Se, pa ra nós, o uso de todos estes conceitos ainda não e stá apropriado,
vale destacar que, embora não seja de no ssa cultura, de certa fo rma, aprendemos
a usar com se gurança o rashi e, certo ou errado, sabemos que parecem ser todos
variáveis de sushis.
Não é o caso de d iferenciar o motivo pelo qual usamos no Oc idente o garfo
e a fa ca, na Índia as mãos e , no Japão, o rashi. Importa saber que cada domínio
destes recursos passou por inco rporação cultural de co nceitos, de práticas e
valores que nos def inem, não somente na perspectiva cultural, como no conjunto
das representações simbólicas dos elementos desta apropriação.
Quem nasceu na década de 1970 talvez ti vesse m ais estranheza neste
processo em relação a quem nasceu em 1990, m as nem por isso deixou de
incorporar valores, se em contato com estes recursos simbólicos de cultura e por
meio, minimamente, do papel de alguns mediadores.
Que mediadores são estes e de que forma aprendemos permanentemente
de modo a recriar o próprio desenvolvimento da filogênese?
Há diferença neste processo em relação à condição etária?
De que fo rma os adultos se relacionam com estes recursos simbólicos e
apropriações culturais, de modo a desenvolver suas f unções mentais superiores?
Nesta perspectiva, os temas que se seguem visam a aprofundar, de forma
possível, a relação entre os elementos simbólicos da apropriação de cultura e o
desenvolvimento das funções mentais superiores.
TEMA 1 – A MEDIAÇÃO COMO ATO INTENCIONAL DA PRODUÇÃO DA
HUMANIDADE E APROPRIAÇÃO CULTURAL
Retomemos brevemente o referencial teórico do Materialismo Histórico
para situar o papel da filogênese na construção da ontogênese .
Para Marx (S.d.),
O traba lho é um processo de que part icipam o hom em e a natureza ,
processo em que o ser humano com sua própria açã o impulsiona, regula
e controla se u intercâmbio material com a natureza . Def ronta -se c om a
natureza com o uma de suas forças. Põe em movim ento as forças
naturais de seu corpo, braços e pernas, cabeça e m ãos, a fim de
apropriar-se dos recurs os da nature za, imprim indo-lhes f orma útil à vida
humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando -a, ao
mesmo tempo modifica sua própria natureza. Desenvolve as
potencialidades nela adormecidas e submete ao seu domínio o jogo das
forças naturais. Não se trata aqui das form as instintivas, a nimais, de
trabalho. Pressupom os o trabalho so b form a exclusivam ente humana