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e encordoadas e madeiras moles. Segundo muitos preparadores de serras, o fundo reto reduz o risco de fendas no fundo do dente. FIGURA 81. FORMATO DE DENTE DO TIPO O. FONTE: UDDEHOLM, s.d. Ì Formato S: Este tipo de dente é o formato normal para lâminas largas, principalmente quando as pontas dos dentes forem recalcadas (FIGURA 82). Devido TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 83 à convexidade das costas do dente, o ângulo de saída é reduzido ao mínimo. Conhecido também como bico de papagaio. FIGURA 82. FORMATO DE DENTE DO TIPO S. FONTE: UDDEHOLM, s.d. Í Formato NS: Este formato é uma combinação dos tipos N e S. Tem como vantagens uma ponta com alta capacidade de recalque e uma grande área de garganta (FIGURA 83). Desta forma, reduz o risco de surgimento de fendas e aumenta a capacidade de contenção de serragem. É recomendado para lâminas de 150 a 200 mm, tanto para madeiras moles como para madeiras duras. Conhecido também como dente em gancho. FIGURA 83. FORMATO DE DENTE DO TIPO NS. FONTE: UDDEHOLM, s.d. Î Formato do tipo SB: Este tipo de dente é utilizado para serrar madeira congelada. Possui um raio da garganta maior, o qual previne formação de fendas. O dente possui uma estabilidade lateral elevada, devido à pouca profundidade da garganta (FIGURA 84). Um ponto de transição no fundo da garganta, faz com que os cavacos congelados se quebrem, transformando-se em cavacos menores, o que proporciona uma ótima utilização da área da garganta, com o mínimo de fuga e adesão de serragem nas tábuas. TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 84 FIGURA 84. FORMATO DE DENTE DO TIPO SB. FONTE: UDDEHOLM, s.d. 7.2 TRAVAMENTO DAS LÂMINAS Para uma lâmina de serra passar sem atrito através do corte feito na madeira, a espessura de corte deve ser maior que a espessura da lâmina. Desta forma, obtém-se maior espessura de corte através das operações de travamento das serras as quais podem ser por torção ou por recalque. O travamento por torção é feito principalmente em serras estreitas e o travamento por recalque, por sua vez é feito em lâminas mais largas. Um dente recalcado é mais estável, não se flexiona ou vibra e proporciona maior durabilidade à serra. As serras travadas por torção tendem a perder o travamento e as serras travadas por recalque permitem maior velocidade de alimentação. 7.2.1 TRAVAMENTO POR TORÇÃO O travamento por torção consiste em se inclinar os dentes da serra, sendo um à direita e outro à esquerda alternadamente (FIGURA 85). Desta forma, o corte realizado é maior que a espessura da lâmina de serra. Durante a operação de travamento, pode-se deixar o 3o ou 4o dente sem trava, os quais servirão de guia para o operador. Esta operação pode ser realizada automaticamente, em máquinas apropriadas ou manualmente com um alicate de travar ou travador que consiste em um disco dotado de entalhes. TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 85 FIGURA 85. OPERAÇÃO DE TRAVAMENTO POR TOÇÃO EM DENTES DE SERRA. FONTE: UDDEHOLM, s.d. A inclinação dos dentes, ou seja, a intensidade ad trava depende da espessura da lâmina e da dureza da madeira. Para madeiras duras e lâminas mais largas, o travamento não deve ser maior que 1/4 da espessura da lâmina. Para madeiras macias, o travamento pode alcançar até 1/2 da espessura da lâmina. Um travamento muito intenso resulta num corte muito espesso, submetendo a lâmina a esforços desnecessário, com maior consumo de energia e superfícies de corte com menor qualidade. Em contrapartida, um travamento muito pequeno provoca atrito desnecessário entre a lâmina e a madeira, também com excessivo consumo de energia e aquecimento da lâmina. Somente a ponta do dente deve ser travada. Dentes de serras torcidos até a base apresentam o surgimento de fendas. 7.2.2 TRAVAMENTO POR RECALQUE O travamento por recalque consiste em se amassar a ponta do dente de maneira uniforme. Tal operação provoca o alargamento da espessura do dente. O tamanho do recalque depende da dureza da madeira e da espessura da lâmina. Para madeiras macias, o recalque pode ser mais pronunciado. Esta operação pode ser realizada numa máquina de recalque automática ou no recalcador manual (FIGURA 86). Numa serra com dentes travados por recalque, cada dente realiza uma espessura de corte completa o que não acontece com dentes travados por torção, onde são necessários dois dentes para dar uma espessura de corte (FIGURA 87). Como resultado, uma serra com dentes recalcados gera maior produção com menor fadiga da serra. TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 86 RECALCADOR MANUAL FIGURA 86. TRAVAMENTO DE SERRAS POR RECALQUE. FONTE: UDDEHOLM (s.d.). FIGURA 87. ESQUEMA DO FOI DE CORTE PARA DENTES TRAVADOS POR TORÇÃO E DENTES TRAVADOS POR RECALQUE. FONTE: TUSET & DURAN, 1979. Ao se realizar a operação de recalque, esta não deve ser feita de uma só vez, com pancadas rápidas e violentas, mas sim, de maneira suave e lenta. No recalcador manual a operação deve ser realizada 2 ou 3 vezes. No recalcamento TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 87 automático, a fita de serra deve passar 2 vezes sem que seja alterada a graduação da máquina. O travamento por recalque tem algumas vantagens em relação ao travamento por torção, vistas a seguir: U Corte mais retilíneo í dentes recalcados serram toda a madeira, permanecendo no eixo da lâmina, evitando tendências da lâmina empenar num sentido ou no outro. U Maior resistência na ponta dos dentes í em função do recalque que sofreram, as serras apresentam um bom corte por um período mais longo. U A intensidade do recalque permanece constante, determinando o traço da serra constante no decorrer da serragem. Dentes travados por torção perdem a trava em pouco tempo, principalmente ao impacto com os nós da madeira. U Serra recalcada apresenta um foi de serragem de menor espessura í vantagem de grande interesse, principalmente para madeiras de valor elevado, onde exige-se o mínimo de perda em serragem. 7.2.3 ESTELITAGEM Após o recalcamento, as pontas dos dentes podem ser revestidas com estelita, com auxílio de um maçarico de acetileno (FIGURA 88). Tal operação proporciona maior dureza e resistência. Após a estelitagem, faz-se a retificação dos dentes em um aparelho especial chamado alinhador ou igualizador, porém, o formato final do dente é proporcionado pela afiação. FIGURA 88. ASPECTOS DE UM DENTE ESTELITADO E ESQUEMA DE UM IGUALIZADOR. FONTES: UDDEHOLM (s.d.); TUSET & DURAN (1979). TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 88 7.3 AFIAÇÃO DAS SERRAS A finalidade de se afiar as serras é a de dar aos dentes forma e ângulos exatos. Um trabalho perfeito de afiação é muito importante para o aumento da durabilidade da serra. As serras são afiadas após serem travadas. 7.3.1 CARACATERÍSTICAS DOS DENTES APÓS A AFIAÇÃO Cada dente se serra deve ser controlado individualmente. As pontas devem estar retas e paralelas à superfície da madeira a ser cortada. Os ganchos dos dentes devem estar bem arredondados, sem saliências ou reentrâncias, tanto no dorso como na parte frontal, pois estas podem causar fendas na garganta do dente. A afiação pode ser realizada manualmente, através do uso de limas ou automaticamente, com rebolo ou esmeril. 7.4 TENSIONAMENTO DAS LÂMINAS A finalidade de se tensionar as lâminas de serras é de compensar a dilatação que as mesmas sofrem, em virtude do aquecimento provocado pelo atrito entre os dentes e a madeira. 7.4.1 TENSÃO INTERNA DAS SERRAS DE QUADRO As serras de quadro raramente necessitam ser tensionadas, pois as mesmas trabalham submetidas