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Coaching em Essência W B A 0 2 3 4 _ V 1_ 1 2/222 Coaching em Essência Autor: Alberto Ruggiero Como citar este documento: RUGGIERO, Alberto P. Coaching em Essência. Valinhos: 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Conceito e origens de coaching 06 Assista a suas aulas 25 Unidade 2: Diferenciando coaching, mentoring e counseling 33 Assista a suas aulas 52 Unidade 3: Vantagens e limitações do processo de Coaching 62 Assista a suas aulas 81 Unidade 4: Relação entre coach e coachee 89 Assista a suas aulas 108 2/222 3/2223 Unidade 5: Aplicações do coaching 116 Assista a suas aulas 134 Unidade 6: Processo de avaliação no coaching 142 Assista a suas aulas 161 Unidade 7: Técnicas e métodos de avaliação em coaching 169 Assista a suas aulas 187 Unidade 8: Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees 195 Assista a suas aulas 212 Sumário Coaching em Essência Autor: Alberto Ruggiero Como citar este documento: RUGGIERO, Alberto P. Coaching em Essência. Valinhos: 2016. 4/222 Apresentação da Disciplina Face à atual conjuntura com que o mundo organizacional se depara, com as constantes necessidades de mudança, empreendedorismo e inovação, para que as companhias possam continuar a “sobreviver” e acompanhar a competividade necessitam incorporar novas técnicas e novas estratégias. A parte humana vem ocupando uma posição de destaque neste meio, pois uma das principais formas das organizações se manterem competitivas passa pela aposta no potencial humano, com a inovação em termos de gestão de pessoas, tendo em vista seu desenvolvimento pessoal e profissional. Cada vez mais profissionais assumem novos papéis, exercendo influências distintas e evoluem, juntamente com a evolução da economia global. A palavra coaching, que vem sendo amplamente utilizada, desde a década passada, possui forte relação com o fenômeno da globalização e constitui-se num dos mais poderosos processos de gestão e desenvolvimento de pessoas. A nova dinâmica alcançada pelo mundo, após inúmeras possibilidades trazidas pela tecnologia, como nunca antes na história, vem alterando a forma como vemos as coisas, também com impacto nos costumes, práticas, crenças e valores. Com o advento da globalização, uma pessoa que mora no Brasil passa a experimentar influências culturais de outros países, de forma muito rápida, o 5/222 que altera, completamente, seu modelo mental e o jeito como se comporta, vive e aprende. Com isso, o ambiente empresarial muda também, alterando a visão em relação ao que denominamos de cultura organizacional. Essa mudança cria novas demandas para todos os profissionais, especialmente aqueles em cargos de liderança. A palavra coaching é utilizada nos cinco continentes e, mesmo em países que não tem o inglês como língua oficial, a expressão permanece sem uma “tradução” literal, e deverá ser cada vez mais utilizada tanto no ambiente profissional, quanto no âmbito pessoal. Segundo a literatura (KRAUSZ, 2007; UNDERHILL, 2010; WHITMORE, 2006; ZAHAROV, 2012), vem ocupando uma posição de destaque, constituindo-se como uma ferramenta promotora do desenvolvimento de pessoas, tendo em vista o sucesso pessoal e organizacional. O novo profissional, especialmente aquele que lidera grupos, deve estar cada vez mais preparado para atender a essas demandas, já que coaching é um processo focado em ações para o desenvolvimento de competências. Trata-se de uma ferramenta que pode ajudar os profissionais nas possibilidades futuras e como transformá- las em realidade. Esta disciplina envolve os principais aspectos relacionados a essa prática. 6/222 Unidade 1 Conceito e origens de coaching Objetivos 1. Compreender o que é coaching, origens e significado do termo, bem como a incorporação de sua utilização no mundo corporativo. 2. Conhecer os tipos de coaching e seu leque de aplicações no campo pessoal e profissional. 3. Conhecer as etapas de um processo de coaching. Unidade 1 • Conceito e origens de coaching7/222 Introdução Coaching é um dos temas mais discutidos atualmente no mundo corporativo e que tem sido cada vez mais estudado. É um processo bem definido com início, meio e fim cujo objetivo principal é o aumento do estado de consciência visando à elevação da performance. Para que isso de fato ocorra, torna-se vital o entendimento das ferramentas que compõem este processo e de que forma podem contribuir para a obtenção dos resultados esperados. Segundo Ferreira (2013), o coaching tem como finalidade aprofundar o desenvolvimento de competências e habilidades, necessárias para o alcance dos objetivos pessoais e profissionais. O indivíduo possui como base para obter tais objetivos, cinco pilares fundamentais: • Alinhamento: ter uma linha em seus objetivos, saber o que realmente gosta e deseja seguir. • Foco: significa não se desviar do objetivo. • Paciência: é desenvolver o equilíbrio emocional da espera. • Persistência: não desistir, ter resiliência. • Atitude: agir, não ficar na inércia. Nessa perspectiva, para Krausz (2007), o processo de coaching tem sido cada vez mais utilizado para alinhar as competências pessoais dos profissionais com as necessidades e competências exigidas pelo mercado competitivo. O foco na solução é uma das estratégias para o Unidade 1 • Conceito e origens de coaching8/222 processo de coaching. E como se observa nos ensinamentos de Whitmore (2006), a ideia é canalizar energias para a solução do problema, estudando-se alternativas e opções de planejar ações a serem executadas e colocando-as em prática. O que mais se observa é que os profissionais que se comprometem com o programa de coaching experimentam novas perspectivas pessoais sobre desafios e oportunidades. Isso os auxilia a detectar seus pontos fortes nos processos de tomada de decisão, com um resultado interpessoal mais elevado e aumento da confiança no desempenho de suas funções, tanto no trabalho como na vida pessoal. Há que se familiarizar com alguns termos nesta prática e que serão abordados em todos os temas: • Coaching: o processo de desenvolvimento que o coach facilita. • Coach: profissional gabaritado a exercer o processo de coaching. Pode ser um profissional externo ou de dentro da organização se for desenvolvido para esse fim. • Coachee: pessoa que passa pelo processo de coaching. • Cliente: pessoa que passa pelo processo de coaching. Diante do exposto, o termo coaching tem atuado cada vez mais no mundo Unidade 1 • Conceito e origens de coaching9/222 corporativo, tendo se tornado uma ferramenta para os profissionais gerarem resultados elevados em suas carreiras. É uma metodologia que trabalha com objetivos concretos e metas. O processo de coaching não é sustentado por “fórmulas”, utiliza metodologias, técnicas e conceitos testados e comprovados por meio de pesquisas. Diante disso, verifica-se que é um processo que não promete resultados milagrosos, na verdade ele desafia o coachee a descobrir e a utilizar ao máximo seu potencial. É importante mencionar que a origem desta expressão é oriunda da área esportiva, a partir da função do coach (técnico ou treinador). Assim como nos esportes individuais bem como nos coletivos, o coach é responsável por trabalhar com um atleta e uma equipe e liderá-los, mostrando a forma como devem desenvolver e realizar uma jogada ou um determinado movimento ou mesmo uma Link Algumas considerações sobre o processo de coaching. Disponível em: <http://www.rh.com. br/Portal/Desenvolvimento/Artigo/9060/ algumas-consideracoes-sobre-o-processo- de-coaching.html>. Acessoem: 19 set. 2016. Unidade 1 • Conceito e origens de coaching10/222 ação, segundo os princípios aceitos para aquela determinada modalidade esportiva. Seu papel é de fundamental importância na etapa de treinamento do atleta (ou da equipe), assim como no momento da disputa da prova ou da realização do jogo. Uma decisão do técnico (ou coach) poderá impactar na motivação, nos comportamentos e no desempenho final do atleta, antes e durante a competição. A área organizacional adotou esta expressão no sentido de empreender uma ação importante da liderança (ou de profissionais contratados para esse fim) com o objetivo de realizar o processo de coaching. O liderado, ou profissional, que recebe o coaching, é denominado coachee. Ele é o agente interlocutor do coach e deverá apreender, em seu cotidiano, os benefícios da interação e relacionamento com o seu coach. É importante salientar que existe uma primordial diferença entre o coaching esportivo e o coaching empresarial. No primeiro caso o coach orienta seu coachee de tal forma que ele deve seguir as diretrizes apresentadas, moldando seus comportamentos durante um jogo ou disputa de acordo com as dicas ou conselhos do coach. No segundo caso, o coaching aplicado à área organizacional parte de um princípio importante, distinto do coaching esportivo: não se trata de algo a ser “ensinado” já que não existe Unidade 1 • Conceito e origens de coaching11/222 uma técnica digamos como a mais “correta” para ser aprendida e utilizada. O aprendizado vai sendo moldado durante as sessões de coaching entre coach e coachee. 1. Origens do termo coach Conduzir alguém a seu destino. Essa era a atribuição de um coach em sua versão mais remota, ou seja, por meio de uma espécie de carruagem, o condutor tinha a função de levar seus passageiros em segurança de um ponto a outro. Segundo Chiavenato (2002), o coaching era realizado desde a antiguidade, pelo filósofo Sócrates (470 a.C. – 399 a.C.), entretanto o termo não era conhecido na época, somente o processo que o filósofo aplicava. Sócrates reunia-se com seus discípulos para discutir ideias e pensamentos, orientando-os que buscassem o aprendizado dentro de si. Link Sócrates e o método socrático. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/ filosofia/socrates-o-metodo-socratico-e- o-parto-das-ideias.htm>. Acesso em: 19 set. 2016. A origem da expressão coach parte de diversas abordagens atribuídas ao seu significado, evolução e aplicação atuais. Em 1500, na França, a palavra coche Unidade 1 • Conceito e origens de coaching12/222 era utilizada para denominar aquele que conduzia uma carruagem, que transportava pessoas de um lugar para o outro. Nessa mesma época, a expressão coach surgiu na Inglaterra com o mesmo significado. Em 1850, passou a ser usado nas universidades inglesas, como uma analogia às carruagens da época, para o tutor de uma pessoa, aquele que guiava os estudantes pelos campos do conhecimento, que os ajudavam a se prepararem para os exames. Para saber mais Há outra corrente de estudiosos que defende a origem do termo como proveniente da Hungria, com a expressão Kocsi Szekér, ou seja, carruagem dos Kocs. Conhecida como um vilarejo do interior desse país, que produzia carruagens de excelente qualidade e que oferecia, naquela época, conforto com suspensão e molas de aço. Eram utilizadas no transporte de passageiros e correspondências. Com o passar do tempo, estudantes universitários passaram a fazer uso da expressão para mencionar e reconhecer aqueles professores que mais se distinguiam na orientação de seus alunos. Unidade 1 • Conceito e origens de coaching13/222 Atualmente o coach é considerado um profissional capacitado que oferece aos líderes e executivos a oportunidade de desenvolver suas capacidades individuais, por meio de ferramentas apropriadas. O processo de coaching torna-se, então, uma reconhecida prática no campo do desenvolvimento de pessoas. Em 1950, a atividade do coach, como gestor de desenvolvimento de pessoas, era introduzida na literatura dos negócios, em livros, artigos e conferências. E em 1960, iniciou-se um programa educacional nos Estados Unidos, que introduziu, pela primeira vez, habilidades de coaching. Esse programa também foi desenvolvido no Canadá e aperfeiçoado com a inclusão de resolução de problemas. Dessa forma, o termo coaching passou a ser reconhecido e utilizado para se referir a um orientador particular. Programas de liderança incluíram o conceito e o mundo dos negócios passou a enxergar relativa importância nesse tema. Na década de 80, o coaching emergiu como uma disciplina importante, para auxiliar no desempenho de indivíduos e organizações. A partir do início dos anos 2000, essa atividade teve um crescimento extremamente rápido com a divulgação de publicações científicas e estudos de caso. Para confirmar o crescimento do tema foi consultado o site da ICF (International Coaching Federation) e encontrado uma pesquisa realizada globalmente no ano de 2015, denominada Global Coaching Unidade 1 • Conceito e origens de coaching14/222 Study. Esse estudo teve como objetivo, em nível mundial, identificar oportunidades relacionadas à temática bem como compreender as dificuldades dos profissionais que atuam com o coaching. Foram consultados 15.000 coaches, de 137 países e a estimativa levantada é de que existem, atualmente, 53.300 profissionais que atuam com coaching no mundo (International Coaching Federation, 2016). 2. Conceitos acerca do processo de coaching Há várias definições sobre coaching e não há consenso entre os estudiosos do tema. O termo coaching, de acordo com Matta (2008), é utilizado em inglês pelas empresas no Brasil, sendo considerado uma ferramenta para corrigir baixa performance, acelerar o desenvolvimento de executivos dotados de alto potencial e alinhar a performance individual à performance organizacional. Diversas interpretações sobre coaching podem ser encontradas na literatura, podendo-se citar, como exemplo, a visão de Araújo (1999), segundo o qual, o termo inglês coach tem origem no mundo dos esportes e designa o papel de treinador, preparador, ou seja, técnico ou treinador de profissionais. Assim, atualmente, um coach ajuda uma pessoa a transpor um nível, a expandir uma aptidão, a elevar a performance ou até a mudar a forma como a pessoa pensa. Para Krausz (2007), Unidade 1 • Conceito e origens de coaching15/222 o coaching é definido como um processo que contribui para que os indivíduos se transformem, reflitam sobre sua visão de mundo, desenvolvam conhecimentos e acrescentem habilidades e capacidades. Outras definições apresentam o processo como uma ferramenta que ajuda as pessoas a produzir resultados extraordinários em suas vidas pessoais e profissionais. Por meio do coaching, os coachees aprofundam sua aprendizagem aperfeiçoando seu desempenho e qualidade de vida (ICF – International Coaching Federation – 2016). Mediante o exposto, coaching pode ser definido como um processo que visa fomentar no indivíduo o conhecimento de si mesmo e impulsionar o desejo de aperfeiçoar seu desempenho ao longo do tempo, bem como a orientação necessária para que a mudança ocorra. Para saber mais O coach surgiu no esporte como uma técnica utilizada pelos treinadores para motivação dos esportistas, no qual o grande diferencial dessa forma de treinamento, denominada Inner Game, ou jogo interior, sustenta que o oponente real do atleta não é outro competidor, mas suas próprias limitações e fraquezas. É uma forma de superar hábitos mentais que podem inibir o bom desempenho.Unidade 1 • Conceito e origens de coaching16/222 É um processo de muitas facetas, dimensões e possibilidades, o que confunde boa parte das pessoas na sua compreensão e que pode ser utilizado de forma altamente variável conforme seus propósitos e circunstâncias. Link Dez perguntas para Tim Gallwey, criador do conceito de coaching e autor do livro The Inner Game. Disponível em: <http:// www.istoedinheiro.com.br/noticias/ negocios/20130830/perguntas-para-tim- gallwey-criador-conceito-coaching-autor- livro-the-inner-game/5067.shtml>. Acesso em: 19 set. 2016. Toda pessoa que deseja buscar melhoria, evolução, automotivação, sucesso, transformação, mudança, qualidade de vida e excelência, em alguma área da sua vida, poderá alcançar os resultados esperados mediante um processo de coaching conduzido de forma profissional, mediante um processo andragógico de ensiná-la a pensar e refletir para buscar o conhecimento no fundo de si mesma. Unidade 1 • Conceito e origens de coaching17/222 3. Tipos de coaching Segundo Whitmore (2006), o coaching atua em diversos campos. No âmbito pessoal e profissional é um processo interativo Para saber mais O termo andragogia é proveniente do grego andrós (adulto) e gogos (educar), que tem como significado a educação ou ensino para adultos. Este termo foi citado pela primeira vez por Malcolm Knowles, na década de 1970. A palavra remete ao conceito de educação voltada para o adulto, diferentemente da pedagogia, que está relacionada à educação infantil (proveniente do grego paidós, criança). e individual que orienta indivíduos a se desenvolverem e a produzirem resultados mais eficazes em vários aspectos de suas vidas, por meio da utilização de técnicas e ferramentas de assessoria pessoal. No âmbito organizacional, o coaching contribui para o desenvolvimento de equipes, líderes e da organização como um todo, visando atingir as metas das empresas. O coaching pode ser realizado ou aplicado de forma individual ou em grupo, presencial ou virtual (telefone, skype, videoconferência). Segundo Matta (2008), suas áreas de atuação subdividem-se em: • Coaching pessoal ou de vida: foca uma área específica da vida, como saúde, finanças, relacionamento Unidade 1 • Conceito e origens de coaching18/222 etc. Inicia-se o processo com um problema específico e se expande aos outros assuntos particulares. • Coaching profissional ou de carreira: focaliza sua intervenção no apoio a colaboradores, de forma a obter incremento da sua performance profissional por meio do desenvolvimento e/ou aprimoramento de competências. • Coaching executivo ou empresarial: direcionado a profissionais que ocupem nível estratégico nas empresas, visando manter um bom padrão de vida pessoal e profissional e voltado para os resultados organizacionais. Independentemente do tipo que venha a ser trabalhado, o coaching apoia a melhoria do desempenho individual, seja no trabalho ou no âmbito pessoal, aprimorando as aptidões de relacionamento interpessoal e de comunicação, além da aquisição de novos conceitos, técnicas, processos e ferramentas de trabalho, com sua efetiva aplicação. 4. Etapas do processo de coaching Para alguns estudiosos do tema, o processo de coaching divide-se em três fases: preparação, no qual é analisado o contexto e definidos os objetivos; Unidade 1 • Conceito e origens de coaching19/222 processo em si, que ocorre através de reuniões estruturadas para se explorar a situação atual, desenvolver um plano de ação para atingir os objetivos propostos bem como a validação das ações e; a última fase refere-se ao seguimento, onde coach e coachee analisam os objetivos que foram alcançados e as melhorias obtidas, planejando-se novas ações. O processo de coaching tem início quando o indivíduo procura apoio para desenvolver algum aspecto da sua vida e o coach aceita apoiá-lo, para que seja alcançado o resultado. Entende-se que o comprometimento do coach não é apenas com o resultado e sim com a pessoa como um todo. Dessa forma, Zaharov (2010), salienta que o coaching possibilita o autoconhecimento já que, no início do processo, o coachee necessita saber com clareza onde se encontra no momento, para que possa chegar ao lugar desejado. Isso significa que é necessário possuir um bom conhecimento de si para obter as metas estabelecidas. Assim, para qualquer mudança efetiva, se faz necessário que o indivíduo tenha flexibilidade, possibilitando que revise constantemente suas crenças e hábitos, e que o novo comportamento incorporado seja simples e equilibrado, no qual a mudança será efetiva e não apenas temporária enquanto perdure o processo. Unidade 1 • Conceito e origens de coaching20/222 Glossário Coach: representa o profissional que executa o processo de coaching. Coaching: representa o processo de desenvolvimento que o profissional (coach) facilita. Coachee: é a pessoa que passa pelo processo de coaching. Questão reflexão ? para 21/222 Diante do exposto sobre a finalidade do processo de coaching, pare e reflita sobre sua condição profissional atual. Independentemente de trabalhar numa organização ou atuar por conta própria, você tem clareza de quais habilidades e competências o distinguem de outros profissionais? E quais habilidades e competências acredita que precisa aperfeiçoar tendo em vista seus objetivos de carreira? 22/222 Considerações Finais • Propósitos do processo de coaching para o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para o atingimento dos objetivos pessoais e profissionais. • Como surgiu o termo coach e sua evolução até os dias atuais. • Atuação do processo de coaching em diversos campos de ação, mediante os tipos existentes. • Etapas do processo de coaching. Unidade 1 • Conceito e origens de coaching23/222 Referências ARAUJO, A. Coach: um parceiro para o seu sucesso. São Paulo: Gente, 1999. CHIAVENATO, I. Construção de talentos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002. FERREIRA, D. A. C. Estudo sobre atuação dos coaches. Dissertação de mestrado em psicologia: PUC-Campinas, 2013. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.puc-campinas.edu. br/tde_arquivos/6/TDE-2014-02-05T114005Z-1844/publico/DEBORA%20APARECIDA%20 DA%COSTA%20FERREIRA.pdf>. Acesso em: 17 set. 2016. FERREIRA, M. A. Coaching: um estudo exploratório sobre a percepção dos envolvidos: organização, executivo e coach. Dissertação de mestrado em administração, Faculdade de administração, contabilidade e economia da universidade de São Paulo, 2008. Disponível em <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-14012009-152323/pt-br.php>. Acesso em: 16 set. 2016. INTERNATIONAL COACHING FEDERATION (2016). Disponível em: <http://www. coachingfederation.org/files/filedownloads/2016/ICFGlobalCoachingStudy_ExecutiveSumary. pdf?_ga1.261629325.1474035282>. Acesso em: 15 set. 2016. KRAUSZ, R. R. Coaching executivo: a conquista da liderança. São Paulo: Nobel, 2007. Unidade 1 • Conceito e origens de coaching24/222 MATTA, V. Coaching: excelência em performance humana. São Paulo: Sociedade Brasileira de Coaching, 2008. UNDERHILL, B. Coaching executivo para resultados: o guia definitivo para o desenvolvimento de líderes organizacionais. São Paulo: Novo Século, 2010. WHITMORE, J. Coaching para performance. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. ZAHAROV, A. Coaching: caminhos para transformação da carreira e da vida pessoal. São Paulo: Brasport, 2010. 25/222 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Conceito e origens de coaching - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 04f7459033003494fa97b2333d3326f5>.Aula 1 - Tema: Conceito e origens de coaching - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/3a56ee22fb481e57eebadde3139f2576>. 26/222 1. O coaching empresarial difere do coaching esportivo no sentido de que: a) O aprendizado acontece quando o coachee passa a compreender o problema que o envolve. b) O aprendizado ocorre ao fazer com que o coachee siga as diretrizes apresentadas, moldando os comportamentos com dicas e conselhos do coach. c) O aprendizado do coachee vai sendo construído durante as sessões de coaching, já que não há algo a ser ensinado pelo coach. d) O aprendizado se dá à medida que o coachee adquire conhecimentos para a prática profissional. e) O aprendizado é incorporado ao coachee quando percebe o que pode e deve ser melhorado na empresa. Questão 1 27/222 2. O processo de coaching possibilita ao coachee aprofundar: a) O conhecimento sobre a empresa para que possa chegar ao lugar desejado. b) A aquisição de conhecimentos para a prática profissional. c) Sua compreensão acerca do desenvolvimento da sua carreira. d) O aprofundamento do conhecimento da companhia e da sua cultura organizacional. e) O conhecimento sobre si próprio e onde se encontra no momento do início do processo. Questão 2 28/222 3. O processo de coaching abrange as seguintes áreas de atuação: a) Coaching executivo, profissional e de vida. b) Coaching executivo, de carreira e de competências. c) Coaching de vida, profissional e de competências. d) Coaching de vida, de carreira e de competências. e) Coaching de vida, profissional e cognitivo. Questão 3 29/222 4. Você sabe que, para alguns pesquisadores, o processo de coaching engloba três etapas: preparação, o processo em si e o seguimento. Especificamente sobre a fase de seguimento, pode-se afirmar que: a) É a etapa em que o coach eleva o nível de consciência do coachee sobre seus comportamentos. b) É a etapa em que o coach traça diretrizes e molda o comportamento do coachee. c) É a etapa em que ocorrem as reuniões entre coach e coachee para o atingimento dos objetivos pretendidos. d) É a etapa na qual é avaliado o contexto e definidos os objetivos. e) É a etapa em que são planejadas novas ações entre coach e coachee, mediante a análise dos objetivos que foram obtidos. Questão 4 30/222 5. Apesar do termo coaching ter sido introduzido apenas nos anos 60 do século passado na literatura dos negócios, ele era realizado desde a Antiguidade pelo filósofo Sócrates: a) reunindo-se com seus discípulos para que analisassem e compreendessem seus próprios comportamentos por meio de instrumentos e técnicas específicas. b) reunindo-se com seus alunos a fim de discutir ideias e pensamentos, orientando-os que buscassem a aquisição de conhecimentos dentro de si. c) reunindo-se com seus alunos e fazendo com que se comprometessem a assumir responsabilidades que lhes cabiam no processo. d) reunindo-se com seus discípulos e analisando o comportamento de cada um. e) reunindo-se com seus alunos para que pudessem entender seus comportamentos e reduzissem seu nível de subjetividade frente às respostas. Questão 5 31/222 Gabarito 1. Resposta: C. O coaching empresarial parte do princípio de que não há algo a ser ensinado, pois não há uma técnica como sendo a mais correta para ser aprendida e utilizada pelo coachee, diferentemente do coaching esportivo, no qual o coachee deve seguir as diretrizes e dicas apresentadas pelo coach, moldando seu comportamento segundo essas regras. 2. Resposta: E. O coaching possibilita, segundo Zaharov (2010), o aprofundamento do autoconhecimento, pois no início do processo, o coachee precisa ter claro onde se encontra no momento atual para que tenha condições de chegar ao lugar desejado, com o alcance das metas estabelecidas. 3. Resposta: A. De acordo com Matta (2008), as áreas de abrangência do coaching são: coaching pessoal ou de vida; coaching profissional ou de carreira e; coaching executivo ou empresarial. 4. Resposta: E. Para vários estudiosos do tema, o processo de coaching divide-se nas etapas: preparação (análise do contexto e definição dos objetivos); processo em si 32/222 Gabarito (exploração da situação atual visando ao desenvolvimento de um plano de ação) e seguimento (análise dos objetivos obtidos e o planejamento de novas ações). 5. Resposta: B. Segundo Chiavenato (2002), o coaching era realizado desde a antiguidade pelo filósofo Sócrates apesar do termo não existir na época, somente o processo que ele aplicava. Sócrates reunia-se com seus discípulos para discutir ideias e pensamentos, orientando-os que buscassem o aprendizado dentro de si. 33/222 Unidade 2 Diferenciando coaching, mentoring e counseling Objetivos 1. Recordar o processo de coaching bem como conhecer seus objetivos. 2. Compreender a prática do mentoring, características e utilização. 3. Entender os atributos do processo de counseling e sua aplicação. 4. Distinguir as diferenças e semelhanças entre as metodologias coaching, mentoring e counseling. Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling34/222 Introdução É evidente o aprofundamento das discussões e da demanda de algumas das práticas de orientação e desenvolvimento profissional, seja por organizações ou por iniciativas individuais. Como consequência, temos percebido a crescente oferta de atividades, programas, treinamentos e certificações oferecidas por instituições de ensino, consultoria e afins. Num cenário de crescente demanda e oferta por essas atividades, torna-se essencial analisar, verificar e decidir quanto à prática mais efetiva para determinado fim, tendo em conta a necessidade e os resultados esperados pelo indivíduo ou pela organização, caso esta seja a contratante. Dessa forma, é importante verificar em que consistem os processos de coaching, mentoria (mentoring) e aconselhamento (counseling), suas finalidades e diferenças, com o intuito de permitir uma análise mais aprofundada de suas características, bem como compreender quanto, em que momento, para quem, quando e como cada uma é apropriada. Joo (2005) destaca que se pode observar na literatura que há diversos outros processos que apresentam similaridades com relação ao coaching, pois também proporcionam reflexão, desenvolvimento e aprendizagem. Contudo, ainda segundo o autor, elas precisam ser analisadas caso a caso. Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling35/222 Podemos afirmar que as três práticas (coaching, mentoring e counseling) diferenciam-se pelo propósito, pelo desenvolvimento do programa e pelos resultados esperados. A prática do coaching, como já visto anteriormente, Para saber mais Há outras práticas e processos que também atuam com desenvolvimento profissional tais como: consultoria (atua com problemas organizacionais abordando o que pode e deve ser melhorado na empresa); terapia (lida com a saúde emocional envolvendo o amadurecimento pessoal) e; treinamento (envolve questões de aprendizagem com foco na competitividade empresarial). busca desenvolver as pessoas, seja em termos pessoais ou profissionais. Neste segundo caso, é mais voltado às atividades profissionais, em termos de competências a serem reforçadas ou adquiridas. A perspectiva do mentoring é com a transferência de conhecimento e de experiência do mentor ao orientado, com uma visão de longo prazo. O enfoque do counseling é buscar a reflexão da história passada do indivíduo para o aconselhamento de carreira ou a compreensão de comportamentos disfuncionais no presente que possam comprometero projeto de carreira da pessoa. Apesar das diferenças entre os termos, predomina certa confusão quanto à Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling36/222 utilização de cada prática. Todavia, convém destacar que os processos se complementam. Neste tópico, você aprenderá a diferenciar cada uma delas. 1. Coaching e os objetivos de desenvolvimento Apesar da diversidade de conceitos sobre coaching, os pesquisadores sobre o tema parecem concordar em alguns aspectos: • O coach não necessita dominar a área de atuação do coachee. • O coach não oferece soluções, mas questionamentos por meio de perguntas abertas e provocativas. • O coach e o coachee devem estabelecer objetivos mensuráveis. • O coaching tem como alguns de seus propósitos facilitar o desenvolvimento do coachee, por meio de seu desenvolvimento, seja pessoal ou profissional. Para Matta (2012), a prática de coaching atua em quatro pilares fundamentais: 1. O ser humano: o processo de coaching tem como foco o indivíduo, pois o coach entende e se especializa em tudo que se refere ao ser humano e ao processo de mudança e aumento de performance. 2. Metodologia: coaching baseia-se em metodologias e processos utilizando como base o modelo F.A.R.M. (foco, ação, resultados e melhoria contínua). Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling37/222 3. Técnicas: o processo é apoiado por técnicas e ferramentas comprovadas que aumentam os resultados dos coachees de forma efetiva e profissional. 4. Competências: para que a prática de coaching atinja resultados efetivos, o coach deve desenvolver um perfil com base em certas habilidades e competências bem como atuar de forma ética. Pode-se dizer que coaching é um método que tem por objetivo promover no coachee o conhecimento de si mesmo e impulsionar o desejo de melhorar seu desempenho ao Para saber mais O processo de coaching prevê o desenvolvimento da performance do indivíduo, considerando os recursos e limites do mesmo. Além disso, o processo busca munir o coachee de subsídios (ferramentas, metodologias, pensamentos, etc.) para alcance de objetivos e, justamente por isso, o Behavioral Coaching Institute (2011) reconhece o processo de coaching na tradução do modelo FARM: Foco, Ação, Resultado e Melhoria Contínua. Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling38/222 longo do tempo, bem como a orientação necessária de um facilitador-coach para que a mudança ocorra. Como a base do processo é sustentada por diálogos travados entre o coachee (cliente) e o facilitador (coach), para que o primeiro tenha condições de identificar alternativas e decidir pelo melhor caminho, a conversa deve ser realizada num ambiente maduro, no qual o diálogo possa ser executado. Ambos atuarão de forma decisiva, com uso de metodologia, no qual o coach apoia o coachee na busca de soluções para realizar metas de curto, médio e longo prazo, por meio da identificação e utilização das próprias competências desenvolvidas, como também no reconhecimento e superação de suas fraquezas. Podemos depreender que a prática do coaching visa à aprendizagem e mudança comportamental, com foco em metas a serem alcançadas. Assim, pode ser considerado como um processo de intervenção, apoio e aprendizagem, no qual o coach conduz o coachee em suas reflexões para que este tenha condições de aproveitar seus potenciais para realização do seu desafio, o que implica autoconhecimento, feedback, aquisição de novos conhecimentos e habilidades. Em síntese, uma busca por compreensão das potencialidades e dos recursos de que o coachee dispõe para que possa superar seu atual estágio de desempenho ou padrão comportamental. Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling39/222 Para saber mais O princípio do mentoring atuou fortemente nas corporações de artes e profissões na época medieval. Os artesãos aceitavam jovens aprendizes que viviam e trabalhavam em suas oficinas. Os aprendizes aprendiam a “arte” para um dia assumirem o negócio e, por meio deste sistema, as competências eram transmitidas através das gerações, sem o risco de perder “segredos do negócio” para a concorrência. 2. O Processo de mentoring como inspiração por meio da orientação A orientação de jovens e adultos, sejam eles estudantes, atletas ou profissionais, não é uma atividade recente. Geralmente, é uma prática destinada aos profissionais em posições menos complexas e com menos experiência. Assim, seu funcionamento se dá por meio da orientação quanto às atribuições, com o envolvimento de profissionais mais experientes onde o propósito é o de transferir conhecimento técnico e tácito via experiência na atividade. O diálogo entre mentor e orientado tem como objetivo a orientação quanto ao autoconhecimento e compreensão do contexto, para então, trabalharem o alinhamento dos interesses do orientado com as necessidades da organização. Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling40/222 O aprendizado se dá a partir da experiência do mentor e de sua visão de maior acuidade quanto à dinâmica política e cultural da organização, atuando para que o orientado enriqueça sua percepção no sentido de aprimorar a visão de longo prazo por meio de um projeto de carreira. Segundo Goldsmith et al. (2012), o mentor pode ser descrito como alguém com competência para transferir conhecimento e habilidades por meio do exemplo, da autoridade e do diálogo, sendo reconhecido como um indivíduo com bastante experiência e conhecimento e que está comprometido em proporcionar desenvolvimento e suporte às carreiras de seus orientados. Para Joo (2005), observa-se também sua atuação em duas funções distintas: a primeira, de carreira, na qual busca garantir a aprendizagem dos papéis que o indivíduo assume profissionalmente, preparando-o para o progresso dentro da organização; e a segunda, psicossocial, ou seja, relacionada a aperfeiçoar o senso de competência, clareza de identidade e efetividade no desempenho do profissional. Ainda que o mentoring, assim como o coaching, também esteja voltado mais ao campo organizacional e foque na relação um-a-um, diferentemente do coaching tem por objetivo dividir conhecimentos e experiências profissionais que promovam a ascensão do orientado. Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling41/222 Efetuando-se um paralelo entre coaching e mentoring, Krausz (2007) constata que: • enquanto a força do coaching reside na capacidade do coach de efetuar questionamentos estimuladores e relevantes, a força do mentoring se dá no conhecimento específico e na sabedoria do mentor; • ao passo que no coaching se trabalha as técnicas pelas quais se leva uma pessoa a descobrir o potencial e o conhecimento que ela já possui a fim de utilizá-lo para se tornar mais eficaz, no mentoring se trabalham as técnicas pelas quais são sugeridas possibilidades para uma pessoa, mediante compartilhamento de experiências e do conhecimento de um determinado assunto a fim de demonstrar novas perspectivas. Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling42/222 3. Counseling e o movimento de aconselhamento de carreira Para Patterson e Eisenberg (1988), counseling pode ser definido como um processo interativo, caracterizado por uma relação entre o counselor e o aconselhado, no qual o primeiro conduz o segundo a uma reflexão de sua carreira profissional. Essa análise repercute sobre vários aspectos que podem influenciar a carreira profissional do aconselhado, entre elas: as mudanças comportamentais; a concepção da realidade e as preocupações emocionais;a capacidade de ser bem- sucedido; a possibilidade de aumentar as oportunidades e minimizar as condições ambientais adversas; e o desenvolvimento de habilidades e de conhecimentos para tomada de decisão, tendo como objetivo a mudança no comportamento. Ainda, segundo os autores, o enfoque do counseling deve estar centrado no processo e não no resultado a ser obtido, uma vez que este é consequência daquele. Assim, o counseling busca auxiliar as pessoas na clarificação de causas não percebidas sobre determinados comportamentos, bem como tornar explícitos seus propósitos, por meio da construção e execução de planos de ação tendo como perspectivas os resultados a serem obtidos. Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling43/222 Normalmente, a prática é adotada por profissionais externos à organização em situações consideradas críticas na carreira, como por exemplo, o rompimento do contrato de trabalho, ou mesmo do contrato psicológico, onde o aconselhado enfrenta dificuldades em reconhecer ou articular-se no espaço organizacional. O processo é dividido em três etapas, que podem ocorrer simultaneamente. A primeira etapa se refere ao contato inicial entre conselheiro e cliente, ou seja, o estabelecimento de uma relação empática. A segunda etapa consiste na contratação do programa de counseling, quando o counselor e o cliente definem juntos, o momento vivido por este nas esferas pessoal, familiar, social e profissional. Na terceira etapa, aprofunda- se o entendimento do problema que mobilizou a busca pelo aconselhamento e na compreensão das reais necessidades e desejos, formulando o plano de ação e mobilizando os recursos necessários para o desenvolvimento do programa. Efetuando-se um paralelo entre coaching e counseling, Krausz (2007) constata que: Para saber mais O counseling parte do princípio que cada pessoa possui dentro de si os recursos necessários para resolução dos problemas, e se serve de técnicas para auxiliar a pessoa a se ajudar. A prática foca sua atenção na pessoa em primeiro lugar, e não no problema que ela apresenta, havendo uma valorização do relacionamento humano. Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling44/222 • enquanto a prática do coaching tende a provocar uma conscientização que impele a uma tomada de decisão pelo coachee, no processo de counseling, o counselor oferece conselhos sobre qual caminho a ser seguido pelo aconselhado; • ao passo que o coaching é um processo orientado para ações do presente ou futuro próximo para pessoas que desejam operar as mudanças necessárias para alcançar determinados resultados, o counseling é orientado para a solução de dificuldades que surgem a partir de experiências passadas; • à medida que no coaching se analisam os resultados em conjunto com o coachee, cabendo a este encontrar suas próprias soluções, no counseling também se analisam os resultados em conjunto com o aconselhado, entretanto, o counselor indica quais são as alternativas possíveis mediante o perfil do aconselhado. 4. Comparativo entre as práticas Agora que você compreendeu os três processos, é importante reforçar os conceitos apresentados e suas características, examinando suas semelhanças e diferenças. • Coaching é um processo de interação entre coach e coachee para que Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling45/222 este descubra, por si próprio, as soluções que deve adotar para atingir seus objetivos. O método deve ser estruturado formalmente e conter passos e etapas conhecidas por ambos. É um processo no qual o coach facilita a tomada de consciência das atitudes relativas à atividade profissional. • Mentoring é uma prática de interação com o mentorado que o orienta por meio da utilização de exemplos e práticas bem-sucedidas, geralmente decorrentes das experiências do próprio mentor. Há uma relação de superioridade hierárquica ou equivalente (pares) sistemática e estruturada. • Counseling é um método de interação que fornece conselhos, metodologias, estruturas e soluções para que o aconselhado possa realizar seus próprios objetivos. É um processo reflexivo de análise de experiências pessoais com o objetivo de retomar o equilíbrio emocional bem como o aprendizado de novos comportamentos. Segue um resumo comparativo sobre as três abordagens: Quadro 1: Resumo comparativo sobre as três abordagens Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling46/222 Envolve Foco Aborda Resultados Coaching Questões de desempenho e desafios Ação, resultados, crescimento, desenvolvimento Como agir em razão do que se deseja alcançar em termos de melhoria Geração de opções viáveis que potencializem a obtenção dos resultados Counseling Questões pessoais Problemas Como atuar em determinadas situações Compreensão do problema e disposição para equacioná-lo Mentoring Empresa, carreira ou transições profissionais Possibilidades Como agir no âmbito profissional e de carreira Informações e insights para ampliar visão e conhecimento de possibilidades Fonte: O autor. Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling47/222 Glossário Mentoring: ferramenta de desenvolvimento profissional no qual uma pessoa mais experiente ajuda outra menos experiente. Mentorado: aquele que é guiado ou orientado por um mentor, com o objetivo de adquirir conhecimentos, experiência ou competências. Counseling: processo de interação entre um profissional e o aconselhado, que tem por objetivo ajudar este a fazer escolhas acertadas no campo pessoal ou profissional. Counselor: profissional que aconselha outro por meio do processo de counseling. Psicossocial: que envolve simultaneamente aspectos psicológicos e sociais. Questão reflexão ? para 48/222 Em face dos conceitos apresentados, peço que reflita sobre os pontos a seguir: • Formule, com exatidão, o objetivo principal que você pretende alcançar nos próximos seis meses. • Agora pense sobre seu objetivo principal em relação à questão: quão importante é para você atingir seu objetivo? • O objetivo que você pretende alcançar poderá gerar conflito com algum outro objetivo existente? Em caso afirmativo, como você lidará? Questão reflexão ? para 49/222 • Como se sentirá quando atingir seu objetivo? (Imagine-se com o objetivo atingido. Quais são seus sentimentos?) • Como se sentirá se não o atingir? (Imagine com o objetivo não atingido. Quais são seus sentimentos?) • Caso acredite que não conseguirá atingir seu objetivo, você precisará da ajuda de um coach, de um mentor ou de um counselor para ajudá-lo nessa empreitada? 50/222 Considerações Finais • Finalidades das práticas de coaching, mentoring e counseling. • Comparativo entre os objetivos de desenvolvimento do coaching, influência do mentoring por meio da orientação e a reflexão que o counseling proporciona pelo aconselhamento e recomendação. • Os três processos diferenciam-se pelo propósito, pelo desenvolvimento do programa e pelos resultados esperados. • Assim como o coaching, as práticas de mentoring e counseling também proporcionam reflexão, desenvolvimento e aprendizagem. Unidade 2 • Diferenciando coaching, mentoring e counseling51/222 Referências GOLDSMITH, M.; LYONS, L. S.; MCARTHUR, S. Coaching: o exercício da liderança. Rio de Janeiro: Campus, 2012. JOO, B. K. Executive coaching: a conceptual framework form na integrative review of practice and research. Human Resource Development Review, v. 4 (n. 4), p. 462-488 Dec. 2005. KRAUSZ, R. Coaching executivo: a conquista da liderança. São Paulo: Nobel, 2007. MATTA, V.Personal e professional coaching: livro de metodologia. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Coaching, 2012. PATTERSON L. E.; EINSENBERG S. O processo de aconselhamento. São Paulo: Martins Fontes, 1988. 52/222 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Diferenciando coaching, mento- ring e counseling - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/84bd332f09e0285a234fd4a75386beed>. Aula 2 - Tema: Diferenciando coaching, mento- ring e counseling - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ bd963f6927451317a7813fafbf2a3fee>. 53/222 1. O processo de counseling é dividido em três etapas: a) Contato inicial, plano de ação e ações para o futuro. b) Conscientização, ações para o futuro e soluções. c) Objetivo principal, objetivo específico e plano de ação. d) Contratação do programa, conhecimento sobre si próprio e formulação do plano de ação. e) Contato inicial, contratação do programa e entendimento do problema. Questão 1 54/222 2. A prática do coaching tem por objetivo: Questão 2 a) Aprofundar a compreensão sobre o problema que mobilizou a busca pelo aconselhamento e na compreensão das reais necessidades e desejos. b) Orientar quanto às atribuições, com o envolvimento de profissionais mais experientes. c) Promover o conhecimento sobre si próprio e incentivar o desejo de melhorar o desempenho ao longo do tempo. d) Transferir o conhecimento e a experiência do coach ao coachee. e) Conduzir profissionais em posições menos complexas e com menos experiência por meio da orientação. 55/222 3. Comparando-se o processo de coaching com a prática de mentoring, pode-se afirmar que: Questão 3 a) A potencialidade do coaching reside na capacidade de orientação para a solução de dificuldades que surgem a partir de experiências passadas, enquanto a potencialidade do mentoring se situa no oferecimento de conselhos pelo mentor sobre qual caminho a ser seguido pelo orientado. b) A potencialidade do coaching é estabelecida pela análise dos resultados entre coach e coachee, enquanto no mentoring, a potencialidade reside na indicação pelo counselor, quais são as alternativas possíveis mediante o perfil do orientado. c) A potencialidade do coaching está situada na capacidade do coach em realizar questionamentos estimuladores e de grande importância, enquanto a potencialidade do mentoring se situa na orientação para a solução de dificuldades que surgem a partir de experiências passadas. 56/222 Questão 3 d) A potencialidade do coaching reside na capacidade de provocar conscientização que impulsiona a uma tomada de decisão pelo coachee, enquanto a potencialidade do mentoring está concentrada no oferecimento de conselhos pelo mentor sobre qual caminho a ser seguido pelo orientado. e) A potencialidade do coaching está situada na capacidade do coach realizar questionamentos estimuladores e de grande importância, enquanto a potencialidade do mentoring reside no conhecimento específico e na sabedoria do mentor. 57/222 4. Os pilares que dão suporte à prática de coaching são: Questão 4 a) Técnicas, foco, ação e o ser humano. b) Técnicas, metodologia, competências e melhoria contínua. c) Foco, metodologia, competências e o ser humano. d) Técnicas, metodologia, competências e o ser humano. e) Foco, ação, resultados e melhoria contínua. 58/222 5. O mentoring, ao contrário do coaching, tem por objetivo: Questão 5 a) Dividir conhecimentos e experiências profissionais que promovam a ascensão do orientado. b) Buscar compreender as potencialidades e recursos que estão à disposição do mentor para que possa superar seu atual estágio de desempenho. c) Refletir sobre a história passada do orientado. d) Conduzir o orientado a uma reflexão sobre sua carreira profissional. e) Oferecer soluções por meio de perguntas abertas e provocativas. 59/222 Gabarito 1. Resposta: E. O processo de counseling é dividido em três etapas, que podem ocorrer simultaneamente. A primeira etapa se refere ao contato inicial entre conselheiro e cliente, ou seja, o estabelecimento de uma relação empática. A segunda etapa consiste na contratação do programa de counseling, quando o counselor e o cliente definem juntos, o momento vivido por este nas esferas pessoal, familiar, social e profissional. Na terceira etapa, aprofunda- se o entendimento do problema que mobilizou a busca pelo aconselhamento e na compreensão das reais necessidades e desejos, formulando o plano de ação e mobilizando os recursos necessários para o desenvolvimento do programa. 2. Resposta: C. Pode-se dizer que coaching é um método que tem por objetivo promover no cliente o conhecimento de si mesmo e impulsionar o desejo de melhorar seu desempenho ao longo do tempo, bem como a orientação necessária de um facilitador-coach para que a mudança ocorra. 3. Resposta: E. Efetuando-se um paralelo entre coaching e mentoring, Krausz (2007) constata que: • enquanto a força do coaching reside na capacidade do coach de efetuar questionamentos estimuladores e relevantes, a força do mentoring se 60/222 Gabarito dá no conhecimento específico e na sabedoria do mentor. 4. Resposta: D. Para Matta (2012), a prática de coaching atua em quatro pilares fundamentais: 1. O ser humano: o processo de coaching tem como foco o indivíduo, pois o coach entende e se especializa em tudo que se refere ao ser humano e ao processo de mudança e aumento de performance. 2. Metodologia: coaching baseia-se em metodologias e processos utilizando como base o modelo F.A.R.M. (foco, ação, resultados e melhoria contínua). 3. Técnicas: o processo é apoiado por técnicas e ferramentas comprovadas que aumentam os resultados dos coachees de forma efetiva e profissional. 4. Competências: para que a prática de coaching atinja resultados efetivos, o coach deve desenvolver um perfil com base em certas habilidades e competências bem como atuar de forma ética. 5. Resposta: A. Ainda que o mentoring, assim como o coaching, também esteja voltado mais ao campo organizacional e foque na relação um-a-um, diferentemente do coaching 61/222 Gabarito tem por objetivo dividir conhecimento e experiências profissionais que promovam a ascensão do orientado. 62/222 Unidade 3 Vantagens e limitações do processo de Coaching Objetivos 1. Conhecer as vantagens e benefícios da prática do coaching. 2. Compreender as limitações da ferramenta. 3. Refletir que o coaching, enquanto processo de desenvolvimento possui benefícios e limitações como qualquer outra prática que lida com aspectos comportamentais. Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching63/222 Introdução Apesar de ser uma prática cada vez mais demandada e utilizada, ainda não há, entre estudiosos e praticantes do coaching, concordância dos seus benefícios. Mesmo porque a utilização do processo por si só não resolve todos os problemas comportamentais e organizacionais. Se o coachee não tiver vontade, flexibilidade e determinação para colocar em prática as ações definidas para o atingimento dos objetivos definidos, nada ocorrerá. Ainda que o processo não esteja consolidado, os debates e discussões sobre os benefícios do coaching trazem à tona vários autores com seus conceitos e ideias. Quando se fala em termos de benefícios, há que se compreender que esta prática é constituída por um conjunto de procedimentos e ações que tem como alvo atingir os objetivos propostos, no qual o indivíduo é conduzido a buscar novos entendimentos, alternativas e opções que tenham a capacidade defazer com que atinja suas realizações. Levando-se em conta esse pressuposto, o benefício do processo é a oportunidade de fazer com que o coachee passe por uma reavaliação pessoal, possibilitando um alinhamento de seus objetivos profissionais bem como definir o que é importante e eliminar as crenças limitantes (pensamentos e convicções que reduzem as possibilidades, as capacidades e o crescimento) que impedem a obtenção de melhores resultados e o alcance de metas. Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching64/222 Segundo Gil (2009), o coaching traz como benefícios soluções para dificuldades de adaptações a mudanças, além de aperfeiçoar as escolhas individuais e Para saber mais Em nossa vida somos influenciados positiva e negativamente pelas pessoas ao nosso redor, como também pelas situações que vivenciamos em nosso cotidiano. Dessa forma, vamos formando nossos modelos mentais e percepções do mundo. Todavia, nem sempre correspondem à realidade. Assim nascem as crenças limitantes, ou seja, quanto mais somos submetidos a experiências negativas, mais poderemos acumulamos uma imagem mental negativa sobre nós mesmos. organizacionais. Algumas empresas, ainda segundo o autor, têm visto no coaching uma saída eficiente para o desenvolvimento de liderança, para o foco nos resultados, bem como têm auxiliado nas iniciativas motivacionais e no desenvolvimento de equipes. Vários autores têm citado como benefício do processo a modificação da vida pessoal devido ao autoconhecimento e uma maior conscientização sobre si próprio, vindo a potencializar escolhas que levam a mudanças que ajudam a maximizar o desempenho. O coaching, mais do que ensinar, ajuda as pessoas a aprender. É o processo de facilitar o desempenho, a aprendizagem Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching65/222 e o desenvolvimento da pessoa para que obtenha os resultados que deseja. 1. Vantagens e benefícios da prática de coaching Nos dias de hoje, em que pesem as constantes mudanças existentes, os desafios globais, as oportunidades e a incessante busca por novas soluções, nos empurrando à procura por mais e mais conhecimento, o coaching, enquanto ferramenta de desenvolvimento se torna um meio para a obtenção do aperfeiçoamento pessoal e organizacional. Entretanto, não se pode ignorar o fato de que para que haja mudança efetiva as pessoas necessitam mudar sua postura e mentalidade. Isso envolve uma atuação no plano das atitudes e de emoções de quem passa pelo processo de coaching. Para muitos estudiosos do tema, uma das vantagens desta prática é que o coachee e suas possíveis dúvidas não ficam em evidência, permitindo que os assuntos sejam tratados de forma realista e transparente. Além disso, ajuda a estimular a melhoria do desempenho por: • Permitir estabelecer um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. • Fazer o coachee e ir além dos limites inconscientemente imposto a si próprio. Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching66/222 • Desenvolver habilidades relacionadas ao relacionamento e atuação em equipe. • Possibilitar conhecer e praticar uma comunicação mais efetiva. • Gerar novas formas de abordar os conflitos existentes na tentativa de solucioná-los. • Potencializar as habilidades de gestão da mudança. • Permitir conhecer como percebemos o tempo e gerenciá-lo. • Prover apoio à tomada de decisão e ao gerenciamento da carreira. Grande parte dos executivos que passam pelo processo de coaching tem percebido que aprendem a se adaptar mais rapidamente a mudanças e novos desafios, bem como desenvolvem a criatividade para identificar novas soluções além de descobrirem a habilidade de controlar e utilizar o estresse de maneira positiva. Além disso, esta ferramenta tem permitido aos profissionais comunicar-se melhor, persuadir e negociar com mais efetividade, e ser mais assertivos. Ao mesmo tempo, tem promovido a capacidade de trabalhar com as equipes de forma mais eficiente, aumentando as habilidades, elevando a motivação e o engajamento e também a satisfação no trabalho. Estudos apontam um alto retorno do investimento no coaching para Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching67/222 as organizações. Companhias, cujos executivos passaram pelo processo, classificaram o retorno quantitativo em seis vezes o investimento realizado. Entre as principais melhorias observadas nas pesquisas, as mais citadas foram: • Melhoria do relacionamento com subordinados. • Melhoria do relacionamento com o superior imediato. • Melhoria do trabalho em equipe. • Aumento do nível de satisfação com o trabalho. • Aumento da produtividade. • Aumento do comprometimento com a empresa. A ICF – International Coach Federation (2009), em seu estudo global de 2008, sobre o cliente da prática de coaching, realizou uma pesquisa com 2.165 coachees localizados em 64 países. Foram avaliadas 15 áreas de impacto positivo do coaching. Segundo a sondagem, todos os benefícios que alcançaram um percentual de 80% ou mais de respostas positivas foram classificados como benefícios primários porque, conforme a pesquisa, são aspectos que os coachees desenvolvem independentemente do processo de coaching na organização. Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching68/222 Os benefícios que tiveram um percentual entre 65% e 79% de respostas positivas foram nomeados de benefícios principais, já que a maioria dos coachees experimenta este benefício apesar de não ser o objetivo principal. Os benefícios que tiveram uma concentração de respostas entre 50% e 64% de respostas positivas foram denominados de benefícios gerais já que foram sentidos por uma maioria não significativa de coachees, ainda que não sejam objeto específico dos programas. Por fim, a concentração de respostas com um percentual menor do que 50% positivas foram classificados como benefícios específicos e que geralmente estão associados a objetivos restritos a certos grupos de coachees. No quadro a seguir, você tem uma visualização mais abrangente sobre os percentuais obtidos: Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching69/222 Quadro 2: Áreas de impacto positivo do coaching Áreas de impacto do coaching % de respostas positivas Autoestima/autoconfiança 80% Relações 73% Habilidades de comunicação 72% Habilidades interpessoais 71% Performance no trabalho 70% Equilíbrio trabalho/vida pessoal 67% Bem-estar 63% Oportunidade de carreira 62% Organização pessoal 61% Gestão empresarial 61% Gestão do tempo 57% Eficácia da equipe 51% Cultura organizacional 38% Organização financeira 27% Plano de investimentos 15% Fonte: International Coach Federation (2009) Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching70/222 Dessa forma, as diferentes áreas do impacto foram classificadas como: • Benefícios primários: autoestima / autoconfiança. • Benefícios principais: relações, habilidades de comunicação, habilidades interpessoais, performance no trabalho e equilíbrio trabalho / vida pessoal. • Benefícios gerais: bem-estar, oportunidade de carreira, organização pessoal, gestão empresarial e eficácia da equipe. • Benefícios específicos: cultura organizacional, gestão financeira e, plano de investimentos. No coaching podemos encontrar vários benefícios que vão ao encontro dos objetivos do coachee, desde a autodescoberta até o aumento da autoconfiança. Com o auxílio do coach e por meio de questões eficazes, o coachee pode aprofundar o conhecimento sobre si, deixando de lado ou atenuando seus medos e fobias e podendo até a alterar sua formade pensar. Contudo, na relação entre coach e coachee deverá prevalecer a confiança mútua, que permita ao último sentir-se num ambiente seguro, para poder dividir suas alegrias e tristezas, ou seja, abrir-se. O coach não fornecerá as respostas, mas colocará questões relevantes e vitais, com estímulo e apoio, com o intuito de Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching71/222 desafiar percepções antigas, que limitam a melhoria do desempenho do coachee. Arrivé e Frings-Juton (2004) entendem que a aplicação de um programa de coaching traz benefícios para o coachee nos níveis: • Cognitivo: com o aperfeiçoamento de sua capacidade de análise. • Profissional: com a aquisição de competências de gestão e liderança. • Psicológico: possibilitando a gestão do estresse. Quanto às organizações, os mesmos autores entendem que a aplicação de um programa de coaching traz os seguintes benefícios: • Eficiência das lideranças. • Melhor gestão das equipes. • Melhor aplicação dos recursos internos da organização, bem como a capacidade de reter o capital intelectual. Para saber mais O capital intelectual reúne conhecimentos adquiridos e acumulados de uma organização, ou seja, os conhecimentos acumulados de uma empresa inerentes a pessoas, patentes, sistemas, metodologias etc. Para que esse conhecimento seja valioso para a empresa, deve tornar-se explícito, ou seja, deve expressar-se de tal forma que possa ser examinado, melhorado e compartilhado. Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching72/222 Segundo o estudo elaborado em 2014 da Sherpa Coaching, a ferramenta auxilia as pessoas de três formas diferentes: 1. Um coach permite que os líderes reflitam sobre as suas decisões e sobre eles próprios. Vários coaches utilizam a palavra “consciência” para definir os benefícios do coaching. 2. As pessoas costumam evitar as verdadeiras dificuldades. O coaching aprofunda a realidade vivida. 3. As pessoas não sabem como mudar. Um coach ajuda o coachee a encontrar alternativas para um comportamento disfuncional. A tabela a seguir mostra uma compilação de coaches de vários países e suas definições sobre os benefícios do coaching: Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching73/222 Quadro 3: Opinião de coaches de diversos países e suas definições sobre os benefícios do coaching Países Opiniões África do Sul “A clareza de pensamento. Consciência pessoal, culminando numa liderança confiante”. Brasil “Desenvolvimento de liderança. Melhor comportamento empresarial. Melhores resultados”. Escócia “Os coachees aprendem a ver uma série de opções, em vez de se limitarem apenas a uma ou duas”. Estados Unidos “Os coachees clarificam os seus pontos fortes, a valorização de diferentes estilos e a confiança”. Nova Zelândia “Uma opinião independente sobre a forma como realmente ocorre contra a forma como eles sempre viram”. Polônia “Coaching contraria o fenômeno ‘solitário no topo’”. Reino Unido “Os coachees tornam-se mais incentivados, mais criativos e capazes de lidar com tudo o que é colocado em seu caminho”. Rússia “Pleno desenvolvimento de um potencial líder”. Fonte: Sherpa Coaching (2014). Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching74/222 da segurança e do desenvolvimento com qualidade de vida. 2. Limitações do processo de coaching Nem tudo são flores já que esta prática também apresenta algumas limitações, segundo diversos autores, seja em nível pessoal ou organizacional. Em termos individuais, o processo de coaching não trará quaisquer resultados se o coach não conseguir fazer com que o coachee tenha vontade para mudar e se não houver flexibilidade da parte deste. Determinação para realizar o trabalho é necessário para que o objetivo definido seja alcançado. No nível empresarial, é decisivo que a organização tenha uma cultura que valorize o ser humano como fator determinante na obtenção de resultados, Para saber mais A cultura organizacional é responsável por reunir os hábitos, comportamentos, crenças, valores éticos e morais e as políticas de uma empresa. Uma boa cultura pode motivar os funcionários e ajudá-los a crescer junto com a companhia. A organização que investe em uma gestão de pessoas e uma cultura corporativa de qualidade acaba gerando maior satisfação entre os clientes e obtendo maior retorno em suas atividades. Para que o processo alcance êxito é necessário a competência do coach, bem como a existência de cooperação e confiança mútua entre ele e o coachee. Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching75/222 Nem sempre, porém, as pessoas estarão preparadas para esta prática e talvez será necessário procurar outro processo de desenvolvimento. A autoilusão é um dos fatores que pode vir a prejudicar a performance do coachee. Ela atua em duas frentes: no sucesso e no fracasso. No primeiro caso, a autoilusão que se tem é de que o sucesso será eterno porque é prazeroso e no segundo caso a autoilusão ocorre devido ao medo de que se torne repetitivo e surja uma sequência de insucessos devido à queda da autoestima. É mais fácil se enganar do que enfrentar críticas, por esse motivo a questão da autoilusão se faz presente nos momentos em que a autoestima está abalada. Segundo Reis (2008), uma pessoa com baixa autoestima pode dificultar a atuação do coach e o processo de coaching ao rejeitar o feedback. Ainda segundo este autor, se o coach não estiver com seus aspectos interiores em equilíbrio, poderá prejudicar o acompanhamento dado ao coachee. Como exemplo, se o coach tiver passado recentemente por uma frustração ou fracasso, pode avaliar o coachee de forma errada e pôr a perder todo o avanço do processo. Isso mostra a importância do coach ser um observador criterioso e que saiba separar a sua visão da realidade, da realidade do coachee e que esteja consciente acerca de sua própria autoestima. Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching76/222 É importante comentar também acerca de algumas inquietações decorrentes sobre a aplicação da ferramenta quando o coach é o superior imediato do coachee. Link Como identificar um líder coach. Disponível em: <http://epocanegocios.globo.com/ Inspiracao/Carreira/noticia/2013/09/como- identificar-um-lider-coach.html>. Acesso em: 29 set. 2016. Considerando que a prática requer que o coachee se posicione sem defesas excessivas; que o coach deva ser isento; e que ofereça segurança no sentido de não utilizar as informações fornecidas pelo coachee para não arranhar a imagem deste, a segurança e os planos estabelecidos, quando realizado pelo superior imediato, pode gerar a percepção de que qualquer item do processo possa ser utilizado pelo superior como premiação ou punição, o que pode limitar seus resultados. Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching77/222 Glossário Cognitivo: expressão que está relacionada com o processo de aquisição de conhecimento. Envolve fatores como pensamento, linguagem, percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. Autoilusão: processo de nos enganarmos a nós mesmos de modo a aceitar como verdadeiro ou válido o que é falso ou inválido. É, de um modo abreviado, uma forma de justificarmos crenças falsas a nós mesmos. Autoestima: é a valorização e confiança que uma pessoa tem por si própria, sendo formada ainda na infância. Feedback: ação que revela os pontos positivos e negativos de um determinado comportamento de um indivíduo ou mesmo de algum trabalho executado, tendo em vista a melhoria do mesmo. Questão reflexão ? para 78/222 Como você viu, apesar dos vários estudos sobre o tema coaching,ainda não há unanimidade com relação às suas conquistas. Embora tenha lido sobre os vários benefícios demonstrados por estudiosos do assunto, você sabe que a prática também possui limitações. E uma delas relaciona-se com a questão de o superior imediato ser o coach do subordinado. Ainda que, para vários estudiosos, isso não seja considerado um problema, para outros, o processo quando realizado pelo chefe pode ter mais limitações do que ganhos. Qual é a sua opinião sobre isso? Você acredita que seu superior imediato daria um bom coach caso ele realizasse o processo com você? 79/222 Considerações Finais • Concordância quanto aos benefícios do coaching ainda não é unânime. • Vantagens e benefícios acerca da prática de coaching impactam tanto o coachee quanto a organização. • Como fator limitante, a mudança só terá chance de ocorrer caso o coachee modifique sua postura e mentalidade. Unidade 3 • Vantagens e limitações do processo de Coaching80/222 Referências ARRIVÉ, J.; FRINGS-JUTON, I. Maîtriser le coaching. Paris: Liaisons, 2004, p. 13. GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2009. INTERNATIONAL COACH FEDERATION. ICF Global Coaching Client Study – Executive Summary, April, 2009. REIS, H. Coaching avançado: a teoria fundamental do coaching. (2008) 81/222 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Vantagens e limitações do processo de coaching - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 18f2844cb6aafca3f186681ae91f1053>. Aula 3 - Tema: Vantagens e limitações do processo de coaching - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/4496ec3aea7aaf92238eec30f3d0bc2f>. 82/222 1. O processo de coaching não trará resultados efetivos ao coachee se: a) O coach for o superior imediato do coachee. b) Este não se mostrar aberto a aprender. c) Não estiver com seus aspectos interiores em equilíbrio. d) O coachee não tiver confiança em si próprio. e) O coach não conseguir despertar no coachee a vontade para mudar assim como a falta de flexibilidade do coachee. Questão 1 83/222 2. Um coachee com baixa autoestima pode dificultar o processo e a atuação do coach por: a) Não ter confiança em si próprio. b) Não aceitar cooperação. c) Não aceitar conselhos. d) Não aceitar feedback. e) Não aceitar ajudar. Questão 2 84/222 3. Levando-se em conta o processo de coaching, um dos benefícios desta prática é fazer com que o coachee: a) Passe por uma reavaliação pessoal, possibilitando um alinhamento de seus objetivos profissionais. b) Passe por uma reavaliação psicológica, possibilitando um alinhamento de seus objetivos profissionais. c) Passe por uma reavaliação intelectual, possibilitando um alinhamento de seus objetivos profissionais. d) Passe por uma reavaliação familiar, possibilitando um alinhamento de seus objetivos profissionais. e) Passe por uma reavaliação profissional, possibilitando um alinhamento de seus objetivos profissionais. Questão 3 85/222 4. Estudiosos do tema coaching acreditam que a aplicação dessa ferramenta traz benefícios ao coachee: a) Nos níveis profissional, físico e psicológico. b) Nos níveis cognitivo, profissional e psicológico. c) Nos níveis cognitivo, físico e psicológico. d) Nos níveis cognitivo, físico e profissional. e) Nos níveis profissional, físico e cognitivo. Questão 4 86/222 5. Ao nível empresarial, para que o coaching não se torne limitado, é importante que a organização possua: a) Uma cultura que valorize o ser humano. b) Um bom pacote de benefícios. c) Remuneração equivalente ao mercado. d) Área de lazer para as pessoas. e) Um sistema de retenção de talentos. Questão 5 87/222 Gabarito 1. Resposta: E. Em termos individuais, o processo de coaching não trará quaisquer resultados se o coach não conseguir fazer com que o coachee tenha vontade para mudar se não houver flexibilidade da parte deste. 2. Resposta: D. Segundo Reis (2008), uma pessoa com baixa autoestima pode dificultar a atuação do coach e o processo de coaching ao rejeitar o feedback. 3. Resposta: A. Ainda que o processo de coaching não esteja consolidado, os debates e discussões sobre os benefícios trazem à tona vários autores com seus conceitos e ideias. Quando se fala em termos de benefícios, há que se compreender que esta prática é constituída por um conjunto de procedimentos e ações que tem como alvo atingir os objetivos propostos, no qual o coachee é conduzido a buscar novos entendimentos, alternativas e opções que tenham a capacidade de fazer com que atinjam suas realizações. Levando-se em conta esse pressuposto, o benefício do processo de coaching é a oportunidade de fazer com que o coachee passe por uma reavaliação pessoal, possibilitando um alinhamento de seus objetivos profissionais. 88/222 Gabarito 4. Resposta: B. Para Arrivé e Frings-Juton (2004) a aplicação de um programa de coaching traz benefícios para o coachee nos níveis: • Cognitivo: com o aperfeiçoamento de sua capacidade de análise. • Profissional: com a aquisição de competências de gestão e liderança. • Psicológico: possibilitando a gestão do estresse. 5. Resposta: A. Em nível empresarial, é decisivo que a organização tenha uma cultura que valorize o ser humano como fator determinante na obtenção de resultados, da segurança e do desenvolvimento com qualidade. 89/222 Unidade 4 Relação entre coach e coachee Objetivos 1. Entender por que o comprometimento entre a relação coach e coachee é a chave do sucesso no processo de coaching. 2. Compreender o papel do coach no processo de coaching. 3. Conhecer as atribuições do coachee no processo de coaching. 4. Reconhecer a importância das questões éticas da prática do coaching. Unidade 4 • Relação entre coach e coachee90/222 Introdução Você já viu que a prática do coaching é um processo dinâmico, que objetiva a mudança como um produto de várias interações, ampliando a consciência, potencializando ações, aumentando a responsabilidade e o comprometimento a partir de novas possibilidades de respostas, de novos olhares, da construção de um novo observador (coachee), contribuindo para os resultados que impulsionam a mudança pessoal e organizacional, reforçada por resultados concretos. Você sabe também que num processo de coaching há dois agentes: o coach, ou profissional que aplica a prática e o coachee, ou quem passa pela prática. Se for aplicada ao contexto organizacional, há um terceiro agente, a empresa. Independentemente de ser um processo aplicado a um indivíduo específico ou a um profissional que atua numa organização, o coach é aquele que guia, Link Coaching amplia limite. Disponível em: <http://classificados.folha.uol.com.br/ empregos/2013/04/1265842-coaching- deixa-de-ser-so-para-carreira.shtml>. Acesso: 30 set. 2016. Unidade 4 • Relação entre coach e coachee91/222 conduz e acompanha o coachee no seu desenvolvimento e autodescoberta. E o coachee é aquele que pretende desenvolver-se, promovendo ações de autodescoberta, autoconhecimento e autovalorização, com o intuito de fazer vir à tona potencialidades para o seu desempenho profissional e pessoal. Como a ação de coaching é baseada principalmente na aprendizagem, se faz necessária a criação de uma relação entre os envolvidos (coach e coachee). Este processo tem um início, meio e fim bem como uma meta que o coachee deseja obter. Esta meta pode ser obtida a curto, médio ou longo prazo; onde o coachee fará uso das competências queirá desenvolver e identificar, assim como, identificar e superar suas fraquezas. Dessa forma, é um processo de influência recíproca entre ambas as partes. 1. Tudo começa pelo comprometimento A relação entre coach e coachee envolve: respeito mútuo, transparência e compromisso com os resultados estabelecidos. É uma aliança com foco pessoal ou profissional que visa beneficiar ambos e a organização, caso a ação tenha essa finalidade. Trata-se de uma relação ganha-ganha, na qual cada uma das partes sabe o que esperar da outra e é consciente de seu papel. Coach e coachee se comprometem a Unidade 4 • Relação entre coach e coachee92/222 assumir a responsabilidade que lhes cabe no processo. O coach oferece apoio, atenção, informação e o coachee, por sua vez, se propõe a tomar as decisões, implementá-las e responder pelos resultados obtidos. Comprometimento envolve cooperação e confiança, que estimulam a perseverança na busca de resultados, mesmo em face das adversidades. Quanto mais elevado o nível de comprometimento entre os envolvidos no processo de coaching, maior a probabilidade de sucesso. É o elevado nível de comprometimento de ambas as partes que estimula uma relação de aprendizagem. Nessa relação, o coach não determina uma linha de ação ou conduta. Ele dialoga, questiona, estimula o coachee a encontrar opções, respostas e analisar os prós e contras de cada uma delas, estimula a planejar os passos e prazos para implementação. 2. O Coach: aquele que põe em prática a ação de coaching O coach tem como atribuição apoiar o coachee a atingir objetivos, metas e resultados, quer sejam de natureza pessoal ou profissional. Auxilia o coachee a construir uma visão, a construir os seus objetivos, articular ações e a assumir compromissos. O coach acredita no potencial de cada coachee, ajudando a descobrir seus Unidade 4 • Relação entre coach e coachee93/222 potenciais para realizar mudanças positivas na sua vida. Um coach tem de saber compreender o que está no pensamento de cada coachee, e saber qual é o desenvolvimento da performance deste. O coach faz perguntas, nunca dá respostas e emprega várias ferramentas para que cada coachee possa criar uma estratégia para atingir os objetivos e metas que deseja alcançar. O coach tem como papel na ação de coaching, despertar o “eu” do coachee, ajudando-o a utilizar todo o seu potencial e as suas capacidades para superar seus pontos fracos, ou seja, transformar as fraquezas em fortalezas, por meio da utilização de ferramentas, metodologias e procedimentos. O coach auxilia o coachee na descoberta das áreas que apresentam maior potencial de desenvolvimento, a desenvolver a sua inteligência emocional, definir os próprios objetivos, realizar opções, analisar seus erros, causas e formas de correção, disponibilizando informações que os orientem para decisões mais assertivas. Nessa interação com o coachee, o processo perceptivo é importante, pois se faz necessário “ler” a linguagem corporal do coachee, suas expressões faciais e outros sinais sutis que podem revelar emoções não expressadas verbalmente. Unidade 4 • Relação entre coach e coachee94/222 Para saber mais Percepção é o processo pelo qual os indivíduos escolhem, organizam, processam as informações vindas do mundo que as rodeia e reagem a elas. Essas informações são obtidas por meio dos cinco sentidos: visão, audição, tato, paladar e olfato. A percepção não é necessariamente igual à realidade, assim como as percepções e respostas de duas pessoas não serão necessariamente as mesmas quando descrevem o mesmo fato. Para Rego et al. (2007), algumas qualidades desejáveis para o coach são: • Credibilidade: que o coachee sinta e acredite que vai ser bem acompanhado, pois se não há confiança o processo não funcionará. • Íntegro: é necessário conduta irrepreensível do coach para que a ação obtenha sucesso. • Experiente: é inevitável que o coach seja mais experiente do que o coachee. • Sincero: os feedbacks fornecidos pelo coach precisam ser sinceros e honestos. • Benevolente: demonstrar boa vontade e ser orientado no sentido de desejar o melhor para o coachee. Ser coach demanda características de personalidade muito específicas, uma forte vocação profissional para o coaching e o Unidade 4 • Relação entre coach e coachee95/222 domínio de uma série de áreas, conceitos, técnicas e ferramentas para desempenhar com desenvoltura as funções de coach. Trabalhar com pessoas exige talento próprio, envolve minúcias já que cada indivíduo é diferente, daí a complexidade dessa prática ser enorme. Essa diversidade humana implica que um coach tenha de apresentar diferentes abordagens e posturas de acordo com aquilo que espera de determinado coachee. 3. O Coachee: aquele que se beneficia da ação de coaching O coachee é a parte principal de um processo de coaching. Mesmo que seja para aperfeiçoar o desenvolvimento de uma companhia, a intervenção sempre é direcionada ao coachee. Sua atribuição baseia-se não só em estabelecer os tópicos de cada reunião, como também em desejar trabalhar na resolução de seus problemas com o auxílio do coach. O coachee deve sentir-se preparado para o desafio a que se propõe, dando o máximo de si para alcançar os objetivos pretendidos, e esforçar-se a colaborar com o coach para seu desenvolvimento, seja em nível pessoal ou profissional. Segundo Rego et al. (2007), algumas qualidades desejáveis ao coachee são: • Tornar-se consciente da necessidade de mudança. Unidade 4 • Relação entre coach e coachee96/222 • Vontade de aprender e mudar. • Humildade para rever suas crenças, aquilo em que acredita. Um dos aspectos relevantes para o coaching ter êxito é a postura e a atitude que o coachee assume. Assim, o seu real comprometimento, vontade e empenho funcionam com facilitadores do seu próprio processo de desenvolvimento. Para Maggie (2011), numa relação de coaching, há que se levar em consideração os seguintes princípios: • A confiança mútua entre coach e coachee envolvidas no processo de coaching. • O processo não deve ser direcional, isto é, o coach não deve fornecer sua opinião, desse modo precisa evitar palavras tais como: deve, precisa, tem de, etc. • O coach deverá ter a mente livre de preconceitos, juízos e julgamentos precipitados. • O coach não tem a resposta que tanto inquieta o coachee. • Como é uma relação confidencial, quanto mais honestidade e mais confiança houver entre ambos, mais benéfica será a experiência. Unidade 4 • Relação entre coach e coachee97/222 4. Questões éticas da prática de coaching O coaching é atualmente considerado como uma ocupação profissional, com Link Código de ética – ICF Brasil. Disponível em: <http://www.icfbrasil.org/downloads/ codigo-de-etica.pdf> Acesso em: 30 set. 2016. Para saber mais Um dos fatores primordiais para que um coach consiga criar um ambiente seguro é o rapport, palavra de origem francesa que significa “trazer de volta”. No coaching, o rapport representa criar conexão, gerar empatia, formar um campo relacional, oferecer apoio e segurança, numa sintonia entre coach e coachee. O rapport ajuda a criar uma troca equilibrada de informações, aumenta a confiança mútua e gera um estado maior de receptividade por parte do coachee. códigos de ética definidos (por exemplo, International Coaching Community – 2006 e International Coach Federation – 2007). A International Coaching Community estabelece como princípios éticos para a profissão de coach a confiança, o respeito pelo cliente (coachee), a honestidade e a ética profissional. Estabelece tambémdiretrizes mínimas requeridas ao coach para a prática do coaching: Unidade 4 • Relação entre coach e coachee98/222 1. A profissão de coaching: os coaches devem respeitar os direitos de seus clientes (coachees), bem como a propriedade intelectual dos mesmos, e mencionarão contribuições alheias sempre que for pertinente. Para saber mais Reconhecida e utilizada nos países estrangeiros, principalmente europeus e norte-americanos, é um dos ofícios que mais têm evoluído nos últimos anos no Brasil. Cada vez mais as empresas procuram profissionais que auxiliem seus subordinados a desenvolverem suas habilidades pessoais e profissionais para se tornarem líderes. Os maiores empresários e políticos procuram por esses profissionais, um exemplo é Barack Obama, que utiliza o coaching. Unidade 4 • Relação entre coach e coachee99/222 Os coaches não se envolverão em atividades que desacreditem a profissão de coach e se tiverem conhecimento da má utilização ou deformação do seu trabalho, tomarão as medidas necessárias para corrigi-la. 2. Competência: o coach deve dar o melhor de si, procurar evoluir e aperfeiçoar seus conhecimentos, ter consciência dos seus pontos positivos e negativos e das suas limitações, aceitando apenas os trabalhos que julgar estarem de acordo com as suas capacidades e para os quais estabelecem os objetivos tangíveis. 3. Respeito pelo cliente (coachee): o coach deve respeitar os direitos dos outros, não expressar sua opinião acerca de opiniões e crenças diferentes das suas. O coach honrará o contrato estabelecido com o coachee e deve pedir autorização ao mesmo antes de usar o seu nome, ou a sua opinião como referência. 4. Confidencialidade e conflito de interesses: toda a informação do coachee é confidencial, salvo quando este autorizar a divulgação ou por algum motivo disposto pela lei. O coach não assume compromissos profissionais nos quais relacionamentos pré-existentes possam gerar conflito de interesses. 5. Feedback e evolução: o coach deve tomar medidas para avaliar os avanços do coachee. Deve evitar Unidade 4 • Relação entre coach e coachee100/222 prejuízos para si mesmo e para o coachee. O relacionamento entre coach e coachee terminará por meio de acordo entre ambos, geralmente no fim do contrato. 6. Honorários: o coach deverá informar claramente ao cliente (coachee) dos problemas logísticos, honorários e programa de relacionamento do coaching. Da mesma forma a International Coach Federation (ICF) diz que o coach deve guiar- se pelo Código de Ética da ICF na relação com os clientes (coachees), que vão ao encontro dos princípios éticos descritos pela International Coaching Community. O não cumprimento dos princípios éticos pode levar à anulação da certificação do coach. 5. Importância do relacionamento entre coach e executivo Hall et al. (1999), comparando a percepção de coaches e clientes executivos (coachees), em relação a alguns tópicos sobre o que funciona num processo de coaching, concluíram que o sucesso do processo depende fortemente do grau de encaixe entre coach e executivo. Relataram que ambos (coach e coachee) concordam que a boa escuta, associada a recomendações de ações e às qualidades não diretivas, reflexão, cuidado, integridade e comprometimento com o êxito do coachee, Unidade 4 • Relação entre coach e coachee101/222 mostram o caminho para o sucesso. Os executivos valorizam feedback honesto e realista com objetividade, competência e a oferta de novas alternativas de aprendizagem. Os coaches, por sua vez, evidenciam o valor da conexão com o executivo, gerindo o processo para resultados. A partir da análise de fatores que podem levar o processo ao insucesso, a partir da percepção do executivo, os autores comentam que o feedback negativo em excesso e sugestões impraticáveis ou ingênuas, como os maiores potencializadores para o fracasso do processo. A capacidade do coach em compreender as pressões, desafios e responsabilidades dos executivos e mostrar-se capaz de ajudá-los é fundamental para facilitar o engajamento destes ao processo. Maynard (2006) aponta em suas pesquisas que demonstrações de consideração positivas e empatia são fatores críticos para se estabelecer uma boa relação entre coach e executivo e que, quando esta relação se estabelece a partir da demanda de uma organização, dois aspectos precisam estar presentes: que a organização ofereça apoio e suporte ao processo e que as necessidades desta também sejam consideradas nesse relacionamento e no desenho do plano de desenvolvimento do executivo. Feldman e Lankau (2005) observam Unidade 4 • Relação entre coach e coachee102/222 que muitas vezes o relacionamento se inicia pelas experiências de feedback e ferramentas de assessment, que podem ser cruciais para que o executivo se sinta responsável por seu processo. Entretanto, os autores sugerem que mais pesquisas sejam realizadas considerando a importância da clareza sobre quem é o cliente do processo: se a organização ou o executivo; sobre como se acomodam as expectativas das partes no processo de coaching e as fronteiras entre informações confidenciais e não confidenciais, entre outras. Unidade 4 • Relação entre coach e coachee103/222 Glossário Inteligência emocional: conceito relacionado com a chamada “inteligência social”, presente na psicologia e criado pelo psicólogo norte-americano Daniel Goleman. Um indivíduo emocionalmente inteligente é aquele que consegue identificar as suas emoções com mais facilidade. Intervenção: ato ou efeito de intervir, indicando a mediação em alguma situação adversa. Assessment: trata-se de uma avaliação que identifica o perfil comportamental das pessoas possibilitando o aprofundamento do autoconhecimento e análise sobre as formas de ser e agir do indivíduo. Questão reflexão ? para 104/222 Você contratou um processo de coaching. Antes de iniciar a primeira sessão, o seu coach envia um questionário com algumas perguntas a serem respondidas no intuito de saber se você está preparado para trabalhar com a prática. Como você responderia às questões a seguir: a) Eu estou pronto para investir tempo em mim? b) Meus exercícios de coaching farão parte da minha agenda? c) Estou pronto para fazer o trabalho necessário ao meu desenvolvimento pessoal e profissional? Questão reflexão ? para 105/222 d) Tenho objetivos a atingir que serão meu foco no coaching? e) Estou pronto a descartar comportamentos que impedem ou limitam o meu sucesso? f) Estou pronto para testar novos conceitos, mesmo não tendo certeza se irão funcionar? g) Reconheço que sou totalmente responsável por minha vida e pelas decisões que vier a tomar? 106/222 Considerações Finais • O êxito do processo de coaching está atrelado ao elevado nível de comprometimento entre coach e coachee. • O coach só conseguirá ajudar o coachee a utilizar todo o seu potencial se tiver as habilidades e competências necessárias que se espera de alguém que atue com essa ferramenta. • Apesar do coachee ser considerado a parte central de um processo de coaching é necessário que tenha consciência da necessidade de mudança. • Importância da conduta e das questões éticas na prática do coaching. Unidade 4 • Relação entre coach e coachee107/222 Referências FELDMAN, D. C.; LANKAU M. J. Executive coaching: a review and agenda for future research. Journal of management, 31 (6), 829-848, 2005. HALL, D. T.; OTAZO, K. L.; HOLLENBECK G. P. Behind closed doors: what really happens in executive coaching. Organizational Dynamics, 27 (3), 39-53, 1999. ICC – INTERNATIONAL COACHING COMMUNITY. Código de ética. Disponível em: <http:// internationalcoachingcommunity..com/pt/codigo-de-standards-e-etica>.Acesso em: 30 set. 2016. ICF BRASIL – INTERNATIONAL COACH FEDERATION. Código de ética. Disponível em: <http:// www.icfbrasil.org/dowloads/codigo-de-etica.pdf>. Acesso em: 30 set. 2016. MAGGIE, J. Coaching: o guia essencial ao sucesso do coach, do gestor e de quem quer ser ainda mais feliz. Smartbook, 2011. MAYNARD, S. Persoan and professional coaching: a literature review. Master of Science Psychology. 135f. Walden University, 2006. REGO, A.; PINA e CUNHA, M; OLIVEIRA, C. M.; MARCELINO, A. R. Coaching para executivos: Lisboa: Escolar Editora, 2007. 108/222 Assista a suas aulas Aula 4 - Tema: Relação entre coach e coachee - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 667d7ebaa465cbf575ce5d9eadcaa9f4>. Aula 4 - Tema: Relação entre coach e coachee - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e3e- 825b12659ba4833e4669a709df33a>. 109/222 1. Algumas qualidades desejáveis ao coachee durante o processo de coaching são: a) Consciência da necessidade de mudar, confidencialidade e experiência. b) Consciência da necessidade de mudar, vontade de aprender e humildade. c) Confidencialidade, experiência e humildade. d) Consciência da necessidade de mudar, vontade de aprender e experiência. e) Confidencialidade, vontade de aprender e experiência. Questão 1 110/222 2. O processo de coaching terá condições de obter sucesso se ambas as partes (coach e coachee) estiverem: a) fornecendo feedback um ao outro. b) de acordo com o processo. c) comprometidos. d) com a percepção aguçada. e) confiantes. Questão 2 111/222 3. Conduta e ética são aspectos vitais para a prática do coaching. Caso os princípios éticos não sejam cumpridos pelo coach, isso pode acarretar: a) a troca do coach durante o processo. b) o pagamento de multa pelo coach. c) feedback negativo por parte do coachee. d) uma reprimenda do órgão que certificou o coach. e) na anulação da certificação do coach. Questão 3 112/222 4. Algumas qualidades importantes para que o coach tenha êxito no processo são: a) Vontade de aprender, consciente da necessidade de mudar e sinceridade. b) Credibilidade, integridade e consciente da necessidade de mudar. c) Credibilidade, integridade e vontade de aprender. d) Credibilidade, integridade e sinceridade. e) Vontade de aprender, integridade e sinceridade. Questão 4 113/222 5. Os fatores são considerados pelos executivos (coachees) como os maiores entraves ao processo de coaching: a) Experiência e feedback negativo em excesso. b) Feedback negativo em excesso e benevolência. c) Feedback negativo em excesso e sugestões impraticáveis ou ingênuas. d) Sugestões impraticáveis ou ingênuas e benevolência. e) Experiência e sugestões impraticáveis ou ingênuas. Questão 5 114/222 Gabarito 1. Resposta: B. Segundo Rego et al. (2007), algumas qualidades desejáveis ao coachee, durante o processo de coachee são: tornar-se consciente da necessidade de mudança; vontade de aprender e mudar e; humildade para rever suas crenças. 2. Resposta: C. O processo de coaching envolve cooperação e confiança, que estimulam a perseverança na busca de resultados, mesmo em face das adversidades. Quanto mais elevado o nível de comprometimento entre coach e coachee no processo, maior a probabilidade de sucesso. 3. Resposta: E. A International Coach Federation (ICF) diz que o coach deve guiar-se pelo Código de Ética da ICF, na relação com os clientes (coachees) que vão ao encontro dos princípios éticos descritos pela International Coaching Community. O não cumprimento dos princípios éticos pode levar à anulação da certificação do coach. 4. Resposta: D. Para Rego et. Al (2007), algumas qualidades desejáveis para o coach são: • Credibilidade: que o coachee sinta e acredite que vai ser bem 115/222 Gabarito acompanhado, pois se não há confiança o processo não funcionará. • Íntegro: é necessária uma conduta irrepreensível do coach para que a ação obtenha sucesso. • Experiente: é inevitável que o coach seja mais experiente do que o coachee. • Sincero: os feedbacks fornecidos pelo coach precisam ser sinceros e honestos. • Benevolente: demonstrar boa vontade e ser orientado no sentido de desejar o melhor para o coachee. 5. Resposta: C. A partir da análise de fatores que podem levar o processo de coaching ao insucesso, a partir da percepção dos executivos, Hall et al. (1999) comentam que o feedback negativo em excesso e sugestões impraticáveis ou ingênuas, são os maiores fatores potencializadores para o fracasso do processo. 116/222 Unidade 5 Aplicações do coaching Objetivos 1. Compreender a finalidade do coaching pessoal. 2. Entender a importância do coaching executivo para o profissional e principalmente para a organização. 3. Conhecer o que aborda o coaching de carreira. 4. Diferenciar as similaridades e diferenças entre coaching de vida, coaching executivo e coaching de carreira. Unidade 5 • Aplicações do coaching117/222 Introdução “Transportar pessoas de onde estão para onde desejam chegar”. Essa frase se referia, em tempos remotos, a uma carruagem. Apesar de sua simplicidade, estas palavras são indicadoras quando pensamos em excelência no processo de coaching (FINE, 2003). Perceba na análise da frase acima, seu significado inserido no contexto do coaching: • “Transportar pessoas”: geralmente os indivíduos que passam por essa ferramenta desejam sair do lugar no qual se encontram e chegar em outro local. • “De onde estão”: pode parecer evidente, mas o papel do coch é nortear o coachee a sair da posição atual, geralmente sua zona de conforto, e direcioná-lo para uma posição de maior valor. • “Para onde desejam chegar”: o coach é um facilitador, um condutor nesse caminho para uma situação de maior valor. Contudo, para chegar lá o coachee, tem que querer. O coach sozinho não fará milagre se o coachee não estiver aberto às mudanças. Trocando em miúdos, o coaching é um processo de aprendizado personalizado com o objetivo de aperfeiçoar a ação eficaz e a agilidade de aprendizado. Um resultado disso é que o coachee pode realizar mais (ação eficaz) após o coaching do que seria possível de outra forma. Outro resultado é que o coachee pode aprender Unidade 5 • Aplicações do coaching118/222 melhor (agilidade de aprendizado), isto é, solicitar proativamente um feedback, refletir antes de agir e/ou refletir após uma ação, independentemente da abordagem que seja utilizada, seja coaching executivo, coaching pessoal ou algum outro que configure essa ferramenta. Neste tema são apresentadas algumas características e similaridades entre as modalidades de coaching existentes e frequentemente encontradas no mercado, bem como suas aplicações. 1. Coaching de vida (life coaching) Segundo Bachkirova, Cox e Clutterbuck (2010), o coaching é um processo de desenvolvimento humano que, por meio de interações estruturadas e técnicas apropriadas, é capaz de promover mudanças sustentáveis em benefício do coachee e, potencialmente, de outras pessoas. Sua utilização pode ocorrer em diversas circunstâncias e para diferentes aplicabilidades, algumas das quais não se relacionam com o aspecto profissional. Ainda de acordo com os autores, várias categorias de coaching vieram à tona nas últimas décadas, sendo que três ganharam maior destaque: o coaching de vida (life coaching), o coaching executivo (ou coaching empresarial) e o coaching de carreira. Unidade 5 • Aplicações do coaching119/222 O coaching devida (também nomeado de life coaching) tem como propósito melhorar o bem-estar do coachee, com foco em metas de seu contexto pessoal. Esse Para saber mais O coaching é uma ferramenta flexível e pode ser adaptada a qualquer modalidade, como: coach de relacionamentos, coach de família, coach de atletas, coach de adolescentes, coach de sucesso, coach de comunicação, coach de vendas, coach de energia, coach de crises e transições, coach espiritual, coach de emoções, coach de superação, coach de transformação, coach de novos negócios, coach de planejamento, coach de empreendimento, coach para emagrecimento e muitos outros. modelo utiliza uma abordagem holística e, baseado nos valores do coachee, o leva a examinar sua vida e, por conseguinte, promover mudanças cognitivas, emocionais e comportamentais que o estimule a executar as ações apropriadas para alterar sua trajetória de vida. Alguns dos temas trabalhados nessa modalidade são: equilíbrio pessoal e profissional, estresse, gestão financeira pessoal, família, relacionamentos interpessoais, saúde e o desenvolvimento de um estilo de vida mais satisfatório e com propósito (GRANT, CAVANAGH, 2010). Unidade 5 • Aplicações do coaching120/222 Esse modelo de coaching, segundo os autores, pode assumir diferentes configurações, dependendo do objetivo do coachee. Uma delas é focar no estabelecimento de metas, estimulando o coachee a detalhá-las de forma estruturada, como, por exemplo, colocando-as no papel. Outra abordagem pode ser a de dar menos atenção à determinação de metas e dar mais ênfase ao desenvolvimento da motivação para Link Análise de ganhos e perdas. Disponível em: <http://coachingsp.files.wordpress. com/2011/07/modelo-9.pdf>. Acesso em: 4 out. 2016. elaborar planos de ação ou superar barreiras. Além de desenvolver um senso de propósito mais claro, o coaching de vida auxilia as pessoas em importantes transições pessoais e novos direcionamentos para a busca de um melhor equilíbrio entre o trabalho e vida pessoal. Segundo Marques e Carli (2012), o coaching de vida vem sendo aplicado até em processos nos quais o indivíduo busca perder peso, conduzindo a pessoa no processo de mudar seus hábitos para levar uma vida mais saudável e motivadora. Unidade 5 • Aplicações do coaching121/222 2. Coaching executivo (coaching empresarial) Outro modelo de coaching amplamente divulgado no mercado é o coaching executivo (também conhecido como coaching empresarial), cujo público mais usual são gestores de empresas, especificamente a média e a alta gerência ou profissionais em posição hierárquica de menor destaque, porém com alto potencial de crescimento. De acordo com Strokes e Jolly (2010), seu uso mais comum é com pessoas que possuem responsabilidade significativa pelo sucesso da companhia e com aqueles que apresentem potencial para mudanças. O coaching executivo concentra-se em ajudar os coachees a aperfeiçoar o desempenho em suas posições atuais. A ideia principal desse modelo é identificar a situação geral, as lacunas de desempenho e suas causas. O coach colabora com o coachee no diagnóstico de seu nível atual de desempenho e do nível de desempenho desejado. O foco do coaching executivo é preferencialmente voltado à liderança, se bem que a posição de um executivo contém, além da liderança, a gestão. Enquanto a gestão trabalha mais com o “conhecido”, dentro de parâmetros definidos e atividades quantificáveis, a liderança encontra-se mais no mundo do subjetivo, com mais ênfase em Unidade 5 • Aplicações do coaching122/222 comportamentos do que em fatos. Efetuar a transição do gestor para o líder significa, entre outras ações, adotar uma perspectiva mais estratégica do que operacional, deixar de lado a mentalidade de controle de situações e adotar a mentalidade de capacitação de pessoas e olhar para a organização como um todo. Esses são alguns dos motivos que levam profissionais e empresas a buscar a ajuda de um coach executivo (STROKES, JOLLY, 2010). Ainda, segundo os autores, neste tipo de coaching, o cliente principal é a organização ao invés do indivíduo isoladamente, que está inserido em um sistema mais amplo de papéis e responsabilidades. O objetivo é alinhar as habilidades do profissional com a ambição da organização. Assuntos estritamente relacionados ao interesse particular do coachee não são o foco dessa característica de coaching. Por essas razões, esse programa é frequentemente contratado e pago pela empresa e não pelo executivo. Do ponto de vista de Matta (2012), o principal foco desta modalidade de coaching, compreende trabalhar com líderes e altos executivos a fim de auxiliá- los a tornar sua liderança mais efetiva. Unidade 5 • Aplicações do coaching123/222 Em se tratando de equipes, o coaching executivo ajuda a elevar a cooperação entre seus membros, transformando-a num time de alta performance. Ainda, segundo o autor, esta modalidade de coaching tem por objetivo auxiliar as equipes no processo de gestão da mudança bem como trabalhar a adaptação dos colaboradores em processos de fusão e sucessão. Dessa forma, observa-se que o envolvimento do mundo corporativo pela utilização desta modalidade de coaching se dá devido à contribuição direta para a aquisição e o amadurecimento de competências, como também para a adaptação aos processos de transformação organizacional com aprimoramento do desempenho. 3. Coaching de carreira (coaching profissional) Outro modelo de crescente popularidade entre os diversos tipos de coaching é o de carreira ou profissional, tendo surgido mais recentemente como modalidade de coaching, em comparação ao coaching de vida e ao coaching executivo. Segundo Hazen e Steckler (2010), os objetivos deste tipo de coaching podem servir a propósitos tais como a busca por um novo emprego. Nesta modalidade, os coachees facilitam o estabelecimento da união entre o trabalho e a identidade Unidade 5 • Aplicações do coaching124/222 do coachee, para que sua ocupação esteja adequada com a personalidade, competências, valores e experiências. Os autores mencionam que o coaching de carreira busca analisar a atual identidade do coachee para então traçar e orientar as experiências necessárias para o desenvolvimento da identidade até o próximo estágio a ser alcançado em termos de carreira. Link Business model you. Disponível em: <http:// neigrando.wordpress.com/2012/04/12/ business-model-you-um-metodo-de-uma- pagina-para-reinventar-sua-carreira/>. Acesso em: 4 out. 2016. Neste tipo de coaching são trabalhadas a identificação de valores, o senso de propósito e as visões dos coachees para que, de forma geral, consigam identificar, fazer melhores escolhas de carreira e se tornarem mais produtivos. O coaching de carreira pode ocorrer em diversas circunstâncias e fases da vida, como no caso de estudantes que precisam de orientação profissional ou de pessoas que perderam seus empregos. Alguns coachees procuram um coach de carreira devido também por estarem insatisfeitos com sua situação profissional atual, cujo propósito pode ser a progressão na carreira, afinidade com outro sistema de trabalho, planejamento da aposentadoria ou transição profissional. Unidade 5 • Aplicações do coaching125/222 É importante salientar em quais contextos este tipo de coaching é utilizado para perceber a diferença entre uma estratégia de transição de carreira e uma estratégia de busca de emprego. Enquanto no primeiro tipo o coach realiza um trabalho orientado às percepções que o coachee deve ter na definição de uma nova identidade profissional, no segundo, o processo é orientado ao estabelecimentode planos de ação, cujo objetivo é a recolocação profissional (HAZEN, STECKLER, 2010). Para saber mais Exemplos de casos de transição de carreira: • A profissão está deixando de existir: a tecnologia faz com que novas profissões surjam e outras desapareçam. • Idade: atletas são um exemplo de profissionais que possuem um limite que os impede de seguir na mesma profissão. • Estresse e falta de tempo: a falta de tempo com a família e o estresse excessivo podem desencadear a transição. • Demissões em massa e crise em determinados setores: podem induzir os profissionais a vislumbrarem novas atividades. Unidade 5 • Aplicações do coaching126/222 1. Ascensão: melhor fase profissional, entretanto se não souber aproveitar os momentos, os resultados não serão satisfatórios. 2. Estagnação: estado interno desfavorável. A performance encontra-se em estado de baixa autoestima, baixa autoconfiança para o crescimento profissional. Aqui, o indivíduo precisa realizar novas atividades. 3. Mudança: a mudança na carreira é definida por um período de reflexão ou um período agitado. O foco aqui é a mudança para um novo trabalho ou uma nova posição, retorno à universidade (MBA, especialização etc.). O processo de mudança pode ser considerado positivo quando o profissional deseja dar um novo direcionamento à sua condição, após ter vivido um tempo difícil. No contexto corporativo atual, a responsabilidade do planejamento e desenvolvimento da carreira passou da organização para os funcionários, que necessitam qualificar-se e atualizar-se constantemente. A responsabilidade das organizações nessa nova configuração passou a ser de fornecer oportunidades e condições para o desenvolvimento de seus profissionais, pois elas precisam estimular as pessoas para que busquem um posicionamento mais competitivo em seus mercados e invistam mais em suas carreiras. E uma das oportunidades que as Unidade 5 • Aplicações do coaching127/222 organizações estão utilizando para isso é o coaching. Para saber mais Com o constante processo de transformação do mundo corporativo, os profissionais se veem diante de uma necessidade: aprimorar conhecimentos a todo o momento para alavancar suas carreiras. Diante disso, cada vez mais as pessoas precisam desenvolver novas competências e para isso o autodesenvolvimento é fundamental. Ele torna o profissional mais consciente e focado no seu desempenho e no constante aperfeiçoamento. No quadro a seguir, diferenciamos os três tipos de coaching demonstrados para uma análise mais detalhada acerca de cada um. Unidade 5 • Aplicações do coaching128/222 Quadro 4: Áreas de aplicação do processo de coaching Coaching de vida Coaching executivo Coaching de carreira Finalidade Pessoas que procuram melhorar seu bem- estar, com atenção voltada à situação pessoal. Gestores de qualquer organização ou profissionais em início de carreira com alto potencial de crescimento. Profissionais em diversas fases da vida que tem por objetivo o desenvolvimento de suas carreiras. Principais características Enfoque holístico do coachee, centrada em seus valores. O cliente principal é a empresa ao invés do coachee e o objetivo é alinhar as habilidades do profissional com os objetivos da organização. Tem como objetivos a recolocação profissional ou no qual se trabalha o alinhamento entre a identidade profissional e a ocupação do coachee. Unidade 5 • Aplicações do coaching129/222 Coaching de vida Coaching executivo Coaching de carreira O que é trabalhado Equilíbrio pessoal e profissional, estresse, gestão financeira pessoal, relacionamentos interpessoais. Incremento do desempenho no trabalho atual e desenvolvimento de comportamentos de liderança. Orientação profissional a estudantes, busca de uma nova ocupação, progresso na carreira, afinidade com outra linha de trabalho, planejamento de aposentadoria e transição de carreira. Quem contrata O coachee. Geralmente a organização. Pode ser o coachee ou a organização. Fonte: O autor. Como você viu, há diferentes modalidades de coaching aplicadas às mais diversas áreas, com pequenas variações dos princípios básicos da prática do coaching. Contudo, em todos eles, as habilidades do coach são praticamente as mesmas já que o que realmente muda são as intenções do coachee. Unidade 5 • Aplicações do coaching130/222 Glossário Holístico: é um adjetivo que classifica alguma coisa relacionada com o holismo, ou seja, que procura compreender os fenômenos na sua totalidade. A palavra holístico foi criada a partir do termo holos, que em grego significa “todo” ou “inteiro”. No contexto empresarial, visão holística é a visão global de uma empresa, de todos os seus elementos, estratégias e atividades, que resulta em uma representação única da organização. Gestão: significa gerenciamento, administração, independentemente de ser uma instituição, empresa, entidade social de pessoas, a ser gerida ou administrada. O objetivo é de crescimento, estabelecido pela empresa por meio do esforço humano organizado, pelo grupo, com um objetivo específico. Estagnado: que se encontra em estado estacionário; que não progride; parado; paralisado. Questão reflexão ? para 131/222 Como você percebeu, há várias modalidades de coaching que podem ser aplicadas às mais variadas situações, seja na vida pessoal ou profissional. Reflita sobre os três tipos apresentados e, considerando o momento de vida atual que você está atravessando, sugira uma ou mais situações em que deve utilizar coaching pessoal, coaching executivo ou coaching de carreira. 132/222 Considerações Finais • O coaching é um processo de aprendizado personalizado com o objetivo de aperfeiçoar a ação eficaz e a agilidade de aprendizado. Um resultado disso é que o coachee pode realizar mais (ação eficaz) após o coaching do que seria possível de outra forma. • No coaching de vida são abordados assuntos estritamente relacionados ao interesse particular do coachee. • A finalidade do coaching executivo é ajudar o coachee a aperfeiçoar o desempenho em sua posição atual já que a ideia central desse modelo é identificar a situação geral, as lacunas de desempenho e suas causas. • No coaching de carreira, de modo geral, são trabalhadas a identificação de valores, o senso de propósito e as visões dos coachees para que tenham condições identificar, fazer melhores escolhas de carreira e tornarem-se mais produtivos. Unidade 4 • Relação entre coach e coachee133/222 Referências BACHKIROVA T.; COX E.; CLUTTERBUCK D. The complete handbook of coaching. London: Sage Publications, 2010. FINE, A. In: GOLDSMITH, M.; LAURENCE, L.; FREAS, A. Coaching: o exercício da liderança. Rio de Janeiro: Campus, 2003. GRANT, A. M.; CAVANAGH, M. J. The solution-focused approach to coaching. In: Bachkirova T; Cox, E. & Clutterbuck D. (edits.). The complete handbook of coaching. London: Sage Publications, 2010. HAZEN, B.; STECKLER, N. A. Career coaching. In: Bachkirova T; Cox, E. & Clutterbuck D. (edits.). The complete handbook of coaching. London: Sage Publications, 2010. MARQUES, J. R.; CARLI, E. Coaching de carreira: construindo profissionais de sucesso. São Paulo: Ser Mais, 2012. MATTA, V. Personal e professional coaching. Livro de metodologia. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Coaching, 2012. STROKES, J.; JOLLY, R. Executive and leadership coaching. In: Bachkirova T; Cox, E. & Clutterbuck D. (edits.). The complete handbook of coaching. London: Sage Publications, 2010. 134/222 Assista a suas aulas Aula 5 - Tema: Aplicações do coaching - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ d163ae367f2d0fa3bc716ffa8f60fd9b>. Aula 5 - Tema: Aplicações do coaching - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/5f- 98d7b9a339698418136a2e6bb7ec7e>. 135/222 1. O foco do coaching empresarial é: a) Trabalhar assuntos estritamente relacionados ao interesse particular do coachee. b) Buscar a perda de peso do coachee, conduzindo-o no processo de mudança de hábitos. c) Trabalhar a gestão financeira do coachee. d) Ajudar o coachee a melhorar o desempenho em sua posição atual. e) Trabalhar relacionamentos familiares. Questão 1 136/222 2. As áreas onde mais se aplicam o coaching atualmente são: Questão 2 a) Coaching executivo, coaching de equipe e coaching de vida. b) Coaching de equipe, coaching de metodologia e coaching de vida. c) Coaching de carreira, coaching de equipe e coaching de metodologia. d) Coaching de equipe, coaching de metodologia e coaching de vida. e) Coaching de carreira, coaching executivo e coaching de vida. 137/222 3. Um dos temas abordados pelo coaching de vida é: Questão 3 a) Orientação profissional. b) Gestão financeira pessoal. c) Progressão na carreira. d) A busca por um novo emprego. e) Aperfeiçoamento do desempenho na posição atual. 138/222 4. A carreira profissional passa continuamente pelas etapas de: Questão 4 a) Ascensão, estagnação e mudança. b) Desenvolvimento, apogeu e declínio. c) Desenvolvimento, ascensão e declínio. d) Ascensão, desenvolvimento e estagnação. e) Ascensão, apogeu e declínio. 139/222 5. No coaching executivo, o cliente principal, ou quem contrata o processo de coaching é: Questão 5 a) A organização e o profissional conjuntamente. b) O profissional. c) A organização. d) O próprio coachee. e) O profissional caso ele já tenha passado por um processo de coaching. 140/222 Gabarito 1. Resposta: D. O coaching executivo concentra-se em ajudar os coachees a aperfeiçoar o desempenho em suas posições atuais. A ideia principal desse modelo é identificar a situação geral, as lacunas de desempenho e suas causas. O coach colabora com o coachee no diagnóstico de seu nível atual de desempenho e do nível de desempenho desejado. 2. Resposta: E. Segundo Bachkirova, Cox e Clutterbuck (2010), várias categorias de coaching vieram à tona nas últimas décadas, sendo que três ganharam maior destaque: o coaching de vida (life coaching), o coaching executivo (ou coaching empresarial) e o coaching de carreira. 3. Resposta: B. O coaching de vida (também nomeado de life coaching) tem como propósito melhorar o bem-estar do coachee, com foco em metas de seu contexto pessoal. Alguns dos temas trabalhados nessa modalidade são: equilíbrio pessoal e profissional, estresse, gestão financeira pessoal, família, relacionamentos interpessoais, saúde e o desenvolvimento de um estilo de vida mais satisfatório e com propósito (GRANT, CAVANAGH, 2010). 4. Resposta: A. Para Marques e Carli (2012), a carreira profissional tem três etapas. O indivíduo sempre está posicionado em uma dessas fases e esse ciclo se repete continuamente: 141/222 Gabarito 1. Ascensão: melhor fase profissional, entretanto se não souber aproveitar os momentos, os resultados não serão satisfatórios. 2. Estagnação: estado interno desfavorável. A performance encontra-se em estado de baixa autoestima, baixa autoconfiança para o crescimento profissional. Aqui, o indivíduo precisa realizar novas atividades. 3. Mudança: a mudança na carreira é definida por um período de reflexão ou um período agitado. O foco aqui é a mudança para um novo trabalho ou uma nova posição, retorno à universidade (MBA, especialização etc.). O processo de mudança pode ser considerado positivo quando o profissional deseja dar um novo direcionamento à sua condição, após ter vivido um tempo difícil. 5. Resposta: C. Para Strokes e Jolly (2010), no coaching executivo o cliente principal é a organização ao invés do indivíduo isoladamente, que está inserido em um sistema mais amplo de papéis e responsabilidades. 142/222 Unidade 6 Processo de avaliação no coaching Objetivos 1. Compreender como se processa a fase da avaliação no coaching executivo. 2. Entender o que são ferramentas de assessment, para que servem e como são utilizadas. 3. Conhecer as áreas de aplicação do assessment. 4. Conhecer e saber diferenciar o DISC e o MBTI como ferramentas de assessment. Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching143/222 Introdução Como você viu, o coaching trabalha com questões relacionadas ao desempenho, mudanças requeridas ou desafios específicos que o coachee esteja atravessando. Tem como foco um resultado ou ação, sendo trabalhado em sessões programadas de curto e médio prazo. Algumas atividades podem determinar, partindo de elementos previamente estabelecidos, se a prática de coaching é apropriada num dado momento. Tomando como base o processo de coaching realizado para um executivo da empresa, esse importante conjunto de atividades de bastidores, normalmente conduzido pela área de Recursos Humanos, inclui consultar o executivo sobre quais são suas necessidades para o estabelecimento de um padrão para a ferramenta. Nesta etapa são estabelecidas as bases do relacionamento do coaching para o executivo e quais serão as metas de desenvolvimento. Há dois aspectos de suma importância: o primeiro aborda o relacionamento com o executivo e isso exige o alinhamento de expectativas, de metas e a definição das regras e parâmetros desse relacionamento (por exemplo, confidencialidade, normas de conduta nas sessões e outros). O outro assunto diz respeito a como o coach obterá informações do executivo. As informações podem ser obtidas por meio do feedback 360º, através de entrevistas e pesquisas. As informações podem ser obtidas pelo próprio coachee (executivo), de seu superior imediato, da alta administração, do RH ou de outras fontes Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching144/222 internas da organização. Nessa etapa, o coach pode conduzir também avaliações de personalidade, de estilo de liderança, de valores e atitudes do executivo. Para saber mais O Feedback 360º corresponde ao processo de coleta, tabulação e consolidação das percepções (avaliações) que determinadas pessoas (avaliadores) têm a respeito das competências e/ ou comportamentos de um indivíduo (avaliado). Os avaliadores são pessoas que se relacionam e/ou têm contato frequente com o avaliado, tais como: superiores, pares, subordinados e parceiros (clientes e fornecedores interno e externos), além do próprio avaliado (autoavaliação). De modo geral, este tema diz respeito ao levantamento de dados do coachee e da organização no qual atua para que o coach tenha maior condição de compreender o cenário onde o coachee se encontra, levando-se em consideração as necessidades deste, bem como as normas e cultura da organização. 1. A fase de avaliação no coaching executivo A fase de avaliação do coaching executivo fornece, tanto ao coach quanto ao coachee (executivo), informações importantes sobre as quais se sustenta um plano de ação e desenvolvimento. O coach pode selecionar entre uma variedade de instrumentos Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching145/222 de avaliação, incluindo indicadores de personalidade, aprendizagem, interesse, e estilos de liderança. Segundo Flaherty (2010), nesta fase, o coach precisa aprofundar um pouco mais o conhecimento sobre o coachee, avaliando seu nível de competências e práticas do executivo,bem como seus relacionamentos dentro da empresa. É necessário também compreender as competências da empresa e do cargo para que tenha condições de identificar as competências a serem trabalhadas. Caso o coach tenha condições de observar o executivo em ação em seu contexto usual de trabalho, isso também fornecerá dados para avaliação. Realizar entrevista com o executivo, entrevistar seus pares, subordinados diretos, superior imediato e pessoas de outras áreas da empresa também são fontes importantes de dados e informações para que o coach tenha uma abrangência geral sobre o coachee. Há ocasiões, segundo o qual, o coachee, em parceria com a organização, escolhe não iniciar um processo completo de coaching executivo. Quando a avaliação e o plano de desenvolvimento foram realizados em separado e o coaching é acrescentado após o evento, talvez seja necessário inserir outras pessoas em um processo adicional de coleta de dados, revisão e estabelecimento da meta. Quando a avaliação e o planejamento são realizados sem uma fase formal de coaching, algum processo desta ferramenta Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching146/222 deve acompanhar a apresentação e revisão dos resultados. Isso auxilia o executivo não apenas a compreender as informações e suas consequências, mas também a fazer uso dos dados para elevar a autoconsciência assim como a identificar as áreas de desenvolvimento com maior chance de sucesso. É importante também, caso haja condições e tempo, prospectar a equipe com a qual o executivo atua já que tal sondagem é uma parte importante da visão sistêmica do coaching executivo. Ao compreender a equipe e o ambiente no qual o executivo está inserido, junto com seu coach, podem delimitar de forma mais precisa o que alterar e como realizar essa mudança. Avaliações adicionais podem incluir parâmetros tais como: cultura organizacional, comunicação da equipe, confiança organizacional, qualidade, satisfação dos colaboradores, eficiência e lucratividade. Esses indicadores sistêmicos podem apontar como a companhia funciona e como são obtidos os resultados. Essas informações podem ser extraídas por meio de observação direta, questionários, grupos de discussão, entrevistas individuais e outros. Como você já viu no primeiro tema, o processo de coaching divide-se em três fases: preparação, processo em si e seguimento e, para alguns autores (KRAUSZ, 2007; FERREIRA, 2008), dentro dessas três etapas estão incluídas, de Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching147/222 forma detalhada: a) etapa de assessment ou levantamento preliminar: momento de avaliação da necessidade, aspectos a serem trabalhados; b) construção de relacionamento entre coach e coachee; c) plano de ação: definição de um plano de desenvolvimento acordado entre coach e o coachee; d) monitoramento: avaliação do prática e acompanhamento; e) análise dos resultados e encerramento: momento de avaliar o desenvolvimento de gaps, ganhos e o processo como um todo. 2. Levantamento de dados com assessment Já foi dito que ao longo do procedimento, o coach vai orientando o processo de reflexão do coachee com o auxílio de técnicas e instrumentos de diagnóstico. Esses instrumentos e ferramentas de levantamento de dados são nomeados assessment. Assessment ou centro de avaliação são recursos utilizados se para avaliar o potencial de um profissional, bem como identificar talentos, selecionar e desenvolver profissionais. Auxiliam Link Assessment – método de desenvolvimento de potencial: Disponível em: <http://www.rh.com. br/Portal/Desenvolvimento/Artigo/7216/ assessment--metodo-de-desenvolvimento- de-potencial.html>. Acesso em: 10 out. 2016. Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching148/222 na identificação de competências reconhecidas como essenciais para o desempenho de determinada função, durante o qual, o profissional que passa pelo processo se depara com um conjunto de atividades que podem incluir entrevistas de avaliação, testes psicométricos, inventários de personalidade, de estilo de liderança e outros. Quando utilizados no processo de coaching, auxiliam no conhecimento, no autoconhecimento e no desenvolvimento do coachee. A necessidade de utilizar ferramentas de assessment no processo de coaching reside no fato de que proporcionam uma análise comportamental embasada em dados confiáveis, deixando de lado as observações aleatórias, o conhecido “achismo”, resultando em dados consistentes. As ferramentas de assessment são empregadas de forma mais eficiente quando servem a um propósito específico e muito bem esclarecido e, para isso, a comunicação vertical e horizontal é fundamental na aplicação das ferramentas já que quem participa do projeto deve estar ciente do processo. Um ponto muito importante que deve ser destacado é o fato de que as ferramentas de assessment não mensuram maturidade, conhecimento, habilidades ou caráter e também não servem para demissões, apesar de ser, muitas vezes, adotada de forma errônea para esse fim. Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching149/222 No geral, as ferramentas de assessment estão estruturadas sobre teorias e conceitos com grande aceitação e essa característica aumenta a credibilidade no desenvolvimento e aplicação dos instrumentos. No quadro que segue, você poderá acompanhar a amplitude da utilização das ferramentas de assessment nos mais diversos campos relacionados à gestão de pessoas: Quadro 5: Áreas de aplicação das ferramentas de assessment Coaching, mentoring e counseling Perfil comportamental. Identificação de características positivas e negativas Identificação de perfis de liderança. Gestão de mudanças Otimização dos pontos positivos na carreira de líderes e pessoas em cargos de liderança. Orientação de carreira Relacionamento e comunicação. Gestão por competências Análise de adequação perfil pessoal x cargo. Gerenciamento e motivação Seleção de pessoas. Identificação de potencial Planejamento de sucessão. Devolutivas (feedback) Elaboração de programas de desenvolvimento. Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching150/222 Resolução de conflitos Desenvolvimento de talentos. Análise de equipes Relacionamento interpessoal. Vendas Team Building. Atendimento ao cliente Conflitos interpessoais. Identificação de gaps para desenvolvimento Desenvolvimento de equipes de alta performance. Fonte: O autor. Para saber mais Traduzindo ao pé da letra o termo team building temos “construção de equipe”, prática que vem ganhando terreno dentro das organizações já que a integração e a otimização do trabalho em grupo, tem agregado valor às relações organizacionais. Geralmente, as empresas oferecem uma série de treinamentos e cursos técnicos para suas equipes. Todavia, percebe-se cada vez mais que a construção de equipes aborda outras características como emoções, comportamentos e cultura, entre outros. Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching151/222 Uma pesquisa conduzida no Brasil em 2012, pelo grupo Michael Page, exclusivamente com executivos de RH de empresas nacionais e multinacionais de diferentes setores da economia, identificaram as principais ferramentas de assessment utilizadas: • DISC (55%). • MBTI (42%). • QUANTUM (16%). • Outras ferramentas (10%). 3. O DISC e o MBTI como ferramentas de assessment O DISC (acrônimo para Dominância, Influência, Estabilidade e Conformidade), tem como finalidade traçar as tendências comportamentais de uma pessoa. Link DISC e o perfil comportamental. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br/artigos-rh/ disc-e-o-perfil-comportamental/>. Acesso em: 10 out. 2016. Ferramenta amplamente empregada emmais de 70 países e desenvolvida na Universidade de Harvard pelo psicólogo norte-americano Willian Moulton Marston, que, ao elaborar sua obra Emotions of Normal People, publicada em 1928, afirma que existem quatro padrões de comportamento previsíveis, que podem ser encontrados nas pessoas. Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching152/222 Compreender esses padrões pode se traduzir em sucesso profissional e pessoal, além de poder levar o coachee a um alto grau de satisfação nas relações pessoais. A ciência comportamental por trás dessa ferramenta de assessment defende que todas as pessoas possuem essas quatro qualidades básicas de comportamento (Dominância, Influência, Estabilidade, Conformidade) em diferentes graus. Link O DISC original. Disponível em: <http://www. disc.com.br/o-disc-original.shtml>. Acesso em: 10 out. 2016. É evidente que nossa individualidade é bem mais complexa do que sugere inicialmente qualquer ferramenta e, por esse motivo, a particularidade de cada pessoa pode ser compreendida a partir da ideia de que somos compostos por uma combinação específica entre as quatro qualidades de comportamento. É importante destacar que cada um dos padrões comportamentais tem um valor único em termos de características gerais, motivações e contribuições. Isso significa que não há um padrão melhor ou pior do que outro. As tendências de cada padrão podem ser funcionais ou disfuncionais dependendo da intensidade de utilização dos comportamentos e das exigências Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching153/222 específicas do ambiente organizacional do qual o coachee está inserido. O MBTI (Myers-Briggs Type Indicator) é inspirado nos estudos do psicólogo suíço Carl Jung nas primeiras décadas do século XX, tendo seu desenvolvimento efetuado pelas norte-americanas Katharine Cook Briggs e sua filha Isabel Briggs Myers. Este instrumento de assessment ajuda o coachee a compreender como processa informações e toma decisões, além de outros aspectos. O MBTI mapeia os traços de personalidade das pessoas utilizando as seguintes dimensões: Para saber mais O MBTI indica como podemos desenvolver melhor nossos relacionamentos e aptidões, tanto para o sucesso pessoal quanto organizacional. Um dos objetivos do instrumento é oferecer demonstrações e argumentos que facilitam o caminho do maior respeito e tolerância consigo mesmo e com os outros e da apreciação de seus dons e talentos. Entender o próprio tipo psicológico provoca uma mudança favorável na vida das pessoas em grande variedade de situações. Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching154/222 • Extroversão x Introversão. • Sensação x Intuição. • Pensamento x Sentimento. • Julgamento x Percepção. Estes quatro pares de palavras resultam em 16 tipos psicológicos, cada um com suas características, forças e fraquezas o que possibilita uma maior compreensão da personalidade, do comportamento e das atitudes das pessoas. Jung desenvolveu este conceito para explicar algumas das muitas diferenças aparentes nos comportamentos das pessoas. Ele encontrou padrões previsíveis e diferenciados do comportamento normal, observando seus pacientes e também outras pessoas. Ainda de acordo com Jung, as diferenças entre as pessoas são causadas pelas diferentes maneiras com que utilizam suas mentes. A ideia principal é que todas as pessoas, segundo ele, se utilizam diariamente, dos quatro processos essenciais (extroversão x introversão; sensação x intuição; pensamento x sentimento e; julgamento x percepção). Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching155/222 A combinação das preferências de um coachee nessas quatro dimensões fornece seu tipo psicológico, segundo o MBTI, considerado uma ferramenta valiosa para Para saber mais Carl Gustav Jung foi um dos maiores estudiosos da vida interior do homem e tomou a si mesmo como fonte de suas descobertas. Em 1907 visitou Sigmund Freud, o criador da psicanálise, iniciando uma estreita colaboração com ele. Em 1912 romperam a associação devido a divergências de ideias. A partir do rompimento, Jung trilhou seu próprio caminho no campo da psicologia. Em 1917 publicou seus estudos sobre o inconsciente coletivo e em 1920 apresentou os conceitos sobre tipos psicológicos. ajudar as pessoas a compreenderem suas características individuais e quanto ao estilo de trabalho. Essa ferramenta permite construir um quadro genérico dos pontos fortes e fracos de um indivíduo e assim, ajuda a superar a busca ilusória da personalidade “perfeita”. Desse modo, o foco para o coachee passa a ser o de como usar, da melhor forma possível, as preferências preferidas. Como já foi abordado, todas as pessoas têm uma preferência natural por uma das duas palavras opostas em cada uma das quatro escalas e, ao utilizar as preferências em cada uma das áreas, o coachee poderá desenvolver características comportamentais e de atitude semelhantes às de outras pessoas Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching156/222 que apresentam as mesmas preferências. Entretanto, não podemos dizer que estas preferências sejam certas ou erradas. Elas simplesmente produzem diferentes tipos de pessoas, com interesses diferentes e direcionadas a diferentes áreas. A utilização de ferramentas de assessment na prática de coaching é muito importante para levantar pontos que possam ser o foco do que deve ser trabalhado entre coach e coachee, além de elevar o processo de autoconhecimento deste último. Unidade 6 • Processo de avaliação no coaching157/222 Glossário Visão sistêmica: consiste na compreensão do todo a partir de uma análise global das partes e da interação entre estas. Várias forças atuam num sistema em funcionamento, sejam internas ou externas. Ao considerar a organização como um sistema, passa-se a analisar o ambiente, ou seja, o conjunto de forças que possam ter alguma influência sobre o funcionamento desse sistema. Acrônimo: palavra que se forma pela junção das primeiras letras ou das sílabas iniciais de um grupo de palavras, de uma expressão: a ANATEL, Agência Nacional de Telecomunicações, é um exemplo de acrônimo. Previsível: que se pode perceber ou prever. Questão reflexão ? para 158/222 Como já foi abordado, há um extenso campo de aplicação das ferramentas de assessment, desde avaliação de perfil comportamental, passando por orientação de carreira e chegando até o relacionamento interpessoal. Digamos que você esteja passando atualmente por um processo de coaching. Qual seria, em sua opinião, a maior contribuição das ferramentas de assessment no seu caso específico, ou seja, o que mais gostaria de descobrir sobre você mesmo, levando-se em conta o Quadro 5 apresentado nas páginas anteriores? 159/222 Considerações Finais • Na fase de avaliação referente ao coaching executivo o objetivo é coletar dados sobre o coachee e seu ambiente a fim de tornar o processo de coaching o mais preciso em termos de diagnóstico e desenvolvimento de plano de ação. • Assessment ou centro de avaliação são ferramentas empregadas para se avaliar o potencial de um profissional. No caso específico de sua utilização no coaching, o objetivo final é o de proporcionar autoconhecimento para o coachee. • Há um extenso campo de atividades nas quais as ferramentas de assessment podem ser empregadas tendo em vista a coleta de dados para a tomada de decisão tendo em vista os objetivos a serem alcançados. • DISC e MBTI são as ferramentas de assessment mais empregadas para se obter dados confiáveis do coachee e que tornam cada pessoa única em seu conjunto de personalidade. Unidade 4 • Relação entre coach e coachee160/222Referências FERREIRA, M. A. Coaching: um estudo exploratório sobre a percepção dos envolvidos: organização, executivo e coach. Dissertação de mestrado em administração, Faculdade de administração, contabilidade e economia da Universidade de São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-14012009-152323/pt-br.php>. Acesso em: 16 set. 2016. FLAHERTY, J. (2010). Coaching: Evokin excellence in others. Butterworth-Heinemann, Woburn, 2010. KRAUSZ, R. R. Coaching executivo: a conquista da liderança. São Paulo: Nobel, 2007. 161/222 Assista a suas aulas Aula 6 - Tema: Processo de avaliação no coa- ching - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/05b06a1be1e7fdd9cb0ee0ea9cc5f330>. Aula 6 - Tema: Processo de avaliação no coaching - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/817584ecf4016d22bdc8db1f08b515b4>. 162/222 1. A finalidade da ferramenta de assessment MBTI é: Questão 1 a) Ajudar a mapear as habilidades de uma pessoa. b) Ajudar a compreender como uma pessoa processa informações e toma decisões. c) Ajudar a mensurar maturidade e conhecimento de uma pessoa. d) Ajudar no processo de desligamento de uma pessoa. e) Ajudar a analisar o caráter de uma pessoa. 163/222 2. No processo do coaching executivo, a fase da avaliação: Questão 2 a) Fornece informações sobre a finalização do processo de coaching. b) Fornece informações da avaliação do coach pelo coachee. c) Fornece informações sobre o processo de coaching entre coach e coachee. d) Fornece informações que auxiliarão no desenvolvimento do plano de ação do coachee. e) Fornece informações sobre o que o coach pensa do coachee. 164/222 3. O DISC, como ferramenta de assessment, trabalha com as dimensões: Questão 3 a) Extroversão x introversão, sensação x intuição, dominância e influência. b) Extroversão x introversão; sensação x intuição; pensamento x sentimento; julgamento x percepção. c) Dominância, influência, estabilidade e conformidade. d) Estabilidade, conformidade, pensamento x sentimento e julgamento x percepção. e) Dominância, influência, estabilidade e caráter. 165/222 4. O Feedback 360º, quando utilizado no processo de coaching, corresponde à coleta de informações realizada com: Questão 4 a) O superior imediato. b) O próprio coachee. c) O superior imediato, pares, subordinados e parceiros. d) Os pares do coachee. e) O departamento de RH da empresa. 166/222 5. As principais ferramentas de assessment utilizadas no Brasil atualmente são: Questão 5 a) MBTI e Feedback 360º. b) DISC e Feedback 360º. c) QUANTUM e MBTI. d) QUANTUM e DISC. e) DISC e MBTI. 167/222 Gabarito 1. Resposta: B. O MBTI (Myers-Briggs Type Indicator) é inspirado nos estudos de do psicólogo suíço Carl Jung, nas primeiras décadas do século XX, tendo seu desenvolvimento efetuado pelas norte-americanas Katharine Cook Briggs e sua filha Isabel Briggs Myers. Este instrumento de assessment ajuda o coachee a compreender como processa informações e toma decisões, além de outros aspectos. 2. Resposta: D. A fase de avaliação do coaching executivo fornece, tanto ao coach quanto ao coachee (executivo), informações importantes sobre as quais se sustenta um plano de ação de desenvolvimento. O coach pode selecionar entre uma variedade de instrumentos de avaliação, incluindo indicadores de personalidade, aprendizagem, interesse, e estilos de liderança. 3. Resposta: C. O DISC (acrônimo para Dominância, Influência, Estabilidade e Conformidade), tem como finalidade traçar as tendências comportamentais de uma pessoa. 4. Resposta: C. O Feedback 360º corresponde ao processo de coleta, tabulação e consolidação das 168/222 Gabarito percepções (avaliações) que determinadas pessoas (avaliadores) têm a respeito das competências e/ou comportamentos de um indivíduo (avaliado). Os avaliadores são pessoas que se relacionam e/ou têm contato frequente com o avaliado, tais como: superiores, pares, subordinados e parceiros (clientes e fornecedores internos e externos), além do próprio avaliado (autoavaliação). 5. Resposta: E. Uma pesquisa conduzida no Brasil em 2012, pelo grupo Michael Page, exclusivamente com executivos de RH de empresas nacionais e multinacionais de diferentes setores da economia, identificaram as principais ferramentas de assessment utilizadas: • DISC (55%). • MBTI (42%). • QUANTUM (16%). • Outras ferramentas (10%). 169/222 Unidade 7 Técnicas e métodos de avaliação em coaching Objetivos 1. Compreender as técnicas, métodos e instrumentos utilizados para avaliação em coaching. 2. Entender a finalidade e a importância de se fazer boas perguntas no processo de coaching. 3. Conhecer o estado de peak performance e como ele influencia a vida do coachee. 4. Compreender a ferramenta de avaliação pessoal denominada de roda da vida e sua importância para o equilíbrio pessoal do coachee. 5. Entender a avaliação 360º e o método C.L.I.E.R. como ferramentas de avaliação do coachee. Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching170/222 Introdução De acordo com Maggie, (2011), as ferramentas, técnicas e métodos de avaliação utilizados no processo de coaching estão relacionados com a forma como o coach conduz a entrevista que executa junto ao coachee, bem como a observação da situação. Ainda, segundo a autora, o coach, ao seguir uma metodologia de coaching, permite uma estruturação mais eficiente da sessão e administrar a evolução do coachee. Como a prática de coaching se baseia em não oferecer respostas, nem o que fazer, cabe ao coach auxiliar o coachee a encontrar suas próprias respostas, bem como descobrir suas potencialidades. Na essência desse processo, encontra- se a ideia de que quando a descoberta é realizada pelo coachee, permite uma incorporação verdadeira e consciente do que estava oculto. Para que as organizações evoluam, é necessário que haja evolução das pessoas e ela só pode ser acompanhada se for medida, mesmo que por observação comportamental. Dessa forma, o objetivo deste tema é explicar de forma simples e objetiva quais as técnicas, métodos e instrumentos de avaliação em coaching e suas aplicações ao processo como meios de auxiliar no autoconhecimento e no desenvolvimento do coachee. Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching171/222 1. Técnicas projetivas Segundo Villemor-Amaral (2006), são instrumentos de avaliação psicológica largamente utilizados por psicólogos, exclusivamente. Essas técnicas são originárias de um enfoque clínico no qual se procura o máximo de informações acerca do coachee com o objetivo de diagnosticar e intervir. São diferentes das escalas e inventários, por exemplo, pois procuram características latentes, que não podem ser observadas diretamente. De acordo com Schiffman e Kanuk (2000), seu funcionamento é simples. Por meio de um impulso ou estímulo, a pessoa projeta seus pontos de vista subjetivos, atitudes, comportamentos, crenças etc. o que, devido por algum motivo, não faria de forma espontânea. Desse modo, configura-se em uma forma não estruturada e indireta de perguntar, que estimula a pessoa a projetar suas motivações, opiniões, atitudes ou sensações que não são percebidas ou afirmadas de forma clara. Ela é realizada por meio de um impulso, seja uma imagem, frase, ou algo que faça com o que o coachee crie uma resposta consciente ou inconsciente para o estímulo dado. Essa resposta será interpretada pelo psicólogo com basenas regras estabelecidas em manuais para a correção de testes projetivos. Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching172/222 2. Ferramentas de análise de comportamento Há no mercado diversas formas para conhecer melhor o perfil comportamental de um coachee. Vamos conhecer alguns deles: MBTI (Indicador de tipos psicológicos): como já mencionado no tema anterior, Link Conceitos fundamentais dos métodos projetivos. Disponível em: <http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1516-14982014000100009>. Acesso em: 11 out. 2016. o indicador de tipos Myers-Briggs é um questionário que foi idealizado para medir as preferências psicológicas na forma como as pessoas percebem o mundo e tomam decisões. Essas preferências foram estudadas a partir das teorias propostas por Carl Gustav Jung e aperfeiçoadas por Katharine Cook Briggs e sua filha Isabel Briggs Myers. Em seu estudo, conceberam as diferenças psicológicas em quatro pares de opostos ou dicotomias, resultando em dezesseis possíveis tipos psicológicos. DISC (Dominância, Influência, Estabilidade, Conformidade): também já relatado no tema anterior, é um método desenvolvido para avaliação de comportamento das pessoas. Foi originado a partir de estudos do Dr. William Moulton Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching173/222 Marston, que objetivava entender como o ser humano lida com o ambiente no qual está inserido, assim como os motivos para que apresente determinadas ações e reações. Marston identificou que os indivíduos possuem dois grandes âmbitos comportamentais: interno (sua própria percepção a respeito de seu poder pessoal com relação ao ambiente em que está inserido) e externo (análise do ambiente). PI (Predictive Index): ferramenta que mapeia o perfil comportamental e tem como alvo prever e entender a conduta de uma pessoa. Ela indica, por meio de gráficos, diversas informações sobre um indivíduo, ou seja, como se comporta em casa e com os amigos. Mede também como acha que o ambiente corporativo gostaria que ele fosse. Outro dado que pode ser obtido diz respeito a como ele corresponde a tudo isso. O PI pode direcionar o trabalho de um gestor, já que consegue prever os comportamentos e, com isso, ajudá-lo a se relacionar melhor com as pessoas. Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching174/222 PPA (Personal Profile Analysis): A análise do perfil pessoal ou avaliação comportamental da Thomas, o PPA, oferece uma visão precisa de como Para saber mais O PI é um teste de autoavaliação utilizado principalmente nos negócios. É um indicador de comportamento no trabalho. Muitas empresas o usam durante o processo de contratação para auxiliar a determinar se determinado candidato é o certo para o trabalho. Também é utilizado para a resolução de conflitos, promoção e melhoria da satisfação. Ele é baseado em uma ciência comportamental na qual não determina o tipo de personalidade, porém aponta seus comportamentos mais fortes. as pessoas atuam no ambiente de trabalho. Os dados gerados por meio de preenchimento de questionário são os pontos fortes e as limitações do profissional, bem como seu estilo de comunicação, valor para os negócios, o que o motiva, seus receios básicos e como tende a atuar sob pressão. IHP (Inventário Hogan de Personalidade): O relatório gerado por esta ferramenta descreve os pontos fortes e necessidades de desenvolvimento do gestor. É organizado em termos de sete escalas (ajustamento, ambição, sociabilidade, sensibilidade interpessoal, prudência, inquisitivo e abordagem à aprendizagem); cada escala trata de um componente diferente do desempenho da liderança. Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching175/222 Este termo é tratado conceitualmente pela ferramenta como a capacidade de se formar e manter uma equipe de alto desempenho. Essa capacidade é demonstrada quando o líder consegue fazer com que as pessoas deixem de lado suas metas individuais em benefício das metas grupais. 3. Utilização de perguntas no processo de coaching O exercício de efetuar perguntas é essencial para criar o hábito de fazer o coachee refletir em termos de ações e os resultados gerados por essas ações. Entretanto, apenas fazer perguntas pode não ser suficiente, é preciso fazer boas perguntas, com objetividade e foco. As perguntas que possuem essa qualidade são chamadas de perguntas poderosas. Link O poder da pergunta. Disponível em: <http:// www.sbcoaching.com.br/blog/atinja- objetivos/perguntas-poderosas/>. Acesso em: 12 out. 2016. Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching176/222 As perguntas poderosas são uma ferramenta relevante na prática do coaching. São utilizadas pelo coach para instigar o coachee a encontrar as ações que precisam ser realizadas para obtenção do resultado, levando em conta que o coachee deve encontrá-las por si mesmo. São perguntas que visam alterar o funcionamento cerebral do coachee, desafiando suas suposições e trazendo novos insights e descobertas para as situações nas quais ele ainda não havia pensado. Devem ser realizadas no sentido de mover o coachee em direção ao seu desejo (futuro), ao invés de olhar o passado e focar para trás, justificando o que já se passou. Outra condição importante é que as perguntas sejam abertas. Exemplos de perguntas poderosas: - “O que você deseja conquistar a curto, médio e longo prazo?” - “Como você pode assumir o controle da situação?” - “Quais serão suas metas de curto prazo para realizar seu objetivo maior?” - “Quando você diz...o que você quer dizer com isso?” - “Isto é uma interpretação ou um fato? Você pode citar algum exemplo concreto?” Esses são alguns exemplos de perguntas focadas e realizadas com objetividade em relação a determinadas situações. O Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching177/222 importante é o coach dedicar algum tempo para elaborar perguntas que façam sentido para o coachee de acordo com a situação que este estiver vivenciando. O coach pratica todos os campos da competência do processo de coaching para que possa auxiliar o coachee a desempenhar bem sua tarefa e de preferência alcance um desempenho denominado de peak performance. Para saber mais São os momentos de grande desempenho onde o estado mental é de total fluidez. Conceito desenvolvido pelo psicólogo norte-americano Charles Garfild na década de 80. Ele pesquisou os fatores determinantes comuns (segredo do sucesso) nos grandes realizadores que vão desde executivos a atletas. Ele descobriu que todos os grandes realizadores são também peak performers, ou seja, atingem com frequência altos picos de performance. O coachee que atua em peak performance concentra-se em resultados, porém sem causar prejuízo ao seu lado pessoal, o que significa que o desenvolvimento completo do coachee envolve todas as áreas de Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching178/222 4. Roda da vida A satisfação está vinculada a vários fatores da sua existência tais como: a maneira que você se vê, como são seus relacionamentos, como lida com a carreira e se porta diante dos outros. Diante disso, foi concebida a roda da vida que é uma ferramenta de avaliação pessoal que se subdivide em dimensões que são fundamentais para você encontrar seu equilíbrio pessoal. sua vida: financeira, profissional, social, física, intelecto, relacionamento íntimo, emocional, ontológica e lazer. A peak performance foca no positivo, no que já funciona ou funcionou bem. O objetivo é procurar os momentos de peak experiences e utilizá-las como base do processotodo, tornando a conversa sobre o que pode ser e o que será muito mais criativa. A visão do futuro preferido é ancorada nos momentos dinâmicos de alta performance (peak performance) da vida do coachee, assim como nos aprendizados e no confronto de desafios do passado. Link Novos usos para a ferramenta de coaching Roda da Vida. Disponível em: <http://www. sbcoaching.com.br/blog/colaboradores/ fernando-colella/roda-da-vida/>. Acesso em: 12 out. 2016. Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching179/222 Ela tem o formato de um círculo e pode ser dividida em dez partes como num gráfico de pizza, revelando os seguintes aspectos: familiar, social, intelectual, física, espiritual, emocional, relacionamento íntimo, profissional, financeira e lazer. Para efetuar a avaliação, é essencial dar uma nota que varia de 0 a 10 relativa à satisfação que você acredita ter em cada dimensão. Com o resultado, você terá condições de verificar onde necessita dar mais atenção e, por consequência, aumentar seu nível de satisfação. Essa ferramenta também ajuda o coachee no sentido de poder fazer uma reflexão sobre sua vida no momento atual e o que deseja alcançar, quais são suas preferências, interesses principais e que aspectos importantes têm dado pouco ou nenhuma importância, impedindo seu crescimento. Ao conhecer qual aspecto apresenta deficiências, facilita a execução de um plano que ajudará o coachee a trabalhar a dimensão que está deficiente. A roda da vida é vista como uma ferramenta de assessment eficiente, simples e objetiva, tanto que vários coaches a utilizam para compreenderem o que necessita ser trabalhado no coachee e o que o tem desmotivado e impedido de atingir seus objetivos. Essa técnica é eficaz tanto para o coaching de vida como para o coaching de carreira, pois procura harmonizar o lado pessoal e profissional de cada indivíduo, resultando num caminho que poderá levar à satisfação. Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching180/222 5. 360º informal e autofeedback Ao contrário da avaliação 360º na qual há vários avaliadores (superiores, pares, subordinados, clientes etc.) esta forma indireta de avaliação não dá abertura para que terceiros participem da avaliação do coachee. Neste caso, cabe ao próprio coachee imaginar o que seus colegas diriam a seu respeito. A ideia central é que ele possa responder do que seus colegas reclamariam e quais seriam os elogios que diriam a seu respeito. É uma forma indireta de avaliação porque o coachee responde por toda a equipe, colocando-se no lugar dela para pensar sobre si mesmo. O autofeedback é uma ferramenta na qual o coachee escreve sobre seus pontos fortes e os de melhoria, bem como suas expectativas, oportunidades, fatores limitantes e outros aspectos que possibilitam a autorreflexão do que deve ser trabalhado para que atinja o que almeja profissionalmente ou pessoalmente. Com esta ferramenta, o coachee tem a possibilidade de desvendar seu estado atual e o estado que deseja chegar. 6. Modelo C.L.I.E.R. Outra forma no qual é possível de se realizar a avaliação do coachee é o método CLIER (Cultura, Liderança, Informal 360º, Experiências do dia a dia, Role models ou modelos de referência). Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching181/222 Este método, segundo Di Stéfano (2005), não depende da participação de terceiros e dá prioridade ao entendimento do próprio coachee sobre cinco áreas: Cultura: compreende o ambiente em que a empresa atua. Aqui o coachee vai discorrer sobre sua percepção acerca da cultura da empresa e se há alinhamento entre ela e sua forma de agir. Liderança: aqui é preciso conhecer qual é o estilo de liderança do coachee e como ele atua no papel de líder, caso tenha esta condição na empresa onde atua. Informal 360º - já mencionado. Experiências diárias: oferece a possibilidade do coachee refletir sobre sua atuação diária dentro da organização. Procura caracterizar dois pontos principais: Quando você está no seu melhor, você está fazendo o quê? Por outro lado, deve destacar também qual é o seu pior, ou seja, qual a situação, atividade ou tarefa que ele sabe que não vai muito bem e precisa melhorar. A questão, neste caso é: Quando você está no seu pior, você está fazendo o quê? Role models (modelos de referência): o coach passa a conhecer quais são os modelos de referência do coachee. Quem lhe serve de exemplo, tanto na vida pessoal como na vida profissional e quais são as características que admira. Isso é muito importante para saber até onde o coachee deseja chegar e qual é o seu foco de aprimoramento. Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching182/222 7. Outros modelos Há outros modelos que também são utilizados pelos coaches para obter dados dos coachees. É na teoria das ciências sociais, mais especificamente no campo da psicologia que estes modelos se baseiam. Considera-se, de acordo com Pereira (2008), que outros modelos utilizados pelos coaches, além dos já mencionados são: análise transacional; programação neurolinguística; modelo sistêmico, eneagrama; teste de percepção sensorial etc. Unidade 7 • Técnicas e métodos de avaliação em coaching183/222 Glossário Latente: que não se vê ou que está oculto; encoberto; que não foi expresso claramente; subentendido. Instigar: levar uma pessoa a praticar uma ação; incitar; induzir; ser persuasivo. Insight: conhecimento intuitivo e repentino dos elementos necessários para a compreensão e solução de um problema ou situação. Ontológico: estudo ou conhecimento dos seres e dos objetos enquanto eles mesmos, em oposição ao estudo de suas aparências e atributos. Questão reflexão ? para 184/222 Digamos que eu (coach) esteja utilizando o método CLIER com você (coachee) e entramos na fase do role models (modelos de referência). Reflita sobre as pessoas que você mais admira, tanto no aspecto pessoal quanto profissional. O que essas pessoas que vieram à sua mente possuem como características que você mais admira? Com relação às características que essas pessoas possuem, você está mais próximo ou mais distante delas? E o que você poderia fazer para incorporar essas características? No que essas características ajudariam você na vida pessoal e profissional? 185/222 Considerações Finais • Há diversas técnicas, métodos e instrumentos de avaliação em coaching sendo que todas elas convergem para um objetivo comum: auxiliar no autoconhecimento e no desenvolvimento do coachee. • O essencial na prática de coaching é o exercício de efetuar perguntas, realizar boas perguntas para que façam sentido ao processo de coaching para fazer com que o coachee reflita em termos de ações a serem executadas. • O coach atua no sentido de ajudar o coachee a alcançar um estado de excelência no campo pessoal e profissional denominado de peak performance. • A satisfação do coachee é mensurada por este nos diversos aspectos que regem sua vida e com o objetivo de alcançar seu equilíbrio pessoal. • O método CLIER ajuda o coach a desvendar diversas informações do coachee acerca de como este se posiciona em diversos campos de atuação. Unidade 4 • Relação entre coach e coachee186/222 Referências DI STÉFANO, R. O líder coach: líderes criando líderes. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. MAGGIE, J. Coaching: o guia essencial ao sucesso do coach, do gestor e de quem quer ser ainda mais feliz. Editora Smartbook, 2011. PEREIRA, A. Coaching: teoria e prática. Lisboa: Edições Silabo, 2008. SCHIFFMAN, L. G.; KANUK, L. L. Comportamento do consumidor. Rio de Janeiro: LTC, 2000. VILLEMOR-AMARAL, A. E. Desafios para a cientificidade das técnicas projetivas. In: NORONHA,A. P.; SANTOS, A. A.; SISTO, F. F. Facetas do fazer em avaliação psicológica. (p. 163-171). São Paulo: Vetor, 2006. 187/222 Assista a suas aulas Aula 7 - Tema: Técnicas e métodos de avaliação em coaching - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ d3bb30d0884e6dca00b2300bd2caba06>. Aula 7 - Tema: Técnicas e métodos de avaliação em coaching - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/5914703575a56694846ae2b46b7581c1>. 188/222 1. As perguntas poderosas são utilizadas pelo coach no processo de coaching para: Questão 1 a) Instigar o coachee a alcançar um resultado de alta performance. b) Estimular o coachee a encontrar as ações que necessitam ser realizadas para obtenção do resultado esperado. c) Provocar no coachee uma avaliação pessoal com o propósito de encontrar seu equilíbrio pessoal. d) Estimular o coachee a compreender a sua própria conduta comportamental. e) Para instigar o coachee a adquirir conhecimento. 189/222 2. O coachee, quando atua sob um estado de peak performance (alta performance): Questão 2 a) tem a possibilidade de desvendar seu estado atual e o estado que deseja alcançar. b) tem condições de fazer uma reflexão sobre sua vida no momento atual e o que deseja obter. c) tem a possibilidade de refletir sobre sua atuação diária dentro da organização. d) passa a conhecer seu modelo de referência. e) tende a concentrar-se em resultados, sem causar dano ao seu lado pessoal, sendo que seu desenvolvimento completo envolve todas as áreas de sua vida. 190/222 3. No processo de autofeedback o coachee: Questão 3 a) é avaliado por diversos avaliadores tais como superiores, pares, subordinados etc. b) imagina o que pares, superiores e subordinados, diriam a seu respeito. c) faz uma autorreflexão escrita sobre seus pontos fortes e os de melhoria, assim como suas expectativas e oportunidades. d) é avaliado pelo seu superior imediato. e) é avaliado pelo superior imediato juntamente com a área de Recursos Humanos. 191/222 4. Na técnica projetiva o coachee: Questão 4 a) por meio de um estímulo projeta suas opiniões, atitudes e comportamentos que, por algum motivo, não faria espontaneamente. b) preenche um questionário onde são avaliados seus pontos fortes, limitações bem como seu estilo de comunicação. c) preenche um gráfico que mostra como ele se comporta em casa e com os amigos. d) preenche um questionário no qual são avaliadas sete escalas: ajustamento, ambição, sociabilidade, sensibilidade interpessoal, prudência, inquisitivo e abordagem à aprendizagem. e) avalia dois lados comportamentais: o interno (sua percepção a respeito de seu poder pessoal com relação ao ambiente) e externo (análise do ambiente). 192/222 5. O método C.L.I.E.R compreende: Questão 5 a) Cultura, liderança, intelectual, experiências do dia a dia e role models (modelos de referência). b) Cultura, liderança, informal 360º, experiências do dia a dia e role models (modelos de referência). c) Cultura, lazer, informal 360º, experiências do dia a dia e role models (modelos de referência). d) Cultura, liderança, formal 360º, experiências do dia a dia e role models (modelos de referência). e) Cultura, liderança, informal 360º, emocional e role models (modelos de referência). 193/222 Gabarito 1. Resposta: B. São utilizadas pelo coach para instigar o coachee a encontrar as ações que precisam ser realizadas para obtenção do resultado, levando em conta que o coachee deve encontrá-las por si mesmo. 2. Resposta: E. O coachee que atua em peak performance concentra-se em resultados, porém sem causar prejuízo ao seu lado pessoal, o que significa que o desenvolvimento completo do coachee envolve todas as áreas de sua vida: financeira, profissional, social, física, intelecto, relacionamento íntimo, emocional, ontológica e lazer. 3. Resposta: C. O autofeedback é uma ferramenta na qual o coachee escreve sobre seus pontos fortes e os de melhoria, bem como suas expectativas, oportunidades, fatores limitantes e outros aspectos que possibilitam a autorreflexão do que deve ser trabalhado para que atinja o que almeja profissionalmente ou pessoalmente. 4. Resposta: A. De acordo com Schiffman e Kanuk (2000), seu funcionamento é simples. Por meio de um impulso ou estímulo, a pessoa projeta seus pontos de vista subjetivos, atitudes, 194/222 Gabarito comportamentos, crenças etc. o que, devido por algum motivo, não faria de forma espontânea. 5. Resposta: B. Outra forma na qual é possível de se realizar a avaliação do coachee é o método CLIER (Cultura, Liderança, Informal 360º, Experiências do dia a dia, Role models ou modelos de referência). 195/222 Unidade 8 Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees Objetivos 1. Conhecer as características mais importantes que o coachee deve apresentar para elevar a eficácia do processo de coaching. 2. Entender como o aprofundamento do autoconhecimento auxilia o coachee. 3. Compreender o que é Janela de Johari e seu impacto na relação entre coach e coachee. 4. Compreender o papel que a zona de conforto tem em sua vida. Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees196/222 Introdução Nos dias de hoje, a situação econômica e social, com as incessantes mudanças que ocorrem em todas as esferas da vida, os desafios e as oportunidades que se oferecem, impulsionam para que haja uma contínua procura de novas soluções para os problemas existentes. É inevitável que os desafios e oportunidades que se apresentam levam à necessidade de buscar mais e mais conhecimento, seja ele técnico ou de si próprio, em termos de autoconhecimento. Assim, surge a prática do coaching como ferramenta de aprimoramento pessoal e organizacional. Por meio desse processo, o coachee pode ser estimulado a fazer acontecer, o que resultará inevitavelmente num caminho ou solução que o ajude a desenvolver o que lhe falta, levando-se em conta seus valores pessoais e os recursos à disposição. Entretanto, não se pode deixar de lado o fato de que para que haja mudança efetiva, o coachee tem que, primeiramente, mudar sua mentalidade e postura pessoal. E isso só ocorrerá se ele tiver vontade para mudar porque se não for flexível e determinado em direção a fazer o que é necessário para que o objetivo definido seja alcançado, o coaching não terá valido a pena. Para que a prática obtenha sucesso, são absolutamente necessárias a competência do coach e a vontade e flexibilidade do coachee, já que esta prática não “fornece o peixe, mas ensina a pescar”, o coachee necessita de um certo grau de maturidade Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees197/222 para estar preparado para as mudanças decorrentes do processo. Como já ressaltado anteriormente, o coach não dá as respostas nem diz ao coachee o que fazer. Seu papel é de fazer com que o coachee encontre suas próprias respostas, descobrindo seus potenciais latentes e tirando o máximo proveito delas. No centro dessa afirmativa encontra- se a noção de que quando a descoberta é realizada pelo coachee, permite uma interiorização verdadeira e consciente, fazendo com que este perceba de fato a importância de se agir com mais eficácia. E, para isso, é necessário que algumas competências e comportamentos estejam presentes no coachee. É disso que trata este tema. 1. Características do coachee Independentemente do motivo pelo qual o coachee passa pela prática do coaching, é necessário que esteja aberto para as mudanças decorrentesdo processo. De acordo com Scoular (2009), é preciso assegurar que o coaching é algo que o coachee realmente deseja participar e que canalizará esforços para sua mudança e crescimento. Caso isso não ocorra, tempo e dinheiro serão desperdiçados. Para Joo (2005), engajamento para alcance de objetivos ou metas são fatores primordiais para participar do coaching. As metas podem ser divididas em duas categorias: metas de aprendizado e Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees198/222 metas de performance. Por aprendizado compreende-se a vontade de desenvolver novas habilidades e vivenciar novas situações. Por performance compreende- se a vontade de manifestar para outros quais são as competências que existem em uma pessoa e receber uma avaliação positiva por essas manifestações. Segundo Grayson e Larson (2003), o coachee necessita ter as seguintes características para que aumente a chance da eficácia da prática do coaching: 1. Comprometimento: é indispensável que o relacionamento no coaching seja um relacionamento de comprometimento entre as partes. Sem esse comprometimento, a prática estará fadada ao fracasso. 2. Expectativas reais: é inevitável desmascarar alguns preconceitos, estereótipos e julgamentos precipitados que possam existir no processo de coaching. Em primeiro lugar, é preciso perceber que não é fácil modificar comportamentos e que eles não serão modificados todos de uma só vez. Além disso, leva tempo. É preciso ter a percepção também de que uma prática de coaching bem-sucedida não necessariamente leva o coachee a ser promovido ou tenha qualquer tipo de recompensa monetária. 3. Honestidade: o coachee necessita ser honesto e sincero consigo próprio em Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees199/222 relação a suas fortalezas e fraquezas. O coachee necessita deixar que o coach tenha conhecimento acerca de seus objetivos, temores, vontades, frustrações, preocupações, emoções, pensamentos e sentimentos. O comportamento defensivo pode servir de obstáculo à reflexão e dificultará o entendimento que o coach necessita ter da pessoa a ser auxiliada. 4. Papel atuante no processo: quanto mais atuante e envolvido o coachee estiver durante o processo, mais tirará proveito. O coaching é uma prática altamente pessoal e personalizada e é de suma importância que cada pessoa crie o seu plano de coaching. 5. Não ficar na defensiva: o processo de coaching pode causar, em certo momento, algum receio. Abrir- se para outra pessoa pode ser desconfortável e causa medo e por isso, muitas vezes o coachee prefere escolher caminhos menos tortuosos e superficiais para dar a impressão de ser bem-sucedido quando, no fundo, os problemas reais continuam serem solucionados. 6. Envolver os outros: não é saudável manter o processo em sigilo. Por que não o tornar público? Dessa forma, subordinados, pares, superiores e colegas podem apoiá-lo e ajudá-lo nesse processo. Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees200/222 Para saber mais Preconceitos, estereótipos e julgamentos precipitados fazem parte do que é denominado como armadilhas da percepção. Percepção é o processo pelo qual as pessoas selecionam, organizam e interpretam as informações do ambiente. Muitos dos preconceitos e estereótipos são adquiridos no decorrer da vida por influência dos pais, familiares, amigos e por meio da mídia. Quando um estereótipo é incorporado e armazenado no cérebro, cria-se um padrão mental e se torna difícil retirá-lo. 2. Autoconhecimento Por que falar em autoconhecimento? Porque todos nós precisamos, antes de tudo, conhecer nossos motivos, medos, desejos, limites e alcances. Como só confiamos no que conhecemos, a autoconfiança resulta do autoconhecimento. Com autoconfiança é possível liderar-se. Daí, o primeiro passo é conhecer-se. O processo de coaching aumenta a consciência do coachee acerca de quem ele é e como atua no mundo, no contexto pessoal e profissional. Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees201/222 determina suas prioridades? Como faz suas escolhas? O que o influencia nas tomadas de decisão? Quais convicções o limitam e quais o estimulam? Compreender o motivo de suas escolhas fornece ao coachee mais flexibilidade e maior possibilidade de novas respostas. É importante o coachee ter consciência de suas necessidades, pois quando não são atendidas, como em situações adversas e de forte estresse, podem vir à tona emoções que estavam reprimidas e que são o gatilho para comportamentos indesejados. À medida que o coachee, durante o processo de coaching, vai aumentando a consciência de atitudes e comportamentos não compreendidos, eleva a chance de O que o coachee deseja agora e no futuro? Quais são as suas dificuldades? Quais são suas fortalezas e fraquezas? Quais são suas ações repetitivas e o que está por trás delas? O que o coachee valoriza? Como Para saber mais Enfrentamos mudanças contínuas em nossas vidas. Na busca pelo bem-estar e crescimento interior, podemos repensar muitas coisas que permitem nos conhecer. Não é fácil aumentarmos o conhecimento que temos de nós próprios, porém, poucas vezes, paramos para refletir e escrever sobre o que queremos alcançar. Por isso, é importante ter clareza sobre o que sabemos de nós próprios e sobre o nosso interior como seres humanos. Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees202/222 modificá-los. Todavia, precisa estar aberto a entender coisas que ele não percebe em si e que os outros percebem ou até de mostrar aos outros aspectos que só ele sabe que possui. 3. A janela da comunicação (Janela de Johari) A Janela de Johari é considerada uma ferramenta simples e objetiva para ilustrar e aperfeiçoar a autoconsciência e compreensão mútua entre as pessoas dentro de um grupo. Pode ser empregada para desenvolver confiança entre coach e coachee e auxiliar no fluxo de comunicação. Link Aplicação da Janela de Johari em uma interação. Disponível em: <http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0104-11691996000700012>. Acesso em: 13 out. 2016. Criada em 1969 por Joseph Luft e Harry Ingham, que lhe deram o nome (JO+HARI), é um esquema que descreve as relações entre as pessoas, sustentado pelo princípio de que qualquer interação entre indivíduos engloba aspectos conhecidos e desconhecidos. Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees203/222 Ela representa informações como sentimentos, experiências, opiniões, atitudes, competências, intenções, motivações etc. sobre um indivíduo, em relação ao seu grupo ou situação. Para saber mais Joseph Luft & Harry Ingham, dois cientistas sociais (um psicólogo e outro psiquiatra), que se dedicaram a estudar as questões pertinentes ao comportamento humano e seus reflexos, elaboraram um modelo conceitual (Janela de Johari) para uma visão do relacionamento interpessoal. A dinâmica do relacionamento interpessoal está intimamente ligada após respostas aos estímulos (feedback) que cada pessoa recebe ao se relacionar com outras. O cruzamento do que é conhecido ou desconhecido pelas pessoas com aquilo que é conhecido pelos outros delimitam quatro áreas que têm impacto no relacionamento. Estes campos são denominados de: área aberta, área cega, área oculta e área desconhecida. A área aberta caracteriza-se pela troca livre e aberta de informações entre uma pessoa e outros de seu convívio. Neste caso, o comportamento é público e disponível a todos. Por exemplo, o modo de um indivíduo desempenharuma determinada atividade, a forma habitual de se comportar etc. Neste caso, o comportamento é aberto a todos. A área cega possui características de comportamento que são fáceis e Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees204/222 claramente percebidas pelos outros, mas das quais o indivíduo não está ciente ou plenamente ciente. Por exemplo, alguma manifestação nervosa, um comportamento sob pressão, reações agressivas e/ou emocionais. A área oculta representa determinadas características sobre um indivíduo que ele conhece, porém o esconde dos outros. Revelam informações, sentimentos, de coisas e fatos que um indivíduo conhece sobre si próprio, mas que não revela, ou é mantido oculto das outras pessoas. Inclui emoções, sentimentos, receios, agendas ocultas, propósitos manipuladores, fatos ocultos, qualquer coisa que alguém saiba sobre si mesmo, porém não a revela por um motivo pessoal. Como muitos indivíduos temem o julgamento ou de se sentir vulneráveis, podem esconder determinadas informações que os ajudem a se sentir mais seguros. A área desconhecida inclui todas as coisas das quais a pessoa não tem consciência e os outros também não. Ela abrange aspectos latentes ou inexplorados tais como: • Uma habilidade ou competência que não é valorizada ou necessita ser desenvolvida, devido à ausência de oportunidade, estímulo, confiança ou conhecimento técnico. • Uma habilidade ou capacidade inata que um indivíduo não tem consciência que tem. Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees205/222 • Um receio ou repulsa, que um indivíduo não sabe que tem esses sentimentos sufocados. • Um comportamento ou atitudes moldados na infância por condicionamento. Se uma pessoa descobrir algo desta área, a informação passará fazer parte da área cega ou oculta. Quando essa informação for compartilhada por ela e mais alguém, passará a fazer parte da área aberta. O objetivo dentro de um grupo de trabalho e mais especificamente no processo de coaching, é desenvolver o espaço aberto (área aberta) porque quando coach e coachee atuam nessa área, o processo de comunicação passa a ser mais produtivo e a prática mais eficaz. Quando ambos atingem esse equilíbrio, a boa comunicação e a cooperação ocorrem livres de distrações, desconfiança, confusão, conflitos e mal-entendidos. Para que haja ampliação da área aberta entre coach e coachee e redução da área cega, oculta e desconhecida, é preciso que o coachee peça feedback ao coach sobre pontos da área cega. É preciso também que externe seus sentimentos, experiências, pontos de vista e motivações. Isso reduzirá o tamanho da área oculta. 4. Saindo da zona de conforto É claro que para se chegar a algum lugar, é necessário saber onde se deseja ir. O Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees206/222 coach atua para auxiliar o coachee a ter objetividade e clareza do que deseja obter, desde objetivos de longo prazo (direcionamento de vida) a metas (curto prazo). Isso fornece o foco e objetividade ao trabalho a ser realizado além de proporcionar aprendizado ao coachee e permitir que ajustes sejam efetuados ao longo do processo. A atuação do coach é importante para tirar o coachee da zona de conforto. Zona de conforto é uma série de ações, pensamentos e comportamentos que uma pessoa está acostumada a ter e que não causam qualquer tipo de medo, ansiedade ou risco. Nessa condição, o indivíduo tem um determinado número de comportamentos que lhe fornece um desempenho constante, porém limitado e com uma margem de segurança. Link Liberte-se da sua zona de conforto. Disponível em: <http://www.sbcoaching.com.br/blog/ tudo-sobre-coaching/liberte-se-da-sua- zona-de-conforto/>. Acesso em: 14 out. 2016 Segundo essa teoria, uma pessoa necessita saber agir fora de sua zona de conforto para realizar avanços em seu desempenho, seja na vida pessoal ou profissional. É muito importante para o crescimento individual e para o autoconhecimento, que o coachee busque aprender tudo de valor que estiver ao alcance durante o processo de coaching. Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees207/222 Por que o coachee deve sair da zona de conforto se lá é tão calmo, tranquilo e aconchegante? Absolutamente, ninguém percorre a sua trajetória de vida sem se deparar com obstáculos ou dificuldades. A simples incerteza é um fato da vida e a única coisa que se pode ter certeza. Outra razão é que os seres humanos procuram formas de desenvolvimento. Tem-se dentro de cada um, a capacidade, habilidade e o desejo de aperfeiçoar o padrão, e só pode fazer isso, esforçando-se e experimentando. Um último ponto do porquê se deve sair da zona de conforto diz respeito ao fato de que a vida passará a ser algo mais estimulante. Ninguém deseja viver toda a sua vida de forma maçante e previsível. E no processo de coaching, sair da zona de conforto poderá levar o coachee a explorar pontos que considerava inimagináveis ao se permitir certa dose de impetuosidade ao lidar com suas fraquezas. Entretanto, para que isso ocorra será necessário aprofundar o autoconhecimento, bem como uma pitada de maturidade, flexibilidade e vontade. Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees208/222 Glossário Preconceito: conceito ou opinião formado antes de ter os conhecimentos necessários sobre um determinado assunto. Estereótipo: imagem, ideia que categoriza alguém ou algo com base apenas em falsas generalizações, expectativas e hábitos de julgamento. Impetuoso: que tem ímpeto; que age sob o impulso do momento; que é forte ou enérgico em um movimento, ação ou situação. Questão reflexão ? para 209/222 Como você viu, é muito importante que o coachee aprofunde o conhecimento sobre si próprio. E, para isso, precisa refletir sobre seu funcionamento. E isso ocorre por meio de perguntas. Dessa forma, reflita sobre as questões a seguir: Quais são, atualmente, as suas principais atribuições? No que você é bom e deseja manter? O que você precisa melhorar? Quais foram seus grandes sucessos e insucessos e como impactaram sua vida? Quanto tempo você tem dedicado a si próprio? E ao planejamento da sua carreira? O que você faz para manter-se atualizado? 210/222 Considerações Finais • Para que o processo de coaching tenha êxito, são necessários a competência do coach e a vontade e flexibilidade do coachee. • O coachee precisa apresentar as seguintes características para ampliar a eficácia da prática do coaching: comprometimento, expectativas reais, honestidade, papel atuante no processo, não ficar na defesa, envolver os outros. • O autoconhecimento é fundamental para que o coachee possa conhecer mais profundamente seus temores, desejos, limites e expectativas. • A Janela de Johari pode ser utilizada no processo de coaching para desenvolver confiança e ajudar no fluxo de comunicação entre coach e coachee. • A armadilha da zona de conforto para o coachee. Unidade 8 • Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees211/222 Referências GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2009. GRAYSON, D.; LARSON, K. Como obter o máximo de relacionamento de coaching para a pessoa que está sendo aconselhada. In: GOLDSMITH, M. et al., (Org.). Coaching: o exercício da liderança. Rio de Janeiro: Campus, 2003 p. 159-169. JOO, B. K. Executive Coaching: a conceptual framework form na integrative review of practice and research. Human Resource Development Review, v. 4 (n. 4), p. 462-488 Dec. 2005. SCOULAR, P. A. How do you pick a coach? Harvard BusinessReview. Cambridge: Harvar Business School Publishing Corporation, January 2009. 212/222 Assista a suas aulas Aula 8 - Tema: Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 0d51eb506eb2b113ea06e571679e7008>. Aula 8 - Tema: Identificando e desenvolvendo as competências dos coachees - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ f94698b9dfe3dc4e4612b7b50806f019>. 213/222 1. O autoconhecimento propicia ao coachee: a) Conhecer mais sobre o processo de coaching. b) Conhecer mais sobre o coach. c) Compreender o motivo de suas escolhas, fornecendo mais flexibilidade e maior possibilidade de novas respostas. d) Entrar na zona de conforto. e) Compreender mais sobre seus colegas no ambiente de trabalho. Questão 1 214/222 2. As principais características demandadas ao coachee no processo de coaching são: Questão 2 a) Comprometimento, expectativas realistas, honestidade, papel atuante no processo, ficar na zona de conforto, envolver os outros. b) Comprometimento, expectativas realistas, honestidade, papel atuante no processo, manter o processo em sigilo. c) Comprometimento, expectativas realistas, comportamento defensivo, papel atuante no processo, não ficar na defensiva, envolver os outros. d) Comprometimento, expectativas realistas, honestidade, comportamento defensivo, ficar na zona de conforto, envolver os outros. e) Comprometimento, expectativas realistas, honestidade, papel atuante no processo, não ficar na defensiva, envolver os outros. 215/222 3. A Janela de Johari é composta: Questão 3 a) pela área aberta, cega, oculta e desconhecida. b) pela área aberta, cega, oculta e conhecida. c) pela área fechada, cega, oculta e desconhecida. d) pela área fechada, cega, oculta e conhecida. e) pela área fechada, aberta, oculta e conhecida. 216/222 4. A Janela de Johari é um modelo: Questão 4 a) que descreve os sentimentos e emoções que uma pessoa sente. b) que descreve a forma de gerenciar conflitos. c) que descreve a personalidade das pessoas. d) que descreve as relações interpessoais. e) que descreve a impulsividade da pessoa. 217/222 5. Para que o processo de coaching tenha êxito, são imprescindíveis: Questão 5 a) a vontade e flexibilidade do coach e a competência do coachee. b) a competência do coach e a vontade e flexibilidade do coachee. c) as sugestões do coach e a vontade e flexibilidade do coachee. d) a vontade e a flexibilidade do coach e as sugestões do coachee. e) o feedback do coach e as perguntas do coachee. 218/222 Gabarito 1. Resposta: C. Compreender o motivo de suas escolhas fornece ao coachee mais flexibilidade e maior possibilidade de novas respostas. É importante o coachee ter consciência de suas necessidades, pois quando não são atendidas, como em situações adversas e de forte estresse, podem vir à tona emoções que estavam reprimidas e que são o gatilho para comportamentos indesejados. 2. Resposta: E. Segundo Grayson e Larson (2000), o coachee necessita ter as seguintes características para que aumente a chance da eficácia da prática do coaching: 1. Comprometimento: é indispensável que o relacionamento no coaching seja um relacionamento de comprometimento entre as partes. Sem esse comprometimento, a prática estará fadada ao fracasso. 2. Expectativas reais: é inevitável desmascarar alguns preconceitos e julgamentos precipitados que se têm sobre o processo de coaching. Em primeiro lugar, é preciso perceber que não é fácil modificar comportamentos e que eles não serão modificados todos de uma só vez. Além disso, leva tempo. É preciso ter a percepção também de que uma prática de coaching bem-sucedida não necessariamente leva o coachee a 219/222 Gabarito ser promovido ou tenha qualquer tipo de recompensa monetária. 3. Honestidade: o coachee necessita ser honesto e sincero consigo próprio em relação a suas fortalezas e fraquezas. O coachee necessita deixar que o coach tenha conhecimento acerca de seus objetivos, temores, vontades, frustrações, preocupações, emoções, pensamentos e sentimentos. O comportamento defensivo pode servir de obstáculo à reflexão e dificultará o entendimento que o coach necessita ter da pessoa a ser auxiliada. 4. Papel atuante no processo: quanto mais atuante e envolvido o coachee estiver durante o processo, mais tirará proveito. O coaching é uma prática altamente pessoal e personalizada e é de suma importância que cada pessoa crie o seu plano de coaching. 5. Não ficar na defensiva: o processo de coaching pode causar, em certo momento, algum receio. Abrir- se para outra pessoa pode ser desconfortável e causa medo e por isso muitas vezes o coachee prefere escolher caminhos menos tortuosos e superficiais para dar a impressão de ser bem-sucedido quando, no fundo, os problemas reais continuam sendo solucionados. 6. Envolver os outros: não é saudável manter o processo em sigilo. Por que 220/222 Gabarito não o tornar público? Dessa forma, subordinados, pares, superiores e colegas podem apoiá-lo e ajudá-lo nesse processo. 3. Resposta: A. A área aberta caracteriza-se pela troca livre e aberta de informações entre uma pessoa e outros de seu convívio. Neste caso, o comportamento é público e disponível a todos. Por exemplo, o modo de um indivíduo desempenhar uma determinada atividade, a forma habitual de se comportar etc. Neste caso, o comportamento é aberto a todos. A área cega possui características de comportamento que são fáceis e claramente percebidas pelos outros, mas das quais o indivíduo não está ciente ou plenamente ciente. Por exemplo, alguma manifestação nervosa, um comportamento sob pressão, reações agressivas e/ou emocionais. A área oculta representa determinadas características sobre um indivíduo que ele conhece, porém esconde dos outros. Revelam informações, sentimentos, de coisas e fatos que um indivíduo conhece sobre si próprio, mas que não revela, ou é mantido oculto das outras pessoas. Inclui emoções, sentimentos, receios, agendas ocultas, propósitos manipuladores, fatos ocultos, qualquer coisa que alguém saiba sobre si mesmo, porém não a revela por um motivo pessoal. 221/222 Gabarito A área desconhecida inclui todas as coisas das quais a pessoa não tem consciência e os outros também não. 4. Resposta: D. Criada em 1969 por Joseph Luft e Harry Ingham, que lhe deram o nome (JO+HARI), é um esquema que descreve as relações entre as pessoas, sustentado pelo princípio de que qualquer interação entre indivíduos engloba aspectos conhecidos e desconhecidos. 5. Resposta: B. Para que a prática de coaching obtenha sucesso, são absolutamente necessárias a competência do coach e a vontade e flexibilidade do coachee.