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Módulo I - Direito de acesso à informação no Brasil

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ACESSO À INFORMAÇÃO 
 
 
 
 
O curso “Acesso à Informação” (Parceria OGU/Enap) demonstra as bases normativas, 
conceituais e operacionais que podem ser utilizadas na aplicação da Lei de Acesso à 
Informação (LAI), oferecendo subsídios aos cidadãos e à administração pública em geral para 
a realização consciente e eficiente de atos relacionados à essa área. 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO MÓDULO 1 – O DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO NO BRASIL: 
CONTEXTO, CONCEITOS, ABRANGÊNCIA E OPERACIONALIZAÇÃO 
1. Apresentação .................................................................................................. 3 
2. Introdução ....................................................................................................... 4 
2.1. Abrangência subjetiva: quem está sujeito à LAI?......................................... 5 
2.2 Abrangência objetiva da LAI: o que pode ser solicitado? ............................. 5 
2.3 Canais alternativos/específicos de atendimento ao cidadão ....................... 7 
3. Direito de acesso à informação: como exercê-lo ............................................ 9 
3.1 Transparência ativa ....................................................................................... 9 
3.2 Transparência passiva ................................................................................. 12 
3.3 O que é um pedido de acesso à informação? ............................................. 13 
3.4 O que não é pedido de acesso? .................................................................. 14 
4. Prazos e procedimentos para acesso à informação ...................................... 19 
4.1 Solicitações não atendidas: reclamação e reclamação infrutífera .............. 21 
4.2 Recursos à CGU ........................................................................................... 22 
4.3 Tipos de decisão da CGU ............................................................................. 24 
4.4 Recursos à CMRI .......................................................................................... 25 
4.5 Inovação recursal ........................................................................................ 27 
5. Revisão .......................................................................................................... 28 
6. Referências bibliográficas ............................................................................. 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. APRESENTAÇÃO 
 
A Ouvidoria Pública é um exemplo de instrumento institucional que, ao lado dos outros canais 
de participação e controle social existente, buscam operacionalizar o princípio da democracia 
participativa consagrado na Constituição Federal de 1988. 
O aprofundamento da participação pressupõe a criação e ampliação de mecanismos jurídicos e 
institucionais para promover a interlocução entre os agentes públicos e os cidadãos. Tal prática 
também requer mudança e aperfeiçoamento dos processos e das práticas que compõem a 
cultura institucional do Estado e de seus servidores, além de demandar ações de informação e 
capacitação continuada para os agentes públicos, cidadãos, organizações da sociedade civil e 
movimentos sociais. 
O curso Acesso à Informação foi desenvolvido pela Enap, em parceria com a Ouvidoria Geral da 
União (OGU), para integrar a Certificação em Ouvidoria no âmbito do Programa de Formação 
Continuada em Ouvidoria (Profoco). 
O Profoco abrange diversos eixos temáticos que são disponibilizados pela OGU/Enap por meio 
de oito cursos a distância que seguem uma trilha de aprendizagem. As temáticas contempladas 
pela trilha são: 
• Gestão em Ouvidoria. 
• Controle Social. 
• Introdução à Gestão de Processos. 
• Ética e Serviço Público. 
• Acesso à Informação. 
• Resolução de Conflitos Aplicada ao Contexto das Ouvidorias. 
• Defesa do Usuário e Simplificação. 
• Tratamento de Denúncias em Ouvidoria. 
Diante disso, convidamos você a se aprofundar nos assuntos que serão abordados neste curso, 
tendo em vista que eles contribuirão para sua aprendizagem e, consequentemente, para a 
qualidade do atendimento prestado por você aos cidadãos, bem como para o fortalecimento 
das Ouvidorias Públicas espalhadas pelo Brasil. 
 O conteúdo foi estruturado em 4 módulos: 
Módulo 1: O direito de acesso à informação no Brasil: contexto, conceitos, abrangência e 
operacionalização 
Módulo 2: Negativas de acesso à informação 
Módulo 3: Classificação de Informações e Dados Abertos 
Módulo de encerramento 
 
Para mais informações sobre a Certificação em Ouvidoria, acesse: www.ouvidorias.gov.br 
 
Desejamos a todos um ótimo curso! 
2. INTRODUÇÃO 
 
O direito de acesso à informação é reconhecido internacionalmente como um direito humano, 
vinculado diretamente à liberdade de expressão e, portanto, às democracias como forma de 
governo. O acesso a fontes íntegras e plurais de informação permite a formação de juízos de 
valor que contemplam diversos pontos de vista, contribuindo para o fortalecimento do cidadão 
enquanto participante ativo da democracia. 
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu e reconheceu a existência de diversos 
direitos do cidadão. Um deles foi o de acesso à informação, assegurando a todos o direito a 
receber, dos órgãos públicos, as informações de seu interesse, particular ou coletivo, que devem 
ser prestadas nos prazos que a lei determinar. 
 
Até 2012, o direito de acesso à informação era regulamentado pela Lei nº 11.111/2005. 
Contudo, paradoxalmente, essa legislação não tinha a publicidade como pilar básico, mas o sigilo 
como regra. Em 18 de novembro de 2011, a Lei de Acesso à Informação (LAI) foi promulgada, 
com prazo de seis meses para sua entrada em vigor. Em 16 de maio de 2012, quando a lei passou 
a estar vigente, ela foi regulamentada no Poder Executivo Federal, por meio do Decreto nº 
7.724/2012. 
Desde então, cidadãos e entidades brasileiras têm feito, com base no interesse público ou 
particular, diversos pedidos de acesso a informações produzidas e acumuladas pelos órgãos e 
entidades do Poder Executivo Federal. O Ministério da Transparência, Fiscalização e 
Controladoria-Geral da União (CGU) é o órgão responsável pelo: 
• monitoramento da aplicação da LAI no âmbito da Administração Pública Federal; 
• treinamento de agentes públicos no desenvolvimento de boas práticas de 
transparência; e 
• fomento à cultura de transparência e à conscientização do direito fundamental de 
acesso à informação. 
O Ministério é, também, a instância recursal responsável por avaliar as negativas de acesso à 
informação, conforme prescrito no art. 16 da LAI. 
A partir da entrada em vigor da LAI, portanto, foram criados instrumentos e competências 
garantidoras do direito de acesso à informação, modificando a maneira de que os cidadãos se 
relacionam com o governo e com a coisa pública. Apesar de ainda enfrentar desafios em sua 
implementação nas demais esferas federativas e de ser um normativo relativamente recente, a 
Lei de Acesso à Informação inverteu completamente a lógica do sigilo existente na 
Administração Pública brasileira ao determinar, em seu artigo 3º, inciso I, que a publicidade é a 
regra geral a ser observada e o sigilo, a exceção. 
Como veremos ao longo deste curso, o novo regime de acesso à informação não apenas 
forneceu aos cidadãos instrumentos para o exercício desse direito, mas também vem 
transformando a Administração Pública brasileira em direção à consolidação da democracia no 
país. 
2.1. ABRANGÊNCIA SUBJETIVA: QUEM ESTÁ SUJEITO À LAI? 
 
A Lei de Acesso à Informação é uma lei nacional, ou seja, deve ser observada por todos os entes 
da federação brasileira - União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Isso significa que os 
órgãos públicos integrantes da Administraçãodireta e indireta dos Poderes Executivo, 
Legislativo - incluindo os Tribunais de Conta - e Judiciário, além do Ministério Público e 
Defensoria Pública, devem obedecer à LAI e, ainda, estabelecer sua regulamentação observando 
o disposto na legislação. Entretanto, existem dispositivos na lei que se aplicam somente à esfera 
federal. 
As entidades da Administração indireta, que são as autarquias, fundações públicas, empresas 
públicas, sociedades de economia mista e outras instituições controladas direta ou 
indiretamente pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, também 
estão submetidas à LAI. 
As entidades privadas sem fins lucrativos (organizações não governamentais - ONGs, por 
exemplo) que recebam, para a realização de ações de interesse público, recursos públicos 
diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de 
parceria, convênios, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, também se submetem 
à LAI no que se refere à parcela de recursos públicos recebidos e à sua destinação. No entanto, 
os pedidos de informação deverão ser apresentados diretamente aos órgãos e entidades 
responsáveis pelo repasse dos recursos. 
2.2 ABRANGÊNCIA OBJETIVA DA LAI: O QUE PODE SER SOLICITADO? 
 
A LAI indica, em seu art. 7º, de forma exemplificativa, o que é possível obter a partir de um 
pedido de acesso. Essa lista pode e deve ser ampliada diante de novas demandas por 
transparência, ou seja, não é uma lista exaustiva. 
 
Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de 
obter: 
- orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o 
local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada; 
- informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus 
órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; 
- informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente 
de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha 
cessado; 
- informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; 
- informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas 
à sua política, organização e serviços; 
- informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos 
públicos, licitação, contratos administrativos; e 
- informação relativa: 
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações 
dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos; 
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas 
pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a 
exercícios anteriores. 
 
Mas o que é informação e o que são dados? 
Informações são dados, processados ou não, que estão registrados em qualquer meio, suporte 
ou formato, podendo ser utilizados para produzir e transmitir conhecimento. "Dado é qualquer 
elemento identificado em sua forma bruta que, por si só, não conduz a uma compreensão de 
determinado fato ou situação”1. A informação é um dado contextualizado, capaz de transmitir 
uma mensagem. 
A Secretaria de Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e 
Gestão (STI/MP) utiliza as seguintes definições2: 
• dado é uma sequência de símbolos ou valores, representados em algum meio, 
produzidos como resultado de um processo natural ou artificial; 
• informação: conjunto de dados organizados de tal forma que tenham valor ou 
significado em algum contexto; 
• dado público: qualquer dado gerado ou sob a guarda governamental que não tenha o 
seu acesso restrito por legislação específica. 
Dados e informações podem estar armazenados em sistemas, bancos de dados ou registrados 
em documentos - que são suportes capazes de conter diversas informações. 
 
 
Mas quais dados e informações podem ser solicitados? 
O direito de acesso à informação deve ser compreendido em sentido amplo, prevendo tanto o 
acesso a informações que dizem respeito à gestão pública como também a informações de 
particulares, inclusive de terceiros. Isso porque a Constituição Federal, ao prever o direito de 
acesso à informação como direito fundamental, não excluiu as informações de interesse 
particular. Isto é, o direito de acesso compreende também informações de interesse pessoal, 
para além do interesse coletivo. 
Além disso, também podem ser solicitadas informações produzidas pela própria Administração 
ou aquelas produzidas por terceiros, mas acumuladas pela Administração. Informação 
acumulada é aquela que está sob a posse de uma determinada instituição pública, muito embora 
não necessariamente tenha sido produzida pela Administração. 
De qualquer forma, sejam informações produzidas pelo órgão ou por terceiros, de interesse 
particular ou coletivo, existem aquelas que podem ser disponibilizadas sem nenhuma restrição 
e outras que devem ser protegidas por seu caráter sigiloso ou por se tratarem de informações 
pessoais sensíveis, hipóteses que avaliaremos ao longo do curso. 
Assim, quando, em um mesmo suporte (documento ou banco de dados), coexistirem tanto 
informações sem restrição de acesso quanto informações protegidas por alguma hipótese de 
sigilo, será assegurado ao cidadão o direito de conhecer as primeiras, seja a partir da entrega do 
documento com a ocultação (tarja) das informações sigilosas, seja a partir da elaboração de um 
novo documento que as descreva (extrato ou certidão)3. 
Percebe-se, portanto, que a LAI, ao estabelecer a publicidade como regra e o sigilo como 
exceção, forneceu aos cidadãos um instrumento poderoso para um conhecimento mais 
profundo das atividades da Administração Pública. Hoje é o governo quem tem o ônus de provar 
que determinada informação não pode ser concedida, uma vez que, em regra, as informações 
acumuladas pela Administração podem ser solicitadas e disponibilizadas via Lei de Acesso à 
Informação. 
2.3 CANAIS ALTERNATIVOS/ESPECÍFICOS DE ATENDIMENTO AO CIDADÃO 
 
A Lei de Acesso à Informação criou um novo instrumento de 
relacionamento entre a sociedade e o Estado, porém não 
extinguiu os canais de comunicação previamente existentes. Em 
alguns casos, a Administração Pública recebe pedidos que 
poderiam ser atendidos por meio do Serviço de Informações do 
Cidadão (SIC). No entanto, se houver canais mais específicos e 
eficientes para determinados tipos de demandas, o SIC não se 
mostra necessariamente como o melhor canal de comunicação 
entre o órgão/entidade e o cidadão. 
Portanto, caso exista um canal ou procedimento específico e 
efetivo para obtenção da informação solicitada, por meio de um 
pedido de acesso, é suficiente que a Administração Pública, na 
resposta inicial ao pedido, indique a existência desse 
canal/procedimento. Esse entendimento justifica-se tendo em 
vista que o processo administrativo de acesso à informação não 
prejudica nem elimina formas específicas anteriormente constituídas de relacionamento 
entre Administração e administrados. 
 
Esse tema foi objeto da Súmula nº 01/2015 da Comissão Mista de Reavaliação de 
Informações (CMRI), que é um órgão colegiado composto por dez ministérios e atua como 
última instância recursal administrativa na análise de negativas de acesso à informação, e 
dispõe: 
PROCEDIMENTO ESPECÍFICO - Caso exista canal ou procedimento específico efetivo para 
obtenção da informação solicitada, o órgão ou a entidade deve orientar o interessado a 
buscar a informação por intermédio desse canal ou procedimento, indicando os prazos e 
as condições para sua utilização, sendo o pedido considerado atendido. 
Ante a existência de canais específicos, a demanda do cidadão somente será processadapor 
meio do SIC se ficar demonstrada a ausência de efetividade do canal indicado, seja em razão da 
ausência de prazos e procedimentos pré-determinados ou por ficar demonstrada a 
inobservância destes. 
Como exemplos de canais específicos, podemos citar aqueles decorrentes das Cartas de 
Serviços ao Usuário, instituída pelo Decreto n. º 9.094/2017, que dispõe sobre a simplificação 
do atendimento prestado aos usuários dos serviços públicos. 
Trata-se de um documento elaborado pelos órgãos/entidades que prestam serviços 
diretamente ao cidadão com o objetivo de informar a população sobre os serviços prestados, 
as formas de acesso a esses serviços e seus compromissos e padrões de qualidade de 
atendimento ao público. 
Com a publicação da Lei n.º 13.460/2017, conhecida como o “Código de Defesa do Usuário do 
Serviço Público”, as regras valem para serviços prestados por órgãos e entidades da 
administração pública direta e indireta, contemplando os três poderes (Executivo, Legislativo e 
Judiciário), além de entidades que prestam serviços públicos de forma delegada. 
O Instituto Nacional de Previdência Social (INSS), por exemplo, possui em seu sítio uma série de 
canais especializados no atendimento de demandas referentes aos serviços da seguridade 
social, como a ferramenta “Meu INSS” que o cidadão acessa e acompanha informações da sua 
vida laboral, dados sobre contribuições previdenciárias, empregadores e períodos trabalhados. 
Portanto, os canais específicos, desde que constituídos com prazos e procedimentos que se 
mostrem efetivos para o atendimento da demanda do cidadão, devem ser priorizados. Caso 
contrário, ou seja, na hipótese de o cidadão não ter seu pedido atendido por meio do canal 
específico, é importante frisar que ele poderá dirigir sua solicitação à Administração Pública por 
meio da LAI. 
 
3. DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO: COMO EXERCÊ-LO 
 
A informação produzida e acumulada pelo setor público deve estar disponível à sociedade, 
ressalvadas as exceções previstas em lei. Sob esse prisma, é princípio básico da LAI a chamada 
"máxima divulgação”, em que a publicidade é a regra e o sigilo, a exceção. 
O comportamento de divulgar dados a partir de uma iniciativa da própria Administração Pública 
não apenas implica a redução do número de pedidos de acesso, mas também sugere a 
perspectiva de que cabe ao governo somente a posse de tais documentos, sendo o povo o 
titular do direito de propriedade da informação pública (ainda que transitoriamente a 
informação seja sigilosa). 
O direito de acesso à informação se presta a munir o cidadão de informações detidas pelo 
Estado para que seja possível, entre tantas outras coisas, realizar o chamado controle social. E 
isso pode se dar, basicamente, de duas maneiras: por meio da chamada transparência ativa ou 
da transparência passiva. 
 
Acesse o ambiente virtual e veja o vídeo "Informe-se e melhore a sua qualidade de vida”, que 
venceu concurso internacional de acesso à informação, ao abordar a utilidade social do direito 
à informação, retratando situações de controle social, ouvidoria e responsabilidade cidadã. 
 
3.1 TRANSPARÊNCIA ATIVA 
 
A Transparência Ativa é entendida como aquela em que há disponibilização da informação de 
maneira espontânea (proativa). É o que ocorre, por exemplo, com a divulgação de informações 
na Internet, de modo que qualquer cidadão possa acessá-las diretamente. As obrigações de 
transparência ativa estabelecidas pela LAI têm por fundamento o disposto no art. 8º da lei: 
 
 
Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de 
requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, 
de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. 
 
Você sabia que tanto a Lei nº 12.527/11 como seu Decreto Regulamentador nº 7.724/12 
preveem um rol de informações que necessariamente devem estar em transparência ativa? 
Conheça quais são essas informações abaixo: 
 
 
Estrutura Organizacional 
• estrutura organizacional, competências, legislação aplicável, principais cargos e 
seus ocupantes, endereço e telefones das unidades, horários de atendimento ao 
público. 
Programas e Projetos 
• programas, projetos, ações, obras e atividades, com indicação da unidade 
responsável, principais metas e resultados e, quando existentes, indicadores de 
resultado e impacto; 
• programas financiados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT. (Incluído 
pelo Decreto nº 8.408, de 2015). 
Recursos Financeiros 
• repasses ou transferências de recursos financeiros; 
• execução orçamentária e financeira detalhada; 
• licitações realizadas e em andamento, com editais, anexos e resultados, além 
dos contratos firmados e notas de empenho emitidas. 
Remuneração e Subsídios 
• remuneração e subsídio recebidos por ocupante de cargo, posto, graduação, 
função e emprego público, incluindo auxílios, ajudas de custo, jetons e quaisquer 
outras vantagens pecuniárias, bem como proventos de aposentadoria e pensões 
daqueles que estiverem na ativa, de maneira individualizada, conforme ato do 
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. 
Perguntas Frequentes 
• Respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. 
Contatos 
• contato da autoridade de monitoramento, designada nos termos do art. 40 da Lei nº 
12.527, de 2011, telefone e correio eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão 
- SIC. 
A lista não é exaustiva, sugerindo-se fortemente a leitura do "Guia de Publicação Ativa nos 
sítios eletrônicos dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal”. 
É importante que você saiba que municípios com até 10.000 habitantes não são obrigados a 
manter essas informações na Internet, sendo suficiente a divulgação de informações relativas 
à execução orçamentária e financeira, conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal. Também não 
é obrigatório repetir a publicação das informações previstas no rol, caso elas já estejam 
disponíveis em outros sítios. A Lei prevê que, quando as informações estiverem disponíveis em 
outros sítios governamentais, pode ser utilizada ferramenta de redirecionamento de página na 
internet. É o que acontece, por exemplo, com informações que já estão no Portal da 
Transparência. 
Entidades privadas sem fins lucrativos que receberem recursos da União também devem dar 
publicidade a algumas informações, por meio de seus próprios sítios na Internet e em sua sede1. 
São elas: 
• Cópia do estatuto social atualizado da entidade. 
• Relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade. 
• Cópia integral do instrumento realizado com o poder público (convênio, 
contrato, termo de parceria, etc.), e seus respectivos aditivos e relatórios finais de 
prestação de contas. 
Essa documentação deve ser publicada desde a celebração do instrumento, sendo atualizada 
periodicamente e ficando obrigatoriamente disponível até 180 dias após a entrega da prestação 
final de contas. No caso de entidades que não disponham de meios para realizar essa divulgação 
na internet, pode haver dispensa, por decisão do órgão ou entidade ao qual ela está vinculada, 
mediante expressa justificativa da entidade. 
 
 
Na Suécia, não existem obrigações específicas de publicação proativa; na prática, no entanto, a 
maioria dos órgãos públicos disponibiliza diversas informações, sobretudo em seus sítios. 
Na Inglaterra, é comum serem divulgadas, principalmente, informações sobre a estrutura e as 
atividades desenvolvidas, embora também não exista uma lista das informações que cada órgão 
público tenha a obrigação de publicar. 
No Brasil, no âmbito do Poder Executivo federal, fixou-se um rol enumerativo sobre o que deve 
ser divulgado (art. 7º, §3º, do Decreto 7.724/2012).Ao lado de tal lista, está o dever geral de 
publicação de quaisquer informações de interesse coletivo ou geral. 
Nos EUA, existe, também, prescrição em lei sobre o que deve ser colocado em transparência ativa 
como, por exemplo, o dever de publicar uma sinopse das funções gerais e a descrição de todos os 
formulários e documentos produzidos. Além disso, o Departamento de Justiça recomendou que 
documentos que foram solicitados ao menos três vezes sejam disponibilizados eletronicamente. 
 
 
 
1 . Artigo 63 do Decreto nº 7.724/2012 
3.2 TRANSPARÊNCIA PASSIVA 
 
A Transparência Passiva, por outro lado, depende de uma solicitação do cidadão. Ela ocorre, 
portanto, por meio dos pedidos de acesso à informação que, no âmbito do Poder Executivo 
federal, concentram-se no sistema e-SIC. Desse modo, a instituição solicitada deve se mobilizar 
no sentido de oferecer uma resposta à demanda. 
Quando uma informação está em transparência ativa mas, mesmo assim, é objeto de pedido 
de acesso, é recomendável que o órgão/entidade oriente o cidadão sobre como acessá-la por 
meio da internet. Nesse caso, o solicitante deve ser orientado, com precisão, sobre onde se 
encontra essa informação. Respostas como "a informação se encontra no Diário Oficial da 
União” ou "no sítio do órgão” não devem ser adotadas, uma vez que impõem uma dificuldade 
que acaba por obstaculizar o acesso à informação. Na maioria das vezes, o cidadão comum não 
consegue encontrá-la por conta própria. Logo, é recomendável indicar o link específico no qual 
essa informação se encontra ou, ainda, um passo a passo sobre como localizá-la. 
Essa prática tem dois objetivos: 
• apresentar ao cidadão uma forma de obter as informações sem a necessidade 
de abertura de novos pedidos de acesso; 
• tornar mais ágeis os procedimentos para atendimento a pedidos de acesso a 
informações. 
Outra prática muito recomendável, e que já vem sendo observada com frequência, é a 
disponibilização de informações na internet com base nos pedidos de acesso que são 
apresentados. A reiteração de pedidos de acesso sobre os mesmos temas indica que aquela é 
uma informação de grande interesse para a sociedade em geral. Portanto, é interessante que 
esse tipo de solicitação seja colocado em transparência ativa, até mesmo para reduzir a entrada 
de pedidos de acesso à informação, tornando mais ágil e efetiva a atuação dos SICs. 
Assim como a transparência ativa, a transparência passiva também deve ser observada pelas 
entidades privadas sem fins lucrativos que receberem recursos para realização de ações de 
interesse público2 . Ou seja, essas entidades também estão sujeitas a pedidos de acesso à 
informação. Contudo, esses pedidos não devem ser feitos diretamente a essas entidades, mas 
aos órgãos e entidades responsáveis pelo repasse dos recursos3. 
Confira no gráfico abaixo a quantidade de informações e respostas registradas no Sistema 
Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-SIC) desde a entrada em vigor da Lei de 
Acesso à informação. 
 
2 . Art. 63 do Decreto nº 7.724/2012. 
3 . Art. 64 do Decreto nº 7.724/2012. 
 
 
3.3 O QUE É UM PEDIDO DE ACESSO À INFORMAÇÃO? 
 
Aqui você aprenderá a diferenciar solicitações que são, de fato, pedidos de acesso a 
informações de outras que não se caracterizam como tal, recebendo a denominação de 
“manifestação de ouvidoria”. Os conceitos apresentados são baseados na legislação vigente e 
poderão auxiliá-lo, na prática, quando você responde um pedido de acesso à informação. 
Pedido de acesso à informação é uma demanda direcionada aos órgãos e entidades da 
Administração Pública, realizada por qualquer pessoa, física ou jurídica (como empresas e 
associações civis, por exemplo), que tenha como objeto um dado ou informação, como vimos 
no subtópico "Abrangência Objetiva da LAI - O que pode ser solicitado”. Ou seja, o objetivo do 
cidadão, quando realiza esse tipo de solicitação, é acessar dado ou informação que esteja sob 
a posse da Administração. 
O acesso a informações públicas é assegurado mediante a criação de serviços de informação ao 
cidadão, nos órgãos e entidades do poder público, em local e condições apropriados para o 
recebimento dos pedidos e para orientar as pessoas quanto ao acesso. Na Administração 
Pública federal, foram criados os SICs (Serviços de Informação ao Cidadão), unidades físicas de 
atendimento e o e-SIC, sistema eletrônico. 
Em 19 de maio de 2015, o governo federal definiu o e-SIC como sistema central de pedidos de 
informação do Executivo federal, por meio da Portaria Interministerial nº 1.254. Para 
apresentar um pedido de acesso, o cidadão deve, preferencialmente, utilizar o sistema no sítio 
www.acessoainformacao.gov.br. Nele, o cidadão preencherá um formulário padrão, cujas 
informações obrigatórias são as indicações do nome completo, de documento de identificação 
válido e de endereço físico ou eletrônico. Vencida essa etapa, o cidadão poderá apresentar 
quantos pedidos de acesso desejar, havendo campo para que possa descrever a informação 
que deseja acessar, sendo necessário indicar o órgão que, supostamente, a detém. 
O pedido deve ser descrito de um modo compreensível, que permita a recuperação da 
informação solicitada. O pedido também deve ser específico, permitindo que o servidor do 
órgão ou entidade, que tenha familiaridade com o objeto do pedido, possa localizá-lo de 
maneira célere e precisa. Além de específico, o pedido deve ser razoável e proporcional, 
conceitos que serão desenvolvidos no próximo módulo. E, por fim, a informação deverá ser 
existente para que seja exigível, conforme também veremos adiante. 
 
 
Um aspecto muito importante da LAI é a vedação de quaisquer exigências relativas aos motivos 
determinantes da solicitação de informações, como registrado no parágrafo 3º do artigo 10 e 
reforçado no artigo 14 do Decreto nº 7.724/2012. Isso significa que o cidadão não precisa 
explicar a razão do seu pedido ou dizer o que fará com a informação. 
Pedir é seu direito, não importa o porquê. Simples assim! 
 
3.4 O QUE NÃO É PEDIDO DE ACESSO? 
 
Vimos o que é um pedido de acesso. Agora resta diferenciá-lo de outras demandas que estão 
fora do escopo da LAI. Em algumas situações, acontece de o cidadão realizar denúncias, 
reclamações ou consultas ao invés de um pedido de informação. Veremos em seguida como 
proceder diante dessas situações. 
Os servidores responsáveis por processar os pedidos de acesso à informação muitas vezes se 
deparam com manifestações que não têm por objetivo o acesso à informação propriamente 
dito. Nos órgãos do Poder Executivo federal, não há limitação daquilo que o cidadão pode 
escrever em sua solicitação. Assim, é relativamente comum que sejam protocoladas 
manifestações de ouvidoria alheias ao acesso à informação, como denúncias, reclamações, 
solicitações de providências administrativas e consultas jurídicas. 
Na Administração Pública federal, muitas ouvidorias centralizam o recebimento de denúncias, 
reclamações e outras manifestações na página www.ouvidorias.gov.br. Também é possível 
apresentá-las mediante procedimentos particulares a cada ouvidoria, disponíveis nas 
respectivas páginas dos órgãos e entidades. O sistema e-OUV, disponível no sítio mencionado, 
permite fácil interação e registro de manifestações de ouvidoria. 
Veja, a seguir, exemplos de algumas demandas que são interpostas, no Sic ou no e-Sic, como 
pedidos de acesso à informação, mas que não se caracterizam como tal, pois seu objetivo não 
é obter informações. 
 
 
 
DENÚNCIA 
O que é? 
Comunicação de prática de ato ilícito cuja solução dependa da atuaçãode órgão de controle 
interno ou externo. 
Exemplo: 
 
Percebe-se que o objetivo do cidadão não é acessar nenhuma informação que esteja acumulada 
pela Administração, mas sim, denunciar supostas irregularidades em contratação feita pelo 
governo. 
Como proceder? 
Orientar o cidadão a registrar a denúncia na instância correta ou reencaminhar o pedido para a 
ouvidoria do órgão ou entidade. 
Observação 
É importante registrar que, naqueles casos em que o pedido não represente, inteiramente, 
denúncia, o acesso à informação solicitada deve ser garantido. É comum que pedidos de acesso 
contenham, além da especificação da informação solicitada, elementos de denúncia, sendo 
que, nesses casos, o acesso à informação deve ser garantido, cabendo ao SIC avaliar seu 
conteúdo e explicar ao cidadão o tratamento que deu a cada uma das partes. 
 
 
RECLAMAÇÃO 
O que é? 
Demonstração de insatisfação relativa a algum serviço público. 
Exemplo: 
 
Mais uma vez, a requerente não deseja nenhuma informação, mas sim reportar insatisfação 
com o serviço prestado em determinada entidade. 
Como proceder? 
Orientar o cidadão a registrar a reclamação na instância correta ou reencaminhar o pedido para 
a ouvidoria do órgão ou entidade. 
Observação 
É importante registrar que, naqueles casos em que o pedido não represente, inteiramente, 
reclamação, o acesso à informação solicitada deve ser garantido. É comum que pedidos de 
acesso contenham, além da especificação da informação solicitada, elementos de reclamação, 
cabendo ao SIC avaliar seu conteúdo e explicar, ao cidadão, o tratamento que deu a cada uma 
dessas partes. 
CONSULTA 
O que é? 
Situação na qual o cidadão deseja receber do poder público um pronunciamento sobre uma 
condição hipotética ou concreta, mas bastante específica, em que é necessária uma análise (por 
vezes jurídica) do contexto em que o cidadão se encontra. 
 
Exemplo: 
 
Veja que o cidadão apresentou ao órgão uma consulta jurídica. Sua pergunta apresenta 
características que demandam estudo e análise quanto aos entendimentos acerca do tema: ele, 
empregado público, concorrerá a uma promoção e, como consequência dela, poderá ser 
removido. A remoção em decorrência de uma promoção a qual o interessado se inscreveu 
voluntariamente é considerada remoção de ofício? Sua esposa poderia ser removida ou seria 
redistribuída? Qual o entendimento atual da Administração Pública federal sobre o assunto? 
Enfim, a resposta a essas questões pressupõe a elaboração de um documento específico, com 
os elementos próprios à situação apresentada pelo cidadão. Cabe registrar que, caso exista um 
parecer jurídico que tenha analisado situação semelhante no passado, esse documento pode 
ser entregue como resposta ao pedido. Mas, se o parecer jurídico não existir, a Administração 
não estará obrigada a produzi-lo. 
Como proceder? 
Alguns órgãos fornecem o serviço de consulta de interpretação jurídica, como é o caso da 
Receita Federal.4 
Observação 
As consultas tratam de situações muito específicas, não necessariamente já avaliadas pela 
Administração, em que por vezes estão em conflito com legislações concomitantes. Nesse 
sentido, entende-se que não há obrigação de realizar tal análise minuciosa. Contudo, caso o 
órgão já tenha realizado a análise de uma situação semelhante e sobre ela produzido um 
documento, pode-se solicitar acesso ao documento, o que não configura consulta, mas, sim, 
verdadeiro pedido de acesso. 
 
 
4 . http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/legislacao/consulta-sobre-interpretacao-da-legislacao-tributaria 
SOLICITAÇÃO DE PROVIDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS 
O que é? 
Requerimento de adoção de providência por parte da Administração. 
Exemplo: 
 
Novamente, o objetivo do cidadão não é acessar uma informação, mas demandar que a 
Administração atue conforme ele deseja. 
Como proceder? 
Orientar o cidadão a protocolar a solicitação na instância correta. 
Observação 
Também não é considerada pedido de acesso à informação. Muitas vezes, o cidadão não utiliza 
o canal adequado e solicita, via LAI, que a Administração tome determinada ação, como, por 
exemplo, a realização de uma auditoria ou a revisão de posicionamento em um recurso 
administrativo, sendo que solicitação de providências não é considerada um pedido de acesso 
à informação. 
 
Quando o cidadão registar, no e-SIC, uma manifestação de ouvidoria (reclamação, 
denúncia, solicitação, sugestão ou elogio) em vez de um pedido de acesso à 
informação, o SIC pode enviar essa manifestação diretamente para o e-Ouv. 
Essa operação, porém, somente será possível quando o órgão ou entidade, além de 
utilizar o e-SIC, também tenha feito adesão ao e-Ouv, já que este sistema não é de 
uso obrigatório pela ouvidoria. 
Ao receber um pedido de informação no e-SIC, o gestor terá os primeiros 5 (cinco) 
dias do prazo para verificar se realmente se trata de um pedido de acesso. Se não for 
este o caso, o gestor do SIC poderá enviar esta manifestação para o e-Ouv fazendo o 
devido enquadramento entre os tipos de manifestações possíveis: denúncia, 
reclamação, elogio, solicitação ou sugestão. 
Tendo o gestor do SIC remetido a manifestação para o e-Ouv, o solicitante receberá 
uma notificação por e-mail. Caso o solicitante não concorde com o 
reencaminhamento do pedido, é possível apresentar um pedido de reconsideração 
à Controladoria-Geral da União (CGU), via e-SIC, em até 10 (dez) dias a contar da 
notificação. 
O pedido de reconsideração será julgado em até 5 (cinco) dias, conforme disposto no 
art. 24 da Lei n.º 9.784/1999. Se decorrer o prazo sem que seja feito pedido de 
reconsideração ou se o pedido for julgado improcedente, a manifestação será 
definitivamente enviada ao sistema e-Ouv, e então se iniciará o prazo de 20 (vinte) 
dias para resposta ao cidadão por parte da ouvidoria. 
Caso a CGU dê provimento ao pedido de reconsideração, o pedido de acesso à 
informação será devolvido ao e-SIC na condição de Recurso de 1ª Instância, devendo 
ser julgado pela autoridade superior àquela responsável pela resposta original. 
 
4. PRAZOS E PROCEDIMENTOS PARA ACESSO À INFORMAÇÃO 
 
Os procedimentos para acesso à informação estão descritos nos artigos 10 a 14 da LAI. No 
entanto, no art. 5º, há importante determinação para sua efetividade: 
 
 
Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será 
franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara 
e em linguagem de fácil compreensão. 
 
Realizado o pedido de acesso, o órgão ou a entidade que o recebeu deve conceder 
imediatamente a informação disponível. Caso isso não seja possível, o órgão deve (em prazo 
não superior a 20 dias (prorrogável por mais 10 dias): 
a) Comunicar ao cidadão a data, o local e o modo para que ele realize a consulta, 
efetue a reprodução de documentos ou obtenha a certidão na qual conste a 
informação solicitada; 
b) Indicar por que razão o pedido não pode ser, total ou parcialmente, atendido; 
c) Comunicar ao cidadão que não possui a informação e indicar, se for do seu 
conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, remeter o 
requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o interessado da remessa 
de seu pedido de informação. 
O órgão deve oferecer meios para que o próprio cidadão 
possa pesquisar a informação de que necessitar, sem, 
contudo, descuidar-se da informação. Isso significa que, 
caso o cidadão solicite diversas informações que estão 
dispersas em uma série de documentos, cabe à 
Administração disponibilizar os documentos para que ele 
realize sua pesquisa, zelando pela sua integridade. 
 
Aindasobre a disponibilização de documentos e 
informações, caso estejam disponíveis ao público, em 
formato impresso ou eletrônico, devem ser informados 
ao cidadão, por escrito, o lugar e a forma pela qual se 
poderão consultar, obter ou reproduzir os referidos 
documentos ou informações. Essa indicação desonera o órgão da obrigação do fornecimento 
direto da informação, salvo se o solicitante declarar não dispor de meios para realizar por si 
mesmo tais procedimentos. 
Esta hipótese pode ser exemplificada em duas situações: 
• Quando a informação estiver disponível em biblioteca física do órgão, aberta ao 
público em geral; ou 
• Quando o órgão demandado indica o link específico no qual a informação pode 
ser acessada ou a data e a página da publicação, tratando-se de diários ou outros 
meios de comunicações oficiais. 
O serviço de busca e fornecimento da informação é gratuito, exceto no que se refere aos custos 
para a reprodução de documentos. É boa prática não debitar do cidadão os custos de menor 
monta - por exemplo, para cópia de poucas páginas de um documento ou processo. 
 
 
 
 
Diferentemente do Brasil, em uma perspectiva comparada, a Irlanda estabeleceu, em 2003, 
valores fixos para o exercício do direito de acesso. Assim, cobram-se 15 euros para pedidos; 75 
euros para recursos internos; 150 euros para recursos direcionados ao Comissário de 
Informação (Ombudsman). 
No Reino Unido, cobra-se a partir de determinado limite. Assim, em 2004, regulamentos 
determinaram o limite no patamar de £600 (R$ 2850) para o governo centra l e Parlamento 
e £450 (R$ 2137) para o setor público em geral. No cálculo dos custos, o tempo dedicado à 
determinação da posse, ou não, das informações e o tempo dedicado à localização, 
recuperação e extração das informações poderão ser cobrados à taxa de £25/ hora 
(R$118,75). Quando os custos excederem o limite, o órgão público fica desobrigado de 
fornecer as informações. No entanto, ainda assim poderá fornecê-las e cobrar todos os 
custos citados acima para calcular o limite, bem como os custos de reprodução e 
comunicação das informações ao postulante. 
Em nosso país a cobrança é feita em cima do valor da cópia e da postagem. Eventuais 
situações em que o custo seja excessivo são avaliadas conforme dispõe o art. 13, inciso II, 
do Decreto nº 7.724/2012 (demanda desproporcional). 
 
Sempre que o pedido não for totalmente atendido, por tratar-se de informação com restrição 
de acesso, o cidadão deve ser informado sobre a possibilidade de recurso, os prazos e as 
condições para sua interposição. Também deve ser indicada a autoridade responsável pela 
apreciação do recurso. Tais informações devem explicitamente constar da resposta inicial ao 
pedido e, caso interpostos, das respostas aos recursos, uma vez que tornam transparentes os 
procedimentos de solicitação de revisão das respostas. 
O cidadão tem o direito de obter o inteiro teor da decisão que negou seu pedido de acesso, por 
certidão ou cópia. Sua disponibilização no sistema e-SIC tem status de resposta oficial, 
dispensando solenidades, uma vez que os atos administrativos em geral devam se pautar pela 
celeridade, informalidade e eficiência. 
4.1 SOLICITAÇÕES NÃO ATENDIDAS: RECLAMAÇÃO E RECLAMAÇÃO INFRUTÍFERA 
 
A CGU deve realizar o monitoramento da LAI no que se refere aos seus prazos e procedimentos5. 
 
A fim de tornar esse monitoramento efetivo, o Decreto nº 7.724/2012 disciplinou a chamada 
Reclamação Infrutífera. Mas antes de conhecê-la, vamos ver o que vem a ser a Reclamação. É 
importante diferenciar a Reclamação aqui estudada da reclamação vista na Seção "O que não é 
um pedido de informação”. Aquele tipo de manifestação de ouvidoria diz respeito ao conceito 
mais comum de reclamação, isto é, expressão de insatisfação com determinado serviço. 
A Reclamação de que estamos tratando agora se refere a um procedimento especificamente 
criado pelo Decreto nº 7.724/2012 para o Poder Executivo federal. Quando o órgão ou entidade 
não responde a um pedido de acesso à informação no prazo regulamentar, o cidadão pode 
apresentar uma Reclamação, no prazo de 10 dias, à autoridade de monitoramento da LAI, que 
deverá se manifestar no prazo de 5 dias. 
Caso essa Reclamação não tenha resultado, ou seja, caso o órgão/entidade continue a se omitir 
quanto ao seu dever de responder ao pedido de acesso, pode o cidadão interpor nova 
 
5 . Inciso IV do artigo 16 da LAI. 
reclamação à CGU (reclamação infrutífera). Nesse caso, ao constatar que a omissão persiste, a 
CGU determina ao órgão/entidade que apresente uma resposta ao pedido. 
1. PEDIDO DE ACESSO > Prazo de resposta: 20 dias + 10 dias (se prorrogado). 2. Omissão. 3. 
Prazo para reclamar para autoridade de monitoramento: 10 dias > RECLAMAÇÃO > Prazo para 
o órgão sanar a omissão: cinco dias. 4. Caso a omissão persista, o cidadão tem o prazo de 10 
dias para reclamar à CGU. 5. RECLAMAÇÃO INFRUTÍFERA. 6. CGU determina que seja oferecida 
a resposta. Verifique esse fluxo na imagem a seguir e veja o que acontece quando o órgão não 
responde ao pedido de acesso à informação! 
 
 
4.2 RECURSOS À CGU 
 
Os procedimentos e prazos para interposição e resposta a recursos estão previstos nos artigos 
15 a 20 da LAI. Caso o pedido de acesso seja negado ou o cidadão ficar insatisfeito com a 
resposta apresentada, ele pode recorrer, no prazo de 10 dias, a contar da sua ciência. O recurso 
é dirigido à autoridade hierarquicamente superior ao servidor responsável pela elaboração da 
resposta inicial. Esse recurso deve ser analisado no prazo de 5 dias. 
É facultado ao cidadão, no âmbito do Poder Executivo federal, apresentar um segundo recurso. 
Trata-se de mais uma possibilidade de recurso que ocorre no âmbito do próprio órgão ou 
entidade que recebeu o pedido e o negou. Esse recurso é dirigido à autoridade máxima do 
órgão/entidade e os prazos são os mesmos: 10 dias para que o cidadão recorra e 5 dias para 
que a autoridade máxima o decida. Em seguida, caso seja mantida a negativa de acesso, caberá 
recurso à CGU e, posteriormente, à CMRI, como estabelecido pela LAI e pelo Decreto nº 
7.724/2012. Veja um esquema sobre esses procedimentos de recursos: 
 
Cabe à CGU avaliar as razões apresentadas pelo órgão/entidade para negar acesso à informação 
e verificar se essas razões estão de acordo com as possibilidades de negativas previstas na 
própria LAI. Como discutido anteriormente, deve-se observar o Princípio da Máxima Divulgação 
quando da análise dos pedidos, inclusive nas instâncias recursais. Uma negativa de acesso é 
uma exceção que será avaliada pela CGU por ocasião da análise do recurso de terceira instância. 
Em recursos de menor complexidade, é possível decidir em 5 dias. Entretanto, nos casos de 
maior complexidade, o Decreto nº 7.724/2012 faculta à CGU solicitar esclarecimentos 
adicionais aos órgãos/entidades recorridos. Nessas situações, a Lei do Processo Administrativo 
Federal6 pode ser aplicada, adotando-se o prazo de 30 dias após o recebimento dos 
esclarecimentos adicionais considerados satisfatórios para decidir o recurso7. 
4.3 TIPOS DE DECISÃO DA CGU 
 
Após receber um recurso de acesso à informação, a CGU poderá decidir por um dos seguintes 
encaminhamentos: 
• Provimento - A CGU determina que a informação seja fornecida. 
• Provimento parcial - A CGU determina que apenas parte da informação seja 
fornecida. 
• Desprovimento - A CGU entende que as razões da negativa são adequadas, nos 
termos legais. 
• Não conhecimento - O recurso sequer é conhecido por não tratar de pedido de 
acesso à informação (denúncia, reclamação ou consulta, por exemplo), ou por não 
atender a alguma exigência básica que possibilitea análise pela CGU, como, por 
exemplo, ter sido apresentado no prazo. 
• Perda de objeto - São os casos em que a informação é fornecida 
espontaneamente pelo próprio recorrido antes de a CGU decidir o recurso. 
• Perda parcial de objeto - São os casos em que parte da informação é fornecida 
espontaneamente pelo próprio recorrido antes de a CGU decidir o recurso. 
• Acolhimento - Diante da omissão reiterada do órgão ou entidade, a CGU 
determina que o órgão preste uma resposta ao cidadão. 
Quando a negativa de acesso não encontrar amparo legal, a CGU propõe a chamada perda de 
objeto do recurso, uma espécie de resolução negociada que ocorre durante a instrução8 do 
processo. Essa proposta se baseia na interpretação dos precedentes já julgados pela própria 
CGU, na legislação em vigor e mesmo em decisões judiciais que tenham tratado sobre o 
assunto. 
 
6 . Lei nº 9.784/1999. 
7 . Art. 59 da Lei nº 9.784/1999. 
8 . Que se refere à instrução; que pode estar relacionado ao ensino. 
 A resolução negociada abre a possibilidade para que o órgão detentor disponibilize 
diretamente a informação ao cidadão, garantindo a sua efetiva entrega, bem como gera 
oportunidade de reflexão para alteração da cultura organizacional e o fomento à transparência 
pública. 
Nos casos em que o órgão mantiver seu posicionamento de negativa do acesso à informação, a 
CGU tende a decidir pelo provimento do recurso, determinando o efetivo atendimento à 
demanda. Quando isso ocorre, define-se um prazo para que o órgão forneça a informação ao 
demandante. 
A prerrogativa que a CGU possui para determinar a entrega da informação decorre da própria 
LAI, que diz que "[...] a Controladoria-Geral da União determinará ao órgão ou entidade que 
adote as providências necessárias para dar cumprimento ao disposto nesta Lei”. Em resumo: 
caso o recurso tenha sido provido, ou seja, caso a CGU não tenha acolhido os argumentos do 
órgão/entidade, é fixado um prazo para que o órgão/entidade cumpra a decisão e entregue a 
informação. 
Uma vez exarada a decisão, o recorrido deve proceder à entrega da informação, sob pena de 
responsabilização. 
No momento em que a decisão da CGU é inserida no sistema e-SIC, tanto o recorrente (cidadão) 
como o recorrido (órgão/entidade) são informados por meio de e-mails enviados 
automaticamente. É nesse momento que se dá a ciência da decisão e, a partir daí, inicia-se a 
contagem do prazo para o seu cumprimento. 
O sistema e-SIC foi configurado para abrir uma aba específica ("Cumprimento da Decisão”) nos 
casos de recursos providos pela CGU. O órgão ou a entidade deve, portanto, dentro do prazo 
definido na decisão da CGU, inserir na aba a informação solicitada. É possível incluir anexos 
nessa manifestação. Uma vez inserida essa informação no e-SIC, o recorrente tem o prazo de 
30 dias para denunciar, nesse sistema, o descumprimento da decisão, seja por entender que a 
informação inserida não corresponde àquela solicitada, seja por ela estar incompleta ou por 
divergir da decisão da CGU. Interposta a denúncia ou de ofício, a CGU realizará a análise do 
cumprimento, podendo inclusive buscar novos esclarecimentos junto ao recorrido, de forma a 
se posicionar sobre o integral cumprimento da decisão. Nesse processo, podem ser envolvidas 
as demais áreas da CGU, tais como a Corregedoria-Geral da União, a Secretaria Federal de 
Controle Interno ou ainda a Secretaria de Transparência e Prevenção da Corrupção. 
 
 
Consulte o sítio http://buscaprecedentes.cgu.gov.br/busca/SitePages/principal.aspx e conheça as 
decisões da CGU como instância recursal da LAI. 
 
4.4 RECURSOS À CMRI 
 
A Comissão Mista de Reavaliação de Informações - CMRI é a quarta (4ª) e última instância 
recursal administrativa em caso de pedido de acesso à informação. 
A CMRI foi criada pela LAI e regulamentada pelo Decreto nº 7.724/2012. A Comissão é um órgão 
colegiado, composto por representantes de 10 órgãos/entidades do governo, que se reúne 
mensalmente de forma ordinária, sendo possível a convocação de reuniões extraordinárias. 
Suas competências no âmbito do Poder Executivo federal se dividem em três blocos: 
• decidir os recursos interpostos contra decisões da CGU em pedidos de acesso à 
informação; 
• exercer atribuições vinculadas ao tratamento e à classificação de informações sigilosas; 
• estabelecer orientações normativas para suprir eventuais lacunas na aplicação da LAI e 
do Decreto nº 7.724/2012. 
Caso o cidadão não fique satisfeito com o posicionamento da CGU, ele pode, via e-SIC, 
encaminhar recurso à CMRI no prazo de 10 dias contados da decisão da CGU. Nesse caso, 
conforme estabelece o Regimento da CMRI, a CGU instrui o recurso e o encaminha para a 
Comissão, que decidirá até a terceira reunião ordinária subsequente à interposição do recurso. 
Exercendo sua competência de estabelecer orientações normativas e suprir lacunas de 
interpretação da LAI, a CMRI já publicou as seguintes Súmulas: 
 
Súmulas - Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI) 
Número Assunto Texto da Súmula 
01/2015 
Procedimento 
específico 
"Caso exista canal ou procedimento específico efetivo 
para obtenção da informação solicitada, o órgão ou a 
entidade deve orientar o interessado a buscar a 
informação por intermédio desse canal ou 
procedimento, indicando os prazos e as condições 
para sua utilização, sendo o pedido considerado 
atendido.” 
02/2015 
Inovação em fase 
recursal 
"É facultado ao órgão ou entidade demandado 
conhecer parcela do recurso que contenha matéria 
estranha: i) ao objeto do pedido inicial ou; ii) ao objeto 
do recurso que tiver sido conhecido por instância 
anterior - devendo o órgão ou entidade, sempre que 
não conheça a matéria estranha, indicar ao 
interessado a necessidade de formulação de novo 
pedido para apreciação da matéria pelas instâncias 
administrativas iniciais.” 
03/2015 
Extinção por 
classificação da 
informação 
"Observada a regularidade do ato administrativo 
classificatório, extingue-se o processo cujo objeto 
tenha sido classificado durante a fase de instrução 
processual, devendo o órgão fornecer ao interessado 
o respectivo Termo de Classificação de Informação, 
mediante obliteração do campo 'Razões da 
Classificação'.” 
Súmulas - Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI) 
04/2015 
Procedimento para 
desclassificação 
"O pedido de desclassificação não se confunde com o 
pedido de acesso à informação, sendo ambos 
constituídos por ritos distintos e autuados em 
processos apartados. Nos termos dos artigos 36 e 37 
do Decreto 7.724, de 2012, o interessado na 
desclassificação da informação deve apresentar o seu 
pedido à autoridade classificadora, cabendo recurso, 
sucessivamente, à autoridade máxima do órgão ou 
entidade classificador e, em última instância, à CMRI.” 
05/2015 
Conhecimento - 
Autoridade que 
profere a decisão 
"Poderão ser conhecidos recursos em instâncias 
superiores, independente da competência do agente 
que proferiu a decisão anterior, de modo a não cercear 
o direito fundamental de acesso à informação.” 
06/2015 
Inexistência da 
Informação 
"A declaração de inexistência de informação objeto de 
solicitação constitui resposta de natureza satisfativa; 
caso a instância recursal verifique a existência da 
informação ou a possibilidade de sua recuperação ou 
reconstituição, deverá solicitar a recuperação e a 
consolidação da informação ou reconstituição dos 
autos objeto de solicitação, sem prejuízo de eventuais 
medidas de apuração de responsabilidade no âmbito 
do órgão ou da entidade em que tenha se verificado 
sua eliminação irregular ou seu descaminho.” 
07/2015 
Conselhos 
Profissionais 
"Não são cabíveis os recursos deque trata o art. 16 da 
Lei nº 12.527, de 2011, contra decisão tomada por 
autoridade máxima de conselho profissional, visto que 
estes não integram o Poder Executivo Federal, não 
estando sujeitos, em consequência, à disciplina do 
Decreto nº 7.724/2012.” 
 
4.5 INOVAÇÃO RECURSAL 
 
Outro aspecto relevante sobre os procedimentos recursais criados pela LAI diz respeito à 
chamada Inovação Recursal. A CMRI emitiu a Súmula nº 02/2015 a fim de concretizar o seguinte 
entendimento: 
 
 
 
INOVAÇÃO RECURSAL - É facultado ao órgão ou à entidade demandada conhecer parcela do 
recurso que contenha matéria estranha: i) ao objeto do pedido inicial; ou ii) ao objeto do recurso 
que tiver sido conhecido por instância anterior - devendo o órgão ou entidade, sempre que não 
conheça a matéria estranha, indicar ao interessado a necessidade de formulação de novo 
pedido para apreciação da matéria pelas instâncias administrativas iniciais. 
 
Segundo esse entendimento, como regra geral, os recursos apenas podem ser apreciados por 
instância superior no que se refere à matéria já apreciada pela instância inferior. Em outras 
palavras, a alteração do objeto do pedido de acesso ao longo dos recursos poderá não ser 
apreciada pela instância superior, uma vez que os recursos são destinados à discussão dos 
motivos da negativa de acesso original por pressuposto lógico. 
Essa regra, contudo, pode ser flexibilizada, sendo boa prática administrativa avaliar, por 
exemplo, se o atendimento do novo pedido é simples. Da mesma forma, pode a autoridade 
máxima do órgão acolher a inovação se a informação solicitada for de natureza complementar 
àquela do pedido inicial e se sua disponibilização for viável no prazo de resposta ao recurso. 
Caso entenda que a inovação representa novo pedido, o órgão deverá se manifestar na primeira 
oportunidade, orientando o cidadão a realizar um novo pedido de acesso referente àquela 
parcela do recurso. 
5. REVISÃO 
 
Parabéns! Chegamos ao final do primeiro módulo do curso. Nesta etapa inicial, você aprendeu 
muitas coisas importantes sobre a Lei de Acesso à Informação! Revise-as com atenção. 
• Aprendemos que a Lei de Acesso à informação tem como diretriz a máxima 
divulgação - a publicidade é a regra e o sigilo, a exceção. Nesse sentido, podem ser 
solicitadas, via Lei de Acesso, informações produzidas e acumuladas pela 
Administração, assim como informações públicas e particulares. A partir da LAI, o 
governo é quem precisa demonstrar as razões pelas quais determinada informação 
não pode ser concedida. A LAI tem abrangência nacional e por isso deve ser observada 
por todos os entes da federação brasileira. Também estão sujeitos os órgãos públicos 
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, seja da Administração direta ou 
indireta. Empresas públicas e sociedades de economia mista, assim como entidades 
privadas sem fins lucrativos, também devem observar o disposto na legislação. 
• O Direito de Acesso à Informação pode ser exercido por meio da transparência 
ativa e da transparência passiva. A LAI e seu o decreto regulamentador estabeleceram 
obrigações de transparência ativa para os órgãos e entidades a eles submetidos, isto 
é, existem informações que obrigatoriamente devem estar disponíveis para consulta 
por meio da internet. Já a transparência passiva diz respeito aos pedidos de acesso à 
informação, ou seja, quando o cidadão tem interesse em determinada informação e a 
requisita à Administração. Diante de pedidos de acesso à informação, a Administração 
deve disponibilizar a informação ou demonstrar as razões, de forma fundamentada, 
pelas quais isso não é possível. Pedidos de acesso à informação têm por objeto 
informação produzida ou acumulada pela Administração. Não são considerados 
pedidos de acesso à informação solicitações que têm objetivos distintos, como 
denúncias, reclamações, solicitações de providências e consultas. Quando esse tipo 
de solicitação é protocolado via SIC ou e-SIC, deve ser indicado o canal correto. 
• Por fim, vimos que a LAI e o Decreto nº 7.724/2012 estabeleceram uma 
estrutura de recursos administrativos que permitem ao cidadão questionar eventual 
negativa de acesso à informação. Nesse sentido, diante de negativa de acesso, os 
cidadãos podem protocolar recursos à autoridade superior, à autoridade máxima, à 
CGU e à CMRI, sempre no prazo de 10 dias do recebimento da resposta. Em caso de 
omissão, isto é, quando o órgão não responde ao pedido de acesso, o cidadão também 
pode protocolar Reclamação perante a Autoridade de Monitoramento e, se ainda sem 
resposta, Reclamação Infrutífera perante a CGU. 
 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. 
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