extinção desta prática e todos os envolvidos devem atuar em conjunto. Como você já deve imaginar, a prevenção e a detecção de fraudes são tarefas árduas que devem ter início antes mesmo da concessão de crédito. São fatores importantes: a integração com os processos de prevenção, as tecnologias de controle dos cartões de crédito, bloqueios de uso no exterior e maior atenção na solicitação de alterações cadastrais, principalmente, de endereço com solicitação de segunda via. Uma vez detectada a fraude, é preciso iniciar um processo de investigação para apuração de quem a cometeu e averiguar quais são os processos vulneráveis (internos e externos) para que sejam implantadas medidas corretivas (Financeiro, 2002). CASO São bastante comuns os casos de cartões de crédito fraudados, porém sempre pensamos que esta situação dificilmente acontecerá conosco. Saiba, no entanto, que estamos todos suscetíveis a tal ocorrência. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) apresenta em seu website um caso no qual constam os procedimentos a serem realizados e um exemplo real. Imagine que, após consultar o seu saldo bancário, uma consumidora notou que o valor era, con- sideravelmente, inferior ao de costume. Dirigiu-se então à agência bancária a fim de obter infor- mações sobre o que havia acontecido e diagnosticou que o seu cartão de crédito fora clonado. Diante disto, a cliente apresentou os documentos necessários ao gerente da sua conta, para comprovar que fora vítima de um golpe e, após três dias, o dinheiro lhe foi devolvido. Para obter mais informações a respeito desse caso e das medidas preventivas e compensatórias acesse o link: <http://www.idec.org.br/consultas/caso-real/carto-clonado-dinheiro-de-volta>. 21 Síntese Abordamos, neste capítulo, questões importante sobre as linhas crédito, certo? Vimos, por exem- plo, que: • as aplicações das linhas de crédito e suas modalidades, seja para a Pessoa Física ou Jurídica; • os juros aplicados nas principais linhas de crédito; • a importância da análise por meio dos C’s do crédito; • como se dá a análise da solicitação de um crédito; • os modos de classificação (ranting) dos requerentes de crédito; • o cálculo do período médio de cobrança; • a importância do combate às fraudes financeiras. Síntese 22 Laureate- International Universities Referências ALTMAN, E. I. et al. Gestão de Risco de Crédito: o grande desafio dos mercados financeiros globais. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, Serasa, 2009. Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS). Indicadores mensais - Gastos no Brasil. São Paulo, 2015. Disponível em: <http://www.abecs.org.br/indi- cadores-pesquisas>. Acesso: em 15 set. 2015. Banco Central do Brasil. (BACEN). FAQ - Cheques. 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