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2013 LegisLação e Direito ambientaL Prof. Rodrigo Koenig França Copyright © UNIASSELV 2013 Elaboração: Rodrigo Koenig França Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 344.046 F814l França, Rodrigo Koening Legislação e direito ambiental / Rodrigo Koening França. Indaial : Uniasselvi, 2013. 185 p. : il ISBN 978-85-7830-745-5 1. Proteção ambiental. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. III apresentação Caríssimo(a) acadêmico(a)! Sejam bem-vindos à disciplina de Legislação e Direito Ambiental! No presente Caderno de Estudos vamos analisar os principais aspectos que envolvem o direito ambiental, tratando os temas de forma concisa e prática, contemplando os entendimentos dos mais respeitáveis autores da área, visando formar um profissional preocupado com as questões ambientais e com conhecimento jurídico relevante para o exercício das diversas funções que envolvem o direito ambiental. Atualmente é impossível ignorar a importância da preservação ambiental. As áreas que envolvem as questões ambientais são cada vez mais requisitadas, tornando o direito ambiental um importante instrumento de desenvolvimento social. Desejamos a todos bons estudos! Prof. Rodrigo Koenig França IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. 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UNI V VI VII sumário UNIDADE 1 - DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL .................................................................... 1 TÓPICO 1 - PROBLEMÁTICA AMBIENTAL: DEFINIÇÃO, CAUSAS, SOLUÇÕES .............. 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 O HOMEM E O MEIO AMBIENTE .................................................................................................. 3 2.1 HISTÓRICO DA PROBLEMÁTICA AMBIENTAL .................................................................... 3 2.2 DEFINIÇÃO ..................................................................................................................................... 7 2.3 CAUSAS ............................................................................................................................................ 8 2.4 SOLUÇÕES ....................................................................................................................................... 9 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 11 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17 TÓPICO 2 - RECURSOS AMBIENTAIS: NATURAIS, ARTIFICIAIS, CULTURAIS, PATRIMÔNIO GENÉTICO, MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E POLUIÇÃO ............................................................................................ 19 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19 2 RECURSOS NATURAIS ..................................................................................................................... 19 3 RECURSOS ARTIFICIAIS .................................................................................................................. 20 4 RECURSOS CULTURAIS ................................................................................................................... 22 5 PATRIMÔNIO GENÉTICO ................................................................................................................ 23 6 MEIO AMBIENTE DO TRABALHO ................................................................................................ 23 7 POLUIÇÃO ............................................................................................................................................ 23 7.1 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ......................................................................................................... 24 7.2 POLUIÇÃO HÍDRICA .................................................................................................................... 25 7.3 POLUIÇÃO DO SOLO ................................................................................................................... 26 7.4 POLUIÇÃO SONORA .................................................................................................................... 27 7.5 POLUIÇÃO VISUAL ...................................................................................................................... 27 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 29 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30 TÓPICO 3 - DIREITO AMBIENTAL: CONCEITO, EVOLUÇÃO E PRINCÍPIOS .................... 31 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 31 2 DIREITO AMBIENTAL ....................................................................................................................... 31 2.1 CONCEITO ...................................................................................................................................... 31 2.2 EVOLUÇÃO ..................................................................................................................................... 31 2.3 PRINCÍPIOS .....................................................................................................................................33 2.3.1 Princípio do desenvolvimento sustentável ............................................................................ 33 2.3.2 Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana .............................................................................................. 35 2.3.3 Princípio da prevenção ............................................................................................................. 36 2.3.4 Princípio da precaução .............................................................................................................. 36 2.3.5 Princípio do poluidor-pagador ................................................................................................ 37 2.3.6 Princípio do usuário-pagador .................................................................................................. 38 VIII 2.3.7 Princípio da obrigatoriedade de atuação (intervenção) estatal ........................................... 39 2.3.8 Princípio da participação comunitária ................................................................................... 39 2.3.9 Princípio da informação ............................................................................................................ 40 2.3.10 Princípio da educação ambiental ........................................................................................... 41 2.3.11 Princípio da função socioambiental da propriedade .......................................................... 42 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 44 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 45 TÓPICO 4 - COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL E LEGISLAÇÃO ........................ 47 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 47 2 COMPETÊNCIA AMBIENTAL .......................................................................................................... 47 2.1 COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA (OU MATERIAL) .......................................................... 47 2.1.1 Competência material exclusiva .............................................................................................. 48 2.1.2 Competência material comum ................................................................................................. 48 2.2 COMPETÊNCIA LEGISLATIVA ................................................................................................... 50 2.2.1 Competência legislativa privativa ........................................................................................... 50 2.2.2 Competência legislativa exclusiva ........................................................................................... 51 2.2.3 Competência legislativa remanescente ou reservada ........................................................... 51 2.2.4 Competência legislativa concorrente ...................................................................................... 52 2.2.5 Competência legislativa concorrente supletiva ou plena..................................................... 52 2.2.6 Competência legislativa suplementar e complementar ....................................................... 53 3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL .............................................................................................................. 54 3.1 PROTEÇÃO AMBIENTAL CONSTITUCIONAL ....................................................................... 55 3.2 PROTEÇÃO AMBIENTAL INFRACONSTITUCIONAL .......................................................... 56 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 56 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 64 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 65 UNIDADE 2 - POLÍTICA NACIONAL DO MEIO aMBIENTE – LEI N° 6.938/81 ..................... 67 TÓPICO 1 - DO SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – SISNAMA .......................... 69 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 69 2 SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – SISNAMA ..................................................... 69 2.1 ESTRUTURA DO SISNAMA ......................................................................................................... 71 2.1.1 Órgão Superior: Conselho de Governo .................................................................................. 71 2.1.2 Órgão Consultivo e Deliberativo: Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) ................................................................................................................................. 71 2.1.3 Órgão Central: Ministério do Meio Ambiente (MMA) ......................................................... 75 2.1.4 Órgão Executor: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) ................................................................................ 77 2.1.4.1 Órgão Executor: Instituto Chico Mendes (ICBBio) ......................................................... 78 2.1.5 Órgãos seccionais: órgão e entidades estaduais .................................................................... 79 2.1.6 Órgãos locais: órgãos e entidades municipais ....................................................................... 79 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 80 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 81 TÓPICO 2 - PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA LEI DE POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ............................................................................. 83 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 83 2 PRINCÍPIOS DA LEI DE POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE............................. 83 3 OBJETIVOS GERAIS DA LEI DE POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ............. 84 4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA LEI DE POLÍTICA NACIONAL IX DO MEIO AMBIENTE ......................................................................................................................... 84 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 86 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 87 TÓPICO 3 - INSTRUMENTOS DA LEI DE POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ...................................................................................................... 89 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 89 2 O ESTABELECIMENTO DE PADRÕES DE QUALIDADE AMBIENTAL ............................... 89 3 O ZONEAMENTO AMBIENTAL ...................................................................................................... 90 4 A AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS ............................................................................ 91 4.1 ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA OU EPIA ............................................92 5 O LICENCIAMENTO E A REVISÃO DE ATIVIDADES EFETIVA OU POTENCIALMENTE POLUIDORAS ............................................................................................... 94 5.1 ESPÉCIES DE LICENÇAS AMBIENTAIS (ART. 8º DA RESOLUÇÃO Nº 237/97 DO CONAMA) ............................................................. 95 5.2 COMPETÊNCIA PARA LICENCIAR (ART. 4º, 5º E 6º DA RESOLUÇÃO N° 237/97 DO CONAMA ................................................. 96 5.3 PRAZO DE VALIDADE DAS LICENÇAS................................................................................... 97 5.4 SUSPENSÃO OU CANCELAMENTO DA LICENÇA AMBIENTAL (ART. 19 DA RESOLUÇÃO N° 237/97 DO CONAMA) ............................................................ 97 6 A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS PELO PODER PÚBLICO FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL ........................................................ 98 6.1 DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (ARTIGO 3º, INCISO II, DA LEI Nº 12.651/2012) ....................................................................... 98 6.2 DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL (ARTIGO 3º, INCISO III, DA LEI Nº 12.651/2012) ...... 100 6.3 DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA (LEI N° 9.985/2000)..................... 102 7 INSTRUMENTOS ECONÔMICOS, COMO CONCESSÃO FLORESTAL, SERVIDÃO AMBIENTAL, SEGURO AMBIENTAL E OUTROS ............................................... 104 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 104 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 107 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 108 TÓPICO 4 - PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL .............................................................................. 109 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 109 2 PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL ................................................................................................. 109 2.1 CONCEITO ...................................................................................................................................... 111 2.2 ELEMENTOS ................................................................................................................................... 112 2.3 LIMITAÇÕES ................................................................................................................................... 112 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 116 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 121 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 122 UNIDADE 3 - PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE ......................................................................... 123 TÓPICO 1 - DANO AMBIENTAL ........................................................................................................ 125 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 125 2 CONCEITO ............................................................................................................................................ 125 3 ESPÉCIES ............................................................................................................................................... 126 3.1 DANO AMBIENTAL COLETIVO ................................................................................................. 126 3.2 DANO AMBIENTAL INDIVIDUAL ............................................................................................ 126 3.3 DANO AMBIENTAL MATERIAL ................................................................................................ 127 3.4 DANO AMBIENTAL MORAL ...................................................................................................... 127 X 4 FORMAS DE REPARAÇÃO ............................................................................................................... 128 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 129 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 130 TÓPICO 2 - RESPONSABILIDADE AMBIENTAL .......................................................................... 131 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 131 2 RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL ................................................................................. 131 2.1 RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL DO ESTADO ...................................................... 135 3 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL ....................................................... 135 4 RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL ............................................................................... 136 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 138 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 139 TÓPICO 3 - CRIMES AMBIENTAIS – LEI N° 9.605/98 .................................................................... 141 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 141 2 BEM JURÍDICO TUTELADO ............................................................................................................ 142 3 SUJEITOS DO CRIME ......................................................................................................................... 142 3.1 SUJEITO ATIVO – PESSOA FÍSICA ............................................................................................. 142 3.2 SUJEITO ATIVO – PESSOA JURÍDICA ....................................................................................... 142 3.3 SUJEITO PASSIVO .......................................................................................................................... 147 4 APLICAÇÃO DA PENA ...................................................................................................................... 148 4.1 PENAS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS FÍSICAS ............................................................................. 148 4.2 PENAS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS JURÍDICAS ....................................................................... 149 4.3 CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES ........................................................................................... 150 4.4 CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES ........................................................................................... 150 4.5 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ............................................................................................ 151 4.6 CAUSAS EXCLUDENTES DA ANTIJURIDICIDADE .............................................................. 151 5 CRIMES EM ESPÉCIE ......................................................................................................................... 151 5.1 CRIMES CONTRA A FAUNA .......................................................................................................151 5.2 CRIMES CONTRA A FLORA ........................................................................................................ 155 5.3 DA POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS ................................................................ 160 5.4 DOS CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO E O PATRIMÔNIO CULTURAL ...................................................................................................................................... 163 5.5 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL ................................................ 164 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 166 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 167 TÓPICO 4 - TUTELA PROCESSUAL DO MEIO AMBIENTE ....................................................... 169 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 169 2 INSTRUMENTOS EXTRAPROCESSUAIS ..................................................................................... 169 2.1 O INQUÉRITO CIVIL ..................................................................................................................... 169 2.2 AS RECOMENDAÇÕES ................................................................................................................. 171 2.3 O COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA........................................................ 171 3 INSTRUMENTOS PROCESSUAIS .................................................................................................. 172 3.1 A AÇÃO CIVIL PÚBLICA ............................................................................................................. 172 3.2 A AÇÃO POPULAR ........................................................................................................................ 173 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 174 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 178 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 179 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 180 1 UNIDADE 1 DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, o(a) acadêmico(a) estará apto a: • conhecer a história da atuação humana sobre o meio ambiente, bem como identificar as principais causas da problemática ambiental; • diferenciar as espécies de recursos ambientais e os tipos de poluição que atinge cada um desses recursos; • examinar a evolução do direito ambiental e distinguir os principais princí- pios de direito ambiental; • definir a competência administrativa e legislativa em matéria ambiental e identificar as leis ambientais mais importantes do ordenamento jurídica brasileiro. Esta unidade está dividida em quatro tópicos, sendo que, ao final de cada um deles, você encontrará atividades que lhe auxiliarão na apropriação dos conhecimentos. TÓPICO 1 – PROBLEMÁTICA AMBIENTAL: DEFINIÇÃO, CAUSAS, SOLUÇÕES TÓPICO 2 – RECURSOS AMBIENTAIS: NATURAIS, ARTIFICIAIS, CULTURAIS, PATRIMÔNIO GENÉTICO, MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E POLUIÇÃO TÓPICO 3 – DIREITO AMBIENTAL: CONCEITO, EVOLUÇÃO E PRINCÍPIOS TÓPICO 4 – COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL E LEGISLAÇÃO Assista ao vídeo desta unidade. 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 PROBLEMÁTICA AMBIENTAL: DEFINIÇÃO, CAUSAS, SOLUÇÕES 1 INTRODUÇÃO O meio ambiente é o conjunto de interações do patrimônio natural com os seres vivos, ao que o professor José Afonso da Silva (apud SIRVINSKAS, 2009, p. 40) o define como “a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”. No âmbito do direito ambiental, a definição de meio ambiente se encontra positivada no artigo 3º, inciso I, da Lei n° 6.938/81, que trata da política nacional do meio ambiente, in verbis: Art. 3º: Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências interações de ordem física, química, biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; [...] A preocupação com o meio ambiente é imprescindível, ao que no presente tópico será analisada a inter-relação do homem com o ambiente, com ênfase no histórico da problemática ambiental, apresentando-se, ainda, a definição, causas e soluções propostas às questões ambientais. 2 O HOMEM E O MEIO AMBIENTE 2.1 HISTÓRICO DA PROBLEMÁTICA AMBIENTAL Não é de hoje a problemática acerca das questões ambientais oriundas da evolução humana. Os problemas ambientais são resultados da utilização desregrada dos recursos naturais, uma vez que ao longo do tempo são dilapidados produtos formados lentamente na natureza, acentuando cada dia o desequilíbrio ecológico, porquanto os homens, para satisfazer suas necessidades que são ilimitadas, se utilizam de bens da natureza, que são limitados. UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL 4 Para Édis Milaré (2009, p. 57): Num prazo muito curto – e que se torna sempre mais curto – são dilapidados os patrimônios formados lentamente do decorrer dos tempos geológicos e biológicos, cujos processos não voltarão mais. Os recursos consumidos e esgotados não se recriarão. O desequilíbrio ecológico acentua-se a cada dia que passa. Os tempos podem ser divididos em tempos geológicos (há bilhões de anos); tempos biológicos (há milhões de anos); tempos históricos (contados a partir da existência humana). Após a Revolução Industrial, não obstante a utilização desenfreada de recursos naturais não renováveis, o capitalismo econômico incentivou a proliferação de aterros em áreas de preservação permanente, bem como o descarte de dejetos industriais e humanos em recursos hídricos, acentuando os danos ao meio ambiente. Segundo Leite (2000, p. 13): É inegável que atualmente estamos vivendo uma intensa crise ambiental, proveniente de uma sociedade de risco, deflagrada, principalmente, a partir da constatação de que as condições tecnológicas, industriais e formas de organização e gestões econômicas da sociedade estão em conflito com a qualidade de vida. Parece que esta falta de controle da qualidade de vida tem muito a ver com a racionalidade do desenvolvimento econômico do Estado, que marginalizou a proteção do meio ambiente. ATENCAO TÓPICO 1 | PROBLEMÁTICA AMBIENTAL: DEFINIÇÃO, CAUSAS, SOLUÇÕES 5 FIGURA 1 – COALBROOKDALE, CIDADE BRITÂNICA, CONSIDERADA UM DOS BERÇOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL FONTE: Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_ industrial>. Acesso em: 1 mar. 2012. O alerta para a gravidade do problema ambiental foi dado em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, promovida em Estocolmo, onde participaram 114 países. Nessa conferência, dois grandes grupos se manifestaram: um defendendo a ideia do “crescimento zero”, e outro o do “crescimento a qualquer custo”, do qual fez parte o Brasil, sob o entendimento de que a degradação do meio ambiente era um mal menor, sendo mais importante o desenvolvimento econômico. UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL 6 Em 1983 foi criada pela Assembleia Geral da ONU, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambientee Desenvolvimento – CMMAD, presidida por Gro Harlem Brundtland, à época primeira-ministra da Noruega, com a incumbência de reexaminar as questões críticas do meio ambiente e de desenvolvimento, com o objetivo de propor novas normas de cooperação internacional que pudessem orientar políticas e ações internacionais de modo a promover as mudanças que se faziam necessárias (MILARÉ, 2009). FIGURA 3 – GRO HARLEM BRUNDTLAND FONTE: Recriar.com. Disponível em: <http://www.recriarcomvoce.com.br/blog_ recriar/relatorio-brundtland-nosso-futuro-comum/>. Acesso em: 1 mar. 2012. FIGURA 2 – ONU – PRIMEIRA A ORGANIZAR UM TRATADO AMBIENTAL FONTE: Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Confer%C3%AAncia_de_Estocolmo>. Acesso em: 1 mar. 2012. TÓPICO 1 | PROBLEMÁTICA AMBIENTAL: DEFINIÇÃO, CAUSAS, SOLUÇÕES 7 Assim, em 1987, foi lançado o relatório “Nosso Futuro Comum” (também conhecido como “Relatório Brundtland”), alertando para a necessidade de um novo tipo de desenvolvimento capaz de manter o progresso em todo o planeta e, em longo prazo, ser alcançado pelos países em desenvolvimento e também pelos desenvolvidos. O relatório criticou o modelo adotado pelos países desenvolvidos, por ser insustentável e impossível de ser copiado pelos países em desenvolvimento, sob pena de se esgotarem rapidamente os recursos naturais. Cunhou, desta forma, o conceito de desenvolvimento sustentável, ou seja, o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. O desenvolvimento sustentável significa compatibilidade do crescimento econômico, com desenvolvimento humano e qualidade ambiental, ao que não é um estado permanente de equilíbrio, mas sim de mudanças quanto ao acesso aos recursos e quanto à distribuição de custos e benefícios. Em razão de toda essa preocupação, começou-se a repensar a política de crescimento econômico, buscando fórmulas alternativas, como o desenvolvimento sustentável, cuja principal característica consiste na conciliação entre desenvolvimento, preservação do meio ambiente e melhoria na qualidade de vida. Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – ECO 92 ou RIO 92, na Agenda 21 e na Declaração do Rio, adotou-se o desenvolvimento sustentável como meta a ser buscada e respeitada por todos os países. Todas as propostas que digam respeito ao equilíbrio ecológico e induzam a uma sadia qualidade de vida devem ser valorizadas, combatendo-se todas as formas de degradação ambiental, em qualquer nível. A defesa do meio ambiente é uma tarefa de todos (art. 225 da Constituição Federal de 1988), sendo indispensável à criação de uma consciência voltada à preservação ambiental, proporcionando uma sadia qualidade de vida para as gerações vindouras, bem como a nossa própria. 2.2 DEFINIÇÃO Chamamos de problemática ambiental as questões enfrentadas pela humanidade em função da poluição e degradação ambiental, notadamente quanto aos efeitos oriundos da utilização irracional dos recursos naturais, poluição atmosférica e hídrica, bem como do depósito irregular de dejetos domésticos e industriais, não se descartando, também, a ameaça nuclear. UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL 8 2.3 CAUSAS Ao longo da trajetória do homem no planeta, são utilizados de forma desordenada recursos formados lentamente na natureza, acentuando cada dia o desequilíbrio ecológico, bem como são descartados no meio ambiente resíduo do consumo exacerbado de produtos industrializados, sem qualquer preocupação com o ambiente. Segundo Odum (1997, p. 811), “até a data, e no geral, o homem atuou no seu ambiente como um parasita, tomando o que dele deseja com pouca atenção pela saúde do seu hospedeiro, isto é, do sistema de sustentação da sua vida”. FIGURA 4 – ÁGUA POLUÍDA FONTE: Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Polui%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 1 mar. 2012. A revolução industrial, com o incremento do consumo e de novas tecnologias, apresenta-se como marco à degradação do ambiente, com a emissão desenfreada de gazes poluentes na atmosfera, contaminação de recursos hídricos e descarte inconsequente do lixo produzido pela humanidade. Na visão de Milaré (2009, p. 59): A paisagem natural da Terra está cada vez mais ameaçada pelos riscos nucleares, pelo lixo atômico, pelos dejetos orgânicos, pela “chuva ácida”, pelas indústrias e pelo lixo químico. Por conta disso, em todo o mundo – e o Brasil não é nenhuma exceção -, o lençol freático se abaixa TÓPICO 1 | PROBLEMÁTICA AMBIENTAL: DEFINIÇÃO, CAUSAS, SOLUÇÕES 9 e se contamina, a água escasseia, a área florestal diminui, o clima sofre profundas e quiçá irreversíveis alterações, o ar se torna irrespirável, o patrimônio genético se degrada, abreviando os anos que o homem tem para viver sobre o Planeta. A crise ambiental na atualidade é decorrente do modelo de consumo desenfreado, que trouxe no transcorrer das décadas diversas consequências ao meio ambiente, notadamente por acontecimentos em níveis planetários como o aquecimento global, degelo das calotas polares, a poluição do ar, o desmatamento e a contaminação dos recursos hídricos. FIGURA 5 – AQUECIMENTO GLOBAL – DEGELO FONTE: Universitário. Disponível em: <http://www.universitario.com.br/noticias/imagens_ noticias/ groenlandia_degelo2.jpg>. Acesso em: 23 jun. 2011. Assim, a superação da crise ambiental implica não apenas conciliar o desenvolvimento econômico-social com a proteção do meio ambiente, mas também promover “uma verdadeira mudança de atitude da civilização e dos seus hábitos predatórios que comprometem não só o futuro das próximas gerações, mas o próprio equilíbrio do planeta”. (PORTANOVA, 2000, p. 242). 2.4 SOLUÇÕES Na Declaração do Rio de 1992, o princípio 8, dispõe que “para atingir o desenvolvimento sustentável e mais alta qualidade de vida para todos, os UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL 10 FIGURA 6 – ESQUEMA REPRESENTATIVO DOS VÁRIOS COMPONENTES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL FONTE: Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_ sustent%C3%A1vel>. Acesso em: 1 mar. 2012. Deste modo, as operações industriais experimentaram mudanças radicais com implantações significativas, principalmente com a introdução das normas de gestão pela qualidade ambiental, a exemplo da série ISO 14000 (ISO – International Organization for Standardization). As normas da ISO 14.000 visam resguardar não apenas os produtos, como também os processos produtivos. O Brasil é associado à ISO através da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. estados devem reduzir e eliminar padrões insustentáveis de produção e consumo e promover políticas demográficas adequadas”. Contudo, não se atingirá um desenvolvimento sustentável se não haver uma radical modificação dos processos produtivos, assim como do aspecto qualitativo e do aspecto quantitativo do consumo. IMPORTANT E TÓPICO 1 | PROBLEMÁTICA AMBIENTAL: DEFINIÇÃO, CAUSAS, SOLUÇÕES 11 Aos poucos as questões ambientais começam a exercer maior influência nos custos econômicos e a proteção do meio ambiente tem se tornado um importante campo de atuação de governos, indústrias, grupos sociais e indivíduos, combatendo-se todas as formas de degradação ambiental, em qualquer nível. Algumas atitudes simples como coleta seletiva de lixo, racionamento da água, escolha de produtos ecologicamente corretos, podem auxiliar na proteção do planeta, ao que não basta apenas os países adotarem um padrão de produção sustentável, devendo a população utilizar os produtos naturais e industrializados de maneira consciente, imbuindo a ideia de consumo sustentável. PROTOCOLO DE QUIOTO Frente às evidências científicas das causas do aquecimento global e dosriscos climáticos decorrentes do problema, autoridades de mais de 160 países criaram em 1997 o Protocolo de Quioto, um tratado internacional que determina metas de redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE) e estimula o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. Pelo acordo, que entrou em vigor em 2005, os países industrializados devem reduzir as emissões de GEE, durante o período de 2008 a 2012, em uma média de 5,2% em relação aos níveis de 1990. Isso representa conter 5 bilhões de toneladas de CO2. Cada país tem uma meta, calculada com base na contribuição de cada um para as emissões totais de GEE lançadas na atmosfera desde a revolução industrial. Por isso, os países pobres e em desenvolvimento não possuem metas, pois passaram por um processo de industrialização tardio e apenas nos últimos anos aumentaram significativamente as emissões. O Protocolo ganhou este nome porque foi criado durante a terceira Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 3) realizada na cidade de Quioto, no Japão, e é um complemento à Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e desenvolvimento – ECO 92, realizada em 1992 na cidade do Rio de Janeiro. Os países integrantes do Anexo 1 da Convenção devem seguir os compromissos de redução listados no Anexo B do protocolo, com exceção dos países em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia. O principal papel destas nações é diminuir as emissões ou mitigá-las através de projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL 12 Mas isto é suficiente para reduzir o aquecimento global? O percentual é considerado pouco para resolver o problema. Ainda que as emissões caíssem pela metade, não seria suficiente para que a temperatura da Terra deixasse de aumentar, alertam muitos cientistas. No entanto, este foi o único acordo a que os países conseguiram chegar em 1997 e, mesmo assim, já foi difícil. Imagine mais de 160 grupos de pessoas, cada qual defendendo um interesse, buscando um consenso? Justamente por isso, hoje as Convenções das Partes avançam pouco na discussão pelo acordo que substituirá o Protocolo de Quioto, após 2012. Em razão da demora para definir algum tipo de acordo para limitar as emissões, a ONU reconhece que após término do Protocolo de Quioto, deve haver um período em que o planeta ficará sem nenhum tratado de continuidade ou extensão do Protocolo. “Mesmo se acontecer um consenso sobre um texto legal, seria preciso realizar alterações no Protocolo de Quioto, o que requere a ratificação de três quartos dos signatários e não há mais tempo para isso entre Durban e o fim de 2012”, declarou Christiana Figueres, presidente da UNFCCC. Na tentativa de encurtar esta brecha, a Conferência das Partes de 2011, realizada em Durban (África do Sul), resolveu prolongar o Protocolo de Quioto até no mínimo 2017, com a promessa de que todas as nações serão obrigadas a limitar a liberação de gases do efeito estufa a partir da próxima década. Na ocasião, mais de 35 das chamadas nações industrializadas prometeram assinar uma segunda meta de Quioto nas negociações climáticas da ONU. O novo acordo obrigaria legalmente esses países a cortarem emissões a partir de 2013 até 2017 ou 2020. China, Índia e EUA, os três maiores emissores do mundo, não têm metas vinculantes sob Quioto, mas prometeram assinar um novo acordo que entre em vigor após 2020, depois que suas metas voluntárias de redução de emissões expirarem. As negociações climáticas seguem três caminhos ou trilhos: o primeiro define as metas para as nações sob o Protocolo de Quioto; o segundo objetiva definir o que as nações fora de Quioto devem cumprir; e o terceiro diz respeito à Plataforma de Durban, que será a base do novo acordo climático. A próxima Conferência do Clima (COP18) será realizada em dezembro de 2012 em Doha, Qatar. TÓPICO 1 | PROBLEMÁTICA AMBIENTAL: DEFINIÇÃO, CAUSAS, SOLUÇÕES 13 Mercado Voluntário O mercado de carbono voluntário abrange todas as negociações de créditos de carbono e neutralizações de emissões de gases do efeito estufa (GEEs) que são realizadas por empresas que não possuem metas sob o Protocolo de Quioto e, por isso, são consideradas ações voluntárias. Os esquemas são financiados por organizações e indivíduos que querem neutralizar o impacto das emissões produzidas pelas suas atividades. Para isso, investem em projetos que têm como objetivo reduzir as emissões de GEEs, através da compra de créditos de compensação. Estes são normalmente instrumentos financeiros negociáveis chamados Reduções Verificadas de Emissão (VERs - Verified Emission Reductions), os quais representam uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) reduzida ou deixada de ser emitida. O mercado voluntário de carbono vem crescendo dramaticamente nos últimos anos, passando de US$ 99 milhões em 2006 para US$ 705 milhões em 2008 e US$ 387 milhões em 2009, com o crédito sendo negociado a um preço médio de US$ 7,34/tCO2e em 2008 e US$ 6,5/tCO2e em 2009 . Segundo especialistas, o principal motor é o boom verde que ocorre entre as empresas norte-americanas. Em 2010, o mercado voluntário atingiu o volume recorde de 131 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MtCO2e), sendo estimado em US$ 424 milhões, de acordo com o relatório “Back to the Future: State and Trends of the Voluntary Carbon Markets 2011” (De Volta para o Futuro: Estado e Tendências dos Mercados de Carbono Voluntário 2011), do Ecosystem Marketplace e Bloomberg New Energy Finance. UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL 14 “Este grande volume reflete o crescimento da responsabilidade social corporativa com relação às mudanças climáticas. Além disso, é um sinal da força do mercado, que conseguiu ficar praticamente imune à turbulência gerada pela estagnação da legislação climática nos Estados Unidos”, explicou Katherine Hamilton, diretora gerente da Ecosystem Marketplace. Apesar da crise econômica que assolou a Europa, freando até o crescimento dos países emergentes, os resultados do mercado voluntário de carbono em 2011 surpreenderam e demonstram o maior interesse corporativo por iniciativas climáticas. De acordo com o relatório State of the Voluntary Carbon Markets 2012, as transações de créditos de carbono no mercado voluntário em 2011 somaram US$ 576 milhões, ficando atrás somente do número alcançado em 2008, US$ 776 milhões. Os projetos sob o mercado voluntário de carbono podem variar muito em abrangência de atividades: energias renováveis, redução das emissões por desmatamento e degradação (REDD), destruição do gás metano em aterros sanitários e efluentes, aproveitamente energético de biomassa, entre outros. Aquecimento Global As mudanças climáticas fazem parte da história da Terra. Oscilações nos padrões de temperatura já ocorreram muitas vezes ao longo da vida do nosso planeta ao passo que os elementos naturais, como a composição química da atmosfera, e fatores como erupções vulcânicas, mudanças na órbita terrestre e na intensidade da radiação solar, interagem e se intensificam. Estudos indicam que já houve períodos de estabilidade, assim como períodos de mudanças, a exemplo das eras glaciais. Cientistas conseguem ter um quadro do que aconteceu ao clima da Terra há milhares de anos analisando testemunhos do passado, como geleiras, anéis de árvores, fósseis e sedimentos oceânicos. "Apesar de mudanças climáticas abruptas já terem ocorrido na história da Terra, a civilização humana surgiu durante um período de relativa estabilidade climática", explica a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Embora que existam incertezas associadas à ciência da mudança do clima, grande parte da comunidade científica internacional reconhece que o atual aquecimento do planeta é frutoda atividade humana e um dos maiores desafios que ela enfrenta. A liberação crescente de gases causadores do efeito estufa desde a Revolução Industrial, no século XIX, proveniente especialmente da queima de combustíveis fósseis (como petróleo, carvão e gás natural) tem resultado no acúmulo destes gases na atmosfera. TÓPICO 1 | PROBLEMÁTICA AMBIENTAL: DEFINIÇÃO, CAUSAS, SOLUÇÕES 15 Os principais gases causadores do efeito estufa são o dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. O aumento na concentração de dióxido de carbono na atmosfera é causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra (como o desmatamento), enquanto o metano e o óxido nitroso são provenientes especialmente das emissões da agricultura. “A maior parte do aumento observado nas temperaturas médias globais desde meados do século 20 é muito provavelmente devido ao aumento observado nas concentrações antropogênicas de gases do efeito estufa", declarou o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change) em seu relatório de 2007. O IPCC demonstra um aumento total na temperatura da superfície de 0,76ºC desde 1850. Nos pólos esta ascendência é ainda mais marcada, sendo que as temperaturas no Ártico aumentaram o dobro do nível global nos últimos 100 anos. “Informações paleoclimáticas apóiam a interpretação que o aquecimento dos últimos cinqüenta anos não é usual pelo menos nos últimos 1.3 mil anos”, enfatiza o IPCC. A Organização Meteorológica Mundial anunciou que em novembro de 2012, a presença dos gases do efeito estufa na atmosfera foi a maior já registrada desde a revolução industrial, 390,9 partes por milhão (ppm), um aumento de 30% entre 1990 e 2011. Em maio de 2013, o Scripps Institution of Oceanography, da Universidade de San Diego, que monitora a estação de Mauna Loa, no Havaí, anunciou que a concentração de CO2 na atmosfera chegou a 400,03 ppm. A “Declaração sobre o Status do Clima Global” da OMM afirma que 2010 alcançou temperaturas recorde, fechando a década mais quente já registrada. A publicação também demonstra recordes na média mundial de precipitação, discutindo enchentes e secas, como no Paquistão, Austrália e Amazônia respectivamente, e documenta ondas de calor na Eurásia. O Instituto Goddard para Estudos Espaciais da NASA (GISS) divulgou um estudo em dezembro de 2010 com dados de 6300 estações meteorológicas, informações de satélites e de centros de pesquisa na Antártica e chegou a conclusão que não há dúvidas de que o planeta está aquecendo. A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 1992 é o fórum por meio do qual países de todo o mundo estão se unindo para enfrentar esse desafio. 16 Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você teve a oportunidade de estudar os seguintes aspectos referentes à problemática ambiental: • Meio Ambiente consiste no conjunto de interações do patrimônio natural com os seres vivos. • Os problemas ambientais são resultados da utilização desregrada dos recursos naturais, com significativo impacto a partir da Revolução Industrial. • A crise ambiental na atualidade é decorrente do modelo de consumo desenfreado, com diversas consequências ao meio ambiente, como o aquecimento global, degelo das calotas polares, a poluição do ar, o desmatamento e a contaminação dos recursos hídricos. • Como propostas de solução da crise ambiental, propõe-se a adoção do princípio do desenvolvimento sustentável, bem como a implantação do consumo sustentável. RESUMO DO TÓPICO 1 17 Ao final do Tópico 1, para melhor fixação do conteúdo estudado, responda às seguintes questões: 1 Relacione as causas da problemática ambiental da atualidade. 2 Apresente propostas para superação da crise ambiental. 3 Discorra acerca do consumo sustentável. AUTOATIVIDADE Assista ao vídeo de resolução da questão 1 18 19 TÓPICO 2 RECURSOS AMBIENTAIS: NATURAIS, ARTIFICIAIS, CULTURAIS, PATRIMÔNIO GENÉTICO, MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E POLUIÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste tópico serão analisadas diversas definições de recursos ambientais, bem como conceitos relacionados às espécies de poluição ambiental e urbanística. Recursos ambientais são os elementos, estruturas e criações humanas de interesses sociais, culturais e ambientais, indispensáveis para manutenção das riquezas biológicas, históricas da humanidade. Logo, é importante o estudo das espécies de recursos disponíveis no meio ambiente, no sentido de preservar a biodiversidade e os instrumentos de proliferação do conhecimento histórico e cultural da sociedade, representado pelos prédios, esculturas e espaços criados pelo homem. 2 RECURSOS NATURAIS Os recursos naturais são constituídos pela atmosfera, pelos elementos da biosfera, pelas águas (inclusive pelo mar territorial), pelo solo, pelo subsolo (inclusive recursos minerais), pela fauna e flora (FIORILLO, 2009, p. 20). 20 UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL FIGURA 7 – RECURSO NATURAL FONTE: Gestão sustentável das energias e dos recursos. Disponível em: <http:// gestaosustentaveldaenergia.blogspot.com/p/recursos-naturais.html >. Acesso em: 1 mar. 2012. O meio ambiente natural tem previsão no artigo 225, caput, da Constituição Federal, bem como no § 1º, incisos I e VII, do mesmo dispositivo legal: Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. [...] § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público; I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; [...] VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade. 3 RECURSOS ARTIFICIAIS Os recursos artificiais são compreendidos pelos espaços urbanos construídos, “consistente no conjunto de edificações (chamado de espaço urbano 21 TÓPICO 2 | RECURSOS AMBIENTAIS: NATURAIS, ARTIFICIAIS, CULTURAIS, PATRIMÔNIO GENÉTICO, MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E POLUIÇÃO FIGURA 8 – ILHAS ARTIFICIAIS DUBAI FONTE: Veja – Acervo digital. Disponível em: <http://www.google.com.br/imgres?q=recursos+art ificiais&start=101&hl=pt-BR&tbm=isch&tbnid=H3Cr_iywHqyHkM:&imgrefurl=http://veja.abril.com. br/blog/ricardo-setti/vasto-mundo/o-bilionario-emirado-de-dubai-onde-o-dinheiro-nao-tem-qual quer-outro-objetivo-que-nao-seja-sua-multiplicacao-e-endeusamento/&docid=3QC8n8rGwYZr3 M&imgurl=http://veja.abril. com.br/blog/ricardo-setti/files/2011/06/ilhas-artificiais-dubai1.jpg&w= 618&h=410&ei=eGNPT93YKZS XtwfDwKm7DQ&zoom=1&iact=hc&vpx=717&vpy=321&dur=4609 &hovh=183&hovw=276&tx=143& ty=73&sig=109908683010615075733&page=3&tbnh=116&tbnw =155&ndsp=54&ved=1t:429,r:4,s:101&biw=1600&bih=799>. Acesso em: 1 mar. 2012. O meio ambiente artificial tem previsão constitucional nos artigos 5º, inciso XXIII; artigo 21, inciso XX e no artigo 182: Art. 5º [...]: XXIII – a propriedade atenderá sua função social; [...]. Art. 21 Compete à União: [...] XX – instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; Art. 182 A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. fechado), e pelos equipamentos públicos (espaço urbano aberto)” (FIORILLO, 2009, p. 21). 22 UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL FIGURA 9 – IGREJA – OURO PRETO-MGFONTE: R7. Disponível em: <http://entretenimento.r7.com/agenda-cultural/agenda-cultural/fotos/ minas-gerais-7.html>. Acesso em: 1 mar. 2012. Para o professor José Afonso da Silva (1995, p. 54), meio ambiente cultural “é integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que embora artificial, em regra, como obra do homem, difere do anterior (que também é cultural) pelo sentido de valor especial”. O conceito de meio ambiente cultural tem previsão no artigo 216 e seus incisos da Lei Fundamental de 1988: Art. 216 Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I – as formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e viver; III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 4 RECURSOS CULTURAIS Recursos culturais são constituídos pelo patrimônio histórico, paisagístico, artístico, arqueológico e turístico, os quais, embora artificiais, possuem determinado valor específico, pois trazem a interação do homem ao ambiente. 23 TÓPICO 2 | RECURSOS AMBIENTAIS: NATURAIS, ARTIFICIAIS, CULTURAIS, PATRIMÔNIO GENÉTICO, MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E POLUIÇÃO Os genes são unidades dos caracteres hereditários (transmissão de caracteres de uma geração às outras), sendo instruções codificadas para a construção de proteínas (macromolécula biológica formada por várias cadeias de aminoácidos, eventualmente ligadas a um composto diferente, e que representam mais da metade do peso seco das células, determinando a maior parte das suas estruturas e funções). (FIORILLO, 2009, p. 287). O patrimônio genético passou a receber tratamento jurídico com a Constituição Federal de 1988, nos termos do artigo 225, § 1º, incisos II e V, ao que no ano de 2005, a Lei n° 11.105 – Lei de Biossegurança – estabeleceu critérios à tutela jurídica do patrimônio genético da pessoa humana. 6 MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Meio Ambiente do Trabalho consiste no local em que as pessoas desenvolvem suas atividades laborais, tratando-se das questões afetas a qualidade do ambiente de trabalho, objeto de direitos subjetivos privados e invioláveis da saúde e integridade física dos trabalhadores (FIORILLO, 2009). 7 POLUIÇÃO A poluição consiste na degradação resultante das atividades que direta ou indiretamente provoquem um efeito negativo no equilíbrio ambiental, causando danos à saúde humana, aos seres vivos e ao ecossistema. Nos termos do artigo 3º, inciso III, da Lei n° 6.938/81, entende-se por poluição a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados a manifestações artístico-culturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. 5 PATRIMÔNIO GENÉTICO O patrimônio genético, na lição de Fiorillo (2009, p. 287), “é a informação da origem genética contida em amostras do todo ou de parte de espécime vegetal, fúngico, microbiano ou animal, na forma de moléculas e substâncias provenientes do metabolismo desses seres vivos e de extratos obtidos desses organismos”. ATENCAO 24 UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. 7.1 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Poluição atmosférica significa uma introdução não natural de substâncias ou energia para o ar, resultando na alteração dos seus elementos (20% oxigênio, 79% nitrogênio, 1% outros gases), ao que se “ultrapassados os limites estabelecidos pelas normas ambientais, podem colocar em risco a saúde, a segurança e o bem- estar comum”. (SIRVINSKAS, 2009, p. 220). Esta poluição, causada principalmente pela emissão de gases dos veículos e das fábricas, causa grandes impactos no campo ambiental, com ação direta no aquecimento global, sendo responsável por degradação de ecossistemas e propulsora das chuvas ácidas, bem como, também, por danos diretos a saúde humana. FIGURA 10 – POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA – EMISSÃO DE GASES FONTE: Nosso Universo. Disponível em: <http://www.nossouniverso.net/2010_08_01_archive. html>. Acesso em: 13 ago. 2011. 25 TÓPICO 2 | RECURSOS AMBIENTAIS: NATURAIS, ARTIFICIAIS, CULTURAIS, PATRIMÔNIO GENÉTICO, MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E POLUIÇÃO Impactos da poluição atmosférica na saúde humana A poluição atmosférica causa impactos negativos na saúde humana, cujo grau de incidência e de perigosidade depende do nível de poluição, assim como dos poluentes envolvidos. Os problemas com maior expressão são em nível do sistema respiratório e cardiovascular. Estudos recentes mostram que crianças sujeitas a níveis elevados de poluição atmosférica têm maior prevalência de sintomas respiratórios, sofrem uma diminuição da capacidade pulmonar com um aumento de episódios de doença respiratória, podendo mesmo fazer aumentar o absentismo nas escolas, assim como a capacidade de concentração. Estudos efetuados em três países, Áustria, França e Suíça, demonstra que a poluição atmosférica é responsável por 6% das mortes ocorridas anualmente no conjunto desses países, sendo que metade das mortes deve- se a poluição rodoviária. Alerta ainda para o fato de 4 000 pessoas morrerem por ano devido aos efeitos da poluição atmosférica, e que cerca de 25 000 dos casos de ataque de asma anuais têm como origem precisamente na exposição aos poluentes atmosféricos. Tudo isto causa impactos nas finanças, sendo que os esforços do sistema de saúde rondam 1,7 % do seu PIB. Já nas grandes cidades da Ásia e América do Sul, provoca vítimas de problemas respiratórios e cardíacos, infecções pulmonares e cancro, sendo o valor de vítimas mortais a rondar os 2 milhões. Estas cidades albergam cerca de metade da população mundial, esperando-se que atinja os dois terços em meados de 2030. FONTE: Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Polui%C3%A7% C3%A3o_ atmosf%C3 %A9rica>. Acesso em: 13 ago. 2011. 7.2 POLUIÇÃO HÍDRICA Poluição hídrica é a contaminação de corpos de água por elementos nocivos ou prejudiciais aos organismos e plantas, assim como ao homem. Para Sirvinskas (2009, p. 291), “poluição hídrica é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividade que direta ou indiretamente lance matérias ou energia nas águas em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos”. 26 UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL FIGURA 11 – POLUIÇÃO HÍDRICA FONTE: Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Slum_and_dirty_ river.jpg>. Acesso em: 13 ago. 2011. 7.3 POLUIÇÃO DO SOLO Poluição por resíduos sólidos é aquela causada pelas descargas de materiais sólidos, incluindo resíduos sólidos de materiais provenientes de operações industriais, comerciais e agrícolas (SIRVINSKAS, 2009). Consiste na presença indevida, no solo, de elementos químicos sólidos ou líquidos produzidos pelo homem, que prejudiquem o ecossistema e seu desenvolvimento regular. FIGURA 12 – POLUIÇÃO DO SOLO FONTE: IBRAFAM. Disponível em: <http://www.ibrafam.com/poluicao_solo.html>. Acesso em: 13 ago. 2011. 27 TÓPICO 2 | RECURSOS AMBIENTAIS: NATURAIS, ARTIFICIAIS, CULTURAIS, PATRIMÔNIO GENÉTICO, MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E POLUIÇÃO 7.4 POLUIÇÃO SONORA Poluição sonora é a emissão de sons ou ruídos desagradáveis que, ultrapassados os níveis legais e de maneira continuada, podem causar, em determinado espaço detempo, prejuízos à saúde humana e ao bem-estar da comunidade (SIRVINSKAS, 2009). FIGURA 13 – POLUIÇÃO SONORA FONTE: Vivaterra. Disponível em: <http://www.vivaterra.org.br/vivaterra_poluicao_ sonora.htm>. Acesso em 13 ago. 2011. 7.5 POLUIÇÃO VISUAL “A poluição visual pode ser conceituada como a degradação ambiental resultante das publicidades ou propagandas comerciais e sociais que direta ou indiretamente coloquem em risco a segurança, o bem-estar da comunidade ou afetem as condições estéticas do meio ambiente urbano ou rural”. (SIRVINSKAS, 2009, p. 405). 28 UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL FIGURA 14 – POLUIÇÃO VISUAL FONTE: Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Largeviewtimessquare. jpg>. Acesso em: 13 ago. 2011. 29 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, prezado(a) acadêmico(a), você teve a oportunidade de estudar os seguintes aspectos referentes aos recursos ambientais e poluição: • Os recursos ambientais se dividem em naturais, artificiais, culturais e genéticos. • Os conceitos das diversas categorias de recursos ambientais estão previstos na Constituição Federal de 1988. • A poluição se manifesta de diversas formas: atmosférica, hídrica, do solo, sonora e visual. 30 Ao final do Tópico 2, para melhor fixação do conteúdo estudado, responda às seguintes questões: 1 Quais são as diferenças entre recursos culturais e artificiais? 2 Apresente um conceito de poluição. 3 Quais são as principais causas da poluição atmosférica? AUTOATIVIDADE Assista ao vídeo de resolução da questão 3 31 TÓPICO 3 DIREITO AMBIENTAL: CONCEITO, EVOLUÇÃO E PRINCÍPIOS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO No Tópico 3, um dos mais importantes do Caderno de Estudos, será apresentado o conceito e a evolução histórica do direito ambiental, bem como os principais princípios à defesa do meio ambiente. Trata-se de conteúdo relevante para sua formação acadêmica e profissional, porquanto somente compreendendo a evolução do direito ambiental e seus princípios, torna-se possível uma atuação satisfatória na defesa do meio ambiente. O meio ambiente deve ser preservado. É dever dos profissionais da área ambiental empreender esforços no combate à degradação ambiental. 2 DIREITO AMBIENTAL 2.1 CONCEITO Direito Ambiental não possui um conceito preciso. Todavia, analisando as definições apresentadas por Milaré (2009), Fiorillo (2009) e Sirvinkas (2009), pode-se afirmar que o direito ambiental trabalha as normas jurídicas de diversos ramos do direito, bem como se relaciona com as outras áreas do saber humano como a biologia, física, química, dentre outras. Destarte, o direito ambiental busca adequar o ser humano com o meio ambiente, sendo um ramo do direito que estuda as relações jurídicas ambientais, observando a natureza constitucional, difusa e transindividual dos direitos e interesses ambientais, buscando sua proteção e efetividade. 2.2 EVOLUÇÃO A formação do direito ambiental brasileiro ocorreu de maneira gradativa, atrelada, no início, com a exploração econômica do pau-brasil, sendo instituído no ano de 1605 o chamado Regimento do Pau-Brasil, que exigia autorização real para o corte dessa espécie de árvore. 32 UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL Séculos depois, não preocupado com o meio ambiente, mas sim com a higiene sanitária, no ano de 1923, surgiu o Regulamento da Saúde Pública (Decreto n° 16.300/23), que previu a possibilidade de impedir que as indústrias prejudicassem a saúde dos moradores de sua vizinhança, possibilitando o afastamento das indústrias nocivas ou incômodas. A partir da década de 30 começaram a aparecer às primeiras leis de proteção ambiental como o Código Florestal de 1934 (Decreto n° 23.793/34), substituído posteriormente pela Lei n° 4.771/65, o Código das Águas (Decreto n° 24.643/34), a Lei de Proteção da Fauna (Decreto n° 24.645/34) e o Decreto n° 25/37, que organizou a proteção ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Na década de 1960, em função da preocupação com o uso indiscriminado de recursos ambientais que tivesse valor econômico e com o escopo de disciplinar o sua utilização e evitar a escassez, surgiram instrumentos normativos como o Código Florestal de 1965 (Lei n° 4.771/65), de Caça (Lei n° 5.197/67), de Pesca (Decreto-lei n° 221/67) e o de Mineração (Decreto-lei n° 227/67), o Estatuto da Terra (Lei n° 4.504/64), a Lei de Proteção da Fauna (Lei n° 5.197/67), a Política Nacional do Saneamento Básico (Decreto n° 248/67) e a criação do Conselho Nacional de Controle da Poluição Ambiental (Decreto n° 303/67). A participação brasileira na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo em 1972, foi muito importante, despertando as autoridades para intensificação do processo legislativo, na busca da proteção e preservação do meio ambiente. Já no ano seguinte, por meio do Decreto n° 73.030/73, foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), hoje Ministério do Meio Ambiente, “orientada para a conservação do meio ambiente e uso racional dos recursos naturais” (art. 1º). Todavia, a matéria do meio ambiente somente foi introduzida em nosso ordenamento jurídico com a edição da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente - Lei nº 6.938/81, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente e a organização estrutural de Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, além de apresentar princípios e conceitos fundamentais para a defesa do ambiente, bem como as normas de responsabilidade ambiental. No ano de 1985 foi editada a Lei n° 7.347 – Lei de Ação Civil Pública, proporcionando a defesa jurídica processual de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Com o advento da Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, deu-se a consolidação do Direito Ambiental como norma-fundamental, garantindo a todos, no seu artigo 225, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o poder de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 33 TÓPICO 3 | DIREITO AMBIENTAL: CONCEITO, EVOLUÇÃO E PRINCÍPIOS Por fim, em 1998, surge a Lei n° 9.605, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. 2.3 PRINCÍPIOS O vocábulo princípio emana do latim principium, significando aquilo que se toma por primeiro. No plano jurídico, os princípios consistem em enunciados fundamentais que condicionam e dão estrutura ao sistema, porquanto lhe conferem unidade e coerência. (MILARÉ, 2009). O direito ambiental, por seus princípios, tem por finalidade, dentre outras, contrapor-se às situações causadas pela ação humana, movidas pelo modo de produção capitalista, onde a busca pelo poder econômico ultrapassa as barreiras de respeito ao ambiente natural, social, cultural, como também à dignidade e ao respeito à pessoa humana. Os princípios caracterizadores do direito ambiental possuem como objetivo orientar o desenvolvimento e a aplicação de políticas ambientais que servem como instrumento fundamental de proteção ao meio ambiente e, consequentemente, à vida humana. São eles autênticos vetores que orientam o intérprete em sua atividade hermenêutica, ceifando eventuais antagonismos entre as normas jurídicas. Servem, ainda, como importante instrumento na materialização de uma orientação sensata, eficaz e útil à sociedade por ocasião da subsunção do fato à lei. Inúmeros são os princípios norteadores do direito ambiental, diferindo de acordo com a doutrina empregada, havendo constante divergência acerca das linhas mestras em relação à proteção do meio ambiente. Assim, serãoanalisados os princípios de maior incidência na doutrina, bem como aqueles presentes na Constituição Federal de 1988, especialmente no artigo 225. 2.3.1 Princípio do desenvolvimento sustentável Esse princípio reflete a visão política dominante em relação à problemática ambiental, tendo como objetivo a harmonização das seguintes vertentes: crescimento econômico, preservação ambiental e equidade social. A ideia de desenvolvimento socioeconômico em harmonia com a preservação ambiental restou consagrada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992 (Rio 92), consolidada na expressão desenvolvimento sustentável. 34 UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL Desenvolvimento sustentável, segundo a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD, significa o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. Busca-se a proteção do meio ambiente como parte integrante do processo global de desenvolvimento, incluindo-o no mesmo plano de importância dos outros valores econômicos e sociais protegidos pela ordem jurídica. Na Declaração do Rio, no Princípio 04, ficou estabelecido que “para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental constituirá parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente em relação a ele”. No mesmo sentido, o Princípio 05 da Declaração do Rio de 1992, dispõe que “todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável, devem cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza, de forma a reduzir as disparidades nos padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da população do mundo”. Compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento econômico significa dizer que a política ambiental não deve ser um obstáculo ao desenvolvimento, mas sim um de seus instrumentos, propiciando uma gestão racional dos recursos naturais, que constituem sua base material. Destarte, as gerações presentes devem buscar seu bem-estar por meio do crescimento econômico e social, mas sem comprometer os recursos naturais fundamentais para a qualidade de vida das gerações vindouras. A necessidade do equilíbrio entre crescimento econômico, preservação ambiental e equidade social está expressa na Constituição Federal de 1988, podendo-se destacar os artigos 170 e 225: Art 170 A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 35 TÓPICO 3 | DIREITO AMBIENTAL: CONCEITO, EVOLUÇÃO E PRINCÍPIOS Art 225 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A Constituição Federal que prevê o modo de produção capitalista e incentiva o crescimento econômico, também determina que seja observada, simultaneamente, a função social da propriedade e a preservação dos recursos naturais, para que haja condições dignas para as gerações futuras. Logo, desenvolvimento sustentável significa compatibilidade do crescimento econômico com desenvolvimento humano e qualidade ambiental, ao que não é um estado permanente de equilíbrio, mas sim de mudanças quanto ao acesso aos recursos e quanto à distribuição de custos e benefícios. 2.3.2 Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana Foi assegurado pelo legislador constitucional um novo direito fundamental do homem, consistente no direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, para uma sadia qualidade de vida (artigo 225 da Constituição Federal de 1988). Este direito fundamental restou reconhecido pela Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano de 1972, ao que, mais tarde, foi reafirmado pela Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992. Princípio 01 da Declaração de Estocolmo de 1972: “O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade, e ao desfrute de adequadas condições de vida em um meio cuja qualidade lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar e tem a solene obrigação de proteger e melhorar esse meio para as gerações presentes e futuras.” Princípio 01 da Declaração do Rio de 1992: “Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Tem direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza.” O princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado é tratado na Constituição Federal como um direito fundamental da pessoa humana, direcionado ao desfrute de condições de vida adequadas em um ambiente saudável. O reconhecimento do direito a um meio ambiente sadio se configura como extensão do direito à vida, quer sobre o enfoque da própria existência física e saúde dos seres humanos, quer quanto aos aspectos da dignidade desta existência (MILARÉ, 2009). 36 UNIDADE 1 | DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL 2.3.3 Princípio da prevenção Reconhecido internacionalmente na Declaração de Estocolmo de 1972 (Princípios 6 e 21) e na Declaração do Rio de 1992 (Princípio 2), esse princípio decorre da constatação de que as agressões ao meio ambiente são, em regra, de difícil ou impossível reparação, tornando-se necessária a atuação preventiva para se evitar os danos ambientais. O princípio da prevenção pressupõe a certeza científica do impacto ambiental de determinada atividade, devendo-se tomar as medidas necessárias para evitar o dano ambiental, ou seja, obriga que as atitudes com efeitos sobre o meio ambiente devem ser consideradas de forma antecipada, visando à redução ou eliminação das causas que podem alterar a qualidade do ambiente. O princípio da prevenção, por exemplo, é o maior alicerce do Estudo de Impacto Ambiental (artigo 225, § 1º, inciso IV, da Constituição Federal), realizados pelos interessados antes de iniciada uma atividade potencialmente poluidora. 2.3.4 Princípio da precaução Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992 (Rio 92), adotou-se o princípio da precaução (Princípio 15), ao que com o fim de proteger o meio ambiente, os Estados deverão aplicar amplamente o critério da precaução de acordo com suas capacidades. De acordo com esse princípio, sempre que houver perigo de ocorrência de um dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para postergar a adoção de medidas eficazes para impedir a degradação do meio ambiente (FIORILLO, 2009). Assim, mesmo que haja divergência no plano científico com relação aos efeitos nocivos de uma determinada ação sobre o meio ambiente, em atenção ao princípio da precaução, essa atividade deverá ser evitada ou rigorosamente controlada. Neste aspecto, a incerteza científica se reverte em favor da natureza, cabendo aos interessados o ônus de provar que as intervenções
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