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ANATOMOFISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO

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ANATOMOFISIOLOGIA DO 
SISTEMA DIGESTÓRIO 
 
 
 
2
Pedro Octávio Barbanera 
Anatomofisiologia do sistema digestório 
1ª edição 
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2019 
2 
3 
 
 
 
 
 
 
 
33
__________________________________________________________________________________________ 
____________________________________________________________________________________________ 
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
Presidente 
Rodrigo Galindo 
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada 
Paulo de Tarso Pires de Moraes 
Conselho Acadêmico 
Carlos Roberto Pagani Junior 
Camila Braga de Oliveira Higa 
Carolina Yaly 
Giani Vendramel de Oliveira 
Juliana Caramigo Gennarini 
Nirse Ruscheinsky Breternitz 
Priscila Pereira Silva 
Tayra Carolina Nascimento Aleixo 
Coordenador 
Camila Braga de Oliveira Higa 
Revisor 
Celina de Almeida Lamas 
Editorial 
Alessandra Cristina Fahl 
Beatriz Meloni Montefusco 
Daniella Fernandes Haruze Manta 
Hâmila Samai Franco dos Santos 
Mariana de Campos Barroso 
Paola Andressa Machado Leal 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Barbanera, Pedro Octávio 
B228a Anatomofisiologia do sistema digestório / Pedro Octávio
 Barbanera. – Londrina : Editora e Distribuidora
 Rodriguez – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019.
 89 p.
 ISBN 978-85-522-1548-6
 1. Nutrição clínica. 2. Anatomofisiologia. 3. Sistema 
digestório. I. Barbanera, Pedro Octávio. II. Título. 
CDD 610 
Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 
2019 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza 
CEP: 86041-100 — Londrina — PR 
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br 
Homepage: http://www.kroton.com.br/ 
http://www.kroton.com.br
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4
ANATOMOFISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO 
SUMÁRIO 
Apresentação da disciplina 5 
Introdução ao sistema digestório 6 
Boca, faringe e esôfago 24 
Estrutura e funções do estômago 39 
Pâncreas, fígado e vesícula biliar 55 
Estrutura e função do intestino delgado 74 
Estrutura e função do intestino grosso 91 
Digestão e absorção dos diferentes alimentos 107 
4 
5 55
Apresentação da disciplina 
Nesta disciplina você compreenderá que o avanço tecnológico e 
científico permite maior compreensão dos componentes do sistema 
digestório, além da interação das partes durante o processo de 
digestão dos alimentos. Assim, o sistema digestório se torna objeto 
de estudo de muitos pesquisadores nos dias de hoje. 
A compreensão dos processos envolvidos no sistema digestório 
vai além de um conhecimento teórico, uma vez que a fisiologia 
humana tem papel central na disponibilidade de nutrientes para 
o organismo e também relações mútuas entre os microbiomas 
presentes na flora intestinal. 
Além disso, obter base sólida de conhecimento na área de fisiologia é 
uma ferramenta essencial para a área da saúde. Por conta da fisiologia, 
é possível que um profissional possa selecionar os medicamentos mais 
indicados em determinadas patologias, bem como prescrever dietas, 
pois é uma prática que se baseia nas necessidades corporais para que 
os dispêndios energéticos possam ser determinados, trazendo assim os 
melhores resultados em prol do objetivo de cada paciente. 
Por fim, o sistema digestório se mostra rico em possibilidades de 
estudos, o que obriga clareza tanto no campo anatômico quanto no 
campo da fisiologia humana. 
Seja bem-vindo à disciplina Anatomofisiologia do Sistema Digestório! 
Bons estudos!!! 
 
 
 
 
66
Introdução ao sistema digestório 
Autor: Pedro Octavio Barbanera 
Objetivos 
• Identificar os principais elementos que compõem o 
sistema digestório; 
• Analisar a motilidade do alimento percorrendo o 
sistema digestório; 
• Compreender os órgãos e as possíveis relações dos 
componentes do sistema digestório; 
6 
7 77
1. Sistema digestório: conhecendo as estruturas 
A necessidade de extrair energia e nutrientes através da alimentação 
exige que animais superiores, como os humanos, convertam os 
alimentos em compostos mais simples, utilizáveis e absorvíveis pelo 
organismo com o objetivo de manter as atividades do organismo em 
bom funcionamento, pois é através desse processo que o organismo 
constrói e faz manutenção dos tecidos danificados. Este processo de 
transformação dos alimentos é denominado digestão. 
A digestão ocorre no trato digestório e os órgãos anexos colaboram com 
o processo de digestão. Define-se o trato digestório como um tubo oco 
que se estende da cavidade bucal ao ânus. Além disso, o trato digestório 
pode ser chamado de canal alimentar ou trato gastrointestinal (TGI). As 
estruturas que fazem parte do trato digestório incluem: Boca, Faringe, 
Esôfago, Estômago, Intestino Delgado, Intestino Grosso, Reto e Ânus. 
PARA SABER MAIS 
O comprimento do trato gastrintestinal, medido no cadáver, 
é de cerca de 9 metros. Em indivíduos vivos, o tamanho é 
reduzido porque os músculos, ao longo das paredes dos 
órgãos do trato gastrintestinal, mantêm o tônus. 
ASSIMILE 
Os órgãos digestórios anexos são os dentes, a língua, as 
glândulas salivares, o fígado, vesícula biliar e o pâncreas. Os 
dentes auxiliam no rompimento físico do alimento e a língua 
auxilia na mastigação e na deglutição. Os outros órgãos 
8 8
digestórios acessórios nunca entram em contato direto com 
o alimento. Além disso, produzem ou armazenam secreções 
que passam para o trato gastrintestinal e auxiliam na 
decomposição química do alimento. 
Ao discutir sobre o sistema digestório é possível identificar as estruturas 
e funções, e mesmo assim este sistema encanta pela sincronia de seus 
componentes. Agora, convido você a estudar com mais detalhes as 
estruturas e a interação entre eles durante o processo de digestão. 
1.1 Iniciando a digestão: mastigação e propulsão do alimento 
O alimento sofre inicialmente um tratamento mecânico, a mastigação, 
por um conjunto de dentes adaptados para uma forte ação cortante 
(os incisivos) e trituradora. A mastigação é importante para o sistema 
digestório humano, porque o trabalho mecânico dos dentes aumenta a 
superfície de contato do alimento, facilitando a atuação enzimática no 
processo de digestão, principalmente da enzima amilase salivar. 
A saliva contém a ptialina (enzima amilase salivar). Além disso, as 
principais funções da saliva são lubrificar e diluir o alimento, o que 
facilita o processo de mastigação, a gustação e a deglutição, proteção 
contra bactérias e umidificação da boca. 
PARA SABER MAIS 
A composição da saliva se deve pela presença de água, 
a enzima ptialina (enzima amilase salivar), nitrogênio, 
enxofre, potássio, sódio, cloro, cálcio, magnésio, ácido 
úrico e ácido cítrico. Possui também proteínas enzimáticas, 
estruturais e imunológicas. 
9 99
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Asaliva contém enzimas em sua composição, por exemplo, a ptialina 
que inicia a digestão do amido e do glicogênio, quebrando-os em 
maltose. A ptialina age no pH neutro da boca, mas é inibida ao chegar 
no estômago por causa da acidez do suco gástrico. No caso de frutas e 
vegetais crus, a mastigação é extremamente importante para quebrar 
a parede de celulose das células vegetais e, consequentemente, 
disponibilizar os nutrientes destes alimentos. 
O TGI, em sua composição, abre espaço para que as glândulas anexas 
(glândulas salivares, pâncreas e fígado – Figura 1) atuem, ou seja, a 
estrutura anatômica do TGI apresenta conexões com glândulas para que 
lancem suas secreções na luz do TGI. O TGI consiste na cavidade oral, 
faringe, esôfago, intestino delgado, intestino grosso ou cólon e ânus. 
Estas regiões são separadas por esfíncteres (estruturas formadas por 
fibras musculares circulares concêntricas dispostas em forma de anel, 
que controlam o grau de amplitude de um determinado orifício). O 
sistema digestivo humano tem três esfíncteres importantes: o esfíncter 
esofágico, o esfíncter anal e o esfíncter pilórico. 
Figura 1. Visão abrangente do sistema Digestório 
Fonte: Silverthorn, 2017. 
10 
 
 
 
10
Direção do mo • ento 
Coo ração O segmento que ecebe relaxa 
Segundos depois 
' 
O término do processo de mastigação ocorre após a deglutição, ou 
seja, o alimento é levado através da faringe e esôfago até o estômago. 
Este deslocamento depende dos movimentos peristálticos, resultante 
da contração alternada de camadas de musculatura longitudinal e 
circular que envolve todo o TGI. Os movimentos peristalticos podem 
ser propulsivos, como é o caso do esôfago, ou segmentado, como no 
estômago (Figura 2). 
Figura 2. Ilustração da única direção do peristaltismo 
Fonte: Silverthorn, 2017. 
1.2 Refeição: alimento na fase gástrica 
Após o alimento ser mastigado, ele percorrerá o esôfago até atingir 
o estômago, onde o alimento sofrerá reações físicas e químicas. Este 
processo é denominado fase gástrica da digestão. A fase gástrica é iniciada 
quando o alimento chega ao estômago, diminuindo o pH estomacal. 
Além disso, os nutrientes predominantemente oligopeptídeos 
e aminoácidos também provocam estimulação química quando 
presentes no lúmen gástrico. O processo se inicia quando o alimento 
11 
 
 
 
 
1111
chega ao estômago, passando pelo esôfago, produz estimulação 
mecânica (contrações antrais) da parede gástrica, pela distensão e pelo 
estiramento do músculo liso. 
A regulação da função do estômago, durante a fase gástrica, é 
dependente de componentes endócrinos, parácrinos e neurais. Esses 
componentes são ativados por estímulos mecânicos e químicos, que 
resultam em vias reflexas neurais intrínsecas e extrínsecas, importantes 
para a regulação da função gástrica. Neurônios aferentes que se dirigem 
do TGI para o sistema nervoso central (e, numa menor extensão, para a 
medula espinal) via nervo vago respondem a esses estímulos mecânicos 
e químicos e ativam a eferência parassimpática. 
1.3 Anatomia básica do estômago 
O estômago é dividido em três regiões: a cardia, o corpo (também 
referido como fundo ou corpus) e o antro (Figura 3). No entanto, no 
escopo da fisiologia do estômago, é útil pensar nele como subdividido 
em duas regiões funcionais: as partes proximal e a distal. A porção 
proximal do estômago (recebe este nome por ser mais cranial) e a 
porção distal (localizada mais distalmente a boca) tem funções bem 
diferentes na resposta pós-prandial ao alimento. 
Define-se como mucosa gástrica um tipo de tecido epitelial de 
revestimento interno da cavidade estomacal, ou seja, é o nome dado 
ao conjunto formado por epitélio mais tecido conjuntivo que reveste as 
paredes úmidas do estômago, que têm contato com o meio externo. 
A mucosa gástrica é dividida em três regiões distintas, levando em 
consideração a estrutura e suas glândulas. 
A pequena região glandular da cárdia, localizada logo abaixo do esfíncter 
esofágico inferior (EEI), contém, principalmente, células glandulares de 
secreção de muco (identificada na Figura 3 com a marcação em azul). As 
demais regiões da mucosa gástrica são divididas em: região glandular 
12 
 
 
 
 
 
12
oxíntica ou parietal (região que secreta ácido localizada acima da incisura 
gástrica, equivalente à parte proximal do estômago – identifica-se esta 
região na figura 3 pela delimitação amarela), e a região glandular pilórica, 
localizada abaixo da incisura gástrica (equivalente à parte distal do 
estômago – identificada pela marcação na cor verde presente na figura 3). 
Figura 3. Ilustração do estômago e as regiões funcionais do órgão 
Fonte: Berne & Levy, 2010. 
1.3.1 Digestão no Estômago 
A digestão dos nutrientes no estômago é incompleta, visto que para 
completar a digestão será necessário conhecer os mecanismos 
envolvidos na digestão intestinal. No estômago, ocorre parcialmente a 
digestão de carboidratos, mediada pela enzima amilase. 
PARA SABER MAIS 
A amilase é sensível ao pH, sendo inativada no pH baixo. 
Entretanto, parte da amilase é ativa, mesmo no ambiente 
ácido do estômago, porque existe proteção do substrato. 
Assim, quando o carboidrato ocupa os sítios ativos da 
amilase, estes protegem a enzima da degradação. 
13 1313
Os lipídios iniciam o processo de digestão no estômago. Os padrões de 
mistura devido à motilidade gástrica resultam na formação de emulsão 
de lipídios e na ação enzima lipase gástrica. Esta enzima apresenta a 
função de aderir à superfície das gotas lipídicas na emulsão e gerar 
ácidos graxos livres e monoglicerídeos, dos triglicerídeos da dieta. 
PARA SABER MAIS 
A hidrólise dos triglicerídeos no estômago é de cerca de 
10%, não sendo essencial para a digestão e absorção 
normais dos lipídios da alimentação. A maior parte da 
digestão de lipídios ocorre no intestino delgado devido 
àpresença de enzimas como lipase, fosfolipase, colesterol 
esterase. 
É muito importante compreender que o estômago promove alterações 
físicas e químicas durante o processo de digestão. A tabela 1 apresenta 
as principais alterações que o alimento é submetido. Neste contexto, a 
parte proximal do estômago (o fundo, junto com o corpo) produz lentas 
variações do tônus, compatíveis com sua função de reservatório. Elas 
são importantes para receber e armazenar o alimento e para misturar o 
conteúdo com o suco gástrico conforme Tabela 1. 
A geração do tônus na porção proximal do estômago é também uma 
importante força motriz na regulação do esvaziamento gástrico. O baixo 
tônus e a baixa pressão intragástrica estão associados ao esvaziamento 
gástrico lento ou retardado, por outro lado, o aumento no tônus dessa 
região é necessário para ocorrer esvaziamento gástrico. 
A parte distal do estômago está associada com a função de misturar 
os conteúdos gástricos e para a propulsão pelo piloro em direção 
ao duodeno (componente do intestino delgado). Sobre o piloro, 
14 
 
14
normalmente, está fechado, permitindo que essas contrações antrais 
misturem o conteúdo gástrico e reduza o tamanho das partículas sólidas 
(trituração) adivindas da mastigação. 
Tabela 1. Principais alterações provocadas pelo estômago 
e as respostas integradas a alimento 
Entrada Saída 
Bolo Emulsão, suspensão (partículas < 2 mm) 
Triglicerídeos Triglicerídeos somados a pequenas quantidades de 2-monoglicerídeos e ácidos graxos livres 
Proteínas Proteínas somadas a pequenas quantidades de peptídeos e aminoácidos 
Amido Amido e oligossacarídeos 
Água, íons Adição de grandes quantidades de água e íons, baixo pH 
Fonte: Adaptada de BERNE & LEVY, 2010. 
PARA SABER MAIS 
As camadas musculares na região do antro gástrico são 
mais espessas do que nas regiões mais proximais do 
estômago, o que implica deduzir que o antro é capaz de 
produzir fortes contrações fásicas. As contrações iniciadas 
pelas ondas lentas começam no meio do estômago e se 
movem em direção ao piloro. A força dessas contrações 
varia duranteo período pós-prandial. 
1.4 Refeição: alimento na fase intestinal 
Para dar continuidade ao estudo, é importante entender a definição 
do “Quimo”, visto que esta palavra estará presente no texto que segue. 
Assim, define-se quimo como o alimento que é transformado no 
estômago em um líquido pastoso. 
15 
 
 
 
 
1515
A partir do momento que o quimo passa ao intestino delgado, a fase 
intestinal da digestão é iniciada. O quimo que entra no intestino delgado 
sofreu relativamente pouca digestão química e consequentemente 
sua entrada no duodeno deve ser controlada com o objetivo de evitar 
sobrecarga ao intestino delgado. 
PARA SABER MAIS 
Os conteúdos intestinais são lentamente propelidos para 
frente por uma combinação de contrações segmentares e 
peristálticas. Essas ações misturam o quimo com enzimas e 
elas expoem os nutrientes digeridos para o epitélio mucoso 
para absorção. 
O quimo formado no estômago passa para o duodeno, onde continua 
o processo degradativo iniciado nos compartimentos anteriores do 
sistema digestório. É indiscutível que no compartimento intestino 
delgado ocorrem as fases fundamentais da digestão, porque o alimento 
é degradado em sua totalidade e, em seguida, é absorvido pela mucosa 
intestinal, passando para a corrente linfática e sangüínea. 
Basicamente é possível listar as funções do intestino delgado, sendo: 
• Atividade motora; 
• Secreções digestivas vertidas no intestino delgado, 
especialmente no duodeno; 
• Absorção intestinal; 
• Secreção de hormônios controladores gastrointestinais. 
16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16
1.4.1 Intestino delgado: aspectos da motricidade 
O intestino delgado é o mais extenso segmento do sistema digestório, 
pois apresenta um comprimento 5 metros, embora esteja limitado por 
esfíncteres, na sua extremidade proximal pelo piloro e na distal pelo 
esfíncter íleo-cecal, que o separa do ceco. O esfíncter íleo-cecal está 
permanentemente fechado pelo elevado tônus esfincteriano, uma vez 
que seu relaxamento promove esvaziamento do conteúdo do intestino 
delgado para o grosso. 
O intestino delgado possui musculatura lisa, o que provoca 
similaridade com as partes do TGI (devido às propriedades 
fundamentais da musculatura lisa). Consequemente, a motilidade 
do intestino delgado é similar à motilidade do restante do trato 
gastrointestinal, desde o terço médio do esôfago até o reto. Em 
poucas palavras, as características da musculatura lisa são as 
contrações espontâneas e rítmicas; tônus e contração provocada, em 
resposta ao estiramento do músculo. 
Os padrões motores do intestino delgado, durante o período 
pós-prandial, são predominantemente voltados para a mistura 
e consistem, em sua maioria, em segmentação e contrações 
retropulsivas, que retardam a refeição enquanto a digestão ainda 
está ocorrendo (Figura 4; Figura 5). 
A segmentação é um padrão estereotípico de contrações rítmicas que, 
a partir desse padrão, refletem a atividade programada do sistema 
nervoso entérico sobreposta ao ritmo elétrico básico. 
17 
 
1717
a 
1 
2 
3 
4 
Figura 4. Imagem obtidas através de raio X do estômago 
e intestino delgado 
Fonte: Berne & Levy, 2010. 
Figura 5. Ilustração de sequencias de contrações do intestino delgado 
Fonte: Berne & Levy, 2010. 
18 
 
 
 
 
 
 
 
18
Relaxamento 
i 
Oral Caudal 
Após o período de digestão e absorção, é desejável que seja feita a 
limpeza dos resíduos não digeridos presentes ainda no lúmen com o 
objetivo de preparar o intestino para a próxima refeição. Essa eliminação 
é feita pelo peristaltismo (Figura 2; Figura 6). Define-se peristaltismo 
como sequência coordenada de contrações que ocorrem acima do 
conteúdo intestinal e relaxamento, abaixo, e que permitem o transporte 
do conteúdo por distâncias consideráveis. Neste contexto, os padrões 
motores peristálticos que ocorrem durante o jejum são organizados na 
sequência de fases conhecidas como complexo motor migratório (CMM). 
O CMM pode ser divido em: 
• Fase I: Caracterizada por quiescência relativa; 
• Fase II: Pequenas contrações desorganizadas; 
• Fase III: Apresenta duração aproximada de 10 minutos, além 
de ser caracterizada por grandes contrações que se propagam 
ao longo do intestino. Estas contrações são estimuladas pelo 
hormônio motilina e removem qualquer conteúdo gástrico e 
intestinal remanescente para o cólon. O piloro e a válvula ileocecal 
se abrem completamente durante essa fase, e mesmo os itens 
grandes e não digeridos podem sair do corpo. 
A motilidade do intestino volta para a fase I do CMM, com o ciclo completo 
durando cerca de 90 minutos em adultos. Contudo, se for ingerida 
refeição, nesse caso o CMM será interrompido. Após a refeição, os níveis 
de motilina caem (embora os mecanismos sejam ainda desconhecidos) e 
o CMM não pode ser reiniciado até que, novamente, aumentem o volume. 
Figura 6. Ilustração da motilidade do intestino delgado 
Fonte: Berne & Levy, 2010. 
19 
 
1919
Cólon 
ascendente Cólon 
descendente 
1.4.2 Cólon 
O processo de digestão está em sua parte final, visto que o segmento 
mais distal do trato gastrointestinal é chamado cólon (intestino 
grosso). Esta região é composta pelo ceco, pelas porções ascendente, 
transversal e descendente do cólon, pelo reto e pelo ânus (Figura 7). As 
funções primárias do intestino grosso são a de digerir e de absorver os 
componentes da refeição que não podem ser digeridos ou absorvidos 
mais proximalmente, reabsorver o fluido remanescente que foi utilizado 
durante o movimento da refeição ao longo do trato gastrointestinal e 
armazenar os produtos que sobraram da refeição até que possam ser 
convenientemente eliminados do corpo. 
Figura 7. Ilustração anatômica do intestino grosso 
Fonte: Berne & Levy, 2010. 
A atividade no cólon proximal se deve à presença de material. Inicia 
a ocorrência de contrações musculares lentas e fracas, denominadas 
haustrações, ou seja, as ondas propagadas de alta amplitude que 
determinam o aspecto típico do intestino grosso em forma de série 
de ampolas ou bolsas. A haustração representa o principal tipo de 
movimento do intestino grosso. 
20 20
A formação das fezes é estruturada no intestino grosso proximal. Além 
disso, o conteúdo intestinal que passa ao ceco contém normalmente 
de 400 a 500 mL/dia de água. O conteúdo de água da massa fecal 
varia de 60 a 80%, de acordo ao período de tempo que elas ficam 
retidas no cólon. 
Em condições fisiológicas habituais, o conteúdo de nutrientes não 
absorvidos ou não digeridos é pequeno, portanto as fezes consistem 
principalmente em resíduos das secreções digestivas, leucócitos 
e células epiteliais descamativas e grande número de bactérias 
(principamente saprófitas), que pode chegar até 35-40% das fezes. 
Pode apresentar também certa proporção de muco, fibras vegetais e 
celulose completando seu volume. 
1.5 Não se esqueça! 
É possível observar a entrada do alimento na boca e uma breve noção 
da interação de órgãos e estruturas que compõem o sistema digestório. 
Além disso, evidenciar estruturas anexas como os dentes que participam 
em menor proporção no processo de digestão. 
Outro ponto importante visto foram as partes do estômago e intestino 
(tanto delgado quanto o grosso) permitindo revisar conceitos e 
funcionalidade destes órgãos que interagem no processo de digestão. 
TEORIA EM PRÁTICA 
Quando há contaminação bacteriana durante laparotomia 
ou quando há perfuração traumática ou ruptura do 
intestino em virtude de infecção e inflamação (p. ex., 
apendicite), ocorre a entrada de gás, material fecal e 
bactérias na cavidade peritoneal. Como consequência, 
tem-se infecção e inflamação do peritônio — peritonite. A 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2121
peritonite generalizada também ocorre quando uma úlcera 
perfura a parede do estômago ou duodeno, derramando 
conteúdo ácido na cavidade peritoneal. O líquido em 
excesso na cavidade peritoneal é denominado líquido 
ascítico. O distúrbio clínico caracterizadopela presença de 
líquido ascítico é denominado ascite. A ascite ocorre apenas 
quando há uma lesão peritonial? Existe outro meio de 
desenvolver este quadro patológico? 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA 
1. Assinale a alternativa que contém somente órgãos 
anexos do sistema digestório. 
a. Dentes, língua, glândulas salivares, fígado, vesícula 
biliar e o pâncreas. 
b. Estômago, esôfago, boca, dentes, língua, 
vesícula biliar. 
c. Boca, dentes, faringe, laringe, estômago, pâncreas. 
d. Boca, dentes, esôfago, estômago, intestino 
delgado, ânus. 
e. Boca, dentes, esôfago, estômago, fígado, intestino 
delgado, intestino grosso. 
2. Sobre o estômago, assinale a alternativa correta. 
a. Ocorre a digestão completa. 
b. É um órgão anexo, ou seja, auxilia a digestão. 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22
c. A musculatura do estômago se assemelha ao músculo 
estriado esquelético. 
d. A formação de fezes começa no estômago. 
e. A parte distal do estômago está associada com a 
função de misturar os conteúdos gástricos. 
3. Sobre o intestino delgado, assinale a alternativa correta. 
a. É o mais curto segmento do sistema digestório. 
b. É o mais extenso segmento do sistema digestório. 
c. Do esfíncter piloro ao ânus é denominado 
intestino delgado. 
d. Responsável por conduzir o alimento ao estômago. 
e. Inicia-se o processo de formação de fezes. 
Referências bibliográficas 
BERNE, R. M.; LEVY, M. N. (Ed.). Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2010. 
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2017. 
MOORE, K. L. Anatomia Orientada para a Clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2014. 
SILVERTHORN, D.V. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. 
São Paulo: Manole, 2017. 
TORTORA, G.J.; GRABOWSKI, S.R. Corpo Humano. Fundamentos de Anatomia e 
Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Artmed, 2008. 
23 2323
Gabarito 
Questão 1 – Resposta: A 
Dentes, língua, glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e 
o pâncreas. Estes órgãos auxiliam o processo de digestão, 
facilitando os fenômenos físicos e químicos da digestão. 
Questão 2 – Resposta: E 
A função de misturar os conteúdos gástricos está associada 
com o estômago para a propulsão na direção do duodeno. 
Questão 3 – Resposta: B 
É o mais extenso segmento do sistema digestório, pois 
apresenta um comprimento de 5 metros, embora esteja 
limitado por esfíncteres. 
 
 
 
 
2424
Boca, faringe e esôfago 
Autor: Pedro Octavio Barbanera 
Objetivos 
• Diferenciar através das principais caracterisicas 
da boca, faringe e esôfago; 
• Analisar a motilidade do alimento durante a 
boca até o esôfago; 
• Compreender estruturalmente a boca, faringe 
e esôfago, e as possíveis relações entre estes 
componentes. 
24 
25 2525
1. Iniciando a digestão 
A digestão do alimento é iniciada na boca, pesrcorrendo o trato 
digestório. Contudo, sabemos que o alimento sofre transformações 
físicas e químicas, ou seja, sofre transformações mecânicas 
provocadas pelos dentes, movimentos peristáticos, contrações do 
músculo liso misturando o alimento, que permitem aumentar a 
superfície de contato com as substâncias produzida pelo corpo (sucos 
digestivos, enzimas) para extrair substratos que serão ofertados para 
as células do corpo humano. 
Desta forma, convido você a estudar mais detalhadamente o processo 
de digestão, começando pela boca e o percurso do alimento até chegar 
no estômago. 
1.1 Iniciando a digestão: boca 
A boca tem alguns sinônimos, como Cavidade Oral ou Bucal. A 
cavidade oral é formada pelas paredes laterais da face e são constituídas 
externamente por pele e internamente por mucosa (bochechas), pelos 
palatos duro (parede superior) e mole (parede posterior) e também 
pela língua. O palato mole se estende posteriormente na cavidade 
bucal como a úvula que está suspensa na região superior e posterior da 
cavidade bucal. A tabela 1 identifica os limites da cavidade oral. 
Tabela 1. Limites da cavidade oral 
Limites da Cavidade oral 
Delimitações Estruturas Anatômicas 
Limite Superior Palato Duro 
Limite Posterior Palato Mole 
Limite Anterior Lábios 
Limite Inferior Língua 
Limites Laterais Bochechas 
Fonte: Elaborada pelo autor. 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26
PARA SABER MAIS 
A língua é o principal órgão de sentido do gosto, além de 
ter impacto direto na fala. Outras funções da língua são 
auxiliares na mastigação e deglutição dos alimentos. 
A digestão é estimulada pelos sentidos, uma vez que cheirar, ver ou 
até mesmo pensar sobre o alimento podem fazer a nossa boca salivar 
ou o estômago roncar. Estes tipos de reflexos promovem resposta 
antecipatória ao ao contato do alimento pela boca . Esta fase é 
denominada como Fase Cefálica da digestão. 
A ativação de neurônios no bulbo ocorre devido ao estímulo antecipatório 
e ao estímulo do alimento na cavidade oral. Neste contexto, o bulbo, por 
sua vez, manda sinais eferentes através de neurônios autonômicos para 
as glândulas salivares e atráves do nervo vago para o sistema nervoso 
entérico. Em resposta a esses sinais, o estômago, o intestino e os órgãos 
glandulares acessórios iniciam a secreção e aumentam a motilidade em 
antecipação ao alimento que virá. 
Basicamente, o início da degradação do alimento ocorre na cavidade 
oral, onde os dentes o trituram, transformando-o em pedaços 
menores; a saliva o umedece, lubrifica e inicia a digestão, e a língua 
mistura os fragmentos com a saliva, formando o bolo alimentar e, por 
fim, promove a sua deglutição. 
ASSIMILE 
Os dentes são estruturas duras e mineralizadas, inseridas 
na maxila e na mandíbula. Os dentes incisivos e caninos são 
pontiagudos e cortam o alimento em pedaços de tamanho 
médio, enquanto os pré-molares e molares possuem 
superfícies mais largas e achatadas, triturando os pedaços 
de tamanho médio em fragmentos menores. 
27 
 
 
 
 
2727
O alimento sofre inicialmente um tratamento mecânico denomidado 
de mastigação, através de um conjunto de dentes adaptados para uma 
forte ação cortante (os incisivos) e trituradora. Além disso, quando o 
alimento inicialmente entra na boca, ele é inundado por uma secreção, a 
qual chamamos de saliva. A saliva tem quatro funções importantes: 
I. Amolecer e lubrificar o alimento, dessa forma, a água e o muco 
na saliva amolecem e lubrificam o alimento para torná-lo mais 
fácil de deglutir. 
II. Digestão do amido, visto que a digestão química inicia com a 
secreção da amilase salivar (enzima). A amilase salivar cliva 
o amido em maltose depois que a enzima é ativada por Cl-
presente na saliva. 
III. Gustação, ou seja, a saliva dissolve o alimento para que 
possamos sentir seu gosto. 
IV. Defesa (função importante, porém estudada superficialmente). 
Através da lisozima (enzima salivar antibacteriana) e 
imunoglobulinas salivares, incapacitam bactérias e vírus. 
Além disso, a saliva ajuda a limpar os dentes e manter a língua livre de 
partículas alimentares. Por causa do atrito do alimento, a cavidade oral 
é revestida por epitélio estratificado pavimentoso. A gengiva, as regiões 
das bochechas mordidas devido à dentição mal-ajustada e o palato duro, 
submetido ao atrito da língua na deglutição, são queratinizados. 
Ainda na cavidade bucal, outras estruturas como os lábios e a língua 
contibuem para a digestão mecânica do alimentos, criando uma massa 
amolecida e umidecida (bolo) que pode ser facilmente engolida. O 
término do processo de mastigação ocorre após a deglutição, ou seja, o 
alimento é levado através da faringe e esôfago até o estômago. 
28 
 
28
p. 1 o d111 ,o 
IM, milo-hióideo 
Faringe 
•-r ide / r.:.;.i..:....-- Esófago ~---Tr: qu · 
1.2 Faringe: anatomia e funcionalidade em relação ao sistema 
digestório 
De acordo com o ponto de vista anatômico, a faringe é definida como 
um tubo que começa nas coanas e estende-se para para a região inferior 
ao pescoço. Ela se situa logo a frente das vértebras cervicais e atrás das 
cavidades nasais. Sua paredeé composta de músculos esqueléticos e 
revestida de túnica mucosa. A Figura 1 apresenta a farige. 
Figura 1. Ilustração de corte mediano da cabeça e do pescoço 
Fonte. Moore, 2014. 
Para maior compreensão da faringe e os segmentos que a compõem, o 
organograma 1 apresenta os segmentos para efeito didático: 
29 
 
 
 
 
2929
Nasofaringe 
Q) 
C) 
e Orofaringe ·e: 
cu 
LL 
Laringofalringe 
Organograma 1: As três regiões anatômicas da faringe 
Fonte: Elaborada pelo autor. 
As estruturas anatômicas da porção superior da faringe (nasofaringe), 
identificadas pela marcação na cor vermelha na Figura 1, possuem 
comunicações com as duas coanas, dois óstios faríngeos das tubas 
auditivas e com a orofaringe. 
Conforme a Figura 1, a parte intermediária da faringe (Orofaringe), 
representada pela marcação na cor verde, está localizada atrás da 
cavidade oral e estende-se do palato mole até o nível do hioide. 
A porção identificada na cor amarela na Figura 1 ilustra a laringofaringe. 
Esta se estende para baixo a partir do osso hioide, conecta-se com o 
esôfago (canal do alimento) e anteriormente com a laringe (passagem 
de ar). A faringe é um componente anatômico que tem participação em 
dois sistemas. O sistema respiratório e digestório, porque permite a 
passagem de ar e alimento. 
A parte oral da faringe tem função digestória. Os limites são: superior, 
palato mole; inferior, base da língua; laterais, arcos palatoglosso e 
palatofaríngeo. Estende-se do palato mole até a margem superior 
da epiglote. 
Outro termo importante usado neste estudo é a deglutição, assim é válido 
definr este mecanismo como processo completo que transfere um bolo de 
alimento da boca através da faringe e esôfago para o estômago. O alimento 
sólido é mastigado e misturado com a saliva para formar um bolo macio e 
mais fácil de engolir. Para maior compreensão, observe a Tabela 2. 
30 
 
 
 
30
Pala o ----:-----= 
m 
a 
ta e 
o 
pala ofa geo 
Tonsilas 
palatinas 
(ci u adas) 
soda lngua 
Tabela 2. Diferenciação dos estágios da deglutição 
Estágio da Deglutição 
Estágio I 
Voluntário; o bolo é comprimido contra o palato e empurrado 
da boca para a parte oral da faringe, principalmente por 
movimentos dos músculos da língua e do palato mole. 
Estágio II 
Involuntário e rápido; o palato mole é elevado, isolando a 
parte nasal da faringe das partes oral e laríngea. A faringe 
alarga-se e encurta-se para receber o bolo alimentar, 
enquanto os músculos supra-hióideos e os músculos 
faríngeos longitudinais se contraem, elevando a laringe. 
Estágio III 
Involuntário; a contração sequencial dos três músculos 
constritores da faringe cria uma crista peristáltica que 
força a descida do bolo alimentar para o esôfago. 
Fonte: Elaborada pelo autor. 
Sabe-se que tanto o sistema digestório quanto o sistema respiratório 
são revestidos por epitélio estratificado pavimentoso na porção oral 
e epitélio pseudoestratificado colunar ciliado com células caliciformes 
na porção nasal. Isto implica que o epitélio estratificado pavimentoso 
protege a faringe do atrito sofrido com a passagem do bolo alimentar. 
Note que a presença de tecido linfoide subjacente ao epitélio em 
determinadas regiões da faringe forma as tonsilas. As tonsilas palatinas 
são coleções de tecido linfoide de cada lado da parte oral da faringe no 
intervalo entre os arcos palatinos que podem ser observados na Figura 2. 
Figura 2. Vista anterior da cavidade bucal 
Fonte. Moore, 2014. 
31 3131
Denomina-se anel de Waldeyer como tecido linfóide que atua de 
maneira coletiva como primeira linha de defesa imunológica do trato 
aero-digestivo. As tonsilas formam literalmente um anel de tecido 
linfóide. As tonsilas são estruturas presentes na orofaringe, constituídas 
por aglomerados de tecido linfoide, ricas em glóbulos brancos. 
Figura 3. Ilustração da vista lateral da fossa tonsilar 
Fonte: Moore, 2014. 
A fossa tonsilar, na qual está situada a tonsila palatina, situa-se entre 
esses arcos (Figura 3). A fossa tonsilar é formada pelo músculo constritor 
superior da faringe e pela lâmina fibrosa e fina da fáscia faringobasilar. 
Esta fáscia funde-se ao periósteo da base do crânio e define os limites da 
parede faríngea em sua parte superior. 
32 32
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1.3 Esôfago 
Em termos anatômicos, o esôfago é definido como um tubo 
fibromuscular que conecta a faringe ao estômago (estimativa de 25cm 
de comprimento). Inicia-se no pescoço, onde é contínuo com a parte 
laríngea da faringe na junção faringoesofágica. O esôfago consiste 
em músculo estriado (voluntário) em seu terço superior, músculo liso 
(involuntário) em seu terço inferior e uma mistura de músculo estriado e 
liso na região intermediária. 
Figura 4. Ilustração de estruturas do sistema digestório 
Fonte: NETTER, 2000. 
A luz do esôfago encontra-se colapsada devido às pregas longitudinais, 
formadas pela mucosa e pela submucosa com a contração da camada 
33 3333
muscular circular. Durante a deglutição, o esôfago se distende e essas 
pregas desaparecem. 
A primeira porção do esôfago (parte cervical) pertence ao terço superior 
voluntário. Começa imediatamente posterior à margem inferior da 
cartilagem cricóidea e no mesmo nível dela, no plano mediano. Este 
é o nível da vértebra C VI (leia-se sétima vértebra da coluna cervical), 
conforme a Figura 5. 
Externamente, a junção faringoesofágica se apresenta como uma 
constrição produzida pela parte cricofaríngea do músculo constritor 
inferior da faringe (o esfíncter esofágico superior) e é a parte mais 
estreita do esôfago. A parte cervical do esôfago inclina-se um pouco para 
a esquerda enquanto desce e entra no mediastino superior através da 
abertura superior do tórax, onde se torna a parte torácica do esôfago. 
Figura 5. Imagem de ressonância magnética 
Fonte: MOORE, 2014. 
34 
 
 
 
 
 
34
Quando o esôfago está vazio, seu lúmen assemelha-se a uma fenda. 
Quando um bolo alimentar desce por ele, o lúmen se expande, 
produzindo peristalse reflexa nos dois terços inferiores do esôfago. 
A porção cervical do esôfago está situada entre a traqueia e a coluna 
vertebral cervical. Está fixada à traqueia por tecido conjuntivo frouxo. Os 
nervos laríngeos recorrentes situam-se nos sulcos traqueoesofágicos, ou 
perto deles, entre a traqueia e o esôfago. 
À direita do esôfago estão o lobo direito da glândula tireoide e a bainha 
carótica direita e seu conteúdo. O esôfago está em contato com a cúpula 
da pleura na raiz do pescoço. À esquerda está o lobo esquerdo da 
glândula tireoide e a bainha carótica esquerda. O ducto torácico adere 
ao lado esquerdo do esôfago e situa-se entre a pleura e o esôfago. 
Na região inferior do esôfago, há ainda as glândulas cárdicas 
esofágicas localizada nas mucosas da região. Estas glândulas são 
tubulares e ramificadas nas mucosas. Desta forma é possível induzir que 
a secreção protege a parede do esôfago de um refluxo de suco gástrico. 
Outra característica do esôfago, segundo o ponto de vista muscular, são 
as diferenciações conforme a porção anatômica, isto é, o tipo de músculo 
da camada muscular varia segundo a localização. Exemplificando, na 
porção superior do esôfago, há músculo estriado esquelético. Em relação 
à porção média, uma mistura de músculo estriado esquelético e músculo 
liso. Por fim, na porção inferior, músculo liso. 
Para melhor compreensão, observa-se que esôfago na proção cervical 
e o início do esôfago na proção torácica é formado por musculatura 
estriada e, à medida que ele se aprofunda pelo tórax, sua musculatura 
sofre uma transição para músculo liso de modo que no terço inferior 
do esôfago é predominante a musculatura lisa. Esta característica da 
disposição da musculatura é que determinará a velocidade de passagem 
do alimento mais lentamente no seu terço inferior. 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3535
Entretanto, os componentes fluidose semifluidos passam à porção 
inferior do esôfago por queda livre em consequência da força da 
gravidade quando a pessoa está de pé. 
Entre o esôfago e o estômago, existe a junção esofagogástrica que 
contém um esfíncter chamado esfíncter esofagiano inferior. O 
esfíncter esofaginao inferior é importante para evitar o refluxo 
gastroesofagiano, porque o fato do esôfago estar localizado 
aproximadamente 2 cm no interior da cavidade abdominal e esta 
região apresentar pressão positiva dentro do abdome colabaria a 
porção abdominal do esôfago, evitando desta forma o refluxo do 
estômago para o esôfago. 
O epitélio do esôfago é protegido de um refluxo do suco gástrico 
pela arquitetura anatômica da junção gastroesofágica, pelo esfíncter 
gastroesofágico e pela secreção mucosa das glândulas cárdicas 
esofágicas. Contudo, o sistema não é perfeito, podendo ocorrer a 
ulceração do esôfago, especialmente na junção com o estômago. 
1.4 Não se esqueça! 
O alimento sofre reações físicas e químicas durante a fase oral, visto 
que o processo mecânico e químico submetido ao alimento é de grande 
valor sob a ótica da digestão, pois permite maior ação enzimática e 
futuramente (absorção de nutrientes no estômago e intestino) maior 
captação de nutrientes para atender a demanda do organismo. Além 
disso, é possível obervar a entrada do alimento na boca e uma breve 
noção da interação de órgãos e estruturas que compõem o sistema 
digestório, principalmente neste material, aquilo que foi referenciado 
como início do processo de digestão. 
Também foram citadas estruturas anexas ao sistema digestório, 
por exemplo, os dentes, e atribuído a eles a tarefa de triturar, 
cortar, furar e/ou rasgar os alimentos (tarefa mecânica referente à 
digestão na fase oral). 
36 
 
 
 
 
36
Outro ponto importante visto foram as partes anatômicas que compõem 
a cavidade oral, faringe e esôfago, permitindo revisar conceitos e 
funcionalidade destes órgãos, interagindo no processo de digestão. 
TEORIA EM PRÁTICA 
O osso hioide está localizado na porção anterior do 
pescoço, abaixo da mandíbula e à frente da porção cervical 
da coluna vertebral. A fratura do hioide ou dos processos 
estiloides do temporal ocorre em pessoas que sofreram 
um trauma no pescoço, por exemplo, estrangulamento 
com as mãos por compressão da parte oral da faringe, 
resultando em afundamento do corpo do osso sobre a 
cartilagem tireóidea. Dentro deste contexto, há indicativos 
que um trauma físico no pescoço pode provocar asfixia no 
indivíduo. Em relação à digestão, o osso hioide fraturado 
interfere neste processo? 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA 
1. Sobre a mastigação, é correto afirmar: 
a. A mastigação se inicia após a deglutição, ou seja, o 
alimento é levado através da faringe e esôfago até 
o estômago. 
b. Na cavidade bucal, a digestão química é realizada 
pelos dentes ,criando uma massa amolecida e 
umedecida (bolo) que pode ser facilmente engolida. 
c. Na cavidade bucal, a digestão mecânica é realizada 
pelos dentes, ou seja, o dente secreta enzimas como a 
amilase para digerir o alimento ainda na boca. 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3737
d. A digestão mecânica realizada pelas glândulas 
contribui para a mastigação do alimento. 
e. A digestão mecânica é realizada pelos dentes, criando 
uma massa amolecida e umedecida (bolo) que pode 
ser facilmente engolida. 
2. Sobre a faringe, assinale a alternativa correta. 
a. Localizada após a laringe, permitindo que o alimento 
chegue até o estômago. 
b. É um órgão anexo, ou seja, auxilia a digestão. 
c. A faringe pode ser definida como um tubo 
fibromuscular que conecta a cavidade bucal ao 
estômago. 
d. A faringe não tem relação direta com o processo de 
deglutição, pois a deglutição se inicia no esôfago. 
e. A faringe transfere o bolo alimentar da cavidade bucal 
ao esôfago. 
3. O esôfago é um órgão que compõe o sistema digestório. 
Assinale a alternativa correta sobre o esôfago. 
a. É o mais curto segmento do sistema digestório. 
b. Na porção superior do esôfago, há músculo estriado 
esquelético. 
c. Na porção superior do esôfago, há músculo 
estriado liso. 
d. As glândulas cárdicas esofágicas localizadas nas 
mucosas da porção superior do esôfago. 
e. Há contração voluntária no esôfago devido à 
inervação do músculo estriado esquelético. 
38 38
Referências bibliográficas 
BARRETT, K.E. Fisiologia Gastrointestinal. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015 
BERNE, R. M.; LEVY, M. N. (Ed.). Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2010. 
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2017. 
MOORE, K. L. Anatomia Orientada para a Clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2014. 
NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 
SILVERTHORN, D.V. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. 
São Paulo: Manole, 2017. 
TORTORA, G.J.; GRABOWSKI, S.R. Corpo Humano. Fundamentos de Anatomia e 
Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Artmed, 2008. 
Gabarito 
Questão 1 – Resposta: E 
Na cavidade bucal, a digestão mecânica provocada pelos dentes 
contribuem para a mastigação do alimento, criando uma massa 
amolecida e umedecida (bolo) que pode ser facilmente engolida. 
Questão 2 – Resposta: E 
A faringe participa do processo digestivo do alimento, ou seja, o 
processo de deglutição apresenta funcionalidade no órgão devido 
ao fato de sevir como elo entre a cavidade oral e o esôfago. 
Questão 3 – Resposta: B 
Na porção superior do esôfago, há músculo estriado esquelético, 
uma vez que existe diferenciações em suas porções devido à 
funcionalidade de cada uma delas. 
 
 
 
 
3939
Estrutura e funções do estômago 
Autor: Pedro Octavio Barbanera 
Objetivos 
• Identificar as partes que compõem o órgão 
estômago; 
• Analisar a interação do alimento com o órgão; 
• Compreender a funcionalidade do órgão 
durante o processo de digestão. 
39 
40 
 
40
1. Estômago 
A digestão foi iniciada na cavidade bucal, uma vez que o alimento sofreu 
fisicamente pela ação dos dentes e entrou em contato com a saliva para 
formar o bolo alimentar. Este bolo é deglutido e percorre o esôfago 
antes de chegar ao estômago. 
O estômago recebe o alimento deglutido e promove alterações, 
principalmente químicas, no alimento, iniciando a absorção de 
nutrientes. Esta estrutura apresenta porções com características 
diferenciadas segundo o ponto de vista anatômico. Estas partes contêm 
ductos que conectam estruturas anexas ao sistema digestório, além de 
permitir que o alimento percorra em direção ao intestino. 
Outras características do estômago são: a capacidade de dilatação e 
o formato de “bolsa” capaz de receber em torno de dois litros de bolo 
alimentar (esta condição é extrema, ou seja, promove desconforto e a 
dilatação extrema). 
A necessidade de extrair energia e nutrientes através da alimentação 
promove especialização de estruturas anatômicas, adaptação em sua 
forma e alto grau de especialização no tocante funcional. Em outras 
palavras, é muito importante a compreensão do órgão estômago, uma 
vez que é possível imaginar a existência de relações anatomofisiologicas 
relevantes no processo de digestão. Assim, convido você a estudar o 
órgão estômago. 
1.1 A anatomia do estômago: conhecendo as partes 
que o compõem 
Primeiramente, é possível definir o estômago como a parte expandida 
do sistema digestório entre o esôfago e o intestino delgado. É 
especializado para o acúmulo do alimento ingerido, preparando-o 
química e mecanicamente para a digestão e passagem para o duodeno. 
41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4141
( 
ASSIMILE 
A definição de estômago pode ser compreendida em 
diversos pontos de vista, ou seja, a cada grande área de 
estudo como fisiologia, anatomia, embriologia rotula o órgão 
estômago atendendo suas necessidades. É fácil entender 
porque o estômago pode ser visto como um saco do sistema 
digestório conforme o ponto de vista anatômico, ou até como 
um derivadoda faringe no ponto de vista embriológico. 
O estômago está localizado na região abdominal, inferior ao 
diafragma, nas regiões epigástrica, umbilical e hipocôndrio esquerdo, 
anteriormente ao pâncreas, superiormente ao duodeno e à esquerda 
do fígado (figura 1; figura 2). 
O estômago é a porção mais dilatada do trato digestório e apresenta forma 
e posições variáveis, podendo apresentar formato de “bolsas” (assemelha-
se com as letras “J” ou de “U”). A figura 1 aponta a localização do órgão. 
Figura 1. Ilustração do tubo digestório 
Fonte: ORIÁ & BRITO; 2016. 
42 42
PARA SABER MAIS 
A necessidade de um reservatório entre o esôfago e o 
intestino delgado provoca no estômago a capacidade de 
dilatação superior a qualquer parte do trato digestório em 
virtude dos alimentos que permanecerem armazenados 
nele por algum tempo. 
No tocante da anatomia, o estômago pode ser divido em quatro partes: 
cárdia, fundo gástrico, corpo gástrico e porção pilórica, como indicado 
na figura 2. Abaixo segue a tabela 1, diferenciando as partes anatômicas 
do estômago. 
Tabela 1. Divisão anatômica do estômago e as características das partes 
Partes do Estômago Características 
Cárdia 
A parte que circunda o óstio cárdico, a abertura superior do 
estômago. Em decúbito dorsal, o óstio cárdico geralmente 
está situado posteriormente à 6a cartilagem costal esquerda, 
a 2 a 4 cm do plano mediano, no nível da vértebra toráxica XI. 
Fundo Gástrico 
A parte superior dilatada que está relacionada com a cúpula 
esquerda do diafragma, limitada inferiormente pelo plano 
horizontal do óstio cárdico. A incisura cárdica está situada 
entre o esôfago e o fundo gástrico. O fundo gástrico pode 
ser dilatado por gás, líquido, alimento ou pela combinação 
destes. Em decúbito dorsal, o fundo gástrico geralmente 
está situado posteriormente à costela VI esquerda. 
Corpo Gástrico A parte principal do estômago, entre o fundo gástrico e o antro pilórico. 
Porção Pilórica 
A região afunilada de saída do estômago; sua parte 
mais larga, o antro pilórico, leva ao canal pilórico, sua 
parte mais estreita. O piloro é a região esfincteriana
distal da parte pilórica. É um espessamento acentuado 
da camada circular de músculo liso que controla a 
saída do conteúdo gástrico através do óstio pilórico 
(abertura inferior do estômago) para o duodeno. 
Fonte: Elaborada pelo autor. 
43 4343
Figura 2. Vista anterior do sistema digestório 
Fonte: MOORE, 2014. 
Quando a pressão intragástrica supera a resistência do piloro, ocorre o 
esvaziamento intermitente do estômago. Em condições normais, o piloro 
se encontra em estado de contração tônica, de modo que o óstio pilórico 
é reduzido, exceto quando dá passagem ao quimo (massa semilíquida). 
A peristalse gástrica garante que o bolo alimentar seja misturado ao 
suco gástrico produzido pelo próprio estômago. A mistura formada 
deixa de ser chamada de bolo alimentar e passa a ser chamada de 
quimo. Consequentemente, estes movimentos advindos de intervalos 
irregulares promovem a abertura do óstio pilórico para que o quimo 
chegue até o intestino delgado, onde continua o processo de digestão e 
absorção de nutrientes. 
44 
 
 
 
 
44
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Devido à diferença entre biotipos de pessoas, o estômago tem suas 
curvas adaptadas, ou seja, a curvatura do estômago será moldada 
conforme as características físicas do indivíduo (figura 2). Nesse 
contexto, a tabela 2 apresenta as curvas do estômago observadas 
externamente ao órgão. 
Tabela 2. Identidicação e diferenciação entre as curvas do estômago 
Curvas do Estômago Características 
Curvatura Menor 
Forma a margem direita côncava mais curta do estômago. A 
incisura angular, parte inferior da curvatura, indica a junção 
do corpo gástrico com a parte pilórica do estômago. A 
incisura angular está localizada à esquerda da linha mediana. 
Curvatura Maior 
Forma a margem convexa mais longa do estômago. Segue 
inferiormente à esquerda da junção do 5º espaço intercostal 
e a linha média clavicular. Além disso, curva-se para a direita, 
passando profundamente à 9ª ou à 10ª cartilagem esquerda, 
enquanto continua medialmente para alcançar o antro pilórico. 
Fonte: elaborada pelo autor. 
Em termos anatômicos, é importante estudar o interior do estômago, 
visto que parte do processo de digestão ocorre no interior desse órgão. 
A figura 3 ilustra o interior do estômago. 
Figura 3. Ilustração da parede interna do estômago 
Fonte: NETTER, 2000. 
45 4545
A superfície lisa da mucosa gástrica apresenta o tom de castanho-
avermelhada no indivíduo vivo, entretanto, a parte pilórica apresenta o 
tom rosáceo. Em circunstâncias de contração, a mucosa gástrica forma 
estrias longitudinais denominadas pregas gástricas identificadas pela 
figura 3. Note que estas pregas são mais acentuadas em direção à parte 
pilórica e ao longo da curvatura maior. 
A deglutição provoca resposta gástrica, isto implica na formação de um 
sulco ou um canal gástrico temporário entre as pregas longitudinais ao 
longo da curvatura menor. O canal gástrico se origina devido à fixação 
da túnica mucosa gástrica à túnica muscular, que não tem uma lâmina 
oblíqua nesse local. A saliva e pequenas quantidades de alimento 
mastigado e outros líquidos drenam ao longo do canal gástrico para o 
canal pilórico quando o estômago está quase vazio. 
Os movimentos que o estômago promove como contração e distenção 
estão intimamente ligados às pregas gástricas. Por exemplo, as pregas 
gástricas diminuem e desaparecem quando o estômago está distendido. 
Em um indivíduo vivo, a mucosa gástrica é coberta por uma camada 
de muco contínua que protege sua superfície contra o ácido gástrico 
secretado pelas glândulas gástricas. 
1.2 Fisiologia do estômago: interação com o sistema digestório 
A estimulação mecânica da parede gástrica é produzida pelo alimento 
que chega ao estômago através da distensão e pelo estiramento 
do músculo liso. Complementar a isso, no lúmen gástrico, os 
nutrientes como oligopeptídeos e aminoácidos também provocam 
estimulação química. 
Durante a fase gástrica da digestão, as funções estomacais são 
dependentes de componentes endócrinos, parácrinos e neurais, ou 
seja, a liberação de sucos digestivos, enzimas são ativadas por estímulos 
mecânicos e químicos, que resultam em vias reflexas neurais intrínsecas 
e extrínsecas, importantes para a regulação da função gástrica. 
46 
 
 
46
As vias endócrinas envolvidas com o estômago incluem a liberação 
de gastrina, que estimula a secreção gástrica, e a liberação de 
somatostatina, que inibe a secreção gástrica. Importantes vias 
parácrinas incluem a liberação de histamina, que estimula a secreção 
gástrica ácida. As respostas causadas pela ativação dessas vias podem 
ser secretoras e motoras. Respostas secretoras incluem a secreção de 
ácido, de pepsinogênio, muco, do fator intrínseco, de gastrina, de lípase 
e de HCO3–. Observe a tabela 3 para apresentar mais detalhes sobre as 
funções do estômago. 
Tabela 3. Funções do estômago, de acordo com BERNE & LEVY, 2010 
FunçõesEstomacais 
Armazenamento — atua como reservatório temporário para o alimento. 
Secreção de H+, para eliminar micro-organismos e converter pepsinogênio em sua 
forma ativa. 
Secreção do fator intrínseco, para absorver a vitamina B12 (cobalamina). 
Secreção de muco e HCO3–, para proteger a mucosa gástrica. 
Secreção de água para lubrificação, para prover suspensão aquosa dos nutrientes. 
Atividade motora para misturar as secreções (H+ e pepsina) com o alimento ingerido. 
Atividade motora coordenada que regula o esvaziamento do conteúdo para o interior 
do duodeno. 
Fonte: BERNE & LEVY, 2010. 
1.2.1 Secreções do estômago 
O suco gástrico é o fluido secretadopelo estômago. Este fluído é uma 
mistura das secreções das células da superfície epitelial e das secreções 
das glândulas gástricas. Um dos componentes mais importantes do 
suco gástrico é o H+, visto que a principal função do H+ é a conversão do 
pepsinogênio inativo (a principal enzima do estômago) em pepsinas que 
iniciam a digestão proteica no estômago. 
Os íons H+ são importantes para impedir a invasão e a colonização do 
intestino por bactérias e outros patógenos que podem ter sido ingeridos 
com o alimento. O estômago também secreta quantidades significativas 
47 
 
 
 
 
 
 
 
4747
de HCO3– e muco, importante para proteção da mucosa gástrica contra 
o ambiente luminal acídico e péptico. Em humanos sadios, a única 
secreção gástrica essencial é o fator intrínseco, porque é necessário 
para a absorção da vitamina B12. 
As paredes internas do estômago - células epiteliais superficiais - secretam 
fluido aquoso que contém Na+ e Cl– em concentrações equivalentes 
ao plasma e maior concentração de K+ e de HCO3–. O HCO3– é retido 
no muco viscoso que, por sua vez, recobre a superfície do estômago. A 
produção de muco também é influenciada pela ingesta alimentar, isto 
implica que quanto mais se alimentar em uma única refeição maior será a 
secreção de muco. Este muco secretado pela mucosa em repouso recobre 
o estômago com cobertura pegajosa e alcalina. 
As mucinas são viscosas e pegajosas e, coletivamente, referidas 
como muco. São secretadas por células mucosas do colo localizadas 
nos colos das glândulas gástricas e pelas células epiteliais superficiais 
do estômago. 
O muco é armazenado em grandes grânulos no citoplasma apical 
das células mucosas do colo e das células epiteliais superficiais e é 
liberado por exocitose. Ainda nesse contexto, as mucinas formam 
um gel pegajoso que adere à superfície do estômago. No entanto, ele 
está sujeito à proteólise pelas pepsinas, que quebram as pontes de 
dissulfeto, o que resulta em liberação de fragmentos que não formam 
géis e, então, dissolvem a camada protetora de muco. 
As mucinas são produzidas em tecidos epiteliais e não epiteliais e 
classificadas por formarem gel. Além disso, elas fazem parte da defesa 
inata e adaptativa frente a enzimas proteolíticas como a pepsina. A 
pepsina degrada estruturas fundamentais dos esqueletos de mucinas 
como serina, treonina e tirosina. 
48 
 
48
1.2.2 Digestão no estômago – Torna-se o alimento útil ao organismo 
A maioria das secreções do trato gastrointestinal facilitam a digestão, 
visto que o sistema digestório promove a digestão de macromoléculas 
em unidades absorvíveis, usando uma combinação de degradação 
mecânica e enzimática. No estômago ocorre a agitação gástrica que 
resulta mecanicamente na produção de pedaços menores de alimento, 
aumentando mais a área de superfície exposta às enzimas digestórias. 
Parcialmente, o processo de digestão ocorre no estômago. Entretanto, o 
processo é incompleto porque a maioria da digestão ocorre no intestino. 
1.2.3 Motilidade gástrica 
A motilidade gástrica ocorre devido ao músculo liso, porque este tipo de 
múculatura apresenta características importantes para a compreensão 
da motilidade. O movimento da parede das vísceras gastrointestinais 
controla o fluxo do conteúdo luminal, ao longo da sua extensão, o que 
permite deduzir que os principais padrões de motilidade são os de 
mistura (segmentação) e de propulsão (peristalse). Destaca-se a função 
de armazenamento da musculatura lisa no estômago. 
O fundo do estômago (a parte proximal do estômago) promove lentas 
variações do tônus compatíveis com sua função de reservatório, visto 
que estas variações são importantes para receber e armazenar o 
alimento e para misturar o conteúdo com o suco gástrico. 
Gerar tônus na porção proximal do estômago resulta em força motriz na 
regulação do esvaziamento gástrico. Em contrapartida, o baixo tônus e 
baixa pressão intragástrica estão associados ao esvaziamento gástrico 
lento ou retardo. Por fim, o aumento no tônus dessa região é necessário 
para ocorrer esvaziamento gástrico. 
A região pilórica do estômago é importante para misturar dos conteúdos 
gástricos e para a propulsão pelo piloro, em direção ao duodeno, o que 
resulta nas contrações iniciadas pelas ondas lentas iniciadas no meio do 
estômago e se movem em direção ao piloro. 
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4949
Quando o alimento entra na câmara gástrica (fase gástrica da refeição), 
o piloro está fechado e, consequentemente, as contrações antrais 
servem para misturar o conteúdo gástrico e reduzir o tamanho das 
partículas sólidas (trituração). Por fim, essas contrações são também 
importantes para esvaziar o conteúdo estomacal. 
Define-se o esfíncter pilórico como a junção gastroduodenal, ou seja, a 
área de musculatura circular espessa de alta pressão gerada por contração 
tônica da musculatura lisa. Esta junção é importante para controlar o fluxo 
dos alimentos através do piloro que, por sua vez, também possui uma 
relevância na fisiopatologia das úlceras duodenais, pois uma quantidade 
maior de bolo alimentar pode significar uma quantidade maior de 
ácido que pode atacar as paredes do intestino; outra possibilidade é a 
permissividade do órgão em relação ao conteúdo ácido sem que o alimento 
chegue ao intestino e provoque irritações que possam gerar úlceras. 
1.2.4 Regulação da função gástrica 
As vias são elementares para a regulação da função gástrica, uma 
vez que esta regulação se baseia em reflexos vagovagais iniciados 
por fibras aferentes extrínsecas que inervam o músculo e a mucosa. 
Nesse contexto, as fibras nervosas aferentes das mucosas respondem 
a estímulos químicos e as fibras nervosas aferentes mecanossensíveis 
respondem à distensão e à contração da musculatura lisa. Como 
consequência, esses estímulos promovem a ativação reflexa de vias 
eferentes vagais e ativação de neurônios entéricos (estes neurônios 
inervam a musculatura lisa). 
A ativação de neurônios entéricos varia dependendo da região do 
estômago, porque a ativação neural produz efeitos excitatórios e 
inibitórios sobre a musculatura lisa gástrica. Consequentemente, a 
distensão da parede gástrica resulta na inibição da musculatura lisa, na 
porção proximal do estômago e o subsequente reflexo de acomodação, 
que permite que a entrada e o armazenamento do alimento ocorram 
com mínimo aumento da pressão intragástrica. 
50 50
A função motora gástrica é regulada pelos estímulos resultantes da 
presença do alimento no estômago, tanto mecânicos quanto químicos. 
Além disso, a distensão e a presença de aminoácidos e pequenos 
peptídeos – digestão proteica – também regulam a motricidade gástrica. 
Por outro lado, a motricidade predominante na região pilórica do 
estômago - na fase gástrica da refeição – é a ativação da musculatura 
lisa com o objetivo de produzir e reforçar as contrações antrais. 
Sabe-se que o antro gástrico é o compartimento diretamente 
responsável pelo esvaziamento gástrico, especialmente o de partículas 
sólidas. O antro possui atividade contrátil fásica, de natureza peristáltica, 
que se origina na transição corpoantro e que migra até a transição 
gastroduodenal. Determina-se essa atividade motora no estômago pela 
atividade mioelétrica autóctone, perene, originada em um marcapasso 
situado na grande curvatura do estômago. A frequência das contrações 
antrais é determinada pelo marcapasso gástrico. 
O peristaltismo antral é o responsável pela trituração dos alimentos 
ingeridos, pela mistura das suas partículas com a secreção gástrica 
e pela sua propulsão ao duodeno, uma vez atingidas condições 
adequadas de consistência e de tamanho das partículas do conteúdo 
gástrico. Embora a amplitude das contrações seja regulada pela 
liberação de neurotransmissores, pelos neurônios entéricos, incluindo a 
substância P e a acetilcolina. Tanto a substância P quanto a acetilcolina 
aumentam o nível de despolarização da musculatura lisa, isto implica 
em contrações mais fortes. 
Durantea fase gástrica, principalmente quando é analisado a porção 
pilórica, note que o piloro está na maior parte de tempo fechado. 
Consequentemente, as contrações antrais movem o conteúdo em 
direção ao piloro. Todavia o piloro está fechado e o conteúdo retorna 
para as porções mais proximais do estômago e, assim, o conteúdo 
gástrico será misturado. 
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PARA SABER MAIS 
Define-se Grinding como separação e dispersão de 
partículas através das contrações antrais, podendo 
ocluir o lúmen. 
1.3 Não se esqueça! 
O estômago pode ser definido como órgão presente no sistema 
digestório em forma de bolsa, cuja localização está entre o esôfago 
e o duodeno. Além disso, as paredes que revestem o interior do 
estômago contêm as glândulas gástricas que produzem o suco 
gástrico, muco que, por sua vez, são importantes para o processo 
digestivo e proteção do órgão frente às reações químicas que o 
alimento sofre entre as paredes estomacais. 
TEORIA EM PRÁTICA 
No interior do estômago, existe a barreira mucosa 
gástrica formada pela secreção de muco. Em alguns 
momentos, esta barreira fica debilitada, ou seja, o 
rompimento da superfície do revestimento estomacal 
é degenerado, atingindo a parede muscular da mucosa 
e as estruturas mais profundas. Este tipo de lesão é 
denominado como úcera. As erosões e as úlceras gástricas 
ocorrem como resultado de falha no balanceamento 
entre os mecanismos protetores da mucosa e os fatores 
agressivos que podem rompê-la. Quais são os fatores que 
amplificam a gênese da úlcera gástrica? 
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VERIFICAÇÃO DE LEITURA 
1. Quais são as partes que podem ser dividas o estômago 
no tocante da anatomia? Assinale a alternativa 
mais correta. 
a. Cárdia, corpo do estômago, centro do estômago e 
ápice do estômago. 
b. Cárdia, corpo do estômago, fundo do estômago e 
porção pilórica. 
c. Cárdia, corpo do estômago, fundo do estômago e 
ápice do estômago. 
d. Corpo do estômago, fundo do estômago, porção 
pilórica e ápice do estômago. 
e. Corpo do estômago, cárdica, porção pilórica e ápice 
do estômago. 
2. Sobre o estômago, assinale a alternativa correta. 
a. Ocorre a digestão completa. 
b. O piloro é um esfíncter localizado na porção proximal 
do estômago. 
c. A musculatura do estômago se assemelha ao músculo 
estriado esquelético. 
d. As contrações antrais promovem movimento do 
alimento em direção ao esôfago. 
e. e) A parte distal do estômago está associada com a 
função de misturar os conteúdos gástricos. 
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3. Sobre a motilidade gástrica, assinale a 
alternativa correta. 
a. O baixo tônus e alta pressão intragástrica estão 
associados ao esvaziamento gástrico. 
b. O movimento da parede das vísceras gastrointestinais 
não controla o fluxo do conteúdo luminal. 
c. A geração de tônus na porção proximal do 
estômago resulta em força motriz na regulação do 
esvaziamento gástrico. 
d. A região pilórica é importante para misturar os 
conteúdos gástricos e para a propulsão pelo piloro em 
direção ao esôfago. 
e. O fundo do estômago promove rápidas variações do 
tônus compatíveis com sua função de reservatório. 
Referências bibliográficas 
BERNE, R. M.; LEVY, M. N. (Ed.). Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2010. 
FONTES, L.E.S.; MARTIMBIANCO, A.L.C.; ZANIN, C.; RIERA, R. N-acetylcysteine as 
an adjuvant therapy for Helicobacter pylori eradication. Cochrane Database of 
Systematic Reviews, 2019. 
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2017. 
MACLENNAN, S.; AUGOOD, C.; CASH-GIBSON, L.; LOGAN, S.; GILBERT, R.E. Cisapride 
treatment for gastro-oesophageal reflux in children. Cochrane Database of 
Systematic Reviews, 2010. 
MOORE, K. L. Anatomia Orientada para a Clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2014. 
54 
 
54
NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 
ORIÁ, R.B.; BRITO, G. A. C. Sistema Digestório: Integração básico-Clínica. 1. ed. 
São Paulo: Bluchter, 2016. 
SILVERTHORN, D.V. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. 
São Paulo: Manole, 2017. 
TORTORA, G.J.; GRABOWSKI, S.R. Corpo Humano. Fundamentos de Anatomia e 
Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Artmed, 2008. 
Gabarito 
Questão 1 – Resposta: B 
As quatro divisões anatômicas que podem ser aplicadas ao 
estômago são: Cárdia, corpo do estômago, fundo do estômago e 
porção pilórica. 
Questão 2 – Resposta: E 
A parte distal do estômago está associada com a função de 
misturar os conteúdos gástricos e para a propulsão pelo piloro, 
em direção ao duodeno (componente do intestino delgado). 
Questão 3 – Resposta: C 
O esvaziamento gástrico está intimamente relacionado com a força 
motriz advinda das contrações do músculo liso, principalmente da 
porção proximal do estômago. 
 
 
 
 
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Pâncreas, fígado e vesícula biliar 
Autor: Pedro Octavio Barbanera 
Objetivos 
• Diferenciar anatomicamente os órgãos anexos ao 
sistema digestório; 
• Sintetizar os mecanismos fisiológicos desses órgãos 
durante o processo de digestão; 
• Compreender a atuação desses órgãos anexos 
ao sistema digestório através de uma ótica global 
da digestão. 
55 
56 
 
 
 
 
56
1. Visceras abdominais – Foco em sistema 
digestório: pâncreas, fígado e vesícula biliar 
As vísceras abdominais representam a maior parte do sistema digestório. 
Dessa forma, o sistema digestório, pelo menos a maioria de seus 
componentes, está localizado na região abdominal do corpo humano. A 
figura 1 ilustra a distribuição dos órgãos do sistema digestório. 
Figura 1. Ilustração da distribuição visceral dos órgãos na 
cavidade abdominal 
Fonte: MOORE, 2014 
ASSIMILE 
Ao expor a cavidade abdominal para estudar esses órgãos, 
é nítido visualizar que o fígado, o estômago e o baço 
ocupam a maior parte da cúpula do diafragma. Destaca-
se também a saliência desses componentes em relação à 
cavidade torácica e, consequentemente, recebem proteção 
da parte inferior da caixa torácica. 
57 
 
 
 
 
 
5757
Para avançar os estudos sobre o sistema digestório, é importante destacar 
que existe interferência de órgãos anexos a este sistema que contribuem 
para o processo de digestão. A localização destes órgãos, bem como as 
possíveis relações com a digestão serão discutidas principalmente com 
relação à participação do Pâncreas, Fígado e Vesícula Biliar. 
Bons estudos! 
2. Pâncreas 
O pâncreas é definido como uma glândula acessória do processo 
de digestão, alongada, retroperitoneal, situada sobrejacente e 
transversalmente aos corpos das vértebras LI (primeira vértebra 
lombar) e LII (segunda vértebra lombar), na parede posterior do 
abdome. Esta glândula está situada atrás do estômago, entre o 
duodeno à direita e o baço à esquerda. 
PARA SABER MAIS 
O pâncreas produz secreções endócrinas e exócrinas, o que 
permite classificá-lo como glândula mista. Lembre-se que 
glândulas têm como principal função secretar substâncias 
com funções pré-estabelecidas. 
As secreções produzidas pelo pâncreas podem ser diferenciadas da 
seguinte forma: 
• Secreção exócrina: conhecida como suco pancreático, é 
produzida pelas células acinares e liberada no duodeno através 
dos ductos pancreáticos principal e acessório. A título de 
curiosidade, o pâncreas produz diariamente 1200 – 1500 mL de 
suco pancreático. 
58 
 
 
58
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• Secreções endócrinas: representam secreção liberada 
diretamente na corrente sanguínea. Dentre os produtos 
secretados de maneira endócrina, tem-se o glucagon e insulina, os 
quais são produzidos pelas ilhotas pancreáticas de Langerhans. 
Em termos anatômicos, o pâncreas pode ser ilustrado (figura 2) e 
descrito em quatro partes. As partes do pâncreas são: Cabeça (aloja-se 
na curva do duodeno), Colo, Corpo (dividido em três partes: anterior, 
posterior e inferior) e Cauda. 
Figura 2.Ilustração das vísceras abdominais. 
Destaca-se as partes do pâncreas 
Fonte: NETTER, 2000. 
A cabeça do pâncreas é identificada pela expansão da glândula, em 
outras palavras, esta parte do pâncreas é circundada pela curvatura 
em forma de arco (lembra a letra “C”) do duodeno à direita dos vasos 
mesentéricos superiores logo abaixo do plano transpilórico. 
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PARA SABER MAIS 
O processo uncinado é definido como a projeção da 
parte inferior da cabeça do pâncreas, visto que se estende 
medialmente para a esquerda. A cabeça do pâncreas está 
apoiada posteriormente na veia cava inferior (VCI), artéria e 
veia renais direitas, e veia renal esquerda. 
O colo do pâncreas tem um comprimento curto (varia entre 1,5 cm a 
2 cm) e está localizado sobre os vasos mesentéricos superiores. 
O corpo do pâncreas é o prosseguimento do colo e está localizado à 
esquerda dos vasos mesentéricos superiores, passando sobre a aorta 
e a vértebra LII, logo acima do plano transpilórico e posteriormente à 
bolsa omental. 
A cauda do pâncreas se situa anteriormente ao rim esquerdo, onde 
está intimamente relacionada ao hilo esplênico e à flexura esquerda 
do colo. A cauda é relativamente móvel e passa entre as camadas do 
ligamento esplenorrenal junto com os vasos esplênicos. 
No tocante da anatomia, os ductos pesentes no pâncreas são canais que 
permitem a liberação e/ou escoamento da secreção produzida pelo órgão, 
sendo relevância para o funcionamento do sistema digestório. Sob esta 
ótica, o ducto pancreático principal começa na cauda do pâncreas e 
atravessa o parênquima da glândula até a cabeça do pâncreas, onde ele 
se volta inferiormente, tendo íntima relação com o ducto colédoco. 
PARA SABER MAIS 
O ducto pancreático principal e o ducto colédoco geralmente 
se unem para formar a ampola hepatopancreática (de 
Vater) curta e dilatada, que se abre na parte descendente do 
duodeno, no cume da papila maior do duodeno. 
60 60
O ducto pancreático acessório abre-se no duodeno, especificamente 
no cume da papila menor do duodeno. Geralmente, o ducto acessório 
comunica-se com o ducto pancreático principal. Em alguns casos, 
o ducto pancreático principal é menor do que o ducto pancreático 
acessório e pode não haver conexão entre os dois. Nesses casos, o ducto 
acessório conduz a maior parte do suco pancreático. 
PARA SABER MAIS 
O músculo esfíncter do ducto pancreático, o músculo 
esfíncter do ducto colédoco e o músculo esfíncter da 
ampola hepatopancreática são esfíncteres de músculo 
liso que controlam o fluxo de bile e de suco pancreático 
para a ampola e impedem o refluxo do conteúdo duodenal 
para a ampola hepatopancreática. 
2.1 Mecanismos fisiológicos do pâncreas acinar (Exócrino) 
Embora o pâncreas seja uma glândula mista, no momento, o foco 
será na unidade funcional do pâncreas exócrino. Esta unidade é 
representada por ácinos, formado por células acinares piramidais e por 
um dúctulo, para onde a secreção é drenada. Por fim, esses dúctulos 
conduzem a secreção pancreática em duetos maiores que constituem 
o ducto pancreático, o qual esvazia seu conteúdo ao nível da ampola 
hepatopancreática, junto à bile. 
PARA SABER MAIS 
As células acinares são específicas para a síntese e 
armazenamento de enzimas digestivas. Outra característica 
importante está relacionada com a membrana 
basolateral, visto que os receptores para hormônios e 
neurotransmissores que estimulam a secreção de enzimas 
estão alocados neste domínio da membrana. 
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A secreção do pâncreas tem grande destaque no processo digestivo, 
visto que se trata, indiscutivelmente, da mais importante das secreções 
digestivas (seria impossível a digestão integral dos alimentos na 
ausência dessas secreções). 
ASSIMILE 
O volume diário da secreção do pâncreas varia entre 1.200 
mL/dia, cujo pH se encontra na faixa alcalina, isto é, ao 
redor de 8,2. 
A secreção produzida pelo pâncreas pode ser diferenciada em dois tipos. 
A secreção hidrelática, que apresenta como principal característica 
abundância em água e eletrólitos (principalmente bicarbonato e sódio), 
e a secreção ecbólica, que contém enzimas digestivas. 
A secreção hidrelática confere o volume de aproximadamente 80% da 
secreção pancreática. Além disso, a presença de água e bicarbonato 
exerce uma função fundamental ao liberar enzimas pancreáticas na 
luz intestinal e neutralizar o quimo ácido esvaziado do estômago no 
intestino. A secretina estimula a produção de componentes aquoso, o 
que promove a formação da secreção obtida seja incolor, translúcida, 
alcalina e isotônica com o plasma, em outras plavras, a secretina é 
liberada na corrente sanguínea para estimular a secreção de água e 
bicarbonato no pâncreas e pelas glândulas de Brünner. O bicarbonato 
(HCO3-) ajuda a neutralizar o ácido gástrico, processo essencial para a 
digestão das gorduras. 
A secreção pancreática que contêm basicamente em sua composição 
enzimas que agem sobre todos os substratos alimentares, completando 
sua degradação química é denominada secreção ecbólica pancreática. 
Em outras palavras, esta secreção é de importância vital no processo 
digestivo, sendo impossível prescindir dela na digestão. 
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A regulação da secreção ecbólica é controlada principalmente pela 
colecistocinina (CCK) cuja ação é estimular especificamente a secreção de 
enzimas do pâncreas. Além disso, a CCK potencializa a ação de secretina, 
isto é, tanto a CCK quanto a secretina estimulam a proliferação celular no 
pâncreas exócrino, a secreção biliar e pancreátrica de bicarbonato, uma 
ação que também partilhada pela CCK em menor intensidade. 
Por fim, a CCK inibe o esvaziamento gástrico ao aumentar a contração 
do esfíncter pilórico, impedindo o refluxo gastro-duodenal. Ao receber 
estímulos do alimento, a CCK atua nas células acinares do pâncreas para 
formar e liberas enzimas. Outros fatores hormonais intestinais, como 
a bombesina (GRP) e a substância P, apresentam efeito estimulante 
da secreção ecbólica. Contrapondo ao estímulo, a secreção ecbólica 
é deprimida pela ação da somatostatina (SS) e do polipeptídeo 
pancreático (PP). O estimulo vagal é fundamental ao processo de 
digestão, uma vez que também excita a secreção ecbólica, porém de 
maneira mais fraca em relação à hidrelática. 
PARA SABER MAIS 
A CK é formada nas células específicas I da mucosa do 
intestino delgado através de estímulos doetéticos, ou seja, 
sob a influência de gorduras e proteínas do quimo. Estas 
últimas são parcialmente degradadas pela ação do HCl e da 
pepsina no estômago. 
3. Fígado 
O fígado é a maior glândula do organismo, e é também a mais volumosa 
víscera abdominal, identificada facilmente na figura 1. Está alocado 
na região superior do abdômen, inferiormente ao diafragma, com 
deslocamento para a direita. Em outras palavras, 2/3 de sua composição 
está à direita da linha mediana e 1/3 restante à esquerda. 
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Lobo dir,elo - -+-~ 
Face visceral 
Fii u1r, do li . venoso 
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!,,,,ilii!:----- Lo bo dire iito 
Anatomicamente, o fígado apresenta duas faces: Diafragmática e Visceral. 
Complementar a isso, o fígado é dividido em lobos. Ao observar a face 
diagramática, nota-se um lobo direito e um lobo esquerdo (o lobo 
direito é duas vezes maior que o lobo esquerdo, normalmente). Os lobos 
são divididos pelo ligamento falciforme (figura 3). Já a face Visceral é 
subdividida em quatro lobos (direito, esquerdo, quadrado e caudado), 
com 2 ramos antero-posteriores e um ramo transversal que os une. 
PARA SABER MAIS 
Ao observar a extremidade do ligamento falciforme, 
é possível identificar um cordão fibroso resultante da 
obliteração da veia umbilical, denominado ligamento 
redondo do fígado. 
Figura 3. Partes e segmentos do fígado 
Fonte: ORIÁ

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