Prévia do material em texto
Dermatologia Estética Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Flavia Maria Pirola Pelá Revisão Textual: Prof.ª Me. Natalia Conti Anatomia e Fisiologia da Pele − Anexos Cutâneos • Anatomia da Pele; • Epiderme; • Células da Camada Basal; • Junção Dermoepidérmica; • Derme; • Classificação da Pele. · Compreender a estrutura da pele e anexos. OBJETIVO DE APRENDIZADO Anatomia e Fisiologia da Pele − Anexos Cutâneos Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Anatomia e Fisiologia da Pele − Anexos Cutâneos Anatomia da Pele A superfície do corpo é envolta por um órgão complexo, a pele. Pele é uma membrana resistente e flexível que envolve todo o corpo protegendo o organismo contra a perda de água por evaporação e impede a penetração de agentes químicos ou bacteriológicos. O peso da pele corresponde a 15% do peso corporal, sua su- perfície mede aproximadamente 1,50 m e a quantidade de sangue que está contida nos vasos cutâneos pode chegar a 1.800 ml., ou seja, 30% do sangue circulante. A espessura da pele varia de acordo com a região do corpo, o sexo, a idade e o indivíduo. A cor é determinada fundamentalmente pela existência em maior ou menor quantidade de melanina, e secundariamente pela espessura da epiderme e conteúdo sanguíneo nos vasos da derme. Existem em toda a superfície dois tipos de orifícios distintos: “óstium folicular” ou folículo pilosebáseo, orifício este, de onde sai o pelo e também desemboca a glândula sebácea, são visíveis a olho nu e estão dilatados na pele seborreica. Há também os poros que correspondem ao orifício do canal da glândula sudorípara e são visíveis a olho nu. A anatomia da pele ou cutânea se divide em duas camadas: epiderme, mais externa; e a derme, mais profunda. O movimento das células em direção à superfície (se deslocam para fora e morrem progressivamente) assegura a renovação contínua da epiderme. Abaixo da epiderme está a derme, sobre a qual se assentam numerosas estruturas anatômicas importantes à função cutânea, como vasos, nervos, terminações nervosas e os anexos cutâneos, constituindo assim o chamado sistema tegumentar ou tegumento. Logo abaixo da derme situa-se a hipoderme, constituída por tecido adiposo ou células de gordura, conforme mostram as figuras 1a e 1b. Ex pl or a b Figuras 1a e 1b – Representação da Anatomia da Pele Fonte: iStock/Getty Images 8 9 Epiderme Na superfície, o manto hidrolipídico ou emulsão epicutânea consta de um com- plexo de substâncias hidrossolúveis e lipossolúveis procedentes da camada córnea, das glândulas sebáceas e sudoríparas. De acordo com a produção sebácea e o grau de umidade forma-se sobre a pele uma emulsão de água em óleo ou óleo em água. Sua elevada concentração em ácidos graxos não saturados impede que os microorganismos se desenvolvam na superfície cutânea. Esses ácidos podem intervir diretamente no metabolismo das bactérias e junto com o manto hidrolipí- dico estabelecer eficiente barreira antibacteriana e antimicótica, protege a pele do ressecamento e a mantém flexível e elástica. A epiderme é a camada que recobre toda a superfície corporal, com valor aproximado de 0,07mm a 1,6 mm de espessura na maior parte do organismo. Composta por tecido epitelial do tipo estratificado pavimentoso queratinizado, dependente de irrigação sanguínea advinda da derme e dividida em cinco camadas distintas, continuamente substituídas, com cinco tipos de células. Importante! As camadas da epiderme são: basal, espinhosa, granulosa, lúcida ou de transição e córnea, abordadas a seguir. Importante! Camada Germinativa ou Brasal (Extrato Basal ou Germinativo) A camada mais profunda da epiderme fazendo limite com a derme. Encontra- se assentada na membrana basal e se apresenta regularmente ondulada, essas ondulações se introduzem profundamente na derme, constituindo prolongamentos digitais denominados brotos interpapilares. As porções de derme que se introduzem na epiderme chamam-se papilas dérmicas. Esta camada é composta por dois tipos de células: as basais e os melanócitos. As células basais de grande capacidade reprodutiva evoluem gradualmente para células basais de grande capacidade reprodutiva evoluem gradualmente para as células espinhosas, granulosas e córneas, que são empurradas para a periferia. As células recém-formadas atravessam assim a espessura epidérmica animadas de grande vitalidade no início, para irem degenerando progressivamente até atingirem o extrato córneo (renovação celular). As células que são impelidas para a periferia, são imediatamente substituídas por células novas que surgem nas camadas germinativas, graças ao índice mitótico que permite o equilíbrio deste tecido. Esta diferenciação faz-se aproximadamente em 28 dias. 9 UNIDADE Anatomia e Fisiologia da Pele − Anexos Cutâneos Estágios da Renovação Celular: https://goo.gl/5Ad7Tg Ex pl or Células da Camada Basal Células Basais Cilíndricas, de eixo maior perpendicular à superfície cutânea, justapostas cons- tituindo fileiras únicas, possuem núcleo alongado ou oval, disposto também per- pendicularmente à superfície cutânea. As células da camada germinativa unem-se entre si com a camada malpighiana por tonofibrilas intercelulares. Melanócitos ou Melanoblastos Também chamadas células claras ou dendríticas. Distribuem-se entre as células cilíndricas basilares, em número reduzido, com aspecto de células claras, centradas por núcleo intensamente corado, bem menor que o das células basais. Produzem pigmento melânico (melanina). As partículas citoplasmáticas de pigmento chamam- -se melanossomos; estes são transferidos dos melanócitos para as células espinho- sas e, nesse processo, se distribuem também pela epiderme no deslocamento das células do corpo mucoso para a camada córnea. O melanócito consegue transferir melanina para o interior de 36 queratinóci- tos (figura 2), cuja função é proteger o DNA dos núcleos celulares; consequen- temente, bloqueia formação de radicais livres, protegendo a pele contra ação danosa dos raios ultravioletas A e B. Importante! A produção de melanina acontece através da hidroxilação do aminoácido tirosina, que se transforma em DOPA (3,4-di-hidroxifenilalanina) atravésda enzima tirosinase. Esta é produzida pelo retículo endoplasmático rugoso (RER), que oxida a DOPA em dopaquinona, gerando 2 tipos de melanina, conforme figura 3, tornando possível a classificação dos tipos de pele, conforme tabela 1: • eumelanina: de cor castanho-escuro, presente em peles de tonalidade mais escura; • feomelanina: de cores vermelha e amarela, presente em peles de tom mais claro. Importante! 10 11 Figura 2 – Representação da Estrutura do Melanócito Fonte: iStock/Getty Images Tirosina Tirosinase Tirosinase DOPA DOPAquinona DOPAcisteína DOPAcromo Feomelamina Eumelanina DHI DHICA Figura 3 – Produção de Melanina 11 UNIDADE Anatomia e Fisiologia da Pele − Anexos Cutâneos O número de melanócitos não interfere na coloração da pele, mas sim o tama- nho dos melanossomas e o aumento da atividade da tirosinase. Existem outros pigmentos que estão relacionados à produção endógena, como os carotenoides (tonalidade amarelada em nível epidérmico pela ação de certos alimentos), oxihemoglobina (cor avermelhada, derme papilar) e hemoglobina redu- zida na pele (cor azulada). Tabela 1 – Sistema de Classificação de Fitzpatick Tipo de Pele Cor da Pele Características I Branca Sempre queima, nunca bronzeia II Branca Frequentemente queima, bronzeia menos que a média III Branca Algumas vezes queima suavemente, bronzeia na média IV Branca Raramente queima, bronzeia mais que a média V Morena Raramente queima, bronzeia profundamente VI Negra Nunca queima, pigmentação profunda Camada de Malpighi ou Camada Espinhosa (Estrato Malpighiano) Camada composta de 4 a 8 fileiras de queratinócitos, células poliédricas, com núcleo volumoso. Tem como característica as tonofibrilas, que são filamentos intercelulares que mantém a aderência entre as células, constituindo a camada mais espessa da epiderme. Os queratinócitos parecem células com espinhos em sua superfície. Camada Granulosa (Estrato Granuloso) Possui de 1 a 4 fileiras de células poligonais. Contém os primeiros elementos ce- lulares vivos da epiderme. Os citoplasmas das células contêm numerosos grânulos que até há pouco tempo se pensava que fossem precursores da queratina, hoje se prefere considerá-los como subproduto da queratinização ou basófilos de querato- -hialina, que conferem resistência a esta camada. Camada Lúcida ou de Transição (Estrato Lúcido) Formada de 2 a 3 fileiras de células achatadas, ricas em eleidina (substância de aspecto oleoso com grande capacidade de refratar a luz incidente, é clara e homo- gênea). Considerada uma camada adicional, encontrada apenas na região palmar e plantar, bem como no bico do seio e lábios que nunca se bronzeiam devido à presença de eleidina. 12 13 Camada Córnea (Estrato Córneo ou Disjuntivo) É formada por células mortas, anucleadas, desidratadas, com um aspecto de finas lâminas superpostas. Compõe-se de uma substância albuminoide especial, a queratina, resultante da modificação de proteínas das células epiteliais (queratini- zação). Também o atrito repetido influencia a queratinização, constituindo os ca- los. Estas células possuem uma substância gordurosa, amarelada, de consistência comparada à cera de abelhas, o que confere proteção contra agentes químicos, concorrendo também para a impermeabilidade da pele. Não foram observados nervos, filetes ou terminações nervosas na epiderme. É possível identificar as camadas na figura a seguir. Representação das Camadas da Epiderme: https://goo.gl/6tsSEB Ex pl or Junção Dermoepidérmica Estrutura importante que compõe a pele e assegura a aderência entre a epider- me e a derme, propiciando trocas metabólicas necessárias à pele. Composta por prolongamentos basais, denominados hemidesmossomas e parte de fibras dérmi- cas; a epiderme penetra na derme através das cristas epidérmicas, e a derme se projeta na epiderme através das papilas dérmicas; estas apresentam uma série de elevações, constituindo as impressões digitais ou dermatóglios (caracterizam a indi- vidualidade da pessoa), como mostra o link a seguir. Junção Dermoepidérmica: https://goo.gl/FVsj2f Ex pl or Derme É constituída de tecido conjuntivo e em sua maior parte pelos fibroblastos, produtores de fibras colágeno e elatina, fibras reticulares, enzimas como colage- nase e estromelisina, matriz extracelular, macrófagos, linfócitos e mastócitos, re- lacionados ao sistema imunológico. Contêm ainda vasos sanguíneos e linfáticos, nervos, musculatura lisa, folículo piloso, glândulas sebáceas, canais excretores das glândulas sudoríparas e órgãos sensoriais. 13 UNIDADE Anatomia e Fisiologia da Pele − Anexos Cutâneos A derme está dividida em duas camadas pouco distintas, conforme figura 4: Figura 4 – Representação da Derme Fonte: inis.iaea.org Camada Papilar Mais externa, mais delgada, formada por tecido conjuntivo frouxo, localizada imediatamente após a epiderme – separada pela camada basal. É ela que penetra nas papilas dérmicas. Contém maior quantidade de matriz extracelular, menos colágeno e elastina, rede vascular de capilares pequenos e terminações nervosas. Camada Reticular ou Córium Mais interna, mais espessa, formada de tecido conjuntivo denso. É formada por fibras colágenas entrelaçadas e por fibras elásticas reticulares. É nessa camada que as fibras perdem a elasticidade com a idade, tornando a pele enrugada. O tecido conjuntivo compreende um gel viscoso, rico em mucopolissacarídeos, denominado substância fundamental amorfa (SFA). Um complexo viscoso e alta- mente hidrofílico de macromoléculas de glicosaminoglicanas, proteoglicanas e de glicoproteínas, que conferem resistência mecânica à pele diante de compressões e estiramentos. Tem a função de tixotropia, que é a capacidade de passar do estado líquido para o estado gel e vice-versa. Células da Derme Fibroblastos (figura 5): são as células produtoras de colágeno e elastina, bem como glicoproteínas, proteoglicanas e ácido hialurônico contidos na derme; atuam na reparação tecidual. 14 15 Fibroblasto Núcleo Nucléolo Citoplasma Aparelho de Golgi Mitocôndria �brilas de colágeno Ribossomos Retículo endoplasmático rugoso Figura 5 – Fibroblasto Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images O colágeno (figura 6) é uma glicoproteína formada pelos aminoácidos glicina, prolina e hidroxiprolina, formando cadeias polipeptídicas, fazendo parte de uma família de mais de vinte tipos no nosso organismo. Figura 6 – Fibras de Colágeno Fonte: renovatio.zaytuna.edu Há prevalência do colágeno do tipo III na derme papilar com um padrão tensional na mesma direção, denominado linhas de Langer ou linhas de tensão ou clivagem da pele; e do colágeno tipo I na derme reticular; este, quando recebe a radiação solar, sofre com o aumento da produção da colagenase, gelatinase e estromelisina, que são metaloproteinases que degradam o colágeno e a elastina. Funções da Pele • Base para a epiderme e anexos cutâneos; • Impermeabilidade cutânea/barreira protetora: previne a penetração de irritantes; 15 UNIDADE Anatomia e Fisiologia da Pele − Anexos Cutâneos • Equilíbrio hídrico: retenção de água e prevenção do ressecamento da pele por conta do fator de hidratação natural ou NMF (Natural Moisturizing Factor); • Auxilia a manutenção da pressão sanguínea normal e mecanismo ter- mo regulador; • Confere flexibilidade à pele (fibra elásticas), força tensora (fibras colágenas) amortecendo o corpo contra traumatismos mecânicos; • Atua como órgão sensorial por abrigar receptores cutâneos como recep- tores de Krause (frio), de Ruffini (calor), discos de Merkel (tato e pressão), de Valter-Pacini (pressão), de Meissner (tato) e terminações nervosas livres (principalmente dor); Receptores Cutâneos: https://goo.gl/iLUj3y Ex pl or • Barreira imunológica: defesa do organismo contra a invasão de agentes estranhos; • Controla a secreção sebácea para a manutenção do manto hidrolipídico; • Produção de vitamina D; • Metabolismo de substâncias proteicas, lipídicas e dos glicídeos (açúcares)e sais minerais; • Regula o ph superficial. Anexos da Pele A figura 7 representa a pele e seus anexos. Figura 7 – Anexos da Pele Fonte: nanocell.org 16 17 Pelos Estão contidos nos folículos pilosebáceos que resultam da invaginação da epiderme. O pelo tem crescimento cíclico em 3 fases: Fases de Crescimentos dos Pelos: https://goo.gl/Gw5JEy Ex pl or • ANÁGENA: as células germinativas se multiplicam intensamente, produzindo a haste, o que se manifesta pelo crescimento constante do pelo. Duração mé- dia: 3 anos. • CATÁGENA: fase de regressão, em que se interrompe a atividade das células matrizes, a mitose se detém, o pelo se desprende da papila e o bulbo se que- ratiniza. Esta etapa dura em média de 15 a 20 dias. • TELÓGENA: o bulbo continua sua ascensão até a superfície, pressionado por outro pelo, logo abaixo, em fase anágena. Esta fase dura entre 60 a 90 dias. No tronco, membros e supercílios as fases de crescimento e repouso não excedem a 6 meses. Em certas condições, cabelos em crescimento podem alcançar prematuramente a fase de repouso e serem eliminados mais facilmente. Os pelos em fase de cresci- mento mais prolongada e de repouso mais curta são vulneráveis à ação de diversos fatores (período febril, gravidez, afecções sistêmicas, radioterapia). Unhas São formadas por células queratinizadas (mortas), que se originam na matriz, constituídas de epiderme com suas diversas camadas, exceto a granulosa. Glândulas Sudoríparas Colaboram na regulação térmica do corpo. Abrem–se na superfície cutânea por meio de poros (óstios) ou dos folículos pilosos, são mais numerosas nas regiões palmar, plantar e axilas. Existem 2 tipos: écrinas e apócrinas. Glândulas Sudoríparas: https://goo.gl/e68SRz Ex pl or Glândulas Écrinas Encontram-se dispersas por toda a pele, principalmente na palma das mãos, planta dos pés e axilas. São glândulas tubulares que desembocam na superfície através da epiderme. Sua porção secretora localiza-se na porção inferior da derme, 17 UNIDADE Anatomia e Fisiologia da Pele − Anexos Cutâneos é formada por células grandes, cilíndricas, de citoplasma claro. Estas célula, pelo seu poder contrátil, seriam responsáveis pela expulsão da secreção sudoral. O ori- fício da glândula sudorípara, isto é, o poro apresenta-se rodeado por um anel de queratina. Algumas drogas estimulam a sudorese, outras a inibem. As glândulas écrinas são também estimuladas pela adrenalina, sendo o mecanismo dessa ativa- ção discutido. A secreção sudoral écrina é incolor, inodora, hipotônica, composta de 99% de água e solutos encontrados no plasma, porém em concentrações me- nores, especialmente sódio, cloretos, potássio, ureia, proteínas, lipídeos, aminoá- cidos, cálcio, fósforo e ferro. Em condições adversas de temperaturas, a sudorese pode atingir a produção de 10 a 12 litros em 24 horas. Glândulas Apócrinas Pela sua própria embriogênese, a partir da invaginação formadora do folículo piloso, as glândulas apócrinas desembocam em geral nos folículos pilossebásseos e não diretamente na superfície epidérmica. As glândulas apócrinas distribuem–se localizadamente no organismo, isto é, axila, área perimamilar, região anogenital e ainda modificadamente, no conduto auditivo externo constituindo as glândulas ceruminosas, nas pálpebras constituindo as glândulas de Moll e, na mama, formando as glândulas mamárias. As glândulas apócrinas são tubulares e são compostas de uma porção dutal. A porção secretora é composta por células cuja morfologia varia com o decorrer do período secretor. De início são cuboides baixas, progressivamente estas células tem sua altura aumentada para, após eliminar sua secreção, tornarem-se novamente baixas e achatadas. As glândulas apócrinas secretam pequenas quantidades de secreção de aspecto leitoso a intervalos de tempos longos. A secreção apócrina contém proteínas, amônia, ácidos graxos e às vezes, cromógenos como o indoxil, que é oxidado pelo contrato com o ar, podendo-se explicar deste modo, certos casos de cromidrose. O odor produzido pela secreção apócrina decorre da ação de bactérias próprias das regiões onde estão as glândulas sebáceas, que em contato com a secreção alimenta-se dela resultando produtos secundários odoríferos. O verdadeiro significado funcional da secreção apócrina no homem é desconhecido, admitindo-se que represente alguma função sexual vestigial desde que surja apenas na puberdade. Aparelho Pilossebáceo – Glândulas Sebáceas Estão presentes em toda a pele, com exceção das regiões palmares e plantares. Desembocam sempre no folículo pilossebáceo com ou sem pelo, como mostra a figura 8. O tamanho das glândulas sebáceas é em geral inversamente proporcional às dimensões do pelo presente no folículo correspondente. Assim, as maiores glân- dulas sebáceas são encontradas nas regiões onde o sistema piloso é menos de- senvolvido, como por exemplo, fronte e nariz. As glândulas sebáceas localizam-se heterotopicamente na mucosa bucal e lábio, constituindo-se os chamados grânulos de Fordyce. São compostos de vários lóbulos, cada um dos quais apresenta perife- ricamente uma camada de célula cúbica basófila, as células germinativas e, central- 18 19 mente células de abundante citoplasma como uma delicada rede de malhas repletas de gorduras na qual predominam os glicérides neutros. As glândulas sebáceas são ativadas pelos andrógenos, sendo independentes de estimulação nervosa. Por este motivo são moderadamente desenvolvidas no recém-nascido por ação dos andró- genos maternos passivamente transferidos. Esgotados os andrógenos transferidos passivamente, as glândulas sebáceas entram em acentuada regressão, somente se desenvolvendo novamente na puberdade por ação dos hormônios. Figura 8 - Glândulas Sebáceas Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images Classifi cação da Pele Tipos de Pele Pele Normal • Aspecto liso e aveludado, relevo fino, não é brilhante; • Flexível e elástica; • Tipo de pele de criança; • As glândulas sebáceas funcionam bem, mas com pouca produção de sebo e um bom grau de hidratação; • Suporta bem o sabonete, sem ressecamento, nem sensação de ardor. Pele Seca A pele pode ser considerada seca por falta de água (desidratada) ou por falta de gordura (alípica). Pele Mista Mistura dois tipos de pele, geralmente com oleosidade na zona T, podendo as outras áreas ser seca ou normal. 19 UNIDADE Anatomia e Fisiologia da Pele − Anexos Cutâneos Pele Oleosa Aspecto brilhante, óstios dilatados, e quando a oleosidade é excessiva, observa- se frequentemente comedões e acne. Hipoderme Tecido celular subcutâneo ou panículo adiposo. Os feixes conjuntivos entre- meados com fibras elásticas assumem disposição específica formando como que uma rede de malhas grandes, que contém em suas tramas as células adiposas. Quando há um empobrecimento deste tecido, aparecem pregas e rugas. Este estra- to contém plexos nervosos e sanguíneos, bulbos pilosos, e, no limite com a derme, glândulas sudoríparas (figura 9). Figura 9 – Camada Hipodérmica Fonte: educacaoprofissional.seduc.ce.gov.br É uma faixa tecidual, mais ou menos larga, situada abaixo da derme, à qual segue sem limites precisos, tendo volumosos lóbulos de células adiposas delimitados por septos conjuntivo-elásticos de diversas espessuras orientados obliquamente, ligando a derme à fáscia superficial, e onde alojam grossos vasos e nervos da profundidade dirigidos para a derme. A hipoderme é importante depósito de reserva calórica, variável conforme o estado de adiposidade do indivíduo, e valioso órgão amortecedor das agressões mecânicas externas. O panículo adiposo, além de ser um depósito de calorias, protege o organismo de traumas e de variações de temperaturas, modela o corpo e permite a mobilidade da pele em relação às estruturas subjacentes. É composto por adipócitos que contém em seu citoplasma uma grande quantidade de lipídeos. Os lipídeos são fundamentalmente triglicerídeos, lipocrômio (pigmento), colesterol, vitaminas e água.O tecido adiposo é um tipo especial de conjuntivo onde se observa predominância de células adiposas (adipócitos). Essas células podem ser encontradas isoladas ou em pequenos grupos no tecido conjuntivo comum, porém a maioria delas se agrupa no tecido adiposo espalhado pelo corpo. Em pessoas de peso normal, o tecido adiposo corresponde a 20-25% do peso corporal na mulher e 15-20% no homem. 20 21 Do ponto de vista anatômico, estudos histológicos evidenciam que, no sexo masculino, os lóbulos adiposos são menores e os septos fibroconjuntivos orientados de modo oblíquo à superfície da pele, o que determina menor espessura e maior resistência mecânica ao panículo adiposo masculino. Já no sexo feminino, os septos de tecido conjuntivo são perpendiculares à epiderme, facilitando a herniação adiposa através da derme. Quando considerados índices de massa corporal (IMC) semelhantes, os homens tendem a apresentar maior índice de massa magra que as mulheres. Além disso, o sexo masculino apresenta padrão central de distribuição de gordura com maiores taxas de gordura visceral e, por consequência, maior risco de complicações cardiovasculares. O sexo feminino, em contrapartida, predomina o padrão periférico de distribuição de gordura, com maior deposito adiposo nos membros e no quadril. Tais diferenças no padrão de distribuição de gordura entre os sexos devem-se tanto a fatores hormonais sistêmicos, hormônios sexuais circulantes, quanto a locais como a conversão dos andrógenos em estrógenos. Há duas variedades de tecido adiposo, que apresentam distribuição no corpo, estrutura, fisiologia e patologia diferentes (figura 10). Uma variedade é o tecido adiposo comum, amarelo ou unilocular, cujas células, quando completamente desenvolvidas, contêm apenas uma gotícula de gordura, que ocupa quase todo o citoplasma. A outra variedade é o tecido adiposo pardo, ou multilocular, formado por células que contêm numerosas gotículas lipídicas e muitas mitocôndrias. O tecido adiposo unilocular apresenta-se distribuído no corpo humano de acordo com o biotipo, sexo e idade, e constitui reserva de energia e proteção contra o frio. Figura 10 – Tipos de Tecido Adiposo Fonte: nanocell.org As células de gordura, também conhecidas como adipócitos, frequentemen- te são encontradas no tecido conjuntivo frouxo. As regiões onde os adipócitos constituem a maioria das células são denominadas tecido adiposo (gorduroso). Especializado para armazenamento de gordura, este tecido constitui a principal reserva de energia do corpo em longo prazo; também o isola contra a perda de calor, preenche fendas, e suavemente acolchoa determinadas partes da anatomia. 21 UNIDADE Anatomia e Fisiologia da Pele − Anexos Cutâneos A gordura localizada apresenta-se como um desenvolvimento irregular do tecido conjuntivo subcutâneo. Neste caso, os adipócitos apresentam-se aumentados em regiões específicas com irregularidade do tecido e aparência ondulada. O processo de desenvolvimento de gordura corporal ocorre em razão do aumento no núme- ro de células adiposas, a hiperplasia celular; do aumento no volume de células já existentes, a hipertrofia celular; bem como da combinação destes dois fenômenos. 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Anatomia e Fisiologia da Pele https://goo.gl/X7SYjQ Livros Pele – do nascimento à maturidade HARRIS, M. I. Pele – do nascimento à maturidade. Senac São Paulo, 2016. Leitura Sistema Tegumentar ANDERSON, B. A. Sistema Tegumentar. 2. ed. Traduzida. Elsevier, 2014, v.4. https://goo.gl/27yRtm A Pele e suas Conexões – 500 Questões Comentadas de Dermatologia RIBEIRO, E. A. A Pele e suas Conexões – 500 Questões Comentadas de Dermatologia. Rubio, 2013. https://goo.gl/e4rEjP 23 UNIDADE Anatomia e Fisiologia da Pele − Anexos Cutâneos Referências DÂNGELO, J. G. & FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2002. GUIRRO, E. C. O.; GUIRRO, R. R. J. Fisioterapia Dermato-Funcional: fundamen- tos, recursos e patologias. 3. ed. Revisada e Ampliada. São Paulo: Manole, 2002. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 10a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. BORGES, F. S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em Estética: conceitos e técnicas. 1. ed. São Paulo: Phorte, 2016. SOUZA, A. M.; FARIAS, E. C. Pele e anexos. In MAIO, M. Tratado de medicina estética. São Paulo: Rocca, 2004. SITTART, J. A. S; PIRES, M. C. Dermatologia para o clínico. 2. ed. São Paulo: Lemos Editorial. 1998. SAMPAIO, S. A. P.; RIVITI, E. A. Dermatologia. 2. ed. São Paulo: Artes Médicas, 2001. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. MICHALANY, J; MICHALANY, N. S. Anatomia e histologia da pele. São Paulo: Lemos Editorial, 2002. SOUZA, M. A. J.; VARGAS, T. J. S. Anatomia, fisiologia e histologia da pele. In: KEDE, M. P. V; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. 2. ed. Revista e atua- lizada. São Paulo: Atheneu, 2009. HERNANDES, F. C.; BUZATO, C. B. Células: uma abordagem multidisciplinar. 1. ed. São Paulo: Manole, 2005. GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de histologia em cores. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. TOMA, L. Aspectos moleculares da pele. In: MAIO, M. Tratado de medicina estética. São Paulo: Roca, 2004. GOMES, K.R.; DAMAZIO, G.M. Cosmetologia: descomplicando os princípios ativos. 2. ed. São Paulo: LMP, 2006. FONSECA, A. D.; SOUZA, E. M. D. Dermatologia Clínica. Rio de Janeiro: Gua- nabara Koogan, 1984. COSTA, A. Tratado Internacional de Cosmecêuticos. Rio de Janeiro: Guanaba- ra Koogan, 2012. CORMACK, David H. Fundamentos de histologia. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 1993. 24