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LITERATURABRASILEIRA III Rio de Janeiro 2019 UNIVERSIDADEESTÁCIO DESÁ CURSO LICENCIATIRA: LínguaPortuguesa DISCIPLINA: Literatura Brasileira III PROFESSOR (A) TUTOR(A): Marcia PereiraDaVeigaBucheb. TÍTULO DAATIVIDADE ESTRUTURADA: APONTAR AS LEITURAS POSSÍVEIS QUEO OLHAR CONTEMPORÂNEO PRODUZ SOBRERAÇAEETINIADEFORMA PRECONCEITUOSA, APARTIR DALEITURADOS CONTOS:”NEGRINHA" DEMONTEIRO LOBATO E “CLARADOS ANJOS" DELIMABARRETO. ALUNO (A) AUTOR(A) DAATIVIDADE: SilvanaMaia Silveira. _____ INTRODUÇÃO É verdade que a Literatura temo poder de formar indivíduos culturalmente, de formar uma sociedade e transformar o pensamento. Neste trabalho, o objetivo será analisar dois autores e duas obras que marcaram, criticamente, o pensamento, a cultura e omodelo da sociedade emque viviam: Monteiro Lobato emsua obra “Negrinha" e Lima Barreto em sua obra “Clara dos Anjos. Ambos os autores, situam -se no Pré-Modernismo, período no qual procedeu a Semana de Arte Moderna. Suas obras têmcomo temas centrais os problemas sociais comoo racismo, a pobreza, a miséria, as desigualdades sociais e de gênero, as injustiças, o analfabetismo e o preconceito como forma de violência. Problemas estes, ainda presentes nos dias atuais. Monteiro Lobato: escritor brasileiro e autor do famoso Sítio do Pica-Pau Amarelo, obra emque ficou conhecido e destaque na Literatura Infantil. Fundou a Editora Monteiro Lobato e é umdos primeiros autores da Literatura Infantil do nosso país e de toda a América Latina. Suas obras retratamvilarejos decadentes e a população do Vale do Paraíba durante a crise do café. Monteiro Lobato traz emseu conto “Negrinha" a triste história de uma menina negra, órfão, magra, filha de escravos e comos olhos assustados. Vivia pelos cantos escuros da cozinha, atrofiados eramos seus dedos, sentia fome e frio e não podia chorar porque sua patroa, Dona Inácia, não gostava de ouvir choro de criança. Dona Inácia era uma mulher gorda, rica, viúva, sem filhos e mimada pelos padres. Negrinha tinha como seu único divertimento ver o cuco do relógio, quando batia a hora, abrir e fechar o bico; sofria castigos e injúrias constantemente. Um dia, as sobrinhas de Dona Inácia forampassar férias emsua casa e, foi assimque Negrinha teve sua primeira experiência como universo infantil e brinquedos. Algo que ela não conhecia. Essa experiência foi a sua maior felicidade, mas tambémfoi sua maior tristeza, porque quando as férias acabaram, as meninas foramembora levando a boneca, brinquedo que despertou seu encanto, felicidade e sonhos. Tambémfoi esses momentos de plena infância que Dona Inácia, sua patroa, teve seu únicomomento de bondade deixandoNegrinha brincar as férias inteiras comsuas sobrinhas. Coma partida das meninas, Negrinha voltou a sofrer castigos, injúrias e injustiças. Negrinha faleceu de tanta tristeza comsuas memórias cômicas das meninas, da boneca e o únicomomento de bondade de Dona Inácia. O conto “Negrinha" narra a história de uma menina negra que nascera emuma senzala e filha de escravos. Mesmo após a abolição da escravatura, a menina continuava a sofrer castigos, xingamentos e injustiças por ser negra e filha de escravos. Monteiro Lobato se utiliza do conto para fazer referência ao intenso processo econômico-social pelo qual o Brasil estava passando nas primeiras décadas do século XX e compara comos tempos de escravatura. A abolição é retratada como umfato de não garantir o fimdo preconceito no Brasil: “O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azarrogue, mas não lhe tirou da alma a gana". Neste trecho do conto, fica bemclaro o preconceito como forma de violência; sentimento de repúdio e estranhamento sobre aquele que não condiz comomodelo ideário de ser humano e, sendo este, condenado a violência, segregação e exclusão para fora da sociedade. Lima Barreto: escritor e jornalista negro, nasceu no Rio de Janeiro. Não foi umescritor de sucesso tanto que suas maiores obras forampublicadas pelo seu próprio custeio e teve negada por três vezes suas candidaturas a Academia de Letras. Lima Barreto conhecia bemos problemas de sua cidade, principalmente o racismo o qual ele sofria na pele e o social. Suas obras temo tomde livros-reportagemao trazer a história do desenvolvimento do Rio de Janeiro e o início das discussões sociais. Lima Barreto narra a triste história de Clara dos Anjos, moça mulata, pobre do subúrbio do Rio de Janeiro. Clara uma moça ingênua, superprotegida pelos país e seu padrinho estrangeiroMarrameque. Acreditava no poder do amor e acabou sendo seduzida por Cassia Jones, um jovembranco, sedutor e de classe média. Cassis Jones a convence e a ilude comcartas de amor e Clara se rende aos seus encantos do rapaz que acaba então, se entregando a ele. Comopassar do tempo, Clara descobre que está grávida e Cassis, ao tomar consciência disso, desaparece emfuga. Então, Clara resolve procurar por reparo a mãe de Casais, mas a mãe do rapaz a humilha por causa de sua condição social: mulher negra e pobre. Clara se dá conta de sua posição na sociedade. Após o discurso opressor, preconceituoso e racista de Dona Salustiana, mãe de Casssis Jones, Clara retorna para casa de sua mãe e desabafa (última página do livro): Numdadomomento, Clara ergueu-se da cadeira emque estava sentada e abraçou sua mãe, dizendo, comgrande acento de desespero. _Mamãe! Mamãe! _Que é minha filha? _Nós não somos nada nesta vida. A obra de Lima Barreto denuncia o preconceito racial diante das mulheres negras, a população pobre e o lugar das mulheres naquela época, principalmente, as negras e pobres, alvo da sociopatia e violência ( feminicídio). Considerações finais Ao analisar as obras “Negrinha" de Monteiro Lobato e “Clara dos Anjos" de Lima Barreto", nos deparamos comduas narrativas situadas em tempos distintos, mas comos mesmos problemas sociais. O conto “Negrinha" é situada, historicamente, após abolição da escravatura e “Clara dos Anjos", situada, historicamente, na formação da cidade do Rio de Janeiro, período no qual os descendentes de escravos foramempurrados para os cortiços, vielas e subúrbios para que a cidade fosse “limpa" para e ter uma imagem padrão europeia e, assim, esconder a realidade dos problemas sociais que ainda são presentes nos dias atuais. Fica claro, ao analisar as duas obras, a tragédia histórica da visão estereotipada colonizadora e suas profundas marcas ainda sentidas nos dias atuais. Anos e anos voltados e dedicados, apenas, para a história do continente europeu e suas culturas, privando-nos de entender a formação e identidade do nosso povo brasileiro. Tragédia que percorreu, e ainda percorre, como umciclo vicioso e violento. Nossa identidade brasileira não deve mais ser entendida como européia e perifericamente negra e indígena. Não basta criar leis que tornamcrimes os preconceitos raciais e de gênero. É precisomexer na estrutura da formação dos indivíduos. E é na educação a esperança de transformar o pensamento e a história do nosso povo nos trazendo a luz o reconhecimento da nossa riqueza cultural, a formação, a história e identidade do povo brasileiro. Referências Bibliográficas Negrinha de Monteiro Lobato, disponível em: https://metavest.com.br/livros/negrinha- Monteiro-Lobato.pdf. Clara dos Anjos de Lima Barreto, disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000048.pd Literatura Brasileira III Estácio de Sá.
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