Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Laboratório Contábil II Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Rosana Buzian Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin Demonstração do Resultado do Exercício – DRE • Introdução • Patrimônio X Resultado • Receitas • Custos • Despesas • Apresentação da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE • Objetivo da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE • Lei 6.404/76 e a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE • Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE • Exercício Exemplo • Considerações Finais · O objetivo desta Unidade é prover o aluno de conhecimentos para a montagem do demonstrativo contábil Demonstração do Resultado do Exercício - DRE, a partir do Balancete de Verificação. OBJETIVO DE APRENDIZADO Olá, aluno(a)! Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um importante tema: “Demonstração do Resultado do Exercício - DRE”. Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material complementar. Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra no ambiente mais interativo possível, na pasta de atividades, você também encontrará as atividades de Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a videoaula. Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado, por favor, estude todos com atenção! ORIENTAÇÕES Demonstração do Resultado do Exercício – DRE UNIDADE Demonstração do Resultado do Exercício – DRE Contextualização Com base nas operações realizadas pela Empresa, foram feitos os Lançamentos Contábeis. Para cada conta representativa dos elementos patrimoniais e de resultado dos Lançamentos Contábeis efetuados, foi aberto um Razonete. Esse Razonete recebeu os valores de todas as operações que, de alguma maneira, modificaram, alteraram o saldo daquela conta, daquele elemento patrimonial ou do resultado. Ao final de determinado período, conforme a necessidade do usuário da informação contábil, os saldos de todos os Razonetes foram apurados e deu-se origem ao Balancete de Verificação. Separamos um Balancete de Verificação somente com as contas de resultado, que servirá de base para a montagem da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE. Com essa relação de contas de resultado e seus saldos, faremos a classificação de acordo com o Art. 187 da Lei 6.404/76 das receitas, custos e despesas, para então apresentar o demonstrativo iniciando pela atividade (meramente) operacional, sendo acrescida da atividade administrativa de apoio, seguida dos tributos sobre o lucro e participações, concluindo com o Resultado do Exercício, seja ele lucro ou prejuízos. 6 7 Introdução Ao falar que a Contabilidade é a Linguagem dos Negócios, surge uma pergunta: o que quer dizer “Negócios”? O que será que envolve esse termo “Negócios”? Como podemos visualizar esse conceito? Como resposta, apresentamos a configuração do surgimento de um negócio e os itens envolvidos. Na concepção de um negócio, seus idealizadores o fazem tendo em mente um objetivo, ou seja, qual é o propósito imaginado para aquele negócio, qual a finalidade na criação daquele negócio. Num segundo momento, pensa-se que, para por em prática esse objetivo, o que será preciso, ou seja, o que será necessário ter e fazer para viabilizar ou operacionalizar esse negócio? Embora se fale nesse objetivo e no que será preciso para colocá-lo em prática, antes de tudo, será necessário que exista uma fase preliminar, uma fase na qual seja alicerçado todo o negócio. Traduzindo a ideia apresentada para uma linguagem contábil, podemos dizer que esse negócio concebido pelos seus idealizadores representa a Empresa formada, a entidade sonhada pelos seus sócios/acionistas. O objetivo do negócio pode ser traduzido como a Atividade Operacional para a qual a Empresa foi constituída, foi formada, foi aberta. Antes de se pensar como se dará a operacionalização desse negócio, ou seja, o que será preciso para que essa atividade operacional possa acontecer, já se sabe que a Empresa irá precisar de uma base de operação, de um alicerce, de uma estrutura que dê suporte à atividade operacional. Esse alicerce é representado pelo Patrimônio, o conjunto de bens, direitos e obrigações que proporcionará a operacionalização da atividade operacional da empresa. Um exemplo pode ajudar na explanação dessa ideia: vamos imaginar que dois amigos resolvem abrir um negócio, uma loja de peças para automóveis. Já defi nida a atividade operacional da Empresa, começam a surgir algumas perguntas relacionadas à operacionalidade do negócio: • Onde comprar as peças para vender na loja?; • Em qual lugar abrir a loja?; • Como montar a estrutura da loja?; • Onde comprar a estrutura da loja?; • Quais os controles que serão necessários para o negócio? Olha só! Todas essas perguntas antecedem o negócio, a operacionalização do negócio, ou seja, antes de começar a vender as peças, propriamente ditas, os dois amigos já estão pensando em tudo que irão precisar, da base que vão precisar para poder viabilizar o negócio; nesse momento, eles já estão vislumbrando um alicerce!!! 7 UNIDADE Demonstração do Resultado do Exercício – DRE Agora, novamente convertendo o exemplo apresentado para um linguajar contábil, temos que dois sócios resolveram abrir uma Empresa, cuja atividade operacional é a comercialização de peças para automóveis. Para a operacionalização do negócio, eles já sabem: terão de procurar por fornecedores das suas mercadorias para formar o estoque da Empresa; para montar a loja, terão de procurar um imóvel para comprar, ou então, para alugar; para a acomodação das peças, eles já estão pensando em comprar prateleiras; para a parte administrativa da loja, vão precisar de mesas, cadeiras, armários, computador e, depois de tudo isso pronto, é que, então, vão começar a vender, a efetivar a atividade operacional. Patrimônio X Resultado Toda essa contextualização é para mostrar que uma Empresa começa pelo patrimônio, para, posteriormente, dar início à atividade operacional, ou seja, primeiro teremos um Balanço Patrimonial para depois termos uma Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, ou melhor, primeiro começamos pelos ensinamentos de um Balancete de Verificação com contas patrimoniais, para, posteriormente, falar que um Balancete de Verificação pode ter, também, contas de resultado. Balancete de Verificação – Contas de Resultado Num contexto acadêmico, para fins didáticos, um Balancete de Verificação e a cor- respondente Demonstração Contábil podem apresentar as seguintes configurações: · Um Balancete de Verificação somente com contas patrimoniais, que dará origem ao Balanço Patrimonial; · Um Balancete de Verificação somente com contas de resultado, que dará origem à Demonstração do Resultado do Exercício – DRE; · Um Balancete de Verificação tanto com contas patrimoniais como com contas de resultado, que dará origem ao Balanço Patrimonial e à Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, sendo que, num ambiente empresarial, esse é o tipo de situação que ocorre. Inicialmente, para falar da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, falaremos do Balancete de Verificação somente com contas de resultado. Falando das contas de resultado, elas retratam os registros provenientes do resultado da Empresa. Esse resultado é composto por receitas, custos e despesas. Receitas 8 9 “Os ganhos derivantes da venda ou troca de ativos (excluindo aç õ es), juros e dividendos ganhos em investimentos e outros acré scimos de patrimô nio lí quido, exceto os derivantes de contribuiç õ es de capital e de ajustes de capital deveriam ser incluí dos na receita” (AICPA, apud Iudícibus, 2015). É costume falar que Receitas representam as vendas de estoque efetuadas pela Empresa; porém, podemos ter outras Receitas, provenientes de outras operações, não somente venda demercadorias de estoque. As Receitas se configuram como operações que resultam do aumento do Patrimônio Líquido, seja em contrapartida pelo aumento de um Ativo ou pela Diminuição de um Passivo. Vejamos alguns exemplos de receitas e suas origens: Venda de Ativo · Venda de mercadorias de estoque · Venda de bens do ativo Aumento de Ativo · Rendimento de Aplicação Financeira · Atualização (positiva) de um Ativo (direito a receber) · Ganho na atualização de um Ativo (Equivalência Patrimonial) Diminuição de Passivo · Atualização (negativa) de um Passivo (obrigações a pagar) Custos Os custos se caracterizam pela baixa de um ativo (por ocasião da sua saída física) com o correspondente registro no resultado, no momento do seu confronto (custo) com a receita gerada pela venda de um bem. Embora o termo “Custo” seja associado somente à venda de estoques da atividade operacional, seja Empresa comercial com o Custo das Mercadorias Vendidas – CMV, seja Empresa industrial com o Custo dos Produtos Vendidos – CPV, também se registra um custo quando se vende algum elemento do Ativo e se faz necessário efetuar a baixa do seu valor registrado no Ativo que ora é transferido para um terceiro. 9 UNIDADE Demonstração do Resultado do Exercício – DRE Assim sendo, podemos ter os seguintes itens a serem registrados como Custo, no resultado: Baixa de bens do estoque · Custo das Mercadorias Vendidas - CMV · Custo dos Produtos Vendidos - CPV Baixa de bens do ativo fixo · Custo na Venda do Imobilizado Despesas Do ponto de vista da Teoria da Contabilidade, uma despesa representa a diminuição do PL, seja sua contrapartida pelo aumento do passivo, seja pela diminuição do ativo, a saber: Diminuição de Ativo · Atualização (negativa) de um Ativo (direito a receber) · Perda na atualização de um Ativo (Equivalência Patrimonial) Aumento de Passivo · Atualização (positiva) de um Passivo (obrigações a pagar) · Registro/reconhecimento de uma despesa (*) (*) A despesa é representada pelo consumo de bens e serviços que, indiretamente, colabora com a geração de receita e pode ser classificada como: · Despesas de Vendas (ou Comerciais) · Despesas Administrativas · Despesas Financeiras A demonstração do resultado do exercício é um resumo ordenado das receitas e despesas da Empresa em determinado período (12 meses). É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo) (IUDÍCIBUS & MARION, 2016). 10 11 Apresentação da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE No processo de montagem da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, de forma semelhante à montagem do Balanço Patrimonial, nosso ponto de partida será o Balancete de Verificação de duas colunas, por apresentar os saldos finais, a débito e a crédito, das contas de resultado. Diferentemente da montagem do Balanço Patrimonial, a montagem da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE possui algumas características específicas, a saber: · A apresentação da DRE é na forma dedutiva; · A apresentação da DRE será numa única coluna. Aqui, pode surgir uma dúvida: se vamos utilizar um Balancete de Verificação com duas colunas, uma a débito e outra a crédito, como será a apresentação se os saldos são diferentes? Exatamente com o propósito de deixar tudo numa única coluna, a forma de apresentação é dedutiva, ou seja, nas contas cujos saldos são a crédito, as receitas serão apresentadas de maneira positiva; já nas contas cujos saldos são a débito, os custos e as despesas serão apresentadas de maneira redutora, ou seja, entre Parênteses. Objetivo da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE “Demonstraç ã o do Resultado do Exercí cio Explicaç ã o de como apuram-se os diversos lucros: Lucro Bruto, Lucro Operacional, Ebitda, Lucro Lí quido etc.” (MARION, 2015). Como o objetivo da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE é mostrar o resultado da atividade operacional da Empresa, será necessário que haja o confronto entre as receitas (saldos a crédito) e o conjunto dos custos e despesas (saldos a débito), para se chegar ao resultado, que pode ter a seguinte configuração: · Resultado Positivo – Lucro, quando o montante de receitas supera o montante da somatória dos custos e despesas; · Resultado Negativo – Prejuízo, quando o montante de receitas é superado pelo montante da somatória dos custos e despesas. 11 UNIDADE Demonstração do Resultado do Exercício – DRE Importante! • Para se registrar uma despesa, faz-se um débito na respectiva conta da despesa; • Para se registrar uma receita, faz-se um crédito na respectiva conta da receita; • No mesmo raciocínio da despesa, para se registrar um custo, faz-se um débito na respectiva conta do custo. Importante! Lei 6.404/76 e a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE Considerando-se que haverá um confronto entre as receitas, os custos e as despesas, como deve ocorrer esse confronto se utilizando da forma dedutiva de apresentação? Nossa referência legal será o capítulo XV da Lei 6.404/76, intitulada Lei das Sociedades por Ações, que trata das Demonstrações Financeiras, para, então, analisar o Art. 187, seção V da referida Lei, que trata do detalhamento na apresentação da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE: Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. CAPÍTULO XV - Exercício Social e Demonstrações Financeiras SEÇÃO I - Exercício Social SEÇÃO II - Demonstrações Financeiras SEÇÃO III - Balanço Patrimonial SEÇÃO IV - Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados SEÇÃO V - Demonstração do Resultado do Exercício SEÇÃO V Demonstração do Resultado do Exercício Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; 12 13 IV - o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI - as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007). Considerando-se o Artigo em questão e seus Incisos (I, II, III, IV, V e VI), podemos dividir a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE em blocos: 1º bloco I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; (...) Nesse primeiro bloco, serão apresentadas as informações relacionadas, especificamente, às vendas: o valor das vendas, os tributos incidentes sobre as vendas, as devoluções das vendas, os abatimentos comerciais sobre as vendas e o custo da venda. Aqui serão apurados dois subtotais: a Receita Líquida de Vendas (do valor bruto das vendas serão deduzidos os tributos incidentes sobre as vendas, as devoluções das vendas, os abatimentos comerciais sobre as vendas) e o Lucro Bruto (partindo da Receita Líquidade Vendas, faremos a dedução do custo das vendas), como segue: Receita Bruta de Vendas (–) tributos incidentes sobre as vendas (–) devoluções de vendas (–) abatimentos 13 UNIDADE Demonstração do Resultado do Exercício – DRE (=) Receita Líquida de Vendas (–) Custo das Mercadorias Vendidas Lucro Bruto 2º bloco III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV - o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (...) No segundo bloco, serão apresentadas as despesas e as receitas relacionadas, de maneira indireta, à geração das receitas. São despesas e receitas relacionadas às atividades administrativas de suporte à atividade operacional, são elas: atividade comercial, atividade administrativa, atividade financeira e atividade geral, todas elas colaboram no conjunto da atividade operacional. As deduções de vendas são representadas pelas contas de devoluções de vendas, abatimentos incondicionais, descontos incondicionais e impostos incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias, serviços e produtos e pelos ajustes a valor presente das receitas de vendas (SANTOS & SCHMIDT, 2015). Partindo do último subtotal apurado, Lucro Bruto, são feitas as deduções das despesas, intituladas Despesas Operacionais (vendas, administrativas e financeiras), para, então, apurar-se um novo subtotal, denominado Resultado Operacional, ou então, conforme as circunstâncias, especificá-lo como Lucro Operacional ou Prejuízo Operacional. A partir deste último, será apurado um novo subtotal, agora considerando-se (somando ou subtraindo) os itens relacionados à atividade geral. Esse novo subtotal será chamado de Resultado do Exercício antes dos tributos sobre o Lucro ou mais comumente denominado Lucro antes do Imposto de Renda, cuja abreviação se dá pela sigla LAIR. Lucro Bruto (–) despesas operacionais - de vendas (comerciais) - administrativas - resultado financeiro (*) (=) Resultado Operacional (+/–) outras receitas/despesas operacionais 14 15 (=) Lucro antes do Imposto de Renda (*) O resultado financeiro é apurado pelo confronto entre as despesas financeiras e as receitas financeiras. 3º bloco V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; (...) Nesse terceiro bloco, vamos mostrar o resultado antes e depois dos tributos sobre o lucro, o Imposto de Renda e a Contribuição Social. Partindo do Resultado do Exercício antes do Imposto sobre a Renda, haverá a dedução da provisão para tal imposto, para se chegar ao Resultado antes das Participações, rubrica essa que, embora não conste no texto da Lei, é costume se evidenciar. (=) Lucro antes do Imposto de Renda (–) Provisão para Imposto de Renda (=) Lucro antes das Participações 4º bloco VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) Partindo do Lucro (Resultado) após a Provisão de Imposto de Renda, o 4º bloco orienta sobre a dedução de participações diversas, para se chegar ao Lucro Líquido do Exercício, o resultado final da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE. (=) Lucro antes das Participações (–) Participações Diversas (=) Lucro Líquido do Exercício 5º bloco VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. (...) O quinto e último bloco mostra a evidenciação do Lucro Líquido do Exercício e o montante de lucro por ação do capital social. 15 UNIDADE Demonstração do Resultado do Exercício – DRE Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE De acordo com o Art. 187 da Lei 6.404/76, a estrutura da DRE é: Receita Bruta de Vendas (–) tributos incidentes sobre as vendas (–) devoluções de vendas (–) abatimentos (=) Receita Líquida de Vendas (–) Custo das Mercadorias Vendidas Lucro Bruto (–) despesas operacionais - de vendas (comerciais) - administrativas - resultado financeiro (=) Resultado Operacional (+/–) outras receitas/despesas operacionais (=) Lucro antes do Imposto de Renda (–) Provisão para Imposto de Renda (=) Lucro antes das Participações (–) Participações Diversas (=) Lucro Líquido do Exercício Vale lembrar que, diferentemente do Balanço Patrimonial, na montagem da DRE já existe uma estrutura padronizada e as contas devem ser alocadas nessa estrutura, sendo que, em alguns casos, será necessário efetuar a somatória de algumas contas para a alocação em determinada rubrica do demonstrativo. 16 17 Exercício Exemplo Para que possamos montar uma DRE, partiremos do seguinte Balancete de Verificação: Balancete de Verifi cação Contas Saldos A débito A crédito Abatimentos 1.100 C.M.V. (Custo das Mercadorias Vendidas 14.000 Desp. com Depreciação 1.250 Despesa com C.O.F.I.N.S. 3.800 Despesa com Contribuição Social 1.200 Despesa com I.C.M.S. 9.000 Despesa com Imposto de Renda 1.800 Despesa com P.I.S. 825 Despesas com Comissões de Vendas 700 Despesas com Juros 800 Despesas com Material de Escritório 450 Despesas com Material de Limpeza 300 Despesas com Salários - Administração 3.500 Despesas com Salários - Vendas 1.600 Participação a Funcionários 2.500 Participação a Partes Beneficiárias 1.500 Receita de Vendas 50.000 Receitas de Aplicação Financeira 600 Vendas Canceladas 1.275 Total Geral 45.600 50.600 O Balancete de Verificação apresenta uma relação de contas de resultado, sendo que algumas contas possuem seus saldos na coluna da esquerda, na coluna do débito e outras contas possuem seus saldos na coluna da direita, na coluna do crédito. A coluna da esquerda, dos saldos a débito, evidencia as contas representativas dos custos e das despesas, enquanto a coluna da direita, dos saldos a crédito, evidencia as contas representativas das receitas. O Balancete de Verificação das contas patrimoniais, cuja somatória dos débitos e dos créditos era igual, é diferente do Balancete de Verificação das contas de resultado, cuja somatória dos débitos e dos créditos é diferente. Isso ocorre pois, no primeiro caso, o Balanço Patrimonial deverá mostrar que o total do Ativo é igual ao total do Passivo e Patrimônio Líquido, ou seja, o montante das origens de recursos (Passivo e Patrimônio Líquido) será totalmente aplicado (Ativo); daí a igualdade. 17 UNIDADE Demonstração do Resultado do Exercício – DRE Já no segundo caso, como estamos trabalhando apenas com contas de resultado, o montante das receitas (saldos a crédito) será diferente (maior ou menor) que o montante da somatória dos custos e despesas (saldos a débito), sendo que a Empresa deverá mostrar o resultado das suas operações, que pode ser positivo ou negativo, dependendo da configuração dos elementos do resultado. Com base no Balancete de Verificação apresentado, nosso próximo passo será alocar essas contas de resultado (receitas, custo e despesas) na estrutura de uma Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, não antes de identificar em qual bloco deverá ser alocada cada uma das contas de resultado: Balancete de Verificação Contas Saldos A débito A crédito Abatimentos 1.100 1o Bloco C.M.V. (Custo das Mercadorias Vendidas 14.000 1o Bloco Desp. com Depreciação 1.250 2o Bloco Despesa com C.O.F.I.N.S. 3.800 1o Bloco Despesa com Contribuição Social 1.200 3o Bloco Despesa com I.C.M.S. 9.000 1o Bloco Despesa com Imposto de Renda 1.800 3o Bloco Despesa com P.I.S. 825 1o Bloco Despesas com Comissões de Vendas 700 2o Bloco Despesas com Juros 800 2o Bloco Despesas com Material de Escritório 450 2o Bloco Despesas com Material de Limpeza 300 2o Bloco Despesas com Salários - Administração 3.500 2o Bloco Despesas com Salários - Vendas1.600 2o Bloco Participação a Funcionários 2.500 4o Bloco Participação a Partes Beneficiárias 1.500 4o Bloco Receita de Vendas 50.000 1o Bloco Receitas de Aplicação Financeira 600 2o Bloco Vendas Canceladas 1.275 1o Bloco Total Geral 45.600 50.600 Após a identificação de cada conta no seu bloco da estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, devemos agrupar as contas por bloco para, efetivamente, montar a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE: 18 19 Balancete de Verifi cação Contas Saldos A débito A crédito Abatimentos 1.100 1o Bloco C.M.V. (Custo das Mercadorias Vendidas 14.000 1o Bloco Despesa com C.O.F.I.N.S. 3.800 1o Bloco Despesa com I.C.M.S. 9.000 1o Bloco Despesa com P.I.S. 825 1o Bloco Receita de Vendas 50.000 1o Bloco Vendas Canceladas 1.275 1o Bloco Despesa com Depreciação 1.250 2o Bloco Despesas com Comissões de Vendas 700 2o Bloco Despesas com Juros 800 2o Bloco Despesas com Material de Escritório 450 2o Bloco Despesas com Material de Limpeza 300 2o Bloco Despesas com Salários - Administração 3.500 2o Bloco Despesas com Salários - Vendas 1.600 2o Bloco Receitas de Aplicação Financeira 600 2o Bloco Despesa com Contribuição Social 1.200 3o Bloco Despesa com Imposto de Renda 1.800 3o Bloco Participação dos Funcionários 2.500 4o Bloco Participação a Partes Beneficiárias 1.500 4o Bloco Total Geral 45.600 50.600 Depois de todas as contas classificadas e agrupadas por bloco, vamos analisar bloco a bloco, com a devida montagem da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE referente àquele bloco. As contas identificadas como primeiro bloco são aquelas que estão relacionadas diretamente à atividade operacional. São elas: Contas Saldos A débito A crédito Abatimentos 1.100 1o Bloco C.M.V. (Custo das Mercadorias Vendidas 14.000 1o Bloco Despesa com C.O.F.I.N.S. 3.800 1o Bloco Despesa com I.C.M.S. 9.000 1o Bloco Despesa com P.I.S. 825 1o Bloco Receita de Vendas 50.000 1o Bloco Vendas Canceladas 1.275 1o Bloco 19 UNIDADE Demonstração do Resultado do Exercício – DRE A apresentação das contas é diferente da estrutura da DRE, portanto, devemos alocar cada conta conforme a estrutura padrão: Receita Bruta de Vendas.......................................... 50.000 (–) tributos incidentes sobre as vendas............................ (13.625) - despesa com ICMS...................... (9.000) - despesa com PIS......................... (825) - despesa com COFINS................. (3.800) (–) vendas canceladas................................................... (1.275) (–) abatimentos............................................................ (1.100) Receita Líquida de Vendas....................................... 34.000 (–) C.M.V. (Custo das Mercadorias Vendidas).................. (14.000) Lucro Bruto............................................................ 20.000 Começamos pela conta Receita de Vendas, que foi alocada na rubrica Receita Bruta de Vendas; depois foram alocadas as contas que representam o conjunto denominado “Deduções da Receita Bruta” que são: tributos incidentes sobre as vendas, nas quais foram discriminados esses tributos, totalizando-os no título; a rubrica indicada como modelo (devoluções de vendas) foi substituída pela conta semelhante, vendas canceladas e, por último, a conta de abatimentos foi devidamente alocada à estrutura. Nesse momento, apura-se o 1º subtotal, Receita Líquida de Vendas, para, posteriormente, efetuar a dedução da conta Custo das Mercadorias Vendidas e, então, apurar um 2º subtotal, o Lucro Bruto. Vale lembrar que, para apurar o 2º subtotal, parte-se do 1º subtotal e se efetua a subtração. As contas classificadas no 2º bloco referem-se àquelas caracterizadas como Despesas Operacionais: Contas Saldos A débito A crédito Despesa com Depreciação 1.250 2o Bloco Despesas com Comissões de Vendas 700 2o Bloco Despesas com Juros 800 2o Bloco Despesas com Material de Escritório 450 2o Bloco Despesas com Material de Limpeza 300 2o Bloco Despesas com Salários - Administração 3.500 2o Bloco Despesas com Salários - Vendas 1.600 2o Bloco Receitas de Aplicação Financeira 600 2o Bloco 20 21 As Despesas Operacionais são divididas em Despesas de Vendas, Administrativas e Resultado Financeiro (resultado entre Receitas Financeiras e Despesas Financeiras); então, devemos classificar as contas do 2º bloco por tipo de despesa operacional: Despesa com Depreciação 1.250 Administrativa Despesas com Comissões de Vendas 700 Vendas Despesas com Juros 800 Resultado Financeiro Despesa Despesas com Material de Escritório 450 Administrativa Despesas com Material de Limpeza 300 Administrativa Despesas com Salários - Administração 3.500 Administrativa Despesas com Salários - Vendas 1.600 Vendas Receitas de Aplicação Financeira 600 Resultado Financeiro Receita Depois de classificada cada conta conforme o tipo de despesa operacional, devemos fazer uma somatória de todas as contas por tipo de despesa operacional, para, então, preencher o formulário, como segue: Despesas Operacionais – De Vendas (comerciais) Despesas com Salários - Vendas 1.600 Vendas Despesas com Comissões de Vendas 700 Vendas Total - Despesas Operacionais - Vendas 2.300 Despesas Operacionais – Administrativas Despesas com Salários - Administração 3.500 Administrativas Despesas com Depreciação 1.250 Administrativas Despesas com Material de Escritório 450 Administrativas Despesas com Material de Limpeza 300 Administrativas Total - Despesas Operacionais - Vendas 5.500 Despesas Operacionais – Resultado Financeiro Despesa com Juros 800 Resultado FinanceiroDespesa Receitas de Aplicação Financeira 600 Resultado FinanceiroReceita Total de Despesas Financeiras 800 Resultado Financeiro Devedor Despesa > Receita Total de Receitas Financeiras 600 Resultado Financeiro - Devedor 200 21 UNIDADE Demonstração do Resultado do Exercício – DRE No caso das Despesas Operacionais de Vendas e Administrativas, a simples somatória das contas foi suficiente para encontrar o montante de cada uma; porém, no caso do Resultado Financeiro, foi necessária apuração do Resultado Financeiro, por meio do confronto do total de Despesas Financeiras com o total das Receitas Financeiras, indicando um Resultado Financeiro Devedor, vez que o montante das Despesas Financeiras foi superior ao montante das Receitas Financeiras. Lucro Bruto................................................................ 20.000 (–) despesas operacionais........................................ (8.000) - de vendas (comerciais)...................(2.300) - administrativas................................(5.500) - resultado financeiro......................... (200) Resultado Operacional............................................. 12.000 No formulário estruturado conforme a Lei 6.404/76, após o Resultado Operacional, consequência da dedução das Despesas Operacionais do Lucro Bruto, haveria a rubrica “outras receitas/despesas operacionais”, para se chegar ao “Lucro antes do Imposto de Renda”; porém, no exercício exemplo que estamos estudando, não constam essas contas; então, essa rubrica não deve ser citada, pois somente se publicam os elementos que possuem saldo. Sendo assim, podemos, inclusive, substituir a nomenclatura Resultado Operacional por Lucro antes do Imposto de Renda, como segue: Lucro Bruto............................................................ 20.000 (–) despesas operacionais........................................ (8.000) - de vendas (comerciais)...................(2.300) - administrativas..............................(5.500) - resultado financeiro.......................(200) Lucro antes do Imposto de Renda.......................... 12.000 Passemos agora para as contas classificadas no 3º bloco, aquelas que representam os tributos sobre o Lucro, Imposto de Renda e Contribuição Social: Contas Saldos A débito A crédito Despesa com Contribuição Social 1.200 3o BlocoDespesa com Imposto de Renda 1.800 3o Bloco Para se chegar ao Lucro antes das Participações, partimos do Lucro antes do Imposto de Renda, efetuamos a dedução das despesas dos dois tributos, Imposto de Renda e Contribuição Social. 22 23 Lucro antes do Imposto de Renda.......................... 12.000 (–) Despesa com Imposto de Renda........................ (1.800) (–) Despesa com Contribuição Social...................... (1.200) Lucro antes das Participações............................... 9.000 As contas classificadas no 4º bloco estão relacionadas às participações e representam o último bloco de deduções: Contas Saldos A débito A crédito Participação dos Funcionários 2.500 4o Bloco Participação a Partes Beneficiárias 1.500 4o Bloco Partir-se-á do Lucro antes das Participações, serão efetuadas as deduções das Participações a Funcionários e das Partes Beneficiárias, para, finalmente, chegar- se ao Lucro Líquido do Exercício: Lucro antes das Participações............................... 9.000 (–) Participação a Funcionários................................... (2.500) (–) Participação a Partes Beneficiárias......................... (1.500) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO....................... 5.000 Após a montagem e justificativa de cada bloco, podemos juntá-los e apresentar Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, de acordo com a Lei 6.404/76: Receita Bruta de Vendas.......................................... 50.000 (–) tributos incidentes sobre as vendas.............................. (13.625) - despesa com ICMS...................... (9.000) - despesa com PIS......................... (825) - despesa com COFINS................. (3.800) (–) vendas canceladas............................................... (1.275) (–) abatimentos....................................................... (1.100) Receita Líquida de Vendas.................................. 34.000 (–) C.M.V. (Custo das Mercadorias Vendidas)............ (14.000) Lucro Bruto...................................................... 20.000 (–) despesas operacionais........................................ (8.000) - de vendas (comerciais)....................................... (2.300) 23 UNIDADE Demonstração do Resultado do Exercício – DRE - administrativas....................................................(5.500) - resultado financeiro............................................... (200) Lucro antes do Imposto de Renda....................... 12.000 (–) Despesa com Imposto de Renda........................ (1.800) (–) Despesa com Contribuição Social...................... (1.200) Lucro antes das Participações............................. 9.000 (–) Participação a Funcionários................................ (2.500) (–) Participação a Partes Beneficiárias...................... (1.500) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO...................... 5.000 Considerações Finais · A apresentação da DRE ocorreu de forma dedutiva, partindo da Receita Bruta de Vendas, deduzindo o custo e as despesas e somando a receita, quando verificada, para, finalmente, chegar-se ao resultado econômico final da empresa, o Lucro Líquido do Exercício; · Esse processo de dedutibilidade foi possível pois o custo e as despesas foram apresentadas entre parênteses, indicando a redução deles; · Apenas para confirmar, a diferença entre a somatória dos saldos a débito e a somatória dos saldos a crédito é de R$ 5.000, exatamente o valor do Lucro Líquido do Exercício, demonstrando, assim, o resultado do confronto das receitas, do custo e das despesas. 24 25 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Contabilidade Empresarial A seguir, algumas referências que tratam do assunto visto nesta Unidade: 1MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 17.ed. São Paulo: Atlas, 2015. (e-book). https://goo.gl/G9qQ6b Contabilidade Societária SANTOS, J. C. dos; SCHMIDT, P. Contabilidade Societária. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2015. (e-book). https://goo.gl/CwAUt5 Manual de Contabilidade Societária MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade Societária. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2013. (e-book). https://goo.gl/orWUiW Contabilidade comercial: atualizado conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09 IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C Contabilidade comercial: atualizado conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09. 10.ed. São Paulo: Atlas, 2016. (e-book). https://goo.gl/m1jlPD 25 UNIDADE Demonstração do Resultado do Exercício – DRE Referências BRASIL. Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L6404consol.htm>. Acesso em: 30 set. 2016. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 11.ed. São Paulo: Atlas, 2015. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Contabilidade comercial: atualizado conforme a Lei nº 11.638/07 e a Lei nº 11.941/09. 10.ed. São Paulo: Atlas, 2016. MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 17.ed. São Paulo: Atlas, 2015. SANTOS, J. C. dos; SCHMIDT, P. Contabilidade Societária. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2015. 26
Compartilhar