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Escola de Administração Penitenciária 1
2 Escola de Administração Penitenciária
Escola de Administração Penitenciária 3
Governo do Estado do Pará
Curso de Formação Profissional 
Concurso Público para provimento de Cargos Efetivos de 
Agente Prisional – Concurso C199. Edital n° 001/2017 – 
SEAD/SUSIPE, de 15/12/17
 
TEXTO BASE
EIXO INTRODUTÓRIO
Relações Interpessoais
Fundamentos Políticos e Sociológicos da Prisão e da Pena
Fundamentos Jurídicos da Responsabilização Criminal
População Prisional e Políticas Públicas
Tratamento e Diagnóstico do Sistema Prisional
Procedimento Disciplinar Penitenciário 
EIXO INTERMEDIÁRIO
Atividade Física 
Uso Progressivo da Força 
Defesa Pessoal 
Segurança Penitenciária 
Técnicas e Tecnologias Menos Letais
EIXO AVANÇADO
Inteligência Aplicada ao Sistema Prisional 
Gerenciamento de Crise e Técnicas de Negociação 
Armamento e Tiro 
Intervenção Tática em Ambiente 
Escolta Armada
4 Escola de Administração Penitenciária
Escola de Administração Penitenciária 5
Helder Zaluth Barbalho
Governador do Estado do Pará
Jarbas Vasconcelos do Carmo
Secretário Extraordinário para Assuntos Penitenciários Superintendente 
do Sistema Penitenciário
João Claudio Tupinambá Arroyo
Diretor da Escola de Administração Penitenciária
Fábia Jaqueline da Silva Miranda
Coordenação de Educação em Serviços Penais (em exercício)
Tatiana Cordeiro de Jesus
Coordenação de Apoio Pedagógico
Vanda da Consolação Fernandez
Coordenação de Planejamento e Pesquisa
Sergio Ricardo Nunes Lustosa de Aragão
Secretário da Diretoria
Equipe Técnica Administrativa
André Silva de Oliveira
Adriana Rodrigues Caxias
Ana Rita de Nazaré Sarmento Bezerra
Anderson Marcel Souza Cals
Fernanda Carolina Matos Ferreira
Cleice Kelen Favacho da Rocha
Cleidy da Silva Lima Gerson
Haroldo Nobrega Barbosa
José Alvanderly Mesquita
Marcelo Sergio Genu Lima
Oberdan Pacheco Damasceno Silva
Renan Moraes de Araújo
Renata Maia Damasceno
Telma Maria Medeiros de Lima
Capa, projeto gráfico e editoração
Fabrício coleny - Aldeia Amazônia
6 Escola de Administração Penitenciária
Escola de Administração Penitenciária 7
Sumário
Apresentação .................................................................................................. 09
EIXO INTRODUTÓRIO
Relações Interpessoais
Fundamentos Políticos e Sociológicos da Prisão e da Pena
Fundamentos Jurídicos da Responsabilização Criminal
População Prisional e Políticas Públicas
Tratamento e Diagnóstico do Sistema Prisional
Procedimento Disciplinar Penitenciário
EIXO INTERMEDIÁRIO
Atividade Física
Uso Progressivo da Força
Defesa Pessoal
Segurança Penitenciária
Técnicas e Tecnologias Menos Letais
EIXO AVANÇADO
Inteligência Aplicada ao Sistema Prisional
Gerenciamento de Crise e Técnicas de Negociação
Armamento e Tiro
Intervenção Tática em Ambiente
Escolta Armada
8 Escola de Administração Penitenciária
Escola de Administração Penitenciária 9
Apresentação
Sejam bem-vindos a etapa final do concurso C-199!Esta etapa que se inicia nos coloca um duplo desafio. Ao mesmo tempo que se constitui na etapa final do concurso, de caráter classificatório e eli-
minatório, também se constitui no Curso de Formação Profissional dos novos 
Agentes Prisionais do Sistema Penitenciário do Pará. E, estamos juntos com cada 
candidato, cada candidata, por seu pleno sucesso, cada um fazendo a sua parte.
O desafio de realizarmos o concurso é resultado de uma prioridade do Go-
verno estadual para que os servidores estaduais possam ter melhores condições 
de executar suas tarefas e podermos cobrar serviços cada vez melhores, de acor-
do com as expectativas da Sociedade. 
O desafio de qualificarmos os novos servidores do sistema prisional paraense 
através do Curso de Formação Profissional, é central para que possamos avançar 
e consolidar uma nova mentalidade baseada na LEP (Lei de Execução Penal) que 
estabelece como missão do sistema prisional a ressocialização, a partir da garan-
tia dos direitos e da dignidade dos custodiados e de uma rigorosa disciplina, que 
deve se estabelecer a partir do exemplo dos próprios Agentes Prisionais.
Estes desafios ocorrem em um momento muito especial para o Sistema Pri-
sional paraense. A partir da instalação da nova gestão estadual, novas políticas 
orientam as ações já trazendo resultados que sinalizam estarmos no caminho 
certo, particularmente no setor da Segurança Pública. A abordagem da Seguran-
ça como problema integrado e transversal que inaugurou uma articulação com a 
Educação, a Saúde, a Infraestrutura e a Economia sem precedente, como estamos 
vendo acontecer no programa Territórios pela Paz (TerPaz), somado ao forta-
lecimento da Polícia Civil, Polícia Militar e Sistema Prisional, já rendendo uma 
importante redução nos indicadores da criminalidade, o que interessa a todos, 
incluindo nossas famílias. 
Particularmente no Sistema Prisional, estamos implementando, criteriosa e 
intensamente, novos protocolos de gestão, a partir do padrão federal do DEPEN 
(Depto. Penitenciário Nacional). Tarefa na qual estamos contando com a Força 
Tarefa de Intervenção Prisional (FTIP) que proporciona a oportunidade única 
de termos novos conhecimentos e procedimentos trabalhados tanto no próprio 
Curso de Formação Profissional, quanto no dia-a-dia das unidades prisionais. 
Aproveitem ao máximo esta oportunidade.
Por fim, convidamos as Senhoras e Semhores a vir somar conosco, para juntos 
fazermos uma nova história.
Jarbas Vasconcelos do Carmo
Secretário Extraordinário para Assuntos
Penitenciários do Estado do Pará
10 Escola de Administração Penitenciária
Escola de Administração Penitenciária 11
EIXO INTRODUTÓRIO
RELAÇOES INTERPESSOAIS
Carga Horária: 8h
OBJETIVO DA DISCIPLINA
Compreender a importância de suas condições pessoais (físicas, psico-lógicas, 
éticas, relacionais) no exercício das funções desempenhadas. Assimilar a im-
portância de trabalho no âmbito da cooperação. a) O espaço do trabalho no 
DEPEN e unidades penitenciárias federais: equipes e comunicação. b) Equipes 
integradas, unidades eficientes e seguras. c) Comuni-cação interpessoal e rela-
cionamento profissional.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
UNIDADE 1 – O espaço do Trabalho no DEPEN e as unidades penitenciárias 
federais: equipes e comunicações. 
UNIDADE 2 – Equipes integradas, unidades eficientes e seguras.
UNIDADE 3 – Comunicação interpessoal e relacionamento interpessoal. 
12 Escola de Administração Penitenciária
UNIDADE 1:
O ESPAÇO DO TRABALHO NO DEPEN E AS 
UNIDADES PENITENCIÁRIAS FEDERAIS: EQUIPES E 
COMUNICAÇÕES
As organizações são compostas por pessoas que formam grupos ou equipes. Equipes possuem sua singularidade, não são iguais, variam de acordo com a organização e também quanto às necessidades e per-
sonalidade dos seus membros. Uma equipenão possui número determinado 
de pessoas. O que define o seu aspecto é o comprometimento, a intenção e o 
esforço pela busca dos mesmos objetivos.
Um grupo de pessoas difere de uma Equipe. O que promove tal transforma-
ção está no momento em que o grupo encontra a harmonia necessária ao amplo 
desenvolvimento de seu potencial.
O termo Equipe não surgiu por agora, sua importância vem sendo reconhe-
cida desde que o Joseph Juran evidenciou a importância do comportamento 
em equipe na solução de problemas em empresas japonesas. Equipes necessi-
tam se desenvolver e gerenciar pessoas. Requer aprendizado, empenho e es-
forço contínuo.
As equipes se diferenciam conforme as necessidades de uma organização, 
projeto ou processo e podem ser: funcionais, multifuncionais, equipes de ata-
que, equipes de força tarefa e comissões. 
A construção de uma equipe de sucesso é complexa. Muitas são as variáveis 
a serem consideradas. Requer dos membros o entendimento dos objetivos e do 
conhecimento dos componentes do grupo gerando a harmonia suficiente para 
que se tornem efetivamente uma equipe de Alta Performance.
Conhecer as respostas para questões como: Quem são? Por que estão jun-
tos? Onde estão e para onde vão? Qual o objetivo? Aceitar os desafios propos-
tos e estarem cientes das dificuldades inerentes a eles; enfim, O que? Como? 
Quando fazer? Identificar tais questões é parte inicial do processo de constru-
ção de uma equipe.
Segue-se a esse primeiro passo a necessidade de cuidar para que haja a Re-
troação, que se efetiva através da importância dada a contínua preocupação 
com fatores relacionados a: Como manter o constante aprendizado? Quais os 
passos foram bem-sucedidos? Quais requerem maior empenho ou mesmo mo-
dificações? Houve reconhecimento e recompensa aos esforços individuais e co-
letivos? Fechando assim um círculo de constante busca pela melhoria contínua, 
Escola de Administração Penitenciária 13
aperfeiçoamento e garantia da manutenção da excelência da equipe.
Diante das mudanças constantes nos ambientes organizacionais, equipes de 
alto desempenho necessitam desenvolver habilidades extras para que possam 
interagir na busca de um mesmo objetivo obtendo sucesso. Tais habilidades 
associadas a um senso de responsabilidade coletivo, experiências e motivação 
empoderam de tal maneira o grupo tornando-o capaz de agir com presteza 
diante da dinâmica organizacional e assim obtendo melhores resultados na 
execução das tarefas.
Executar processos e construir projetos de forma eficiente e em alto nível, 
requer empenho no aprimoramento de algumas qualidades:
1. Autogerenciamento: Todos os membros da equipe devem conhecer clara-
mente as funções a ele destinadas e saber como executá-las de forma eficiente.
2. Antecipação: Os membros necessitam de uma visão ampla, sistêmica, e pos-
suir a percepção para variáveis que venham a surgir, criando maneiras ob-
jetivas, criativas e eficazes de lidar com elas, cientes de que há situações que 
podem ser evitadas ou controladas já que dependem exclusivamente de fatores 
internos e também existem contingências inevitáveis, pois organizações estão 
inseridas em ambientes que sofrem influencias externa e para tais a equipe 
deve estar preparada para enfrentá-las. Em ambos os casos deve-se evitar ao 
máximo o improviso, cercando-se o quanto possível de um ambiente seguro.
3. Adaptação: A capacidade de se adaptar é essencial, encarar o imprevisível de 
maneira positiva. Os ambientes organizacionais estão em constantes mudanças 
e adaptar-se a elas é muito importante, essencial mesmo.
4. Cooperação: A individualidade deve dar lugar à cooperação e o trabalho em 
equipe. Juntos um grupo se torna forte e mais capaz.
5. Desenvolvimento: Constante treinamento, capacitação e aperfeiçoamento 
deve ser preocupação prioritária para uma equipe que pretende se manter com 
alta performance e evolução. Nesse contexto deve-se considerar a importância 
de preparar pessoas para sucessão garantindo assim a continuidade, o nível de 
excelência e a vantagem competitiva das organizações.
Desenvolver e motivar o espírito empreendedor de cada membro das equipes, 
estimulando para que a criatividade dentro das empresas seja potencializado.
6. Empowerment (empoderamento): A liberdade dada aos membros da equi-
pe para que tragam e exponham suas ideias, conhecimentos, experiências e 
14 Escola de Administração Penitenciária
motivação é extremamente bem-vinda, pois enriquece o capital intelectual de 
toda a equipe que compartilhará das informações.
7. Diversidade: Diferentes tipos de pessoas formam uma Equipe de Alta Per-
formance, apresentam diferentes habilidades, complementando-se e aprimo-
rando o trabalho, com o potencial de cada um. Talentos individuais, juntos, 
podem resultar em tarefas bem-sucedidas.
8. Relacionamento e Feedback: A amizade não é um fator essencial numa 
Equipe de Alta Performance. O essencial é que cada membro saiba respeitar 
o outro e criar uma relação de confiança. Pessoas possuem crenças, culturas 
e valores diferentes, o que resulta em comportamentos diversos. Para que 
pessoas diferentes possam conviver em harmonia, o uso do feedback e a 
redução dos ruídos na comunicação são ferramentas bastante eficazes pro-
movendo o desenvolvimento dos membros e evidenciando a diferenciação 
entre processos e pessoas.
9. Interdependência: Uns auxiliando os outros, esforço conjunto e cada um 
caminhando para que juntos alcancem um mesmo objetivo. Foco sempre no 
futuro, enxergar além o horizonte, criar estratégias embasadas no máximo pos-
síveis de informações seguras, e mesmo tentar prever e/ou reagir em impro-
váveis cenários.
Estar ciente da diversidade de personalidades, e que todos possuem sua 
autonomia, expressam suas opiniões sem objeções, aumentando, através desse 
ato, o nível intelectual dos diálogos nas organizações.
O PERFIL DO AGENTE PENINTENCIÁRIO REQUER
Engajamento e um compromisso para com a instituição a que pertençam; Ati-
tudes estratégicas e criteriosas, para corroborar com mudanças no trato do ho-
mem preso, e realizá-las em um espírito de legalidade e ética; Humildade de 
reconhecer a incapacidade a respeito dos meios capazes de transformar crimi-
nosos em não criminosos, visto que determinados condicionantes tendem a 
impedir essa metamorfose, parecendo provável que algumas delas favoreçam 
o aumento do grau de criminalidade das pessoas. 
Escola de Administração Penitenciária 15
ATITUDES E CONDUTAS PROFISSIONAIS
NECESSÁRIAS AO AGENTE PENITENCIÁRIO
(DEPEN. Arquivo, Manual do Agente Penitenciário)
01 – APTIDÃO: que tenha disposição inata, um dom natural de lidar com pessoas; 
02 – HONESTIDADE: integridade. Precisa ser parte exemplar da instituição a 
que pertença e conduta inatacável; 
03 – CONHECER FUNÇÕES E ATRIBUIÇÕES: distinguir com clareza uma 
ação própria, de seus direitos e prerrogativas;
04 – RESPONSABILIDADE: que tenha capacidade de entendimento ético e 
uma determinação moral;
05 – INICIATIVA: que seja capaz de propor ou empreender ações iniciais e 
principiar conhecimentos;
06 – DISCIPLINA: que sua observância dos preceitos ou normas seja uma ação natural;
07 – LEALDADE: que não seja apenas sincero e franco, mas principalmente fiel 
aos seus compromissos e honesto com seus pares;
08 – EQUILÍBRIO EMOCIONAL: que sua estabilidade mental seja definida 
por ações comedidas e prudentes. Saber se colocar no lugar do outro;
09 – AUTORIDADE: que não tenha apenas direito ao poder, mas que tenha o 
encargo de respeitar as leis com competência indiscutível;
10 – LIDERANÇA: que seu comando tenha tom condutor, um representante 
de umgrupo;suas ações e ideais.
11 – FLEXIBILIDADE: que a destreza, bom senso e transigência estejam sem-
pre a serviço do bem comum;
12 – CRIATIVIDADE: que sua capacidade de criação e inovação possa supe-
rar as adversidades;
13 – EMPATIA: que saiba sempre se colocar no lugar do outro, antes de uma 
decisão importante;
14 – COMUNICABILIDADE: que se comunique de forma expansiva e franca;
15 – PERSEVERANÇA: que seja firme e constante em suas ações e ideais.
16 Escola de Administração Penitenciária
UNIDADE 2
EQUIPES INTEGRADAS,
UNIDADES EFICIENTES E SEGURAS
A COOPERAÇÃO para obtenção de um objetivo comum é a base da so-ciedade humana (Mark, 2012). Um grupo de pessoas passa a ser uma Equipe quando seus membros estão motivados para nele ingressar e 
permanecer; percebem o grupo como uma unidade integrada de pessoas que 
interagem entre si; contribuem de vários modos para os processos (contribuem 
com tempo e energia); concordam e discordam mediante várias formas de inte-
ração. (Chiavenato, Idalberto, 2005 – Comportamento Organizacional).
Como desenvolver um bom relacionamento interpessoal no trabalho?
1. Desenvolva sua comunicação
Ter uma boa comunicação é essencial, já que é vital saber passar uma men-
sagem clara aos colegas. Aprenda a adaptar seu discurso ao público a que ele 
se dirige, para que seja melhor compreendido.
Utilize linguagens não verbais para reiterar sua fala, tais como olhar no olho 
do interlocutor, concordar com o que ele diz movendo a cabeça, sorrir quando 
o objeto da conversa estiver à contento.
Ao fim e ao cabo, é essencial mostrar confiança e interesse através das lin-
guagens verbais e não-verbais, o que demonstrará empatia e melhorará o rela-
cionamento interpessoal no trabalho.
2. Escute com interesse
Sempre que alguém lhe procurar para dar uma ideia ou tirar uma dúvida, 
pare o que está fazendo e foque apenas no indivíduo à sua frente ou ao tele-
fone. Esteja aberto para as informações que as outras pessoas lhe passam e 
mostre que você as valoriza.
É essencial mostrar que você é um bom ouvinte e que considera as opiniões 
dos outros.
3. Fale um pouco de si mesmo
É importante para aqueles ao seu redor que eles o conheçam um pouco 
mais. Como vocês passam várias horas do dia trabalhando juntos, é importante 
que você exponha algumas das suas opiniões, histórias de vida, experiências.
Escola de Administração Penitenciária 17
Estreite os laços com as pessoas mostrando que o relacionamento pode 
ser solidificado e que você não se interessa tão somente pelo trabalho que 
elas prestam.
4. Se adapte às diferenças
Personalidades e pessoas diferentes podem contribuir de diversas formas 
no ambiente profissional. Saiba respeitar essas diferenças e extraia o que cada 
indivíduo tem de melhor. Mesmo quando lidamos com alguém que não nos 
agrada, é preciso ser tolerante e paciente para que o relacionamento interpes-
soal no trabalho não seja prejudicado.
5. Faça um treinamento de relacionamento interpessoal de coaching
O coaching é um processo incrível para o desenvolvimento humano, no 
qual são desenvolvidas habilidades e capacidades para conduzir o coachee a 
entregar o melhor de si em busca de realização pessoal e profissional.
6. Há limites no relacionamento interpessoal no trabalho?
Como vimos, saber se relacionar bem no trabalho é uma das habilidades 
mais valorizadas atualmente no universo corporativo. Entretanto, é preciso ter 
cuidado para não extrapolar nos relacionamentos, pois isso pode prejudicar o 
seu desempenho ao invés de produzir resultados positivos.
Confira alguns limites que precisam ser mantidos no ambiente profissional:
• Mantenha a formalidade;
• Dialogue nas horas certas;
• Fuja da “rádio corredor”;
• Exercite sua inteligência emocional;
• Não compartilhe detalhes da sua vida pessoal;
• Evite disputas e conflitos;
• Seja prestativo, mas não exagere e se torne intrusivo;
• Dialogue ao invés de discutir;
• Não seja arrogante.
Adote determinados comportamento, tais como:
• Modéstia - Deixe para as outras pessoas a função de falar de você ou de cha-
mar a atenção sobre o que você faz. Não se exponha demais. Atrair a atenção 
de forma desmedida pode, ao mesmo tempo, atrair a desconfiança e a inveja 
alheias. Seja modesto. 
• Agir de forma desinteressada - Deixe seu talento fluir naturalmente, de for-
ma que as coisas que você faz não aparentem ter custado o esforço que real-
18 Escola de Administração Penitenciária
mente custaram. Faça com que elas pareçam ser mais simples do que realmente 
são. Do contrário, você estará se expondo. 
• Elogiar somente o necessário - Deixe os elogios para as horas certas. Não os 
gaste descontroladamente. Você pode ficar com fama de “puxa saco”. Nunca 
elogie as coisas que você mesmo fez. 
• Aparecer moderadamente - Uma forma de ser notado sem chamar muita 
atenção é adotando um estilo próprio de se vestir, de falar e de portar-se. For-
me uma imagem diferente. 
• Conhecer as pessoas - Adote um jeito particular para tratar cada pessoa com 
as quais você se relaciona. Lembre-se que todos são diferentes. 
• Não ser mensageiro das más notícias - Deixe para outra pessoa essa chata 
incumbência. Somente leve boas notícias para os seus superiores. Não se trata 
de mentir, mas de evitar ser carimbado como uma pessoa desagradável. 
• Cada um na sua - Não se permita adotar uma postura íntima com as pesso-
as só porque você trabalha com elas. Seja cordial e aberto, mas jamais íntimo. 
Lembre-se que você está trabalhando. 
• Cuidado ao criticar - Quando for necessário fazer alguma crítica sobre deter-
minado assunto ou sobre algum colega, fale da forma mais indireta e educada 
possível. Não reclame o tempo todo do seu líder ou dos seus colegas de traba-
lho. Honestidade em excesso pode te causar problemas. 
• Favorecimento - Não insista com o seu líder dizendo que você merece as 
mesmas regalias que seus colegas. Melhor do que suplicar favores é mostrar 
que você merece os favores que recebe. Entenda os seus próprios limites. 
• Fofocas e intrigas - Não faça comentários sobre o gosto pessoal ou apa-
rência das pessoas. Preserve a identidade das pessoas e estabeleça rela-
ções de confiança. 
 
Assim, espera-se que os comportamentos éticos sejam uma prática do coti-
diano no local de trabalho.
“Pessoas inteligentes 
falam de ideias, pessoas 
comuns de coisas e 
pessoas medíocres 
falam de pessoas.”
(Platão).
Escola de Administração Penitenciária 19
UNIDADE 3
COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL E
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
Comunicação interpessoal
É a principal ferramenta de troca de informações entre duas pessoas, ou 
entre um conjunto de pessoas. Nela há troca de cultura, educação, experiência, 
sentimentos. É onde cada pessoa expõe e transmite a sua bagagem, conteúdo 
próprio e exclusivo a ser filtrado, aceito ou não pelo receptor. O filtro pode ser 
cultural e até mesmo gerar choques culturais entre pessoas.
O RESPEITO à liberdade de expressão, às diferenças conduz a convivência 
harmoniosa.
A comunicação interpessoal é um dos fatores mais importantes para o su-
cesso de uma organização, seja você um colaborador subordinado ou um pro-
fissional em cargo de liderança. Enquanto muitos não possuem uma facilidade 
natural para o exercício da comunicação constante, tal fator jamais pode ser 
considerado como irrelevante; já que a falta de conhecimento e da prática de 
troca de ideias pode gerar uma série de conflitos desnecessários no ambiente 
de trabalho – tudo em função da falta de abertura e jeito para expor opiniõese 
ouvir posições diferentes.
Para diminuir a quantidade de profissionais que se acham ‘mal compreen-
didos’, a prática da comunicação interpessoal é fortemente válida – ajudando 
para que as pessoas saibam lidar diretamente com seus colegas e pessoas de 
convívio, propiciando um ambiente mais aberto e receptivo à troca de ideias e 
pensamentos dos mais variados. Confira, a seguir, alguns fatores importantes 
para que os profissionais trabalhem a comunicação:
• Novas culturas
A comunicação promove, não só a troca de pensamentos, mas, também, de 
cultura. Por meio da interação é possível aprender fatores que jamais seriam 
conhecidos sem que isso fosse estimulado.
• Aprendizado
Quem está aberto para compartilhar e comunicar, também fica aberto para 
receber e aprender – e a riqueza de informações que pode ser obtida por meio 
da comunicação pode ser um ponto muito positivo para qualquer profissional.
20 Escola de Administração Penitenciária
• Inibição
O exercício constante da comunicação pode ser de grande ajuda para dimi-
nuir os níveis de inibição – aumentando a confiança de um profissional e, con-
sequentemente, promovendo uma interação maior, onde ele pode expressar 
suas opiniões e ser ouvido com maior facilidade.
• Networking
Uma rede de relacionamentos profissionais não existe sem a prática da co-
municação.
• Marcar presença
Quem se comunica melhor marca mais presença. Profissionais não devem 
se manter a espera de um convite para que possam expor suas ideias – e se o 
seu líder não lhe pede opiniões, ter a segurança para ir até ele e expô-las pode 
fazer toda a diferença na sua carreira; já que, por meio da comunicação é possí-
vel mostrar a uma empresa que você ‘existe’.
• Conflitos
A resolução de conflitos é muito facilitada com a comunicação – que ajuda, 
também, a evitar esse tipo de problema; já que a transparência de ideias e opi-
niões forma um ambiente menos propício para desavenças de todo tipo.
• Autoconhecimento
A comunicação também pode ser um bom parâmetro para avaliar como os 
demais profissionais o enxergam, possibilitando que mudanças sejam feitas e, 
com isso, sejam atingidos patamares maiores de sucesso e interação.
Qual o impacto do relacionamento interpessoal no trabalho?
No viés profissional, o relacionamento interpessoal é a forma como os co-
legas de trabalho se relacionam. Manter bons relacionamentos profissionais é 
imprescindível para o sucesso na carreira de qualquer profissional, já que são 
eles que geram um networking de qualidade e contribuem para um clima po-
sitivo na equipe.
No núcleo do relacionamento interpessoal no trabalho está a empatia. Dessa 
forma, é a empatia a responsável por deixar a rotina profissional muito mais 
leve, produtiva e harmoniosa.
A empatia é tão importante para um bom relacionamento interpessoal no 
trabalho, que a mesma já é altamente valorizada pelos recrutadores nas empre-
Escola de Administração Penitenciária 21
sas. Portanto, se você quiser se manter em um mercado de trabalho cada vez 
mais exigente, comece desenvolvendo sua empatia para melhorar os relaciona-
mentos com aqueles que o cercam.
Feedback
É buscar informações sobre o que fazemos a fim de “ajustar” o nosso com-
portamento. O Feedback pode te ajudar a se relacionar melhor tanto com as 
pessoas do seu trabalho como com o pessoal da sua casa e com os seus amigos. 
Para começar a se conhecer melhor, você precisa saber o que as pessoas acham 
sobre você. Para isso, é preciso perguntá-las. Talvez as pessoas digam coisas 
desagradáveis, que a gente detesta ouvir. Mas o motivo é nobre e você tem que 
se aperfeiçoar. Através de perguntas sobre você e o modo como age. Após ana-
lisar e julgar essas informações, você tem que partir para a fase de implantação 
das mudanças. O que você considera importante, o que acha que irá contri-
buir para a melhoria dos seus relacionamentos. Lembre-se que o feedback deve 
acontecer naturalmente e ao longo de toda a sua vida para que você possa estar 
sempre melhorando. 
Relações interpessoais
O que é relacionamento interpessoal?
O relacionamento interpessoal nada mais é do que a conexão feita por duas 
ou mais pessoas em um mesmo círculo. Ele reflete a forma que os indivíduos 
se tratam e relacionam, bem como a qualidade dessas relações. 
EU + VOCÊS = NÓS
Relação Intrapessoal: é o autoconhecimento, é conhecer seus impulsos, suas 
emoções e ter o controle sobre eles em uma determinada situação, podendo ser 
chamada de Inteligência Emocional.
EU + EU = EU
É um conceito do âmbito da sociologia e psicologia que significa uma re-
lação entre duas ou mais pessoas, e pode estar inserido no círculo familiar, 
escolar, comunidade ou trabalho.
Serge Moscovici (1985), conceitua as relações interpessoais como todos os 
contatos que ocorrem entre sujeitos em diferentes circunstâncias e espaços, a 
exemplo do meio familiar ou de trabalho e envolvem comportamentos, ade-
quados ou inadequados, sentimentos e emoções. 
22 Escola de Administração Penitenciária
O homem é um ser social e como tal desenvolve relacionamentos interpes-
soais. A Socialização humana se classifica em duas fases:
- Primária
Ao nascer, no grupo familiar, no convívio. 
- Secundária:
No convívio em grupo de amigos mais próximos ou outros grupos, (ESCOLA, 
TRABALHO ou COMUNIDADE).
Obs.: socialização primária afetada pode gerar diversos problemas na vida 
social - o primeiro momento de socialização é essencial na construção do ca-
ráter do indivíduo.
FENÔMENOS SOCIAIS (Humores): são quatro.
Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma 
outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste 
em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de 
forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo.
Não esperar do outro que ele tenha as mesmas reações nossa. Gera decep-
ção. Aqueles que conseguem perceber as diferenças entre as pessoas tornam-
-se pessoas mais tolerantes. Deixam de se sentir pessoalmente ofendidos pelas 
divergências de opinião. Podem enxergar o outro com objetividade, como um 
ser independente de nós. Ao se colocar no lugar do outro, é preciso penetrar na 
alma do outro e não apenas transferir sua alma para o corpo do outro. Esse é o 
início da verdadeira comunicação entre as pessoas.
Apatia é uma condição psicológica designada por um estado emocional de 
indiferença. É a falta de emoção ou motivação de um indivíduo perante algo ou 
alguma situação, tendo como algumas das suas características o desgaste físico, 
a inércia, a fraqueza muscular e a falta de energia (letargia).
Simpatia vem do grego ‘sympátheia’, ‘participação em, ou sensibilidade 
ao sofrimento do outro’, ‘compaixão’, chegou à nossa língua pelo latim, ‘sym-
pathia’. Efetivamente o termo se aplica às relações que há entre pessoas que 
instintivamente se sentem atraídas entre si.
Antipatia é um sentimento de repugnância e repulsa instintiva diante de alguém 
ou alguma coisa; sentimento de discordância e desarmonia entre dois indivíduos.
Forças positivas, que facilitam e mantém uma interação saudável: 
- Cordialidade natural; 
Escola de Administração Penitenciária 23
- Predisposição para se relacionar bem; 
- Motivação para a vida em grupo; 
- Saber se expressar; 
- Compreensão; 
- Tolerância; 
- Respeito as diferenças; 
- Saber acolher as pessoas sem se desviar dos objetivos principais; 
- Ausência de preconceitos ou prejulgamentos; 
- Ausência de tensões; 
Forças negativas são aquelasque dificultam ou impedem uma interação sau-
dável, afastando uns dos outros e gerando tensões, entre elas, tem-se: 
- Falta de reciprocidade; 
- Falta de motivação; 
- Preconceito, prejulgamentos, falta de flexibilidade; 
- Competição, prepotência, desconfiança, desentendimento, irritabilidade; 
- Sentimento de superioridade ou inferioridade; 
- Comportamentos inadequados; 
- Egoísmo; 
- Violência;
- Desrespeito
RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO TRABALHO
No trabalho o relacionamento interpessoal se dá no momento em que per-
cebemos o outro, tanto em suas características físicas como em seus processos 
mais íntimos. O Relacionamento pode ser positivo ou negativo, baseado em 
preceitos éticos ou não.
Como o relacionamento interpessoal pode auxiliar no desenvolvimento 
pessoal e profissional?
É através dos outros que nos conhecemos, portanto se observamos como 
os outros se comportam para conosco começamos a nos conhecer melhor e, 
também, a controlar nosso comportamento de modo mais produtivo para o 
ambiente de trabalho. A essa relação de conhecimento Muszkat chama de 
Alteridade.
Alteridade: é a concepção de que todo o homem social interage e interdepende 
do outro. Eu apenas existo a partir do outro.
O mercado de trabalho hoje exige alguns comportamentos baseados em de-
senvolvimentos de características do relacionamento interpessoal, existentes 
24 Escola de Administração Penitenciária
principalmente no trabalho em EQUIPE ou em GRUPO.
É importante identificar as principais diferenças entre esses dois conceitos:
GRUPO
Junção de pessoas - Objetivos comuns - Centralização nos próprios objetivos.
EQUIPE
Junção de pessoas - Objetivos comuns – é caracterizada pela diferença na forma 
de comportamento quando os mesmos se juntam e se relacionam.
Características de uma boa equipe:
- Confiança;
- Objetivos e Metas bem definidos;
- Empatia;
- Respeito a individualidade;
- Comunicação aliada a interação (Eles chamam uns aos outros à responsabili-
dade quando alguma coisa não sai de acordo com seus planos);
- Afetividade;
- Afinidade;
- Liderança: É compartilhada dentro da equipe de maneira adequada;
- COOPERAÇÃO (Eles se comprometem com as decisões e planos de ação).
FATORES QUE PODEM LEVAR UMA EQUIPE AO INSUCESSO
1. Metas e objetivos mal definidos;
2. Responsabilidades mal definidas;
3. Falta de habilidades e conhecimento;
4. Ausência de treinamento;
5. Estilo de liderança e comportamentos;
6. Reuniões sem eficácia;
7. Ausência de reconhecimento;
8. Inibição ou individualismo
SINTOMAS PERCEPTÍVEIS
1. Atrasos, faltas e saídas;
2. Criticas à liderança e equipe;
3. Dominação;
4. Isolamento e desinteresse;
5. Conversas paralelas;
6. Falta de concentração
7. Metas não cumpridas
Escola de Administração Penitenciária 25
REFERÊNCIAS
CHIAVENATO, Idalberto. Iniciação à Administração Geral – Ed. Saraiva, 3ª 
Ed.2009;
DEPEN. Arquivo, Manual do Agente Penitenciário. Disponível em: http://
www.depen.pr.gov.br/arquivos/File/manual_agente_pen.pdf. 
FOUCAULT, Michel, Microfisica do Poder, organização e tradução de 
Roberto Machado, Rio de Janeiro: Graal, 2006, p 290 a 292.
ISTO É. A solução PMDB. Revista IstoÉ. Edição 1499. 24/06/98. Editora Abril.
VEJA. Inteligência emocional. Revista Veja. Edição 1478, 15/01/97. Editora 
Abril. São Paulo.
GIKOVATE, Flávio, Dicas para mudar nosso jeito de pensar - http://www.
cdic.com.br/emocio.htm
VÍTOR, Gilberto. Escola de Educação Emocional. http://www.cdic.com.br/
emocio.htm
26 Escola de Administração Penitenciária
Escola de Administração Penitenciária 27
EIXO INTRODUTÓRIO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA 
PRISÃO E DA PENA
Carga Horária: 8h
OBJETIVO DA DISCIPLINA: Ampliar conhecimentos de cunho sociológico 
sobre a história das pri-sões a fim de possibilitar uma percepção das mudanças 
e transformações do processo de aprisio-namento ao longo do tempo.
a) Responsabilização criminal, respostas institucionais alternativas à prisão e 
outros mecanismos de solução de conflitos.
b) Teorias da punição: restrição e privação de liberdade.
c) Controle e repressão na formação das sociedades modernas.
d) Poder punitivos e de-mocracia: Estado Penal e Estado Democrático de Direito.
e) Sociedade Brasileira e prisões; o fenô-meno do encarceramento massivo no 
Brasil contemporâneo.
f) Sistema de Justiça Penal.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
UNIDADE 1 – Responsabilização criminal, respostas institucionais alternati-
vas à prisão e outros me-canismos de solução de conflitos.
UNIDADE 2 – Teorias da punição: restrição e privação de liberdade.
UNIDADE 3 – Controle e repressão na formação das sociedades modernas.
UNIDADE 4 – Poder punitivos e democracia: Estado Penal e Estado Democrá-
tico de Direito.
UNIDADE 5 – Sociedade Brasileira e prisões; o fenômeno do encarceramento 
massivo no Brasil contemporâneo.
UNIDADE 6 – Sistema de Justiça Penal.
28 Escola de Administração Penitenciária
UNIDADE 1
TEORIAS DA PUNIÇÃO:
RESTRIÇÃO E PRIVAÇÃO DA LIBERDADE
Evolução Histórica das Prisões:
Das punições e martírios a promoção da Reinserção Social
1.1. Idade Antiga
Do século VIII a.C. ao século V d.C (a queda do Império romano do ociden-
te) – não havia código de regulamento social muito menos ordenamento jurí-
dico - é marcado pelo chamado encarceramento, o ato de aprisionar não como 
caráter da pena, e sim como garantia de manter o sujeito sob o domínio físico, 
para se exercer a punição (suplícios). Eram usados os calabouços, ruínas, as 
torres de castelos. Sempre lugares insalubres, sem iluminação, sem condições 
de higiene e “inexpurgáveis”.
Exemplo: As masmorras nos quais os presos adoeciam e podiam morrer antes 
mesmo de seu julgamento e condenação, isso porque, as prisões, quando de 
seu surgimento, se caracterizavam apenas como um acessório de um processo 
punitivo que se baseava no tormento físico. 
 
Escola de Administração Penitenciária 29
Masmorra era como se chamava no passado um tipo de prisão que normal-
mente se situava em pisos inferiores (cômodos escuros e lúgubres, ao abrigo 
do sol) de castelos e que tinha como função reter prisioneiros, muitas vezes por 
longos períodos.
1.2. Idade Média
Entre os anos de 476 a 1453 - caracterizou-se pela economia feudal e a su-
premacia da Igreja Católica - o cárcere ainda apenas como local de custódia 
para conservar, aqueles que seriam submetidos a castigos corporais e à pena de 
morte (aguarda a submissão ao suplicio).
Segundo Carvalho Filho (2002) as punições no período medieval eram: a am-
putação dos braços, a degola, a forca, o suplício na fogueira, queimaduras a ferro 
em brasa, a roda e a guilhotina eram as formas de punição que causavam dor 
extrema e que proporcionavam espetáculos à população - Influência pelo poder 
da Igreja Católica que criou as inquisições (também chamada de Santo Ofício). 
Esta deu origem ao termo Penitenciária quando instituiu o cárcere eclesiástico 
(Direito Penal Canônico, que é a fonte primária das prisões) destinado aos clé-
rigos rebeldes (padres, bispos), que ficavam trancados nos mosteiros, para que, 
por meio de penitência, se arrependessem do mal e obtivessem a correção.
 
30 Escola de Administração Penitenciária
1.3. Idade Moderna e Contemporânea
Período da História iniciado a partir de 1453 e tem seu marco históricona 
Revolução Francesa em 1789. Transição do Feudo à constituição do Estado Mo-
derno com o desenvolvimento dos modelos político, econômico e social orga-
nizado sob a lógica do Capitalismo.
Período marcado pela monarquia, imposição de uma barbárie repressiva, 
que afligia os súditos desprovidos de direitos. Direito inquestionável da pró-
pria soberania do rei.
O cárcere ainda como espaço para preservar o corpo do condenado até a 
aplicação do castigo.
No século XVIII nasce o iluminismo (um movimento intelectual, que defen-
dia o uso da razão contra o antigo regime e pregava maior liberdade econômica 
e política) e as dificuldades econômicas que afetaram a população, culminam 
em mudanças para a pena privativa de liberdade. A questão econômica mar-
cada pela extrema pobreza acompanhada de um elevado número de delitos de 
ordem patrimonial relacionado a miséria substituindo o martírio pela privação 
de liberdade.
As penas (morte e suplício) perderam o caráter de exemplaridade ou do-
mesticação do corpo. A pena privativa de liberdade surge como meio mais efi-
caz de controle social. Carvalho Filho (2002) vincula o surgimento da pena de 
privação de liberdade ao surgimento do capitalismo, concomitante a um con-
junto de situações que levaram ao aumento dos índices de pobreza em diversos 
países e o consequente aumento da criminalidade, a distúrbios religiosos, às 
guerras, às expedições militares, às devastações de países, à extensão dos nú-
cleos urbanos, à crise das formas feudais e da economia agrícola, etc.
Michel Foucault (1998) em “Vigiar e Punir” descreve a nova consideração 
da época sobre pena-castigo: “Pode-se compreender o caráter de obviedade 
que a prisão-castigo muito cedo assumiu. Desde os primeiros anos do século 
Escola de Administração Penitenciária 31
XIX, ter-se-á ainda consciência de sua novidade; e entretanto, ela surgiu tão 
ligada, e em profundidade, com o próprio funcionamento da sociedade, que 
relegou ao esquecimento todas as outras punições que os reformadores do sé-
culo XVIII haviam imaginado (pag.70).”
No período iluminista ocorreu o marco inicial para uma mudança de men-
talidade no que diz respeito à pena criminal. Surgiram na época, figuras que 
marcariam a história da humanização das penas, como: CesareBeccaria, em sua 
obra intitulada “Dos Delitos e das Penas”, publicada em 1764 que combateu 
veemente a violência e o vexame das penas, pugnando pela atenuação, 
além de exigir o princípio da reserva legal e garantias processuais ao acusa-
do. Com a influência desses pensadores, com destaque especial para Beccaria, 
começou a ecoar a voz da indignação com relação às penas desumanas que 
estavam sendo aplicadas sob a falsa bandeira da legalidade.
Na história das ideias, o nome do suíço Jean-Jacques Rousseau (1712- 1778) 
se liga inevitavelmente à Revolução Francesa. Dos três lemas dos revolucioná-
rios - liberdade, igualdade e fraternidade.
1.4. Contrato Social – Rousseau
Nesta obra, defende a ideia de que o ser humano nasce bom, porém a socie-
dade o conduz a degeneração. Afirma também que a sociedade funciona como 
um pacto social, onde os indivíduos, organizados em sociedade, concedem al-
guns direitos ao Estado em troca de proteção e organização.
A natureza e a finalidade destas instituições foram modificadas a par-
tir do século XVIII quando então as prisões tornaram-se a essência do 
modelo punitivo, assumindo um caráter de estabelecimento público de 
privação de liberdade.
Como explica Carvalho Filho (2002) rigor, severidade, regulamentação, hi-
giene e intransponibilidade do ponto de vista institucional e com uma dinâmi-
ca capaz de reprimir o delito e promover a reinserção social de quem os come-
te foram as prerrogativas que passaram a caracterizar as instituições penais a 
partir do século XVIII.
Foi neste contexto que se transformou as prisões e os sistemas de punições 
para o que é na atualidade, por meio de um movimento que promoveu as mais 
significativas mudanças na concepção das penas privativas de liberdade, na 
criação e construção de prisões organizadas para a correção dos apenados.
A partir dessa nova concepção, a punição passou a constituir-se em um mé-
todo e uma disciplina. Eliminou-se da prisão o seu caráter de humilhação mo-
ral e física do sujeito. A lei penal passou a se propor a uma função de prevenção 
do delito e da readaptação do criminoso.
32 Escola de Administração Penitenciária
Para Foucault (1998) a finalidade da prisão deixou de ser então o de causar 
dor física e o objeto da punição deixou de ser o corpo para atingir a alma do in-
frator. A prisão torna-se como pena privativa de liberdade e constitui em uma 
nova tática da arte de fazer sofrer.
O autor também em seus estudos volta-se para as prisões observadas sobre 
o prisma no qual coloca que para o Estado torna-se mais favorável vigiar do 
que punir, pois, vigiar pessoas e mantê-las conscientes desse processo é uma 
maneira para que estas não desobedeçam a ordem, as leis e nem ameacem o 
sistema de “normalidade”.
A prisão passa a fundamentar-se teoricamente no que hoje é: privar o indi-
víduo de liberdade para que ele possa aprender através do isolamento, retirá-lo 
da família, e de outras relações socialmente significativas, para levá-lo a refletir 
sobre seu ato criminoso, tornando então o reflexo mais direto de sua punição.
UNIDAE 2
 
RESPONSABILIZAÇÃO CRIMINAL,
RESPOSTAS INSTITUCIONAIS ALTERNATIVAS
A PRISÃO E OUTROS MECANISMOS
DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS
2.1. A Política criminal brasileira - partir de 1984 se caracteriza por:
• Produção de leis mais punitivas, caracterizadas pelo incremento das penas 
para crimes já existentes e por restrições às garantias processuais dos acusados 
e ampliação dos poderes das agências de controle. Para “combater” o aumento 
da criminalidade, reforça-se a perspectiva da pena como castigo e a necessi-
dade de supressão de direitos e garantias individuais, bem como de punições 
cada vez mais severas. Exemplo: “crimes hediondos” e das “organizações cri-
minosas”. Alguns exemplos emblemáticos desses movimentos são as Leis dos 
Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90, Lei nº 8.930/94, Lei nº 9.677/98 e Lei nº 
9.695/98), a Lei Contra o Crime Organizado (Lei nº 9.034/95) e a Lei do Regime 
Disciplinar Diferenciado (Lei 10.792/03).
• Expansão do universo de ação do Direito Penal, caracterizada pelo incremento 
das normas penais, que passam a regular espaços da vida que tradicionalmen-
te não eram por elas atingidos, constituindo uma legislação neocriminalizante. 
Exemplos: tipificação de condutas relacionadas a questões econômicas e financei-
ras, relações de consumo, meio ambiente, discriminação racial e assédio sexual.
Escola de Administração Penitenciária 33
• Produção de uma política criminal alternativa, seja por meio da despenali-
zação, seja por ampliarem as hipóteses de aplicação de alternativas penais à 
prisão. Essa é direcionadas a crimes de menor potencial ofensivo, tendo como 
objetivo humanizar o sistema de penas e agilizar os procedimentos de justiça. 
É a esse movimento político- criminal “alternativo” que em regra é relacionada 
a constituição da política de alternativas penais à prisão no Brasil.
Na análise de Nalayne Pinto, esses movimentos político-criminais diversi-
ficados indicariam a convivência em tensão de duas ordens legítimas no orde-
namento jurídico brasileiro, punitiva e alternativa, mas que acabam produzin-
do o aumento da lógica punitiva do Estado.
Penas alternativas: da desnecessidade da prisão à punição melhor - 1984, 
justificou-se a introdução das penas restritivas de direitos no CódigoPenal, fa-
lou-se em reservar à prisão para os “casos de reconhecida necessidade”, crian-
do-se outras formas de sanção aos “delinquentes sem periculosidade”.
A Lei 9.714/98, chamada “Lei das Penas Alternativas”, que ampliou as 
modalidades de penas restritivas de direitos e o limite de pena privativa de 
liberdade passível de substituição, teve origem no Projeto de Lei nº 2.684/1996, 
proposto pelo Executivo.
Na Exposição de Motivos desse projeto, afirmava-se que a prisão não vinha 
cumprindo “[...] o principal objetivo da pena, que é reintegrar o condenado ao 
convívio social, de modo que não volte a delinquir”, devendo ser “[...] reser-
vada aos agentes de crimes graves e cuja periculosidade recomende seu isola-
mento do seio social”. Aos demais, [...]. a melhor solução consiste em impor 
restrições aos direitos do condenado, mas sem retirá-lo do convívio social […] a 
execução da pena não o estigmatizará de forma tão brutal como a prisão, antes 
permitirá, de forma bem mais rápida e efetiva, sua integração social.
Dentre outras inovações, o referido projeto introduzia como pena restritiva 
de direitos o recolhimento domiciliar, a advertência, compromisso de frequên-
cia a curso ou submissão a tratamento.
2.2. As Penas Restritivas de Direito (CódigoPenal - Art. 43): 
Penas Alternativas
Modalidades:
I. Prestação Pecuniária (PP); doação de cesta básica, colaboração financeira, etc..
II. Perda de bens e Valores (PBV);
III. (vetado);
IV. Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas (PSC);
V - Interdição temporária de direitos (ITD);
34 Escola de Administração Penitenciária
VI. Limitação de fim de semana (LFS);
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao conde-
nado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas.
IV. Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicá-
vel às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na 
atribuição de tarefas gratuitas ao condenado.
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, 
hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em progra-
mas comunitários ou estatais.
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do 
condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de 
condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado 
cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade 
da pena privativa de liberdade fixada.
V. Interdição temporária de direitos
Art. 47. As penas de interdição temporária de direitos são:
I. proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de 
mandato eletivo;
II. proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de 
habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;
III. suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo. IV - proibi-
ção de frequentar determinados lugares.
IV. proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.
VI. Limitação de fim de semana
Art. 48. A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos 
sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro 
estabelecimento adequado.
2.3. Justiça Restaurativa – mecanismo de solução de conflito
É uma prática que considera a escuta de vítimas e ofensores e por meio 
desse diálogo provoca a sensibilização e tomada de responsabilidades entre os 
envolvidos em um conflito. Essa prática colabora com o juiz a antecipar a so-
lução do conflito. “Se o conflito é passível de diálogo entre vítima e ofensor, se 
houver disponibilidade e interesse, o juiz pode encaminhar o processo a uma 
Escola de Administração Penitenciária 35
equipe de facilitadores formados que vai atender as partes, orientando sobre 
esse procedimento.
Muitas vezes esse diálogo é possível, então é feito o atendimento à família e 
às partes. A abordagem leva as partes à autorreflexão do que levou à ofensa e 
essa reflexão já é restaurativa, e contribui ao processo porque a vítima é ouvida, 
e tem uma perspectiva de tentar evitar a reincidência. Se a pessoa consegue fa-
lar do que gerou o problema, existe a possibilidade de não haver reincidência.
A justiça restaurativa se utiliza da Mediação como técnica de busca de solução 
dos conflitos.
I. Mediação
Segundo Rodrigues Júnior “a mediação é um processo informal de resolu-
ção de conflitos, em que um terceiro, imparcial e neutro, sem o poder de deci-
são, assiste às partes, para que a comunicação seja estabelecida e os interesses 
preservados, visando ao estabelecimento de um acordo.
Na verdade, na mediação, as partes são guiadas por um terceiro (mediador) 
que não influenciará no resultado final. O mediador, sem decidir ou influenciar 
na decisão das partes, ajuda nas questões essenciais que devem ser resolvidas 
durante o processo.” (2007, p. 50).
A mediação é tem um procedimento informal, não havendo, pois uma for-
ma rígida a ser seguida. Na mediação é imprescindível que as partes sejam 
capazes e os interesses disponíveis. Por fim, resta dizer que a parte descontente 
sempre poderá recorrer ao Judiciário para buscar sua pretensão.
II. Arbitragem
A arbitragem é regida pelo princípio da autonomia da vontade das partes. 
Por via dessa autonomia, as partes dissidentes, nos termos do artigo 2º, §§ 1º 
e 2º e artigo 13 da Lei nº 9.307/96 e demais disposições, poderão livremente 
eleger qualquer pessoa, capaz e de confiança, para dirimir a controvérsia e es-
colher as regras de direito que serão aplicadas, desde que não violem os bons 
costumes e a ordem pública, assim como também convencionar que se realize 
a arbitragem com base nos princípios gerais do direito, nos usos e costumes ou 
nas regras internacionais de comércio.
Diferentemente da mediação e da conciliação, na arbitragem, o terceiro, ao 
qual damos o nome de árbitro, tem o poder de emitir decisões em relação às 
controvérsias levadas a sua apreciação. O árbitro, portanto, emite decisões; não 
apenas conduz as partes a um acordo. O árbitro pode ser eleito de comum acor-
do entre as partes, ou, em não havendo acordo, ser indicado pelo juiz.
O mais interessante na arbitragem é o que está disposto no artigo 31 de Lei 
36 Escola de Administração Penitenciária
da arbitragem (Lei nº. 9.307/96). Dispõe esse artigo que a sentença arbitral pro-
duz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida 
pelo juiz.
2.4. Pena de Privação de Liberdade
Conceito - Também conhecida como pena de prisão, ou ainda pela sigla PPL, 
as penas privativas de liberdade são aquelas que têm como objetivo privar o 
condenado do seu direito de locomoção (ir e vir) recolhendo-o à prisão.
Doutrinariamente a prisão pode ser dividida perpétua ou por tempo deter-
minado. O ordenamento jurídico brasileiro adota apenas a prisão por tempo 
determinado. Vejamos o que diz o art. 5, inc. XLII, b da CF/88:
• São espécies de penas privativas de liberdade prevista no Código Penal: a 
detenção e a reclusão. Elas estão estabelecidas no preceito secundário de cada 
tipo penal.
• Pune-se com reclusão os crimes mais graves, reservando-se os de menor gra-
vidade para a detenção.
Art. 32. As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - Privativas de liberdade; Reclusão e detenção
Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida em regimefechado, semiaberto 
ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade 
de transferência a regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxi-
ma ou média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou 
estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento 
adequado.
Escola de Administração Penitenciária 37
UNIDADE 3
CONTROLE E REPRESSÃO NA FORMAÇÃO
DAS SOCIEDADES MODERNAS
A chamada sociedade de controle é um passo à frente da sociedade disci-plinar. Não que esta tenha deixado de existir, mas foi expandida para o campo social de produção. Segundo Foucault, a disciplina é interio-
rizada. Esta é exercida fundamentalmente por três meios globais absolutos: o 
medo, o julgamento e a destruição.
A repressão é um tipo de ação políticas, geralmente (mais nem sempre) to-
mada por parte do Estado para conter e calar manifestações de oposição, sub-
versão e dissidência ao regime estabelecido. A repressão política é típico de 
regime de força como o autoritarismo o absolutismo as ditaduras militares e o 
totalitarismo.
Em segurança pública, a repressão é uma estratégia central para contenção 
e prevenção de crimes, principalmente no caso do crime organizado. Em geral, 
ações bem-sucedidas de repressão costumam ser acompanhadas por eficiente 
trabalho de inteligência.
A Inquisição promovida pela Igreja Católica entre os séculos XV e XVIII foi 
uma forma organizada e ampla de repressão política e religiosa.
Para compreendermos o controle social é necessário entendermos a concep-
ção de Estado e como o mesmo exerce esse controle.
Estado (do latim status: modo de estar, situação, condição), segundo o Dicio-
nário Houaiss, data do século XIII e designa “conjunto das instituições (gover-
no, forças armadas, polícia, Poder Judiciário e Sistema Penitenciário, Detran, 
IML, etc). É organizado politicamente, socialmente e juridicamente, ocupando 
um território definido e onde normalmente a lei máxima é uma constituição es-
crita, e dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto inter-
na como externamente. Um Estado soberano é sintetizado pela máxima “Um 
governo, um povo, um território”.
O Estado é responsável pela organização e pelo controle social, pois detém, 
segundo Max Weber, o monopólio da violência legítima (coerção, especialmen-
te a legal), e como também mediador do que defini um ato criminoso dentro de 
seu território legal. Há uma pluralidade de teorizações em relação à definição 
de violência, mas quando se focaliza a ação do Estado sob a sociedade e seus 
efeitos, como o único detentor do poder legal de uso exclusivo de armas, pode-
mos classificar três tipos de violência segundo Odália (1983): Violência social, 
Violência política e Violência Revolucionária.
38 Escola de Administração Penitenciária
Nosso foco será a violência social – “certos atos violentos que: ou atingem, 
seletiva e preferencialmente, certos segmentos da população – os mais despro-
tegidos, evidentemente – ou, se possuem um alcance mais geral, são apresenta-
dos e justificados como condições necessárias para o futuro da sociedade”, por 
exemplo, quando os governantes dão prioridades ao desenvolvimento econô-
mico e desprezam as medidas, ou essas se apresentam de forma incipiente em 
relação à fome, ao analfabetismo, ao trabalho infantil, à violência intrafamiliar 
e outros (p.38);
A compreensão da violência nos exige a apreensão do impacto da globali-
zação econômica nas grandes cidades e na urbanização do mundo contempo-
râneo. Para Pedrazzini (2006,p.23).
A violência urbana não é um fenômeno isolado: a urbanização caótica, a 
densificação ou a privatização dos espaços públicos, a segregação social e ra-
cial leva a considerar as atividades informais e ilegais, violentas ou não, como 
indicadores de uma transformação mundial da civilização urbana. A informa-
lização da urbanização é uma resposta das populações carentes à globalização 
e às políticas de segurança, na medida dos seus meios.
Ao pensarmos em violência e como a mesma é utilizada pela mídia, o pri-
meiro ponto que identificamos é que a mídia trata a violência como uma es-
pécie de darwinismo social, onde os pobres são os menos aptos a viverem na 
sociedade, justificando, inclusive, seus atos de violência. O espetáculo da vio-
lência toma proporções incontroláveis, a tecnologia também vem contribuindo 
com o surgimento de redes sociais na internet e aplicativos de celulares, quan-
do expõe fatos particulares e íntimos de pessoas ganhando ampla exposição 
com uso de fotos e vídeos, causando constrangimento e desrespeito o que se 
define como ato violento.
As produções jornalísticas e informativas utilizam elementos dramáticos 
para atraírem a população, e assim, aumentarem o número de consumidores. 
Vale ressaltar que não há diferentes informações acerca de um fato, no intuito 
de possibilitar ao leitor ou telespectador a possibilidade de questionar, de ana-
lisar tal fato, as informações são impostas, os conceitos já estão pré – estabeleci-
dos e determinados. (Exemplo: ocaso de Suzano, Grande São Paulo).
Escola de Administração Penitenciária 39
UNIDADE 4 
PODER PUNITIVO E DEMOCRACIA: ESTADO PENAL 
E ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
O Direito Penal, a depender do sistema político que um determinado Es-tado organiza suas relações com os indivíduos e destes com a socieda-de, e da forma como exerce sobre eles o seu poder, pode ser entendido 
à luz de diferentes concepções. Assim, pode o Direito Penal a partir de con-
cepções autoritárias e totalitárias ser estruturado com a finalidade de perse-
guir os inimigos do sistema jurídico imposto, ou então, a partir de concepções 
democráticas de direito, sendo utilizado como instrumento de controle social 
legitimado e limitado pelo consenso entre os cidadãos de uma dada sociedade 
(BITENCOURT, 2015).
Utilizando o sistema politico instituído pela Constituição Federal de 1998, 
conclui-se sem dúvida alguma, que o Direito Penal no Brasil deve ser orienta-
do a luz de uma concepção democrática de direito,respeitando os princípios e 
garantias fundamentais reconhecidas na Carta Magna. Significa, assim, que o 
Direito Penal deve estar a serviço da sociedade e da proteção de seus bens jurí-
dicos fundamentais, em busca de uma justiça equitativa (BITENCOURT, 2009).
A norma penal em um modelo de Estado Democrático de Direito não é 
apenas aquela que determina uma conduta como ilícito penal, independente 
se ofende ou não a concepção de justiça social, ao contrário, sob pena de ir 
contra a Constituição, o tipo incriminador, selecionará entre os comportamen-
tos humanos aqueles que resguardam real lesividade social. Assim, o Brasil 
como modelo de Estado Democrático de Direito, seu direito penal deverá ser 
democrático, legítimo e obediente aos princípios constitucionais. O critério na 
definição de crime passa a ter exigências formais de ordem formal e material 
(CAPEZ, 2012).
Aplicar a justiça plenamente implica em combinar ao ordenamento jurídico 
a interpretação evolutiva, respeitando os costumes e normas locais, estabele-
cidas por padrões morais, sociais e culturais de determinada sociedade. Des-
ta forma, os princípios e garantias constitucionais estabelecidos devem atuar 
como baliza de interpretação e aplicação de normativos penais, não admitindo-
-se aplicação robotizada dos tipos incriminantes, adequando-se formalmente a 
Constituição Federal (CAPEZ, 2012).
40Escola de Administração Penitenciária
O Princípio regulador e orientador de todo o sistema de pena, que transfor-
ma-o em direito penal democrático é o princípio da dignidade humana, que 
deriva diretamente do modelo democrático de Estado adotado pelo Brasil, a 
partir do qual surgem vários outros princípios, que orientam o legislador na 
definição de condutas tidas como ilícitos penais (CAPEZ, 2012).
O princípio da dignidade humana norteia a formação do Direito Penal, sen-
do assim, qualquer construção legislativa que contrarie e afronte a dignidade 
humana, será materialmente inconstitucional e deverá ser expurgado do orde-
namento jurídico (inconstitucional).
UNIDADE 5
SOCIEDADE BRASILEIRA E PRISÕES;
O FENÔMENO DO ENCARCERAMENTO
MASSIVO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
No caso do Brasil, podemos observar que a questão da punição, sobre-tudo aquela direcionada às populações destituídas do desfrutar da ri-queza socialmente produzida é um traço de nossa formação social.
É a partir desse cenário que entendemos o superencarceramento no Brasil cuja 
dinâmica cotidiana das instituições prisionais é marcada pelo militarismo, re-
pressão, superlotação, tortura e maus tratos. Partimos ainda do princípio que 
o conceito de “crime” em nossa sociedade de contradições tão agudas é me-
ramente político, principalmente sobre que conduta pode ser descrita como 
criminosa e qual público será criminalizado pela mesma.
A prisão no Brasil a nosso ver traz profundas ligações com o nosso legado 
secular escravocrata. Durante o Brasil Colônia, a força repressiva da classe do-
minante era controlada pelas milícias locais controladas pelos senhores pro-
prietários em um misto de violência privada e patrimonialismo.
No Brasil Império a instituição do cárcere estava condicionada aos desman-
dos das províncias mas é a partir do século XIX que ocorre um processo de ins-
titucionalização do cárcere com construções de grandes dimensões atendendo 
ao arremedo liberal-escravocrata do período.
A República, junto com a abolição do trabalho escravo, manteve e conso-
lidou em seu estatuto político os traços senhoriais e repressores. O século XX 
consolida ainda uma emblemática história marcada por dois períodos ditato-
Escola de Administração Penitenciária 41
riais de perseguição, morte, desaparecimento e contínuo cerco das populações 
mais pobres que tem seu auge no encarceramento e execução em massa nas 
últimas décadas deste decênio e início do século presente, não por acaso sob a 
égide neoliberal.
Podemos observar que os traços repressores da ditadura civil-militar se per-
petuam nas práticas de tortura e encarceramento, sobretudo nos traços opres-
sores e autoritários e simbólicos do regime e muitos gestores das unidades 
prisionais no Brasil são oriundos dos quartéis, isto é muito mais do que os 21 
anos de chumbo, a ditadura civil-militar maximizou um processo de decisões 
autoritárias e repressoras no terror de Estado.
Observar que a partir da década de 90, a expressão “classes perigosas” e a 
criminalização da pobreza vão desembarcar na figura do traficante de drogas 
no ramo varejo, morador de favelas em suas expressões mais agudas da “ques-
tão social”, cliente preferencial do sistema penitenciário brasileiro. Evidente-
mente pelo alto volume de econômico destas atividades ilícitas e do incremen-
to das armas de fogo, não temos dúvida que a violência urbana adquire formas 
mais aviltantes, todavia, e pelo legado histórico de negação de cidadania, há 
uma perversa redefinição da imagem pública dos territórios pauperizados, re-
forçada pelo estigma da polícia/política e da mídia.
Observa-se ainda que contraditoriamente às iniciativas legislativas, a emer-
gência do neoliberalismo à brasileira que, ao contrário dos países capitalistas 
centrais que gozaram mesmo que brevemente de Estado de Bem- Estar Social, 
aprofunda as contradições da relação antagônica capital/trabalho como enfra-
quecimento dos sindicatos, baixo custo da força de trabalho, apelo à informa-
lidade, desmonte das políticas sociais e desemprego em massa, especialmente 
da população jovem economicamente ativa. (SANTOS, 2012).
O clamor pela produção do medo e da violência em detrimento da uni-
versalidade dos direitos sociais vai engendrar um boom de empresas de se-
gurança privada e o fortalecimento da extensão do uso da força do aparato 
repressivo que o Estado assume cujo processo de criminalização desconsidera 
quaisquer direitos civis da população historicamente alijada do usufruto da 
riqueza socialmente produzida, fio condutor para o aumento astronômico do 
encarceramento e extermínio.
Dito de outra forma: se as altas doses de violência se constituíram em nossa 
formação social como elemento indutor das classes dominantes às populações 
pauperizadas, estas características serão aprofundadas a partir dos anos 90 do 
século passado, não só, mas principalmente sob o advento da violência policial 
combinada pelo proibicionismo bélico estigmatizante do tráfico de drogas em 
tempos de acirramentos das expressões da “questão social” que se acentuou 
com o neoliberalismo à brasileira.
42 Escola de Administração Penitenciária
Tomando com base nos dados fornecidos pelo Departamento Penitenciário 
Nacional (DEPEN, 2014) do Ministério da Justiça, o Brasil assistiu entre 1990 e 
2014 ao crescimento da população carcerária em 575%. Ainda, segundo esses 
dados, o Brasil tem 376.669 vagas no sistema prisional e abriga uma população 
carcerária de 607.731, fato que corresponde a uma superlotação de 61% além 
da capacidade do sistema.
Pode-se observar que 51% da população prisional adulta é semianalfabeta 
ou possui no máximo o Ensino Fundamental incompleto, e apenas 0,4% pos-
suem ensino superior completo. Fato que evidencia um baixíssimo nível de 
escolaridade. No que se refere à faixa etária 53,49% possuem entre 18 a 29 anos, 
evidenciando o perfil majoritariamente jovem da população prisional brasilei-
ra. (id.). Acerca de raça, com base no critério da autodeclaração os dados do 
DEPEN apontam que 58,2% dos presos são negros ou pardos.
Dadas os condicionantes gerais de nossa análise, temos como hipótese que 
a tendência ao superencarceramento e maior penaliz ação atende a dois pre-
ceitos básicos do capitalismo contemporâneo: atualmente tem contribuído sua 
função clássica de escamotear e reprimir as contradições mais evidentes da so-
ciedade e a movimentação um mercado promissor que tem acentuado seus 
lucros de escala global.
UNIDADE 6
SISTEMA DE JUSTIÇA PENAL
No SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL, cada poder tem funções que in-teragem, complementam e dão continuidade ao esforço do outro na consolidação da ordem e na aplicação da justiça em benefício da pre-
servação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
Neste sistema, são otimizada as ligações, o compartilhamento de deveres, a 
supremacia do interesse público e os objetivos de um conjunto de ações e pro-
cessos que envolvem prevenção, contenção de delitos, investigação, denuncia, 
defesa, processo, julgamento, sentença e a execução penal, onde a reeducação, 
a reintegração social e a ressocialização dos apenados são objetivos previstos 
em lei e necessários à quebra de um ciclo nocivo á ordem, justiça e paz social.
A Execução Penal é um dos extremos do Sistema de Justiça Criminal, im-
portante na quebra do ciclo vicioso do crime pela reeducação, ressocialização e 
reinclusão. Entretanto, há descaso, amadorismo, corporativismo e apadrinha-
Escola de Administração Penitenciária 43
mento entre poderes com desrespeito às leis e ao direito, submetendo presos 
provisórios e apenados da justiçaàs condições desumanas, indignas, insegu-
ras, ociosas, insalubres, sem controle, sem oportunidades e a mercê das facções, 
com reflexo nocivo na segurança da população.
REFERÊNCIAS
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. 11ªed. São Paulo: Hemus, 1998. 
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 24ªed. 
Rio de Janeiro: LUMEN JURIS, 2002.
CARVALHO, FL. A Prisão. Publifolha. São Paulo, 2002.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 5ªed. Petrópolis: 
Vozes, 1987.
GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. 6ºed. São Paulo: Perspectiva, 2006.
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/sociedade%20
discipli nar/sociedade%20de%20controle.htm consulta em 20/03/2019 
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/autores.html#marcor consulta 
em 20/03/2019
http://www.cressrj.org.br/site/wp-content/uploads/2016/05/108.pdf – 
consulta 21/03/2019.
http://prisional.blogspot.com/2013/03/o-sistema-de-justica-criminal.html – 
consulta 21/03/2019
44 Escola de Administração Penitenciária
Escola de Administração Penitenciária 45
EIXO INTRODUTÓRIO
FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA 
RESPONSABILIZAÇÃO CRIMINAL
Carga Horária: 8h
OBJETIVO DA DISCIPLINA: Compreender as transformações do processo 
punitivo contemporâneo, a partir dos aspectos jurídicos. a) Limites Constitu-
cionais do Poder Punitivo do Estado. b) O Sistema Prisional sob a ótica cons-
titucional: competências e papeis tripartites (Legislativo, Judiciário e Execu-ti-
vo). c) Estudo a Lei de Execução Penal-Lei nº7.210, de junho de 1982. d) Noções 
das Prerrogativas da Atividade do Advogado.
CONTEUDO PROGRAMÁTICO
UNIDADE 1 – Limites Constitucionais do Poder Punitivo do Estado.
UNIDADE 2 – O Sistema Prisional sob a ótica constitucional: competências e 
papeis tripartites (Legislativo, Judiciário e Executivo).
UNIDADE 3 – Estudo a Lei de Execução Penal-Lei nº 7.210, de junho de 1982.
UNIDADE 4 – Noções das Prerrogativas da Atividade do Advogado.
46 Escola de Administração Penitenciária
UNIDADE 1
LIMITES CONSTITUCIONAIS
DO PODER PUNITIVO DO ESTADO
O Estado tem a prerrogativa de submeter à sua força aqueles que não se integram às normas jurídico-penais.Em nossa sociedade, tendemos a pensar que os delitos se exaurem 
quando condenamos o delinquente. Por isso, confundimos pena com castigo; 
justiça com vingança. A expansão do poder punitivo é fomentada pelos clamo-
res populares por segurança pública.
Contudo, o agir repressivo das forças policiais não soluciona questões so-
ciais – que, em sua maioria, são causadas pela omissão do próprio Estado em 
difundir reais oportunidades de ascensão econômica e oferecer condições que 
possibilitem ao indivíduo uma perspectiva de vida fora do crime. Isto porque 
as questões coletivas vêm sendo suprimidas das pautas políticas, de modo a, 
praticamente, reduzir o direito público ao direito penal. Assim, o Estado dis-
tancia sua atuação das demais esferas de interesse da população, limitando-se 
a exercer o monopólio legítimo da força.
O processo penal tem como escopo, sobretudo, limitar o poder de punir 
estatal, evitando o uso arbitrário da força e garantindo ao réu a disponibilida-
de dos mesmos instrumentos utilizados pela acusação, a fim de equilibrar a 
relação essencialmente desigual que existe entre o Estado e o particular. Desse 
modo, não pode ser manuseado apenas sob a ótica técnica; e sim, observando 
o fim social a que se destina, garantindo um julgamento baseado em pilares 
verdadeiramente harmônicos com o Estado Democrático de Direito, e não se 
deixando sucumbir frente aos desejos vingativos revestidos sob a forma de me-
didas urgentes, defendidas por parte do corpo social.
Segundo Batista (2011), o combate que o direito penal é capaz de produzir 
atinge apenas os delitos já realizados, sendo precário seu desempenho preven-
tivo. Isto porque a pena não atua na esfera da moralidade; ao contrário, exerce 
seu papel por meio da coerção. Ao não afetar o indivíduo em sua consciência, 
não implica o arrependimento necessário à sua ressocialização.
Como finalidade da pena nós temos a opinião de Cesare Beccaria, quando 
afirma que o fim, portanto, não é outro que o de impedir que o réu cometa 
novos danos aos seus cidadãos e de intimidar os outros de fazerem o mesmo. 
Aquelas penas, e aquele método de inflingí-las, deve ser eleito de tal forma que, 
observada a proporção, causará uma impressão mais eficaz e mais durável so-
bre os ânimos dos homens, e a menos tormentosa sobre o corpo do réu.
Escola de Administração Penitenciária 47
Não restam dúvidas de que, diante da falência do sistema carcerário, a im-
posição de pena não cumpre a função preventiva idealizada por Beccaria. Seu 
fracasso prático pode ser facilmente extraído dos números que apontam para o 
crescimento da reincidência e da criminalidade. Por não trazer qualquer bene-
fício à coletividade, implica, unicamente, em castigo para o condenado. Como 
consequência direta, desperta o ódio em seu destinatário e o sentimento de vin-
gança popular; revolta mais do que coíbe, não desempenhando papel educativo.
O interesse comum não é pautado somente no não cometimento de crimes, 
mas na aplicação de sanções proporcionais, que, de fato, cumpram a função social 
da pena. A mão forte do Estado deve ser instrumento de garantia da exata cor-
respondência entre o delito e sua consequência penal. É temerário acreditar que 
o endurecimento do poder punitivo gere outra consequência que não a violên-
cia institucionalizada. São falaciosas as conclusões baseadas na premissa de que o 
cárcere seja instrumento hábil a controlar a criminalidade. Ao contrário do que é 
sustentado por grande parte dos agentes políticos, a atuação com maior rigor no 
regime carcerário não é capaz de coibir a prática de crimes, tampouco de reinserir 
o indivíduo no convívio coletivo. A implementação de medidas que deleguem à 
privação de liberdade a tarefa de transformar a realidade social é ineficaz e não 
atenta para os perigos latentes trazidos por um poder punitivo desenfreado.
Não restam dúvidas de que, sob os moldes atuais, e diante da falência do 
sistema carcerário, a imposição de pena não cumpre a função preventiva idea-
lizada por Beccaria. Seu fracasso prático pode ser facilmente extraído dos nú-
meros que apontam para o crescimento da reincidência e da criminalidade. Por 
não trazer qualquer benefício à coletividade, implica, unicamente, em castigo 
para o condenado. Como consequência direta, desperta o ódio em seu desti-
natário e o sentimento de vingança popular; revolta mais do que coíbe, não 
desempenhando papel educativo. 
Os problemas de segurança pública não servem de fundamento à utilização 
de vias que a Constituição repudia. Quanto maior for o direcionamento do 
pensamento crítico à observação da desproporção entre aquilo que é teorizado 
e a realidade social, menos frequentes serão as ilegalidades e os abusos de au-
toridade, pois a ignorância sobre a dignidade humana conduz à aceitação da 
violência praticada pelas instituições responsáveis por combatê-la.
A contenção do poder punitivo é o único modo de prevenir massacres. O sé-
culo XX provou que a potestade punitiva quando exercida sem limites conduz 
a genocídios de proporções irrefreáveis. O maior instrumento para submeter 
a força à ordem jurídica é o Direito Penal, que atua como limitadora da tirania 
do Estado.
Apenas um Direito Penal Humano para todos os seres humanos é capaz de 
promover uma força justa.
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