outro, de forma reflexiva? Nosso trab alho em ancipa ou aliena? Humaniza ou
desumaniza? Permite-nos pensar ou agimos mecanicamente? Qual a dimensão
da contradição que possibilita o movimento e as abordagens filosóficas? Temos ,
a partir dessas reflexões, a possibilidade de a nálise, a partir de duas categorias
de naturezas bem diferentes: a politécnica e a ergologia.
De um lado, temos a defesa por uma f ormação para o mundo do trabalho,
e de outro o entendimento do trabalhador n o mercado de trabalho. Mundo de
trabalho e mercado de trabalho assumem diferen ças conceituais que não são
apenas de caráter semântico, mas também epistemológico. Tais diferenças, e o
papel desses conceitos na formação do trabalho , são o contexto desta aula.
TEMA 1 – O TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NA FORMAÇÃO
PROFISSIONAL
Quando contextualizamos o fato de que ergologia e politécnica são
conceitos de matrizes epistemo lógicas diferente s, temos como referência a
concepção de trabalho como princípio educativo, ou de outro m odo um a
concepção de educação e trabalho. Como base epistemológica , encontramos no
materialismo histórico-dialético seu principal fundamento. O método do
materialismo fo i definido a partir dos e studos marxianos, tomando como referência
que a materialidade (ou seja , nossas condições concretas de vida, de
sobrevivência, de trabalho) é condicionada pelo modo de produção capitalista.
Contudo, a forma trabalho definida sob o capitalismo foi ela também o produto da
materialidade, que se deu e se dá no movimento da história em suas con tradições.
Movimento, h istória e contradição são a s categorias da própria dialé tica. A
dialética assim é concebida como método e conteúdo e está presente em qua se
todas as teorias filosóficas e pedagógicas.
O trabalho humano, segundo es sa concepção, é p roduto da história e sua
forma tem sido construída cultu ralmente. Vejamos as ideias de Engels (1999, grifo
nosso):
Graças à cooperação da m ão, dos órgãos da lingu agem e do cérebro,
não só em cada indivíduo, mas também na sociedade, os h omens foram
aprendendo a executar o perações cada vez m ais c omplexas, a propor -
se e alcançar obje tivos cada ve z mais elevados. O trab alho mesmo se
diversificava e ape rfeiçoava de g eração em ger ação, estendendo -
se cada vez a novas ativ idades. À caça e à pesc a veio juntar -se a
agricultura, e mais tarde a fiação e a tecelagem , a elaboraç ão de m etais,
a o laria e a navegação. Ao lado do com ércio e dos ofí cios aparec eram,
finalmente, as art es e as ciências; das tribos saíram as nações e os
Estados. Apareceram o direito e a política, e co m eles o refl exo