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APOSTILA-SERRARIAS pdf

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fupef 
 
SÉRIE DIDÁTICA N0 02/01 
 
 
 
 
 
EDIÇÃO REVISADA E AMPLIADA (2002) 
Márcio Pereira da Rocha 
Eng. Florestal, Professor Adjunto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA – 2002 
FUNDAÇÃO DE PESQUISAS FLORESTAIS DO PARANÁ 
FUPEF DO PARANÁ 
 
 
 
PRESIDENTE DO CONSELHO CONSULTIVO 
Prof. Jose Sidney Flemming 
 
PRESIDENTE DO CONSELHO EDITORIAL 
Dr.Jorge Luis Monteiro de Matos 
 
DIRETORIA EXECUTIVA 
Dr. Anadalvo Juazeiro dos Santos – Diretor Cientifico 
Dr. Jorge Luis Monteiro de Matos - Diretor Administrativo 
Dr. Flávio Felipe Kirchner Diretor Financeiro 
 
 
 
 
 
EMPRESAS ASSOCIADAS 
Cia. Paranaense de Energia – COPEL 
Empreendimentos Florestais Agloflora Ltda 
Inpacel – Indústria de Papel Arapoti S/A 
Indústria Andrade Latorre S/A 
Klabin do Paraná Agro-Florestal S/A 
Manasa- Madeireira Nacional S/A 
Mobasa – Modo Battistela Reflorestamento S/A 
Orsa Celulose e Papel S/A 
Pisa Florestal S/A 
Rigesa - Celulose, Papel e Embalagens Ltda 
Swedish Match do Brasil S/A 
Indústrias João José Zattar S/A 
Wosgrau Participações Ind. Com. Ltda 
 
 
 
ENDEREÇO: 
Rua Pref. Lothário Meissner, 3400 – Campus III UFPR - Jd. Botânico 
80210-170 – Curitiba – Paraná 
Fone: 41- 360-4222 – Fax: 41- 360-4221 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOTA: O conteúdo da presente publicação é de inteira responsabilidade dos autores. 
As afirmações e opiniões, bem como a menção de qualquer produto, equipamento ou 
técnica, não implicam em sua recomendação por parte da FUPEF. 
 
Edição Revisada (2002) 5a Tiragem: 20 exemplares 
 i
SUMÁRIO 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 01 
1.1 DEFINIÇÃO DE UMA SERRARIA......................................................... 04 
1.2 CLASSIFICAÇÃO DE SERRARIAS...................................................... 04 
 
2. OPERAÇÕES DE DESDOBRO DA MADEIRA....................................... 
 
06 
2.1 DESDOBRO PRINCIPAL...................................................................... 06 
2.2 DESDOBRO SECUNDÁRIO................................................................. 07 
2.2.1 RESSERRAGEM................................................................................ 07 
2.2.2 REFILO OU CANTEAGEM................................................................. 08 
2.2.3 DESTOPO........................................................................................... 08 
2.2.4 REAPROVEITAMENTO..................................................................... 08 
 
3. MÁQUINAS PARA SERRAR MADEIRA................................................. 
 
10 
3.1 SERRAS ALTERNATIVAS OU DE QUADRO...................................... 10 
3.1.1 SERRA COLONIAL ............................................................................ 10 
3.1.2 SERRA FRANCESA........................................................................... 11 
3.1.3 SERRA ALTERNATIVA HORIZONTAL............................................. 13 
3.1.4 SERRA ALTERNATIVA TISSOT........................................................ 15 
3.2 SERRAS DE FITA................................................................................. 15 
3.2.1 SERRA FITA SIMPLES...................................................................... 16 
3.2.2 SERRA FITA DE CORTE DUPLO...................................................... 20 
3.2.3 SERRA FITA DUPLA OU GEMINADA............................................... 20 
3.2.4 SERRA FITA TANDEM....................................................................... 22 
3.2.5 SERRA FITA QUÁDRUPLA............................................................... 23 
3.2.6 SERRA FITA HORIZONTAL.............................................................. 24 
3.2.7 SERRA FITA DE RESSERRA OU REAPROVEITAMENTO.............. 26 
3.3 SERRAS CIRCULARES........................................................................ 28 
3.3.1 SERRAS CIRCULARES SIMPLES.................................................... 31 
3.3.2 SERRA CIRCULAR DUPLA OU GEMINADA.................................... 32 
3.3.3 SERRA CIRCULAR MÚLTIPLA......................................................... 33 
3.3.4 SERRAS CIRCULARES DE DOIS EIXOS......................................... 36 
 ii
3.3.5 SERRAS CIRCULARES MÚLTIPLAS DE CORTES EM CURVA..... 39 
3.3.6 EQUIPAMENTOS DE PERFILAGEM................................................. 39 
3.4 SERRAS DESTOPADEIRAS................................................................ 43 
 
4. PLANEJAMENTO PARA A INSTALAÇÃO DE UMA SERRARIA......... 
 
46 
4.1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 46 
4.2 FATORES A SEREM OBSERVADOS QUANTO À LOCALIZAÇÃO 
 DA SERRARIA....................................................................................... 
 
46 
4.2.1 FONTE DE MATÉRIA PRIMA........................................................... 46 
4.2.2 MÃO DE OBRA DISPONÍVEL............................................................ 47 
4.2.3 MERCADO CONSUMIDOR E ORIGEM DAS TORAS....................... 48 
4.2.4 TRANSPORTE E VIAS DE COMUNICAÇÃO.................................... 48 
4.2.5 TAXAS E IMPOSTOS......................................................................... 49 
4.2.6 FATORES RELACIONADOS AO TERRENO.................................... 49 
4.3 ESTUDOS PARA A INSTALAÇÃO PROPRIAMENTE DITA DA 
 SERRARIA............................................................................................. 
 
50 
4.4 DIVISÃO DE UMA SERRARIA.............................................................. 51 
4.4.1 PÁTIO DE TORAS .............................................................................. 51 
4.4.2 LOCAL PARA MAQUINÁRIO............................................................ 52 
4.5 LAYOUT DA SERRARIA....................................................................... 53 
4.5.1 DISTÂNCIA ENTRE OS EQUIPAMENTOS....................................... 53 
4.5.2 DISTRIBUIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS............................................ 53 
4.5.3 DEFINIÇÃO DA ÁREA COBERTA..................................................... 54 
4.5.4 SEÇÃO DE MANUTENÇÃO DE SERRAS......................................... 54 
4.5.5 PISO DA SERRARIA.......................................................................... 54 
4.5.6 PÁTIO DE TORAS .............................................................................. 55 
4.5.7 CLASSIFICAÇÃO, CÂMARAS DE SECAGEM E DEPÓSITO DE 
 MADEIRA SERRADA......................................................................... 
 
55 
4.5.8 EXEMPLOS DE LAYOUT................................................................... 55 
4.6 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UMA SERRARIA...................... 60 
4.6.1 RENDIMENTO.................................................................................... 60 
4.6.2 EFICIÊNCIA........................................................................................ 61 
 
5. TÉCNICAS DE SERRARIAS................................................................... 
 
62 
5.1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 62 
 iii
5.2 TÉCNICAS CONVENCIONAIS DE SERRARIAS.................................. 62 
5.2.1 PÁTIO DE TORAS .............................................................................. 62 
5.2.2 DESDOBRO PRINCIPAL................................................................... 62 
5.2.3 DESDOBRO SECUNDÁRIO.............................................................. 63 
5.2.4 USO DAS TÉCNICAS CONVENCIONAIS......................................... 63 
5.3 TÉCNICAS MODERNAS DE SERRARIAS........................................... 64 
5.3.1 PÁTIO DE TORAS .............................................................................. 64 
5.3.2 DESDOBRO PRINCIPAL................................................................... 65 
5.3.3 DESDOBRO SECUNDÁRIO.............................................................. 65 
5.3.4 USO DAS TÉCNICASMODERNAS................................................... 66 
 
6. SISTEMAS DE DESDOBRO................................................................... 
 
67 
6.1 CONTRAÇÕES...................................................................................... 67 
6.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE DESDOBRO.......................... 67 
6.2.1 SISTEMAS DE DESDOBRO EM RELAÇÃO AOS ANÉIS DE 
 CRESCIMENTO E RAIOS LENHOSOS............................................. 
 
68 
6.2.1.1 CORTE TANGENCIAL.................................................................... 68 
6.2.1.2 CORTE RADIAL.............................................................................. 70 
6.2.1.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS CORTES 
 TANGENCIAL E RADIAL................................................................ 
 
73 
6.2.2 SISTEMAS DE DESDOBRO EM RELAÇÃO AO EIXO 
 LONGITUDINAL DA TORA............................................................... 
 
74 
6.2.2.1 CORTE PARALELO AO EIXO LONGITUDINAL DA TORA........... 74 
6.2.2.2 CORTE PARALELO À CASCA....................................................... 75 
6.2.3 CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A CONTINUIDADE DOS CORTES... 76 
6.2.4 DESDOBRO DE TORAS COM DEFEITOS........................................ 77 
 
7. MANUTENÇÃO DE SERRAS.................................................................. 
 
78 
 
7.1 DENTES DE SERRAS........................................................................... 78 
7.1.1 ELEMENTOS DOS DENTES.............................................................. 78 
7.1.2 CARACATERÍSTICAS DOS DENTES DE SERRA............................ 81 
7.2 TRAVAMENTO DAS LÂMINAS............................................................ 84 
7.2.1 TRAVAMENTO POR TORÇÃO.......................................................... 84 
7.2.2 TRAVAMENTO POR RECALQUE..................................................... 85 
7.2.3 ESTELITAGEM................................................................................... 87 
 iv
7.3 AFIAÇAO DAS SERRAS...................................................................... 88 
7.3.1 CARACATERÍSTICAS DOS DENTES APÓS A AFIAÇÃO............... 88 
7.4 TENSIONAMENTO DAS LÂMINAS...................................................... 88 
7.4.1 TENSÃO INTERNA DAS SERRAS DE QUADRO............................. 88 
7.4.2 TENSÃO INTERNA DAS SERRAS CIRCULARES........................... 88 
7.4.3 TENSIONAMENTO INTERNO DAS SERRAS DE FITA.................... 90 
7.4.4 DESEMPENAMENTO......................................................................... 93 
7.5 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS PARA MANUTENÇÃO 
 DE SERRAS........................................................................................... 
 
94 
7.5.1 SERRA FITA....................................................................................... 94 
7.5.2 SERRA CIRCULAR............................................................................ 95 
7.6 PRINCIPAIS DEFEITOS NAS SERRAS E SUAS CAUSAS................. 95 
7.6.1 SERRA FITA....................................................................................... 95 
7.6.2 SERRA CIRCULAR............................................................................ 98 
 
8. PROJETOS DE INDÚSTRIAS MADEIREIRA......................................... 
 
 
101 
8.1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 101 
8.2 LOCALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA........................................................... 103 
8.3 ARRANJO FÍSICO................................................................................. 104 
8.4 INSTALAÇÕES DA INDÚSTRIA........................................................... 105 
8.5 O AMBIENTE NA INDÚSTRIA.............................................................. 107 
8.6 SEGURANÇA NA INDÚSTRIA.............................................................. 108 
8.7 EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS............................................................... 109 
 
9. PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO............................... 
 
 
110 
9.1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 110 
9.2 EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA DE ORGANIZAÇÃO DA EMPRESA... 111 
9.2.1 Estrutura em linha............................................................................. 111 
9.2.2 Estrutura em “staff” ou de apoio..................................................... 111 
9.3 ORGANIZAÇÃO DE UMA EMPRESA DE PORTE MÉDIO.................. 112 
 v
9.4 TIPOS DE PRODUÇÃO E FLUXO DE INFORMAÇÕES 
 E PRODUÇÃO........................................................................................ 
 
113 
9.4.1 Tipos de produção e tamanho da empresa.................................... 113 
9.5 PLANEJAMENTO E CONTROLE NA INDÚSTRIA.............................. 114 
9.5.1 Principais responsabilidades do PCP............................................. 115 
9.5.2 Análise do PCP sob três pontos de vista....................................... 116 
9.5.3 Tipos de PCP..................................................................................... 117 
9.5.4 Pré-requisitos do PCP...................................................................... 117 
9.5.5 Funções do PCP................................................................................ 118 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 120 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
1
1. INTRODUÇÃO 
 
 A madeira é um dos recursos mais versáteis disponíveis na natureza. 
Sua utilização pela humanidade, representa desde as primeiras civilizações, um 
papel muito importante quanto ao avanço e desenvolvimento das mesmas. Nas 
civilizações mais antigas, a madeira começou a ser utilizada como fonte de energia e 
para a fabricação de armas de caça. Posteriormente, passou a ser utilizada na 
construção de abrigos. Já na idade média, a madeira tornou-se a principal fonte de 
matéria prima na construção dos mais variados meios de transportes, desde 
pequenos carrinhos puxados a mão e carroças com tração animal, até às caravelas. 
 Na forma de serrados, a madeira já era utilizada desde 6000 anos 
antes de Cristo, onde os antigos egípcios utilizavam tábuas e pranchões na 
confecção dos sarcófagos. Posteriormente os fenícios, normandos e romanos a 
utilizaram para a construção de embarcações, seguidos pelos portugueses e 
espanhóis, nas grandes navegações. Além destes usos, a madeira sempre foi 
utilizada pelas civilizações como uma forma de expressão da arte através das 
esculturas e instrumentos musicais. 
 Com o desenvolvimento da humanidade, a madeira foi sendo cada vez 
mais estudada e compreendida, o que foi dando a ela usos mais adequados e 
nobres. Nos dias de hoje, em função do avanço de técnicas de utilização pode-se 
dizer que a madeira atingiu um alto grau de utilização, o que é compatível com o seu 
valor. Desta forma, a madeira hoje é matéria prima para grande variedade de 
produtos como laminados, compensados, chapas de madeira aglomerada, chapas 
de fibras, resinas, açúcares, taninos, celulose, papel, energia e madeira serrada. 
 No que diz respeito ao desenvolvimento das serras para madeira, os 
egípcios utilizavam uma serra de bronze chamada serra de cova, a qual era movida 
a mão, para o desdobro de toras na obtenção de pranchões e tábuas (FIGURA 1). 
Os mesmo tipos de serras, porém em pequenas dimensões, eram utilizados para o 
desdobro dos pranchões ou tábuas em peças menores (FIGURA 2). 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
2
 
FIGURA 1. FORMA DE DESDOBRO DE TORAS UTILIZADA PELOS 
ANTIGOS EGÍPCIOS. FONTE: WILLISTON, 1976. 
 
 
FIGURA 2. SERRA DE MÃO DE BRONZE E PLAINA MANUAL TÍPICAS 
UTILIZADAS PELOS EGÍPCIOS A 6000 ANOS ANTES DE 
CRISTO. FONTE, WILLISTON, 1976. 
 
 Em 1555, surgiu a primeira serra de desdobrodotada de movimento 
alternativo. Esta serra era movida por um dente ou braço adaptado ao eixo de uma 
roda d’água. Na extremidade da serra havia um peso de chumbo, o qual 
possibilitava o movimento alternativo vertical (FIGURA 3). 
 
 
 
 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
3
 
FIGURA 3. PRIMEIRA SERRA COM MOVIMENTO ALTERNATIVO, MOVIDA 
POR UMA RODA D’ÁGUA. 
 
Em 1660, foi construída uma serra alternativa mais eficiente, 
movimentada por bielas e manivelas, também adaptadas a uma roda d’água 
(FIGURA 4). 
 
 
 
 
FIGURA 4. EXEMPLOS DE SERRAS ALTERNATIVAS MOVIDAS POR 
SISTEMA DE BIELAS/MANIVELAS, ADAPTADOS A UMA RODA 
D’ÁGUA. 
 
Com a invenção da máquina a vapor por James Watt em 1778, as 
serras alternativas foram melhoradas, através da construção de um quadro contendo 
várias serras, permitindo a execução de cortes múltiplos (FIGURA 5). 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
4
 
FIGURA 5. SERRA ALTERNATIVA MOVIDA A VAPOR. 
 
 Em 1777, foi patenteada por Samuel Miller a primeira serra circular. 
Em 1880, Willian Newberry construiu as primeiras serras de fita. A partir daí, com o 
decorrer dos anos, as máquinas foram sendo aperfeiçoadas até o estágio atual, 
onde dispõe-se de grandes máquinas com altos rendimentos e ótima eficiência. 
Associados a estas máquinas, dispõe-se hoje, de eficientes sistemas automatizados 
para movimentação e transferência das peças durante as operações, além de uma 
variedade de equipamentos de leitura como raio laser, “scanners” e posicionadores 
de toras, que auxiliam num melhor aproveitamento da madeira. 
 
1.1 DEFINIÇÃO DE SERRARIA 
 
 Chama-se de serraria, o local onde toras são recebidas, armazenadas 
e processadas em madeira serrada, sendo posteriormente estocadas por um 
determinado período para secagem. 
 No caso do Brasil, muitas vezes pode-se encontrar anexadas à 
serraria, ou mesmo no seu interior, unidades de beneficiamento. Porém, estas 
unidades nada têm a ver com a definição de serraria, ou seja, não são unidades de 
desdobro primário e sim unidades de usinagem de madeiras. 
 
1.2 CLASSIFICAÇÃO DE SERRARIAS 
 
 Para se classificar serrarias, existem na literatura diversas maneiras, as 
quais consideram tamanho, tipo de matéria prima, equipamentos utilizados e 
produtividade. Porém, a forma mais conveniente de se classificar uma serraria é 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
5
através da sua produção. Sendo assim, tem-se três tipos de serrarias: as pequenas, 
com um consumo de até 50 m3 de toras por dia ou turno; as médias, com consumo 
de 50 a 100 m3 de toras por dia ou turno e as grandes, com consumo acima de 100 
m3 por dia ou turno. Pode-se dizer que das serrarias instaladas no Brasil, 
aproximadamente 65% são serrarias pequenas, 30% médias e apenas 5% serrarias 
de grande porte. 
 As serrarias ainda podem ser classificadas como serrarias fixas ou 
móveis. As serrarias fixas, são aquelas instaladas em um local fixo e a matéria prima 
é deslocada até a mesma. 
As serrarias móveis são unidades compactas que podem ser 
transportadas até a floresta, e cuja vantagem é de que todo o resíduo fica no campo, 
ou seja, o que é transportado para fora da floresta é somente madeira serrada 
(FIGURA 6). Normalmente são unidades de pouca produtividade utilizadas por 
pequenos produtores rurais para atender suas necessidades eventuais. No caso de 
serrarias portáteis de maior porte, estas são de custo elevado, justificando-se o seu 
uso somente em áreas de difícil acesso. Também em função do custo elevado e de 
muitas vezes seu uso ser temporário, é muito comum a prática de locações nos 
países mais desenvolvidos. 
 
 
 
FIGURA 6. EXEMPLOS DE SERRARIAS MÓVEIS (WOOD-MIZER – E.U.A.; KARA 
– FINLÂNDIA). 
 
 6
2. OPERAÇÕES DE DESDOBRO DA MADEIRA 
 
 
 Nas industriais de madeira serrada, as toras entram na serraria, 
sofrem o desdobro e outros processamentos até que as peças adquiram tamanho e 
forma desejados. Para tais operações, são utilizadas as serras. Estas serras são 
classificadas em serras principais e serras secundárias ou auxiliares. 
 Para um bom desempenho das operações dentro de uma serraria, o 
que garante melhor rendimento, produto de melhor qualidade e redução dos riscos 
de acidentes, entre outros fa tores, é necessário que os responsáveis pelo 
gerenciamento da mesma conheçam e definam todas as operações executadas, 
desde a entrada das toras até a madeira serrada em suas dimensões finais. 
 É muito importante também, o preparo das toras para a entrada na 
serraria. Este preparo envolve uma série de operações que são realizadas no pátio 
de toras como traçamento, descascamento e classificação, entre outras. Apesar 
deste preparo ser de fundamental importância para a correta condução das 
operações de desdobro na serraria, tratam-se de operações realizadas 
exclusivamente no pátio de toras, considerando-se operação de desdobro somente 
o traçamento ou destopo das toras no pátio. 
 
2.1 DESDOBRO PRINCIPAL 
 
 São chamadas de operações de desdobro principal, aquelas realizadas 
com equipamentos de grandes dimensões, os quais geralmente necessitam de 
muita energia para seu funcionamento. As serras principais têm a função de reduzir 
as dimensões das toras em peças de mais fácil trabalhabilidade que serão enviadas 
a equipamentos de menor porte para as operações secundárias. Nestas serras as 
toras são cortadas longitudinalmente e transversalmente (destopo). 
 De acordo com suas características, as serras principais podem ser 
classificadas como serras alternativas ou de quadro, serras de fita, serras circulares 
e serras destopadeiras principais circulares ou de corrente, no caso de redução no 
comprimento das toras ou simples destopo das mesmas. 
 7
 Nas operações principais as peças obtidas podem ser blocos, semi 
blocos, pranchões, pranchas, tábuas ou ainda toras de comprimentos menores, 
quando é realizado destopo principal ainda no pátio de toras. 
A transformação da tora em tábuas na própria serra de desdobro 
principal é comum em serrarias de pequeno porte, onde esta única máquina executa 
a maioria das operações de desdobro. Este procedimento torna o processo de 
desdobro lento e consequentemente pouco produtivo. Ao se utilizar uma máquina de 
desdobro principal para reduzir a tora em tábuas se está eliminando o conceito de 
desdobro principal, que é de reduzir as dimensões iniciais da tora para posteriores 
operações em outros equipamentos. Pode-se dizer que a finalidade das serras 
principais, excluindo-se as destopadeiras, é reduzir a altura de corte das peças, 
permitindo o uso de máquinas de menor porte nas operações secundárias. 
 
2.2 DESDOBRO SECUNDÁRIO 
 
 As operações de desdobro secundárias são aquelas realizadas logo 
após o desdobro principal e visam a redução das dimensões das peças ou o 
dimensionamento final das mesmas, seja no comprimento, na largura ou na 
espessura. As máquinas utilizadas no desdobro secundário são geralmente serras 
circulares. Porém, em algumas operações é muito frequente o uso de serras fitas de 
pequeno porte e serras alternativas ou de quadro. 
 As operações secundárias subdividem-se em resserragem, 
reaproveitamento, refilo ou canteagem e destopo. 
 
2.2.1 RESSERRAGEM 
 
 A resserragem consiste numa operação de redução de espessura nas 
peças obtidas no desdobro principal. Normalmente, estas peças passam uma só vez 
na máquina de resserragem, onde se obtém outras peças com a espessura nominal 
final desejada. As peças que passam pela resserragem são blocos, semi-blocos, 
pranchões e pranchas. As máquinas utilizadas na resserragem podem ser serras 
alternativas ou de quadro, serras fitas e circulares simples ou múltiplas de um ou 
dois eixos. 
 8
 Em muitas serrarias, são utilizadas serras circulares, principalmente as 
de dois eixos,pois normalmente as alturas de corte são grandes. Estas serras têm 
uma boa produtividade, mas têm o inconveniente de gerar grande quantidade de 
serragem. Isto se deve à maior espessura dos discos de serra em relação à serras 
de fita. Como os cortes de resserragem são realizados internamente na peça de 
madeira, a maior quantidade de serragem implica em maior perda de madeira. Em 
função da escassez cada vez maior de matéria prima, o que acarreta uma elevação 
do preço da mesma, as serrarias estão optando pela utilização de serras fitas 
horizontais, as quais muitas vezes geram menos da metade de serragem gerada 
pelas serras circulares. 
 
2.2.2 REFILO OU CANTEAGEM 
 
 As operações de refilo ou canteagem são aquelas realizadas com o 
intuito de regularizar as bordas laterais ou reduzir a largura de tábuas, pranchas ou 
pranchões, determinando a largura final das peças. Como os cortes executados são 
rasos, as serras mais indicadas são as circulares. Ainda por serem cortes rasos, as 
serras operam com grande velocidade de corte e os discos são de diâmetros 
pequenos o que permite aos mesmos ter pouca espessura, proporcionando pouca 
perda de madeira na forma de serragem. 
 
2.2.3 DESTOPO 
 
 As operações de destopo são realizadas para eliminar defeitos nas 
extremidades das tábuas ou para a obtenção de peças com comprimentos 
desejados. No caso do destopo secundário as máquinas utilizadas são 
exclusivamente serras circulares. 
 
2.2.4 REAPROVEITAMENTO 
 
 Chama-se de reaproveitamento, toda operação que visa desdobrar 
novamente peças já consideradas resíduo, como costaneiras e refilos. Porém, nem 
sempre desdobra-se peças de descarte da serraria. Em muitas opções de “layout”, 
são retiradas costaneiras com espessuras maiores para posteriormente serem 
 9
resserradas na máquina de reaproveitamento, permitindo maior produtividade na 
máquina de desdobro principal. Neste caso, as costaneiras não são descarte e sim, 
em função de um diagrama de corte proposto, peças que devem passar por uma 
operação secundária de desdobro. Para o reaproveitamento de costaneiras, o 
principal equipamento utilizado é uma serra fita de pequeno porte chamada de serra 
fita de reaproveitamento ou resserra de reaproveitamento, a qual tem a vantagem de 
menor geração de serragem. Já os refilos passam novamente na canteadeira, onde 
é diminuída a largura, em função da retirada de falhas laterais das peças. Do 
aproveitamento de refilos se obtém peças de larguras muito reduzidas, as quais 
podem servir como tabiques para a própria serraria, fabricação de cabos de 
vassoura, cabos de ferramentas, etc. 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
10
3. MÁQUINAS PARA SERRAR MADEIRA 
 
 
 As máquinas de serrar madeira podem inicialmente ser divididas em 
função da sua ferramenta cortante. Basicamente tem-se as serras que utilizam uma 
lâmina denteada e as serras que utilizam um disco denteado para serrar. No grupo 
das serras que utilizam lâminas para cortar a madeira, tem-se as serras alternativas 
ou de quadro e as serras fitas. O grupo das serras que utilizam um disco denteado é 
formado pelas serras circulares. 
 
3.1 SERRAS ALTERNATIVAS OU DE QUADRO 
 
 As serras alternativas são formadas essencialmente por um quadro de 
madeira ou de aço, dotado de movimento alternativo que resulta numa velocidade 
das lâminas variando de zero até uma velocidade máxima. Nas extremidades são 
presas uma ou várias lâminas de serra. Estas lâminas são colocadas ligeiramente 
inclinadas para frente ( 1 a 12mm), dependendo da altura do quadro, o que evita um 
esforço no sentido ascendente do quadro. 
 O corte pode ser feito somente no sentido descendente quando os 
dentes da serra são vo ltados para baixo ou nos dois sentidos quando metade dos 
dentes está voltada para baixo e metade para cima. 
 A altura das lâminas (H), varia conforme a altura máxima de corte, de 
acordo com a seguinte relação: 
H ≥ altura máxima de corte + amplitude de corte 
 
 A inclinação ideal das lâminas é determinada na prática e a largura das 
lâminas varia de 0,22 a 0,24 X a altura de corte. A espessura varia de 1,6 a 
2,0mm. 
 
3.1.1 SERRA COLONIAL 
 
 A serra colonial é composta por um quadro de madeira onde são 
fixadas as lâminas. A tora ou a peça a ser desdobrada é presa num carrinho que é 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
11
dotado de movimento sincronizado com o movimento do quadro e permite o avanço 
da peça a ser desdobrada contra as lâminas da serra (FIGURA 7). A principal 
finalidade da serra colonial é de transformar a tora em pranchões. Este tipo de serra 
ainda é encontrado no Brasil em serrarias artesanais, movidas a roda d’água e era 
indicada para toras de grandes diâmetros (1,00 a 1,50m). Foi muito utilizada no 
desdobro de toras de araucária, imbúia e outras espécies de grandes dimensões da 
região Sul. 
 
 
FIGURA 7. SERRA ALTERNATIVA COLONIAL. 
 
 
3.1.2 SERRA FRANCESA 
 
 Esta serra é um tipo aperfeiçoado da colonial. Trabalha com potência 
mais elevada e maior número de lâminas (30 ou mais). Devido à grande velocidade, 
há muita vibração do quadro. Por este motivo, é totalmente constituída de aço 
(FIGURAS 8 e 9). As lâminas também são ligeiramente inclinadas para a frente. São 
serras apropriadas para pequenas alturas de corte, devido ao pequeno curso do 
quadro. Esta serra é mais utilizada para a resserragem de madeiras nobres com 
elevada rentabilidade e boa precisão de corte. 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
12
 
 
FIGURA 8. SERRA ALTERNATIVA FRANCESA (INDÚSTRIAS LINCK – 
ALEMANHA). 
 
 
 
 
FIGURA 9. SERRA ALTERNATIVA FRANCESA (INDÚSTRIA EWB – ESTERER 
WD GmbH & CO. – www.ewd.de - ALEMANHA). 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
13
 
 No Brasil, o uso de serras francesas é muito restrito. Em função disto 
não são fabricadas no país. Porém é um equipamento usado com frequência em 
países europeus como máquina de desdobro principal, para toras de pequenos 
diâmetros e em operações de resserragem de blocos e semi blocos. 
No QUADRO 1, pode-se observar algumas diferenças entre a serra 
colonial e a francesa. 
 
QUADRO 1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS SERRAS ALTERNATIVAS 
COLONIAL E FRANCESA. 
CARACTERÍSTICA COLONIAL FRANCESA 
Velocidade angular do volante 110 a 130 RPM 240 a 340 RPM 
Curso do quadro 75 a 90 cm 30 a 60 cm 
Velocidade média das lâminas 2,75 a 3,90 m/s 2,4 a 6,8 m/s 
Avanço por corte 1 a 5 mm 2 a 20 mm 
Velocidade de corte 2 a 10 mm/s 8 a 110 mm/s 
Número de lâminas máximo de 6 até 30 ou mais 
Altura de corte 
toras de grandes 
diâmetros (1 a 1,5 m) 
baixa 
Tipo de madeira madeiras nobres madeiras nobres 
Tensão nas lâminas 12 a 15 Kg/cm2 12 a 15 Kg/cm2 
Potência necessária 15 HP 50 a 90 HP 
 
 
3.1.3 SERRA ALTERNATIVA HORIZONTAL 
 
 A grande diferença deste tipo de serra alternativa, em relação à 
colonial e à francesa, está no movimento do quadro, que é no sentido horizontal 
(FIGURA 10). Possui uma única lâmina e a tora é presa num carrinho que se move 
horizontalmente na direção da lâmina. Como a serra colonial, este tipo de serra 
ainda existe em algumas serrarias centenárias e artesanais, onde foi muito utilizada 
para desdobro de toras com diâmetros de até 1,5 m, principalmente na região Sul, 
até aproximadamente 1950. Foi também muito utilizada no desdobro de madeiras 
duras, devido à pequena velocidade de corte. 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
14
 
FIGURA 10. SERRA ALTERNATIVA HORIZONTAL. FONTE: TUSET & DURAN, 
1979. 
 
No QUADRO 2, são apresentadas as principais características da serra 
alternativa horizontal. 
 
QUADRO 2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA SERRA ALTERNATIVA 
HORIZONTAL. 
 
CARACTERÍSTICA SERRA HORIZONTAL 
Velocidade angular do volante 120 a 135 RPMCurso do quadro 75 a 90 cm 
Velocidade média das lâminas 3 a 4 m/s 
Velocidade de corte 1 a 5 mm/s 
Número de lâminas uma 
Tipo de madeira 
madeiras duras e de 
grandes dimensões 
Potência necessária 10 a 20 HP 
 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
15
3.1.4 SERRA ALTERNATIVA TISSOT 
 
 
 
 A serra de quadro do tipo tissot também é uma serra dotada de 
movimento alternativo vertical e difere das serras colonial e francesa quanto ao 
número de lâminas e pela maneira de aproximação do quadro. Como a serra 
horizontal, possui apenas uma lâmina e a peça a ser serrada aproxima-se 
externamente ao quadro. Foi utilizada também para desdobro de toras de grandes 
dimensões e madeira dura, principalmente no Estado de Santa Catarina. 
 
 
3.2 SERRAS DE FITA 
 
 
 
 A serra fita é constituída essencialmente de uma lâmina contínua de 
aço tensionada por dois volantes. Este equipamento tem como principais vantagens: 
a) a grande velocidade de corte, proporcionada pela forma da lâmina, que permite 
um corte contínuo a uma velocidade constante; b) pouca perda de madeira devido à 
pequena espessura das lâminas, proporcionando um fio de corte estreito; c) a 
versatilidade, pois com uma mesma máquina pode-se desdobrar toras de grandes e 
pequenos diâmetros e madeiras moles e duras, o que a faz a mais utilizada em 
serrarias com variação de diâmetros e espécies; d) têm possibilidade de boa 
produção com pouco consumo de energia; e) a velocidade de corte pode ultrapassar 
150m/min., com potência variando de 20 a 300 HP. As lâminas têm espessura e 
largura variáveis de 0,8 x 100 mm até 3 x 415 mm o que resulta num fio de corte de 
1,1 a 4,5 mm, para dentes travados por recalque e de 1,2 a 5,4 mm, para dentes 
travados por torção. As serras de fita têm como desvantagens a dificuldade de 
manutenção e montagem. 
 Os diâmetros dos volantes variam de 0,80m a 2,00m. Podem 
eventualmente ser maiores em casos excepcionais. O volante inferior é mais pesado 
(100 a 600 Kg), pois é aplicado nele a força motriz. Este grande peso serve como 
um reservatório de energia cinética, o que impede que a lâmina perca velocidade 
quando forçada. O volante superior é muito mais leve. A distância entre os dois 
volantes pode ser regulada de acordo com o comprimento da lâmina, através do 
afastamento ou aproximação do volante superior como necessário. A serra de fita 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
16
possui um contra peso na extremidade de uma alavanca para o tensionamento ideal 
da lâmina, o que lhe dá a rigidez necessária para serrar. Além disso, este contra 
peso permite que o volante baixe ligeiramente quando a serra recebe um choque, 
aliviando momentaneamente o esforço, evitando o rompimento da serra. 
 Quando a serra fita é utilizada em desdobro principal, a tora pode ser 
presa a um carrinho móvel que a leva de encontro à serra a uma velocidade de até 
60 m/min, com controle automático ou manual (FIGURA 11). 
 
FIGURA 11. DIAGRAMA TRANSVERSAL DE UMA SERRA DE FITA COM 
CARRO PORTA TORAS. FONTE: MENDES (2002). 
 
 Entre as muitas variações das serras de fita, as principais são: serra 
fita simples, serra fita simples de corte duplo, serra fita dupla ou geminada, serra fita 
tandem, serra fita quádrupla, serra fita de reaproveitamento e serra fita horizontal. 
 
 
3.2.1 SERRA FITA SIMPLES 
 
 
 
 Este tipo de serra é o mais difundido entre as pequenas serrarias para 
desdobro principal. Consiste de uma única máquina com um carro porta toras a qual 
executa um só corte a cada avanço do carro (FIGURA 12). No retorno do carro, a 
serra não corta, caracterizando o que se chama de recuo morto. 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
17
 
FIGURA 12. SERRA FITA SIMPLES (METALÚRGICA SCHIFFER S.A.) 
 
Para desdobro de madeira tropical, onde existe uma grande 
variabilidade de espécies e dimensões das toras, o único equipamento capaz de 
executar com eficiência o desdobro principal é a serra fita. Na Amazônia, todas as 
serrarias dispõem deste equipamento com volantes de 2 m ou mais e carros 
capazes de comportar toras com mais de 2 m de diâmetro (FIGURA 13). 
 
FIGURA 13. SERRA FITA PARA DESDOBRO DE TORAS DE GRANDES 
DIÂMETROS, COM GARRAS DE AVANÇO INDEPENDENTES. 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
18
O carro porta toras de uma serra fita normal dispõe de 3 ou 4 garras, 
onde a tora é fixada. Estas garras, chamadas também de gatos ou em inglês de 
“dogs”, afastam-se ou aproximam-se da serra em conjunto. Desta maneira, os cortes 
realizados na tora são paralelos ao seu eixo longitudinal. Nos grandes carros para 
desdobro de madeira tropical, as garras movimentam-se independentemente umas 
das outras (FIGURA 14). Consequentemente é possível avançar a tora de encontro 
com a serra em diagonal, o que permite a realização de cortes paralelos à casca. 
Este tipo de desdobro é muito realizado na obtenção de pranchões para a indústria 
de faqueados. 
 
FIGURA 14. CARRO PORTA TORAS COM TRÊS GARRAS DE AVANÇOS 
INDEPENDENTES. FONTE: MENDES(2002). 
 
 Existem diversas adaptações e variações nas serras de fita, que visam 
a utilização da serra em casos especiais. Um exemplo característico é o uso de 
serra fita com barra de pressão para o desdobro de madeiras com fortes tensões de 
crescimento (FIGURA 15). Esta serra é muito utilizada para o desdobro de toras de 
eucalipto, onde a tora passa contra a serra e a peça serrada é pressionada por uma 
barra lateral, que tem a finalidade de auxiliar na redução de empenamentos e 
rachaduras. 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
19
 
FIGURA 15. SERRA FITA SIMPLES COM BARRA DE PRESSÃO AUXILIAR PARA 
DESDOBRO DE MADEIRA COM TENSÃO DE CRESCIMENTO. 
 
 Outro exemplo de variação nas seras de fita, são as serras que 
permitem cortes com variação de ângulo, as quais são muito úteis na produção de 
pranchões para obtenção de lâminas faqueadas (FIGURA 16). 
 
 
OPÇÕES DE ÂNGULOS 
 
FIGURA 16. SERRA FITA SIMPLES PARA DESDOBRO DE BLOCOS EM 
ÂNGULO. FONTE: EWB (2002). 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
20
3.2.2 SERRA FITA DE CORTE DUPLO 
 
 
 
 Este tipo de serra executa um corte no avanço do carro porta toras e 
um outro corte no retorno do carro (FIGURA 17). Para tal, a serra dispõe de dentes 
nas duas bordas. Este equipamento tem a vantagem de evitar o recuo morto do 
carro porta toras. Tem como desvantagens, a dificuldade de afiação da serras, pois 
a maioria dos equipamentos para afiação são adaptados para afiar serras com uma 
só borda denteada, não são indicadas para madeiras duras e têm a necessidade de 
um equipamento para manejar e retirar a peça cortada no retorno do carro. 
 
FIGURA 17. SERRA FITA DE CORTE DUPLO. FONTE: TUSET & DURAN, 
1979. 
 
 
3.2.3 SERRA FITA DUPLA OU GEMINADA 
 
 A serra fita dupla ou geminada, consiste em duas serras de fita 
disposta uma de frente para a outra, o que permite a execução de dois corte 
simultâneos (FIGURAS 18 E 19). Este equipamento é utilizado em serrarias de 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
21
maior porte para a transformação de toras em semi-blocos ou blocos, para posterior 
resserragem em outros equipamentos. 
 
FIGURA 18. ESQUEMA TRANSVERSAL DE UMA SERRA FITA GEMINADA. 
FONTE: EWD (2002). 
 
 
FIGURA 19. SERRA FITA DUPLA OU GEMINADA (MOOSMAYER 
EQUIPAMENTOS LTDA). 
 
 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
22
3.4 SERRA FITA TANDEM 
 
 Esta serra é compostas por duas serras fitas simples, dispostas uma 
atrás da outra. A primeira serra é fixa e a segunda, posicionada logo após é móvel, 
deslocando-se para a frente dando a bitola desejada ao corte (FIGURAS 20 e 21). A 
tora vem de encontro à primeira serra a qual inicia um primeiro corte. Logo apósa 
tora sofre um segundo corte na segunda serra, proporcionando um corte duplo. Este 
equipamento é utilizado para a transformação de toras em pranchões, semi-blocos 
ou até blocos. No último caso, a serraria deverá dispor de duas serras tandem, a fim 
de se evitar o retorno da peça no fluxo da serraria. 
 
 
FIGURA 20. SERRA FITA TANDEM (METALÚRGICA TURBINA). 
 
 
 
FIGURA 21. EXEMPLOS DE CORTE NA SERRA FITA TANDEM. FONTE: 
EWD (2002). 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
23
3.2.5 SERRA FITA QUÁDRUPLA 
 
 Esta máquina consiste em dois pares de serras simples. Um par é 
disposto com as duas serras uma de frente para a outra. O segundo par de serras 
posiciona-se logo após o primeiro, também com uma serra de frente para a outra 
(FIGURAS 22, 23 e 24). Esta serra executa um corte quádruplo, onde pode-se obter 
um semi-bloco juntamente com dois pranchões ou duas tábuas. No caso de toras de 
pequenos diâmetros, pode-se obter a tora desdobrada diretamente em tábuas ou 
peças com espessuras finais, as quais serão enviadas para as operações de refilo e 
destopo. 
 
 
FIGURA 22. SERRA FITA DO TIPO QUÁDRUPLA. FONTE: TUSET & 
DURAN, 1979. 
 
 
FIGURA 23. SERRA FITA QUÁDRUPLA – VISTA LATERAL. FONTE: EWD 
(2002). 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
24
 
 
FIGURA 24. CORTES REALIZADOS EM SERRA FITA QUÁDRUPLA. 
FONTE: EWD (2002). 
 
 
3.2.6 SERRA FITA HORIZONTAL 
 
 A serra fita horizontal é idêntica à vertical, porém é disposta na posição 
horizontal, executando um corte simples na tora ou peça a ser serrada (FIGURAS 25 
e 26). Porém, apresenta algumas desvantagens quando utilizada como serra 
principal. No desdobro de toras grandes, tem-se uma perda de tempo calçando as 
mesmas, o que faz com que esta serra tenha produção inferior a uma serra vertical 
de tamanho equivalente. Há a necessidade de uma parada após cada percurso, 
para a retirada da peça cortada. 
 
FIGURA 25. ESQUEMA DE UMA SERRA FITA HORIZONTAL PARA DESDOBRO 
PRINCIPAL. 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
25
 
 
FIGURA 26. SERRA FITA HORIZONTAL PARA DESDOBRO DE TORAS DE 
GRANDES DIÂMETROS. FONTE: KARA (2002). 
 
 Em função de suas desvantagens, a serra fita horizontal foi pouco 
utilizada por um longo período nas serrarias. Porém, no desdobro de toras de 
reflorestamentos, que são de pequenas dimensões e com o crescente aumento do 
custo de matéria prima, tem se tornado um equipamento cada vez mais frequente 
nas serrarias, e atualmente, a maioria das indústrias fabricantes de máquinas para 
serraria, dispõe de algum modelo. Muitos “layouts” apresentam várias serras 
horizontais, todas em linhas, uma subsequente a outra. Neste sistema, uma tora, 
bloco ou semi bloco, passa nesta sequência de serras, sendo transformado em 
tábuas ao final do conjunto (FIGURA 27), proporcionando uma boa produtividade 
com melhor rendimento, em relação às serras circulares. 
 
 
FIGURA 27. SEQUÊNCIA DE QUATRO CABEÇOTES DE SERRAS DE FITA 
HORIZONTAIS PARA DESDOBRO DE TORAS DE PEQUENOS 
DIÂMETROS. FONTE: MILL – INDÚSTRIA DE SERRAS LTDA. 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
26
3.2.7 SERRA FITA DE RESSERRA OU REAPROVEITAMENTO 
 
 A serra fita de resserra ou reaproveitamento, é um equipamento 
frequentemente utilizado nas operações de desdobro secundário. Existem dois tipos 
mais utilizados, a serra fita com braço radial e a serra fita horizontal, muito utilizada 
no reaproveitamento de costaneiras. 
 A serra fita com braço radial consiste numa serra fita simples com 
volantes de diâmetro pequeno, provida de uma mesa, um braço radial acionado e 
um anteparo com rolos (FIGURA 28). O braço radial pressiona a peça a ser serrada 
contra o anteparo com rolos e a leva de encontro a serra, proporcionando a precisão 
no corte. Esta serra é utilizada em operações de resserragem, para dar a espessura 
final das peças ou para o reaproveitamento de costaneiras. 
 
OPÇÕES DE OPERAÇÕES 
 
 
FIGURA 28. SERRA FITA DE REAPROVEITAMENTO OU RESSERRA 
(INDÚSTRIAS LANGER LTDA.) 
 
 Um outro tipo de resserra consiste numa serra de fita com mesa, 
porém, com dois suporte laterais providos de rolos acionadas, sendo dispostos um 
de cada lado da lâmina (FIGURA 29). Este tipo de máquina pode ser utilizado tanto 
para reaproveitamento, como para outras operações de resserragem. Uma outra 
possibilidade para esta máquina, é a conjugação de duas máquinas, na forma de 
geminada, permitindo a realização de dois cortes simultâneos na peça (FIGURA 30). 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
27
 
 
FIGURA 29. SERRA FITA DE RAPROVEITAMENTO COM ROLOS ACIONADOS 
LATERIAS. FONTE: EWD (2002). 
 
 
FIGURA 30. SERRA FITA GEMINADA PARA OPERAÇÕES DE 
RESSERRAGEM. FONTE: EWD (2002). 
 
 A serra de fita horizontal é atualmente o equipamento mais utilizado 
para reaproveitamento de madeira de reflorestamento, principalmente costaneiras. 
Tem como vantagem sobre a resserra de reaproveitamento, a maior facilidade de 
apoio da costaneira ao passar pela serra. Enquanto que na resserra de 
reaproveitamento, a costaneira passa em pé apoiada entre o braço radial e um 
suporte com rolos, na serra fita horizontal a costaneira vai de encontro com a serra 
sobre correia transportadora ou cilindros acionados, apoiada pela sua superfície reta 
(FIGURA 31). 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
28
 
FIGURA 31. DESDOBRO DE COSTANEIRAS EM SERRA FITA HORIZONTAL. 
FONTE; MENDES (2002). 
 
 
3.3 SERRAS CIRCULARES 
 
As serras circulares são máquinas que sempre estarão presentes em 
qualquer tipo de serraria, seja ela pequena ou grande. Porém é muito importante 
que este equipamento seja utilizado nas operações adequadas, pois em função de 
utilizar discos de serras, a geração de serragem é muito maior que nas serras de 
fita. O fio de corte de uma serra circular pode facilmente atingir 5 mm ou mais, 
devido ao fato dos discos de serra serem muito espessos, proporcionando corte de 
10 a 20 mm ou mais (FIGURA 32). São serras de simples instalação e boa produção 
de madeira serrada e seus dentes têm formas variadas, de acordo com a finalidade 
da serra. 
 
FIGURA 32. DISCO DE SERRA CIRCULAR PARA DESDOBRO PRINCIPAL DE 
TORAS DE ATÉ 60 CM DE DIÂMETRO. FONTE: WILLISTON, 1989. 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
29
A FIGURA 33, apresenta o diagrama de corte na operação de 
resserragem de um semibloco e de um bloco em uma serra circular múltipla de dois 
eixos. Caso sejam serradas peças com 27 mm de espessura e o fio de corte seja de 
5 mm, tem-se uma perda de aproximadamente 20% da madeira na forma de 
serragem. Na situação A da figura, no desdobro de um semibloco, tem-se os dois 
cortes mais externos que retiram as costaneiras e que não implicam em desperdício 
de madeira, pois o fio de corte posiciona-se para fora da madeira utilizável, ou seja, 
faz parte da costaneira. Os demais cortes são internos e transformam a madeira 
utilizável em serragem, afetando o rendimento . Na situação B, todos os cortes são 
realizados internamente na peça, reduzindo o rendimento da madeira utilizável. 
 
 
A – DESDOBRO DE SEMIBLOCO 
 
B – DESDOBRO DE BLOCO 
FIGURA 33. ESQUEMA DO DESDOBRO DE UM SEMIBLOCO EM SERRA 
CIRCULAR MÚLTIPLA DE DOIS EIXOS. FONTE: ROCHA (2002). 
 
 Como as serras circulares são equipamentos que podem atingir 
maiores velocidades, tem-se a possibilidade de utiliza-las na configuração de dois 
eixos, a qual permite reduzir as dimensões dos discos de serra e, 
consequentemente suas espessuras, diminuindo a geração de serragem. Estes 
equipamentos transformam a tora em um semibloco ou bloco para posterior 
desdobro secundário. 
 Na canteagem e destopo das peças, a serra circular é utilizada com 
muita eficiência, pois nestas operações são realizadoscortes com pequenas alturas, 
onde os discos de serras podem ser menos espessos, causando menor geração de 
resíduos. Além disso, a maioria dos cortes realizados são cortes externos à peça. 
Nestes casos, não existe preocupação com o rendimento, mas sim com a produção. 
Porém, em algumas situações, quando se realiza a redução nas larguras das peças, 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
30
dividindo-as em duas ou mais peças, os cortes realizados são internos, implicando 
em maior perda de madeira e consequentemente, redução do rendimento. 
 As serras circulares, quando utilizadas como serras principais, não têm 
grande influência no rendimento quando são usadas para fazer cortes externos das 
costaneiras. Mas, quando utilizadas para cortes múltiplos, implicam em maior 
geração de serragem. São mais adequadas para toras de diâmetros pequenos e 
matéria prima de baixo custo, pois quanto maior for o diâmetro do disco, maior será 
a sua espessura, aumentando a produção de serragem. 
A homogeneidade dos diâmetros também é fator determinante no uso 
de serras circulares. Quando há variação de diâmetros, os equipamentos que mais 
se adaptam são as serras de fita, em função de sua versatilidade. É mais comum o 
uso de serras circulares em serrarias modernas, com diâmetros pequenos e 
homogêneos, as quais compensam o baixo custo da matéria prima e a grande perda 
em serragem com alta produtividade. 
 Uma característica importante das serras circulares que deve ser 
observada com muita atenção é a velocidade periférica, a qual tem importância no 
rendimento, dando a capacidade de corte do equipamento. Se esta velocidade for 
inferior ou superior à velocidade ideal, não se obtém a máxima velocidade de corte. 
É a velocidade tangencial de qualquer dente da serra, expressa pela seguinte 
fórmula: 
 
60
DN xxVp π= 
Onde: 
 
Vp = Velocidade periférica (m/s) 
D = Diâmetro do disco de serra 
N = Número de rotações por minuto 
 
 A velocidade periférica ideal é observada através do número de marcas 
de dentes no corte executado. Tem-se como velocidade ideal 4 marcas por 
centímetro. Se este número for maior, diminui-se a velocidade de avanço das peças. 
Se for menor, aumenta-se esta velocidade. De modo geral, a velocidade periférica 
oscila entre 40 e 60 m/s, não podendo exceder 45 m/s para serras com dentes 
removíveis. 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
31
 O controle da velocidade de avanço, não só para as serras circulares, 
mas para qualquer equipamento de uma serraria, é de vital importância sob vários 
aspectos. Quando a velocidade de avanço é elevada, ocorre um desgaste excessivo 
das ferramentas cortantes e da própria máquina, acarretando em maior consumo de 
energia. Além disso, a qualidade da madeira serrada na maioria das vezes será 
prejudicada. Quando a velocidade de avanço for insuficiente, haverá desperdício de 
energia e o equipamento não estará sendo utilizado em sua capacidade ideal, o 
implica em queda na produção e aumento do custo da madeira serrada. 
 
3.3.1 SERRA CIRCULAR SIMPLES 
 
 A serra circular simples, consiste em uma mesa com um único disco de 
serra. Por ter uma altura de corte pequena, é muito utilizada em operações de refilo 
nas serrarias de pequeno porte (FIGURA 34). 
 
 
 
FIGURA 34. SERRAS CIRCULARES SIMPLES DE (INDÚSTRIAS LANGER 
LTDA.). 
 
 As serras circulares de mesa simples, são ineficientes quanto à 
produção e precisão nas dimensões serradas. Porém, são máquinas muito comuns 
nas pequenas serrarias de todo o país. 
 
 
3.3.2 SERRA CIRCULAR DUPLA OU GEMINADA 
 
 Esta é uma serra provida de dois discos os quais proporcionam um 
corte duplo. Esta serra pode ainda ter um disco móvel, que permite a mudança de 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
32
bitola com facilidade. A serra circular geminada pode ser utilizada no desdobro 
principal de toras de pequenos diâmetros, transformando-as em semi-blocos ou 
blocos, no caso de uma linha composta por duas máquinas em sequência (FIGURA 
35). É um equipamento muito utilizado também em operações de canteagem 
(FIGURA 36). Neste caso, com discos de diâmetros pequenos. 
 
 
FIGURA 35. SERRA CIRCULAR DUPLA PARA DESDOBRO PRINCIPAL DE 
TORAS DE PEQUENOS DIÂMETROS (INDÚSTRIAS KLÜPPEL 
LTDA.). 
 
 
FIGURA 36. SERRA CIRCULAR DUPLA REFILADEIRA. 
 
 As serras circulares geminadas evoluíram muito em termos de 
dispositivos de ajuste, para um melhor aproveitamento das peças e aumento da 
produção. Numa serraria, podem ser instalados antes destas serras sistemas de 
varredura do perfil da peça, através de “scanners” ou raio laser (FIGURAS 37 e 38), 
definindo o melhor posicionamento dos discos no momento do corte. 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
33
 
 
 
FIGURA 37. SISTEMAS DE “SCANNERS” PARA LEITURA DO PERFIL DE 
TORAS E PARA RETIRADA DE REFILOS DE TÁBUAS. FONTE: 
EWB (2002). 
 
 
 
FIGURA 38. SERRA CIRCULAR REFILADEIRA COM LEITURA A LASER. 
 
 
 
 
3.3.3 SERRA CIRCULAR MÚLTIPLA 
 
 A serra circular múltipla dispõe de mais de dois discos de serra, o que 
permite à mesma, a execução de vários cortes simultaneamente (FIGURA 39). As 
serras múltiplas têm também a opção de um disco ou conjuntos de discos móveis, o 
que permite mudanças de bitolas com rapidez e eficiência (FIGURAS 40, 41 e 42). 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
34
 
FIGURA 39. SERRA CIRCULAR MÚLTIPLA (METALÚRGICA LUX). 
 
 
 
 
OPÇÕES DE OPERAÇÕES 
 
 
 
FIGURA 40. SERRA CIRCULAR MÚLTIPLA COM DISCOS MÓVEIS 
(MOOSMAYER EQUIPAMENTOS MADEIREIROS LTDA.). 
 
 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
35
 
 
OPÇÕES DE CORTE 
 
FIGURA 41. SERRA CIRCULAR MÚLTIPLA COM DISCOS MÓVEIS 
(INDÚSTRIAS KLÜPPEL S.A.). 
 
 
 
FIGURA 42. SERRA CIRCULAR REFILADEIRA MÚLTIPLA. A – UM DISCO FIXO 
E UM DISCO MÓVEL. B – DOIS DISCOS MÓVEIS. C – UM DISCO 
FIXO E DOIS DISCOS MÓVEIS. 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
36
3.3.4 SERRAS CIRCULARES DE DOIS EIXOS 
 
 As serras circulares têm a opção em dois eixos, ou seja, funcionam 
com discos em um eixo inferior e um eixo sobreposto com discos coincidindo com os 
discos do eixo inferior (FIGURA 43). Tal conformação permite a redução nos 
diâmetros dos discos com aumento na altura de corte. Em função do menor 
diâmetro, os discos de serra podem ter menor espessura, o que reduz a perda de 
madeira na forma de serragem. Além disso, o desdobro realizado com dois eixos 
reduz a sobrecarga sobre os discos de serra, ou seja, o trabalho de serrar a madeira 
é dividido. Desta maneira, as serras circulares de dois eixos permitirão maiores 
velocidades de avanço, quando comparadas com serras de um só eixo e tamanhos 
equivalentes. 
 
 
FIGURA 43. EXEMPLO DA DISPOSIÇÃO DOS EIXOS EM SERRA CIRCULAR 
MÚLTIPLA DE DOIS EIXOS. 
 
 A opção de dois eixos, geralmente é utilizada em serras circulares 
duplas ou múltiplas. Desta forma as serras passam a se chamar circular dupla de 
dois eixos ou circular múltipla de dois eixos. As serras circulares duplas de dois 
eixos são muito utilizadas no desdobro principal de toras de pequenos diâmetros, 
transformando-as em semi-blocos (FIGURA 44). 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
37
 
FIGURA 44. SERRA CIRCULAR DUPLA DE DOIS EIXOS PARA DESDOBRO 
PRINCIPAL DE TORAS DE PEQUENOS DIÂMETROS (SAWQUIP 
INTERNATIONAL INC.) 
 
 As serra circulares múltiplas de dois eixos, são mais frequentemente 
utilizadas em operações de resserragem (FIGURAS 45 e 46). Estas serras são 
comumente encontradas em serrarias na transformação de blocos ou semi-blocos 
em tábuas. As serras circulares múltiplas de dois eixos apresentam boa velocidades 
de avanço, porém com maior geração de serragem. 
 
 
 
FIGURA 45. SERRA CIRCULAR MÚLTIPLADE DOIS EIXOS (MOOSMAYER 
EQUIPAMENTOS MADEIREIROS LTDA.). 
 
 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
38
 
FIGURA 46. SERRA CIRCULAR MÚLTIPLA DE DOIS EIXOS. (INDÚSTRIAS 
KLÜPPEL LTDA.) 
 
 Existe ainda um tipo de serra circular de dois eixos que pode ser 
utilizada no reaproveitamento de costaneiras (FIGURA 47). Como a costaneira tem 
uma face curva, o que dificulta o posicionamento e fixação da peça no momento do 
desdobro, os eixos são dispostos verticalmente, de maneira que os discos de serra 
fiquem na posição horizontal. Esta conformação da serra permite um sistema de 
alimentação e fixação da serra mais eficiente. 
 
FIGURA 47. SERRA CIRCULAR DE DOIS EIXOS PARA CORTE HORIZONTAL E 
OPÇÃO DE DOIS CORTES SIMULTÂNEOS (INDÚSTRIAS 
KLÜPPEL LTDA.) 
 
 
 
 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
39
3.3.5 SERRAS CIRCULARES MÚLTIPLAS DE CORTES EM CURVA 
 
 Pode-se dizer que as serras circulares de corte em curva, como são o 
que há de mais avançado na tecnologia de desdobro de toras com serras circulares. 
Estas máquinas são utilizadas para transformar toras em tábuas, acompanhando as 
curvaturas naturais da tora (FIGURA 48). Ao saírem, as tábuas apresentam-se 
curvadas, porém, com adequado empilhamento para secagem, as mesmas 
adquirem superfícies planas. Esta técnica de desdobro tem como principais 
vantagens maior rendimento, em função de um maior aproveitamento da tora e as 
peças serradas têm maior resistência mecânica, em função de que o corte, ao 
acompanhar as curvaturas da tora, proporciona uma maior quantidade de fibras 
inteiras. Sempre acompanhando uma serra de corte em curva, existe um 
equipamento de rastreamento da tora ou bloco que será serrado, com o objetivo de 
definir o posicionamento correto da peça em relação às serras visando o seu melhor 
aproveitamento. 
 
FIGURA 48. SERRA CIRCULAR MÚLTIPLA COM CORTE EM CURVA. FONTE: 
EWD (2002). 
 
 
3.3.6 EQUIPAMENTOS DE PERFILAGEM 
 
 Os equipamentos de perfilagem são utilizados na maioria das vezes 
em operações de desdobro primário. Realizam cortes duplos simultâneos e têm 
como vantagem sobre as serras de fita e circulares a características de que a 
costaneira retirada da tora é imediatamente transformada em cavacos (FIGURA 49). 
São conhecidos como picadores perfiladores, serras picadoras, ou ainda em inglês, 
como “chipper canter”. 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
40
 
FIGURA 49. TECNOLOGIA DE DESDOBRO PRINCIPAL COM EQUIPAMENTOS 
DE PERFILAGEM. 
 
 Quanto à tecnologia, o picador perfilador é dividido em duas 
categorias: do tipo que contém somente facas e do tipo conjugado de serras com 
facas. Os sistemas que apresentam somente facas apresentam ferramentas 
compostas com lâminas ou facas laterais do tipo calçadas ou removíveis, 
semelhantes a fresas de usinagem de madeiras. Estas facas laterais desbastam a 
tora, transformando a costaneira diretamente em cavacos (FIGURA 50). 
 
FIGURA 50. SISTEMA DE PERFILAGEM DA TORA COM FACAS LATERAIS 
(KEY KNIFE, INC., CANADA.) 
 
 O outro tipo de tecnologia, é a utilização de duas serras laterais, as 
quais têm a finalidade de serrar a costaneira. logo atrás das serras, a costaneira que 
está sendo retirada, vai de encontro com estruturas cônicas que contêm facas em 
quantidades, disposições e ângulos pré-establecidos (FIGURAS 51 e 52). 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
41
 
 
FIGURA 51. DISPOSITIVO DE SERRA E FACAS UTILIZADO NO PICADOR 
PERFILADOR. 
 
 
 
FIGURA 52. PICADOR PERFILADOR. FONTE: EWD (2002). 
 
 O picador perfilador é um equipamento utilizado para desdobro 
principal, geralmente em serrarias que estão integradas com fábricas de chapas de 
partículas ou fábricas de celulose, pois o mesmo retira as costaneiras da tora e pica 
automaticamente as mesmas gerando cavacos de dimensões homogêneas. Como 
são realizados somente dois cortes no picador perfilador, as serrarias normalmente 
utilizam dois equipamentos deste tipo, sendo um instalado logo após o outro. No 
primeiro, são retiradas duas costaneiras, o semi-bloco é tombado, passando na 
sequência no segundo, onde são retiradas as outras duas costaneiras, resultando 
em um bloco final (FIGURA 53). 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
42
 
 
FIGURA 53. SAÍDA DE UM BLOCO, DO SEGUNDO PICADOR PERFILADOR, DE 
UMA LINHA COMPOSTA DE DOIS PICADORES PERFILADORES 
 
 Os picadores perfiladores podem ser utilizados também associados a 
serras de fita duplas ou quádruplas. Desta maneira, após passar no picador 
perfilador, onde são retiradas as costaneiras, o semibloco passa imediatamente em 
uma serra dupla ou em uma serra quádrupla, resultando em um semi-bloco central e 
duas tábuas laterais, no caso da serra dupla, ou quatro tábuas, no caso da serra 
quádrupla (FIGURA 54 e 55). 
A 
 
B 
 
 
FIGURA 54. LINHA DE SERRARIA COMPOSTA COM PICADOR PERFILADOR E 
SERRAS DE FITA PARA DESDOBRO PRINCIPAL. A – PICADOR 
PERFILADOR E SERRA FITA GEMINADA. B – PICADOR 
PERFILADOR E SERRA FITA QUÁDRUPLA. 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
43
 
 
FIGURA 55. CONJUNTO DE PICADOR PERFILADOR E SERRA FITA 
QUÁDRUPLA. 
 
 
3.4 SERRAS DESTOPADEIRAS 
 
 As serras destopadeiras são na maioria das vezes serras circulares 
adaptadas a operações de destopo. Os principais tipos são pendular, radial e de 
braço articulado, mais utilizadas em pequenas serrarias (FIGURA 56). 
 No caso das serrarias modernas, com alta produção, são utilizadas as 
destopadeiras de mesa duplas ou múltiplas. A destopadeira de mesa dupla, consiste 
em uma mesa contendo dois discos de serra diagonalmente opostos (FIGURA 57). 
Desta forma, a peça é transportada por correias, é destopada no primeiro disco para 
a regularização e retirada de defeitos do topo, logo após é jogada para o outro 
extremo da mesa através de rolos transversais acionados e é destopada pela 
segunda vez. Neste segundo destopo, o operador dispõe de vários “tops” na mesa, 
os quais permitem o bitolamento em vários comprimentos utilizados pela indústria. 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
44
 
FIGURA 56. PRINCIPAIS SERRAS DESTOPADEIRAS. A – PENDULAR; B – 
RADIAL; C – DE BRAÇO ARTICULADO; D – DE MESA SIMPLES. 
FONTE: TUSET E DURAN, 1979. 
 
 
 
 
FIGURA 57. DESTOPADEIRA DE MESA DUPLA. (MOOSMAYER 
EQUIPAMENTOS MADEIREIROS LTDA.). 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
45
 
 A destopadeira de mesa múltipla contém vários discos de serra, o que permite 
a execução de vários cortes simultâneos, transformando a peça em várias peças de 
comprimentos pequenos (FIGURA 58). Esta máquina é muito utilizada em serrarias 
que produzem madeira serrada para fábricas de móveis, onde os comprimentos das 
peças são muitas vezes pequenos. 
 
 
FIGURA 58. SERRA DESTOPADEIRA DE MESA MÚLTIPLA. FONTE: TUSET & 
DURAN, 1979. 
 
 No caso de destopo principal nos pátios das serrarias, é utilizada a 
destopadeira de corrente, a qual consta de um sabre contendo uma corrente, 
utilizando o mesmo princípio das motosserras ou então, o que é mais utilizada, a 
destopadeira circular de grande diâmetro (FIGURA 59). 
 
 
 
FIGURA 59. SERRA DESTOPADEIRA CIRCULAR DE TORAS (MOOSMAYER 
EQUIPAMENTOS MADEIREIROS LTDA.). 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
46
 
4. PLANEJAMENTO PARA A INSTALAÇÃO DE UMA SERRARIA 
 
 
 
4.1 INTRODUÇÃO 
 
 
 
 Para a instalação de qualquer empreendimento industrial, é necessário 
um planejamento criterioso, para que no futuro os investimentos realizados não se 
transformem em prejuízos, em virtude de várias condições adversas que podem 
ocorrer. No caso da instalação de uma serraria, a finalidade do planejamento tem 
primordial importância a fim de se determinar o melhor local, empregaro mínimo de 
pessoal, diminuir o custo de produção, obter o máximo rendimento da madeira e 
gerar produtos de alta qualidade competitivos no mercado. 
 Para se atingir estas metas, a localização adequada de uma serraria é 
essencial, independente se a mesma é de pequeno ou grande porte. Em 
consequência disto, serrarias bem equipadas e bem assentadas, acabam tornando-
se inviáveis economicamente, causando grandes prejuízos pelo fato de estarem mal 
localizadas. 
 Portanto, antes da definição do melhor lugar para a instalação de uma 
serraria, deve ser realizado um estudo o mais detalhado possível, envolvendo o 
máximo de situações possíveis, envolvendo fatores, os quais determinarão a melhor 
área para a localização da nova serraria. 
 
 
4.2 FATORES A SEREM OBSERVADOS QUANTO 
 À LOCALIZAÇÃO DA SERRARIA 
 
 
4.2.1 FONTE DE MATÉRIA PRIMA 
 
 
 A matéria prima é um fator muito importante para o suprimento 
adequado de toras de determinadas qualidades e espécies a uma distância viável. 
Neste caso, é necessário primeiramente estabelecer o tamanho da serraria para 
que se possa determinar o volume anual de toras. 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
47
 
 Como ao iniciar todo empreendimento, o empresário espera 
crescimento, no caso da matéria prima, deve-se considerar também a possibilidade 
de aumento futuro da capacidade de produção. 
 Partindo-se destas considerações, faz-se então um inventário das 
possíveis áreas de instalação. Após fixada a exigência imediata anual, levanta-se 
uma provável exigência no futuro. Logo após, pode-se passar à procura da área 
apropriada. 
 Além de se conhecer o volume de madeira disponível em cada região 
é importante se saber como está sendo usada a madeira na região. deve-se obter 
informações sobre o número, tamanho, localização e exigências anuais de outras 
indústrias madeireiras existentes na região, as quais poderão competir no uso da 
madeira disponível. Além disso, as informações sobre as outras indústrias, fornecem 
ao empresário uma noção sobre os preços da matéria prima praticados na região. 
 Após a escolha da macro-região, o madeireiro deve determinar o 
melhor local dentro desta área, ou seja, a micro-região, onde será instalada a 
serraria. Sempre que possível, a serraria deverá ser localizada próxima a uma área 
com grande suprimento de toras. Deste modo, a localização tende a um custo 
mínimo de transporte e obtenção de toras. No caso de serrarias portáteis, esta 
situação é facilmente resolvida, pois a mesma migra de acordo com o suprimento de 
toras na região, tendo a sua localização feita de modo a estar sempre próxima das 
áreas com bom estoque. 
 
4.2.2 MÃO DE OBRA DISPONÍVEL 
 
 A mão de obra disponível numa região é um fator importante no que 
diz respeito à localização de uma serraria. Se a mesma for bem localizada sob todos 
os aspectos, porém, não dispor de mão de obra qualificada e com salários 
compatíveis aos praticados pela indústria, poderão ocorrer sérios prejuízos. 
 Deve-se também verificar a existência de outras indústrias, 
principalmente do setor florestal, em função da possibilidade de pagamento de 
melhores salários. Por exemplo, indústrias dos setores de laminação, celulose e 
papel, móveis, etc., com certeza têm a possibilidade de pagar melhores salários que 
uma serraria, em função do maior valor agregado de seus produtos. 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
48
 
4.2.3 MERCADO CONSUMIDOR E ORIGEM DAS TORAS 
 
 O ideal para uma serraria é que a mesma seja localizada próximo do 
mercado consumidor e da matéria prima. Porém, tal situação raramente é possível. 
 Caso tal situação não seja possível, deve-se observar que toras são 
volumosas e pesadas e que a geração de resíduos em serrarias normalmente está 
próximo de 50%. Portanto, de cada 100 m3 de toras que entram em uma serraria é 
comum se ter aproximadamente 50 m3 de resíduos. Sendo assim, ao se transportar 
toras, se está também, transportando água e resíduos, além de possíveis toras 
defeituosas. Em função disto, na maioria das vezes é aconselhável a localização da 
serraria próxima da fonte de matéria prima, mesmo que esta fique longe do 
mercado consumidor. Raramente, a localização da serraria próxima do mercado 
consumidor é viável. Porém, isto dependerá da análise de diversos fatores, como 
custo da matéria prima e transporte da mesma, preço de venda do produto final, 
demanda, etc. 
 
4.2.4 TRANSPORTE E VIAS DE COMUNICAÇÃO 
 
 Não só a localização de uma serraria, mas de qualquer outra indústria, 
deve apresentar facilidade de transporte, tanto da fonte de matéria prima quanto até 
o mercado consumidor. 
 Sempre que possível, é conveniente que a serraria seja localizada 
próximo a rios, para que seja utilizado o transporte fluvial. Neste caso é necessário 
um estudo da rede fluvial que corta a região e das condições de flutuabilidade das 
toras. O uso de transporte fluvial, além de extremamente econômico, protege a 
madeira contra agentes biodegradadores. 
 No caso de serrarias deve-se considerar a possibilidade de transporte 
de toras e madeira serrada, o que requer uma certa estrutura das vias de acesso. 
 Existindo estradas, é necessário se verificar as condições de suportar o 
tráfego pesado. Não havendo boas estradas, deve ser realizado um estudo da 
viabilidade da construção de vias de acesso. Em resumo, é realizado um estudo 
sobre a viabilidade econômica de uma remodelagem das estradas existentes ou da 
construção de novas estradas. 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
49
 
 Outro fator muito importante, é a possibilidade de se localizar a serraria 
próxima de estradas de ferro, o que também reduz em muito o custo de transporte. 
 
4.2.5 TAXAS E IMPOSTOS 
 
 A instalação de serrarias em zonas urbanas, geralmente implica em 
impostos bem mais elevados. Porém, existe a vantagem da indústria estar mais 
próximo do consumidor, facilitando a colocação dos seus produtos no mercado. 
Desta forma, é necessário estudar qual a melhor possibilidade: impostos mais caros 
com menor custo de transporte ao consumidor ou impostos menores com maior 
custo de transporte ao consumidor. 
 
4.2.6 FATORES RELACIONADOS AO TERRENO 
 
 Após a seleção de algumas micro-regiões viáveis à instalação da 
serraria, devem ser estudas algumas características relacionadas ao terreno. O 
mesmo deverá apresentar uma série de condições básicas, como a melhor ligação 
com rodovias ou se possível com ferrovias, deverá ser seco e plano e sua maior 
dimensão deverá ser na direção do vento dominante, a fim de que todas as 
construções sofram ação do mesmo no sentido de suas larguras, as quais são 
dimensões menores que os comprimentos. A relação entre largura e comprimento 
varia de 3:1 a 4:1. 
 A extensão do terreno será em função do volume de toras, da 
necessidade de estocagem de toras e da saída rápida ou armazenamento dos 
produtos. 
 Além destes fatores, o terreno deverá apresentar uma extensão de 20 
a 25% a mais que a calculada, visando-se eventualidades futuras como aumento da 
produção, aumento do período de armazenamento ou aumento do período de 
estocagem das toras. 
 
 
 
 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
50
 
4.3 ESTUDOS PARA A INSTALAÇÃO PROPRIAMENTE DITA 
 DA SERRARIA 
 
 Após a definição do local ou micro-região, é indispensável a realização 
de um estudo sobre diversos fatores como o capital disponível para o investimento, 
dados sobre a matéria prima (quantidade, espécies, dimensões das toras e 
dimensões dos produtos para o mercado, a disponibilidade de operários, seus 
conhecimentos técnicos, padrão de vida e salários, escolha de maquinário 
compatível com o capital e as operações a serem realizadas, o que de preferência 
deve ser de fabricação nacional, poisfacilita a manutenção e reposição de peças e 
escolha da força motriz (eletricidade, Diesel ou vapor). 
 Além desses fatores, deve ser realizado um levantamento topográfico 
do terreno e um nivelamento do mesmo, procurando-se aproveitar as inclinações 
naturais, as quais proporcionam maior facilidade em algumas fases das operações, 
como por exemplo, o pátio de toras estar um nível superior à entrada das toras na 
serraria. 
 Após tais procedimentos é realizada uma avaliação a fim de se 
determinar a localização do edifício dentro do terreno, o que será em função do 
clima (temperaturas médias anuais, insolação, ventos dominantes e chuvas 
dominantes). 
 Em relação às temperaturas médias anuais, estas são de suma 
importância, pois determinarão a forma, o tipo de construção e o material utilizado 
para a construção. 
 A insolação irá determinar a disposição dos pátios e do edifício, para 
um melhor aproveitamento das horas de sol. 
 O ventos dominantes devem ser na direção do maior eixo da serraria, 
principalmente quando a força motriz é oriunda de caldeiras, a fim de se prevenir 
incêndios. 
 No caso das chuvas dominantes, a serraria deve estar na direção das 
mesmas, o que impede a entrada da chuva na área de trabalho, caso não hajam 
paredes laterais. 
 É muito importante se ter em mente que na maioria das vezes não é 
possível uma situação ideal, onde todos os fatores analisados sejam favoráveis. 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
51
 
Sendo assim, é importante uma avaliação criteriosa, para que se possa optar pelas 
melhores condições possíveis. 
 
4.4 DIVISÃO DE UMA SERRARIA 
 
 Uma serraria bem planejada basicamente deve possuir um pátio de 
toras, um local para maquinário, um local para classificação e secagem da madeira 
serrada e um depósito de madeira serrada. 
 É conveniente que todas as dependências da serraria sejam dispostas 
em linha reta, visando uma maior economia do trabalho. 
 
4.4.1 PÁTIO DE TORAS 
 
 O pátio de toras, normalmente é constituído de quatro partes: uma 
ligação com as vias de transporte, local para descarregamento, local para 
classificação e preparo das toras e depósito de toras já classificadas. 
 O pátio deve ter forma retangular, com o maior comprimento na mesma 
direção do restante da serraria. A largura e o comprimento são variáveis, 
dependendo de fatores relacionados às instalações, do volume de produção e do 
período de estocagem das toras. 
 Em regiões com água em abundância, o pátio de toras pode ser em 
água, o que é uma boa forma de proteger as toras do ataque de fungos xilófagos. 
Porém, esta opção dependerá das espécies utilizadas pela serraria, pois as mesmas 
devem boas condições de flutuação. 
 Quando o pátio for em terra firme, este deverá apresentar algumas 
características importantes: deve ser seco, não apresentar declives acima de 5%, 
possibilitar que seja um nível um pouco superior ao da serraria, ter boa comunicação 
com rodovias e as toras não devem ser descarregadas em contato direto com o solo. 
 Em serrarias maiores as estradas no pátio devem apresentar duas 
vias, para uma maior facilidade de movimentação de máquinas e veículos. 
 
 
 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
52
 
4.4.2 LOCAL PARA MAQUINÁRIO 
 
 O edifício que abrigará todo o maquinário de desdobro da serraria não 
deve apresentar colunas interiores, pois estas prejudicam as operações. Deverá 
ainda ser disposto no mesmo nível do pátio de toras ou levemente inferior. 
 Em relação ao tamanho do prédio, as dimensões dependerão do 
maquinário utilizado, das dimensões das toras e do volume de produção da serraria. 
As dimensões mais comuns variam de 25 a 60 m de comprimento por 6 a 12 m de 
largura. 
 O prédio onde se encontra o maquinário é basicamente constituído 
pelos seguintes setores: 
 - Setor de maquinário principal: onde se encontram as serras para 
desdobro de toras. Em todas as máquinas deve haver uma pequena mesa ou 
bancada para anotação de dados de produção e colocação de ferramentas usadas 
na máquina. 
 - Setor de maquinário secundário: local onde se encontram instaladas 
as máquinas de desdobro secundário e de reaproveitamento, como resserras, 
canteadeiras, destopadeiras, etc. 
 - Sala de afiação: local onde são executadas todas as operações de 
manutenção e afiação das ferramentas cortantes. É muito importante que a 
iluminação na sala de afiação seja abundante. 
 - Casa de força: deve localizar-se separadamente da indústria e ser 
preferencialmente construída com material não inflamável. 
 - Escritório ou gerência: instalado em local que permita uma visão 
completa de todas as operações realizadas na indústria. Se possível deve ter 
amplas janelas ou paredes de vidro e estar num plano mais elevado que o da 
indústria. 
 - Vestiário e refeitório: são indicados somente para grandes serrarias e 
devem ter uma área de aproximadamente 1m2 por operário. 
 
 
 
 
 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
53
 
 
4.5 LAYOUT DA SERRARIA 
 
 Definidos os equipamentos necessários para a produção desejada, 
deve ser feito um estudo criterioso sobre a forma de disposição e localização deste 
equipamentos. Para um bom fluxo de produção, os equipamentos devem estar 
dispostos em linha reta, evitando-se ao máximo mudanças de fluxo em ângulos e 
que se evite o retrocesso das peças no fluxo. 
 
 
 
4.5.1 DISTÂNCIA ENTRE OS EQUIPAMENTOS 
 
 
 
 O principal fator que irá determinar a distância entre os equipamentos é 
o comprimento das toras a serem desdobradas e consequentemente das pecas 
serradas. Portanto, a distância mínima entre os equipamentos deverá ser o dobro do 
comprimento máximo das toras. No caso de serrarias com pouca automação, esta 
distância permite um breve acúmulo de peças. Caso haja interrupção nas operações 
do equipamento subsequente. Já no caso de serrarias automatizadas, esta distância 
propicia ao controlador do processo, um pequeno intervalo de tempo para que o 
mesmo possa interromper o fluxo produtivo sem causar danos aos equipamentos. 
 Distâncias muito longas entre os equipamentos também não são 
convenientes. Pois no caso de serrarias pouco automatizadas, provocam um 
aumento de mão de obra, diminuem a eficiência e aumentam os riscos de acidente. 
No caso das serrarias automatizadas, longas distâncias aumentam o consumo de 
energia e de desgaste e consumo de equipamentos de transporte, podendo também 
diminuir a produção ou eficiência da serraria. 
 
 
 
4.5.2 DISTRIBUIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS 
 
 
 Este aspecto deve ser cautelosamente observado, pois é muito 
importante, a fim de se facilitar o manuseio ou transporte das peças dentro da área 
de operação. Desta forma, evita-se que o acúmulo das peças entre os equipamentos 
 
TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 
54
 
prejudique o fluxo normal de processamento, reduzindo as possibilidades de 
acidentes, principalmente quando as serrarias são pouco automatizadas. 
 
4.5.3 DEFINIÇÃO DA ÁREA COBERTA 
 
 Na maioria das vezes, este aspecto é observado de forma incorreta. 
Normalmente, em um barracão já construído, são colocados na forma mais 
adequada possível, todos os equipamentos necessários para uma serraria executar 
suas operações. O procedimento correto é, após a definição das posições e 
distâncias dos equipamentos, se projetar o edifício. 
 As estruturas para a cobertura devem ser suspensas nas duas laterais 
do prédio, evitando-se a colocação de pilares na área interna da serraria, o que 
prejudica o bom andamento das operações. 
 Para se facilitar o manuseio das toras do pátio até a máquina de 
desdobro principal, a dimensão maior do prédio deverá estar disposta paralelamente 
à rampa de retirada das toras. 
 
4.5.4 SEÇÃO DE MANUTENÇÃO DE SERRAS 
 
 Se a serraria executar as operações

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