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Kimberly Hahn �QUADRANTE A Al 1 KA m bcrly Kirk Ht hn na· 1 q 7, nos t do d , um, fomíli · 1 .. pr shit ri n . orm u- un 1 • � o s i 1 m 1 79 ou- m p tor d na prof - pr t tant , on luiu m t lo :Jia. u p qu1 d Kimb rly des o briu qu 1 r j atóli a era a úni a onfi ao ri tã a condenar ontra p ão, atitude que as confissõe protestantes abando naram na década de 1930. Foi essa doutrina aberta a vida que iniciou o processo de conversão de Kimberly, que culminaria com o seu batismo em 1990, quatro anos depois do marido. Mãe de seis filhos - todos educados por ela mesma -, a au tora hoje dedica-se a ministrar palestras e escrever 1 ivros sobre diversos temas de doutrina, es piritualidade e família. A auto biografia escrita com o marido Scott - Todos os caminhos vão dar a Roma -, em que o casal narra a sua conversão ao catol i cismo, é um fenômeno editorial ' acumulando edições em vários idiomas. 1 KIMBERL Y HAHN O Al\fOR QUE DA VIDA Tradução de Emérico da Gama �QUADRANTE São Paulo 2012 Títul original LIFE-GIVJ G LO E Cop righr © 2012 ervan r B ok Cap Roberto Ramalho Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Li' ro SP Brasil) Hahn, Kimberly O an1or que dá vida / Kimb rl Hahn· rr du -o e E 'i o Gama. - São Paulo : Quadr nte 2012 - ( o1 ção \ érri e; - -) Título original: L�fe-gi ing Lo e. ISBN: 9 8-85- 46 -O 0-8 - coleção ISBN: 9 8-85- 65-155-2. l. Casamento - Aspectos religiosos - Cri ti ni mo -· 10 ej lica - Doutrinas 3. Reprodução humana - As ecro relib'o: - Cristianismo 1. Título. II. Série 12-03604 Índice para catálogo sistemático: l. Reprodução humana : Aspectos religio o : Cri tiani mo _ Todos os direi tos reservado a QUADRANTE, Sociedade de Publicaçõe Cu.lr r · Rua Iperoig, 604 - Tel.: 3873-2270 - Fax: 36 3- - CEP 05016-000 - São Paulo - P www.quadrante.com.br / info@quadrante. on1.' r PRÓL O que este livro ensina é v rdade . onstirui um de afio. E muda a vida. Sei tudo isto porque tive a alegria e pnv1- légio de descobrir a sua verdade , o desafio que encerra a transformação que causa, ao lado da autora, que é a minha esposa, Kimberly. O que a Igreja ensina sobre o amor, o sexo e o matri mônio é verdade. Isto deveria ser óbvio por si só, já que ne nhuma outra coisa parece trazer às famílias uma felicidade duradoura. Os críticos acusam os Papas de terem perdido o contacto com a realidade e de estarem desatualizados. Mas foi "a libertação" sexual da sociedade que demonstrou não funcionar no mundo real, pois destrói lares e corações, e es maga os corpos com a doença e as almas com o pecado. Os ensinamentos da Igreja servem e funciona,m no mundo real porque se baseiam na nossa natureza. A lei mo ral procede de Deus, que criou o mundo real, a natureza humana e os nossos corpos. Ele conhece-nos melhor do que nós a nós mesmos. Ama-nos mais do que nos amamos ou podemos amar os outros. Portanto, a sua lei, longe de repri mir-nos, aperfeiçoa-nos e conduz-nos pelo bom caminho. Não é mais repressiva do que possa ser um mapa para um . . vtaJante. Isto deveria ser suficiente para aconselhá-la. Mas há . tnnr i qu qu r.lnd �1a- ·na que a rr di - risrã n u lara- mente. a ez ai . ão o urr an1inh s ue. n1 er.l de espe ar se reve am irremedi ,-dn1ente difí eis. n1pli .1- dos e e ' ti a in rânci , oer d re de lidá . • esres em o dominado pela n1ani� de ru pttn jar e controlar rerende-se fazer o mesn1 quanr ' 'id onju gal e esta é a razão pe a qual e p-ern ranr{ e ran as no pJanejamen o dos 1Jhos e no onrr le da nar lidt; d . f l a PR L I ida r a1 di rr muito pouca vezes pelo caminh qu pl - n j .. n1 . orno diz uma conhecida canção a vid ' q uil qu a ont e enquanto e ramos ocupados em le\ r a b outros planos. A doutrina da Igreja muda a vida e i to su r muit gente porque o plano de Deus para nós pode al rerar a nhos que forjan1os a respeito da vida, da carre ira d f: mí l ia. Posso dar fé desta real idade. Tinha toda a minha r reira programada detalhadamente quando Kin1b d) u re solvemos deixar de usar anticonceptivos. Tinha tudo pr pa rado para dedicar-me a um prestigioso progran1a d dour - rado em Abeerdeen, na Escócia. Mas o plano de Deus é sempre rnelhor para nó d qu teria sido qualquer dos nossos maiores sonho . Ao r r nar-me pai, aprendi o que nenhum programa de dourorad poderia ter-me ensinado: aprendi a conhecer nun1 sentido mais profundo a paternidade de Deus. Os caminhos divinos nem sempre mudam a vida no sentido que queremos, mas sim naquele de que preci arno . Seguindo a verdade perene da Igreja em matéria de amor e sexo, Kimberly e eu alcançamos um respeito e uma grat idão mais profundos entre nós e acerca do mistério do matrimo nio. Também descobrimos que não estávamos sós. Nas duas últimas décadas , foi-nos dado conhecer pessoalmente cente nas de famílias que experimentaram a mesma transforma ção, centenas de crianças encantadoras que não existi riam se seus pais não tivessem mudado de vida e de modo de pensar. Essas crianças são portadoras de uma mensagem. E este l ivro é portador dessa mensagem; procede de uma autora que sabe que está na verdade, uma verdad que constitui um desafio e que muda a existência. Ela rec b u-a com carinho do Autor da vida. Scott Hann Dedico este livro a Cri to Ai nha alma, e à minha alma g m u n1 como esposa e cooperou com da maternidade. Sempre e rar i verdade que enconrran1 e u ver juntos já Já vão vinte n . Muito obrigado a . <l� urn d > 11 �< ' tllh 4u parte da civiliza a d . m r n n Lu. f ur lh n' 't n1or qu dá vida: Mi h� 1, . l i 1. 1 111i.1h }ü· stph e avid. a n filh qu . or n1 Jnc · d· n ''· Raph J, N · 1 Franci e Angcli l·r n s. u 1 cl u amor e ora CÜ\'Ulgu m. flclm ntc a v rd d . INTRODUÇÃO Este manuscrito foi concebido há muito tempo e por fim vê a luz. Anos de palestras e artigos esparsos, tentativas intermitentes de elaborar um livro completo acabaram por dar o seu fruto. Como é mais importante viver a mensagem do que escrever sobre ela, foram necessários vários períodos sabáticos que interromperam este trabalho, enquanto me preparava e dava as boas-vindas a novos filhos. Dou graças por ter tido o privilégio de abordar nas pró ximas páginas a doutrina da Igreja sobre o ato conjugal e a abertura para a vida. Deus chamou-nos à existência, ho mem e mulher, para que fôssemos imagem do seu amor que dá vida. O meu maior desejo é convidar as pessoas casadas a participar mais plenamente da vida divina e do amor de Deus. Às vezes, há quem diga aos outros secamente: "Esta é a doutrina da Igreja. Aguente-se. Outros o fizeram!" Este mo do de ver faz com que nos sintamos como que encerrados numa prisão, sem escapatória. Mas não é a maneira de ex primir a verdade dita com amor. Mais que atar-nos, a ver dade liberta-nos para que possamos ser tudo aquilo para que fomos criados. Por isso disse Jesus: "Conhecereis a ver dade e a verdade vos libertará" Uo 8, 32). T ai como um jovem levanta o véu da sua noiva para que mostre a sua beleza, assim o Senhor tira o véu à sua l\1�11\l·IU li llN \ n1 i.l p.ll .l n\l st 1.11 o �·�pi ·ndnr 1. sua b �J "Jz : a verd d vi Yid.\ l' 'l( s t'illhlS d' l) ·us. A .lh 11ura para vida itua- e.o n . nr" h d.l no�s.l \'ida 't 111 L) ·us. N o · trata simplcsmen h.' d · un\.\ l r k1n :\ qu� �cja pr Jc;i 'O >be<l · cr, ma de uma r t li i' qu l ·nh s d� vi l:I. 1n ·u des jo n1ai · profundo - "' qu<: p .. 'l .\o S •nhor qu to los junto nheçamo n1.\t!' pr" fun bn\ 'l\t · apr · ·i ·rnos o d ·sfgnio divino que c:,n -.un inh. p.tr:\ l • li.u\ '.l tnatr i1no1 i:tl J o lugar que ocupa n.\ '-h.un�td .. l p.\ ,\ ,t .uitid·ld · l\ll · rcc IJen10·. l B L ZA PR RIA à u 1 O MEU TESTEMUNHO Sou a mais velha de cinco irmãos, fruto d ej d de um casamento transbordante de amor. Meu pai tinham pensado em ter um pequeno número de filho · rna m preenderam que Deus tinha um plano melh r e n ideraram-nos a cada um de nós como um te our quer entr " semos nos seus planos ou não. Foi tã div rrid ter r ido numa família numerosa que desejava qu o rneu furur poso quisesse ter muitos filhos. e de ejo nã e b. eava tanto numa convicção de abertura para a ida, om na vontade de imitar o exetnplo da rninh família. Scott e eu enamorarno-nos quando e...,rávamo n Grove City College, na Pensilvânia· sentimo que Deus nos chama va a servi-lo juntos. Um dia enquanto conversávamos nun1 edifício do campus, reparei que embora estivéssemos pro metidos, nunca tínhamos falado de ter filhos nem de q uan tos iríamos ter. Escolhi um n1omento oportuno para fa lar-lhe. - Scott, queres ter filhos não é verdade? Respondeu imediatamente: - É claro, mas não demasiados. 12 KIMB �RLY HAH Pensei: 'Oh não! erá que vou a ar-m com um ZPGer?" (um ZPGer é uma pe oa partidária d Zero Popu lation Growth, "cre cimento zero da população,', e portanto lim ita a sua família a doi filho para manter o atual nível de população, em vez de aumentá-lo). Re pirei profunda m ente, procurando aparentar tranquilidade. - Quantos são "não dema iado "? - Penso que não poderíamos passar de cinco ou ei . Naquele instante tive que fingir que me contentava. - Sim , é melhor que não pa semo de cinco ou seis - disse, contendo um orri o. Meses depoi numa conver a pré-matrimonial com meu pai , que é pr bit riano além dis o era meu pastor, falamos do n1étod nticoncepcionais: não se devíamos ou não utilizá-lo ma quais utilizar. Achávamos que uma das obriga - s de um cristão protestante era um cuidadoso planejamento familiar, especialmente no nosso caso, porque íamos estudar teologia no seminário e não tínhamos muito dinheiro para sustentar uma família. A anticoncepção era obviamente a opção prudente. Meu pai disse-me: - Que vais fazer para controlar a natalidade? - Vou tomar a pílula - disse-lhe. Respondeu-me: - Como pastor, não vejo nenhum problema; mas, como pai, tenho algumas objeções. Dissipei os seus receios com alguns lugares-comuns que o ginecologista nos tinha repisado, e m udamos de assunto. Fim da conversa. Papai sabia q ue, à medida que o nosso amor conjugal crescesse, cresceria o nosso desejo de ter fi lhos. De momento, o centro das atenções éramos nós e o nosso futuro casamento. A cerimônia de casamento foi magnífica, mas em ne nhum momento se mencionaram os filhos como parte da chamada que Deus dirige aos que vão constituir uma nova M� T T·MUNHO 13 famíl i a. (I to contra ta con1 o ca amento catól ico, em que os nubent se comprometem publ icamente a receber de Deus os filhos que Ele dispu er e a educá-los na sua doutrina). Três semanas depoi , Scott eu viajamos à Nova Ingla terra para que Scott estudasse no sen1inário presbiteriano de teologia de Gordon-Conwell. Depois de eu ter trabalhado um ano em tempo integral nquanto Scott não se formava, pude dedicar-me can1bém a e tudar. Foi um tempo de for mação que mudou a nos a v ida. O primeiro trabalh qu tiv qu faz r no seminário foi aprofundar no tetn do ab rro preparar uma palestra para adolescentes . Qu nt m, i expunha a verdade sobre a vida, mais via qu j en pr ciavam a sua beleza. Além dis so , estavam farto d. m ntira que lhes tinham contado no colégio acerca do borro. M as paradoxalmente muitos deles faziam perguntas so bre a anticoncepção . A princípio, i sso incomodava-me. Di zia: "Estamos saindo do rema, temos que cingir-nos ao abor to". Até que certo dia umas pessoas nos demonstraram que alguns métodos anticonceptivos , como o DIU e a pílul a, po dem ser abortivos, e que os consideravam um método infalí vel para o controle da natalidade. Fiquei horrorizada ao des cobrir que uma de cada cinco mulheres que abortam no nos so país é casada 1• Talvez a relação entre o aborto e os anti conceptivos fosse maior do que eu pensava no princípio. Como comentário pessoal , posso acrescentar que expe rimentei os efeitos secundários da mini-pílula que o gineco logista me tinha receitado. Quando procurei outro médico, perguntou-me: "Você sabia que algumas pílulas , sobretudo as mini-pílulas , são abortivas? Não impedem a ovulação , (1) A instituição National Rjght to Lift, citando estatísticas (1997) dos centros norte-americanos de con trole de doenças, verificou que 19% do abortos nos Estados Unidos se dão entre mulheres casadas. Este dado manteve-se constante durante mais de dez anos. f\ 1 \ 1 IH· J 1 Y f l 1 1 1 n ,1lt r,1n1 a p · d J inq Janta - ' . .. · p ·rpl t' r p r d p n r os r r z p r q u n a mo- n1 nr . Im diaram nt p amo n- ric nc privo de barr ira. Um cur o de é tica cri rã num minári pr t r ofer ceu-me a oportunidade de aprofundar no a unto. p rofes or mandou-nos escolher um tema d at ual idade p ra que o estudássemos e expuséssemos em pequeno grupo. Depois que soube da relação entre o aborto e o anricon ceptivos, pense i que val ia a pena estudar mai a fundo a contracepção. Sete de nós escolhemos esse tema. Quando no reuni mos no fim da aula, um dos presentes d isse: Va mo excluir qualquer coisa que seja abortiva. Mas acei taremos os méro dos anticonceptivos de barreira. Os ún ico que pen am que a anticoncepção é má são os catól ico . Foi como se de e por resolvido o assunto antes de estudá-lo. erá que não ha via outros aspectos que estudar? - Por que os catól icos opõem aos métodos anticon- cepcionais ? , perguntei em voz a l ta . Não sabia que o catól i os opunham à contracepção· n nhum an1igo católico n1 t inha mencionado esse ponto. - Só há duas razões re pondeu o rapaz sarcasticamente m tom de autoridade : a primei ra é que o Papa não está ca ado; não tem que arcar com as consequências! E a segunda é que o catól icos só querem que, quanto mais católicos haja, melhor! Con1 certeza que há mais razões que essas", pensei. E dis e: - Não acredito que os católicos expl iquem a sua posição com esses argumentos . 15 nr- p r qu tuda o que p n am?, de afiou- . , -m . u J, J o qu p n o. u faz -lo r pondi . irn o fiz. Depoi do j antar, cott e eu falamos das nossas aulas. Adtn i rou- e de que eu tivesse escolh ido o tema da contra cepção e de que outros também o fizessem . No ano ante rior ninguém o ti nha escolhido. À medida que o curso avançava, o meu assombro crescia. Comecei a fazer meus os argumentos contra os métodos anticonceptivos artificiais , que p rocediam não só de autores católicos, mas também das Escrituras . Ta1nbém me surpreendeu a s imples , mas profunda, ex pl icação do ato con jugal no contexto da fé cristã que desco bri na Encícl ica Humanae vitae de Paulo VI. Embora eu não fosse catól ica a Humanae vitae tocou-me o coração, porque mostrava um modo maravilhoso de encarar o casamento como fonte de verdade e de amor. Bem poucos anos depois de publicada, já se podia apreciar o seu caráter profético . A famosa oradora a favor da castidade, Molly Kelly, qualificou a Encícl ica como "o documento mais profético do século, porque Paulo VI nos disse que a mentalidade an ticonceptiva nos levaria à mentalidade abortiva, uma vez que - quando o filho não é considerado como um presente de Deus , antes pelo contrário deve ser preterido, prevenido ou, se tudo i sso falha, abortado -, então os nossos filhos não são em s i mesmos uma dádiva, mas um fardo. E três milhões e seiscentos mil abortos são o resultado de que a Humanae vitae fosse rejeitada ou silenciada"2• Um dia, falei com um bom amigo que me animou a (2) Ao longo deste livro, cito muitas pessoas de todo o país, identificando-as implesmente pelo nome próprio ou pelo lugar de origem a fim de proteger a sua pri vacidade. As citações que não renham uma nota no pé de página procedem de cartas que recebi e de um inquérito que dirigi. 16 KI B R HAHN considerar o reina mais profundamente. Tinha deduzido das minhas intervenções que eu parecia e tar egura de que a anticoncepção era un1 erro. - Kimberly, você parece ser firn1e1nentecontra os anti concepcionais. Continua a usá-los? A pergunta fez-n1e pensar. - Não é tão fácil - respondi -. É co mo no velho conto da galinha e do porco. Os doi pa seavam um dia pela rua, quando a galinha comentou com o p rco a generosidade do . . granJetro. ''Vamos preparar-lhe algun1a oi a de pecial " , disse a galinha. "Que te rre ? " , p r un r u porco. 'Pod n1 , prepar.u-lhe uni d jejun1 d,. ovos com ba con" di e a . ilinh·1. p r.1 ' �t n� l: nenhum problema. Trata-se de nr . P._ a n1itn e un1 c rnpr mis o total", disse o u qui di er con1 esse conto era que o meu in terlocur r. nl seminarista solteiro, não tinha de arcar com s onsequências, mas eu teria de enfrentá-las se nessa noite deixasse de usar o anticonceptivo. Mas agradeci-lhe que me ti,esse animado a viver aquilo em que acreditava. Saí da biblioteca sabendo que estava convencida; mas éramos duas pessoas no meu matrimônio. Tinha que falar demoradamente com Scott. Conversamos durante horas. Rezamos. Depois, pedi mos conselho a outros e continuamos a pensar no assunto um pouco mais. Finalmente, compreendemos que o desígnio divino para o amor conjugal é, no fundo, um abraço marital livre de artimanhas ou planos egoístas. O nosso ato de auro doação devia ser uma imagem da autodoação de Deus. Na da menos. Adiar a obediência é desobedecer. Já convencidos de T M 17 que a abertura para a id era o certo corn çamos a proc - der de acordo com essa con icção. Em 1°. de abri l , deixa mo de usar anriconcepcionais para sempre . ão m ai comprimidos, plásticos ou cremes! Esse dia, que nos Estados Unidos é o D ia dos I nocentes ("dos idiotas ou rolos ) significou para nós deixarn1os de fazer de tolos para sempre nesse cam po e assumir o papel de "tolos" por Cristo . Esc revi no meu diário : Louvado seja o Senhor! gora passamos a honrá-lo mai corn a nossa coerência. Se nhor cumpriremos sempre a rua vontade nos momentos em que Tu quiseres . I mpressionava-nos Se te e a 1nin1, que só a Igreja Ca tól ica 3 com mais de um bi l h1 de n1embros, defendesse essa valente doutrina 'bíbl ic ' trevo-me a dizer) que p ro clama ao arrepio da no ulrura, a verdade sobre a aber tura para a 'ida. Está amo con1ovidos, mas não foi ainda nesse momento que no apro ·imamos do catolicismo. De qualquer modo pen o que a emente plantada enquanto estudá' amos esse tema abriu os nossos corações, anos de pois à plenitude da fé c ristã de que é depositária a Igreja Católica . RAZÕES CO?\: 'Il\iCENTES Surpreendeu-nos ver como estavam de acordo com a ra zão a atitude católica sobre a abertura para a vida e as Escri turas que a ratificavam. Talvez seja esta a razão pela qual os protestantes defenderam unanimemente até 1930 o mesmo ponto de vista da Igreja Católica. Que descoberta! Podem-se citar muitos líderes e teólogos protestantes que (3 ão conMço nenhum outro grupo cristão que mantenha uma posição con- trária à aruiconccpçio. l 1�1BER1 1 f H d m n tr ram firm m nt e ntrári ao nar l idad . rá ido impl m nt por- u pr t ran t nã coo gui ram rradicar até 1930 úl rin1 v tígio de (( rom an i 1no' a r pei to da ét ica o ial. u não erá porque afirmaram ao longo do éculo a verda d bá ica que devem reger todo o matrimonio cristão - aról icos ou não - para que cada casal refli ta na ua família o amor vivificador da Santíssima Trindade? Afinal de contas , o casamento não é uma ins ti tuição criada pelo homem . É uma obra de Deus segundo o desíg nio de Deus. Basicamente, não se trata de um tema de de bate entre católicos e protestantes , m as entre cristãos e não cristãos. Esta é a razão pela qual m uitos não catól icos \êm retornando à concepção cristã do poder, da beleza e da ver dade que se encontram no amor con jugal vivido como Deus manda. Em 1930, a Conferência Angl icana de Lambeth, na Inglaterra, converteu-se no primeiro organ ismo oficial cris tão a aprovar o uso da anticoncepção em casos extremos. Em resposta, o jesuíta pe. David Lord publ icou a seguinte anál ise: 1) O controle da n tal idade destrói a diferença entre as prostitutas e a mulh r re peitáveis , porque elimina o ideal da 1nat rnidad ubsti tui ndo-o pelo do prazer e da autos ati fação pe soal . 2) O controle da natal idade conduz à infidelidade, por que de trói o autocontrole e a autodiscipl ina. No caso dos lt iros el in1 ina o medo às consequências. 3) Ao rejeitar a cooperação com Deus na criação dos fi- ( ) fr. h ri Provan, TI e Bible and Birth Conrrol, Zimmer, Monongahel .. P . l , ue ir lídere prore tanres da Reforma até o no os dias, daramt'nr� anri oncep -o. M U 19 lh controle da natal idade bloquei a uma nobre faculda- d ubstitui ndo-a pelo prazer . 4) O controle da natal idade afeta o futuro. Substitui o filho pela gratificação própria e assim ataca a própria fonte da vida humana . A partir de 1930, todas as denominações protestantes de importância foram abandonando a sua posição contra a anriconcepção, e hoje em dia muitas delas chegam a permi ti r o aborto e se mostram favoráveis a eutanásia. A Igreja Catól ica defende sozinha a continuidade do ensinamento cristão de todos os séculos. A p rincípio, a autoridade da Igrej a e a doutrina do Ma gistério não eram para Scott e para mim, senão uma ajuda, porque não tínhamos nenhum interesse em converter-nos ao catolicismo (Scott não acreditava que um cristão inteli gente pudesse pertencer à Igreja Católica!) . Apesar disso, a Igreja intrigou-nos pela sua disposição de tomar uma posi ção obviamente pouco popular na cultura atual , e de pro clamá-la ao mundo - independentemente de que o mundo quisesse ou não escutá-la - simplesmente porque cria que era a verdade. A IMPORTÂNCIA DA HUMANAE VITAE Em 25 de julho de 1968, pouco depois do encerramento do Concílio Vaticano li, Paulo VI publicava a esperada Encícl ica Humanae vitae. Historicamente, era uma época de muita confusão: estava em pleno auge a revolução sexual ; considerava-se a pílula como o anticonceptivo perfeito, que (5) David Lord, S.J . , Five Great Encyclicals, Nova York, s.a., pág 92; citado por Alfred M. Rehwin kel, Planned Parenthood and Birth Control in the Light of Christian Ethics, Concordia, St. Louis, 1958, pág. 37 e segs. 20 KIMB RLY HAH tinha sido aguardado durante tanto tempo como remédio para as doenças sociais relacionadas com a superpopulação; e o próprio clero catól ico recomendava ao Papa que adaptasse a Igre ja aos tempos , conforme sol icitava no seu rel atório a Comissão que tinha sido criada por João XXIII . Paulo VI reconheceu o méri to do trabalho da Comis são, mas deixou de lado a conclusão a que tinha chegado. Reiterou a responsabilidade da autoridade docente da Igreja em interpretar fielmente a situação à l uz da Sagrada Escritu ra e da Tradição . Em muito poucas páginas , explicou o de sígnio de Deus para o matrimônio cristão e o ponto de vista da Igreja acerca da anticoncepção, da esteril ização e do aborto no quadro da santidade do matrimônio. Não era essa a mensagem que muitos , dentro ou fora da Igreja, queriam ouvir. No começo, foram muitos, mesmo entre os teólogos e sacerdotes catól icos, que zombaram da quilo que, do ponto de vista deles, revelava uma Igreja anti quada, empenhada em ser obedecida por pessoas de pensa mento l ivre e sem preconceitos que entendiam os tempos. No entanto, como disse atrás , o documento mostrou ser profético quando descreveu a cultura de morte que aguarda os que rejeitam a bela doutrina acerca da vida e do amor que Deus nosso Senhor estabeleceu na Igreja Católica. Essa foi a primeira Encíclica que Scott e eu lemos sendo ainda protestantes. O seu modo direto - sem deixar de ser pastoral - de encarar uma matéria tão difíci l deixou-nos im pressionados . A sua doutrina não dependia dos tempos; expunha verdades intemporais com as quais se poderiam re cuperar os alicerces da nossa cultura. Uma mãe de Haslett, Michigan, escreveu-nossobre a importância que a Humanae vitae teve na sua vida conjugal: "O meu marido era quem mais estava convencido acer ca da doutrina da Igreja. Quanto a mim, o que me ajudava a rejeitar a contracepção era a questão estética: os riscos de '- lt r r 1n-n1 d u T M H m u rp m a pílula o r m r pul a. Finalm nte o meu cor çã l r ntender a Humanae vitae . ... 1 t . u - ramb m 1nu- uma pena que muitos católicos nunca renham xperi m nr do uma reação semelhante ao lerem e ta doutrin, ucinta n1as magnífica. FAZER CASO OMIS O DA HUMANAE VITAE Às vezes, são os parentes que tentam convencer os ca a dos a não seguir a doutrina da Igreja neste ponto se não es tão de acordo com ela. Uma m ulher conta: 'Meu m arido e eu usávamos anticoncepti os quando nos casamos. Até que um dia a minha irmã nos telefonou da Indonésia , chorando e suplicando que a perdoássemos. Como, graças a Deus, nos dávamos bem , não compreendi que m al poderia ela ter-me causado do o utro lado do ocea no. Pedia-me perdão porque me tinha animado a usar a pí lula quando me casei , e, no caso dela e de outros conheci dos, parecia ter dado certo. Mas depois soube que podia provocar um aborto. Disse-me que nos m andaria informa ções sobre o assunto, bem como sobre o planejamento fa miliar natural (PFN) e a doutrina da Igreja". Ainda q ue no começo o telefonema da irmã tivesse des concertado essa senhora, ajudou-a a cair em si e a viver se gundo a verdade. Às vezes, os p ais recomendam aos filhos que não te nham m uita descendência para que não passem pelos sacri fícios q ue eles tiveram de passar. Embora estejam cheios de boa intenção, esses pais, como também parentes e amigos, l �1 y b doria do mund orn bedoria divi m1go: n . m 01- de hingron c m nt 'Do que r almenre preci á amo ra de um bom estímu lo bíblico e que no anin1a n1 a f; zer qu Deus queria de nós isto é a dei ar que D u fo e D u planeja e a nossa família. É surpreendente r 01no os crit 'rio do n1undo se infiltrar m ho ·e em di ntre pe o d Igreja . Há n1uit qu n . outr im rn Leil : . n nr 111 r- a par d doutrina da Igreja· it r a ua autoridade, como ntra pç-o era um fato tão nor v r o dente . Eu tinha ouvido r um nt d lgre · a contra a contracepção arti re eu-m qu r m sensatos. Mas não me propus seaui-lo . Al� dia aprenderia os métodos naturais, mas não ne e momento que eram os meus primeiros anos de cas d . o fim e ao cabo, Deus é compreensivo! 'l\ ais tarde comecei a estudar a fundo a minha religião o catolicismo e compreendi que a Igreja falava em nome de Cristo e enamorei-me dela. Como agora digo as pessoas Deus premia a fidelidade, e eu dispus-me a aceitar o planeja mento familiar natural. Meu marido era um judeu agnóstico mas desejoso de encontrar o seu Messias! Sabia que os judeus ortodoxos se opõem ao controle artificial da natalidade e a doutrina da Igreja passou a fazer sentido para nós dois. 'A consequência mais surpreendente da adesão à dou trina da Igreja nesta matéria foi o desejo, totalmente inespe rado, de ter mais filhos! Tivemos o nosso quarto filho em fe, ereiro e recebemo-lo como o nosso milagroso «filho cató lico». (Antes, sentíamo-nos realizados com os nossos três fi lhos e tínhamos decidido que o meu marido faria a vasecto mia). Estamos tão agradecidos a Deus pelo nosso novo fi lho Paul Joseph, que desejamos ardentemente ter mais! Fo- O MEU TE EMUNHO 23 mos abençoados com a doutrina da Igreja, e a nossa visão do mundo mudou". A beleza da doutrina da Igreja brindou esse casal não só com a vinda de mais um filho, mas com a nova vida espiri tual que lhe trouxe a conversão do marido . Quando um sacerdote diz a um casal que deve seguir o que lhe dita a consciência, isso pode ter como consequência que esse casal faça o que quiser, porque a vida é difícil . Uma senhora de Richfield, Minnesota, escreveu: "Atualmente, muita gente vem adaptando a doutrina da Igreja às suas necessidades , em vez de permanecer fiel . Em 1966, meu marido dava aulas em tempo integral e eu traba lhava. Já tínhamos dois filhos e não é preciso dizer que não queríamos ter outro naquele momento. Conversamos com um sacerdote do Centro Newman e ele disse-nos que for mássemos a nossa própria opinião, porque a «Igreja» real mente não sabia se [o controle artificial] era pecado ou não . Acrescentou que muitos dos jovens da sua comunidade co mungavam aos domingos, ainda que usassem a pílula. Ele não os impedia, porque dizia que a Igreja já não estava se gura da sua doutrina. Apesar de, no fundo, sabermos a res posta correta, convencemo-nos de que, se a Igreja não esta va segura, então não podia realmente haver pecado na nossa d " con uta . Certos católicos afirmam que procuram seguir a doutri na da Igreja sem saber por que a Igreja ensina o que ensina. Uma mãe de Crestline, Califórnia, contou-me a sua expe- . " . nenc1a: "Fui católica durante toda a minha vida. Aprendi desde pequena as orações, o catecismo e todas as normas. Mas se guia as normas, não por entende-las como preceitos amaro- IMBER HAlJ o e ábi de eu , ma por m do de qu , e não a se gui ina p r o inferno. Quando o meu marido e eu ex p rim ntávamo fort impul o conjugais, e e meu medo não era uficient . omecei a indignar-me com Deus por acuar-me co1n o planejamento familiar natural. Não consi derava os meu cinco filhos como uma bênção. Pensava que Deus queria tirar-me a paz, despedaçar-me. "Inscrevemo-no num curso de orientação familiar e, na oitava semana, quem o dirigia, que era cristão, pergun tou-me qual era a posição da Igreja a propósito do controle da natalidade. Eu conhecia a norma, mas não a razão. Dis se-me que queria que lhe explicasse o que a Igreja sustenta va e que o pesquisasse. Passaram dois anos, ouvi as grava ções do programa Life-Giving Love e, quem o diria?, agora sou católica de todo o coração. Do mais fundo da minha alma, agradeço a Deus que depois de tanto tempo, me fizes se ouvir e entender o que Ele q ueria dizer-me. Não terei medo de receber outro filho quando Deus quiser voltar a b ,, a ençoar-me . Quanto mais compreendemos as razões da doutrina da Igreja, mais a seguimos de todo o coração, especialmente quando chegam as dificuldades. São tantos os fatores que, além da ignorância, influem no uso dos anticoncepcionais!: a imprensa laica, os profes sores de medicina, a pressão dos amigos, a falta de fé, a au sência de uma vida de oração, os próprios cursos de prepa ração para o casamento e mesmo as aulas de certas Univer sidades católicas . . . Temos de combater essas influências co nhecendo melhor a nossa fé e crescendo nela. OS FRUTOS DA OBEDif.NCIA NA FÉ Uma mãe ofereceu o seu testemunho: "Cresci numa época em que o «normal» era não usar anticoncepcionais. M T E H 25 u 1n u m rido e eu no casamos, sempre que nos r pon abilidade era de ambos; não era só 1z1 n- o . I so ajudou-nos a confiar em Deus em ir u n t ân ia da nossa vida)) . utra n1- e falou-nos da graça que sign ifica começar a nºugal em anticoncepção: "Deixamos que Deus i e o inon1ento en1 que queria que t ivéssemos os fi omeçar as i m a vida matrimonial ajudou-nos a cen tr r no o an1or no sa riftcio e na abnegação)). utra ai nda r urniu im o benefícios da fé na dou- trina d l0re·a: Dei "am de ntir-no culpados, e tivemos mui to fill o sirnp ti ís irno. . "Qu nd elin1i n mo t do o anticonceptivos e nos brin10 por mpl t r d nova vida - diz outra mãe-, re enr u- e ' n a rel çõ conjugais uma sacra/idade - . . ,, que ante na e.xi u ma futur e po impressionou-se, em vez de assus- t r-se com o irme compromisso do seu noivo com a dou trina da Igreja: Fui abençoada com um marido que tem uma fé m uito firme. Antes de nos termos casado, disse-me claramente que para ele, Deus e a fé católica estavam em primeiro lugar e que nunca renunciaria a esse princípio. A sua fé fez com que a Igreja Católica - e ele - se tornassem mais atrativosaos meus olhos e me levassem à conversão". Uma m ulher de cinquenta anos, de Boston, reparou no efeito neste caso negativo , que teve a anticoncepção na sua ida matrimonial : "Estávamos muito voltados para nós mesmos e o nosso casamento acabou em divórcio. Penso que a minha falta de abertura para a vida contribuiu para esse final". Uma senhora de Chicago diz, agradecida: " Deus por fim ajudou-me a ver que a mensagem das Escrituras traz es tabilidade e uma grande paz, amor e alegria". Se até agora você não ouviu a verdadeira doutrina da Igreja nesta matéria de abertura para a vida, peço-lhe que 26 KIMBERLY HA não ten te averiguar "de qu m é a culpa" . Em vez disso convido-o - e rezo para que sej a assim - a abrir o coração o mais que possa à verdade e pondere cuidadosamente a sua resposta. Nosso Senhor, pela voz da sua Igreja, desafia-nos - a você e a mim - a seguir a verdade que faz com que os nossos corações se tornem livres para amá-lo e servi-lo fiel mente no casamento. O que começou comigo com um pequeno grupo de de bate e um relatório sobre uma pesquisa acabou por levar -nos - a Scott e a mim - a decisões que m udaram a nossa vida e, no meu caso, a escrever estas páginas. O Senhor quer que toda a vida conj ugal tenha êxito e dê fruto: nós não esperamos menos. Vejamos a seguir q uai é o desígnio divino para o casamento. FAMÍLIA DE DEUS . O E TRINO: AMANTES QUE DÃO A VIDA E DOADORES QUE AMAM A VIDA Certa ez um a erdore de idade foi a uma sala de aula do segundo ano de en i no fundamental e perguntou aos alunos : 'Quem be dizer-me o que é a Trindade?" Uma menina que estava no fundo da sala respondeu prontamente: O Pai o Fi lho e o Esp írito Santo" . O sacerdote que não ouvia bem aproximou-se dela e disse-lhe: 'Desculpe-me mas não entendi" . A menina rep l icou: ão tem por que entendê-lo: é um . , . , m1ster10 . Para nós, muitos aspectos da Trindade constituem um mistério . Como podemos imaginar alguém que não tem princíp io nem fim? Como podemos entender um Ser que sabe tudo, que está em toda a parte, que pode tudo? Como foi que Deus se revelou? Deus é uma comunhão de Pessoas : Pai , F i lho e Espírito Santo. Cada uma das Pes soas da Trindade é plenamente Deus: é santa, j usta, verda deira, amável ; portanto, como podemos distingui-las ? Somos capazes de distingui-las pela relação que existe entre elas . Desde a eternidade, o Pai gera o Filho por meio 2 8 K I M B R HA I do seu am or q ue e entrega. O F i lho , à i m i tação do Pai , e11, trega-se ao Pai (dando-se a si mesmo) . E o vínculo en tre eles é mais que um espírito de amor: con stitui em si mesmo a Pessoa do Espíri to Santo . A própria vida íntima de Deus de entrega total cria uma comunhão íntima de amo r e vida. Deus não é apenas amá vel : é a própria essência do amo r (cfr . Jo 4 , 8) . É fonte de toda a vida. HOMEM E MULHER C RIADOS À I MAGEM DE DEUS Três Pessoas - Pai , F i lho e Esp ír i to S anto - em um só Deus . Esta famíl ia de a1nor e vida criou o homem e a mu lher à sua imagem e semelhança. " Então Deus disse: « Façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança» [ . . . ] . E Deus criou o homem à sua ima gem, criou-os à imagem de Deus, criou-os varão e mulher. E Deus abençoou-os e disse-lhes : «Crescei e m ultiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a; e domi nai sobre os peixes do mar e as aves do céu e sobre todos os animais que habitam a ter ra» " (Gên 1 , 26-28) . Deus não criou o homem e a mulher à sua imagem e se melhança por senti r-se só , poi s "Deus no seu mistério mais íntimo não é uma soli dão, mas uma famíl ia, já que traz em s i mesmo a paternidade, a filiação e a essência da família que é o amor" 6• Deus , como expressão do seu amor dador de vida, criou-nos pela alegri a de criar-nos e de fazer-nos amantes que dão a vida como Ele mesmo. Diz o Concílio Vaticano II que "o homem, que é na (6) João Paulo I I . Homilia, 28 de janeiro de 1 979 no CELAM, Puebla. M I lA D � R I 29 / . r rr un 1 r 1 t u ra q u u qui po r i m m a, não p d n o n t rar- a i m m o n ã p l a i nc ra entrega de i m m ' ( audium et spe n . 24) . Homen e m ulh res fo ram cri d para reflet i r a vida ín t ima e o amor de Deus, tant ind ividual m n te c mo na vida con j ugal . Depoi de ter criado o pr i m i ro homem, Deu dis e: " N ã bom qu hom m e t j ó· vou dar- lhe uma aj uda que lh j a ad quada ,, ( " n 2 1 ) . riou Eva com o am i- ga co m pa n h i ra d Ad - no Paraí o om a mesm a dig- n idad d h m m . Deu u n i u h m n1 m u l h r m al iança m atri mo- n ial . U m al i n n t r to . U m con t rato é uma permut d m u m ba a parte estão de acord · um n trato o vínculo cessa. U n1 l i n un1 oas: eu dou-me a você e vo e d ' - m i m . n1 n t r to tão diferente de uma al i anç m u m h m m q ue paga a uma prostituta é dife- ren t d marid u \ i om a esposa. D u e m p re rabeleceu alianças com o seu povo: " Eu er i o o Deu e ' ó sereis o meu povo" (Lev 26, 1 2) . Quando une o ho mem e a m ulher mediante a aliança do matrim o n io abençoa-os com a obrigação de se darem com pletamente um ao outro , de crescer e m ultiplicar-se, en chen do a terra. Em essência, diz ao seu povo: " Foste criado à nossa i m agem t ri n itária; agora faz o que nós fizemos. Usa do poder vivifican te do amor que recebeste para seres co nosco cocriador de novas vidas" . Depois de tudo, o m atrimônio é ideia de Deus. O Cate cism o da Igreja Católica (n . 1 603) insiste neste ponto, citan do a Constituição Gaudium et spes, n. 43: "A com unidade da vida e do amor conj ugal foi fundada pelo Criador e do tada de leis próprias. O próprio Deus é o autor do matri- � . )) mon10 . A união de marido e m ulher numa só carne no ato matri monial é tão poderosa - dois que se convertem num só - que 3 pr d uz um e u e ac a am ba- m an im ai s, a re d s re pei t s de díén- n m r m úru . O hum anos nã dist ' n - guem d an i n1 · por poderem planejar a ua procri ação, m por pod rem usar da sua razão e da ua alm a para com p reender o ign ificado do m atri mónio como al iança. COARAM S . ·o�'viAS DEP 1 DA QC DA? Podemos ter a tentação de pensar: "Com certeza q ue, depoi s da queda, quando o pecado entrou no m undo a norm as do casamen to m udaram . Já n ão e seguia o ideaJ do Jardi m do Éden, m as descemo à real idade da vida" . Quan do tudo era perfeito, era fáci l que Adão e va e t ives em abertos à v ida e con fia e m a Deus o cuidado das coi as . Mas num m undo caído, cheio de pe ador , encontramo -nos perante novas circun câncias (cfr. 1ên 3, 1 6- 1 9) : p - sou a custar-nos o suor do ro ro su tcn t r fam íl ia , ror- (..,, ) Scot t H ann , P"'""'"° "4 41n(}r. ( 8) Congr . para a Dou uin da f t f n rr . Vo"""' Jm, �2� J. 'J 7. ln t_rod. n 1 . .\M IL E DEC · TRI 3 1 nou- e mais djfícil ter filho m (o partos torna ram-se mais doloro os que ante ) e c m çou a haver mais conflito no casal sobre quem d ia ter o comando . Com efeito cometeram-se durant muito n pecados tão de senfreados que Deu aniqui lou os homen om exceção de oé, da sua esposa, dos filhos e das esposas do filhos. Depois do di lú io un iversal , abriram-se as porcas a um novo começo. Quais foram as primeiras palavras que Deus dirigiu aos quatro casais dessa nova ' criação? "E Deus abençoou Noé e seus filhos dizendo-lhes: "Crescei , m ulti pl icai-vos e enchei a cerra . Tal como dissera a Adão e Eva, essa primeira bênção ou preceito mostrava que a procriação é o primeiro fim do ho mem. O Catecismo da Igreja Católica acrescenta uma nota explicativa: "Após a queda [dos nossos primeiros pais] , o matrimônio ajuda a vencer o encerramento em si mesmo, o egoísmo, a busca do prazer pessoal , e a abrir-se ao outro, à mútua ajuda, ao dom de si" (n. 1609) . As passagens do Antigo Testamento expõem outras bênçãos do ato conjugal , além da procriação: o aspectounitivo (cfr. Gên 2, 24) e o prazer (cfr. o Cântico dos Cânticos) . São bênçãos que se po dem distinguir, mas não separar da abertura para uma nova vida. João Paulo II escreve: "As duas dimensões da união conjugal, a unitiva e a procriativa, não podem ser separadas artificialmente sem alterar a verdade íntima do próprio ato conjugal" 9• Estas duas dimensões estão indivisivelmente unidas no ato do matrimônio. SE DEUS CRIASSE UMA SOCIEDADE DIFERENTE . . . Se Deus criasse uma sociedade diferente, como seria? Basta-nos olhar os antigos israeHtas. Quando vagueavam 9) João Pau lo I I; Cart• às famili11J, n . 1 2. 32 . . . . :- ' I Y H H . . n rm que rege m a m a b rrura p ra a ri r para d r rm i n1 ando de Moi- r d i n i a no t mpo nr nder a chav da n t r i n1 pu ro dianre da le i , um r o to c n jugal enão uma sem ana da m ulher cfr. Lev 1 2 , 2 . 5 ; 1 5 m o men to do c iclo mensal da mulher se r r varo ? a ovulação! Seria uma simples coin cid n ia u · o e ai m an tivessem relações quando pos ivelmence ela era mais férti l e ele teria m aior quantidade de e perma ? Ourra lei esrabeleci a que o homem não devi a i r para a guerra logo depois do casamento : Se um homem está recém-casado, não sairá com o exér ci ro nem deverá ser obrigado a prestar nenh um serviço; fica rá livre em sua casa por um ano, a fim de alegrar a mulher q ue desposou (Deut 24, S ) . Por q uê? Era para que o esposo e a esposa pudessem co nhecer um ao outro? Sim. Em sentido bíblico, em hebreu "conhecer" outra pessoa significa com frequência '' ter rela ções íntimas das quais pode nascer outro indivíduo" (cfr. Gên 4, 1 ). Presumivelmente o marido tinha que passar o seu primeiro ano de vida m atri monial antes de al istar-se no serviço militar para que pudesse ter fi lhos no caso de vir a morrer na guerra. (Isco contradiz claramente a ideia atual de que é melhor não ter filhos durante uns anos para que ma rido e m ulher possam conhecer-se m utuamente) . Deus esubeJcccu a s ua lei e revelou-a por meio de alianças com o u povo, mediante as quais era abençoado I L qua ndo a cun1 p ria e u n Em Oeur r nom io 2 8 i n u m r q u o povo receber ia pel su fidel idad � a l i suas terras e rebanho dariam muit maldições, en umero u o aborto 111 rre r ido e a inferti l idade da pe so do t:' d . \ erdad i r r iqueza consistia, como benção da al i an a na rerr e no de cen dentes. Que contraste com a no cultura! Hoje em dia , con i- dera-se que é fel iz aquele que não tem filhos ou tem pou cos , como se considera que um casal com m uitos filhos é ví tima de uma maldição. !vias temos de poder dizer com o salmista: "A tua m ulher será como vi nha fecunda dentro da tua casa; os teus filhos serão como rebentos de oliveira à volta da tua mesa. Vede, assim será abençoado o homem que teme o Senhor" (Sal 1 28 , 3-4) . Entendamos estas passagens no seu contexto: o povo de Deus afastou-se coletivamente do bom caminho e recebeu coletivamente o castigo. Atualmente, a nossa terra está manchada pelo sangue inocente dos abortos, e os que acla mam o nome de Cristo vão-se afastando dEle. Talvez o au mento dos abortos e da infertilidade esteja relacionado com a infidelidade da nossa sociedade a Deus. Mas as bênçãos e m aldições da antiga aliança apl icavam -se aos pecados de um povo, não aos de uma pessoa. No entanto, não podemos es quecer-nos da responsabil idade que temos, como membros de um povo, pela imoralidade da nossa cultura. RELAÇÃO ESPONSAL DE DEUS COM ISRAEL A relação de Deus com Israel era descrita com frequên c ia como uma aliança matrimonial . Por exemp lo , o profeta I saías diz: "Como o noivo se alegra com a noiva, assim o Senhor se deleitará cm ti" (Is 62, 5). E é revelador que os jovens israel i tas não fossem autoriz.ados a ler a p ssagcm de 4 111 qu 1' l B · R L ' H. H . . "c r m r d u por I r el r u n ri nha i n1agen mi - m r quencia o i rael i ra a r. Jer 3, 1 1 - 1 2) pois des- cr ' i m a m r p n u por I rael como fiel e ex- l u i o . � a i ainda, D us mandou ao profeta Oseias que r s ras e un1a pro c i rura e se ca a e com ela· e quando esta o abandonou dis e-lhe que a redimisse da sua prostituição e a leva se de ol ra para ca a (cfr. Os 1-3) . Por que fez i so� Porque queria dar um exemplo vivo de como Ele via a pros t ituição do povo elei to por seguir deuses falsos e de como persistia na sua fidelidade e misericórdia para com Israel sua esposa. Outro profeta, Malaquias, repreendeu o povo pela infi delidade para com as esposas . "O que é que Ele deseja? Des cendência divina. De modo que tomai nota e não deixeis ninguém ser infiel à mulher da sua j uventude. «Porque eu odeio o divórcio» , diz o Senhor, Deus de Israel" (Mal 2 1 5- 1 6) . Em outras palavras, Deus deseja a fidelidade entre os esposos para que os seus filhos O conheçam e amem. O mesmo quer Ele agora. Como se pode contrair casa mento e não ter o propósito de ter filhos, se o fim principal do casamento é ter filhos de Deus, isto é, descendência di vina? A IGREJA t. A ESPOSA DE CRISTO São Paulo vê a união mística do abraço conjugal como uma imagem da união entre Cristo e a sua Igreja, entre Deus e o seu povo. "Grande mistério é este, mas eu o digo en1 relação a Cristo e à sua Igreja" (Ef 5 , 3 1 -32). O ministério de Cristo tem do princípio ao fim um ca .. ráter nupcial . O primeiro m ilagre que Ele fez teve lugar numa festa de casamento, quando converteu a água em vi- C'\ ,...,,.... ..... ..... ,..., ,-.1 ""' , r"' ,... .........., Q _ _ _ _ - - 1-.: l I H ! Rl ) l l A I J z q ui 1 1 , m q u '.> " d �· l-rc v a t a l r a id <> , p rq u , rn r d u por I rael , n r i nha imag n semie- n1 req u n i a o israel i ta a ( fr. ] r 3 1 1 - 1 2) , pois des- r vi n1 u por I rae l como fiel e ex- d u i i i n u 1nandou a o profeta Oseias que re g ra uma pro c ir ura e se ca as e com ela; e q uando esta o ba ndonou , dis e-lhe que a redim isse da sua prosti tuição e a Je se de vol ra para casa (cfr. Os 1 -3) . Por q ue fez i sso? Porque queria dar um exemplo vivo de como Ele via a pros tituição do povo elei to por eguir deuses falsos e de como persistia na sua fidelidade e m isericórdia para com Israel , sua esposa. Outro profeta, Malaquias, repreendeu o povo pela infi delidade para com as esposas. "O que é que Ele deseja? Des cendencia divina. De modo que tomai nota e não deixeis ninguém ser infiel à mulher da sua juventude. «Porque eu odeio o divórcio», diz o Senhor, Deus de Israel " (Mal 2, 1 5- 1 6) . Em outras palavras, Deus deseja a fidelidade entre os esposos para que os seus filhos O conheçam e amem . O mesmo quer Ele agora. Como se pode contrair casa mento e não ter o propósito de ter filhos, se o fim principal do casamento é ter filhos de Deus, isto é, descendência di vina? A IGREJA t. A ESPOSA DE CRISTO São Paulo vê a união mística do abraço conjugal como uma imagem da união entre Cristo e a sua Igreja, en rre Deus e o seu povo. "Grande mistério é este, mas eu o digo em relação a Cristo e à s ua Igreja" (Ef 5 , 3 1 -32) . O ministério de Cristo cem do pri ncípio ao fim um ca ráter nupcial . O primeiro milagre que Ele fez teve l ugar numa festa de casamento, quando converteu a água em vi- F M I LIA D r D r l u E TRJ nho (cfr. Jo 2, 1 - 1 1 ) . E o ponto ál gid do novo da nova terra cul m i n ará no ' matrim "' i upre.mo do rdei- ro", quando o Senhor receber a sua espo , a Igreja (cfr. Apoc 1 9 , 7-9) . No Novo Testamento, Deus eleva o matrimôn io à ca t - goria de sacramento . O marido e a mulh r ão os m in i stros desse sacramento . Convertem-se em canais da graça sacra mental para eles. Henry Sattler explica-o assim : "A experiência do amor único, total , exclusivo, perma nente, incondicional e criativo, tanto dado como recebido, faz-se presente paradigmática e sacramentalmente no ato se xual cristão, que foi elevadode expressão natural a sinal so brenatural da entrega total, mútua e exclusiva a Cristo e em nome de Cristo" 1 0 • O matrimônio cristão é uma entrega total de uma pes soa a outra, e de ambos a Cristo. Como Scott e eu estávamos batizados validamente, em bora não fôssemos católicos, o nosso casamento era sacra mental e reconhecido pela Igreja. Tínhamos consciência (tanto quanto é possível num compromisso de tal dimen são) daquilo a que nos comprometíamos. Aceitamos livre mente a entrega de um ao outro. Sabíamos que não nos comprometíamos simplesmen te a umas obrigações contra tuais e a uns benefícios: era uma permuta de pessoas . Portanto, éramos livres de exprimir a unidade que agora possuíamos através do ato matrimonial. Qualquer filho que tivéssemos seria uma recordação constante da nossa união indissolúvel, porque. . . como se pode dividir uma criança nas duas partes das pessoas de quem procede? � este amor conjugal verdadeiro que nos torna capazes, ( 1 O) Henry Satt l�r, "Sacr.1mcncal Sau Ji riy r . em Communio (inverno de 1 98 ] ) . 36 K I M BERLY H A H N como diz o Concíl io Vaticano II, de " [ 1nanifestar] a todos a presença viva do Salvador no mundo e a autêntica natureza da Igrej a, quer pelo amor dos esposos, da sua generosa fe cundidade, unidade e fidelidade, quer pela cooperação amorosa de todos _os seus membros" ( Gaudium et spes, n. 48) . Temos a oportunidade de ser a i magem diante do mundo da amorosa, sacrificada e m útua entrega que existe entre Cristo e a Igreja 1 1 • São Paulo recorda-nos a natureza do matrimônio como aliança: um intercâmbio de bens e serviços que culmina com um acordo matrimonial. 'O marido cumpra o seu dever para com a esposa e da mesma forma também a esposa o cumpra para com o mari do. A mulher não pode dispor do seu corpo, pois pertence ao seu marido. E da mesma forma o marido não pode dispor do seu corpo, pois pertence à sua esposa. Não vos recuseis um ao outro, a não ser de comum acordo, por algum tempo, pa ra vos apl icardes à oração; e depois retornai novamente um ao outro, para que Satanás não vos tente pela vossa i nconti nência" ( 1 Cor 7, 3-5). Pelo ato conjugal, renova-se a aliança inaugurada pelo casamento, e marido e mulher convertem-se em cocriadores com Deus de um ser humano novo que nunca teria existido se não fosse por eles. COMO FAZER QUE UM CASAMENTO TENHA tx!TO Certa vez, ouvi por acaso vários estudantes da Universi dade responderem à pergunta : "Você tem vocação?" com a típica resposta: "Oh não! Eu quero casar-me". r'\ - - · - - - - - · • - -- ( 1 1 ) Cfr . CtU1cinno J.11 lreJ11 C'1tóticA. n . 1 66 1 . br o r r . l , t\ 1 I l L\ -: s T RI 37 n 1 111 n t u n a inda catól ica, ma Jem- . u p r u n t i u m a r sp t tól ica? Não parece . N; s a não u m a resposta catól i ca - disse-me A o a · o uma chamada à san tidade num modo de vid ncreto. Oferecemos ao Senhor no a exualidade qu r vivendo a castidade no cel ibato, na ida con sagrada , numa ordem rel igiosa quer vi endo-a d n r ro do matrimô nio. As duas opções são uma voca ão. Deus é anro, e quer que os seus filhos tan1bém o jan1 . O macrin1ônio é un1 a ramento , em parte porque pre cisamos de mai graça para iver esta vocação de uma ma neira que seja agradá el a Deus . Há quem pense erronea mente que a convivência (viver juntos como se fossem ma rido e mulher antes de o serem verdadeira e sacramental mente) é um bom teste para a relação . Mas isso é expor-se a fracassar ao menos em dois sentidos. Em primeiro lugar, por não estarem casados, o homem e a mulher não possuem a graça sacramental própria do ma trimônio de que precisam para que a sua união corra bem. Em segundo lugar, como ter relações sexuais fora do casa mento é pecado mortal, bloqueiam a graça sacramental da Confissão e da Comunhão que poderiam receber. Uma relação que fracassou depo is dessa convivência de monstra que o matrimônio não teria dado certo? Não. Só demonstra que a convivência sem a graça do sacramento não dá certo. Ninguém se casa esperando fracassar. Todos queremos casais que se unam para sempre e deem lugar a famílias feli zes e sadias . O salmista dá-nos a chave: "Se o Senhor não constrói a casa, cm vão trabalham os que a edificam. Se o Senhor não guarda a cidade, cm vão vi giam as sentinelas. Em vão madrugais e ides deitar-vos rarck, J 8 ' l. M B E RL HAI ós qu on1 1 o pã d fadigas : porque Ele o dá ao u an1 i e 1qu n dorn1 en1 ' ( a l 1 27 , 1 -2) . 'Con rruir a ca a é um modo de referir poeticamen t a con stituição de uma fam íl ia . O Senhor é o único que con - t rói a fam íl ia para que possa enfrentar as dificuldades da vida . Ele é a rocha sobr a qua l devemos edificar, e não o são as areias mov di as da op i ni ão públ ica e a cultura da so ciedade. D outro modo será vão o nosso esforço por ter urna famíl ia ó l id . Arquiteto do tnatrimônio tem uns p lano e uma forma de edificar que darão certo. Tem todos os recursos necessários para concluir "a casa" . Deus compartilha a sua vida divina conosco , permitin do-nos experimentar a comunhão com Ele como esposos e estendendo-a depois aos filhos. O objetivo de cada famíl ia é ser pois, como diz João Paulo II , "uma civi l ização do amor' 1 • Como sacramento que é, o matrimônio proporciona a capacidade de crescer em santidade mesmo no meio das ati vidades quotidianas no mundo. Às vezes, sinto inveja da freira que, uma hora antes do j antar, está ajoelhada em ora ção e cheia de fel icidade diante do Santíssimo Sacramento, ao passo que na minha vida não vejo a hora de que chegue o jantar: as crianças berram, o telefone não para de tocar e Scott volta tarde do trabalho. E, no entanto, Deus me quer tão santa como a doce irmã. Ele pôs na minha vocação muitas oportunidades de morrer para o egoísmo a fim de servir o meu esposo e os meus filhos sacrificadamente. O Concílio Vaticano II recorda-nos que o Senhor, quan do fala de santidade, não exclui os casados: "Para enfrentar com constância as obrigações desta vocação cristã, requer-se uma virtude insigne: por isso, os esposos, capazes já de ter ( 1 2) Can. b famllüu, n. 1 3 . FAM I L IA DE l:U � E R I 3 9 uma vida santa p la gr ça , foment r.-o a fi rmeza no amor, a generos idade do coração e o e pírito de sacrifício, pedindo-o assiduamente na oração " ( Gaudium et spes, n. 49) . Crescer n a virtude não é algo auron1ático, mas é pos sível com a graça de Deus. O amor onduz à vida , e a vida conduz a um serviço sacrificado. A Igr j a cham a-nos a ofe recer generosamente o nosso tempo talentos e bens mate riais , como também os nossos co rpos , para construirmos o reino de Deus nas nossas famílias, na Igreja e no mundo in teiro - e por essa ordem. Quando somos generosos com Deus desse modo, descobrimos um princípio básico: que Deus não se deixa vencer em generosidade. Como diz São Paulo, o que semeares, isso colherás (cfr. 2 Cor 9, 6- 1 5 . ) . A MATERNIDADE COMO SERVIÇO SACRI FICADO Um sacerdote perguntou numa aula de religião católica a alunos do ensino primário o que é que Jesus dizia do ma trimônio. Uma menina levantou a mão e arriscou: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem". Sorrimos ante uma resposta tão cheia de inocência. Mas é verdade que muitos de nós não sabíamos em que nos está vamos metendo quando íamos a caminho do altar para nos comprometermos diante de Deus. O ritual do casamento católico inclui uma promessa so lene de abertura para a vida por parte dos nubentes. São Paulo ensina: "A mulher salvar-se-á pela maternidade, se perseverar com modéstia na fé, na caridade e na tarefa da santificação" ( 1 Tim 2, 1 5) . (Segundo outros versículos, esta passagem aplica-se apenas às mulheres casadas, já que abrir -se à vida é para elas parte integrante de uma vida de obe diência a Deus) . Reparemos no condicional : não basta ter fi lhos; a salvação não resulta apenasde ter filhos: é resultado de uma fé duradoura, do amor e da santidade de .vida. o K I M H h l l I IA ! í A m t rn id d 1 � i Jn ão da fem i n il idade da nl uJher p rq u e lab r n1 u na riação e m an uten- ção da vida. Joã Pau lo I I d iz q u e de todo os atri buros que a Sand s im i r rn r ebcu o .mai excel o é o de <<Mãe' já qu ' ervi r s ignifi a r i n ar' 1 • P la graça de Deus, Maria foi fi l à chan1ada para ser a m ãe do Sal vador do m u ndo. Do 1nesmo modo p 1 graça de Deus, n ós podemos ser fiéi à chamada q ue o riador nos faz para termo e educar mos unia d cendencia divina . A SOB RA N I DE US A nossa cultura está obcecada com a ideia de que plane jar um bebe é um grande privilégio. No entanto, muitas pessoas que não tinham a intenção de ter mais filhos emo cionam-se diante de um filho que não fora planejado. Aper cebem-se de que tinham oposto resistência à "ideia" de o u tro filho, não ao filho real . Certa vez, uma adolescente saiu chorando da sua festa de aniversário quando soube que seus pais a tinham conce bido antes de casar-se. Embora não tivessem pensado em ter filhos antes de casar-se, tinham-se enganado ao calcular o tempo que durariam como noivos sem cair na tentação. Calcularam mal, caíram; mas amavam-se profundamente e amavam a filha, apesar de a terem concebido ao arrepio dos seus planos. Independentemente de uns pais planejarem o u não ter um filho, Deus o faz. Nenhum de nós nasceu por acidente. Consideremos estas palavras de São Paulo: "Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda a bênção espi ri - ( J 3) João Paulo I I , Carta pon. Mulitris tlipitat�m obre a dignidade e a vocJ� ç.lo d.i mulher. r l LI > ... l l ·. l ' . f: I R I • 4 1 t u l e m m u n - do par crm i rr l h o . N o u a m o r, pr de r i n u - n m filho u por Je us r i s t , e T u nd u a l i - vre vo n tad , para fazer resplande c r u a m a r i l h a graça, que no fo i e n did por l no B m- n d . [ . . . ] ele é q ue forno o l h ido predc r i n do egu n d de ígn i o da quele que t udo real iza po r u m a to del i berad da ua von tade, para servi rmo de l o uvo r , ua glór i a nó que de d o come ço voltamos as n os e peran a pa ra Cri to,, Ef 1 , 3-6; 1 1 - 1 2) . Vejamos algumas destas verdades em relação à abertura para a vida. Antes de o m undo ter sido criado, cada um de nós era um pensamento na mente de Deus. Ele escolheu-nos para sermos seus filhos e deu-nos graças abundantes para que as sim pudéssemos viver dando-lhe honra e glória mediante o cumprimento da sua Vontade. Deus cumpre o que se pro põe. Pode-se ter um filho que Ele não planejou? Um jovem casal de Pittsburgh sofreu três abortos quando já tinha três filhos. Um amigo da mulher disse-lhe: "Sue, você não per cebe? Deus não quer que tenha um quarto filho. Deve dei xar de tentá-lo". Sue perguntou-me se era possível que alguns casais con cebessem filhos e Deus os fizesse abortar por não estarem incluídos nos seus planos. Respondi-lhe que não. Cada fe cundação é um ato único de Deus em cooperação com os pais. Diz o sal mista: "Quando eu estava informe, os teus olhos já me viam, pois tudo está escrito no teu livro; os meus dias estavam contados antes de que nenhum deles existisse" (Sal 1 39, 1 6) . O plano de Deus inclui todos os nossos filhos, por mais curto que seja o tempo que durar a sua vida. Trata-se de mistérios profundos, e excede a finalidade '" l l\ 1 1: R l Y H . \ l L de ta págin i r n1ai 1 n u r- n a n a medida m qu t nh in r m . D u é o Pai eterno de quetn t 01 , a 1n íl i n o céu e na rerr ' (E 1 n fiar n l pa ra que planeje s no tàm íl ia . d rn u i r form as a ua le ldad n l uturo . pr fer J erenl i . re rd palavr de Deu a Israel quando v l r u u rdar- l h fid l idade: " u bem sei os de- ígni qu me r pu en1 \ o o favor, oráculo do Senhor: � -o de ígn i d p. e n ão d desgraça, de ventura e espe ran . l nYo -n1e- i vi reis rezar-me, e Eu vos escutarei . Pro ur r-me-ei e se me procurardes de todo o coração , en contr r-m -ei ' er 29 1 1 - 1 3) . Estas promessas aplicam-se também a nós. Um casal de Omaha, Jim e Nancy, experimentou a fi delidade de Deus em resposta à sua fidelidade para com Ele: 'Quando Jim e eu nos casamos há cinco anos, não sa bíamos que eu tinha ovários policísticos. Engravidei na lua de mel e tivemos Michael ; dois anos depois, nasceu Kolbe. Estamos muito agradecidos a Deus pela doutrina da Igreja Católica neste e em muitos outros temas. '{Quando Kolbe tinha dezessete meses e tentei engravi dar de novo, o meu ginecologista disse-me que eu tinha essa patologia. Nem por isso deixamos de rezar e de esperar que o Senhor nos abençoasse com mais filhos. Graças a Deus, não nos servirmos de nenhum método de controle da nata lidade, porque, se o fizéssemos, poderíamos não ter ne nhum outro filho. O que nos permitira ter os nossos dois maravilhosos filhos fora a graça da oração e a abertura para a vida" . Há pouco, Deus abençoou esse casal com um terceiro fi lho. F 1 1 1 E E U Diz a on t i tu i ão p t ral audium lio Vaticano I I : As im o p d ivina Providên ia cu l t i nd ri ficam o Criador t nd tn pc. r quando, con1 re pon abi l id., d n r ., d cumprem a su m i ão p r riad r (n. 43 t ijJes do oncí nfiando n a r ifício, glo- . n to cri rã , Para outro ca a1 .oll . J im nã rr tou pena de confiar no Senhor quando for n1 n s nd o filh s . Molly teve de confiar esses filhos ao nhor a inda en1 outro senti do quando J im morreu num ac idenre : "Começamos a nossa vida matrimonial abertos à vida, e fomos abençoados com oito filhos em doze anos. J im mor reu quando o mais velho estava no sétimo ano da escola e o últ imo tinha catorze meses. Os nossos filhos são um teste munho vivo do nosso amor eterno. As pessoas pergun tam-me: «Se você tivesse sabido que J im ia morrer, teria tido menos filhos?» E respondo: «Teria tido mais, porque todos os meus filhos refletem uma parte diferente de J im»". 56 Deus sabe o que o futuro nos reserva. O que sabe mos é que Ele tem um plano para a nossa vida e que pode mos confiar nEle. O SENHORIO DE CRISTO As pessoas costumam encarar a lei de um modo negati vo: parece impor-nos restrições que não queremos e trazer -nos consequências que tememos. Mas não é assim que a via o povo de Deus no Antigo Testamento. O Salmo 1 9 , por exemplo, descreve a lei como "mais doce que o mel des til ado pelo favo" (v. 1 O) . Era por isso que os israelitas, antes de falarem a um fi lho da lei , lhe tocavam a l íngua com meJ . Queriam que o fi- � l l R I \ 1 L\ H l 1ad 1 cLL ' 1 l r , da l n l a on h im n ro z t nh mo d mudar a . . . . 1 para 1 m 1 ra r os no o i r- P i-Nosso , dizemos: "Seja fei ta n t r ra m no éu" . Como se obe- u n e u ? uni 01 do p rn i ro . Portanto, o que é que lhe obede a m os com perfeição. lher s 111 ndamen tos a que vam os obe- nh r vontade d ivina e cumpri-la de Je u u d iscípulos que não é suficiente cha- mar-Ih r. e depois lhe desobedecemos: "Nem todo qu m di enhor Senhor» entrará no reino dos céus, m aqude que faz a vontade de meu Pai que está nos céus" � f t - _ l . Tudo o que façamos deve submeter-se ao se nhorio de Cristo. Não basta professarmos a nossa fé nEle se, ao mesmo tempo, não queremos submeter-lhe a nossa vida. Scott e eu costumávamos discorrer sobre o alcance que tinha em nossas vidas o senhorio ou reinado de Cristo. Do ponto de vista monetário, contribuíamos com o dízimo, mesmo quando os nossos ordenados eram baixos. Relativa mente ao tempo, santificávamos o Dia do Senhor e deixáva mos de lado os livros de estudo (para nós, estudantes, esse era o nosso trabalho), descansávamos e abríamos a casa aos colegas. Quanto aos nossos talentos, fazíamos o esforço de assumir algum encargo de caráter pastoral, apesar de termos uns horários de aulas bemapenados , porque queríamos ser vir a Cristo. E em relação aos nossos corpos, cuidávamos da nossa al imentação e fazíamos esporte para manter o corpo cm forma e assim servir melhor a Deus. Mas nunca nos ocorreu pensar especificamente em que tínhamos de entre gar ao senhorio de Cristo a nossa ferti lidade. Neste aspecto, a nossa atitude era como a de muitos TRI 4 5 n o rt - m ri a n nhor p d dispor do no so tem po, do n t lent e b n m ar riai , mas nós co n trolaremo a no a f; rt i l idad . er mo filho q uando no convier" . Não 111 lembro quer d t r m ditado n a o ração sobre o tema de e carmo ou nã ab rto à vida. P nsávamos que era u1na medida de prudencia L pl i C rn10 pri ncíp ios de g s cão mediante a anticoncepção . Mas a primeira Carta aos Corín tio (6, 1 8-20) colocou -nos diante de um desafio superior: " F ugi da fo rnicação . Todo o pecado que um homem co mete fica fora do seu co rpo mas quem forn ica peca contra o seu p rópr io co rpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Esp írito San to, que está em vós e recebestes de Deus, e que não vos pertenceis? Fostes com prados por um grande preço . Portanto , glorificai a Deus no vosso corpo" . Sabíamos que tínhamos de glorificar a Deus com o cor po, mas isso incluía a nossa fertilidade? Sim! Também a fer tilidade. Que são as nossas vidas, comparadas com a eternidade? São relativamente fugazes. Durante quantos anos vamos estar casados? E desses anos, quantas oportunidades tere mos de conceber um filho? E dessas oportunidades, q uan tas vezes Deus no-lo mandará? E dessas vezes, quantos che garão a nascer? A nossa fertilidade é mais frágil do que pen samos. Scott e eu queríamos entregar o nosso coração plena mente a Cristo. Sabíamos que podíamos confiar em Deus para que planejasse a nossa família como quisesse. Mas pre cisávamos de um tempo para pensar melhor antes de em preendermos as mudanças que marcariam a nossa vida para sempre. Contávamos com ter filhos, mas . . . será que todo o ato conjugal devia estar aberto à vida? Os sacrifícios implícitos pareciam enorm.es. Porém, os 4 6 K I :..1 B Jt LY HA H . . exem plo da Vi rg m (" aça- e em m i e d · a r ua pala vra ' , Lc 1 , 38) d Je u C' ã e a a a m i n h a v n ade, m as a tua" , M t 26 39) , e m am ém de tr pe as santa , dem on t ravam q u o q u agrad a e u é q ue lhe entreguemo a n a v n t d . Um dia , exp u n h a u ta j d j n u m p r gram a d rá dio protestante a q ue t i n ha ido con vi dada. J efl n u uma pessoa q ue se ident ificou como uma prore tan te e n rrária ao aborto e contou um epi ódio q ue t i n h a m udado a ua vida. Enquan to defendia a sua posição n um a cl ín i ca abortiva assaltou-a u ma ideia: com o usava anticon cep t ivo , o q ue fa zia afin al era apoiar a mesma organização contra a q ual e opunha, porque uti l izava os produtos q ue l á se di fundiam . Reparou que n ão lhe bastava ser con tra o aborto: tinha que l utar a favor da vida. Nesse momento, decidiu que, ao vol tar para casa, jogaria pela janela todos o anticoncepri vos e para sempre. Depois de um casal de Li tdetown, Colorado, ter rido o pri meiro filho, os dois reagiram de forma diferente quando souberam da comprometedora verdade acerca da abertura para a vida. Dana exprimi u o confli to: ((O mais difícil para mim foi aceitar que tínhamos de abri r-nos à vida. A princípio, meu marido e eu não estáva mos de acordo com a doutrina da Igreja. Para mim , era ab surda , sobretudo porque a tínhamos ouvido de um sacerdo te celibatário; pessoalmente, eu não acreditava que essa doutrina viesse de Deus. Mas o meu marido ace i tou-a an tes de mim , tomou-a muito a sério e não consentia outra coisa. Nosso Senhor deu-me um amor tão grande pelo meu mari do que tive de aceitar essa doutrina con tra a minha vonta de. Estávamos à espera do segundo filho, mas ainda tínha mos que avançar para a unidade neste rema. "Ouvi falar do planejamento fam il iar natural num mo- FAM LIA DE U U E RINO 47 n1ento em q ue estava desesperada porque não queria engra vidar rodos os anos ( t ínhamos outros dois filhos quando ouvimos falar desse planejamento) . O Senhor tinha obvia mente um p!�no diferente para nó , porque, depois de ass is tir à primeira aula de planejamento fami l iar natural , engra videi de mais um filho, a que n1 chamo «O filho da minha conversão» . E ainda outro depoi desse. Ago ra estamos to talmente abertos à vida. Acabamos de saber que estou grávi da do sexto filho e estamos muito contentes '' . Como muitos desses casais , Scott e eu fomos compreen dendo cada vez mais o terrível papel dos anticonceptivos na cultura da morte, pois atacam diretamente a cultura da vida que queríamos e tínhamos que abraçar. PA I l ' E I I V J A N RA C � L' l ' RA A M R� VA IU AR FI LHO Pens mos nas seguintes "bem-aventuranças" modernas: ' Bem-aventurados o homem e a mulher que têm ape nas do is filhos, porque poderão custear-lhes os estudos uni- . , . ,, vers1tanos . " Bem-aventurados o homem e a mulher que deixam passar ao menos quatro anos entre um filho e outro, porque não terão de m udar as fraldas em dobro" . " Bem-aventurado o casal que não tenha filhos ao menos durante dois ou três anos, porque assim ele e ela poderão conhecer-se melhor". (( Bem-aventurado o casal que tenha planejado as gravi dezes perfeitamente espaçadas, porque conhece a vontade de Deus" . E "b " . d sras em-aventuranças pertencem a esse t1po e sa- bedoria m undana que nos m artela os ouvidos a toda a hora, embora não ten ham nen h um fundamento na Palavra de Deus. Não refletem a sabedoria divina. Com efeito, não existe nenhuma passagem da Bíbl ia q ue d screva os filhos Rl R S H L I 1 . 49 m t rmo n o-ativo . Para D u o · fill o -o unicamente e sen1pre uma bençâo. Estamo en olvido numa gu rra cu l tural : u l tu ra da vida contra a cul tura d m rr . J ão P . ulo I I o rta-nos a recuperar o verdad i ro ent ido d ua l idad humana, para que possamo con tru i r uma ul rura d é mor d vida. De pois de recordar a adv rten i. i r . pela n í l i ca Huma nae vitae acerc d s con qu n i qu ac rret a rejeição do verdadeiro sent ido d t n j uga l f: z- co do repto q ue Moisés dirigiu ao pov d u n fi nal da sua vida: " Hoje invoc po r t e, t m u n ha co n tra vós os céus e a ter ra: ponho diante de vó a vida e a morte, a bênção e a maldi ção. Escolhe pois a vida para que tu e a tua descendência vi vais amando a Deus e curando a sua voz e aderindo a Ele, porque Ele é a tua vida e o prolo ngamento dos teus dias na terra que o Senhor prometeu dar aos teus pais Abraão, Isaac e Jacó,, (Deut 30 1 9-20) . O povo de Deus continua a ter de fazer uma escolha: escolher ou rejeitar a vida! O VALOR DOS FILHOS NA NOSSA SOCIEDADE Nos dias de hoje, muitos casais estudam o momento de ter filhos como calculariam a possibilidade de adquirir uma casa ou um carro. Avaliam os prós e os contras como se ava liassem os dados do balanço de uma empresa. Se o resulta do for positivo, é o momento de terem um filho; senão, têm de esperar. Esse modo de focar a questão não tem fundamento. Não se pode quantificar o valor de um filho. Os filhos não são objetos que é preciso adquirir, mas presentes que se re cebem, almas confiadas aos nossos cuidados. Há pessoas a quem, desde que eram crianças se dissua diu de ter filhos. Há colégios em que se manda fazer um 5 0 ! 1 t • • x rei i o q u 1 a f .u t · 1 1 . r J U .1� ado l d m. n ut i l izai un ) u ros u 1 f a modo de filh . J u n r JTI ) S �11 u n . . 1 s � a r cuidem do filh ' n 1 f , , � n 1 n 1 a r jdo q ut e- vem dedicar tem p u i ar i l v igiá- J po r urno , e, quando saírem j u n r · l r u rar u ni babá. O que se p rer nde 1 11 is '<.: n i n r o tàrdo q ue repre- se�ta cuidar de um fi lh , para qu o. cu an te q uei ram evitar a gra idez. e r í i mos ra , re ponsabi J idade semmostrar as rec n1p n as. Não se faz a 1n enor al usão ao amor nem à alegri comparti lhada em fan1 íl ia , nem ao ca lor no relac ionamento nem aos sorriso e ao cari n ho do fi lho que recon1pensam o sacrifício de cuidar del e. Ensina-se aos estudantes que devem evitar a gravidez como se se tra tasse de evitar uma doença infecciosa, em vez de ensiná-los a receber uma nova vida como receberiam um m il hão de dólares. Semelhante exercício, que fomenta o medo às mudan ças que implica ter um filho, não conta com a graça que se recebe no sacramento do matrimônio, graça que anula o te mor mediante o amor, como diz São João: "No amor não h á temor, pois o amor perfeito el imina o temor" ( 1 Jo 4, 1 8) . E este é o tipo de amor que Deus quer que haja no nosso matrimônio: um amor que acolha os filhos, em vez de temê-los. Tem-se chegado até a criar foros e páginas web com in formações sobre clubes para adultos sem filhos que rejeitam o que chamam uma vida "filhocêntrica" . Um desses clubes, No Kidding (Sem filhos) , anima a nunca ter filhos e opõe-se às iniciativas governamentais que ajudam os pais na missão de cuidar dos filhos. Um artigo do jornal Lincoln ]our nal-Star transmitia a opin ião de vários dos seus membros: "«Sem filhos� é uma expressão que ind ica que estamos 4(livres de� , livres de um fardo, de uma responsabilidade. Li- VALC R l ZAR S F I L H 5 1 vramo-no do fardo q u o filh acarretam para a nossa di pon ibi l idade de tempo, d inhei ro e recursos. Não estamos « em » algum a coisa" - diz Katie Andrews, de 3 1 anos , pro fessora de um colégi o de_en i no primário, casada e sem fi lhos. E na mesma linha, Lor i Kranz, de 39 anos, que reside na Cal ifórnia, declara: "Temos l iberdade para fazer o que quei ramos, quando queiramos. Os dois somos profissionais e estam.os com prometidos com o nosso trabalho" . Lori , que é católica, diz que, durante as aulas do cursinho pré-matri monial a que ela e o noivo assisti ram na sua paróquia, abor daram o tema de não ter filhos e ninguém procurou fazê-los mudar de opinião 1 4 • Semelhante modo de pensar revela, no melhor dos ca sos, uma visão míope, e , no pior, um perigo não só para os indivíduos, mas também para a sociedade. Na sua Carta às familias, João Paulo I I diz: "Uma nação verdadei ramente soberana e espi ritual mente forte compõe-se sempre de famílias sólidas, cons cientes da sua vocação e da sua missão na história [ . . . ] . Re legar a família a um papel subalterno e secundário, excluin do-a do l ugar que lhe cabe na sociedade, significaria provo car um grave dano ao autêntico crescimento de todo o cor po social" . E o Papa prossegue: "A cultura reduz-se a uma civilização de «coisas» e não de (lpc soas » , a uma civi lização em que as pessoas são usadas com o se fossem coisas. No contexto da civi l ização do pra zer, a mulher pode chegar a ser um objeto p ara o homem, r 1 4; Vakríe akama. No K.dding! More Coup1es Rtmain hildlc s by Choi .. , m lí11eoln {N�b k.a J ]t1t11'714t-St•r, 5- J 1 - 1 999. 5 2 1'. l 1 H l·.H. I Y 1 1 \H os filho um ob t ' ulo par ção que di ficulta a l i b rdad O VALOR O ILH a i , a famíl ia uma in r i tui u n1 mbro " 1 5 • fBLlA Nenhum v rs ículo d Bíbl ia diz que a abertura para a vida tenha um lado negativo . En1 lugar nenhum se deixa entrever e sa sabedoria,, que encara os filhos como um peso , um gasto ou un1 obstáculo ao desenvolvimento profis sional ou à formação dos pais. Os filhos não são uma "coisa" que se possui , nem o ob j eto que vamos adquirir depois do carro , da casa ou do ca chorrinho; não são um salário extra que ganhamos. Não são o plano que vem depois de o casal ter realizado os anteriores e estar bem estabelecido na vida. Não são o próximo proje to depois de o casal se ter organizado para atender aos cui dados de que o cachorrinho necessita e de sentir-se prepara do para dar mais um passo. Não têm valor por nós o termos dado. Têm valor em si mesmos por terem sido criados por Deus à sua imagem e semelhança. São puro dom. São fundamentalmente dE/e, não nossos. Ele no-los ofe rece a título de "empréstimo", para que cuidemos dos seus corações, mente e alma. Como deveremos receber cada um deles ? - Com alegria, porque - afirma Suzanne - "uma nova vida é muito melhor que todos os bens materiais ou todos ,., . . ,, os exttos terrenos JUntos . - Com gratidão: "Os filhos são bblçãos, e a fecundidade um dom de Deus. Quanto o Senhor ama os seres humanos, as almas, as criancinhas!", exclama uma mãe de Phoenix . - Com bumiúiade: " Sinto-me muito honrada por Deus ( 1 S) Cirt11 � famllw. n. 1 7 e n . t 3. 53 e t rvi de l m a para o seu exa . . r 1 n . . , . me1 r an 1 v r n di ca r in h m e r � l . m m rar o nosso pn- m u m fi l ho de u m mês! " , 1 t n P n i lvânia . o m é p ív l ter m edo? uma da uas p rimeiras vi agen ao rad Un ido , a Mad re er a de Calcutá to m o u um a ri anc inha n bra ouvi ran1 -na dizer: " Por que têm tan t m d de t i ?" Ou, com palavr de Carhy, u m a person agem dos q ua drinho : "A m i n h a geração tem q ue decidir entre ter um fi lho ou é- lo". Parece q ue a no a cul tu ra e q ueceu o valor de um filho. Basta i r a um parqu públ ico das grandes cidades para ver a quantidade de pe oas q ue pa eiam u m cachorro e as pou cas que empurram um carr i nho com um bebê. Algum a coi sa não bate em emel han te panorama. Qual é o val or do fi l ho ? O sal m ista exprime a visão que Deu tem do filho corn o val ioso presentes: Vede: a herança d Se n h or ão os fil hos, a sua recompen- a o fru to da.5 u as en t ran h as . o rno flechas n a mão do guer rei ro, i.m ão o fi l ho da j uven tude. Feliz o homem que encheu dele a ua aljava. Não sai rão envergonhados da d i pu ta n a praça com os seu i n i m igos (Sal 1 27, 3-5) . ramo n uma batalha espiritual e os nossos filhos são · flechas. ua n ras flechas você quer ter na sua aljava quan do for com bater? . Pergunta ram a um homem que t inha onze filhos se a sua al Java e tava cheia, e ele rc pondeu com um sorriso: "Sem pre ouvi d i1,er que na aljava cabe uma dúzia". Você imagina u rn e mera de 1V que chegue à ca a desse homem quando cl ) a m ulher e do o filho es[áo cntados à mesa para o 1 \ l l 1 I ' l \ 1 1 1 1 i i 1 : " \ ' i t' q l· p< b r u n ' . l ·o n �e ' l l i L n .. t r i u ] · - J n a l � . t l 1 n i s t l l d i 1. l f l l l css ho rncm ri ! 1 r u n -.u t . l / p 1 • i i �se�� : L• / orqu e " l l h todos s . · u 1 i ! " · · , \ t u . t 1 1 u d h -r ser.l ·< 1 11 > i n h t . .u d � i l l l l . t ·· t, s :t . ) , t eus d ho , m r n - 1 i " i . 1 1 1 1 t o r ) l a t u a .r n "sa . A. s .i n 1 é ab n ado .. .. n lh . r hn r n · r n q ut· o r 1 1 1 ; " S. 1 1 8 -4) . 1 1 1 .1 ' 1 n 1 il i .1 n u n 1 t• t > -.1 u 1 n a h n 1 d � eu . M j to i�n i 1 � a q u · u n1 .1 f:un l i a p q u c n � · n ã ten h a i mp rrân- 1d 1 l l h e n1 u 1n ai > r i 1 h n i o me·1n q u j fi l ho l .t:i 3 .1 t h c.;ra rn u rn t l h : I a ; I aa e Re- n1 n r d i � e m c s : • . ú � J a ó . No n tan ro es a u l [ m íl i .1. desunp n ha r. m u m p ape l cru cial na hi tória '1 alva ã . erra 1n n re n i nguén1 d uvida da im portan cia a a . r d F m l i � rn bora só houv e u m Fi lho n a a . i magem do fil ho o rn o uma flecha i l us tra a i mportân cia de não apen t r fi lh s, mas d ducá-los na fé. Para preparar uma boa flecha q u pos a acertar no a lvo , u m ar queiro afia a pon r coloca cuidadosament as penas . Os filhos tem de ser afie do co.m discip l i na e trei nados na fé· depois sai rão ao mundo para J var a cabo o trabal ho que Deus lhes quei ra con fiar. O VALOR DOS FI LH S PARA NÓS "Os filhos são dom xcelcntfssimo do matri mônio e contribuem enormem n re para o bem dos seus próprios pais'', proclama o Concíl io V ticano I I ( Gaudium et
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