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Mandado de Segurança na Justiça do Trabalho

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CURSO DE DIREITO
Mandado de Segurança no Processo do Trabalho
2019
SUMÁRIO
1	Introdução	1
2	CONCEITO E PREVISÃO	1
3	CABIMENTO	2
4	OBJETO .	3
5	COMPETÊNCIA	3
5.1	COMPETÊNCIA DA VARA DO TRABALHO	4
5.2	COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO	4
6	PRAZO	5
7	LEGITIMIDADE ATIVA	6
8	LEGITIMIDADE PASSIVA	6
9	PETIÇÃO INICIAL 	7
10	LIMINAR	8
11	HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS	8
12	MANDO DE SEGURANÇA COLETIVO	8
13	CONCLUSAO	9
14	BIBLIOGRAFIA	10
	
INTRODUÇÃO
O presente trabalho examinará o mandado de segurança previsto na Justiça do Trabalho, analisando o remédio segundo a Constituição Federal, bem como a Lei de Mandado de Segurança individual e coletivo vigente. 
Será discutido a temática do conceito de mandado de segurança previsto na Constituição Federal, as peculiaridades no que tange aos atos de ilegalidade na justiça do trabalho, bem como aplicabilidade, competência, hipóteses de não cabimento e prazo.
CONCEITO E PREVISÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA
Para compreender melhor o conceito de mandado de segurança, importante trazer o que diz o texto Constitucional a respeito, conforme previsto no artigo 5º, LXIX, LXX.
“Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.”
“O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.”
A Lei nº 12.016/09 traz no artigo 1º menciona o mandado de segurança individual e seu artigo 21 disciplina sobre o coletivo, respectivamente:
“Art. 1º. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.”
“Art. 21.  O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.”
Ante o exposto por meio do texto Constitucional, como também na lei que disciplina o mandado de segurança individual e coletivo é possível extrair a compreensão de que o mandado de segurança é um remédio constitucional, devido haver previsão na Carta Magna e reconhecido por lei prevendo proteção de direito individual ou coletivo.
O mandado de segurança, em síntese é um direito evidente sob a perspectiva processual, o qual deve ser procedimento simples e ágil, o qual o direito alegado não necessite de outras provas, a não ser aquelas produzidas na petição inicial em face de um direito ameaçado ou lesado por ato de algum agente público. 
CABIMENTO
Apesar do objetivo do mandado de segurança visar proteger direito liquido e certo de determinada pessoa contra ato abusivo de autoridade coatora, a lei traz algumas exceções, o qual caberá o remédio desde que não esteja amparado por habeas corpus e habeas data, ou seja, ou seja, só se utiliza mandado de segurança se não houver outro recurso previsto em lei.
Art. 5o  Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: 
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; 
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; 
III - de decisão judicial transitada em julgado. 
Com a Emenda Constitucional nº 45/04 passou haver previsão expressa na Constituição, no artigo 114, IV:
“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição.”
 Importante observar que além das condições da ação genérica (legitimidade, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido), o mandado de segurança exige condições específicas, ou pressupostos específicos, dos quais são:
Direito liquido e certo;
Ilegalidade do ato ou abuso de poder e;
Ato de autoridade pública.
A Súmula 33 do TST traz outra condição imprescindível: “Não caberá mandado de segurança de decisão transitada em julgado.”
 Por fim, conforme supracitado a lei hipóteses em que não caibam mandado de segurança, deverá o juiz denegar a segurança e, não simplesmente extinguir o processo sem resolução do mérito.
OBJETO DO MANDADO DE SEGURANÇA 
O objeto passível de violação que e protegido pelo mandado de segurança é o direito líquido e certo. 
Com relação ao direito líquido e certo, não há uniformidade na doutrina.
Para José dos Santos Carvalho Filhos (pag. 1102)
“(...) direito líquido e certo é aquele que pode ser comprovado de plano, ou seja, aquela situação que permite ao autor da ação exigir desde logo os elementos de prova que conduza à certeza e à liquidez.”
Com relação ao direito liquido e certo, deve este ser provado de plano, por meio de prova documental na inicial , nesse sentido é o que mostra a Súmula 415 do TST:
“Exigindo o mandado de segurança prova documental pré-constituída, inaplicável se torna o art. 284 do CPC quando verificada, na petição inicial do "mandamus", a ausência de documento indispensável ou de sua autenticação”
Desta maneira, o mandado de segurança deve observar a regra da Súmula do TST para que seja realizado analise de mérito, 
COMPETÊNCIA
Antes da EC 45, a competência funcional sempre foi dos Tribunais Regionais ou TST, os juízes das Varas do trabalho e juízes de direito investidos nas Varas trabalhista não tinham competência para realizar análise do mandado de segurança.
Com o advento da EC 45/04, o qual alterou o artigo 114 da CF, as varas do trabalho passaram a ter competência para julgar mandado de segurança.
. Competência da vara do trabalho 
Compete às Varas do Trabalho os atos de auditores fiscais do trabalho, de delegados do trabalho, de procuradores do trabalho, bem como de oficiais de cartório.
Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite:
“Com o advento da EC n.45/2004, que modificou substancialmente o art. 113. Da CF, os juízes das Varas do Trabalho passaram a ser originária e funcionalmente competentes para processar e julgar mandado de segurança (inciso IV), como nas hipóteses em que o servidor público concursado de uma empresa pública proponha tal demanda questionando a sua preterição em relação à ordem de classificação do concurso público respectivo (inciso I), ou naquelas em que o empregador pretenda discutir a validade do ato (penalidade)praticado pela autoridade administrativo integrante dos órgãos de fiscalização das relações de trabalho(inciso VII).” (PÁG 1510)
. Competência dos tribunais regionais do trabalho
Aos Tribunais Regionais compete os atos de juiz do trabalho, titular ou substituto, da Vara do Trabalho; de juiz de direito investido na jurisdição trabalhista, do próprio tribunal ou qualquer dos seus órgãos colegiados ou monocráticos.
De acordo com Carlos Henrique Bezerra Leite, em suas palavras:
“Cabe, pois, aos Tribunais Regionais do Trabalho julgar mandado de segurança, quando figurar como autoridade coatora: a) Juiz titular ou substituto, de Vara do Trabalho; b) Juiz de Direito investido na jurisdição trabalhista; c) o próprio Tribunal ou qualquer dos seus órgãos
colegiados ou monocráticos.”
. Competência do tribunal superior do trabalho
A Lei n. 7.701/88 traz previsão para julgar mandado de segurança, bem como o regimento interno do Tribunal Superior do Trabalho.
Nas palavras de Carlos Henrique Bezerra Leite: (pag. 1512)
Ao Órgão Especial – OE, em matéria judiciária, julgar mandado de segurança impetrado contra atos do Presidente ou qualquer Ministro do Tribunal, ressalvada a competência das Seções Especializadas (RITST, art. 69, I, b);
À Seção Especializada de Dissídios Coletivos – SDC, em última instância, julgar os recursos ordinários interpostos contra as decisões proferidos pelos TRTs em mandados de segurança pertinentes a DC e a direito sindical e em ações anulatórias de convenções e acordos coletivos (RITST, art. 70, II, b);
à segunda subseção Especializada de Dissídios Individuais – SDI-2, originariamente: julgar os mandados de segurança contra os atos praticados pelo Presidente do Tribunal, ou por qualquer dos Ministros integrantes da Seção Especializada em Dissídios Individuais, nos processos de sua competência ; em última instância: julgar os recursos ordinários interpostos contra decisões dos Tribunais Regionais em processos de dissídio individual de sua competência originária (RITST, art. 71, III, a, 2, c, 1).
Nesse mesmo sentido, Ensina Sério Pinto Martins: (pag. 195).
“Contra ato de funcionário ou do juízo do trabalho, o mandado de segurança continua a ser de competência dos Tribunais Regionais (art. 678, I, b, 3, da CLT), por não ter sido alterada a legislação sobre o tema. No TST, a competência será da Seção de Dissídios Coletivos (art. 2º, I, d, da Lei n. 7.701/88) ou da Subseção de Dissídios Individuais 2 (art. 3º, I, b, da Lei n. 7.701/88).” 
PRAZO
O prazo fixado para o mandado é de 120 dias da data que o interessado tomou ciência do ato impugnado.
Trata-se de prazo decadencial, consequentemente não sofre suspensão ou interrupções, conforme Súmula 632 do STF:
“É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado de segurança.”
Nem mesmo se ocorrer pedido de reconsideração na via administrativa terá poder de interromper o prazo para o mandado de segurança, é o que dispõe a Súmula 430 do STF:
“Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado de segurança.”
LEGITIMIDADE ATIVA
No mandado de segurança individual, impetrante é aquele que sofre ou que tem justo receio de sofrer violação em seu direito por parte da autoridade. Quer dizer : ou a ofensa já ocorre ou existe a ameaça de ocorrer. Conquanto seja silente o mandamento constitucional (art. 5º, LXIV), a LMS foi expressa em mencionar como impetrante tanto faz a pessoa física como a pessoa jurídica (art. 1º). (carvalho filho pag. 1103)
Importante também mencionar o que a própria lei que disciplina o mandado de segurança (Lei n. 12.016/09) traz no artigo 1º, § 3º:
“Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança. “
LEGITIMIDADE PASSIVA
Conforme artigo 1º da n. lei 12.016/09, o mandado de segurança é cabível em face de ato de autoridade.
Melhor a definição trazida por Carvalho Filho:
“Impetrado é o agente público, ou o agente de pessoa privada com funções delegadas, que pratica o ato violador sujeito à impugnação através do mandado de segurança, individual ou coletivo. Pode qualificar-se também como autoridade o agente do qual se origina a ordem para a prática do ato (art. 6º, § 3º, LMS).” (pag. 1104):
Importante também trazer os equiparados a autoridade coatora, conforme dispõe artigo 1º, § 1º da LMS.
“Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.”
PETIÇÃO INICIAL 
A petição é a peça de suma importância no processo, tendo em vista que é por meio dela que será materializado a pretensão do autor.
A peça deve ser feita por advogado preenchendo os requisitos formais , que no caso de mandado de segurança na justiça do trabalho, o artº 6º da Lei n. 12.016/2009, determina que deverá seguir os requisitos da lei processual: 
“Art. 6o  A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. “
 Com relação aos requisitos da lei processual, o novo CPC trata do assunto no artigo 319:
Art. 319. A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
Nesse mesmo sentido, a lei de mandado de segurança à época trouxe a inovação em que é permitido a possibilidade de o mandado de segurança ser impetrado por telegrama ou qualquer meio eletrônico, apesar de atualmente o meio mais utilizado é do sistema do próprio judiciário, contudo, na impede a realização de outros meios, é o que dispõe no art. 4º da Lei:
Art. 4o  Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar mandado de segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada. 
LIMINAR
A medida liminar é um direito, o qual quando preenchidos todos seus requisitos (relevante fundamento e perigo da demora ou perigo iminente) deve ser acatada pelo magistrado
Essa medida não quer dizer antecipação da decisão, mas sim uma medida para que se previna frustração de decisão futura.
Com relação aos efeitos da liminar o art. 7º, § 3º da lei de mandados de segurança prevê que seus efeitos perdurarão até a prolação da sentença, desta maneira pode a parte interessada promover a execução provisória da sentença. 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
Destaca se no artigo 25º da Lei n. 12.1016/09 que não há no mandado de segurança condenação a horários advocatícios:
Art. 25.  Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO
O mandado de segurança coletivo também foi disciplinado pela Constituição Federal de 1988 no art. 5º, LXX, porém, somente no ano de 2009 em que ela foi inserida na lei ordinária, o que se prevê na lei n. 12.016/09, art. 21º
Art. 21.  O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. 
As regras de competência do mandado de segurança coletivo são as mesmas regras do mandado de segurança individual, é o que se prevê na Magna Carta, art. 114, IV:
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado envolver matéria sujeita à
sua jurisdição
CONCLUSÃO
O mandado de segurança é uma ação de caráter constitucional, que visa tutelar a garantia do direito líquido e certo, possui natureza civil e regula-se por legislação própria.
No Processo do Trabalho tanto o mandado de segurança individual quanto o coletivo visam impedir ou coibir o abuso de autoridade do judiciário trabalhista. 
O mandado de segurança como mecanismo do processo na Justiça do Trabalho, tem por objetivo viabilizar a concretização do princípio do acesso à justiça, desta maneira, deixar em pé de igualdade as partes, tratando demasiadamente igualitárias.
BIBLIOGRAFIA
CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa; NETO, Francisco Ferreira Jorge. Pratica Jurídica Trabalhista. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2019, págs. 489 a 5011.
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 31 ed. São Paulo: Atlas, 2017, pág. 1.102.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 2015, págs. 1.505 a 1.549.
MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 41ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019, págs. 743 a 757.

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