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236743571 Nutricao Vegetariana I 1 Copia (2)

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Programa de Educação 
Continuada a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
Nutrição Vegetariana 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
 
 
EAD - Educação a Distância 
 Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 
 
 
 
 
 
 
2 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
Nutrição Vegetariana 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
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SUMÁRIO 
 
MÓDULO I 
1. História do Vegetarianismo 
2. Vegetarianismo e as religiões 
3. Diferentes modalidades de vegetarianismo 
MÓDULO II 
1. Prós e Contras das Dietas Vegetarianas 
1.1. Vantagens das Dietas Vegetarianas 
1.2. Desvantagens 
2. Nutrientes que merecem destaque 
2.1. Ferro 
2.2. Zinco 
2.3. Cálcio 
2.4. Vitamina B12 
2.5. Vitamina D 
2.6. Ácido Graxo ômega-3 
2.7. Proteínas 
2.8. Fatores antinutricionais 
3. Teor dos principais nutrientes nos alimentos 
3.1. Fontes de nutrientes de alimentos vegetarianos 
3.1.1. Ferro 
3.1.2. Zinco 
3.1.3. Cálcio 
3.1.4. Vitamina D 
3.1.5. Riboflavina 
3.1.6. Vitamina B12 
MÓDULO III 
1. Avaliação Nutricional de vegetarianos 
1.1. Antropometria 
1.1.1. Peso corporal 
 
 
 
 
 
4 
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1.1.2. Estatura 
1.1.3. Índice de Massa Corporal (IMC) 
1.1.4. Dobras cutâneas 
1.1.5. Circunferência do braço, área muscular do braço e área adiposa do braço 
1.2. Avaliação Bioquímica 
1.2.1. Ferro, Ferritina e Hematócrito – série vermelha 
1.2.2. Hematócrito – série branca 
1.2.3. Plaquetas e hemostasia 
1.2.4. Proteína 
1.2.5. Vitamina B12 
1.2.6. Zinco 
1.2.7. Cálcio 
1.2.8. Perfil Lipídico 
2. Benefícios das dietas vegetarianas em condições patológicas 
2.1. Câncer 
2.2. Doenças Cardiovasculares 
2.3. Hipertensão 
2.4. Diabetes 
2.5. Obesidade 
2.6. Osteoporose 
2.7. Doença Renal 
2.8. Demência 
2.9. Doença Diverticular 
2.10. Cálculo da vesícula 
2.11. Artrite reumatoide 
MÓDULO IV 
1. Cálculo das necessidades nutricionais 
2. Ingestão diária recomendada (IDR) 
3. Prescrição Dietética e Distribuição dos Nutrientes 
4. Prescrição vegetariana 
5. Pirâmide Alimentar Vegetariana 
 
 
 
 
 
5 
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5.1. Orientação Nutricional na Prática 
5.2. Mitos 
6. Anexos 
6.1. Questionário de frequência alimentar 
6.2. Recordatório de 24 horas 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
6 
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MÓDULO I 
 
1. História do Vegetarianismo 
 
Pode-se dizer que o vegetarianismo existe há cerca de 5 milhões de anos. 
Nosso ancestral, o Australopithecus Anamensis, alimentava-se de frutas, folhas e 
sementes, vivendo em perfeita harmonia com os animais menores, que poderia 
facilmente apanhar para se alimentar. Mas estes hominídeos eram pacíficos e não 
caçavam os animais, e assim continuaram até o aparecimento do Australopithecus 
Boesei, há cerca de 1 milhão de anos. Com o domínio do fogo e o desenvolvimento 
das armas, o Homo Neanderthalensis (127.000 - 30.000 anos) caçava em grupos de 
10 a 15 animais de grande porte, como os mamutes, e outros menores, como os 
veados, dos quais tudo era meticulosamente aproveitado. 
Em épocas posteriores as populações humanas começaram a criar culturas 
fixas de vegetais, que começaram a atrair animais como porcos selvagens, ovelhas, 
cães, cabras, aves, ratos e pequenos felinos, que foram sendo domesticados e 
passaram a fazer parte de sua alimentação. Por volta de 3.200 a. C., o 
vegetarianismo começou a ser adotado no Egito por grupos religiosos que 
acreditavam que a abstinência de carne criava um poder kármico que facilitava a 
reencarnação. 
 Na China e Japão Antigos (por volta do século III, a. C.), o clima e os 
terrenos eram propícios à prática do vegetarianismo. O primeiro profeta-rei chinês, 
Fu Xi, era vegetariano e ensinava às pessoas a arte do cultivo das plantas, as 
propriedades medicinais das ervas e o aproveitamento de plantações para roupas e 
utensílios. Gishi-wajin-den, um livro de história da época, escrito na China, relata que 
no Japão não existiam vacas, cavalos, tigres ou cabras e que os povos viviam das 
plantações de arroz, do peixe e dos crustáceos que apanhavam. Anos mais tarde, 
com a chegada do Budismo, a proibição da caça e da pesca foi bem recebida pelas 
populações japonesas. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
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Na Índia, animais como as vacas e macacos foram adorados ao longo dos 
anos por simbolizarem a encarnação de divindades. O rei indiano Asoka, que reinou 
entre 264-232 a. C., converteu-se ao Budismo, chocado com os horrores das 
batalhas. Ele proibiu os sacrifícios de animais e o seu reino tornou-se vegetariano. A 
Índia, ligada ao Budismo e Hinduísmo, religiões que sempre enfatizaram o respeito 
pelos seres vivos, considerava os cereais e os frutos como a melhor forma (mais 
equilibrada) de alimentar a população. Juntamente com estas práticas religiosas, 
certos exercícios, como o Yoga, associaram-se ao não consumo de carne, para 
alcançar a harmonia e ascender a níveis espirituais superiores. 
Para os povos celtas e astecas, intimamente ligados à natureza, a carne 
ficava reservada para grandes ocasiões – as festas –, que serviam para estreitar os 
laços sociais e ligar o mundo humano ao dos deuses pagãos. De resto, quando não 
estava ligado ao sacrifício, o consumo de carne dependia da caça. Apenas a caça 
escapava à lógica do sacrifício, mas no sistema de valores da cultura celta era uma 
atividade marginal, não fazendo parte do dia-a-dia deste povo. 
Por cerca de 2.500 anos, europeus e americanos chamavam aqueles que 
seguiam o vegetarianismo de Pitágoras (ou Pitagóricos). O termo vegetariano não 
era comumente usado até a fundação da Sociedade Vegetariana Britânica em 1847. 
O argumento de Pitágoras em favor da dieta sem carne tinha três vértices (como um 
triângulo): veneração religiosa, saúde física e responsabilidade ecológica. E essas 
razões continuam a ser citadas hoje pelas pessoas que preferem levar a vida sem 
carne. Enquanto sempre houve vegetarianos na população mundial, vários 
escolheram esse caminho mais por necessidade do que por preferência. O mundo 
medieval considerava vegetais e cereais como comida para animais. Somente a 
pobreza obrigava as pessoas a substituírem a carne com vegetais. 
Na Grécia e em Roma a ideologia alimentar fundamentou-se sobre os 
valores do trigo, da vinha e da oliveira, e estevefrequentemente ligado à ideia de 
frugalidade: o pão, o vinho e o azeite (aos quais eram acrescentados os figos e o 
mel) eram elevados à categoria de símbolos de uma vida simples, de uma pobreza 
digna, feita de trabalho duro e de satisfações singelas. Nesta época, estas imagens 
 
 
 
 
 
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eram a proposta alternativa dos gregos ao luxo e à decadência do povo persa, 
conforme mostram os textos clássicos. 
A proeminência do pão na cultura antiga era também decorrente da primitiva 
ciência dietética, que colocava o pão no topo da escala de nutrição. Os médicos 
gregos e latinos viam no pão o equilíbrio perfeito entre os “componentes” quente e 
frio, seco e úmido, conforme os ensinamentos de Hipócrates. Em contraste, o 
consumo da carne foi sempre problemático. Imagem do luxo, da gula, da festa, do 
privilégio social, a carne não era considerada pelas civilizações antigas do 
Mediterrâneo como um bem tão essencial quanto os produtos da terra: o seu preço 
não era sujeito a um controle político como eram os cereais. 
Em certas épocas, a venda de carne chegava a ser proibida ao público. 
O matemático e filósofo grego Pitágoras e o filósofo Platão pregavam a não 
crueldade para com os animais. Eles observaram que as vantagens de uma 
alimentação vegetariana eram enormes e que esta era a chave para a coexistência 
pacífica entre humanos e não humanos, focando que o abate de animais para 
consumo embrutecia a alma das pessoas. Os argumentos de Pitágoras a favor de 
uma dieta sem carne apresentavam três pontos: veneração religiosa, saúde física e 
responsabilidade ecológica. Estas razões continuam a ser citadas hoje em dia por 
aqueles que preferem levar uma vida mais responsável. 
Os essênios, antigo povo judeu que viveu durante o segundo século a. C., 
reagiram ao excessivo abate de animais que eram feitos muitas vezes num só dia. 
Acabaram por ser perseguidos e mortos pelos romanos. O Cristianismo primitivo, 
com raízes na tradição judaica, também viu o vegetarianismo como um jejum 
modificado para purificar o corpo. Tertuliano (155-255 d. C.), Clemente de Alexandria 
(150-215 d. C.) e João Crisóstomo (347-407 d. C.) ensinaram que evitar a carne era 
uma maneira de aumentar a disciplina e a força de vontade, necessárias para resistir 
às tentações. Isto tornou as restrições dietéticas, como o vegetarianismo, muito 
comuns no comportamento cristão da época. E estas crenças foram transmitidas ao 
longo dos anos de uma forma ou de outra – por exemplo, a proibição de carne 
(exceto peixe) da Igreja Católica Romana nas sextas-feiras, durante a Quaresma. 
 
 
 
 
 
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Com o estabelecimento do Cristianismo, ideias de supremacia humana 
sobre todas as criaturas começaram a surgir, mas muitos grupos não ortodoxos não 
partilhavam desta visão. Desde então, no decorrer da Idade Média, todos os 
seguidores das filosofias que eram contra o abate e abuso dos animais eram 
considerados fanáticos, hereges e frequentemente perseguidos pela Igreja e 
queimados vivos. No entanto, conseguiram escapar a este terrível destino dois 
notáveis vegetarianos – Santo David (Santo Padroeiro de Wales) e São Francisco de 
Assis. O mundo medieval considerava que os vegetais e cereais eram comida para 
os animais. Somente a pobreza compelia as pessoas a substituírem a carne pelos 
vegetais. A carne era o símbolo de status da classe alta. Quanto mais carne uma 
pessoa pudesse comer, mais elevada era a sua posição na sociedade. 
No início da era Renascentista, a ideologia vegetariana surgiu como um 
fenômeno raro. A fome e as doenças imperavam, enquanto as colheitas falhavam e 
a comida escasseava. A carne era muito pouca e um luxo apenas para os ricos. Foi 
durante este período que a filosofia clássica (greco-romana) foi redescoberta. O 
Pitagorismo e o Neoplatonismo tornaram-se novamente uma grande influência na 
Europa. Com a sangrenta conquista de novos territórios, novos vegetais foram 
introduzidos na Europa, tais como as batatas, a couve-flor e o milho. A adoção 
destes novos alimentos trouxe imensos benefícios à saúde, ajudando a prevenir 
doenças dermatológicas, que eram na altura muito frequentes. 
Com o Iluminismo do século XVIII, emergiu uma nova perspectiva do lugar 
do Homem na ordem da criação. Argumentos de que os animais eram criaturas 
inteligentes e sensíveis começaram a ser ouvidos e objeções morais a serem 
colocadas, à medida que aumentava o desagrado pelo desrespeito e abuso dos 
animais. Nas religiões ocidentais houve um ressurgimento da ideia de que, na 
realidade, o consumo de carne era uma aberração e ia contra a vontade de Deus e 
contra a genuína natureza da humanidade. 
Nestes dias, os métodos de abate eram extremamente bárbaros. Os porcos 
eram chicoteados até a morte com cordas cheias de nós para tornar as carcaças 
mais tenras e os pescoços das galinhas eram golpeados, para depois serem 
penduradas e deixadas a sangrar até morrer. Alguns vegetarianos famosos deste 
 
 
 
 
 
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período incluíram os poetas John Gay e Alexander Pope, o médico Dr. John 
Arbuthnot e o fundador do movimento metodista John Wesley. Grandes filósofos 
como Voltaire, Rousseau e Locke, questionaram a inumanidade do Homem em 
relação aos animais; e a obra de Paine, The Rights of Man, de 1791, despertou 
muitos assuntos a respeito dos direitos dos animais. 
A influência do Cristianismo radical, no século XIX, ocorreu por conta da 
grande difusão do vegetarianismo na Inglaterra e nos Estados Unidos. Os 
fundamentalistas cristãos provieram de grandes congregações existentes na recente 
e pobre zona urbana. Estes representantes estavam a sair da Inglaterra e a 
espalhar-se por outros países europeus, e as comunidades vegetarianas nos 
Estados Unidos eram formadas majoritariamente por Adventistas do Sétimo Dia. Um 
notável praticante desta religião era o Dr. John Harvey Kellogg, o inventor dos 
cereais Kellogg`s. 
Por volta de 1880, os restaurantes vegetarianos eram populares em Londres 
e ofereciam refeições baratas e nutritivas. Com o virar do século XX, a população 
britânica encontrava-se ainda num estado de pobreza. A Sociedade Vegetariana, 
durante a crise de 1926, distribuía alimentos às comunidades. Devido à escassez de 
alimentos durante a Segunda Guerra Mundial, os britânicos foram encorajados a 
“Escavar para a Vitória” (Dig For Victory), para cultivarem os seus próprios vegetais 
e frutas. A dieta vegetariana manteve a população, e com isso a saúde das pessoas 
melhorou muito durante os anos em guerra. 
Por volta dos anos 50 e 60 do século XX, muitas pessoas tomaram 
consciência do que se passava nas unidades de produção intensiva, introduzidas 
após a guerra. O vegetarianismo tornou-se muito apelativo quando as influências 
orientais se espalharam pelo mundo ocidental. Durante as décadas de 80 e 90 o 
vegetarianismo ganhou maior ímpeto, quando o desastroso impacto que a 
população humana estava a causar no planeta se tornou mais evidente. Os 
assuntos ambientais dominaram os noticiários e estiveram durante muito tempo em 
primeiro plano na política. O vegetarianismo foi encarado como parte do processo 
para a conservação dos recursos. 
 
 
 
 
 
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Recentemente, assuntos como as importações de gado foram motivo de 
oposição ao consumo de carne por parte de muitas pessoas de todo o Reino Unido. 
Preocupações em relação à saúde surgiram quando elas perceberam que os 
animais para consumo estavam infectados com doenças como a “doença da vaca 
louca” (BSE), listeria e salmonelas. 
Desde os anos 80 do século XX, a humanidade tem-se focado cada vez 
mais num estilo de vida saudável. O vegetarianismo passou então a ser associado à 
saúde e alguns estudos apontaram a carne como causa de inúmeras doenças. 
Consequentemente, o não consumo de carne e outros produtos animais foi 
associado à não-violência e ao respeito pelos animais. Desde então organizações 
de defesa animal e promoção do vegetarianismo/veganismo começaram a ganhar 
cada vez mais força e a desenvolver ações mundiais. 
Com a população global crescendo progressivamente e os recursos 
decrescendo de forma assustadora, o vegetarianismo e o veganismo passaram a ser 
considerados por muitos como a solução para todos os problemas da humanidade e 
irá influenciar grandemente o futuro das gerações que se seguem. 
 
2. Vegetarianismo e as religiões 
 
A grande maioria das religiões defende 
princípios como a compaixão, a bondade, a 
abnegação, o respeito pelos outros e também a 
reverência pela Vida enquanto valor absoluto 
(em todas as suas formas) e pela integridade da 
natureza e do planeta Terra como lar e 
patrimônio herdado do(s) deus (es) criador(es). 
Só estes têm o poder de decidir sobre o respectivo destino. A prática religiosa deve 
fazer parte dos mínimos gestos do dia-a-dia e a alimentação não pode ser exceção. 
Se, por um lado, o respeito por todas as formas de vida induz muitos 
religiosos a absterem-se de matar e ingerir animais, por outro, o corpo, como templo 
do espírito, limpo desses resíduos impuros, está pronto para acolher a divindade e 
 
 
 
 
 
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para se elevar a patamares mais elevados da evolução pessoal. Por todos estes 
motivos, e embora na sua essência não esteja vinculado a nenhum movimento 
religioso, o Vegetarianismo encontra expressão em muitos deles, percorrendo 
caminhos paralelos desde tempos muito remotos. Este não é nem pretende ser um 
estudo sobre religiões, mas um simples olhar sobre o lugar que o Vegetarianismo 
ocupa em algumas delas: 
 
a) Adventistas do Sétimo Dia: 
 
Seu culto nasceu nos EUA e foi fruto do renascer do espírito religioso que 
insuflou muitas Igrejas Cristãs a partir de finais do século XVIII d. C. Houve um 
repensar do sentido da vida, do lugar do Homem no universo e dos termos de uma 
relação mais profunda e genuína com Deus. Os Adventistas do Sétimo Dia 
acreditam num Deus Justo e Misericordioso, origem de toda a criação, sendo a 
Bíblia a sua palavra escrita. 
Acreditam ainda no conceito de Juízo final e na segunda vinda de Jesus a 
Terra (daí o termo Adventista). O sétimo dia é o Sábado, dia em que, depois da 
criação, Deus descansou, e assim instituiu que fosse o dia do descanso, adoração e 
harmonia com as práticas e ensinamentos que transmitiu aos homens. Estima-se 
que existam mais de 15 milhões de crentes em todo o mundo, animados por forte 
espírito missionário. 
Os adeptos desta religião têm regras de conduta próprias: devem vestir-se 
de forma simples, cultivar um espírito pacífico e tranquilo, preservar o meio ambiente 
e velar pela sua saúde, através de uma alimentação racional e de um bom equilíbrio 
entre atividade física e descanso. Por um lado, estas práticas denotam disciplina e 
contenção; por outro, preservam o corpo enquanto receptáculo do Espírito Santo. 
Muitos adventistas privilegiam, por isso, o regime vegetariano (o mais generalizado é 
o ovo-lacto-vegetariano) e a isto não será alheio o contexto histórico-social: é que o 
advento desta religião deu-se no século XIX, época de grandes reformas na área da 
saúde e de difusão do movimento Vegetariano. 
 
 
 
 
 
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A alimentação dos Adventistas privilegia os cereais integrais (os famosos 
cereais matinais Kellogg’s foram criados por John H. Kellogg, um Adventista), fruta, 
verduras e oleaginosas; evitam as gorduras, a cafeína e os condimentos muito 
estimulantes. Rejeitam o tabaco, álcool e drogas. Esta comunidade tem sido alvo de 
centenas de estudos e artigos científicos em matéria de saúde. Com efeito, estão 
referenciados como uma das comunidades em nível mundial que apresenta maior 
longevidade, atribuída ao seu regime alimentar. Apresentam uma baixa prevalência 
de vários tipos de cancro e doença cardiovascular. 
Dão, de tal modo, importância à educação e à saúde, que criaram em todo o 
mundo várias escolas (onde as crianças podem seguir uma alimentação 
vegetariana), incluindo a Universidade de Linda Loma (Loma Linda University 
Adventist Health Sciences Center) nos EUA, responsável por vários estudos sobre a 
alimentação vegetariana. 
 
b) Jainismo: 
 
Esta corrente de pensamento Indiana começou há quase 3.500 anos, mas 
tomou a forma atual por volta do ano 600 a. C. com o Príncipe Vardhamana 
Mahavira (apelidado de Jina, O Vitorioso, nome que está na origem da palavra 
Jainismo). O Jainismo tem muito em comum com o Hinduísmo, pois preconiza a 
libertação dos laços com o mundo terreno e material. No entanto, rejeita o sistema 
de castas, as divindades, a realização de sacrifícios e os privilégios dos sacerdotes. 
Quase contemporâneo de Buda, também Mahavira trocou o seu estatuto de príncipe 
por uma vida ascética. 
Os Jainistas acreditam que o mundo não tem princípio nem fim. A sua 
filosofia tem cinco princípios, começando por Ahimsa, não-violência, que respeita 
todas as formas de vida (humana, animal ou vegetal), pois crê que todas são 
sagradas, tendo uma alma eterna potencialmente perfeita e santa. Os outros 
princípios são: Satya (verdade), Asteya (não roubar), Brahmacharya (castidade) e 
Aparigraha (desapego das coisas terrenas). Existem cerca de 4 milhões de Jains em 
todo o Mundo, principalmente na Índia. 
 
 
 
 
 
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Os monges Jains em particular seguem uma vida de ascetismo rigoroso, 
jejuns, mortificações, meditação e estudo. Muitos não usam mesmo qualquer 
vestuário, tal o seu grau de desapego. São rigorosamente vegetarianos, como 
demonstração de respeito por todas as formas de vida. Levam este preceito a tal 
ponto que cobrem a boca com um lenço sempre que saem para o exterior, filtram a 
água antes de ingeri-la, não saem à noite e espanam delicadamente todo o local 
onde se sentam, tudo para evitar matar ou causar danos aos insetos ou animais 
menores. 
 
c) Sikhismo: 
 
Sikh significa “Discípulo” ou 
“Disciplina”. Esta religião, síntese entre o 
Hinduísmo e o Islamismo, foi fundada no 
século XV d. C. pelo Guru Nanak, um 
mestre espiritual indiano que reprovava a 
hostilidade entre Hindus e Muçulmanos, 
pois considerava que todos são iguais 
perante o mesmo Deus único. 
O Guru Nanak pregava uma doutrina de amor, compreensão e igualdade, 
independentemente da raça, casta ou sexo. Encorajava a educação, a vida em 
família, o trabalho duro e honesto, a renúncia à idolatria e aos desejos impuros e a 
igualdadeentre homens e mulheres. A sua mensagem foi transmitida nos séculos 
seguintes por dez outros gurus e sobrevive hoje numa compilação de escrituras 
sagradas, o Guru Granth Sahib, que é venerada no Templo de Ouro, na cidade 
sagrada para os Sikhs, Amritsar. 
Existe atualmente cerca de 23 milhões de Sikhs em todo o mundo, a maioria 
concentrada no Punjab. Um dos preceitos seguidos pelos Sikhs é o que os proíbe de 
cortarem um único pelo do corpo durante toda a vida, como sinal de submissão à 
vontade de Deus. Esta religião sem clero prega o serviço comunitário, sendo uma 
das suas faces mais visíveis os Langar, cozinhas comunitárias instaladas na área 
 
 
 
 
 
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dos templos e onde são cozidas e servidas gratuitamente milhares de refeições a 
quem as pedir, sem qualquer discriminação de classe social, religião ou casta. Essas 
refeições são estritamente vegetarianas, para que as pessoas de todas as religiões, 
inclusive as que têm regras próprias (como os judeus e os muçulmanos) as possam 
degustar. Os Sikhs renunciam ao álcool e ao tabaco. Mais de metade é vegetariana. 
Os restantes abstêm-se de comer carne que não seja de animais abatidos segundo 
regras estritas. 
 
d) Hare Krishna: 
 
O estilo de vida e crenças filosóficas 
praticadas pelos seguidores deste movimento 
baseia-se nas escrituras milenares Hindus, 
entre elas o Bhagavad-Gîta, o principal livro 
do Movimento Hare Krishna. Os preceitos aí 
incluídos terão sido proferidos há 5.000 anos 
pelo próprio Krishna ao seu companheiro e 
discípulo Arjuna. Entretanto, esse 
conhecimento ter-se-á perdido quase na 
totalidade, até ao início do século XVI, quando 
se deu na Índia um grande renascimento espiritual encabeçado por Sri Chaitanya 
Mahaprabhu. Este grande Mestre fez renascer a devoção a Krishna, granjeando 
milhões de seguidores em todo o subcontinente Indiano. 
Mais tarde, em 1966, seria um dos discípulos do movimento, Sri 
Bhaktivedanta Swami Prabhupada, quem depois trouxe para o mundo ocidental os 
ensinamentos de Sri Chaitanya. Fundou a Sociedade Internacional da Consciência 
de Krishna (ISKCON) em Nova Iorque, que rapidamente teve grande acolhimento 
em toda a América do Norte e Canadá. Na década seguinte, a sociedade tornou-se 
uma confederação mundial de mais de cem templos, escolas, institutos e fazendas 
comunitárias. Estima-se que exista atualmente cerca de 1 milhão de praticantes em 
todo o mundo. 
 
 
 
 
 
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Com base numa passagem do Bhagavad Gîta, os Hare Krishna acreditam 
que a diferença entre a morte e a vida é relativa, pois a consciência presente no ser 
humano participa do divino e existe desde sempre e para sempre. Todos os seus 
atos e pensamentos, até os mais corriqueiros do dia-a-dia, devem ser uma oferenda 
a Krishna e a maneira mais imediata de obter a consciência de Krishna é recitar o 
seu nome várias vezes por dia. Ao atingirem esse estado, o ciclo das reencarnações 
é interrompido e o crente consegue finalmente a união com Krishna. 
Os Hare Krishna praticam uma dieta lacto-vegetariana. É conhecido o seu 
programa de distribuição gratuita de refeições lacto-vegetarianas, Food for Life, junto 
das populações que vivem abaixo do limiar da pobreza. Está disseminado um pouco 
por todo o Mundo, e foi desencadeado pelas palavras de um Mestre durante um 
evento religioso: “Ninguém, num raio de 10 milhas de qualquer um dos nossos 
templos, passará fome”. 
 
e) Rastafáris: 
 
Segundo a Wikipedia, o rastafarianismo, também conhecido como 
movimento rastafári ou Rastafar-I (rastafarai) é um movimento religioso que 
proclama Hailê Selassiê I (Poder da Santíssima Trindade), imperador da Etiópia, a 
representação terrena de Jah (Deus). Este termo advém de uma forma contraída de 
Jeová encontrada no salmo 68:4 na versão da Bíblia do Rei James, e faz parte da 
trindade sagrada o messias prometido. 
O termo rastafári tem sua origem em Ras ("príncipe" ou "cabeça") Tafari ("da 
paz") Makonnen, o nome de Hailê Selassiê antes de sua coroação. Segundo Rehen 
(em pesquisa realizada na PPCIS-UERJ, publicada no site: 
http://www.neip.info/downloads/texto_lucas.htm), o rastafarianismo teve origem na 
Jamaica, na década de trinta, como consequência de um forte movimento de 
consciência negra, autoidentificado como anticolonialista e que lutava contra as 
péssimas condições dos operários negros nas fábricas e contra certos traços 
políticos e sociais jamaicanos, entendidos como sendo os resquícios da escravidão. 
 
 
 
 
 
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Este movimento, originalmente chamado de “garveyta”, foi liderado por 
Marcus Mosiah Garvey, líder sindical e descendente dos maroons – principal 
comunidade de escravos foragidos (quilombo) e que se tornou impenetrável aos 
exércitos ingleses no século XIX. Este movimento foi iniciado por uma interpretação 
da profecia bíblica em parte baseada pelo status de Selassiê como o único monarca 
africano de um país totalmente independente e seus títulos de Rei dos Reis, Senhor 
dos Senhores e Leão Conquistador da Tribo de Judah, que foram dados pela Igreja 
Ortodoxa Etíope. 
Na mesma pesquisa, Rehen diz que Garvey profetizou o seguinte: “Olhem 
para a África, onde um rei está para ser coroado e o dia da redenção se aproxima”. 
A notícia da coroação do rei africano, trazendo títulos bíblicos e sendo reconhecido 
como o descendente da dinastia do rei Salomão – conforme postulava a Igreja 
Copta da Etiópia – trouxe uma renovação para a identidade da população negra e 
rural nas montanhas jamaicanas, que passou a louvar o imperador etíope em suas 
comunidades autossustentáveis, sendo uma resposta quase imediata para a 
profecia de Marcus Garvey. Para os rastafaris, Haile Selassie I é também conhecido 
como “Luz do Mundo”, “Cabeça do Criador” e “Cristo na Terra”. 
Com a criação e difusão do reggae (cerca de 30 anos após a coroação de 
Haile Selassie ou Rãs Tafari), que uniu instrumentos convencionais da música pop 
mundial, como baixo, bateria, teclados e guitarras e os mesclou aos tambores e à 
estrutura rítmica e melódica dos cantos tipicamente rastafaris, o “rastafarianismo” 
ganhou força, se expandiu e desde então passou a ser reinterpretado localmente por 
diversas comunidades espalhadas pelo mundo. 
O movimento é algumas vezes chamado rastafarianismo, porém alguns 
rastas consideram este termo impróprio e ofensivo, já que “ismo” é uma classificação 
dada pelo sistema babilônico, o qual é combatido pelos rastas. O movimento 
rastafári se espalhou muito pelo mundo, principalmente por causa da imigração e do 
interesse gerado pelo ritmo do reggae; mais notavelmente pelo cantor e compositor 
de reggae jamaicano Bob Marley. No ano 2000 havia aproximadamente um milhão 
de seguidores do rastafarianismo pelo mundo, algo difícil de ser comprovado devido 
à sua escolha de viver longe da civilização. 
 
 
 
 
 
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O encorajamento de Marcus Garvey para os negros terem orgulho de si 
mesmos e de sua herança africana inspiraram os rastas a abraçar todas as coisas 
africanas. Estar próximo à natureza e da savana africana e seus leões, em espírito 
(senão fisicamente), é primordial pelo conceito que eles tem da cultura africana. 
Viver próximo e fazer parte da natureza é visto como africano. Esta aproximação 
africana com a natureza pode ser vista nos dreadlocks, ganja (droga alucinógena 
produzida a partir da Cannabis sativa), e comida fresca (comida Ital), e em todos os 
aspectos da vida rasta. Eles desdenham a aproximação da sociedade moderna com 
o estilo de vida artificial e excessivamente objetivo, renegando a subjetividade a um 
papel sem qualquer importância. 
A ganja pode ser fumada em forma de cigarros, em cachimbos, chamados 
de “cálices”, e pode ser ingerida sob a forma de chá ou utilizada como alimento: 
tempero, pastas ou bolos. Usualmente é o único ato de fumá-la (cigarros ou “cálice”) 
que vem precedido e acompanhado por orações e evocações das palavras “Jah, 
Rastafari, Selassie I” repetidas por todos os fiéis, conferindo assim um caráter 
sacramental ao ato. Nos outros casos a cannabis pode ser usada ao longo de 
conversas, passeios, no desenvolvimento de trabalhos artísticos e em inúmeras 
situações sociais. 
Os rastas sentem-se livres para se divertirem enquanto consomem a ganja, 
mas sentem-se bastante ofendidos quando fumam em companhia de pessoas que 
falam palavrões (vocabulário classificado como negativo) ou assuntos considerados 
profanos. Para os rastas, ganja é um “sacramento religioso” que está associado a 
cantos e rezas rastafaris – entretanto, em contraposição a essa mesma substância, 
cannabis, quando consumida como recreação por pessoas “não-rastas” e pode 
então ser chamada pelos próprios rastafaris de “maconha” ou “dagga”. 
Já o termo “erva” (ou “herb”) é utilizado para designar o aspecto medicinal 
das supostas propriedades curativas da cannabis e esse é um aspecto que também 
está ligado à autossuficiência do estilo de vida rastafári, fundamentado na crítica ao 
modelo de vida moderno. Eles não acreditam na cura através da medicina ocidental 
e sim através da “erva” em chás ou quando fumada na forma de cigarros ou em 
cachimbos, consumo que deve estar associado à música e orações. Ainda sobre 
 
 
 
 
 
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essa noção da “erva” como medicina, os rastas afirmam (apesar de não disporem de 
estudos que deem suporte a esta crença) que a cannabis pode curar muitas 
doenças, especialmente pressão alta, stress, glaucoma e aliviar náuseas de 
pacientes com câncer. 
As opções por nomenclaturas ligadas à cura ou sacramento religioso 
reivindicam um lugar divino e “natural” dessa planta, afastando-a de uma possível 
interpretação pejorativa, tal como “droga”. Além disso, é através da cannabis que os 
rastafaris defendem uma medicina natural alternativa e contestam a medicina 
“ocidental”. Com uma só prática eles evocam a natureza e o protesto, alicerces do 
rastafarianismo. 
Os rastafáris acreditam que Ras (título de nobreza que pode ser traduzido 
como “príncipe” ou “cabeça”) Tafari (“da paz”). Makonnen que foi coroado como 
Hailê Selassiê I, Imperador da Etiópia em 2 de novembro de 1930, é a encarnação 
do chamado Jah (Deus) na Terra, e o Messias Negro que irá liderar os povos de 
origem africana a uma terra prometida de emancipação e justiça divina. Porém, 
algumas correntes rastafáris não acreditam nisso literalmente. Parte porque seus 
títulos, como Rei do Reis, Senhor dos Senhores e Leão Conquistador da tribo de 
Judá, apesar de se encaixarem com aqueles mencionados no livro de Judá, também 
foram dados, de acordo com a tradição etíope, a todos os chamados imperadores 
salomônicos desde 980 a. C., mas Selassiê foi o único que recebeu, evidentemente, 
todos os títulos, incluindo os mais sagrados, como Supremo Defensor da Fé e Poder 
da Santíssima Trindade. 
Hailê Selassiê era, de acordo com algumas tradições, o ducentésimo 
vigésimo quinto na linha de imperadores etíopes descendentes do bíblico Rei 
Salomão e a Rainha de Sabá. O salmo 87:4-6 é também interpretado como a 
previsão da sua coroação. O rastafarianismo é um movimento filosófico-religioso que 
preza pela autossubsistência de seus seguidores, enfatizando os aspectos positivos 
de uma vida rural, de alimentação vegetariana e consumo da cannabis, entre outras 
condutas identificadas por eles como “essencialmente natural”. Por outro lado, a 
busca pela naturalidade pode ser compreendida como uma forte crítica aos moldes 
ocidentais (racistas) de produção, consumo e distribuição da renda. 
 
 
 
 
 
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A maioria dos rastafáris é vegetariana, ou come apenas alguns tipos de 
carne, vivendo pelas leis alimentares do Levítico e do Deuteronômio no Velho 
Testamento. O consumo de carne de porco é proibido, assim como o de caramujos, 
moluscos de conchas e peixes sem escamas. A “comida Ital” é o alimento Rastafári 
e é o que Jah ordenou que fosse. “Todo o que não tem barbatanas ou escamas, nas 
águas, será para vós abominação. Melhor é a comida de ervas, onde há amor, do 
que o boi cevado, e com ele o ódio”. 
Não consomem alimentos processados ou industrializados. Acreditam que 
quanto menos cozidos os alimentos, melhor, sem sais, conservantes ou 
condimentos, pois assim possuem maior quantidade de vitaminas, proteínas e força 
vital, sendo adeptos da agricultura orgânica. Segundo os preceitos da alimentação 
Ital, não se utiliza sal ou condimentos no preparo dos alimentos. As bebidas são, 
preferentemente, herbais, como os chás, e outras bebidas como licor, refrigerante, 
leite ou café são vistos como pouco saudáveis. 
 
f) Judaísmo: 
 
Para o judaísmo atividades comuns entre as 
quais comer, dormir, dirigir os negócios, relacionar-se, 
etc, são parte do serviço a Deus, não menos que a 
observação ritual da tefilá, limudei Torá, tsedacá e outras 
mitsvot. Acreditam que as atividades de nosso dia-a-dia 
são a ponte através da qual acessamos níveis mais 
elevados, entre os quais o simples ato de comer. Mais 
que visar nossa sobrevivência, alimentar-se é um meio de 
trazer santidade às nossas vidas, observando as leis 
conforme indicadas na Torá: é permitido que se coma 
carne, desde que o animal seja de uma espécie permitida pela Torá (Vayicrá cap. 
11); ritualmente abatida (shechitá – Devarim 12:21), tenha removidos os elementos 
não-casher (sangue e determinadas gorduras e nervos - Vayicrá 3:17; Bereshit 
32:33); seja preparado sem misturar carne e leite (Shemot 34:26); e as bênçãos 
 
 
 
 
 
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apropriadas sejam recitadas (Devarim 8:10). Ao alimentar-se conforme a maneira 
prescrita pela Torá, e com a intenção apropriada, diz o Talmud, a mesa da pessoa 
torna-se um altar virtual a serviço de Deus. 
Consta no Talmud que Deus escolheu Moshê (Moisés) como líder do povo 
judeu observando como ele preocupava-se em carregar o peso de uma única 
ovelhinha desgarrada, jamais abandonando seu rebanho ou permitindo que um 
único animal fosse abandonado a sua própria sorte. A Torá enfatiza a compaixão e 
atenção que devemos nutrir pelos animais, como os exemplos abaixo: 
 
1. É proibido causar sofrimento aos animais – tzaar ba'alei chaim. (Talmud – 
Baba Metzia 32b, baseado em Shemot 23:5); 
2. A obrigação de aliviar o sofrimento de um animal, mesmo se o animal 
pertencer ao seu inimigo. (Shemot 23:5); 
3. É proibido comer antes de alimentar o animal (Talmud Berachot40a, 
baseado em Devarim 11:15); 
4. Nossos animais devem descansar no Shabat. (Shemot 20:10); 
5. É proibido usar duas espécies diferentes para puxar o mesmo arado, pois 
seria injusto para com o animal mais fraco (Devarim 22:10); 
6. É uma mitsvá espantar a ave mãe antes de tirar seus filhotes. (Devarim 
22:7); 
7. É proibido matar uma vaca e seu bezerro no mesmo dia (Vayicrá 22:28); 
8. É proibido cortar e comer o membro de um animal vivo. (Bereshit 9:4; faz 
parte das Sete Leis de Nôach cuidar deste preceito que se aplica tanto a judeus 
como a não-judeus); Shechitá, o abate ritual conforme a halachá, Lei judaica, deve 
ser feito com o mínimo de sofrimento para o animal. 
9. A lâmina deve ser meticulosamente examinada para assegurar a forma de 
morte mais indolor possível (Chinuch 451; Pri Megadim – Introdução às Leis de 
Shechitá); 
10. Caçar animais por esporte é proibido pelos nossos Sábios (Talmud - 
Avodá Zara 18b; Noda BeYehuda 2-YD 10). 
 
 
 
 
 
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 Embora a Lei Judaica defenda o tratamento ético aos animais, o Judaísmo 
também afirma que os animais são feitos para servir ao homem, como está escrito: 
“Que o homem domine sobre os peixes, as aves e todos os animais” (Bereshit 1:26). 
Maimônides aponta os quatro níveis na hierarquia da criação e cada criatura deriva 
seu sustento do nível abaixo do ser: 
 
Nível 1 : Domaim - o reino inanimado (terra e minerais) constitui a existência de nível 
mais baixo, e se autossustenta. 
Nível 2: Tzomey'ach - da vegetação nutrida pelo nível anterior, a terra. 
Nível 3: Chai – o reino animal que se alimenta da vegetação. 
Nível 4: Medaber - seres falantes (humanos) que se sustentam da vegetação e dos 
animais. 
 
Quando o alimento é consumido, sua identidade se transforma naquela do 
ser que o comeu. Assim o Talmud (Pessachim 59b) considera como moralmente 
justificado comer animais somente quando estamos envolvidos em atividades 
sagradas e espirituais. É somente então que o ser humano concretiza seu potencial 
mais elevado e o animal consumido é também elevado. Na percepção judaica, o 
nível mais alto que um animal pode atingir é ser consumido por um ser humano e 
usado para o serviço Divino. 
Portanto, antes de consumir carne, devemos nos questionar se estamos 
elevando o animal a um nível superior, santificando-o, se realmente estamos 
beneficiando este animal. Comer deve tornar-se nossa vida um ato que gera força e 
energia utilizada para beneficiar o mundo. O cabalista do Século Dezoito, Rabi 
Moshe Chaim Lutzatto, explica que todas as criaturas possuem uma alma. No 
entanto, a natureza destas almas é distinta. Os animais têm uma alma que os anima 
e carrega dentro de si os instintos para a sobrevivência, procriação, etc. Somente os 
seres humanos, com uma alma Divina, têm a capacidade de manter um 
relacionamento com Deus, de fazer escolhas mais elevadas. 
 
 
 
 
 
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No Shabat e chaguim a Torá prescreve o consumo de vinho e carne para 
celebrar estes dias especiais em nosso calendário de uma forma festiva e que 
aumente em alegria. Mas para quem não aprecia o consumo de carne, isto é 
necessário? É uma obrigação? Ou pode tornar-se uma opção não aplicável? 
Historicamente, Adão e Eva foram vegetarianos, pois está escrito: “vegetais e frutas 
serão seu alimento” (Bereshit 1:29). Deus somente permitiu carne a Nôach (noé) e 
seus descendentes após o Dilúvio (Bereshit 9:3; Talmud Sanhedrin 59b). 
Alguns comentaristas explicam que antes do Dilúvio, o homem estava acima 
da cadeia alimentar. Após o Dilúvio, o homem caiu de nível e tornou-se ligado à 
cadeia alimentar, embora no topo dela. A humanidade tinha descido em sua 
capacidade de influenciar o mundo animal através de ações, e assim foi necessário 
influenciar o mundo animal mais diretamente: ingerindo-os. Desta forma, a carne foi 
permitida a Nôach para enfatizar a superioridade do ser humano sobre o reino 
animal. 
Alguns citam o precedente de Adão e Eva como uma indicação de que num 
mundo perfeito os seres humanos retornarão ao vegetarianismo universal. A grande 
maioria de eruditos rabínicos, no entanto, afirma que as oferendas de animais serão 
retomadas na Era Messiânica. O Talmud (Baba Batra 75a) de fato declara que 
quando Mashiach chegar, Deus preparará um banquete baseado em carne para os 
justos. 
Em conclusão, o Judaísmo aceita a ideia da dieta vegetariana, embora 
dependendo da intenção da pessoa. O vegetarianismo baseado na ideia de que não 
temos o direito moral de matar os animais não é uma opinião aceita pelos judeus. O 
vegetarianismo é plenamente aceitável embora muitos judeus observantes e que ao 
mesmo tempo cuidam da dieta vegetariana acabam consumindo carne, abrindo uma 
exceção somente quando prescrito pela Torá, como Shabat e Yom Tov. 
Na ordem da Torá que prescreve de nos “guardar cuidadosamente” 
(Devarim 4:15) exige que prestemos atenção aos assuntos de saúde relacionados a 
uma dieta baseada em carne. Devemos conhecer sua procedência, se as leis da 
Torá foram aplicadas em suas minúcias, se os animais foram criados sem 
administração de hormônios, antibióticos e outras drogas que possam colocar em 
 
 
 
 
 
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sérios riscos nossa saúde. A consciência judaica exige constante atenção no sentido 
de preservar e proteger nosso mundo natural. 
Devemos levar sempre em consideração que tudo que existe na natureza, 
todas as aves, plantas, cada folha de uma árvore – tudo aquilo que Deus criou neste 
mundo, possui uma conexão Divina. Se eles forem utilizados como alimento, se 
tornarão espécies mais elevadas se apropriadamente preparados, ingeridos e 
tratados com respeito. Porém, causar sofrimento desnecessário a qualquer criatura, 
mesmo não percebendo o mal causado em um simples ato como arrancar a folha de 
uma árvore sem motivo é desperdiçar seu potencial. 
O Judaísmo permite e às vezes, como no Shabat e Yom Tov, até prescreve 
a ingestão de carne, desde que a intenção de elevar a energia Divina contida dentro 
dela seja colocada em prática em seu nível mais elevado. Devemos utilizar a energia 
e potencial existente em cada elemento da natureza a fim de cumprir nossa 
responsabilidade e obrigação: a de servir a Deus usufruindo da perfeição do mundo 
ao mesmo tempo em que preservamos seu poder de renovar-se para as futuras 
gerações. 
 
3. Diferentes modalidades de vegetarianismo 
 
As dietas vegetarianas baseiam-se em alimentos de origem vegetal, 
excluindo animais e produtos derivados. Entretanto, existem algumas subdivisões, 
de acordo com o maior ou menor rigor de exclusão de alguns alimentos. 
 
Os principais tipos de dieta vegetariana são os seguintes: 
 
• Vegetarianismo puro, estrito ou veganismo – não há consumo de produtos 
animais nem de ovos, laticínios, mel, tecidos de origem animal (como seda, lã ou 
couro); 
• Lactovegetarianismo – alimentam-se de vegetais e de leite e derivados, como 
queijo, manteiga e iogurte. 
• Ovo-vegetarianismo - alimentam-se de vegetais e de ovos. 
 
 
 
 
 
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• Ovo-lacto-vegetarianismo – Não ingerem carnes, mas consomemprodutos 
animais como ovos e leite. É o tipo mais comum de vegetarianismo. 
• Semivegetarianismo – Esporadicamente (até 3 vezes/semana) consomem 
carne branca e/ou mariscos, entretanto, não são considerados vegetarianos. 
• Crudivorismo – Consomem todos os alimentos crus, ou aquecidos pelo sol ou, 
quando isto não é possível, pelo forno bem baixo (até 40ºC). 
• Frugivorismo – Alimentam-se basicamente de frutas. 
 
O veganismo, seguido por algumas pessoas extremistas é também praticado 
por vegetarianos não veganos, apenas por períodos curtos como forma de 
desintoxicação do organismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-----------------FIM DO MÓDULO I-------------------

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